1983 - Brazil Night in Montreux - Caetano Veloso, João Bosco e Ney Matogrosso


Brazil Night in Montreux traz trechos das apresentações de Caetano Veloso, João Bosco e Ney Matogrosso no 17º Festival de Montreux, que ocorreu entre os dias 7 e 24 de julho de 1983. Elba Ramalho  também participou do festival e foi citada na versão de Maria Bethânia. Sente-se a energia de festival em Eclipse Oculto e Odara. Também é bonito de se ver João Bosco cantando Ary Barroso e Ney Matogrosso cantando Gilberto Gil. 


Banda Caetano Veloso

Arnaldo Brandão - Baixo, Vocal; Vinicius Cantuária - Bateria; Bolão - Percussão; Tomás Improta - Teclados; Perinho Santana - Guitarra, Vocal; Zé Luis - Sax. 

Banda Ney Matogrosso

Pisca - Guitarra, Vocal; Serginho - Bateria; Pedrão - Baixo, Vocal; Chacal e Boré - Percussão; Don - Trumpete; Lino Marques e Magrão - Sax alto, Flauta; Ricardo Cristaldi - Teclados; Bangla - Sax tenor e soprano; Nonô - Trumpete; François - Trombone. 

João Bosco: Voz e violão.

Gravado Ao Vivo No 17º Festival de Montreux (Suíça) em Julho de 1983.

Lista de Músicas

1 - Maria Bethânia - Caetano Veloso
(Caetano Veloso)

2 - Terra - Caetano Veloso
(Caetano Veloso)

3 - Eu sei que vou te amar - Caetano Veloso
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes)

4 - Eclipse Oculto - Caetano Veloso
(Caetano Veloso)

5 - Odara - Caetano Veloso
(Caetano Veloso)

6 - Linha de Passe - João Bosco
(Aldir Blanc, João Bosco)

7 - Pout-Pourri: João Bosco
Nação
(João Bosco, Aldir Blanc, Paulo Emílio)
+
Aquarela do Brasil
(Ary Barroso)
+
O mestre-sala dos mares
(Aldir Blanc, João Bosco)

8 - Deixar você - Ney Matogrosso
(Gilbeto Gil)

9 - Andar com fé -  Ney Matogrosso
(Gilbeto Gil)

10 - Napoleão - Ney Matogrosso
(Luli, Lucina)

11 - Folia no Matagal - Ney Matogrosso e Caetano Veloso
(Luiz Carlos Goes, Eduardo Dusek)

Vamos às Letras. 

1 - Maria Bethânia (Caetano Veloso)

Everybody knows that our cities
Were built to be destroyed
You get annoyed
You buy a flat
You hide behind the mat
But I know she was born
To do everything wrong with all of that

Maria Bethânia, please send me a letter
I wish to know things are getting better
Better, better, beta, beta, Bethânia
Please send me a letter
I wish to know things are getting better

She has given her soul to the devil
But the devil gave his soul to God
Before the flood
After the blood
Before you can see
She has given her soul to the devil
And bought a flat by the sea

Maria bethânia, please send me a letter
I wish to know things are getting better
Better, better, beta, beta, bethânia
Please send me a letter
I wish to know things are getting better

Everybody knows that it's so hard
To dig and get to the root
You eat the fruit
You go ahead
You wake up on your bed
But I love her face 'cause
It has nothing to do with all I said

2 - Terra (Caetano Veloso)

Quando eu me encontrava preso
Na cela de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim, coberta de nuvens

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

Ninguém supõe a morena
Dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema
Mando um abraço pra ti
Pequenina
Como se eu fosse o saudoso poeta
E fosses à Paraíba

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

Eu estou apaixonado
Por uma menina, terra
Signo de elemento terra
Do mar se diz: Terra à vista
Terra para o pé, firmeza
Terra para a mão, carícia
Outros astros lhe são guia

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

Eu sou um leão de fogo
Sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente
E de nada valeria
Acontecer de eu ser gente
E gente é outra alegria
Diferente das estrelas

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

De onde nem tempo, nem espaço
Que a força mande coragem
Pra gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas no nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito

Terra, terra
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?

3 - Eu sei que vou te amar (Tom Jobim, Vinicius de Moraes)

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu vou te amar
A cada despedida
Eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida.

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu vou te amar
A cada despedida
Eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

4 - Eclipse Oculto (Caetano Veloso)

Nosso amor
Não deu certo
Gargalhadas e lágrimas
De perto
Fomos quase nada
Tipo de amor
Que não pode dar certo
Na luz da manhã
E desperdiçamos
Os blues do Djavan

Demasiadas palavras
Fraco impulso de vida
Travada a mente na ideologia
E o corpo não agia
Como se o coração
Tivesse antes que optar
Entre o inseto e o inseticida

Não me queixo
Eu não soube te amar
Mas não deixo
De querer conquistar
Uma coisa
Qualquer em você
O que será?

Como nunca se mostra
O outro lado da lua
Eu desejo viajar
Do outro lado da sua
Meu coração
Galinha de leão
Não quer mais
Amarrar frustação
O eclipse oculto
Na luz do verão

Mas bem que nós
Fomos muito felizes
Só durante o prelúdio
Gargalhadas e lágrimas
Até irmos pro estúdio
Mas na hora da cama
Nada pintou direito
É minha cara falar
Não sou proveito
Sou pura fama

Não me queixo
Eu não soube te amar
Mas não deixo
De querer conquistar
Uma coisa
Qualquer em você
O que será?

Nada tem que dar certo
Nosso amor é bonito
Só não disse ao que veio
Atrasado e aflito
E paramos no meio
Sem saber os desejos
Aonde é que iam dar
E aquele projeto
Ainda estará no ar

Não quero que você
Fique fera comigo
Quero ser seu amor
Quero ser seu amigo
Quero que tudo saia
Como som de Tim Maia
Sem grilos de mim
Sem desespero
Sem tédio, sem fim

Não me queixo
Eu não soube te amar
Mas não deixo
De querer conquistar
Uma coisa
Qualquer em você
O que será?

5 - Odara (Caetano Veloso)

Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara
Minha cara minha cuca ficar odara
Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara
Pra ficar tudo jóia rara
Qualquer coisa que se sonhara
Canto e danço que dará

6 - Linha de Passe (Aldir Blanc, João Bosco)

Toca de tatu, linguiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação

Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão

Babaluaê, rabo de arraia e confusão

Cana e cafuné, fandango e cassulê
Sereno e pé no chão, bala, camdomblé
E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada
Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada
Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba

7 - Nação (João Bosco, Aldir Blanc, Paulo Emílio)

Dorival Caymmi falou prá oxum
Com Silas tô em boa companhia
O céu abraça a terra, deságua o rio na Bahia

Jeje minha sede é dos rios
A minha cor é o arco-íris, minha fome é tanta
Planta flor irmã da bandeira
A minha sina é verde-amarela feito a bananeira
Ouro cobre o espelho esmeralda
No berço esplêndido
A floresta em calda manjedoura d'alma
Labarágua, sete queda em chama
Cobra de ferro, oxum-maré, homem e mulher na cama

Jeje tuas asas de pomba
Presas nas costas com mel e dendê aguentam por um fio

Sofrem o bafio da fera
O bombardeio de Caramuru, a sanha de Anhanguera
Jeje tua boca do lixo, escarra o sangue
De outra hemoptise no canal do mangue
O uirapuru das cinzas chama
Rebenta a louça oxum-maré
Dança em teu mar de lama

8 - Aquarela do Brasil (Ary Barroso)

Brasil, meu Brasil brasileiro

Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado

Canta de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa Dona caminhando
Pelos salões, arrastando
O seu vestido rendado

Esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Ô! Estas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar

Ô! Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro

Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto

O Brasil, samba que dá
Para o mundo admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor

9 - O mestre-sala dos mares (Aldir Blanc, João Bosco)

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão no mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história nunca esqueceu

Conhecido como Navegante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas

Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas
E por batalhões de mulatas

Rubras cascatas jorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história

Não esquecemos jamais
Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo

10 - Deixar você (Gilbeto Gil)

Deixar você
Ir
Não vai ser bom
Não vai ser
Bom pra você
Nem melhor pra mim

Pensar que é
Deixar de ver
E acabou
Vai acabar muito pior

Pra que mentir
E
Fingir que o horizonte
Termina ali defronte
E a ponte acaba aqui?
Vamos seguir
Reinventar o espaço
Juntos manter o passo
Não ter cansaço
Não crer no fim

O fim do amor
Oh, não
Alguma dor
Talvez sim
Que a luz nasce na escuridão

11 - Andar com fé (Gilbeto Gil)

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá

Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Oh! Oh!
Num pedaço de pão

A fé tá na maré
Ta na lâmina de um punhal
Oh! Oh!
Na luz, na escuridão

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!

A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Oh! Oh!
No calor do verão

A fé tá viva e sã
A fé também tá prá morrer
Oh! Oh!
Triste na solidão

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!

Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Oh! Oh!
A pé ou de avião

Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Oh! Oh!
Pelo sim, pelo não

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!

12 - Napoleão (Luli, Lucina)

Napoleão
Napoleão viveu com seus 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
Napoleão comeu com seus 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
Napoleão dormiu com seus 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
Napoleão morreu com seus 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
Um morreu de frente, o outro morreu de lado
Napoleão com seus 100 soldados
Um morreu deitado, outro morreu sorridente
Napoleão com seus 100 soldados
Um era soldado, outro era presidente
Napoleão com seus 100 soldados
Ah! um era meu avô o outro era filho meu
Napoleão com seus 100 soldados
Um morreu decapitado, o outro morreu soluçando
Napoleão com seus 100 soldados
Um até morreu gritando, cada qual mais diferente

Ai, ai, ai, quedê?
Ai, ai, ai, quede, quedê?
Ai, ai, ai, quedê?

Quede, quede, quede, quedê, quedê?

Mas quem é que sabe o nome desses 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
Quem é que sabe o sobrenome desses 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
100 soldados sem velório 100 guerreiros sem história
Napoleão com seus 100 soldados
100 minutos sem memória sem certo e sem errado
Napoleão com seus 100 soldados
E quem sabe me dizer se eram 100 soldados
Napoleão com seus 100 soldados
Eu quero ver pra acreditar
Eu quero ver, eu quero ver

Ai, ai, ai quedê?

13 - Folia no Matagal (Luiz Carlos Goes, Eduardo Dusek)

O mar passa saborosamente a língua na areia
Que bem debochada, cínica que é
Permite deleitada esses abusos do mar

Por trás de uma folha de palmeira
A lua poderosa, mulher muito fogosa
Vem nua, vem nua
Sacudindo e brilhando inteira
Vem nua, vem nua
Sacudindo e brilhando inteira

Palmeiras se abraçam fortemente
Suspiram, dão gemidos, soltam ais
Um coqueirinho pergunta docemente
A outro coqueiro que o olha sonhador:
- Você me amará eternamente?
Ou amanhã tudo já se acabou?
- Nada acabará - grita o matagal -
Nada ainda começou!
Nada acabará - grita o matagal -
Nada ainda começou!

Imagina: são dois coqueirinhos ainda em botão
Nem conhecem ainda o que é uma paixão
E lá em cima a lua
Já virada em mel
Olha a natureza se amando ao léu
E louca de desejo fulgura num lampejo
E rubra se entrega ao céu
E louca de desejo fulgura num lampejo
E rubra se entrega ao céu

Ficha Técnica

Assistente de Produção: Gilda Mattoso
Técnico de Gravação: David Richard
Assistente de Estúdio: Aline Jaccottet
Transporte: Edmund
Engenheiro de Mixagem: Mazola
Fotos: Marcio Ferreira
Capa: Chico Nunes
Direção de Arte: J. C. Mello
Painel de Ney Matogrosso: Keith Haring

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