1994 - Fina Estampa - Caetano Veloso


Fina Estampa foi lançado em 1994 e trouxe Caetano Veloso como intérprete de canções hispano-americanas. A proposta inicial da gravadora era aproveitar as bases das suas canções de sucesso e regravar a voz em versões para a Língua Espanhola (a fim de "ampliar o mercado"), mas o cantor achou mais interessante investir num desejo antigo: eleger músicas de outros compositores latinos que passaram por sua memória afetiva nos anos 40 e 50, ainda em Santo Amaro da Purificação. Entre tangos, rumbas, guarânias, boleros e salsas, o resultado é uma antologia com quinze canções nascidas em Cuba, Argentina, México, Paraguai, Peru, Venezuela e Porto Rico dirigidas pelo próprio Caetano e por Jaques Morelenbaum, maestro que teve papel estrutural em toda a feitura do disco elaborando quase todos os arranjos com instrumentos acústicos com ênfase nas cordas. Participaram músicos que já acompanhavam Caetano, como Luís Brasil (violão), Zeca Assumpção (contrabaixo), Paulo Calazans (piano), Marcelo Costa (bateria) e Mingo (percussão). O LP foi lançado com três faixas a menos: Tonada de Luna Llena, Lamento Borincano e Vete de Mi. Fina Estampa honrou seu objetivo e fez com que Caetano ficasse bem mais conhecido e admirado em países da América Latina. Bossa nova com tango: é o Brasil voltando-se para o Sul. 

Caetano: “Há muito tempo a gravadora me pede um disco para o mercado hispânico com as minhas canções, mas eu sempre me recuso porque não gosto de versões. Agora, resolvi fazer a contra-proposta: gravar em espanhol o que eu adoro desde pequeno. Tenho feito muita coisa minha recentemente, o Circuladô, logo depois o Tropicália 2. Acho que é hora de uma outra coisa.” (Caetano Veloso para o Jornal do Brasil, 1994).

"A PolyGram não sugeriu que eu fizesse este projeto. Simplesmente sugeriu o que todas as gravadoras sugerem aos seus artistas: 'grave suas músicas vertidas para o espanhol!'. Por exemplo, artistas como Chico Buarque e Roberto Carlos gravavam suas músicas com versão feita por alguém de língua espanhola. Usavam os mesmos playbacks. Eu nunca fiz isso, nem antes e nem depois disso. Respondi então: 'se for gravar em espanhol, eu adoro a música hispano-americana, conheço muito, então eu gravo, vou fazer um negócio bonito!' E aí fiz Fina Estampa, do qual tenho muito orgulho. O projeto é belíssimo, os arranjos são lindos. É um disco que me é agradável até de ouvir, o que é coisa rara. O brasileiro sente o repertório hispano-americano como uma coisa brega. Mas eu sou velho o suficiente para saber que os filmes mexicanos já eram bregas, eu tinha 17 anos e a gente ia pro cinema pra rir dos dramalhões mexicanos. Os boleros e tangos, a gente achava tudo muito sentimental... Era brega, era brega, era brega! Quando a Bossa Nova veio então, ficou mais nitidamente brega, mas já tínhamos uma tradição de canção. A língua portuguesa é cool e a canção brasileira é sóbria, se comparada à de língua espanhola. Tem toda sentimentalidade, mas se comparada à latina, é até sóbria... e a gente sentia isso. Os bolerões, as rancheiras e as guarânias eram bregas. Quando falava pros meus amigos que iria gravar Recuerdos de Ypacaraí, todo mundo dizia que era o 'cúmulo do brega': 'como é que você vai conseguir dar um tom respeitável a uma coisa dessas?'". (Depoimento para a Coleção Caetano Veloso 70 anos, 2012).

"Fina Estampa foi muito importante pra mim porque havia a ideia de se fazerem discos de artistas brasileiros que estavam mais conhecidos fora com suas canções vertidas para o Espanhol por causa dos países de língua espanhola. O Brasil é uma aberração: é o único país da América Latina que não fala Espanhol. Nós somos um país gigantesco e a gente fala Português. Eu me orgulho muito disso e acho graça nessa dificuldade, mas não que o Português seja difícil. Eu tenho horror a quem diz que o Português é uma língua difícil. Acho uma frase imbecil. Mas o negócio é que eu não quis fazer disco de canções minhas vertidas para o Espanhol. Decidi fazer um disco com as canções da América Espanhola que eu adoro desde menino, faço uma antologia com um tratamento que tenha a perspectiva brasileira e assim saiu o Fina Estampa, que pra mim é um lindo disco. O trabalho de Jaquinho Morelenbaum é de uma beleza estupenda. Pecado com aquela levada que eu bolei, com o arranjo que ele escreveu pras cordas... é incrível. E também Recuerdos de Ypacaraí, fiquei muito orgulhoso de gravar aquilo só com o contrabaixo." (Caetano Veloso em entrevista para os seus 70 anos, 2012). 

Release

"Para mim, o destino ideal deste disco é aprofundar o diálogo com algumas pessoas que, espalhadas pela América Espanhola, vêm há algum tempo generosamente prestando atenção à minha música. A ambição de aumentar o número dessas pessoas, embora me pareça legítima, é secundária e só aparece como subproduto do desejo da gravadora para a qual trabalho, de "ampliar o mercado" hispano-americano para os meus discos. O que importa, no entanto - e o que define o perfil desta "fina estampa" - é que, apesar de ser aparentemente um gesto dirigido para fora da minha língua e da minha cultura, trata-se antes de um movimento para dentro de minha memória mais íntima e para o interior do Brasil: na cidadezinha de Santo Amaro, na Bahia, onde nasci e vivi até os dezoito anos, ouviam-se, nos anos 40 e 50, canções cubanas, mexicanas, argentinas, paraguaias ou porto-riquenhas que marcaram a formação de toda uma geração. Elas são "minhas", estão ligadas a recordações de família e de amizade que me dão uma espécie de direito sobre elas - e sem dúvida lhes dão um imenso poder sobre mim. Se hoje sou capaz, às vezes, até mesmo de conversar em espanhol (se o interlocutor não fala português), devo-o aos boleros e às rancheiras, às rumbas e aos tangos, aos merengues e às guarânias. A única coisa que não posso dizer é que foi com muita dor e dificuldade que deixei de fora um número pelo menos tão grande de canções igualmente representativas disso e, portanto, igualmente adequadas a este disco, quanto o das que gravei. E o que o número das gravei - e de que não quis abrir mão - é maior do que a gravadora desejaria.

A seleção dos títulos obedeceu, assim, a um critério autobiográfico. Mesmo Un Vestido y un Amor, colhida no último álbum de Fito Paez, refere-se a uma lembrança da primeira vez que o vi e ouvi, há muitos anos, na televisão em Buenos Aires, sem procurar nada nos canais de TV, e sem que ninguém jamais me tivesse falado dele, e logo o destaquei – e o fiz até publicamente – pela evidência do seu talento. Naturalmente, para que fossem conhecidas de um bando de adolescentes em Santo Amaro, quase todas as canções tinham que ser o que se chama de “standarts”. Algumas não chegaram a isso – como Mi Cocodrilo Verde – e outras já estavam quase esquecidas, como Rumba Azul. Esta última – assim como Maria la O ou Lamento Borincano – não é uma canção dos anos 50, mas estava sempre lá, como as outras, no repertório de orquestras de baile, nas tardes de piano de minha irmã Nicinha, no serviço de alto-falante, na vitrola de Tote Marinete. E La Golondrina era o tema de aberturada novela radiofônica “O Direito de Nascer”, que parece ter durado todos os anos do meu crescimento. Quando eu estava exilado em Londres, essa canção ressurgiu pela primeira vez cantada, e por um coro – numa cena pungente do filme de Sam Peckinpah, "The Wild Bunch", em que o grupo de caubóis americanos passa por entre crianças mexicanas miseráveis.

Não entendo a letra de Maria la O, que aliás nunca aparece cantada duas vezes da mesma maneira. Há uma barafunda de pronomes e umas ordens invertidas que são ininteligíveis. No entanto, a beleza misteriosa e insinuante da canção nada perde com isso. A letra de La Golondrina chegou-me também envolta de dúvidas. Escolhi trechos que fizessem sentido. Vi que, cantado, tudo aquilo faz todo sentido. Fina estampa sempre me fascinou por ser, à primeira vista, uma canção feita por uma mulher sobre um homem à maneira das canções feitas por homens sobre mulheres. Mas o fato é que, como a palavra “vereda” em português só é usada para designar uma trilha no mato e nunca uma rua ou estrada urbana, esse deslumbrante “cavalheiro” (ou cavaleiro?), que esconde e exibe o sorriso por sobre um chapéu, sempre me pareceu uma visão de Oxóssi, o orixá da religião afro-baiana a que, dizem, pertenço e de quem, portanto, teria as características. Desse modo, Fina estampa me parece o título certo para um disco tão requintado e delicadamente orquestrado por Jaques Morelenbaum – e em que canto com tanto cuidado -, ao mesmo tempo que funciona como uma referência a um eu meu bonito, representado na figura do orixá entrevisto nas palavras da valsa de Chabuca. Andar, andar.

Eu não sabia todas as letras por inteiro. E, mesmo nos casos em que parecia saber, não confiava no espanhol de minha memória de menino. Precisei pedir auxílio, e Manolo Calderón e Tânia Libertad, da Cidade do México, foram prestimosos e solícitos. O artista plástico Luciano Figueiredo também contribuiu com gravações de orquestra de Lecuona, que, por sua vez, Fabiano Canosa lhe conseguira. Mas foi aqui no Rio que eu encontrei a fada-madrinha do repertório deste disco na pessoa de Márcia Rodrigues, a bela e inteligente carioca que fora a Garota de Ipanema no filme de Leon Hirszman, inspirado na canção, sendo a melhor coisa daquele filme – e que também protagonizou a obra-prima de Júlio Bressane, “Matou a família e foi ao cinema”, na qual ela é uma das mais belas visões à história do cinema brasileiro, cantando When I’m Sixty-four. Essa moça tem um arquivo de gravações hispano-americanas (ela liderou por algum tempo um programa de rádio especializado nisso) e não só desfez dúvidas, como também apresentou canções que eu não conhecia e fez sugestões que, de outro modo, não me ocorreriam. Tonada de Luna Llena me foi apresentada por ela (Simón Diaz me foi apresentado por ela!) e Vuelvo al Sur, que eu já conhecia do filme de Solanas, me foi sugerida por ela.

Isso de aprofundar o diálogo me levaria a canções novas (ou novas para mim) de qualquer jeito. Não poderia ficar, na memória e na autobiografia. Tonada de Luna Llena é, para mim, a descoberta de um mundo. Vuelvo al Sur, no casamento da prosódia argentina com a batida da bossa nova – Piazzola e João Gilberto fundidos pela primeira vez? - , é a realização sonora da sugestão já presente em Solanas de ampliar o campo semântico da palavra Sul para abranger todo o nosso subcontinente – e, agora, todo hemisfério austral. Mas o que traz verdadeiramente profundidade a esse desajeitado diálogo é o trabalho musical de Jaques Morelenbaum sobre as canções escolhidas. A seriedade, a competência, o carinho e a carga de emoção que ele colocou nos arranjos dizem mais sobre o empenho de dignificação da postura cultural latino-americana do que milhões de palavras ou atos políticos.

O trabalho gráfico e plástico realizado e conduzido pelo refinadíssimo cantor/desenhista Carlos Fernando – que, vencendo a barreira da minha própria timidez, propôs à genial Anna Mariani que fotografasse a fachada da Ordem da Terceira de São Francisco para a contracapa – reafirma seu empenho.

Naturalmente, além das muitas canções na mesma linha das gravadas e que, no entanto, ficaram de fora, há lacunas de outra natureza que me mostram a incompletude do projeto. Não há um só exemplo do que se produziu no Chile nos anos 60 e, sobretudo, sinto a ausência dos cubanos do período comunista. Não há Parras nem Jara nem Silvio Rodriguez nem Pablo Milanés. Cheguei a planejar gravar Volver a los Diecisiete, mas desisti diante do que já se fez de maravilhoso com esse tema – no Brasil (Milton!). Cheguei também a pedir sugestões a Chico Buarque sobre o repertório de Rodriguez e Milanés. Mas, embora ao ouvi-los em maior quantidade e frequência minha admiração tenha crescido ainda mais, terminei por sentir que a inclusão de uma canção assim traria gosto de “pesquisa” ou de responsabilidade que não condizia com o clima do disco. Ainda assim pensei em gravar Yolanda, que eu idolatro, mas, de novo, a gravação brasileira de Simone com Chico me pareceu insuperável. Além disso, a essa altura o disco já tinha dezesseis faixas. Fica pra outra? Não sei. Mas considero a ausência desses autores um defeito grave deste trabalho. Embora eu saiba que não se pode – nem se deve – fazer tudo. (Release do disco Fina Estampa - 1994).

Caetano grava Fina Estampa. Foto: Evandro Teixeira (Jornal do Brasil, 1994).

Lista de Músicas

1 - Rumba Azul - Para Rodrigo
(Armando Orefiche)

2 - Pecado
(C. Bahr, Pontier & Francini)

3 - Maria Bonita
(Augustín Lara)

4 - Contigo en la Distancia
(César Portillo de la Luz)

5 - Recuerdos de Ypacarai
(Z. de Mirkin, D. Ortiz)

6 - Fina Estampa
(Chabuca Granda)

7 - Capullito de Alelí - Para Chico Motta
(Rafael Hernández)

8 - Un Vestido y un Amor
(Fito Paez)

9 - Maria la O
(Ernesto Lecuona)

10 - Tonada de Luna Llena
(Simón Diaz)

11 - Mi Cocodrilo Verde - Para Dasinho
(José Dolores Quiñones)

12 - Lamento Borincano
(Rafael Hernandez)

13 -Vete de Mi
(Homero e Virgilio Expósito)

14 - La Golondrina - Para Dona Canô, minha mãe
(N. Serrade, N. Zamacois)

15 - Vuelvo Al Sur
(A. Piazzola, F. Solanas)

Vamos às Letras.

1 - Rumba Azul (Armando Orefiche) - Cuba.

A la rumba azul
Vamos
Llega chique...
A mi corazón... ¡ay, ay ,ay, ay!
Es su canto azul, sensual
Con su tique...
Ya llegó el amor
¡ay, ay, ay, ay!

Madame
Trilirutiru......
Dulce es mi cantar
¡Oh rumba azul!
Madame
Uricutricu....
Ilusión azul
¡Oh rumba azul!

2 - Pecado (C. Bahr, Pontier & Francini) - Argentina.

Yo no sé si es prohibido
Si no tiene perdón
Si me lleva al abismo
Sólo sé que es amor

Yo no sé si este amor es pecado
Que tiene castigo
Si es faltar a las leyes honradas
Del hombre y de Dios

Sólo sé que me aturde la vida
Como un torbellino
Que me arrastra, y me arrastra
A tus brazos en ciega pasión

Es más fuerte que yo
Que mi vida,
Mi credo y mi sino
Es más fuerte que todo el respeto
Y el temor de Dios

Aunque sea pecado
Te quiero, te quiero lo mismo
Y aunque todo
Me niegue el derecho
Me aferro a este amor

3 - Maria Bonita (Augustín Lara) - México.

Acuérdate de Acapulco,
de aquellas noches,
María bonita, María del alma.
Acuérdate que en la playa
Con tus manitas las estrellitas
Las enjuagabas.

Tu cuerpo, del mar juguete, nave al garete,
Venían las olas, lo columpiaban,
Y mientras yo te miraba,
Lo digo con sentimiento,
Mi pensamiento te traicionaba.

Te dije muchas palabras de esas bonitas
Con que se arrullan los corazones,
Pidiendo que mi quisieras,
Que convirtieras en realidades mis ilusiones.

La luna que nos miraba ya hacía un ratito
Se hizo un poquito desentendida,
Y cuando la vi escondida
Me arrodillé a besarte
Y así entregarte toda mi vida.

Amores habrás tenido muchos amores,
María Bonita, María del alma,
Pero ninguno tan bueno ni tan honrado
Como el que hiciste que en mí brotara.

Lo traigo lleno de flores
Como una ofrenda
Para dejarlo bajo tus plantas.
Recíbelo emocionada
Y júrame que no mientes
Porque te sientes idolatrada.

4 - Contigo en la Distancia (César Portillo De La Luz) - Cuba.

No existe un momento del día
En que pueda apartarme de ti
El mundo parece distinto
Cuando no estás junto a mi

No existe melodía
En que no surjas tú
Ni yo quiero escucharla
Si no la escuchas tú

Es que te has convertido
En parte de mi alma
Ya nada me conforma
Si no estás tú también

Más allá de tus labios
Del sol y las estrellas
Contigo en la distancia
Amada mía estoy

5 - Recuerdos de Ypacarai (Z. de Mirkin, D. Ortiz) - Paraguai.

Una noche tibia nos conocimos
Junto al lago azul de Ypacaraí
Tu cantabas triste por el camino
Viejas melodías en guaraní

Y con el embrujo de tus canciones
Iba renasciendo tu amor en mí
Y en la noche hermosa de plenilunio
De tu blanca mano sentí el calor
Que con tus caricias me dio el amor

Dónde estás ahora cuñataí
Que tu suave canto no llega a mí
Dónde está ahora
Mi ser te adora con frenesí

Todo te recuerda mi dulce amor
Junto al lago azul de Ypacaraí
Todo te recuerda
Mi amor te llama cuñataí

6 - Fina Estampa (Chabuca Granda) - Peru.

Una veredita alegre
Con luz de luna o de sol
Tendida como una cinta
Con sus lados de arrebol

Arreból de los geranios
Y sonrisas con rubor
Arrebol de los claveles
Y las mejillas en flor

Perfumada de magnolia
Rociada de mañanita
La veredita sonrie
Cuando tu piel acaricia

Y la populi se ríe
Y la ventana se agita
Cuándo por esa vereda
Tu fina estampa paseas

Fina estampa, caballero
Caballero de fina estampa
Un lucero que sonriera
Bajo um sombrero
No sonriera, más hermoso
Ni más luciera
Caballero, en tu andar, andar
Reluce la acera al andar, andar

Te lleva hacia los zaguanes
Y los pátios encantados
Te lleva hacia las plazuelas
Y a los amores soñados

Veredita que se arrulla
Con tafetanes bordados
Tacón de chapín de seda
Y justes almidonados
Es un caminito alegre
Con luz de luna o de sol
Que he de recorrer cantando
Por si te puede alcanzar

Fina estampa caballero
Quien te pudiera guardar

Fina estampa, caballero
Caballero de fina estampa
Un lucero, que sonriera
Bajo um sombrero
No sonriera,
Más hermoso
Ni más luciera
Caballero, en tu andar,
 Andar
Reluce la acera al andar,
Andar

7 - Capullito de Alelí (Rafael Hernández) - Porto Rico.

Lindo capullo de aleli
Si tú supieras mi dolor
Correspondieras a mi amor
Y calmaras mi sufrir
Porque tú sabes que sin tí
La vida es nada para mí
Tú bien lo sabes,
Capullito de aleli.

No hay en el mundo para mí
Otro capullo de alelí
Que yo le brinde mi pasión
Y que le dé mi corazón
Porque tú eres la mujer
A quien he dado mi querer
Y te juré lindo alelí
Fidelidad hasta morir.

Por eso yo te canto a tí
Mi capullito de alelí
Dame tu aroma seductor
Y un poquito de tu amor
Porque tú sabes que sin tí
La vida es nada para mí
Tú bien lo sabes
Capullito de alelí

8 - Un Vestido y un Amor (Fito Paez) - Argentina.

Te vi
Juntabas margaritas del mantel
Ya sé que te traté bastante mal
No sé si eras un angel o un rubí
O simplemente te vi

Te vi
Saliste entre la gente a saludar
Los astros se rieron otra vez
La llave de Mandala se quebró
O simplemente te vi

Todo lo que diga está de más
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad
Vos ya sabés comprender
Es solo un rato no más
Tendría que llorar o salir a matar
Te vi, te vi, te vi
Yo no buscaba a nadie y te vi

Te vi
Fumabas unos chinos en Madrid
Hay cosas que te ayudan a vivir
No hacías otra cosa que escribir
Y yo simplemente te vi

Me fui
Me voy de vez en cuando a algún lugar
Ya sé, no te hace gracia este país
Tenías un vestido y un amor
Y yo simplemente te vi

Comentário de Caetano: "Entrou porque eu gosto e me interesso por Fito Páez. Eu o vi pela primeira vez na televisão faz muitos anos em Buenos Aires e depois disso escutei muitas coisas suas. Quando fui gravar esse disco de canções hispano-americanas tinha vontade de incluir algo novo e havia pensado em algo de Fito. Então, chegou a minhas mãos  esse disco que se chama El amor después del amor e eu, depois de escutá-lo, pensei que seria bom gravar Un Vestido y Un Amor. Logo depois disso, um amigo, um músico brasileiro muito jovem, que havia escutado também o disco, sem saber que eu a havia escolhido para talvez gravá-la, me pediu para incluí-la. Então, decidi colocar. Era uma excelente coincidência. Para mim foi importante ter entre todas as possibilidades uma canção nova. Foi uma tentativa para conseguir que uma pessoa de hoje, mas também os mais velhos, pudessem entender como é a relação que tenho com a canção em espanhol, que é como uma relação viva e tem uma visão moderna, apesar do disco começar com uma coleção de recordações da minha infância, de minha juventude. A visão final, me parece, é a de um homem que passou pelas informações da década de 60 e 70 mas que vive nos 90 e eu queria que isso fosse visível, notável. Suponho que com essa canção de Fito isto se realizou." (Caetano Veloso para o Jornal Página/12, 1994). 

9 - Maria la O (Ernesto Lecuona) - Cuba.

Mulata infeliz tu vida acabó
De risa y guaracha se ha roto el bongó
Que oias ayer temblando de amor
Y con ilusión junto a un hombre cruel

Su amor ya se fue de mi corazón
Que hoy ya la aborrece porque mi pasión
Que hirió su traición yan tan solo es
Sed de verlo al fin tendido a mis pies

María la O ya no más cantar
María la O hora es de llorar
Y de recordar el tiempo feliz
De tus besos, que tan fugaz ya voló

María la O toso se acabó
Tu amor ya se fue de tu corazón
Y jamás él volverá
María la O sueña en morir

10 - Tonada de Luna Llena (Simón Diaz) - Venezuela.

Yo vide una garza mora
Dándole combate a un rio
Así es como se enamora
Tú corazón con el mio

Luna, luna, luna, llena menguante
Luna, luna, luna, llena menguante

Anda muchacho a la casa
Y me trae la carabina
Pa' mata este gavilán
Que no me deja gallina

La luna me está mirando
Yo no se lo que me ve
Yo tengo la ropa limpia
Ayer tarde la lavé

Luna, luna, luna, llena menguante
Luna, luna, luna, llena menguante

Pongate

11 - Mi Cocodrilo Verde (José Dolores Quiñones) - Cuba.

Mi cocodrilo verde
Carcajada mulata
Canción de serenata
Embrujo de maraca y bongó

Mi cocodrilo verde
En tu palmar se perde
La clásica leyenda
De yemanyá y Changó

Mi cocodrilo verde
Son tus mares de espuma
Tu majestuosa luna
Y tu sol tropical

Mi cocodrilo verde
Terroncito de azúcar
Las gaviotas anidan
En tu litoral

12 - Lamento Borincano (Rafael Hernandez) - Porto Rico.

Sale loco de contento con su cargamento para la ciudad, ay, para la ciudad
Lleva en su pensamiento todo un mundo lleno de felicidad, si, de felicidad
Piensa en remediar la situación del hogar que és toda su ilusión, si

Y alegre el jibarito va pensando así, diciendo aí, cantando así por el camino: "Si vendo toda carga mi Dios querido, un traje a mi viejita voy a comprar"

Y alegre también su yegua va al presentir que su cantar es como un himno de alegria.
En esto le sorprende la luz del día
Y llegan al mercado de la ciudad

Pasa la mañana entera sin que nadie quiera su carga comprar, ay, su carga comprar
Todo, todo está desierto, el pueblo está muerto de necesidad, ay, de necesidad

Se oye este lamento por doquier
En mi desdichada Borinquen, sí
Y triste el jibarito va
pensando así, diciendo así, llorando así por el camino:
"que será de Borinquen, mi Dios querido? Que será de mis hijos y de mi hogar"

Borinquen, la tierra del Edén
Y que al cantar el gran Gautier llamó la perla de los mares
Ahora que te mueres com tus pesares
Déjame que te cante yo también

13 - Vete de Mi (Homero e Virgilio Expósito) - Argentina.

Tú, que llenas todo de alegría y juventud
Que ves fantasmas en la noche de trasluz
Y oyes el canto perfumado del azul
Vete de mí

No te detengas a mirar
Las ramas muertas del rosal
Que se marchitan sin dar flor
Mira el paisaje del amor
Que es la razón para soñar y amar

Yo, que ya he luchado contra toda la maldad
Tengo las manos tan desechas de apretar
Que ni te puedo sujetar
Vete de mí

Seré en tu vida lo mejor
De la neblina del ayer
Cuando me llegues a olvidar
Como es mejor el verso aquel
Que no podemos recordar

14 - La Golondrina (N. Serrade, N. Zamacois) - México.

¿A donde irá veloz y fatigada
La golondrina que de aquí se va?
¡Oh! Si en el viento
Se hallará extraviada
Buscando abrigo
Y no lo encontrará

Junto a mi lecho
Le pondré su nido
En donde pueda la estación pasar
También yo estoy en la región perdido
¡Oh cielo santo!
Y sin poder volar.

Oiré tu canto!
Oh tierna golondrina!
Recordaré mi patria
Y lloraré

15 - Vuelvo Al Sur (A. Piazzola, F. Solanas) - Argentina.

Vuelvo al Sur
Como se vuelve siempre al amor
Vuelvo a vos
Con mi deseo, con mi temor
Llego al Sur
Como un destino del corazón
Soy del Sur
Como los aires del bandoneón
Sueño el Sur,
Inmensa luna, cielo al revés
Busco el Sur
El tiempo abierto y su después
Quiero el Sur
Su buena gente, su dignidad
Siento el Sur,
Como tu cuerpo en la intimidad

Vuelvo al Sur,
Llego al sur
Te quiero

Comentário de Caetano: "Eu a ouvi aqui no Rio, há muitos anos, e fiquei com essa versão dando voltas na minha cabeça, em algum lugar. Logo uma amiga que se chama Marcia Rodríguez me deu a ideia de gravá-la. Ela me convenceu, mas vimos a ideia do 'sul' como uma caracterização não somente da Argentina, mas de nossa posição como latinoamericanos no mundo. Eu sinto como uma tema bem do terceiro mundo, não tão em tango como o original, e me parece que saiu bem." (Caetano Veloso para o Jornal Página/12, 1994). 

Ficha Técnica

Direção Artística: Max Pierre
Uma produção Polygram dirigida por Jaques Morelenbaum e Caetano Veloso
Coordenação de Produção: José Celso Guida
Arranjos e Regência: Jaques Morelenbaum, exceto em María Bonita (arranjo de Caetano Veloso)
Recuerdos de Ypacaraí (concepção de Caetano Veloso, Zeca Assumpção e Jaques Morelenbaum).
Estúdio: Som Livre, RJ. Maio / Junho, 1994
Técnicos de Gravação: Edu de Oliveira (voz, cordas, sopros e complementos) e
Jorge "Gordo" Guimarães (Bases).
Direção de Arte e Criação Gráfica: Carlos Fernando
Fotos: Dimitri Lee e Carlos Fernando (Capa); Anna Helena Mariani (Contracapa)
Agradecimentos:
João Araújo, Paula Lavigne, Paula Morelenbaum, Márcia Rodrigues, Virgínia Casé,
Susana Piñar, Daniel Jobim, Estela Sheinvar, Martins, Tania Libertad,
Manolo Calderoen, Anna Mariani, Gisela Moreau, Sidney Cecchini, José Amer.

Músicos

1 RUMBA AZUL
VOZ Caetano Veloso
BATERIA, CLAVES E WOOD BLOCK Marcelo Costa 
CONTRABAIXO Zeca Assumpção
PIANO Paulo Calasans
GUITARRAS Luiz Brasil
BONGÔ, TIMBALES, CONGAS, XEQUERÊ E TALKING DRUM Mingo Araújo
MARIMBA Rodolfo Cardoso
FLAUTAS Mauro Senise Zé Carlos Raul Mascarenhas
CLARINETA E CLARONE Eduardo Morelenbaum
TROMPETES Bidinho Paulinho Trumpete Formiga   
TROMBONES Serginho Trombone Vitor Santos Roberto Marques
CORDAS*

2 PECADO
VOZ E VIOLÃO Caetano Veloso
CELLO SOLO Jaques Morelenbaum
BATERIA Marcelo Costa
CONTRABAIXO Zeca Assumpção
CHOCALHO Mingo Araújo
CORDAS*

3 MARIA BONITA
VOZ E VIOLÃO Caetano Veloso

4 CONTIGO EN LA DISTANCIA
VOZ Caetano Veloso
BATERIA E AFOXÉ Marcelo Costa
CONTRABAIXO Zeca Assumpção
PIANO Paulo Calasans
VIOLÕES Luiz Brasil
CONGAS E ÁBACO Mingo Araújo
SAX SOPRANO SOLO Nivaldo Ornellas
FLAUTAS Andréa Dias Eduardo Monteiro
CLARINETAS Lucia Morelenbaum Eduardo Morelenbaum
TROMPA Ismael de Oliveira Jr.

5 RECUERDOS DE YPACARAI
VOZ Caetano Veloso
CONTRABAIXO Zeca Assumpção

6 FINA ESTAMPA
VOZ Caetano Veloso
VIOLINOS Bernardo Bessler Michel Bessler
VIOLA Marie Christine Springel
CELLO Jagues Morelenbaum

7 CAPULLITO DE ALELI
Voz Caetano Veloso
SAX TENORES Zé Carlos Raul Mascarenhas
BATERIA, CLAVES E GUIRO Marcelo Costa
CLARONE Eduardo Morelenbaum
CONTRABAIXO Artur Maia
TROMPETES Bidinho Paulinho do Trompete Formiga
MARIMBA E PIANO Jota Moraes
VIOLÕES Luiz Brasil
TROMBONES Vitor Santos Roberto Marques
CONGAS, TIMBALES E CINCERRO Mingo Araújo
TROMBONE E TROMBONE SOLO Serginho do Trombone
SAX ALTO Mauro Senise

8 UN VESTIDO Y UN AMOR
VOZ Caetano Veloso
CORDAS*

9 MARIA LA O
VOZ Caetano Veloso
CELLO Jaques Morelenbaum
BATERIA, CLAVES E GUIRO Marcelo Costa
CONTRABAIXO Zeca Assumpção
PIANO Paulo Calasans
VIOLÕES Luiz Brasil
CONGAS, BONGÔ E ÁBACO
Mingo Araújo
CORDAS*

10 TONADA DE LUNA LLENA
VOZ Caetano Veloso
FLAUTAS EM SOL Mauro Senise Paulo Guimarães
PICOLLO Mauro Senise
CLARINETAS Paulo Sérgio dos Santos Lucia Morelenbaum
CLARONE Eduardo Morelenbaum
TROMPAS Antonio Augusto Ismael de Oliveira Jr.
VASO DE CERÂMICA, CAXIXI E GUIZOS Marcelo Costa
PALMAS Marcelo Costa Jaques Morelenbaum

11 MI COCODRILO VERDE (COCODRILO VERDE)
VOZ Caetano Veloso
PIANO Paulo Calasans
VIOLÕES Luiz Brasil
BONGÔ, MARACAS E CLAVES Mingo Arańjo
BATERIA Marcelo Costa
CONTRABAIXXO Zeca Assumpção
CORDAS*

12 LAMENTO BORINCANO
VOZ Caetano Veloso
BATERIA, CHOCALHO E CAIXETA Marcelo Costa
BAIXO FRETLESS Arthur Maia
PIANO Paulo Calasans
VIOLÕES Luiz Brasil
BONGÔ E CONGAS Mingo Araújo
FLAUTA Nivaldo Ornellas

13 VETE DE MI
VOZ Caetano Veloso
CONGAS Mingo Araújo 
BATERIA Marcelo Costa
FLAUTAS Andréa Dias Eduardo Monteiro Kátia Pierro
BAIXO FRETLESS Arthur Maia
PIANO Paulo Calasans
VIOLOES Luiz Brasil
TROMPA Ismael de Oliveira Jr.

14 LA GOLONDRINA
VOZ Caetano Veloso
CLARINETAS Lucia Morelenbaum Eduardo Morelenbaum
MARIMBA Rodolfo Cardoso
FLAUTA Andréa Dias
TROMPA Ismael de Oliveira Jr.
CORDAS*

15 VUELVO AL SUR
Voz Caetano Veloso
QUARTETO DE CELLOS Jaques Morelenbaum
VIOLÕES Caetano Veloso Luiz Brasil

CORDAS*
VIOLINOS Giancarlo Pareschi (SPALLA) Michel Bessler Bernardo Bessler José Alves Alfredo Vidal Walter Hack Carlos Eduardo Hack Ricardo Amado Pascoal Perrota
VIOLAS Marie Christine Springel Jesuína Passarolo
CELLOS Alceu de Almeida Reis Iura Ranevsky
CONTRABAIXO Denner Campolino




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