2011 - Caetano e Maria Gadú Ao Vivo


Multishow Ao Vivo: Caetano e Gadú surgiu depois do clima agradável experimentado por Caetano Veloso e Maria Gadú no palco, quando foram convidados para cantarem juntos na inauguração de instalações da Globosat. A parceria rendeu a turnê Duo, que excursionou o Brasil entre 2010 e 2011 e gerou o DVD e CD duplo gravados numa única apresentação em dezembro de 2010, no Rio de Janeiro. Além das composições individuais, Trem das Onze de Adoniram Barbosa e Vai Levando, parceria de Caetano com Chico Buarque, foram revisitadas pelos dois; e Maria Gadú cantou A História de Lilly Braun (Chico Buarque, Edu Lobo). No set solo, Caetano atualizou com primor seu repertório em voz e violão e cantou Shimbalaiê, o hit de Maria Gadú feito quando ela tinha apenas dez anos. 

Caetano: "A ideia para esse show surgiu após sermos convidados a tocar numa festa da Globosat. Pouco depois, voltamos a cantar juntos na festa do Prêmio Multishow (2010) e novamente nos entendemos muito bem. Eu assistira a Gadú num de seus primeiros shows, na Cinemathèque, e gostei muito da naturalidade e da força dela como cantora." (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 2010).

"Maria Gadú não tem nada a me agradecer. Ela já era um fenômeno da geração dela. Na verdade, fui eu quem pegou carona no fenômeno Maria Gadú. Foi muito bom para mim. Ela é uma pessoa agradável, muito musical, boa de trabalhar. E ela conhecia as minhas músicas, sabia as letras de algumas que eu já não lembrava." (Caetano Veloso para a Revista Época, 2011).

"A gente se deu bem logo de cara. Nunca houve entrave na comunicação. Vendo artistas mais jovens como a Gadú me vejo quando comecei a trabalhar. Ela tem personalidade própria, canta e toca bem desde que a vi pela primeira vez num show na extinta Cinematheque, no Rio. Gosto de "vampirizar" os jovens [risos]. Não houve critério cronológico [para o repertório]. Calhou de serem as minhas canções mais conhecidas. A Gadú é um fenômeno de popularidade imediata. Outra razão é que o show que originou o DVD foi por acaso e logo rolou a turnê. Tivemos apenas um encontro para fazer o repertório. Cantei canções que sei tocar no violão e os desejos dela. Quando eu tinha a idade atual da Gadú, estava compondo Alegria, Alegria. E Shimbalaiê é uma música emblemática dela. Pesou o fato de serem canções que têm muito apelo popular e temos carinho por ambas. Ela é uma maravilha. Boa de conviver e de conversar. Nos bastidores, a Gadú é quase melhor do que no palco. Tenho admiração por ela não só pela música e por sua musicalidade." (Caetano Veloso na coletiva de imprensa para o lançamento do DVD e CD ao vivo, 2011). 

"Cantar com a Maria Gadú significa cantar para um público grande. E Sozinho é justamente um exemplo desse fenômeno tendo acontecido comigo. Aquilo tem que ser reafirmado na hora em que você está com esse tema. Todos se lembram de Alegria, Alegria, mas eu não gosto tanto, nunca fui fã. Há um paralelo com Shimbalaiê, tem a ver com uma canção se tornar quase irracionalmente popular." (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 2011).

"Fui à extinta Cinemathèque ver o show dessa menina que diziam ser a nova Cássia Eller. Chegando lá, notei que ela era uma figura interessante. Parecia um moleque de favela movie e ao mesmo tempo tinha peitos grandes. Quando ela soltou a voz, estava muito mais para Marisa Monte do que para Cássia. Era um garotinho com voz de princesa." (Caetano Veloso em trecho do release divulgado para a imprensa, 2011). 

Gadú: "Escuto Caetano desde criança. Minha mãe cantava Alegria, Alegria a toda hora, nas mais diferentes situações. E nos shows que fazia em bares, sempre incluí canções dele. Fazer um show ao lado dele é um sonho. Não tem música obrigatória na minha parte solo, tanto que deixei de fora Shimbalaiê, e Caetano acabou cantando essa na parte dele. Eu tenho mudado um pouco o repertório a cada show." (Maria Gadú para o Jornal O Globo, 2010).

"O repertório do Caetano é incrível. Mas O Quereres é minha música preferida de todas as músicas, não só dele. Não caiu a ficha ainda. É esquisito. Há uma união muito mais abrangente. Há proximidade. E eu, a minha vida inteira, me espelhei no Caetano. Não dá para descrever o que senti [quando Caetano cantou Shimbalaiê]. Não pensei na hora. Foi só emoção. Não dá para dar sentido. Lembrei da infância ali na hora, quando eu fiz a música e estava despretensiosamente feliz. Caetano não é superficial. Ele entende e sabe sobre vários assuntos, como política, cinema, literatura e não é superficial em sua sapiência. Acho isso lindo nele. Ele me estimula a aprender mais. Outro dia me interessei, por influência dele, sobre a falência dos Estados Unidos em 1929." (Maria Gadú na coletiva de imprensa para o lançamento do DVD e CD duplo, 2011). 


Fotos: Fernando Young.

Lançamento do DVD e CD duplo Multishow Ao Vivo Caetano e Maria Gadú.

Caetano e Gadú receberam disco de platina durante a Festa da Purificação, no início de 2012 em Santo Amaro, cidade natal de Caetano.

Lista de Músicas

Disco 1

1 - Beleza Pura - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

2 - O Quereres - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

3 - Sampa - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

4 - Vaca Profana - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

5 - Rapte-me, Camaleoa - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

6 - Trem das Onze - Caetano e Maria Gadú
(Adoniran Barbosa)

7 - O Leãozinho - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

8 - Odara - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

9 - Nosso Estranho Amor - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

10 - Vai Levando - Caetano e Maria Gadú
(Chico Buarque, Caetano Veloso)

11 - Menino do Rio - Caetano e Maria Gadú
(Caetano Veloso)

12 - Podres Poderes - Maria Gadú
(Caetano Veloso)

13 - Shimbalaiê - Caetano
(Maria Gadú)

Disco 2

1 - Bela Flor - Maria Gadú
(Maria Gadú)

2 - Encontro - Maria Gadú
(Maria Gadú)

3 - Tudo Diferente - Maria Gadú
(Maria Gadú)

4 - Dona Cila - Maria Gadú
(Maria Gadú)

5 - Escudos - Maria Gadú
(Maria Gadú)

6 - A História de Lilly Braun - Maria Gadú
(Chico Buarque, Edu Lobo)

7 - Milagres do Povo - Caetano
(Caetano Veloso)

8 - Genipapo Absoluto - Caetano
(Caetano Veloso)

9 - Odeio - Caetano
(Caetano Veloso)

10 - De Noite na Cama - Caetano
(Caetano Veloso)

11 - Desde Que o Samba é Samba - Caetano
(Caetano Veloso)

12 - Sozinho - Caetano
(Peninha)

13 - Alegria, Alegria - Caetano
(Caetano Veloso)

Vamos às Letras.

1 - Beleza Pura (Caetano Veloso)

Não me amarra dinheiro não
Mas formosura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moça preta do Curuzu
Beleza pura
Federação
Beleza pura
Boca do Rio
Beleza Pura
Dinheiro não
Quando essa preta começa a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda a trama da trança a transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra botar no cabelo
Toda minúcia
Toda delícia
Não me amarra dinheiro não
Mas elegância
Não me amarra dinheiro não
Mas a cultura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moço lindo do Badauê
Beleza pura
Do Ilê Aiyê
Beleza pura
Dinheiro yeah
Beleza pura
Dinheiro não
Dentro daquele turbante do filho de Gandhi
É o que há
Tudo é chique demais, tudo é muito elegante
Manda botar
Fina palha da costa e que tudo se trance
Todos os búzios
Todos os ócios
Não me amarra dinheiro não, mas os mistérios


2 - O Quereres (Caetano Veloso)

Onde queres revólver sou coqueiro
E onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo
E onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada nada falta
E onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas o chão minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
Onde vês eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo eu sou o irmão
E onde queres cowboy eu sou chinês

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor bruta flor

Onde queres o ato eu sou o espírito
E onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério eu sou a luz
Onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim


3 - Sampa (Caetano Veloso)

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos Mutantes

E foste um difícil começo
Afasta o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa


4 - Vaca Profana (Caetano Veloso)

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada

Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Ê
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas
Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Pau, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e Belíssimo Horizonte
Ê
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda em mi garganta
La mala leche para los "puretas"
Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk's blues
Ê
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas
Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos aí
Ê
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas
Mas eu também sei ser careta
De perto ninguém é normal
Às vezes segue em linha reta
A vida, que é meu bem/meu mal
No mais, as "ramblas" do planeta
Orchata de chufa, si us plau
No mais, as ramblas do planeta
"Orchata de chufa, si us plau"
Ê
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas


5 - Rapte-me, Camaleoa (Caetano Veloso)

Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De um quasar pulsando lôa
Interestelar canoa

Leitos perfeitos
Seus peitos direitos
Me olham assim
Fino menino me inclino
Pro lado do sim

Rapte-me
Adapte-me
Capte-me
It's up to me
Coração
Ser querer ser
Merecer ser
Um camaleão

Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas


6 - Trem das Onze (Adoniran Barbosa)

Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
E além disso mulher
Tem outras coisas
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã
E além disso mulher
Tem outras coisas
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar
Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar


7 - O Leãozinho (Caetano Veloso)

Gosto muito de te ver leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você leãozinho
Para desentristecer leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol leãozinho
De ter ver entrar no mar
Tua pele tua luz tua juba
Gosto de ficar ao sol leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar NUMA


8 - Odara (Caetano Veloso)

Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara
Minha cara minha cuca ficar odara
Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara
Pra ficar tudo jóia rara
Qualquer coisa que se sonhara
Canto e danço que dará


9 - Nosso Estranho Amor (Caetano Veloso)

Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer

Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor

Ah! Mãeinha
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos
Ah! Neguinha
Deixa eu gostar de você
Pra lá do meu coração
Não me diga nunca não

Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valham dramáticos efeitos
Mas o que está depois

Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos, mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor


10 - Vai Levando (Chico Buarque, Caetano Veloso)

Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
Com toda a cama, com toda a lama
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa chama
Mesmo com todo o emblema, todo o problema
Todo o sistema, todo Ipanema
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa gema
Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa guia
Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
Com toda a cama, com toda a lama
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa chama
Mesmo com todo o emblema, todo o problema
Todo o sistema, todo Ipanema
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa gema
Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa guia


11 - Menino do Rio (Caetano Veloso)

Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção, corpo aberto no espaço
Coração de eterno flerte
Adoro ver-te
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto pra Deus proteger-te
O Havaí seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo eu desejo o teu desejo
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção como um beijo


12 - Podres Poderes (Caetano Veloso)

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais

Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da américa católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será, que será, que será
Será que esSa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas
E nos gerais?

Será que apenas os hermetismos Pascais
Os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas
E nada mais?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais


13 - Shimbalaiê (Maria Gadú)

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Natureza deusa do viver
A beleza pura do nascer
Uma flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol
Pensamento tão livre quanto o céu
Imagino um barco de papel
Indo embora pra não mais voltar
Tendo como guia Iemanjá
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Quanto tempo leva pra aprender
Que uma flor tem vida ao nascer
Essa flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira
Me encantar com um livro
Que fale sobre vaidade
Quando mentir for preciso
Poder falar a verdade
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar


Disco 2

1 - Bela Flor (Maria Gadú)

A flor que vem me lembrar a flor que é quase igual
A flor que muito pensa, a flor que fecha ao sol
Parece a mesma flor só muda o coração
Quando se unem são a flor que inspirou a canção
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Que dance a linda flor, girando por aí
Sonhando com amor, sem dor, amor de flor
Querendo a flor que é, no sonho a flor que vem
Ser duplamente flor, encanta, colore e faz bem
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Oh, flor, se tu canta essa canção
Todo o meu medo se vai pro vão
Pra longe, longe que eu não quero ir
Mas deixe seu rastro pólen
Flor pra eu poder te seguir
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio
Bela flor, pouco disse
Gêmea flor que cresceu no rio


2 - Encontro (Maria Gadú)

Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Põe juízo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim
Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir
Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você
Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir
Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você


3 - Tudo Diferente (Maria Gadú)

Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta
Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, né
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta
(Ah, laiá laiá)
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta
Você passa, eu paro
Você faz, eu falo
Mas a gente no quarto sente o gosto bom que o oposto tem
Não sei, mas sinto, uma força que embala tudo
Falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate
Todos caminhos trilham pra a gente se ver
Todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu
Eu ligo no sentido de meia verdade
Metade inteira chora de felicidade
A qualquer distância o outro te alcança
Erudito som de batidão
Dia e noite céu de pé no chão
O detalhe que o coração atenta


4 - Dona Cila (Maria Gadú)

De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh'alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
Se queres partir, ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu tô pronta
Me colha madura do pé
Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila, pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto
Teu olho que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé
Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diacho, ele tem que querer
Ó, meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um banto a ela
Que ela me benze aonde eu for
O fardo pesado que levas
Desagua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho, cheirando alecrim


5 - Escudos (Maria Gadú)

Eu não tenho tempo pra falar teu nome
Eu não tenho nome pra você dizer
Meu café jamais vai matar sua fome
Nada que tu traga vai me apetecer
Sinistro parece que a gente se deu ao desfrute de nada
Tua tanga na manga do mágico falso
Tuas mãos na cartola teu corpo no palco
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar
Não contei ainda teus escudos sujos
Sabe que eu te estudo sem me aproximar
O teu santo gringo me mostrou teu mundo
Vi que no escuro tu fica a chorar
Se Shiva me disse pra ter paciência
Te pego no beco do sino da crença
Te assusto com a ira da minha demência
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar
Se Shiva me disse pra ter paciência
Te pego no beco do sino da crença
Te assusto com a ira da minha demência
Traga pra cá tudo
Deixa o seu ser mudo mudo me fazer falar...


6 - A História de Lilly Braun (Chico Buarque, Edu Lobo)

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom
Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz
E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flow
Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues
Abusou do Scoth
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris
E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Pra uma turnê
Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz
E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Pra uma turnê
Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

Foto: Marcos Hermes.

7 - Milagres do Povo (Caetano Veloso)

Quem é ateu e viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar
E o coração que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão, não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim
É pura dança e sexo e glória, e paira para além da história
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Xangô manda chamar
Obatalá guia
Mamãe Oxum chora
Lagrimalegria
Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Obá
É no xaréu que brilha a prata luz do céu
E o povo negro entendeu que o grande vencedor
Se ergue além da dor
Tudo chegou sobrevivente num navio
Quem descobriu o Brasil?
Foi o negro que viu a crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres de fé no extremo ocidente
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Xangô manda chamar
Obatalá guia
Mamãe Oxum chora
Lagrimalegria
Pétalas de Iemanjá Iansã-Oiá ia
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Obá
Ojuobá ia lá e via
Ojuobahia
Obá

Quem é ateu...

Foto: Daniel A.

8 - Genipapo Absoluto (Caetano Veloso)

Como será pois se ardiam fogueiras
Com olhos de areia quem viu
Praias paixões fevereiras
Não dizem o que junhos de fumaça e frio
Onde e quando é genipapo absoluto
Meu pai, seu tanino, seu mel
Prensa, esperança, sofrer prazeria
Promessa poesia Mabel

Cantar é mais do que lembrar
É mais do que ter tido aquilo então
Mais do que viver do que sonhar
É ter o coração daquilo

Tudo são trechos que escuto: vêm dela
Pois minha mãe é minha voz
Como será que isso era este som
Que hoje sim gera sóis dói em dós
"Aquele que considera"
A saudade de uma mera contraluz que vem
Do que deixou pra trás
Não, esse só desfaz o signo
E a "rosa também"

Foto: Felipe Dalla Valle/Flickr.

9 - Odeio (Caetano Veloso)

Veio um golfinho do meio do mar roxo
Veio sorrindo pra mim
Hoje o sol veio vermelho como um rosto
Vênus, diamante, jasmim
Veio enfim o e-mail de alguém

Veio a maior cornucópia de mulheres
Todas mucosas pra mim
O mar se abriu pelo meio dos prazeres
Dunas de ouro e marfim
Foi assim, é assim, mas assim é demais também

Odeio você, odeio você, odeio você
Odeio

Veio um garoto do arraial do cabo
Belo como um serafim
Forte e feliz feito um deus, feito um diabo
Veio dizendo que sim
Só eu, velho, sou feio e ninguém

Veio e não veio quem eu desejaria
Se dependesse de mim
São Paulo em cheio nas luzes da Bahia
Tudo de bom e ruim
Era o fim, é o fim, mas o fim é demais também

Odeio você, odeio você, odeio você
Odeio

Foto: Felipe Dalla Valle/Flickr.

10 - De Noite na Cama (Caetano Veloso)

De noite, na cama, eu fico pensando
Se você me ama, e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite, na cama, e quando
De dia eu faço graça pra não dar bandeira, não deixo você ver
De dia tudo passa como brincadeira
Por longe de você
Por onde você mora, para e se demora
Por hora não vou ter coragem de dizer
Mas há de haver a hora
E se você for embora, agora
De noite, na cama, eu fico pensando
Se você me ama, e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite, na cama, e quando
De noite, na cama, eu fico pensando
Se você me ama, e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite, na cama, e quando
De dia eu faço graça pra não dar bandeira, não deixo você ver
De dia tudo passa como brincadeira
Por longe de você
Por onde você mora, para e se demora
Por hora não vou ter coragem de dizer
Mas há de haver a hora
E se você for embora, agora
De noite, na cama, eu fico pensando
Se você me ama, e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite, na cama, e quando

Foto: Receptáculo/Flickr.

11 - Desde Que o Samba é Samba (Caetano Veloso)

A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora

O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja, o dia ainda não raiou
O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor
O grande poder transformador

Foto: Receptáculo/Flickr.

12 - Sozinho (Peninha)

Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém

Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Foto: Viridiana Brandão/Flickr.

13 - Alegria, Alegria (Caetano Veloso)

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em Cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento
Eu vou

Eu tomo uma Coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não

Foto: Leo Aversa.

Foto: Fernando Young.

Ficha Técnica

Uma produção Universal Music e Multishow dirigida por Rodrigo Vidal e Paul Ralphes
Direção artística: Paul Ralphes
Coordenação AGR: Miguel Afonso e Patrícia Aidas
Coordenação executiva geral: Paula Lavigne
Coordenação técnica: Henrique Alqualo (Natasha)
Gravado ao vivo no Citibank Hall, Rio de Janeiro (RJ), no dia 19 de dezembro de 2010, por Rodrigo Vidal
Assistente: Paulinho Aiello
Unidade móvel de gravação: Gabison
Técnico de monitor: Gabriel Martau
Técnicos de P.A.: Wlademiro Furquim e Carlos Martau
Roadies: Amílcar Cruz (Pimpa) e Paulo Barroso
Mixado no Corredor 5 (RJ) por Rodrigo Vidal
Masterizado no Classic Master (SP) por Carlos Freitas
Assistente: Lilla Stipp
Arranjos: Maria Gadú e Caetano Veloso
Direção musical do show: Caetano Veloso e Maria Gadú
Cenário e fotografia: Fernando Young e Gualter Pupo









Encarte via "Encartes Pop".

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