2018 - Ofertório - Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso


O álbum Ofertório foi gravado no Theatro NET São Paulo no dia 27 de outubro de 2017. Caetano cultivou a ideia de reunir seus três filhos (Moreno, Zeca e Tom) num mesmo palco por uns três anos, até que todos concordaram. O show - então chamado de Caetano Moreno Zeca Tom Veloso - estreou no início de outubro do mesmo ano numa temporada de 1 mês entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Para quem esperava um espetáculo saudosista entre de pai e filhos, houve surpresa. O show contou (por convicção de Moreno) com canções inéditas de todos os Velosos, incluindo o funk Alexandrino de Caetano, que menciona bairros da zona norte do Rio e o poeta parnasiano: tudo pretexto para o caçula dançar. Os amigos de Zeca e Tom pediram Trem das Cores e Caetano quis cantar Ofertório: composta para a missa dos noventa anos de Dona Canô, a canção ganhou neste show um novo e belo significado. Para as mães de seus filhos, Caetano trouxe Não Me Arrependo e Ela e Eu. Sob o último ambiente de Hélio e feito para o pai passar mais tempo com seus filhos, Ofertório aconteceu 108 vezes, em 51 cidades de 14 países entre 2017 e 2019. Quase meio milhão de pessoas entraram em comunhão com os músicos da família Veloso. Sorte nossa.

Lista de shows e ficha técnica ao final da página. 

Caetano"O show, para mim, como são meus filhos, tem outra luz. E eu, felizmente, descobri que essa luz que nós vemos no palco – mesmo sabendo que os pais gostam mais dos filhos do que os filhos gostam dos pais – é percebida inesperadamente por pessoas da plateia. Algumas voltaram várias vezes para reafirmar o encontro com esse tipo de luz. Acho que é um tipo de luz que é nossa, que é da nossa família." (Caetano Veloso para O Estado de S. Paulo, 2018). 

"Gosto muito de me apresentar em shows. Já toquei com bandas variadas. Sempre com prazer. Neste show de agora, o prazer vira felicidade: é um sonho ver e ouvir meus filhos cantando e tocando perto de mim. E em cada apresentação eu me sinto reafirmado em meus princípios, no modo de ser e agir que aprendi com meu pai e com minha mãe." (Caetano Veloso em postagem nas redes sociais, 2019).

"As reações de meus filhos a minhas canções têm muito impacto sobre mim. Moreno acompanhou o surgimento de muitas delas, tem intimidade natural com a maior parte de minha criação. Viu os discos nascerem. Inclusive produziu os mais recentes. Zeca e Tom às vezes descobrem músicas minhas que nunca tinham ouvido e se surpreendem. Uma vez Xande de Pilares cantou “Ela e eu” na casa de Paulinha (Lavigne, mulher e empresária do artista), ao cavaquinho, e Zeca ficou muito emocionado. Ao perguntar a Xande sobre a música, ficou sabendo que era minha. Ultimamente ele e Tom vêm falando de “Você não gosta de mim” (gravada por Gal Costa em 1998). Sempre me emociona. Tom é taxativo em suas escolhas: já me disse que achava “Coração vagabundo” musicalmente chata. Mas desde pequeno escolhe com clareza as preferidas. Zeca passou um bom tempo ouvindo “Velô” (álbum de 1984), entusiasmado. Moreno é um compositor publicamente conhecido. Para mim, ele tem a sabedoria de quem deixa a luz entrar no espírito. Desde “Enquanto isso”, do “Máquina de escrever música” (álbum do Moreno+2, de 2000), ou sua versão de “Deusa do amor”, até “De tentar voltar”, ele vem apresentando canções especiais. Na nossa parceria em “Sertão”, sua música me levou a usar quase que só monossílabos e o resultado ficou divino. Ele já tinha sido incrível aos 9 anos, ao escrever a letra pra a música que eu fiz sobre o Ilê Aiyê. Ele nunca perde a delicadeza da criança e nunca teme a atitude de um homem livre. Zeca é um compositor surpreendente. Ele gostava de música eletrônica, mas quando compõe é sempre algo nascido de algum sentimento profundo. Tom é músico que prefere tocar a cantar. Suas composições falam mais da música em si do que de conteúdos. Esse não vai ser um show principalmente de canções inéditas. Tem duas de Zeca sozinho (uma delas é “Todo homem”, já apresentada no programa “Conversa com Bial”). E uma parceria dele comigo. Uma de Tom. Havia duas, a outra com letra minha, mas tiramos do roteiro: vamos deixar para mais tarde. Uma de Moreno, que ainda disputa lugar no roteiro com “De deixar voltar”. Minha sozinho, só tem uma. Mas nem sei se é propriamente uma canção." (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 2017). 

"Eu fico muito feliz de estar com eles, até porque estão crescendo, e é uma forma de nos vermos mais. Mas houve também emoções difíceis de lidar em todo esse processo – apesar de sermos muito próximos. A questão é que envolviam muitas músicas inéditas e não sabíamos como o público ia nos receber. Porque afinal, nós não somos uma banda profissional onde ele (Zeca) é o contrabaixista, o Tom é um guitarrista e de repente o Moreno é um violinista… Não chega a ser isso, mas todo mundo toca o suficiente para ter um negócio que é só nosso, que só nós podemos fazer. Então tínhamos um pouco de medo, por isso confesso que estreei com muita tensão. Fiquei nervoso à beça. Mas enfim, os temores fazem parte e o sentimento bom prevalece." (Caetano Veloso no portal PopNow, 2018). 

"Todas as canções têm ligação familiar: ou falam disso ou entraram na lista a pedido de um dos meninos. Há também, claro, nossas parcerias. Fiz músicas com Moreno, com Tom e com Zeca. Desde o começo, Zeca cantando “Todo homem” tem sido uma experiência especial para todos nós. Adoro ouvir Tom e Moreno cantando “Um só lugar”, e a passagem de ‘Ofertório’ para ‘Reconvexo’. Moreno é o sábio da música como reencontro da pureza infantil, da luz da vida: parte de um conhecimento matemático. Zeca é a necessidade de encarar a complexidade das situações existenciais – e chega a canções concentradas e breves. Tom é lacônico e direto. Com isso, faz canções mais longas, com caminhos harmônicos mais labirínticos. Cada um é um encantamento diferente. Aprendo muito. E desde que Moreno era criança. As escolhas, as observações espontâneas, as ideias de composição, tudo neles traz coisas para meu acervo. Ouvir Gentle Giant ou os Mutantes progressivos com Tom dá novo sentido à música desses artistas – e às tendências do meu gosto. Ouvir Aracy de Almeida, Kanye West, Jorge Veiga ou Prince com Zeca me dá vontade de chorar. Conversar com Moreno sobre Gil transforma a perspectiva musical e estética de minha vida." (Caetano Veloso para a Tribuna de Minas, 2018).

"Assim posso ficar perto deles mais tempo e ainda acompanho seu crescimento musical e intelectual. Desde que fiz o show com Moreno no Sesc São Paulo, sei o que significa. Quis fazer também com os outros. Eles me encantam. E a gente produz uns momentos de timbre único, nosso. Saudamos a reprodução biológica e o respeito às liberdades. Lulu Santos, vendo, com carinho, a ênfase no tema da reprodução, concluiu que o show era "hétero". Não era um julgamento: era uma observação. Pensei no livro do Paul B. Preciado, ex-Beatriz Preciado ("Testo junkie"). Respondi: nada meu é hétero. Ofertório revelou-se sintonizado com o desejo coletivo de respeito à família (numa marcha de carnaval digo: "nunca entro em cana porque sou família demais"), sendo que serenamente olha as armadilhas das construções de gênero, das diferentes razões para crer e das diversas formas de amor." (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 2019).

"Uma das escolhas definidoras do repertório do nosso show foi a certeza de Tom ao dizer: "Vamos cantar 'O seu amor'". Eu quis me certificar: "'O seu amor' dos Doces Bárbaros?" E ele: "Sim." Pensei que fosse ser difícil reorganizar as vozes, mas o próprio Tom me ajudou na decifração do arranjo que Gal, Bethânia, Gil e eu cantávamos. É uma lindíssima canção de Gil, com arranjo vocal dele mesmo, e eu fiquei muito orgulhoso de Tom sugerir essa e com tanta certeza. Foi quando ensaiamos "O seu amor" que eu senti que podíamos ter um show com considerável beleza. Envaidece-me que a gravação feita ao vivo no palco do Teatro Net São Paulo tenha saído tão límpida. Fico mais enamorado dos meus três filhos." (Caetano Veloso em rede social, 2018). 

Moreno"Acho que esse é um sonho de meu pai, realizar esse show ao lado dos três filhos, que também têm um pé na musicalidade. Também já acompanhei meus filhos no palco (claro que não profissionalmente, porque são crianças), e é uma delícia. Somos pais corujas e nos alegramos muito com as conquistas dos nossos filhos. Também me alegro muito pelas conquistas de meus irmãos, mas imagino que para meu pai isso seja ainda maior neste projeto. Essa turnê mostra muito claramente que nós somos uma família mesmo, não apenas uma família musical, mas uma família mesmo. Isso fica muito evidente no palco e também para quem assiste, e é muito bonito sentir isso e ao mesmo tempo estar fazendo música um do lado do outro. [Sobre o repertório:] Partimos do princípio que foi o que cada um gostaria de ver o outro cantando. Então, a gente fica curioso todo dia para ver como tal música vai sair, porque queríamos ver o outro cantando. Acontece comigo por exemplo. Se vou cantar algo meu, fico curioso para ver como meu pai e meus irmãos vão receber aquela música naquele dia. Ficamos nos olhando, nos observando, e isso se tornando público. Parece que fica bonito, não sei." (Moreno Veloso para a Tribuna de Minas, 2018).

Zeca: "Estar no palco com eles é uma honra, mas foi bastante trabalhoso entregarmos o show. Até na última semana da nossa estreia fizemos várias mudanças. Eu ficava muito preocupado, muito nervoso, se ia estar bem feito e tudo mais. Já Tom e Moreno estavam sempre confiantes, de bom humor. Eu acho que eu fico mais nervoso, porque eu não estava preparado. Nunca fui e ainda não sou um músico profissional. Acho que agora depois de 30 shows estou tocando mais seguro. Mas eu ficava muito nervoso e ainda fico." (Zeca Veloso no portal PopNow, 2018).

Tom: "Meu pai conta que eu não gostava quando ele cantava à noite pra eu dormir. Não lembro disso e hoje eu tento entender o motivo, mas não consigo. Quando eu tinha uns oito anos, viajei com meu pai pra uma turnê na Europa. Daí em diante comecei a me interessar por música. A música nasceu em mim por causa dele. Meu sonho é fazer canções lindas como as dele. Pensando nas minhas composições, não vejo um diálogo tão direto com a obra dele. Mas quem ouve diz que há referências nítidas." (Tom Veloso para o Jornal O Globo, 2017). 

Tom, Zeca, Moreno e Caetano. Foto: Jorge Bispo.



"Adoro a foto da mão de Zeca com a capa do CD. Que o lançamento do nosso "Ofertório" seja um gesto a espalhar alguma luz sobre o espírito dos brasileiros. Continuar aprendendo a cantar e a viver é a melhor resposta que podemos dar às questões que afligem esta parte fascinantemente enigmática do mundo". (Caetano Veloso).

Equipe de "Ofertório" antes do último show, no dia 30/11/2019, no Rio. Foto: Francisco Taboza.

Texto de apresentação do show

Há muito tempo tenho vontade de fazer música junto a meus filhos publicamente. Desde a infância de cada um deles gosto de ficar perto. Cada um é um. Sempre cantei para eles dormirem. Moreno e Zeca gostavam. Tom me pedia pra parar de cantar. Indo por caminhos diferentes, todos se aproximaram da música a partir de um momento da vida. Moreno, que nasceu vinte anos antes de Zeca, formou-se em física. Tom, que nasceu cinco anos depois de Zeca, só gostava de futebol. Moreno e Tom já se profissionalizaram como músicos. Zeca, depois de passar parte da adolescência experimentando com música eletrônica, começou a compor solitariamente. Quero cantar com eles pelo que isso representa de celebração e alegria, sem dar importância ao sentido social da herança. É algo além até mesmo do "nepotismo do bem", na expressão criada por Nelson Motta.

Faz uns anos, fiz, atendendo a um convite específico, um show com Moreno, que foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida. No show que faremos agora, voltaremos a certas canções impossíveis de serem descartadas, como "Um canto de afoxé para o bloco do Ilê" ou "Todo homem". Moreno tem uma linha criativa extremamente refinada. Os trabalhos com o grupo +2 são uma marca profunda e duradoura da sua geração. Seu disco individual é um dos mais belos exemplos de delicadeza da história da canção brasileira.

Logo depois comecei a fazer o trabalho com a Banda Cê. E "Recanto" pra Gal. Moreno esteve em todos esses projetos como produtor, trazendo sua sabedoria. No meio tempo, Zeca e Tom foram crescendo. Tom, no começo, nem ligava pra música. Hoje faz parte da banda Dônica e é, de nós quatro, o mais naturalmente dotado para as relações entre as alturas, os tempos e todos os signos musicais. Zeca, que sempre adorou música, justo quando achava que não havia para si mesmo um caminho nessa atividade, compôs um grupo de canções comoventes. Ao ouvir uma delas, Djavan exigiu que ele a mostrasse em público. Ele resistiu mas nesse show finalmente obedecerá a Djavan. Tom, em sua relação de discípulo com Cézar Mendes, desenvolveu uma capacidade de execução notável. E logo já começava a compor com seu mestre. Entrei como letrista numa dessas canções que ele fez com Cézar. E agora, na preparação desse novo show, fiz letra para uma música só sua.

Assim, no show apresentaremos algumas dessas coisas que cresceram em nós, de nós. E canções minhas escolhidas por eles. "O Leãozinho", que os filhos de tanta gente pedem, os meus não deixaram de pedir. E coisas como "Reconvexo" têm de estar ali confirmando a linhagem. Há clássicos de Moreno e canções novas de todos (inclusive minhas). Nas primeiras conversas, imaginamos chamar um pequeno grupo de músicos para enriquecerem os arranjos. Mas, ensaiando, decidimos ficar só os quatro no palco. O som será mais para o acústico e muito singelo. Eu sou o único que só toca violão. Os outros podem se revezar em alguns instrumentos. É um show familiar, nascido da minha vontade de ser feliz. Ter filhos foi a coisa mais importante da minha vida adulta. O que aprendi com o nascimento de Moreno - e se confirmou com as chegadas de Zeca e Tom - não tem nome e não tem preço. Mas nosso show também tem a responsabilidade de apresentar números com qualidade profissional. Creio que não somos uma família de músicos, como há tantas, dado o caráter comprovadamente genético do talento musical, mas seguramente somos músicos de família. Os shows são dedicados às mães deles, a Cézar Mendes e à memória de minha mãe. (Caetano Veloso, 2017).

Ensaio em casa. Foto: Paula Lavigne.

Release

Decidimos pôr o título Ofertório no CD/DVD do nosso show (que, até então, era conhecido apenas pela lista dos nossos nomes em ordem de idade e de número de sílabas: Caetano Moreno Zeca Tom - Veloso) quando ele já tinha sido apresentado em temporadas no Rio e em São Paulo, além de uma ida a BH. É que a canção que fiz para a missa de 90 anos de minha mãe toca no cerne do nosso feixe temático: as relações familiares, a família de inspirações que assaltam os quatro modestos mas entusiasmados criadores, a visão total que, como nenhuma outra dimensão do conhecimento, a religião expõe.

Esse canto ritual escrito por mim, que sou o único não-religioso do grupo, ilumina a entrada de Reconvexo, o desaforado brado do Recôncavo Baiano que, no roteiro, vem logo em seguida. Mas também expande seus raios sobre Um passo à frente, de Moreno, Todo homem, de Zeca, Clarão, de Tom, meu Jenipapo absoluto ou Tá escrito de Xande de Pilares - enfim, a todo o repertório do show. Tanto que forçamos impor o novo título ao próprio espetáculo.

Tudo isso foi um sonho meu, acalentado por longo tempo. O show que fiz no Sesc de São Paulo com Moreno em 2006 voltava sempre à minha cabeça. Zeca e Tom se chegando para a música também, imaginei armar um com os três, num modo de estar mais perto deles depois de crescidos. E de clarear - para mim, para eles e para os outros - o sentido da presença de Bethânia e minha, assim como as de Gil e Gal, no cenário da música popular do Brasil. Tom, que vai direto à essência das coisas, logo disse, ao saber do plano, que queria que cantássemos O seu amor, canção de Gil escrita para os Doces Bárbaros.

Na nossa cabeça não tínhamos um "produto" para oferecer. Tratava-se sempre de uma delicada e vulnerável experiência existencial que enfrentamos com alegria e preocupação. A estreia logo nos colocou mais do lado da alegria. Mas continuamos atentos. Agora temos um produto para apresentar. Que nosso grupo semi-amador, mas de alma sofisticada, apareça nessas gravações fiel a seu espírito. Todo homem, canção de Zeca, tornou-se conhecida e amada por mais de um milhão de pessoas. Nossas apresentações despertam emoções novas em espectadores surpresos. Nossos colegas sentem carinho pelo que veem e ouvem de nós. Esperamos que todas as pessoas que virem e ouvirem, no CD/DVD que se lança agora, possam também se enternecer com nossos sons e imagens. Que nossa aventura familiar contribua com a construção do Brasil. (Caetano Veloso, 2018).

Foto: Bob Wolfenson.

Hélio Eichbauer

Em 1967, a visão do cenário de "O Rei da Vela" me botou em contato com a arte de Hélio Eichbauer. É uma ligação que nasceu no momento do tropicalismo e que terminou virando, a partir dos anos 80, uma parceria que dura décadas: de "Circuladô" a "Abraçaço", Hélio fez todos os cenários dos meus shows. O método foi sempre o mesmo: quando já tínhamos os números razoavelmente preparados e o roteiro do show basicamente estabelecido, Hélio vinha ao estúdio de ensaio e assistia a uma passagem das músicas em ordem. Ele ficava calado e nem esboçava reação de agrado ou desagrado durante a audição.

Antes de ir embora, ele falava sobre algum detalhe que lhe tivesse chamado a atenção, como se fosse um espectador casual. Ia pra casa e voltava (muitas vezes no dia seguinte) com um (ou alguns) projeto(s) de cenografia. Sempre assombrava com sua captação do sentido profundo o espetáculo. Agora, com o "Ofertório", mais do que nunca: Moreno e eu já tínhamos intimidade com a genialidade de Hélio, mas Zeca e Tom ficaram surpresos e emocionados com o que ele mostrava e observava em comentários. Faz meses, o Museu de Arte Moderna de Nova York me convidou para falar sobre a exposição de Tarsila do Amaral. Lá eu disse sobre Eichbauer: "Ele é que devia estar falando aqui".

Agora, excursionando com "Ofertório" pela Europa, a Tate Modern de Londres me fez uma entrevista gravada para ser usada na exposição de Hélio Oiticica que vai se dar lá. Queriam entender a relação entre o tropicalismo musical e as artes plásticas. Falei em Eichbauer como sendo o primeiro forte vínculo que tive com as artes visuais: o cenário de "O Rei da Vela" mostrara-se identificado com o que mais profundamente desejávamos, Gil e eu, fazer.

Hélio morreu ontem, deixando uma imagem de grande porte em nossa vida cultural — e uma imensa saudade. Quem me deu a notícia foi meu filho Moreno, seu enteado querido e que o amava tanto: Dedé, sua mãe, viveu mais de vinte anos com Hélio, desde que nos separamos. Quem viu as aulas que Hélio dava no Parque Lage encantou-se com sua cultura, sua clareza e sua inspiração. Além de toda uma história de cenografia para teatro, nós da música popular devemos a ele muito do que conseguimos. Recentemente suas cordas (motivo recorrente em suas delicadas peças) foram o aspecto visual das "Caravanas" de Chico. Nós os Velosos, estamos em Roma, lugar tão em sintonia com ele, e faremos o show em homenagem à sua memória, diante do seu cenário que é um poema sobre o que buscamos com nossa música e com nossa vida. Minha saudade dele é enorme. (Caetano Veloso. Jornal O Globo, 21/07/2018).

Cenário do show Ofertório.

"Tudo deve tanto a Hélio Eichbauer que nem sei como agradecer a ele. Seu silêncio atento no ensaio, o deslumbramento da família quando as maquetes surgiram acompanhadas de observações profundas ditas em tom despretensioso. Desde o cenário de O Rei da Vela, em 1967, Hélio tem sido uma força secreta (embora agindo no visível) na construção da civilização brasileira. E neste Ofertório ele nos deu tudo de presente." (Caetano Veloso no encarte do DVD Ofertório, 2018).

Caetano: "Para mim é tudo só felicidade".
Entrevista para o Diário de Notícias (Portugal, 30/06/2019)

- Quando percebeu que os seus filhos tinham vocação para a música?

Moreno desde sempre. Zeca tinha, como ele, o amor pelas canções que eu cantava para pô-lo para dormir. Tom, nem isso. Só aos 15 anos ele, unindo-se a uma turma talentosíssima de sua escola, formou a banda Dônica, estudou violão com Cezar Mendes e deixou o futebol, até então a única paixão de sua vida. Hoje toca melhor do que nós. Adoro demais meus filhos. Ficaria feliz se Moreno fosse só físico (coisa que ele também é) e Tom só jogasse futebol. Zeca poderia ser um pastor evangélico, um pensador, um escritor. Na adolescência se aproximou da música eletrónica: queria ser DJ. Depois dos 18, começou a fazer umas canções incríveis, em casa. Só eu o ouvia, no começo. Hoje sua canção Todo Homem é o maior sucesso do Ofertório na internet, com muitos milhões de ouvintes e admiradores.

- Alguma vez os incentivou a serem músicos?

Só com o exemplo natural, dentro de casa.

- Como olha para a trajetória dos seus filhos, enquanto músicos? Alguma vez esperou que atingissem um nível tão profissional?

Nunca imaginei. Eles podiam fazer música ou não. Fico feliz de que façam porque assim tenho mais motivos para tê-los perto.

- Como era a relação deles com a música do pai?

Sempre foi boa, como já disse. Moreno e Zeca adoravam coisas que eu fazia. Moreno escreveu letra para música minha quando ele tinha ainda 9 anos de idade. Tom demorou, mas hoje é o mais músico de todos nós. Moreno e ele gostam mais de músicas de Gil. Tom exigiu que O Seu Amor, de Gil, entrasse no repertório. Na verdade abriríamos o show com ela. Zeca que mudou isso. Pediu Alegria, Alegria. Mas agora mudámos para Baby, porque eu gosto mais.

- Sendo este um espetáculo totalmente em família, Exerce algum tipo de autoridade paternal em palco?

Bem, sou pai deles, minha autoridade fica subentendida. Mas na hora que rola o show, é só deixar rolar.

- Como surgiu a ideia de fazer um espetáculo em família?

Ah, isso fui eu mesmo, eu sozinho, só eu. Sonhei com isso por muito tempo. Quando tentei dizer a Paulinha, Tom estava começando com os Dônica e ficou claro que não era hora nem de se pensar nisso. Depois de Dônica se firmar, consultei Paulinha de novo e ela foi mais recetiva. Aí falei com Zeca. E ele recusou terminantemente, tentando animar-me a fazer o show só com Tom e Moreno: "Os dois são músicos, pai, eu não me decidi por isso". O que me fez calar e nada propor aos outros dois. Passados uns meses, Zeca me disse que tinha-se concentrado, pesando muito, orado, e tinha chegado à conclusão de que, se eu ainda quisesse fazer o show com meus filhos, ele topava. Aí falei com Tom e com Moreno. Estes aceitaram logo, de modo simples, sem que parecesse ser coisa muito grande. Eu já tinha feito um show muito bonito só com Moreno e sentíamos saudade disso. Mas agora seríamos todos.

- Como foi escolhido o repertório, com a participação de todos ou valeu a tal autoridade paternal?

Valeu tudo. Todos opinavam, sugeriam coisas. Tom foi sempre muito definido: queria O Seu Amor, disse que, dele, só cantaria Clarão, ajudou Zeca a me convencer a cantar Trem das Cores. Moreno tem repertório grande e de alto nível: tivemos muitas canções dele, depois tivemos que reduzir a umas essenciais e deixar outras, lindas, de fora. Zeca tinha essa dele, que é genial e outra, Você me deu, feita em parceria comigo. E sola em Alguém Cantando, além de abrir vozes nas corais e de cantar um samba de Xande de Pilares no bis. Eu defini muita coisa na estruturação do roteiro, mas todo mundo palpitava. Estreamos sem estar seguros de que as plateias poderiam aprovar, ou mesmo aguentar.

- Haverá algumas diferenças entre o show que apresentaram aqui em Portugal no ano passado e este de agora?

Há uma ou outra mudança no repertório, mas a estrutura geral é a mesma. O fato de termos estado tocando juntos por tanto tempo (quase dois anos!) nos deixou mais azeitados e descontraídos. Isso faz o show parecer outro. Mas a gente vê o vídeo no YouTube e, no fundo, é a mesmíssima coisa. Tom acha horrível o que está na internet porque estávamos verdes e hoje, ele diz, tocamos muito melhor. Mas para mim é tudo só felicidade.

Lista de Músicas (DVD)

1 - Alegria, Alegria
(Caetano Veloso)

2 - O Seu Amor
(Gilberto Gil)

3 - Boas-vindas
(Caetano Veloso)

4 - Todo Homem
(Zeca Veloso)

5 - Genipapo Absoluto
(Caetano Veloso)

6 - Um Passo à Frente
(Moreno Veloso, Quito Ribeiro)

7 - Clarão
(Tom Veloso)

8 - De Tentar Voltar
(Moreno Veloso, Domenico Lancellotti)

9 - A Tua Presença Morena
(Caetano Veloso)

10 - Trem das Cores
(Caetano Veloso)

11 - Um Só Lugar
(Tom Veloso, Cézar Mendes)

12 - Alexandrino
(Caetano Veloso)

13 - Oração ao Tempo
(Caetano Veloso)

14 - Alguém Cantando
(Caetano Veloso)

15 - Ofertório
(Caetano Veloso)

16 - Reconvexo
(Caetano Veloso)

17 - Você Me Deu
(Caetano Veloso, Zeca Veloso)

18 - O Leãozinho
(Caetano Veloso)

19 - Gente
(Caetano Veloso)

20 - Ninguém Viu
(Moreno Veloso, Quito Ribeiro)

21 - Ela e Eu
(Caetano Veloso)

22 - Não Me Arrependo
(Caetano Veloso)

23 - Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê
(Caetano Veloso, Moreno Veloso)

24 - Força Estranha
(Caetano Veloso)

25 - How Beautiful Could a Being Be
(Moreno Veloso)

26 - Canto do Povo de Um Lugar / Um Tom
(Caetano Veloso)

27 - Deusa do Amor
(Adailton Poesia, Valter Farias)

28 - Tá Escrito
(Xande de Pilares, Gilson Bernini, Carlinhos Madureira)

Vamos às Letras.

1 - Alegria, Alegria (Caetano Veloso)

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em Cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento
Eu vou

Eu tomo uma Coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não

Foto: Jesús Cornejo.

2 - O Seu Amor (Gilberto Gil)

O seu amor
Ame-o e deixe-o livre para amar
Livre para amar
Livre para amar

O seu amor
Ame-o e deixe-o ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser

O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz

O seu amor
Ame-o e deixe-o ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é

Foto: Reprodução.

3 - Boas-vindas (Caetano Veloso)

Sua mãe e eu
Seu irmão e eu
E a mãe do seu irmão
Meus irmãos e eu
Minha mãe e eu
E os pais da sua mãe
E a irmã da sua mãe

Lhe damos as boas vindas
Boas vindas, boas vindas
Venha conhecer a vida
Eu digo que ela é gostosa
Tem o sol e tem a lua
Tem o medo e tem a rosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a noite e tem o dia
A poesia e tem a prosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a morte e tem o amor
E tem o mote, tem a glosa
Eu digo que ela é gostosa
Eu digo que ela é gostosa

Sua mãe e eu
Seu irmão e eu
E a mãe do seu irmão

Foto: Felipe Veloso.

4 - Todo Homem (Zeca Veloso)

O sol, manhã de flor e sal
E areia no batom

Farol, saudades no varal
Vermelho, azul, marrom

Eu sou cordão umbilical
Pra mim nunca tá bom

E o sol queimando o meu jornal
Minha voz, minha luz, meu som

Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe

O céu, espuma de maçã
Barriga, dois irmãos

O meu cabelo, negra lã
Nariz, e rosto, e mãos

O mel, a prata, o ouro e a rã
Cabeça e coração

E o céu se abre de manhã
Me abrigo em colo, em chão

Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe
Todo homem precisa de uma mãe

Foto: Ruan Sebastián Pinilla.

5 - Genipapo Absoluto (Caetano Veloso)

Como será pois se ardiam fogueiras
Com olhos de areia quem viu
Praias paixões fevereiras
Não dizem o que junhos de fumaça e frio
Onde e quando é genipapo absoluto
Meu pai, seu tanino, seu mel
Prensa, esperança, sofrer prazeria
Promessa poesia Mabel

Cantar é mais do que lembrar
É mais do que ter tido aquilo então
Mais do que viver do que sonhar
É ter o coração daquilo

Tudo são trechos que escuto: vêm dela
Pois minha mãe é minha voz
Como será que isso era este som
Que hoje sim gera sóis dói em dós
"Aquele que considera"
A saudade de uma mera contraluz que vem
Do que deixou pra trás
Não, esse só desfaz o signo
E a "rosa também"

Ensaio para a estreia. Foto: Uns Produções.

6 - Um Passo à Frente (Moreno Veloso, Quito Ribeiro)

Samba em dia de chuva
Exagera alguma coisa
Faz da dupla muito mais
Passa um frio na espinha
Pelo calor da palmada
Move a moça e o rapaz
Ela sorri com a barriga
Ele corteja a preferida
Amor, a gente é muito mais...
O samba é roda sem medida
A chuva agora é colorida
E a harmonia se refaz
Quando vão pela avenida
Levam qualquer incerteza
É um passo à frente, um passo atrás

Pega na barra da saia
Tomara que caia
A barra da saia
Tomara que saia
Sambando eu vou

Minha imperfeição é a voz da vez

Foto: Felipe Veloso.

7 - Clarão (Tom Veloso)

Há um clarão no infinito que posso enxergar
De vez em quando me perco
Num pensamento qualquer
Que me devolve ao lugar
Onde ficamos bem perto

Havia um calmo mistério plantado no ar
Que se deitava nos dias
E através de um abraço
Veio a certeza de ter
A infinita alegria

Já não havia motivos pra eu me preocupar
O Sol nascia bonito
E através da manhã
Nós fomos o despertar
De um amor impossível

Foto: Michel Martore.

8 - De Tentar Voltar (Moreno Veloso, Domenico Lancellotti)

Um sorriso meu
Troco por um beijo seu
Água que vai rolar
Pelo meu olhar
Tarde pra chegar
Tarde pra deixar entrar
Nuvem que vai deitar
Sobre esse lugar

Uma se perdeu no ar
Terra noite está
Cadê o mar?
Nada vai chegar
Tendo que tentar voltar
Longe do céu de lá
Esse seu olhar

Uma se perdeu no ar
Terra noite está
Cadê o mar?
Nada vai chegar
Tendo que tentar voltar
Longe do céu de lá
Esse seu olhar

Em Florença, Itália. Foto: Uns Produções.

9 - A Tua Presença Morena (Caetano Veloso)

A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca, verde, vermelha, azul e amarela
A tua presença
É negra, negra, negra, negra, negra, negra, negra, negra, negra
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo o que se come, tudo o que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença
É a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena, morena, morena, morena
Morena

Foto: Juan Sebastián Pinilla.

10 - Trem das Cores (Caetano Veloso)

A franja da encosta cor de laranja, capim rosa chá
O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra, a prata do trem
A Lua e a estrela, anel de turquesa

Os átomos todos dançam, madruga, reluz neblina
Crianças cor de romã entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo ficando, pra trás da manhã
E a seda azul do papel que envolve a maçã

As casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios
Ou pra ser exato, lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores, sábios projetos: Tocar na central
O céu de um azul, celeste celestial

Em Barranquilla, Colômbia. Foto: Uns Produções.

11 - Um Só Lugar (Tom Veloso, Cézar Mendes)

Nós dois somos um só lugar
Nós dois somos um só querer
Se todos fossem como nós dois somos
Iria o céu chorar então o mar se encher
Além das ilusões que eu já tive
Está o nosso sempre bom amor
Tudo aqui é seu
Inclusive eu
Abandone sua dor

Os dois rios lá se juntam
Horizonte os apanha
Quando você vem sorrindo
Meu sorriso você ganha
Meu amor, vem mais pra cá
Eu sou o seu lugar, não vou deixar você fugir
Não vou, não vou deixar, você é meu lugar

Foto: Bruno Carachesti.

12 - Alexandrino (Caetano Veloso)

1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12!
1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12!

Alexandrino
Alexandrino
O baile é livre pra novinha
E pro menino
Alexandrino
Alexandrino
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac

1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12!

Moça bonita
Moça bonita (Lucas)

Moça bonita, Lucas, Vigário Geral

Moça bonita (Lucas)
Vigário Geral

Moça bonita (Lucas)
Moça bonita, Lucas, Vigário Geral

1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12!

Caetano: "A história do funk carioca já é velha e sempre enfrentou resistência e preconceito, inclusive na imprensa. Havia críticos respeitados que desqualificavam totalmente. Tem um livro do Hermano Vianna que já é antigo e conta a história da formação do funk carioca. E hoje o funk é predominantemente paulista, e ganhou espaços de silêncio, características experimentais… e a presença mundial também já é antiga, o Diplo já usa essas batidas há muito tempo. Eu gosto imensamente, até mais que o Zeca. Mesmo no Tropicalismo, o Gil gostava de pensar nos Beatles, e eu pensava mais em Roberto Carlos. Eu gostava mais da imitação brasileira do pop de língua inglesa. Era mais forte pra mim do que o pop de língua inglesa diretamente. Por exemplo, eu adoro Rihanna, mas tenho muito mais interesse em Ludmilla e Anitta." (Caetano Veloso no site Tenho Mais Discos Que Amigos, 2018).

Foto: Educadora FM-BA/Flickr.

13 - Oração ao Tempo (Caetano Veloso)

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Entro em um acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo Tempo Tempo Tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo Tempo Tempo Tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo Tempo Tempo Tempo
Quando o tempo for propício
Tempo Tempo Tempo Tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo Tempo Tempo Tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo Tempo Tempo Tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Apenas contigo e migo
Tempo Tempo Tempo Tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Não serei nem terás sido
Tempo Tempo Tempo Tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Portanto, peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo Tempo Tempo Tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Ofertório em Miami, 2019. Foto: GTDMouse.

14 - Alguém Cantando (Caetano Veloso)

Alguém cantando longe daqui
Alguém cantando longe longe
Alguém cantando muito
Alguém cantando bem
Alguém cantando é bom de se ouvir
Alguém cantando alguma canção
A voz de alguém nessa imensidão
A voz de alguém que canta
A voz de um certo alguém
Que canta como que pra ninguém

A voz de alguém quando vem do coração
De quem mantém toda a pureza
Da natureza
Onde não há pecado nem perdão

Lançamento do álbum Ofertório, 2018. Foto: Patrícia Devoraes.

15 - Ofertório (Caetano Veloso)

Tudo o que por ti vi florescer de mim
Senhor da vida
Toda essa alegria que espalhei e que senti
Trago hoje aqui
Todos estes frutos que aqui juntos vês
Senhor da vida
Eu em cada um deles e em mim todos os teus fiéis
Ponho a teus pés

Consentiste que minha pessoa
Fosse da esperança um teu sinal
Uma prova de que a vida é boa
E de que a beleza vence o mal
Tudo que se foi de mim mas não perdi
Senhor da vida
Os que já chorei e os que ainda estão por vir
Oferto a ti

Foto: Gerlan Cidade/Flickr.

16 - Reconvexo (Caetano Veloso)

Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança
A destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega
Você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não e nem disse que não

Eu sou um preto norte-americano forte
Com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música
A mais velha
A mais nova espada e seu corte
Sou o cheiro dos livros desesperados
Sou Gitá Gogóia
Seu olho me olha mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é Recôncavo e nem pode ser reconvexo

Ensaio de fotos para a estreia do show. Foto: Paula Lavigne.

17 - Você Me Deu (Caetano Veloso, Zeca Veloso)

Lábio de mel
Flor do luar
Você me deu
O céu e o mar
Dedo de Deus
Terê, Mauá
Marapendi
E Paquetá

Quando te vi, nem sei
Eu me encontrei
Noutro lugar

Tudo isso é meu
Sempre será
Você me deu
Você me dá

Aconteceu
Sem esperar
O sol nasceu
E a lua lá
O coração temeu
Mas aprendeu
A se entregar

Ofertório no Circo Voador (RJ). Foto: Michelle Castilho.

18 - O Leãozinho (Caetano Veloso)

Gosto muito de te ver leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você leãozinho
Para desentristecer leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol leãozinho
De ter ver entrar no mar
Tua pele tua luz tua juba
Gosto de ficar ao sol leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar


Em Roma, Itália. Foto: Uns Produções.

19 - Gente (Caetano Veloso)

Gente olha pro céu
Gente quer saber o um
Gente é o lugar
De se perguntar o um
Das estrelas se perguntarem se tantas são
Cada, estrela se espanta à própria explosão
Gente é muito bom
Gente deve ser o bom
Tem de se cuidar
De se respeitar o bom
Está certo dizer que estrelas estão no olhar
De alguém que o amor te elegeu pra amar

Marina Bethânia Dolores Renata Leilinha Suzana Dedé
Gente viva brilhando estrelas na noite

Gente quer comer
Gente que ser feliz
Gente quer respirar ar pelo nariz
Não meu nego não traia nunca essa força não
Essa força que mora em seu coração
Gente lavando roupa amassando pão
Gente pobre arrancando a vida com a mão
No coração da mata gente quer prosseguir
Quer durar quer crescer gente quer luzir

Rodrigo Roberto Caetano Moreno Francisco Gilberto João
Gente é pra brilhar não pra morrer de fome

Gente deste planeta do céu de anil
Gente, não entendo gente nada nos viu
Gente espelho de estrelas reflexo do esplendor
Se as estrelas são tantas só mesmo o amor

Maurício Lucila Gildásio Ivonete Agripino Gracinha Zezé

Gente espelho da vida doce mistério

Vida doce mistério

Foto: Educadora FM-BA/Flickr.

20 - Ninguém Viu (Moreno Veloso, Quito Ribeiro)

Tanta proposta
Travada na pedra
Tanta desculpa
Perdida na chuva
Ninguém viu o ouro
Saindo do fogo
Que canta ainda
Mais tarde o sol vem

Carta reposta
Guardada no muro
Pede desculpa sem jeito partida
Ninguém viu o outro
Saindo do fogo
Que vibra ainda só
Querendo aquecer

Foto: Jamile Alves.

21 - Ela e Eu (Caetano Veloso)

Há flores de cores concentradas
Ondas queimam rochas com seu sal
Vibrações do sol no pó da estrada
Muita coisa, quase nada
Cataclismas, carnaval

Há muitos planetas habitados
E o vazio da imensidão do céu
Bem e mal e boca e mel
E essa voz que Deus me deu
Mas nada é igual a ela e eu

Lágrimas encharcam minha cara
Vivo a força rara dessa dor
Clara como a luz do sol que tudo anima
Como a própria perfeição da rima para amor

Outro homem poderá banhar-se
Na luz que com essa mulher cresceu
Muito momento que nasce
Muito tempo que morreu
Mas nada é igual a ela e eu

Foto: Uns Produções.

22 - Não Me Arrependo (Caetano Veloso)

Eu não me arrependo de você
Cê não me devia maldizer assim
Vi você crescer
Fiz você crescer
Vi cê me fazer crescer também
Pra além de mim

Não, nada irá nesse mundo
Apagar o desenho que temos aqui
Nem o maior dos seus erros
Meus erros, remorsos
O farão sumir

Vejo essas novas pessoas
Que nós engendramos em nós
E de nós
Nada, nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz
Nada, nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz

Foto: Uns Produções.

23 - Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê (Caetano Veloso, Moreno Veloso)

Ilê aiê, como você é bonito de se ver
Ilê aiê, que beleza mais bonita de se ter
Ilê aiê, sua beleza se transforma em você
Ilê aiê, que maneira mais feliz de viver

Foto: Hércules Rakauskas.

24 - Força Estranha (Caetano Veloso)

Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo brincando ao redor
Do caminho daquele menino

Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei

Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
O tempo não para e no entanto ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo, do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão

Eu vi muitos homens brigando, ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Foto: Marcelo Brammer.

25 - How Beautiful Could a Being Be (Moreno Veloso)

How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be

How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be

Could a being be
Could a being be
Could a being be
Could a being be
Could a being be
Could a being be
How beautiful could a being be
(mete o pé e vai na fé...)

How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be

How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be
How beautiful could a being be

Could a being be
Could a being be
Could a being be
Could a being be
Could a being be
How beautiful could a being be
(mete o pé e vai na fé...)

Foto: Julia Bezerra Cruz.

26 - Canto do Povo de Um Lugar / Um Tom (Caetano Veloso)

Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia

Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde

Quando a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite

Um tom pra falar
Um tom pra cantar
Um tom para dizer
Um tom para a cor
Um tom para o som
Um tom para o ser

Ah, como é bom dormir
Ah, como é bom despertar
O céu é mais aqui
Um tom é um bom lugar

Tanta coisa que cabe
Tanta pode caber
Canta e pode fazer cantar
Nova felicidade
Novo tudo de bom
Deixa-se cantar um tom

Um tom pra falar
Um tom pra calar
Um tom pra dizer
Um tom para a voz
Um tom para mim
Um tom pra você

Um tom para todos nós

Um tom

Foto: Reprodução.

27 - Deusa do Amor (Adailton Poesia, Valter Farias)

Tudo fica mais bonito quando você está por perto (você estando perto)
Você me levou ao delírio por isso eu confesso
Os seus beijos são ardentes
Quando você se aproxima o meu corpo sente
Os seus beijos são ardentes
Quando você se aproxima o meu corpo sente

Vem pra cá, deusa do amor
Vejam o bloco (Afro) Olodum ao passar na avenida
Todos cantando felizes de bem com a vida
Caminhando lado a lado
Formamos um belo casal, somos dois namorados
No suingue dessa banda
Balança o mais forte alicerce que tem neste mundo
O cupido me flechou
Foi no bloco Olodum que encontrei meu amor

Vem pra cá, deusa do amor
Vem me embalar, neném

Ensaio. Foto: Uns Produções.

28 - Tá Escrito (Xande de Pilares, Gilson Bernini, Carlinhos Madureira)

Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora

Às vezes a felicidade demora a chegar
Aí é que a gente não pode deixar de sonhar
Guerreiro não foge da luta, não pode correr
Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer

É dia de sol, mas o tempo pode fechar
A chuva só vem quando tem que molhar
Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar!

Agradecimentos após o último show Ofertório. Foto: Francisco Taboza.


LISTA DE SHOWS OFERTÓRIO 

2017:

3, 4, 10, 11, 17, 18, 24 e 25 de outubro - Rio de Janeiro-RJ, Theatro Net Rio. 

7 e 8 de outubro - Belo Horizonte-BH, Palácio das Artes. 

14, 15, 21, 22, 27, 28 e 29 de outubro - São Paulo-SP, Theatro Net São Paulo. 

10, 11 e 12 de novembro - São Paulo-SP, Theatro Net São Paulo. 

2 de dezembro - Brasília-DF, Centro de Conveções Ulysses Guimarães. 

16 e 17 de dezembro - Rio de Janeiro-RJ, Circo Voador. 

19 de dezembro - Porto Alegre-RS, Auditório Araújo Vianna. 

21 de dezembro - Curitiba-PR, Teatro Positivo. 

2018:

9 de janeiro - Recife-PE, Teatro RioMar Recife.

11 de janeiro - Fortaleza-CE, Teatro RioMar Fortaleza. 

13 de janeiro - Salvador-BA, Concha Acústica. 

28 de abril - Ribeirão Preto-SP, Centro de Eventos Ribeirão Shopping. 

3 de maio - Belém-PA, Hangar.

5 de maio - Manaus-AM, Studio 5. 

25 e 26 de maio - São Paulo-SP, Espaço das Américas. 

9 de junho - Ribeirão Preto-SP, Festival João Rock. 

15 e 16 de junho - Rio de Janeiro-RJ, Vivo Rio. 

5 de julho - Lyon - França, Festival Les Nuits de Fourvière.

7 de julho - Paris - França, Grand Rex. 

10 de julho - Londres - Inglaterra, Barbican Centre. 

13 de julho - Pavia - Itália, Castello Visconteo. 

15 de julho - Perugia - Itália, Umbria Jazz. 

17 de julho - Catanzaro - Itália, Parco Archeologico Scolacium.

19 de julho - Valencia - Espanha, Conciertos de Viveros. 

21 de julho - Roma - Itália, Auditorium Parco della Musica. 

23 de julho - Madrid - Espanha, Noches del Botánico. 

26 de julho - San Sebastian - Espanha, Heineken Jazzaldia. 

28 de julho - Gerona - Espanha, 56º Festival de la Porta Ferrada. 

30 de julho - Porto - Portugal, Coliseu do Porto.

1 e 2 de agosto - Lisboa - Portugal, Coliseu dos Recreios. 

26 de agosto - Belo Horizonte-MG, Breve Festival.

15 de setembro - Recife-PE, Teatro Guararapes. 

25 de outubro - João Pessoa-PB, Teatro Pedra do Reino.

27 de outubro - Fortaleza-CE, Centro de Eventos do Ceará. 

10 de novembro - Rio de Janeiro-RJ, Km de Vantagens Hall.

24 de novembro - Salvador-BA, Concha Acústica. 

1 de dezembro - Brasília-DF, Centro de Convenções Ulysses Guimarães. 

14 de dezembro - São Paulo-SP, Credcard Hall. 

16 de dezembro - Belo Horizonte-MG, Km de Vantagens Hall. 

19 de dezembro - Porto Alegre, Auditório Araújo Vianna. 

2019:

29 de março - Santiago - Chile, Lollapalooza. 

31 de março - Buenos Aires - Argentina, Lollapalooza. 

5 de abril - Oakland - EUA, Paramount Theatre. 

7 de abril - Los Angeles - EUA, The Theatre at Ace Hotel. 

9 de abril - Chicago - EUA, Symphony Center. 

12 e 13 de abril - Nova Iorque - EUA, BAM. 

15 de abril - North Bethesda - EUA, The Music Center at Strathmore. 

18 de abril - Boston - EUA, Sanders Theatre em Cambridge. 

20 de abril - Miami - EUA, Adrienne Arsht Center.

10, 11 e 12 de maio - São Paulo-SP, Espaço das Américas. 

25 e 26 de maio - Rio de Janeiro-RJ, Vivo Rio. 

23 de junho - Viena - Áustria, Wiener Konzerthaus. 

25 de junho - Berlim - Alemanha, Tempodrom.

27 de junho - Zurique - Suíça, Theater 11. 

29 de junho - Munique - Alemanha, Philharmonie am Gasteig. 

1 de julho - Porto - Portugal, Coliseu do Porto. 

3 de julho - Figueira da Foz - Portugal, Centro de Artes e Espectáculos. 

5 de julho - Lisboa - Portugal, Coliseu dos Recreios.

7 e 8 de julho - Ponta Delgada - Portugal, Teatro Micaelense. 

10 de julho - Faro - Portugal, Teatro das Figuras. 

13 de julho - Taormina - Itália, Teatro Antico. 

16 de julho - Genova - Itália, Festival Internazionale di Nervi na Villa Grimaldi Fassio.

19 de julho - Florença - Itália, Festival Musart na Piazza della Santissima Annunziata.

22 de julho - Fasano - Itália, WOW! Fasano, na Piazza Ciaia. 

27 de julho - Cidade do México - México, Festival Cantares. 

12 de setembro - Bogotá - Colômbia, Teatro Colsubsidio.

14 de setembro - Barranquilla - Colômbia, Barranquijazz Festival. 

16 de setembro - Medellín - Colômbia, Teatro Metropolitano. 

19 e 20 de setembro - Buenos Aires - Argentina, Gran Rex. 

22 de setembro - Rosário - Argentina, Teatro El Círculo. 

24 de setembro - Montevidéu - Uruguai, Antel Arena. 

26 de setembro - Santiago - Chile, Teatro Coliseo. 

4 de outubro - Belo Horizonte-BH, Km de Vantagens Hall.

23, 24, 25 e 26 de outubro - Salvador-BA, Teatro Castro Alves. 

22 e 23 de novembro - São Paulo-SP, Credcard Hall.

30 de novembro - Rio de Janeiro-RJ, Km de Vantagens Hall.


Ficha Técnica

Uma realização Uns Produções Artísticas
produzida por Paula Lavigne

Direção de Vídeo: Fernando Young, Henrique Alqualo
e Paula Lavigne
Direção Musical: Caetano Veloso,
Moreno Veloso, Zeca Veloso e Tom Veloso
Produção Executiva: Lucas Arruda

Gravado no Theatro NET São Paulo no dia 27 de outubro de 2017

BANDA

Caetano Veloso: Voz e Violão
Moreno Veloso Voz: Violão, Baixo, Violoncelo e Percussăo
Zeca Veloso: Voz, Violão, Teclado e Baixo
Tom Veloso: Voz, Violão e Baixo

EQUIPE SHOW

Direção Geral: Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca
Veloso e Tom Veloso
Músicos: Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Veloso e Tom Veloso
Produzido por Paula Lavigne
Coordenação de Produção: João Franklin
Produção Executiva: Artur Brandão
Comunicação Uns: Danilo Rodrigues Dutra, Giovani Falcão e Rodrigo Araujo
Cenário: Hélio Eichbauer
Cenotécnico: lgor Persek
lluminação: Gabriel Farinon e Juarez Farinon
Som: Daniel Carvalho (P.A.) / lgor Ferreira (Monitor)
Figurino: Felipe Veloso
Assistente Técnico: Lucas Nunes
Roadie: Amilcar Cruz "Pimpa"

ÁUDIO

Produzido por Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Veloso e Tom Veloso
Direção de Áudio: Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Veloso, Tom Veloso e Daniel
Carvalho
Mixagem: Daniel Carvalho e Zeca Veloso
Engenheiro de Gravação: Marcelo Freitas
Assistentes Engenheiro de Gravação: Conrado Ruther, José Augusto Fagundes e Roberto Fiszbein Masterização: Daniel Carvalho

VÍDEO

Produção: Uns Produções e Filmes
Dirigida por Fernando Young. Henrique Alqualo e Paula Lavigne
Direção de Fotografia: Fernando Young
Edição: Henrique Alqualo
Produção Executiva: Lucas Arruda
Still: Marcos Hermes
Assistente de Produção: Priscila Soares Prado

Finalização: Produtor de Finalização: Henrique Alqualo
Colorista: Serginho Pasqualino (Blech Filmes Color Grading)
Assistente de Cor: Bruno Pontes, David Queiroz e Rodrigo Suzuki
Autoração: IFRAME

Coordenação Equipe de Câmera: Jair Silva
Coordenação Engenharia Técnica: Aymė Segatti
Engenharia Técnica: Eurico Rodrigues e Ricardo Milsoni
Operadores de Câmera: Araken Dourado, Jair Silva, Jimmy Marques, Lico Queiroz. Mustapha Barat, Pedro Koeler e Sandro Galvão.
Assistentes de Câmera: Alex Amati, Carla Mayoral., Edgard Cavalcanti, Felipe Malheiro, Jef Lino,
José Roberto Sales, Parvati Louize de Caetano, Patricia Gimenez e Yuri Seid.
Runner: Julia Belinky Heusi e Maira Conde
Logger: Gabriel Naufel e Leonardo Nóbrega
Assistente Engenharia Técnica: Leonardo Mattenhauer
Cabomen: Kleber Silveira e Gutembergue Marcelino

Sistema de Comunicação: RFCOM

Maquinária: Carlos Roberto da Silva, José Carlos da Silva (Bodão), Luis Carlos da Silva e Pedro Luis
de Oliveira Almeida.
Elétrica: Arnaldo Shoyama e Anderson de Souza Azevedo
Movimento de Câmera: Ångelo Cầndido Silva, Givanildo Pinto de Aimeida, Lucio Cláudio de Oliveira, Luiz Macedo de Medeiros, Luiz Paulo de Moraes e Ricardo Florêncio Cassimiro.

CAPA

Projeto Gráfico: Bruno Tavares, Lisa Akerman e Rodrigo Araujo sobre o cenário de Helio Eichbauer
Concepção: Zeca Veloso
Fotos: Marcos Hermes, exceto foto camarim, de Theodora Duvivier
Revisão de Texto: Luiz Augusto (Revendo Texto)
Coordenação Gráfica: Geysa Adnet

EQUIPE UNIVERSAL MUSIC

Direção Artística: Miguel Cariello
Gerência Artística: Miguel Afonso
Coordenaçao A&R: Clarisse Carrilho, lgor Alarcon, Marina Furtadoe Patricia Aidas

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