Carlito Carvalhosa

Devo a Sônia Braga ter conhecido Carlito Carvalhosa cedo. Seu irmão mais novo fazia 18 anos e Sônia conhecia os dois desde meninos: ela fora uma espécie de baby-sitter deles. Já rapazes, ambos eram muito bonitos. Depois reencontrei Carlito em ambientes de arte no Rio, ele sempre muito informado e sincero nas conversas. O diálogo com ele era claro e enriquecedor. Tornara-se um grande criador em artes plásticas e sabia, com gosto, olhar o mundo. Até o fim sua lucidez e seu entusiasmo se mantiveram como independentes das quase imperceptíveis limitações da doença que o levou de nós. Tenho saudade de sua animação sóbria, de seu conhecimento sem arrogância, de sua honestidade intelectual. Grande entre seus pares de uma geração numerosa e importante, a pessoa dele não ficava aquém da sua obra. Tudo isso vinha de um temperamento amoroso e terno, seu amor pelas filhas Maria e Cecília, e por Mari, comandando. Digo adeus com tristeza e sou grato por ter partilhado sua amizade.

Caetano Veloso, 14/05/2021. 

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