Marina Silva

Hoje é aniversário de Marina Silva. Eis uma mulher cuja história engrandece nosso país. Companheira política de Chico Mendes, defensora dos desprotegidos habitantes da Amazônia, menina da mata que, com sua profunda vocação para a grandeza e a responsabilidade, esforçou-se por alfabetizar-se e intuiu o significado maior da religião, Marina representa um dos aspectos mais estimulantes das movimentações progressistas da esquerda brasileira. Bastaria sua figura representando-nos no mundo para que o Brasil mudasse de patamar. Infelizmente grande parte da esquerda preferiu acolher a tentativa de destruí-la em campanha eleitoral. O único argumento que parecia razoável era o ódio ao liberalismo - sentimento com o qual nunca me identifiquei. O que não se punha como argumento explícito - a desconfiança de um esperto desenvolvimentismo com relação aos embaraços que podem advir de sua paixão ecológica - era mais realista (e talvez esteja vivo no núcleo do projeto de Ciro, meu candidato). Mas nada empana a luz que vem dela. Uma figura mais para Gandhi do que para Churchill, mais para Martin Luther King do que para Barack Obama, ela já fez na política formal mais do que seria de se esperar - e pode fazer muito mais (direta ou indiretamente) do que todos imaginamos. Desejo vitórias reais para ela. Que seu espírito encontre o gesto certo na hora exata para dar à nossa história o que ele de fato tem para dar.

Caetano Veloso, 08/02/2018. 

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