Nelson Sargento
Desde 1965 que Nelson Sargento entrou em minha vida: vi várias vezes o show Rosa de Ouro, onde ele estava, ao lado de Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Anescar e Jair do Cavaquinho, em roteiro de Hermínio Bello de Carvalho e direção de Kleber Santos, mostrando a vitalidade do samba - os quatro (cinco!) crioulos abrindo alas para os velhos sambas-canções na voz de Aracy Cortes e os cantos da formação de nossa Americáfrica na voz da estreante Clementina. Os sambas de Nelson Sargento são eternos. "Agoniza mas não morre" é seu testemunho de longa vida acompanhando a resistência do samba. Tenho a honra de tê-lo conhecido e de ter estado perto dele em tantas abençoadas oportunidades. Nelson morreu aos 96 anos. Estava, entre outras coisas, infectado por covid, mesmo tendo sido vacinado. Tempos cheios de tristezas. Mas o samba não morreu nem morrerá: deixa a malvada da língua do povo falar.
Caetano Veloso, 27/05/2021.