Regina Casé

Quando conheci Regina, ela estava no palco. Eu, na plateia. Fiquei imediatamente apaixonado por sua personalidade e assombrado com seu talento. O Adrúbal Trouxe o Trombone era um grupo de jovens fazendo o teatro viver. Dos trabalhos que ela fez ali à série de programas na TV, passando por atuações em filmes, peças e novelas, há uma linha coerente. Ela é uma das criadoras mais fortes que o Brasil produziu. O modo de tratar uma personagem em "Trate-me, Leão" já continha os gestos de Central da Periferia ou Esquenta! Não é por acaso que ela incomoda os eternos reaças colonizados. Filha de Geraldo e neta de Ademar, Regina é um farol na cultura popular brasileira. Celebro seu aniversário como um marco na minha vida pessoal e na história do Brasil.

Caetano Veloso, 25/02/2014.

Nunca pensei que fosse passar o aniversário de 70 anos de Regina Casé longe dela. Pois estou aqui me preparando para aguentar exatamente isso. Vim da Bahia faz poucos dias e, logo que cheguei ao Rio, vi que tinha pegado a gripe pós-carnaval que tinha atacado todo mundo em minha casa. Pensei que não fosse pegar e, pegando, que isso passaria logo. Mas estou aqui escrevendo da cama, depois de quatro dias assim. Queria estar em todas as celebrações desse aniversário que é orgulho do Brasil. Regina não é só a grande mulher do Asdrúbal, do Esquenta, do Pé de Quê, de Eu, Tu, Eles, de Tina Peppers e de tudo o mais. Ela é uma amizade que nasceu quando eu ainda não era velho e ela ainda era menina. Amiga amada e musa de "Rapte-me, Camaleoa" e "Muito", pelo menos. Parabéns a ela e a nós todos.

Caetano Veloso, 25/02/2024. 

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