A Obra de ontem segundo um fã (20/08/2008)
A Obra de ontem segundo um fã |
20/08/2008 5:24 am |
AQUI FALA O HERMANO: Quem quiser pode conferir nos comentários de todos os post deste blog: o Tyrone está sempre presente. Foi aqui que eu o conheci virtualmente. Percebi logo que ele sabe tudo sobre todos os discos e shows do Caetano. É uma enciclopédia ambulante de conhecimentos transcaetânicos! Pois bem: encontrei com o Tyrone na porta do show de ontem: ele veio se apresentar e me disse só tinha ingresso para o show de hoje, mas mesmo assim foi para o Casa Grande, para tentar arrumar uma maneira de entrar. Conseguiu, não sei como: no final, lá estava o Tyrone no camarim. Não resisti e pedi para ele um relato da noite. O cara é rápido. Suas impressões já estão aqui. O blog vive seu momento de radical democracia: o povo dos comentários ocupa a sala de visitas da Obra em Progresso (rsrsrsrsrsrs):
“Penúltimo show da série Obra em Progresso: ao contrário do VivoRio, a acústica do OI CASA GRANDE é 100%. Mas como é um teatro, tem-se ali um ‘vibe’ de peça-de-teatro. Ou seja, as pessoas, de modo geral, se comportam ou tentam se comportar como público compenetrado de teatro - o que para a idéia do show foi certeiro.
Caetano abre com a totalmente inédita “Lobão tem razão”, claro que com uma certa ironia diante da canção feita em 2001 por Lobão, e dedicada ao Caetano. A canção de Lobão chama-se “Para o mano Caetano”, que por sua vez, é uma brincadeira com o título “Mano Caetano”, de Ben Jor, gravado pelo próprio junto com Bethânia em 1971, ou talvez com o “e hoje olha os mano” [trecho da letra de Rock'n'Raul] - música que Caetano fez em 2000 citando Raul Seixas, e que citava também o Lobão em “E o lobo bolo” [que já seria o Caetano mostrando que nem só de rock vive Lobão]. Caetano foi ao Programa de Jô Soares para lançar o disco “Noites do Norte” - que tem a tal “Rock’n'Raul”, e o convidado do programa era, além de Caetano, o Lobão! - não fazendo por menos, Caetano em voz e violão, tocou a canção para o Lobão, que a conheceu naquele momento.
Voltando ao show: do falado disco “Transa”, Caetano fez “You Don’t Know me”. Inevitavelmente rolou “Desde que o samba é samba” - com o arranjo do show Cê, que é já o embrião daquilo que a gente chama de “Transamba”. Uma das músicas que prendem a atenção do público é “Sem Cais”, feita em parceria com o guitarrista Pedro Sá. Já no VivoRio era uma canção que entrava rápido na cabeça-coração das pessoas, e bem aplaudida - essa música vai render muito!
Depois vieram as inéditas “Tarado ni você” (pode-se dizer que há ali uma conotação bissexual, em “todo mundo nu”, e o ato de observar esse todo mundo, estando também nu?!) e “Por quem”, canção que creio que em estúdio fará milagres, com sons que muita gente gosta de chamar de “lounge”. Caetano canta em falsete, e o Ricardo aparece bem aqui [mostre-se mais no show, Ricardo!]
Na década de 70 João Bosco e Aldir fizeram “Incompatibilidade de gênios” - Caetano desde o VivoRio canta essa canção, e a Banda Cê o acompanha num arranjo indie, mais apartamento, mas cara de casal menos careta, mais urbano.
Eu gosto mesmo é quando Caetano canta seu próprio repertório. Eu não tinha ido ao show do VivoRio no dia que ele fez a canção “Uns”, e sem eu esperar, teve “Uns” na primeira noite de Casa Grande. Adorei! Primeiro porque o disco de 1983 que tem o mesmo nome da canção é um dos melhores da carreira do Caetano. Segundo porque “Uns” tomou uma nova dimensão nesta “Obra em Progresso”, uma revigorada que eu não imaginava que a canção dava para tanto. Essa é pra ficar na turnê do disco - momento ‘beeshasejoga’.
Citei o LP de 83, e nele também há “Coisa mais linda”, do Carlos Lyra… Do momento do show ainda com a banda Cê rolou “Saudade fez um samba” - que só conheço pelo João Gilberto, de início de carreira - que é do Lyra e do Bôscoli. Caetano no show “Uns” no Canecão, segundo eu soube, já fazia elogios rasgados ao Carlos, e fez o ‘mesmo’ discurso no Leblon durante a “Obra”.
Depois vieram “Perdeu” e “Base de Guantánamo”. Duas inéditas super aplaudidas durante o show, e que já eram sucesso no VivoRio, e ainda serão mais comentadas quando o disco sair. “Base” tem a presença que o “Haiti” já tinha no show “Noites do Norte”, ou mesmo no show “Fina Estampa” - a pessoa adora e memoriza no momento em que é apresentada. Já em “Perdeu” Caetano faz uso de muitas palavras, e na cabeça do ouvinte que não conhece a letra passam-se figuras, cenas, meio clipe fotojornalistico.
Surpresa do show foi a desconhecida “Água”, do disco “Futurismo”, que saiu há pouco tempo, do Kassin+2. Caetano interpretou muito bem, e tem tudo a ver com a estética do show. Há uma passagem de “Água” que é simbólica: “eu juro que vou, e sei que vai passar o seu rancor, o sangue não se torna água”.
Outra inédita que teve presença impactante já no VivoRio é “Falso Leblon” - embora a letra enumere “ecstasy, bala, balada…” (na escrita seria “ecstasy [bala], balada” no sentido que bala é o apelido da substância), tudo parece se referir a uma mesma coisa. ‘Ecstasy’ já significa euforia… enfim.
No primeiro dia de VivoRio rolou “Três Travestis”, que a Zezé Motta gravou num compacto em 82. Ela disse a mim, no próprio Casa Grande, que fez um clipe com essa canção, creio que para o programa “Fantástico”, da TV Globo. Bom, Caetano repetiu o número mas sem a euforia [ecstasy, rs] da platéia do VivoRio - que ainda estava sob efeito de Ronaldinho na mídia pelo lance que aconteceu na Barra da Tijuca. Depois veio (no mesmo momento banquinho e violão) Vingança, do Lupicínio - que a Bethânia gravou bacana no disco “Memória da Pele”, em 89. Ah, o Caetano chega a falar sobre Lupicínio no VHS “Circuladô Vivo”, onde também faz um trechinho de “Vingança”. Por fim, uma homenagem ao Caymmi em “Você já foi à Bahia?”.
Volta a banda Cê. A inédita “Lapa” rolou depois, o arranjo é um dos melhores do show, e a letra tem citações de alguns lugares do bairro que é híbrido e boêmio.
Do disco “Cê” as empolgantes “Homem” e “Odeio” - sempre que a banda Cê faz essa canção é injetado um novo barulhinho, soando mais ‘pau dentro’ que no “Cê Multishow Ao Vivo”. Caetano gravou duas vezes em sua carreira “Nosso estranho amor”, as duas com voz e violão. Já na “Obra” a música surge num arranjo com banda, que é o momento mais participativo do público, depois de “O Leãozinho” (sempre cantada no bis com novo arranjo que lembra a gravação que o Dadi fez em 1992, do disco “Circuladô Vivo”. Teve um rapaz da poltrona do meu lado que manifestou sobre “Leãozinho”: “nossa, essa música é tão circo”.)
“A Cor Amarela” é uma homenagem à Axé Music, bem cara de festa e fim de show, e é a canção que pode tocar no rádio a nível de “Luz de Tieta”.
Com “Todo errado” e a dançante e debochada “Manjar de Reis”, Jorge Mautner e seu eterno companheiro Nelson Jacobina, subiram ao palco para finalizar com Caetano uma noite inesquecível, de menos participação do público e muito mais observação.”
Prezados Caetano e Hermano,
César Rasec - rasec1963@gmail.com
e eu que me achava o maior caetanólogo de todos em tempos… perdi. hehehehehe
Depois de toda essa descrição do Show só me resta perguntar ” Quando sai o DVD”?
Tyone,
vc é o cara! Direto, objetivo, preciso nas palavras…descreveu o show com todos os tempos e movimentos das canções…digno de um fã que sabe admirar a obra de seu artista. Concordo em gênero, número e grau sobre suas impressões a respeito do Oi Casa Grande e do comportamento do público….senti falta da participação da galera como nos show do VivoRio…
Agora é esperarmos o CD e DVD da Obra.
Luisa
Meus sonhos se realizaram, sempre desejei ouvir Vingança na voz de Caetano, não vejo a hora de poder conferir
Eu gostei tanto, tanto quando me contaram…
“Conheço” o Ty das comunidades “dele” e de outros sobre o Caetano no Orkut, e me sintonizo demais como a sacação que ele tem do Caetano; fico imensamente feliz vê-lo comentando sobre o shou do Caetano. Beijos ao Ty.
Até!
primeiramente: Cesar Rasec, Bethania lançou um disco na década de 90 com o nome Âmbar - tem até uma canção do Caetano chamada “Eterno em mim” nesse trabalho.
__ sobre o texto:
Não sei se fui claro para com a canção “Tarado ni você”. Na verdade foi uma mal sucedida tentativa de chegar perto do texto sobre o homoerotismo, do Thomas Mann, onde ele mais ou menos diz que não sabe se o que veio primeiro foi o casamento ou a fidelidade, e que isso é um absurdo associar ao homoerotismo. homoerotismo por sua vez, que seria a não-duração, não-procriação, a erotização ao extremo do órgão sexual…a não-responsabilidade…
“tudo isso o homoerotismo não é: e enquanto libertinagem estéril esta é o oposto da fidelidade”.
por outro quis chegar a um campo da psicologia, onde somos seres ‘neutros’, e a procriação… a pocura do macho pela femea se dá pelo instinto… enfim… não quero complicar.
Mas tem a ver no final das contas com “tarado ni você” - sem compromisso; e “todo mundo nu” - sem pensamento unilateral na sexualidade.
A letra de Tarado Ni Voce já difere um ‘cadin’ de “Tarado”, que já uma canção que Caetano gravou em 2002 com Mautner, que é com ideia hetero-fixa.
Sobre o termo “beeshasejoga” peguei de uma coelga chamado Pedro Augusto - que também lê esse blog, e adora Caetano. Fica a dedicatória ao paulista Pedro.
Por fim, esqueci de dizer que La Mer, Caetano cantou em voz e violao no Casa Grande e também já tinha cantando na Europa mês passado. A canção é dos anos 40 - tem alguns filmes que tem essa musica, se nao me engano até no “Tempo de Guerra’ tem… nao lembro.
___
fico por aqui, abração.
Caro Tyrone,
“A Cor Amarela” é uma homenagem à Axé Music, bem cara de festa e fim de show, e é a canção que pode tocar no rádio a nível de “Luz de Tieta”.
–
o correto seria: “…do nível de …”
né. rs.
Só pra esclarecer, você dedica pra mim o termo “beeshasejoga” (ou “sejogabee”), eu dedico pra Amália, que é quem me leva pra esses lugares onde as pessoas falam (e consequentemente escrevem) assim.
Caetano ter feito um blog já é uma ideia muito boa, porque aproxima mais das pessoas que o ouvem, que veem em show. Eu vi o show Cê, o Obra em Progresso não vi, pq não veio pra minha cidade.
o relato do tirone é muito bom, entrei dentro do show sem ter ido. Também conheço o disco com Kassin, e a musica que caê cantou é muito boa.
tirone, esse lance que voce citou nos comentarios sobre esse autor thomas mann, é o mesmo texto que tem no filme Cinema Falado né. O link entre a música do caê e seu comentario foi coerente sim.
aBRAÇÃO cAETANO, abração!
And I love the way you say Manhattan, cause we don’t have many word that sounds like it.
Acho importante lembrar que “Coisa mais linda” é de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, e não somente do primeiro. As gravações de Caetano (no disco Uns, de 1983) e de João Gilberto (em seu terceiro disco, de 1961) acertadamente deixam de lado uma parte final gravada por Lyra e que não acrescentam nada à bela canção (E eu fico um pouco um triste/ um pouco sem saber/ se é tão lindo o amor/ que tenho por você).
Tyrone, adorei seu comentário, e concordo que a cor amarela é sucesso garantido! Já está até tocando na novela das nove da TV Globo. isso é que é moral, ainda nem saiu no cd, e já tá tocando para a massa! Adorei essa idéia de valorizarem os fãns, eu , por exemplo, sou fã do Caetano desde que tenho 12 anos, minhas primas mais velhas gostavam dele, e eu acabei gostando também, tão cedo, e agora, tão tarde, quase aos 40, resolvi que só faço o que gosto na minha vida. E gosto muito dos shows do caetano, então, vou mesmo e não quero nem saber o que vão achar ou dizer. Nesse Obra em progresso, fui em todos , e devo dizer que foi a melhor coisa que fiz na vida! Tenho uma filha de 2 anos, a Clara, que já pede para eu colocar o Cd e o DVD do Caetano, e canta o “ganesh na coxa e o pelo grosso no nariz com desreza.É Isso aí, a nova geração começando cedo os trabalhos. Parabens Tyrone. Viva o Caetano!
Caetano,
Tyrone, eu queria ser seu amor mais que discreto!!
OI Ty! Te parece “tarado..” con connotación bisexual? Quizás más bien “polisexual”. Es que esas palabras: homosexual, bisexual, heterosexual son un poco limitantes. O sino quizás es mejor usar simplemente “seXual”. Quizás, quizás, quizás….
assim por alto, no tempo, no espaço, legal em caetano é que ele briga e também se diverte em público, sempre foi assim. esbraveja e dá aquele belo sorriso sulamericano, gera equilíbrio no que faz
aí rapaz! diz ao Caetano q sou muito seu fã e tenho um desejo do qual acredito partilhar com muitos brasileiro…e, espero sincermente q se realize… gostaria de vê-lo cantando uma canção cheia da sua poesia universal e ao mesmo tempo brasileiríssima … de amor, de paixão a nossa amada Amazônia!!!!
abraços