Bahia (17/08/2008)
BAHIA |
17/08/2008 1:43 am |
Caymmi completou sua vida luminosa. Saí do ensaio das músicas de Jobim com Roberto Carlos e fui à Câmara Municipal ver a cara dele pela última vez. Beijei Nana. Rimos. Não pode haver um jingle turístico mais perfeito do que “Você já foi à Bahia?”. E nenhum seria assim puro de toda ansiedade comercial. É que não é para “turistas”. Não tem desprezo nem raiva dos turistas, mas é para quem quer que seja uma “nêga” que mereça ser chamada assim (claro que isso pode ser mulher ou homem: estou falando de algo essencial numa alma humana). Caymmi trouxe a coloquialidade mais natural para os versos e as notas das canções. A melodia inicial de “Você já foi à Bahia?” tem as interrogações no lugar certo, a vírgula no lugar certo, o ponto final no lugar certo. “Você já foi à Bahia, nêga, não? - então vá.” vem em frase melódica que canta a nossa fala natural. E segue assim, na entonação de “Quem vai ao Bonfim, minha nêga”, onde a vírgula entre “Bonfim” e “minha nêga” cai certinho, e esse “minha nêga” vem em notas mais baixas (e ainda descendentes), exatamente como quando alguém (sobretudo um baiano) fala. E a gradação virgulada de “muita sorte teve, muita sorte tem, muita sorte terá”, seguida da volta da pergunta inicial, agora com o ponto final mais definitivo, incidindo sobre a fundamental! E - depois do refrão “então vá” repetir-se ritmicamente seguindo a série “lá tem caruru”, “vatapá”, “mungunzá” - abre-se aquele largo das “sacadas dos sobrados da velha São Salvador…” que eu repeti quase todo (menos o último verso) em “Terra”. Há aí bandeira de que se trata de obra de extração popular, quase iletrada, nas inadeqüações prosódicas de “velha” (que, por força da melodia torna-se - ou tornar-se-ia - “velhá”) e de “tempo” (que vira “tempu” - ou, se você for gaúcho ou paranaense, “tempô”)? Há. É feio? Não. Fica pior quando se tenta “corrigir”? Nem assim. Não fica menos rica essa canção por alguém mudar um pouco a melodia para forçar uma adeqüação prosódica. Nem por alguém entregar-se à deformação popular dos paroxítonos em oxítonos. “Você já foi à Bahia?” é uma jóia perfeita. E, além de ser uma banalidade, é um retrato passadista da cidade. Mas será? Na verdade é um retrato atemporal, um retrato essencial, o retrato de algo que dura mais do que as mudanças que surgem e morrem em pouco tempo. Esse mundo (de aparência passadista mas referido a durações mais profundas - e de extrema naturalidade de dicção) reencontra-se nos sambas todos que Caymmi fez e cantou: “Lá vem a baiana”, “Requebre que eu dou um doce”, “A vizinha do lado”, “Vatapá”, “Vestido de bolero”, “Rosa morena”, tantos. Em todos - e muito claramente na parte repetitiva de “Você já foi à Bahia?” - a exposião consciente do parentesco entre o Brasil e Cuba, a Bahia e Cuba. Jorge Luis Borges, num texto em que lista a contribuição dos negros às culturas americanas - fato que ele credita ao padre Bartolomé de las Casas, por este ter sugerido, por pena dos índios, a importação de escravos africanos - , deplora a existência da “insuportável rumba ‘El Manicero‘”. Nesse texto, típica mas chocantemente, Borges nem sequer alude ao Brasil (imagine alguém escrever um texto sobre a contribuição dos negros na construção das nações americanas e nem citar o Brasil, o maior e mais miscigenado de todos os países da América, o que abriga a maior população negra fora do continente africano!). E justamente o samba que fez Caymmi famoso no Brasil - e o Brasil famoso no mundo, através de Carmen Miranda - é, em larga medida, uma variação sobre “El Manicero”: “O que é que a baiana tem?”. Eu credito à força da língua espanhola a visão desproporcionada de Borges. E Carmen adaptou-se a muitas submissões da música brasileira aos estilos cubanos, mais conhecidos dos norte-americanos (aliás, Exequiela, são poucos no Brasil que, poucas vezes, usam o termo “estadunidense”, e eu entendo: é feia essa palavra: o sumiço do plural de “estados” me causa desconforto, para só dizer o mínimo; e na verdade “americano” quer, no mais das vezes, dizer “relativo aos Estados Unidos da América”, que, indo mais longe do que no caso da África do Sul, é o único país cujos colonizadores não sentiram necessidade de nomear, tomando o nome do continente para si, como se dissessem: “América é onde chegamos, o resto é nada” - e é a partir disso que se comporta a língua ao redor desse conceito; acho natural e saudável que tentemos reagir a isso, mas “estadunidense” não é uma boa solução - nem “estados unidos” é propriamente um nome: o nome é América, “estados unidos” equivale a “república federativa” ou a qualquer outra designação genérica - e, de fato, o México é Estados Unidos do México e o Brasil foi, até pouco tempo, Estados Unidos do Brasil; quando aceitamos o equívoco termo “americano” como significando “dos Estados Unidos”, ou mesmo “norte-americano” (já que este se aplicaria igualmente ao México e ao Canadá), estamos apenas usando uma palavra pelo que ela mais freqüentemente significa: resistirmos a isso não mostra mais nossas forças do que nossas fraquezas). Mas “O que é que a baiana tem?” não ecoa submissão nem humilhação diante da América hispânica: transpira sabedoria no generoso reconhecimento de parentesco. Caymmi surge aqui muito mais alto do que Borges. Mas essa minha volta rebuscada e petulante não deve nos afastar de considerações menos discutíveis. Por exemplo: a combinação reveladora de sutilezas impressionistas com rudeza, tal como se ouve nas “canções praieiras”. A previsão da bossa nova no casamento do coloquialismo natural com a sofisticação composicional, como perceptível nos sambas-canções dos anos 40 e 50. A mescla de canto operístico com intimidade. A contribuição para a criação do autor-cantor (que em língua espanhola e italiana se chama de “cantautor”): Caymmi é o único que conheço que foi, ao mesmo tempo, o Gershwin e o Bing Crosby (ou Al Johlson), uma prefiguração do que seríamos os autores-cantores dos anos 60 em diante, Gilberto Gil, Bob Dylan, João Bosco… Há o caso dos bluesmen, como Robert Johnson, ou dos trovadores franceses, como George Brassens. Mas, sem entrar no mérito da qualidade artística intrínseca de nenhum deles, Caymmi foi algo que eles não foram: um autor como Cole Porter ou Ary Barroso, abrangente, variegado. E foi o que nem Barroso nem Porter puderam ser: o melhor intérprete de suas próprias canções, sobretudo quando sozinho com seu violão. E aquela voz de Caymmi, aquela voz de caverna (que seus três filhos herdaram), voz de caverna marítima, como aquela que, ecoando o ronco das ondas, soa como um rugido de leão, na costa da ilha de Fernando de Noronha, Gruta Azul. A voz de Caymmi é uma Gruta Azul com cantos napolitanos de barqueiros dentro, barqueiros que pensam que enganam os turistas. Caymmi era uma rocha e um anjo. Demasiado material, demasiado espiritual. Caymmi é um núcleo do Brasil. Caymmi será o Mundo. Quem disse melhor sobre suas canções foi Arnaldo Antunes: Não parece coisa feita por gente. O prefeito de Salvador cometeu um crime ao substituir a calçada portuguesa do Porto da Barra por cimento e granito polido. Aliás, está cometendo. Obra em preogresso. Estamos em posição de apanhá-lo em flagrante e impedir o assassinato. O estilo cafona deve ser semelhante ao do que foi feito na Praça da Sé pelo governo municipal anterior. E o prefeito então era Imabssahy, que é, até segunda ordem, meu candidato para as eleições que vêm aí. Mas a Praça da Sé era, havia muito, um lugar destruído. Talvez tivesse sido desmoralizada quando se derrubou a Sé para facilitar o trânsito dos bondes, bem antes de eu nascer. O que ficou tinha se transformado num terminal de linhas de ônibus muito feio. A arrumação luzidia que Imbassahy admitiu que lhe dessem é vulgar e perua, mas sobressai a impressão de que alguém limpou a sala. Foi uma madame tola e inculta, mas cuidou. No Porto da Barra, pode ser que qualquer trato dê a impressão de ser melhor do que nada a algum comerciante austríaco que tenha um barzinho lá. Mas o Porto da Barra é um ponto nobre do urbanismo de Salvador. Precisa ser cuidado. Jamais desfigurado. A calçada portuguesa é tesouro nosso, de povos que falam português: são parte de nossa estrutura anímica. Em São Luís se mostrou que a recuperação de calçamentos com pedras portuguesas (que não precisam ser portuguesas, como o desvisado prefeito chegou a julgar) pode ser feito com firmeza e precisão. No Rossio, em Lisboa, também. Sei que em Copacabana (não na praia, claro, porque aí até a Dysney ia protestar) mas na Nossa Senhora) fez-se algo parecido. Resolveram atribuir ao tipo de calçamento os desconfortos que advêm de descuido e maus tratos. Rua com chão que parece shopping center também esburaca se não há cuidado. O Porto da Barra é uma enseada pequena e parece um anfiteatro perfeito para se ver o pôr do sol, ladeada pelos fortes de Santa Maria e de São Diogo. A balaustrada e as pedras portuguesas (ensombradas por árvores) complementam o equlíbrio estético de um lugar que é a praia do povo da Bahia. Um luxo cool e popular. Pois o prefeito está retirando as pedras portuguesas e já derrubou oito árvores! No dia em que morreu Dorival Caymmi, protesto (e conclamo baianos natos e opcionais a protestarem) contra essa ação estúpida. Vamos repor as pedras portuguesas. Caetano Veloso. |
34 Comentários sobre o Post “BAHIA”
1.
Giovanni Maia disse:
Agosto 31st, 2008 at
7:46 pm
‘Gente foi feita para brilhar e não pra morrer de fome’
Esta
frase resume o que deveria ser a vida de todos nós. Você deveria cantar mais
esta música. Abraços!
2.
Bela Santana
disse:
Setembro 2nd, 2008 at 6:24 pm
Um
dia Caetano disse “Triste Bahia”, que anda cada vez mais triste e abandonada
sujeita a pirotecnia de seus
governantes, a orla uma tristeza, Pelourinho só abandono e nós baianos e os que amam a Bahia só lamentamos. Ainda bem
que temos uma voz que é ouvida e consegue fazer eco. Obrigado Caê.
3.
Marlon Marcos disse: Setembro 4th, 2008 at 2:46 pm
Aqui: meu ídolo falando
sobre nosso patriarca
Caymmi e Salvador
que continua sangrando…Saudades de vc!
4.
SEBASTIÃO MACIEL disse: Setembro
9th, 2008 at 11:49 pm
CAYMMI PASSOU
OS ÚLTIMOS ANOS DE SUA VIDA EM UMA LINDA CIDADE CHAMADA
PEQUERI (MINAS GERAIS). UMA VILA DOCE COM UM MAR DE MONTANHAS QUE CERTAMENTE FEZ O COMPOSITOR BAIANO LEMBRAR DO MAR DA BAHIA.
QUE
SUA MÚSICA SEJA LEMBRADA NA MEMÓRIA DOS BRASILEIROS QUE AINDA VIRÃO POIS EM
NOSSA MEMÓRIA ELA JÁ FAZ PARTE DO
INCONSCIENTE COLETIVO.
5.
Ana disse:
Setembro 11th, 2008 at 10:10 pm
E aqui no Rio tem uns malucos querendo
tirar as pedras portuguesas, vão destruir a cidade.Aquela tal de Cristiane
Brasil só fala nisso.
6.
Tiago Alonso
disse:
Setembro 13th, 2008 at 8:04 pm
50
Anos de Bossa ou 50 Vinícius ? Tinha meus 11 anos quando “poupava” alguma grana
para comprar discos(LP´s) do
Caetano,logo depois CD´s maravilhosos, como sempre descobrindo o Cê Caetano. Hoje, 31 anos, nasci em
Itabuna, e vi pela primeira vez sua apresentação em Porto Seguro, cidade onde moro. Marco do
saqueamento a Bahia,ao Brasil.Historicamente é claro. Não compreendo os 50 anos de Bossa Nova sem um
grande documentário apresentado por você, tecendo
comentários sobre o Vinícius de Moraes, convertendo uma geração pobrinha de informação sobre a verdadeira Obra do Brasil
chamada Bossa Nova ou “Bossa
Sempre Nova”.
Alguns
dizem que você comenta de tudo, ou quase tudo, mas esquecem que o Brasil é
antes e depois do Tropicalismo e do
Cinema Novo. Hoje, somos saqueados, organizações bem estruturadas furtam o povo a todo momento e não surge um
movimento sólido para explicar a riqueza
ainda existente no país. Apenas surgem partidos, partindo ainda mais o pão
alimento. Sinto o patriotismo ao
saber da música brasileira. Dos filhos deste mundo criadores da Arte Baiana e Brasileira. Caetano, sempre serás a
manifestação do Brasil nos recantos deste universo. É preciso mais uma vez teus ensinamentos para
lembrar que este movimento precisou do Poeta Camarada. Milhões de Beijos
7.
Maiolino Thomaz
Fonseca Oliveira disse: Setembro 20th, 2008 at 6:32 pm
Venho
registrar aqui o meu apreço por Caetano. Outro dia estava assistindo um video
que tenho aqui, em minha casa. Uma interpretação de “A volta da asa branca”, feita
por caetano faz bastante tempo. ! Diferente de algumas
performaces recentes, mas, “eu agradeço ao povo brasileiro, norte, centro, sul inteiro, onde reinou o
baião”. Ah!, quem me dera ser Amado feito Jorge, baianado e de bigode, e escrevesse, vê se pode? Anotaria
numa tirinha de ceda, um pedido de alphorria meu senhor, oh! Alteza. O tempo passa e vamos andando. O mundo
globalizando e a tropa disertando! Lembro-me
que a apresentação de “A volta da asa branca tinha charme e irreverência!
8.
Lucio Filho disse:
Setembro 27th, 2008 at 3:32 am
Eu
sabia que não estava ficando doido (pelo menos não totalmente). Faz 03 anos que
estou morando fora de Salvador
(apesar de sempre estar indo passar pelo menos 1 semana
de meses em meses)
e sempre achei que a cidade estava lentamente mudando para pior. Percebi
mudanças na cidade. Mudanças que me desagradaram muito.
O
trânsito é caótico. Um verdadeiro caos. Como se já não bastassem as ruas e
avenidas estreitas da cidade. Na
minha infância havia o sossego das ruas fechadas da Pituba. Agora todas tiveram que ser abertas. Eu faço de tudo para não
ter que enfrentar o trânsito nas horas de pico. Sério! Eu rezo por isso pois são momentos de stress
absoluto, nem o rádio salva! Tudo bem, todos irão dizer que isso é um problema
de todas as grandes cidades,etc. Mas o que custa planejar?
Pra que serve a
SET? Este órgão burro e incompetente.
A
parte estética da cidade tá horrível. Aquele prédio da prefeitura de Salvador
já é um monstrengo que destoa
completamente do restante da arquitetura. Pra completar fizeram aquilo com a
Praça da Sé. E agora essa das
calçadas da Barra?? Pelamor de Deus! Sem falar nas barracas de praia inacabadas e nos pobres coqueiros que
restaram (todos sem vida!). Tem muito mais coisas esteticamente ruins a falar
mas paro por aqui.
Tô
muito triste e insatisfeito com os rumos que têm tomado a minha cidade. Chega
dá um aperto no peito. Isso não
pode continuar! Prefeito incompetente tem que sair! Fora!!!
Por
favor, votemos com consciência. E não votemos numa gestão que já mostrou pra
que veio. Afinal, como dizem, errar é humano mas insistir no erro é burrice.
Salve Salvador!
9.
Jeff Ares disse:
Outubro 5th, 2008 at 9:35 pm
Pedras portuguesas, por amor a Deus…
Meu
caro, venho depois de muito lhe pedir
para que me leia aqui:http://rgvogue.ig.com.br/festa/2008/08/26/caetano_e_roberto_1597698.html É Sampa te louvando, porque não somos
assim - nem todos - tão provincianos. Com
respeito e carinho,
j (jeff@cartaeditorial.com.br)
10.
Lina Lins disse:
Outubro 12th, 2008 at 8:58 pm
Caetano,
você é sempre muito sensível e não tem medo de se expôr… Acho muito justa a sua indignação sobre as coisas da cidade da
Bahia… Eu, com 24 anos já desisti… Compareci em muitos “2 de Julho” indignada com a mudança do nome do nosso
aeroporto, ainda hoje, não me conformo
com esse absurdo de trocar a NOSSA DATA MÁXIMA pelo nome de um deputado… Votei em Wagner muito pq ele abraçava essa
proposta de retorno ao nome 2 de Julho e depois de eleito, esqueceu-se completamente… O PT não se compromete
verdadeiramente com essas causas, só
na época de eleições… Nada contra festa, nada contra alegria, mas o PT baiano
gosta de ficar só no carnaval…
Carnaval é maravilhoso e atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu como vc mesmo imortalizou lindamente naquela música, mas com a advento das micaretas, aqui é carnaval
o ano todo… Sendo assim, não dá
prá pensar em outras coisas!
11.
Tomiello
disse:
Outubro 16th, 2008 at 3:22 am
Em
relação ao assunto e sobre sermos ou não sermos tão provincianos, (SP) o fato
não é somente a origem e sim a
história, é preservação da história de um povo, o que independente do advento
da tecnologia, ela é uma linha
paralela ao advento da moral do Homem que é sempre Imoral, pois ao esbarrar-se nas volúpias da hipocrisia que
submerge as suas falácias, essas esbarram na plenitude do materialismo que transforma os sonhos de muitos em
resquícios e sobras do que um dia foi algo
ou alguma coisa. Quando estive em Salvador, e na minha ignorância, ao
defrontar-me quase de surpresa com o
Farol da Barra, sofrí um choque profundo e uma forte sensação.. que bom.. sou brasileiro.
Tomiello
12. Laura - da Argentina disse:
Outubro 19th, 2008 at 9:33 pm
Não acredito!
Soube por acaso que estavam cometendo esse crime lá no Porto…
Concordo com Marcelo… só resta pavimentar o Pelourinho… (tudo é possível)…
Ainda
me lembro de quando achei em falta as cores e símbolos dos orixás no palco do
Farol da Barra (na virada do ano 2005 e 2006)…
disseram-me que também
tinha sido idéia do prefeito… já peguei raiba.
Mesmo não sendo do candomblé, respeito
e amo a cultura toda do povo baiano. Sua literatura, sua música
e culinária… seus costumes.
Pena…
Há
alguns anos que não vou lá. Tomara que daqui a dois anos possa voltar como
antigamente. Gostaria de encontrar tudo como
estava. E as árvores? Cê diz que também
tiraram muitas!!!
Incrível… Triste.
Tem
tanta coisa que precisa mudar na Bahia. Esgotos. Estradas além da vista dos
turistas… Sanear cursos d’água…
Senhor prefeito, imagino que não vai tocar pra frente
no projeto da praça do Mercado Modelo,
vai? Aí é que vai piorar… que tal proibir o por-do-sol?
Laura Benitez
13. Rafael Mendoza disse: Outubro 20th, 2008 at 2:14 am
Caymi fica, sempre, no canto profundo
do mar. Ele vem dizer eternamente que “… a Bahia tá viva ainda lá”
14. irene
brancatisano disse: Outubro
25th, 2008 at 10:41 pm
Caro Cetano,
ho visto ieri sera tuo documentario coracao vagabundo viaggio
fra Usa e Giappone. Poi ti ho sentito cantare nella mia città Roma, Italia.
Muito obrigada
Cetano. Ho sentito
grande emozione nel mio cuore . io capisco il portoghese ma non so scrivere ancora è difficile. La canzone che amo di più è La tristeza e senora …
marvelous deep somg
, thank you so much caetano for last night I was there with my daddy and we sang together that song in portugues in
particular:; cantando yo mando a tristeza en bora” kisses Irene
15. Jacqueline
Salgueiro disse: Novembro
24th, 2008 at 4:51 pm
Caetano
Eu
fui conhecer Salvador por sua causa e muito antes da Daniela Mercury convidar a
todos no carnaval, era 1987/88/89…na
verdade quando cheguei na praça Castro Alves(eu que estava acostumada a carnaval de clube de cidade
do interior cantando bandeira branca amor…)e vi aquelas músicas, com aquelas pessoas dançando como se tivessem
ensaiado, aquele ritmo,os blocos
afro,cada negão mais lindo..E de repente alguém falou:Tá vindo o Olodum,ainda
era um caminhão com toda aquela
percussão que fazia o coração da gente disparar e dava vontade de chorar,o trio do Dodô e Osmar
cantando..Imagina só, que loucura essa mistura…São as melhores lembranças que tenho na minha vida e foi
porque eu ainda muito menina ouvia seus discos(muitos carnavais) no quarto de meu irmão mais velho e amava cada vez
mais suas músicas e prestava atenção
em tudo que era da Bahia.Fui tratada como uma rainha, que gente…que mar…que por
do sol…Cheguei a ir em Santo Amaro,
num show que você fez com o Gil, ficava muitas vezes na praia dos artistas e te olhava tanto, cada vez
mais admirada, apaixonada e agradecida por estar naquele lugar.
Um
beijo! Jacqueline
16.
Eduardo Adauto
disse:
Novembro 28th, 2008 at 10:55
am
Ôi Caetano,
Achei engraçado você se referir
ao tom petulante e arrogante do seu texto sobre a América(olha eu usando
América como USA). Talvez porque eu seja leonino também, entenda essa sua
arrogância e petulância.Bem, quem não
gostar de Caymmi deve ser “ruim da cabeça ou doente do pé” para início
de conversa.Apesar do Caymmi ter vivido no Rio
a maior parte
da sua longa vida, ninguém
é,foi ou será mais baiano que ele.Aliás, Nana, Dori e Danilo não se cansam
de dizer que não são baianos(rrssss!),
todos nasceram no Rio.Mas como Rio e Salvador tem muita coisa em comum, ambas foram capital,
têm na população negra e
mestiça a marca
forte
das suas culturas, têm as praias mais bonitas e muitos outros pontos de felizes
parecenças, penso que Caymmi fez a
escolha certa.Em tempo: os baianos em geral sabem valorizar a sua cultura muito mais e melhor do que nós
cariocas. Quanto à São Paulo(que eu adoro) você já disse “a força da grana que ergue e destrói coisas belas”.Coitada da
Sé e outros bichos! Está bom esse seu
“Obra em progresso”, igualmente
arrogante e petulante (rrsss!)
Parabéns, Eduardo
17. Tiago Gomes
Leal disse: Novembro
30th, 2008 at 2:10 am
Meu
caro ídolo Caetano(minha bênção),Caymmi foi,é e sempre será a marca da
qualidade da música baiana,com seus
versos maravilhosos em que cantava a Bahia,como se canta um Deus menino;Claro que não cheguei
a escutá-lo diretamente através de meus típanos,mas indiretamente na voz do nosso mestre João Gilberto e de seus filhos que fazem
soar rochas em sombras com suas
vozes,me fez sempre pensar que sem ele não existiria música baiana de tal
qualidade como ele deixou para todos
nós.Sem mais meu mestre,gostaria de vê-lo aqui em Recife-PE já que tenho o sonho
árduo de lhe ver cantar pessoalmente…
18. Cristiano
Loureiro disse: Dezembro
10th, 2008 at 8:10 pm
Caro Caetano.
Venho
através do seu Blog comunicar que mantenho uma Tradição Cultural, no bairro de
Itapuã, Salvador-BA. A Chegança da
Baleia Rosa de Itapuã, criada a 21 anos por Wally Salomão e João Loureiro
e que na época da criação reuniu
artistasd como: CGilberto Gil; Riachão, cantando
“Baleia da Sé”, Luis Caldas,
Malê de Balê, Olodum e outros.
Peço
a vc, um artista renomado e que viveu no bairro de Itapuã por algum tempo,
inclusive na companhia do Wally,
Rogério Duarte, João Loureiro e outros, pois quando criança lembro do Moreno
que tem a minha idade
bricando comigo e a Dedé com a minha mãe
aqui em Itapuã, que nos ajude a manter esta tradição que tem
o projeto aprovado no Fazcultura, Lei de Incentivo do Governo do Estado da Bahia.
Aguardo
retorno. Muito obrigado.
Cristiano Loureiro.
71 9198 1636 / 9902 1241 / 8751
0046
19.
Pery disse:
Dezembro 16th, 2008 at 11:18 pm
Me
parece artificial e pura mistificação Arnaldo antunes comentando sobre Caymmi.
Tudo que o baiano não acreditava e
não queria para o Brasil me parece está na agressividade paulistana da obra do Arnaldo
que é muito inteligente mas não entende
nada da Bahia
e de Caymmi. Caymmi é o afoxé,
o samba de roda, os capoeiras do tempo de mestre Pastinha. Muito do seu estilo
que parece não ter sido feito por gente foram
inspirados por mestiços que nunca foram tratados como gente, gente anonima que vive dentro de
sua obra.
20.
Carlos Alberto
disse:
Dezembro 18th, 2008 at 2:30 pm
Ouvir Caymmi é o que
importa, quem ouve gosta. Ele permanece em sua obra.
21. Sergio
Stelmach disse: Janeiro
8th, 2009 at 5:34 pm
E o que dizer do que fizeram do Largo da Amaralina, onde
retiraram o quiosque tradicional das baianas
e colocaram 4 barracas de lona. Não foi um assassinato, e sim um estupro
seguido de morte !!! Esse
prefeito é realmente uma das figuras mais tacanhas de que
tenho notícia !
Que me perdoem nossos conterrâneos, mas faz menos sentido sentir saudades da Bahia. Ninguém sentia tanta saudades quanto esse velho pescador.
E ah, realmente, essa “reforma” na orla do Porto é uma enganação ridícula de um prefeito próximo as eleições que tenta uma re-eleição. Não é apenas a orla, Caetano, mas ele também troca o asfalto de avenidas que não precisam de novo asfalto, em horários de pico no trânsito, escrachadamente para mostrar que “está trabalhando”. Tô quase indo na casa dele pra reformar o seu banheiro.
O marinheiro bonito sereia do mar levou.
E muito bom ter o seu reforco na luta contra a descaracterizacao do Porto da Barra.
Com o “estouro” de “O que é que a baiana tem?”, gravada por Carmen Miranda, em 1938, Caymmi incutiu no baiano o mesmo sentimento que a vitória da Copa do Mundo de Futebol de 1958 trouxe para o brasileiro: um sentimento de pertencimento, a experimentação da nação coletiva. A referência impregnou tanto a nós baianos, que às vezes nos dificulta ver além do baiano folclórico.
Mas o que sempre me impressionou em Dorival Caymmi é o caráter absurdamente visual da sua música. É muito fácil imaginar João Valentão tirar onda e depois deitar na praia, buscando o aconchego da morena, ver Dora dançando ou Pedro saindo para pescar. Tem ainda aquilo de mudar o andamento da música, o que, sem dúvida, deve ter influenciado a famosa batida de João Gilberto.
Tive a oportunidade de entrevistar Dorival logo quando comecei a trabalhar em jornal. Tinha que fazer uma “matéria charmosa” sobre com pessoas famosas fizeram seus investimentos financeiros ao longo daquele ano. E alguém deu a idéia inusitada de falar com Caymmi.Caymmi????
Liguei três vezes, porque por duas vezes quando o telefone atendeu, não tive coragem de falar. Mas, quando a covardia baixou, ficamos quase uma hora conversando. Foi a conversa mais doce e prosaica, e todos sabem que não é meu forte, que já mantive na minha vida.
Fico triste por saber que a Bahia de hoje cada vez tem menos para nos deixar saudade. Mas fico feliz por sentir que a Bahia afetiva de Caymmi sempre vai nos resgatar. Como bons bairristas, sabemos que não há sonho mais lindo do que nossa terra, não há.
By Ana Livia Lopes
Triste Bahia ! E tristes de nós, que vemos as sandices deste prefeito.
O POETA MINEIRO SENTADO EM COPACABANA PRECISA CONVERSAR COM O MAIS ILUSTRE CARIOCA BAIANO CANTADOR DO MAR, DA MULHER E DO SONHO DE UM MUNDO MAIS LEVE MAIS BRASILEIRO MAIS DOCE
alias o que os dois lado a lado conversariam?
engraçado como o que gil disse no you tube me parece tão distante em sua possibilidade…..digo possibilidade…..não efetividade….me parece um discurso vazio………a poesia e a musica transcendem este pseudo dialogo de uma quase construção de um quase pais que patina que patina que platina que planalto quase alto que pia que é eterna esperança de uma espera perdida
… Caymmi, Caymmi… Caymmi inventou a Bahia, uma Bahia, essa Bahia, outra Bahia? Então tá. O Caymmi que eu gosto e que não é só meu - “Nunca Mais”, “Você não sabe Amar”, “Nem eu”, “Só louco”, “Você diz que Amar é Crime”, “Sábado em Copacabana”, “Sodade Matadeira”, “Não tem Solução”, “Horas’… Menos é mais, definitivamente MAIS.
Caetano, quem primeiro levou a público a idéia de modificar o piso da calçada do Porto da Barra foi a administração municipal de Imbassay. Na ocasião, como alguém já disse nos comentários, mais do que trocar as pedras portuguesas por granito e derrubar árvores, o projeto previa tb a troca da charmosa balaustrada (que é a cara do Porto) e o avanço da calçada, flutuando por cima da areia da praia, absurdo que já vem sendo feito no Pituba e ao qual vc se referiu na carta que li no jornal A Tarde.
Pois eu não sabia de nada disso. Pois sou baiano. Mas como moro aqui, em Lisboa, fiquei feliz por rever após bom tempo o Caetano falar da Bahia, nem que seja para protestar e alertar aos que não sabiam, como eu. Nasci mesmo em Salvador, a cidade da Bahia e acho um crime isso. Então o prefeito João Henrique anda descaracterizando a Bahia? Sim, porque aquelas pedras portuguesas são parte do que se tem pela visão poética da Bahia. Como não? Então o que mais combina com a Barra? Com o Arrancar as calçadas portuguesas foi como arrancar um pouco de tudo o que já se cantou da Bahia.
Dorival Caymmi: Obá do Brasil
Pessoal,
no homevideo Circuladô Vivo [ que ainda nao existe em DVD ], caetano comenta sobre o DORIVAL, dizendo que ele tem a obra de menor tamanho de canções, mas é o que ele mais gosta…
De fato não são muitas as cançoes de Dorival, mas a maioria são realmente muito conhecidas, e é a cara da nossa essencia.
Provavelmente Caetano fará 1 dessas lindezas no OBRA EM PROGRESSO, de terça ou quarta.
A Gal tem um disco lindo com canções de D.C., gravado na época mais ou menos do show d’Os Bárbaros. O show do disco na época teve participação do mestre.
No filme O CINEMA FALADO, do Caetano, tem uma mini participaçao de Dorival.
No mais, nao posso deixar de comentar a OBRA de Caymmi pai que é de uma delicadeza! E de quebra, a VOZ de NANA, interpretando o pai - que fica sendo um absurdo!
Caetano gravou “Coqueiro de Itapoã” no disco CORES, NOMES - de 82.
Fico por aqui.
Amigos,
no site do JORNAL DO BRASIL - RJ,
tem um texto do CAETANO - feito neste domingo, 17 de agosto.
http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/08/17/e170829564.html
Foi muito bom você entrar nesta batalha pela preservação da memória e da beleza de nossa cidade.´Toda a orla está desfigurada, o riacho dos seixos, vivo, está sendo enterrado, e nossa cidade continua padecendo de falta de PLANEJAMENTO.Não dá para assistirmos apáticos à realização de obras de última hora sem critérios de qualidade e respeito ambiental que toda cidade merece. Vamos salvar Salvador!
Borges: cuál es texto? Igualmente, los genios no siempre dicen y hacen cosas geniales no?
1 beijo!
PD: Cuando decís num “texto em que lista a contribuição dos negros às culturas americanas “ te referís a cultura estadounidense o americana? (jeje)
Passei só pra elogiar o texto… Lindo…Gostoso de ler como é gostoso de ouvir Caymmi. Sempre.
Caetano, é a primeira vez que respondo um texto seu, apesar de já ter lidos alguns pela vida afora (mas nunca na net). Que bonita homenagem, mesmo!! Apesar de discordar de pontos como o gentílico “americano” que, como vc bem definiu, é natural discordarmos, mas não significa que tenhamos que continuar a empregá-lo… enquanto “ninguém chega com uma idéia nova” (desculpe, eu não tenho nenhuma…!), prefiro mesmo o “estadounidense”…
Caetano,
Não posso concordar com vc quando diz que a Praça da Sé, em Salvador, que tem projeto do arquiteto Assis Reis, é vulgar e perua. Você pode não gostar do estilo, direito seu, mas chamar o trabalho de Assis de vulgar…
Caymmi foi a poesia mais concreta que a Bahia já produziu.Que me desculpem os outros tantos ensaios poéticos e líricos feitos por esta Menina de quadris largos e rebolado gostoso- que é a Bahia. Soube da partida do nosso Mulato faceiro a noite, após uma cansativa aula na Faculdade.Não, não fiquei triste.Sorri,e liguei aquela vitrola de 30 anos de uso-herança deixada pelo avô e pela avó.Coloquei o disco do Caymmi,da Nana e aquele da Elis-No Fino da Bossa ao vivo,onde conversa com nosso mulato sobre sua passagem musical nos Estados Unidos.Cantarolei e dancei ao som das ondas do mar; das redes dos pescadores, das morenas,mulatas e negras faceiras-tanto nas areias da Bahia como das de Copacabana.É, Caetano-vai dar tanta saudade das musicas pra Yemanjá…
Caetano gostei do teu comentario sobre o mestre Caymmi , sou um suburbano meu filho é o melhor jogador de futebol da Pavuna e ja fez um gol em tua homengem chamado de alegria ,alegria. Porque vc não faz uma apresentação do teu show na lona Terra de Guadalupe.Vc é uma referencia pra nós me identifico politicamente com vc adorei ler o teu livro . tu é gente boa…………….
Abraços do Rosemberg
Nascido e criado no Porto da Barra, fico muito triste em saber que a autoridade escolhida para zelar e cuidar de toda a nossa história vai cometer, ou melhor está cometendo esse crime. Hoje moro na cidade cinza, cinza de expressão, cinza de calor, cinza de totalidade. “Ai que saudade que eu tenho da Bahia “
Caymmi tem razão, quando passei um ano viajando (Rio, São Paulo e Minas), sentia tanta saudade da Bahia, a Bahia para nós (Baianos) representa uma liberdade de sedução em todos os sentidos, gosto de me sentir seduzido pelos seus encantos, mas devo admitir que estão destruindo o nosso patrimonio artistico e cultural, é preciso repensar (O carnaval, pelourinho, Porto da Barra etc), as vezes eu fico achando que não vou ter o que mostrar para os meus filhos, João Caetano (O nome dele foi escolhido por sua causa e a do João Gilberto), e a menina ficou Maria Elizabete, que depois achamos engraçado porque ficou parecido com Maria Bethania, mas isso não vem ao caso, tenho saudade de algumas coisas, como por exemplo no nosso aeroporto, para mim ele continua sendo 02 de julho, mas estou pronto para defender a Barra que tanto amo desde a minha adolecencia. Quando o sol se ponhe, vem o farol iluminar as aguas da Bahia…
Transformem as imagens das pedras portuguesas do Porto da Barra e textura e ícones com urgência. Fotografem, microfotografem, referenciem… Joguem, na web, pra todos os lados. Vai virar até estampa de tecido. E não há prefeito que derrube.Mas tem de ser rápido.