Blog na Internacional (17/09/2008)
Blog na International |
17/09/2008 12:02 pm |
O Cláudio pediu em comentário não publicado: como a International Magazine (publicação sobre música que resiste há tanto tempo - desde 1990 [18 anos este ano!] - no Brasil sempre merece nossa força) não tem versão online, o Obra em Progresso posta a matéria aqui para apreciação virtual : TRANSCAETANO Claudio Dirani Webcams no estúdio de gravação? Não é mais novidade. Download gratuito de inéditas? Já faz parte do passado no mundo virtual. Experimentar novas composições ao vivo? Também. Agora, que tal um artista usar seu blog para expor idéias e discutir com os fãs o repertório que integrará seu próximo disco? Boa idéia. Tudo isso com o direito de expor ao público a metamorfose das canções ao longo do percurso em vídeos, como no You Tube. Isso mesmo: esta é mais recente empreitada de Caetano Veloso inaugurada em maio deste ano com a turnê-laboratório “Obra em Progresso”, que culminou com o registro em DVD dos shows na casa de espetáculos carioca Oi Casa Grande. O mais fascinante dessa cyber aventura de Caetano talvez seja o desafio imposto a si próprio: usar freqüentemente o www.obraemprogresso.com.br, com o apoio do redator e moderador, Hermano Vianna, para relatar suas impressões, sentimentos e idéias sobre novas criações pop. E o espaço usado pelo tropicalista –e agora transblogueiro, como o próprio músico se define – não fica limitado ao seu diário de apresentações e gravações (que oficialmente, começaram em estúdio no dia 1º de setembro, no Rio de Janeiro). A página do artista já foi palco – e ringue – para alguns embates calientes. O primeiro deles, um bate-boca atiçado pelo ex-ditador (ex mesmo?) Fidel Castro, que implicou com a letra de uma das peças mais interessantes de sua safra atual: “Base de Guantánamo” – um tipo de mantra, com letra curta, apoiada pela competente banda Cê em uma performance minimalista à moda “Can You Take Me Back” (não creditada) do “Álbum Branco”, dos Beatles. Assim, Caetano canta… “O fato de os americanos desrespeitarem os direitos humanos em solo cubano é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar…”. O efeito provocado pela música teve velocidade de banda larga. Quase de imediato, o adoecido (porém non muerto) Fidel soltou o verbo na introdução do livro “Fidel, Bolívia y algo más”, acusando Cae de clamar pelo perdão ao imperialismo Norte Americano. Na interatividade propiciada pelo blog, o compositor comentou a atitude do ex-líder caribenho em inúmeros posts. Em uma de suas incursões no Obra em Progresso, em 19/6/2008, declarou: “Não pedi perdão a ninguém. Procuro pensar por conta própria… Sou um artista. Minhas palavras são: criação e liberdade. Se não me submeto ao poderio norte-americano, tampouco aceito ordens de ditadores…”. “Transamba” Na entrada de 25 de julho do blog, Caetano postou uma de suas reflexões que dava pistas de como seu novo álbum poderia ser batizado: “Transamba” - de trans + samba; nome de um novo gênero de música criado artificialmente (mas nem Deus sabe quão orgânica e necessariamente) no Brasil. Trans, prefixo de origem latina, significa “além de”, “através”, “em troca de”… Samba, possivelmente de origem quimbunda, é um tipo brasileiro de música de dança, lamento e sabedoria. O trans de “Transamba” para mim é como o trans em transcendência, transfiguração…”. No mesmo post, o criador desmentia sua criatura. Ou despistava. “…O título do disco que resultará da obra em progresso não será “Transamba”. Ela me veio de repente, e ligada à lembrança da palavra “transvanguarda“,que designava um movimento italiano na área das artes plásticas …Por causa disso, tenho vontade de pôr no disco um título em italiano…”, explicou. Seja qual for o nome de seu rebento, o estilo do sucessor de “Cê” (2006) promete ser mais desafiador que seu irmão mais novo. Ao menos, no campo dos arranjos – que ganharam certo espírito vanguardista no decorrer de seu percurso pela “Obra em Progresso”. Não é garantido ainda se todas as canções expostas durante o processo criativo nos shows cariocas entrarão na linha de montagem, que começou em 14 de maio (com diversos convidados no palco: Jorge Mautner, Moreno Veloso, Davi Moraes, Karina Zeviani etc) e contou com o fiel apoio da banda Cê: Marcelo Callado (bateria), Pedro Sá (guitarra) e Ricardo Dias Gomes (baixo e teclados) até culminar nos shows “oficiais” de gravação do DVD (agendado para sair após o novo disco). Vale citar os nomes de algumas das crias aqui, para efeito comparativo futuro (Em ordem de entrada no estúdio AR, no Rio de Janeiro): “Lobão Tem Razão”, “Tarado Ni Você”, “Sem Cais”, “Perdeu”, “Por Quem?”, “Lapa”, “Falso Leblon”, “A Cor Amarela” e “Base de Guantánamo”. Todas as letras já foram inclusive publicadas no blog para que a galera se prepare para o CD. Aqui no link: www.obraemprogresso.com.br/galeria/. Caetano confirmou ainda que, até o dia 10 de setembro, havia produzido 12 bases instrumentais, com direito a uma ode a cidade portuguesa de Aveiro (que ele prometeu acabar em tempo para lançar no disco). Disco, aliás, que contou com o reforço de uma mesa de som semelhante à usada nos anos 60 pelos Beatles para produzir o seu épico Sgt. Pepper’s nos estúdios Abbey Road. Sobre as sessões, Caetano comentou: “Tudo está sendo gravado através dessa mesa, em fitas daquelas largas que se usava antigamente (hoje em dia é quase sempre tudo no ProTools, tudo digital). A gravação (e a reprodução) analógica soam mais nuançadas e têm os graves profundos e os agudos macios…”. Trecho de matéria extraído da edição de setembro do tablóide musical INTERNATIONAL MAGAZINE, editado por Marcelo Froes, à venda nas bancas de todo o País |
Em estilo claro e conciso, que o afasta do possivel pedantismo de certos críticos, Cláudio Dinari mostra competência no assunto abordado.
Lindo.. lindo pero extraño las letrinhas de Caetano. Qué pasa Leozinho que no escribís?
Para Hermano: los links que ponés en los posts son muy apreciados. GRACIAS.
Eu me contenho porque sei que revolução hoje em dia é outro tipo de coisa - mas me dá uma empolgação de coisa muito nova e muito boa ver Caetano tramar esse transamba. Não tem o barulho e a polêmica da tropicália, mas é sim algo real. Ele tá criando de novo.
A International Magazine merece respeito, bom ter algo assim no blog. E o Claudio escreve pra caramba, adorei os livros deles sobre Beatles e U2!