De volta ao Rio (05/08/2008)
De volta ao Rio |
5/08/2008 6:12 pm |
GABEIRA, gente! Quando Nelson diz que não vai votar em GABEIRA porque a democracia representativa faliu, o que quer dizer? GABEIRA é uma das poucas provas de que a democracia representativa não faliu. Ele não entrou no Congresso e para lá levou modernidade e honradez? Afinal, Nelson, o que foi que deu certo? A ditadura do proletariado? Acorda! GABEIRA é uma das provas (mas não a única) de que a democracia representativa não faliu. Temos os exemplos de Jefferson Peres e Pedro Simon. Temos Marina Silva. Mesmo parlamentares menos impolutos contribuem para o equilíbrio de forças dentro da sociedade. GABEIRA mostrou, além da coragem e firmeza na resistência contra a corrupção, visão aguda de fatos importantes: ele soube, por exemplo, medir o peso da presença do Exército Brasileiro no Haiti - e tirar as conclusões (ou as perguntas) pertinentes relativas à ação do exército na luta de superação do poder paralelo do crime. Enquanto outros queriam esconder os escândalos por quererem livrar a cara de Lula, ele enfrentou a questão (e sem destruir o que Lula significa). No caso da presença no Haiti, em vez de descartar a colaboração brasileira (decidida por Lula) com as forças da ONU, viu ali um dos aspectos positivos do governo. Ele estava certo nos dois casos. Muita gente não quer gostar de GABEIRA porque ele torna complicada (rica) a aprovação de Lula. Em geral é a mesma gente que despreza o que o Exército Brasileiro fez (e faz) no Haiti. Fingem que isso não é Lula. Isso é que é o bom Lula. GABEIRA representa tudo o que o Rio tem deixado de lado para cultivar Chagas Freitas, Garotinhos, Rosinhas e Crivelas. Claro que na Rodada de Doha os países mais poderosos se fecharam de modo algo cínico, uma vez que os emergentes tiveram antes que aceitar tantas pressões para abrirem sua barreiras. Mas os ricos também perdem com isso. Eles vão ver. Eles não perdem é por esperar. Leio o Veríssimo mas também leio The Economist. Muitas vezes me sinto um liberal inglês. Estranhamente, no entanto, a referência feita pelo chanceler Amorim ao 11 de setembro em tom de ameaça me causou muito menos indignação do que em princípio me causaria. É que os resultados de Doha são tristes. E Amorim não estava simplesmente ameaçando, já que é fato que o 11 de setembro teve também como resultado um esboço de revisão de posições por parte dos super-poderosos. Escrevo tudo isso que me vem à mente - a respeito de tema tão complicado - em homenagem a Carolina (sei mai stata a Ferrara?) que lebrou que, na Itália, fazendo o “Cê” no ano passado, eu dizia: “in Brasile dicono que io parlo troppo”. Non è forse, bella. È senza dubio. Io parlo troppo. In Francia io dicieva: “dans le Brésil tout le monde dit que je parle trop”. In Estati Uniti: “I am famous in Brazil for speaking too much”. In Portogalo: “no Brasil eu tenho a fama de falar demais”. É isso aí. Mas adorei saber que você também é, apesar de toda essa falação, tarada ni mim. Cheguei ao Rio. Vou me virar em cinco para ensaiar as músicas novas, reensaiar as velhas novas e as velhas velhas, e compor outras que vêm se esboçando. No Teatro Casa Grande não haverá convidados, nem no palco nem na platéia. Já tinha falado com Arto Lindsay, com Jonas Sá e ia falar com Gil. Mas não há possibilidade de ensaiarmos com eles e fazermos o que temos de fazer. Só o Mautner vai continuar fazendo os bis, já que os números dele estão ensaiados (não precisa nem repassar). Quanto à platéia, o teatro é menor, são só 3 dias e tenho milhões de amigos (ou pelo menos quero ter, como Roberto Carlos) no Rio de Janeiro. Encontrei Teresa Cristina no aeroporto de Paris. Que alegria! Ela e eu ainda celebrávamos nosso encontro no Obra em Progresso. Nunca esquecerei de Teresa cantando “Nu com a minha música”. Vou me esforçar para postar textos curtos, viu Carolina? (Se bem que seu comentário veio justo quando consegui os textos mais concisos.) E os próximos serão sobre as novas novas e os ensaios. Lucas, é transrock, Lucas. Não precisa ser transamba. Transamba é o disco do Marcos Moran. Eu gosto quando os defensores do samba dizem que nem “Desde que o samba é samba” é samba. E quando os defensores do rock dizem que nem “Rocks” é rock. Eu sou o Falanjo e estou num lugar, meio incômodo, meio sublime, de onde se olha essas eleições de gênero com certa distância. E, ah, para Paulo Henrique: nem Comte nem Cristo: progresso como em James Joyce. |
Geralmente não gosto de gente que fala demais. Mas de você, Caetano, eu gosto, e da sua falação toda também, e da disposição para se expor, mas, acima de tudo, das músicas!
“waly salomão” me deixou de queixo caído, aquela parte em q vc diz “…serpente errante, sem raiva suficiente…” [algo assim]. lindo e corajoso. aliás, o “cê” inteiro eh lindo e corajoso [falo essencialmente das letras.
carol carol carol carolina a bela….posições firmes e elegantes e ligeiramente ácidas….limone hehehehe….. limoncello……acho que o marido tem razão de ficar com ciumes ……a costa malfitana…
falando de musica algo muito mais interessante que politica……
abraços e estou acordado hehehehehe
tô louco para que chegue o dia do show. Mas eu, sinceramente, esperava que os preços dos ingressos fossem ser mais baratos.
Caetano, volte a cantar “Ele me deu um beijo na boca”.
cinematranscendental@hotmail.com
Também esperava valores iguais ou mais baratos do que os shos no Vivo Rio… Com esses preços será impossível ver o obra no oi casa… A grana tá foda!!! Vamos rever isso aí… o valor mais barato ao que parece será de r$60(meia)…
é bacana quando os artistas se manifestam no período eleitoral, a proximidade da midia amplia a manifestação. assim como os políticos profissionais que também estão mais próximos da midia. o cidadão comum observa, ele é atingido pela midia mas não tem acesso a ela. na nossa nova democracia a midia tem estado ao lado dos candidatos eleitos. e o cidadão observa, ele é atingido diretamente pelos eleitos no seu dia a dia. é bacana quando os artistas se manifestam. os eleitos também repercutem essa participação: foi assim com collor e os sertanejos, fhc citou caetano no discurso de posse, lula veio de zezé de camargo e gilberto gil…os showmícios quase viraram escândalo, enfim…tem uma avacalhação no ar também…sempre… gabeira sempre foi bacana desde quando voltou do exílio e lançou seus livros, depois como político…tem sido político com tudo de bom e de ruim que isso significa. gabeira sempre se colocou de uma maneira não convencional, desde a negação da gravata, que depois esqueceu até a questão da maconha que também recuou depois das propostas do governador recém eleito…gabeira esteve sempre nas questões dos costumes, das pseudo minorias…mas na hora da realidade a coisa pega diferente, gabeira não se adaptou ao poder nem a proximidade dele, rompeu com o pt e fez manha acompanhado por todo país nas antesalas de Brasília…levá-lo a prefeitura de uma cidade como o rio de janeiro e seus milhões de habitantes? será isso politicamente responsável, no sentido da viabilidade? ou será uma manifestação midiática, reserva de território…é preciso entender porque votar e porque votar em alguém que não vai ganhar a eleição e se ganhar o melhor que terá a fazer será renunciar imediatamente. mas então votar em quem? em quem? mas então votar? o professor de tênis diz que é melhor sair jogando, dane-se a técnica, é mandar a bolinha para o lado de lá, depois, quando muita gente estiver praticando, naturalmente vamos tratar da técnica…é uma boa parábola? mas afinal caetano, para onde vamos? é pra sair e votar no gabeira? pronto?
O que é isso, companheiro? Espero que desta vez meu comentário entre… não sou de Partido, cito Tom Jobim, que citou Drummond: “É tempo de partidos/tempo de homens partidos”, mas uma carioca feliz por poder votar em Gabeira. E brasileira feliz por ser da mesma terra de Gabeira, Caetano, Rita Lee e outros seres. Tenho dito.
Caetano está como um irmão gémeo para mim. É um verdadeiro sonho para mim poder entender ele todos os dias.Não tem mais separação…Fala, fala Cae e volta rapidamente cantar em Paris.
Bacana a idéia involutariamente sincrônica de OBRA EM PROGRESSO em tempos de eleições. Artistas em geral tem uma idéia de OBRA bem mais sofisticada que políticos. OBRA como algo contínuo, dinâmico e inesgotável. PROGRESSO não como algo a ser atingido, mas como processo, sintaxe da evolução, caminho. Invejo o Rio por ter GABEIRA como candidato. Aqui em SP, embora Ivan e Soninha se empenhem, ainda reproduzem a idéia de progresso ora reproduzindo a retórica de esquerda arcaica, ora jogando idéias e ciclovias ao vento. GABEIRA é um pouco, ou um tanto compositor, nesse sentido. Talvez, o cara que mais concentre a idéia de OBRA como arte da construção permenente. E PROGRESSO não como prosperidade idealizada, mas como caminho a ser trilhado. Votaria nele sem receios. Mas estou em SP.
Sei que já deve ser um assunto insistentemente discutido e derretido, nós baianos morremos de vontade de poder assistir esses shows da Obra em Progresso, mas como pode nós, estudantes, pagar um ingresso nesse valor? Como pode os baianos saírem da beira do abaeté para assistir esses shows? E, olha, eu falo pelos baianos de lá, da Bahia, pois eu já moro no Rio e ainda assim é um peso tirar esses 60 reais do meu pequeno cofre-porco. Não vou. Queria. Amaria ir. Mas não tem como.
Caetano sempre tem algo para dizer e, sem papas na língua, diz. Ele e o amigo Rogério Duarte têm algo em comum, muito comum, sendo a sinceridade um dentre os muitos comuns. Conversando com Rogério, já tem um tempinho, nos encontros envoltos a partidas de xadrez (vale lembrar que Rogério está, atualmente, em Brasília), soube de belas ações caetanianas, o que me deixou muito contente, como fiquei contente após um pelo papo em sua casa, no Rio Vermelho, quando ele falou sobre Jorge Mautner para o livro que escrevi: Jorge Mautner em Movimento. “Gabeira, sem o Rio dar bobeira!” Taí, de bate-pronto, um slogan nascido aqui e agora, no estilo sereno e preciso que Caetano deixou. Axé!!!
Lembrando a sugestão do Tyrone, em ele me deu um beijo na boca “política é o fim” e no entanto, aqui estamos com Caetano cotidianizando a política e politizando o cotidiano (creio que li isto em entrevista antiga de Caetano a Heloísa Buarque de Holanda)por meio da canção! De fato, a canção não salva ninguém (no sentido da ditadura do “proletariado” enquanto bandeira da canção de protesto da década de 1960) mas complexifica as relações humanas, os “lances” de exército brasileiro atuando no Haiti, o Noel Rosa como ponta de iceberg para complexificar a profundidade presente na discussão das cotas,o Gabeira como não falência da política representativa (embora apenas alguns “santos nos seus cantos e sozinhos”; Pois é, aqui estamos nós ainda por uma política representavia, ainda dependemos de representantes, melhor se fossem como índios, como sociedades sem estados em estado de graça, apenas pelo prestígio, pela estética, pela beleza do “chefe”…
Considero lúcidas e lúdicas as propostas políticas de Caetano para se votar em Gabeira, e as canções do transrock. De fato, é incontestável a superioridade ética e a capacidade política de Fernando Gabeira, uma das figuras mais importantes na democracia representativa brasileira, em relação aos outros candidatos à prefeitura de nossa triste cidade. E as canções desse novo disco, sobretudo as que tem como cenário e personagens a capital carioca, são a expressão do que há de melhor nesta feliz cidade, justamente aquilo que se perde por conta dos folclorismos nacionalistas e regionalismos exegerados. Em outras palavras, o que se vê é a expressão do Rio cosmopolita, cidade-mundo, e cidade do mundo, talvez a nossa cidade mais cosmopolita ( que me perdoem os paulistas, mas esta é uma reflexão de um paulista!!!). É como a prosa romanceada de Chico Buarque, ali também se vÊ a presença do Rio de Janeiro cosmopolita, cidade com diversos gostos e desejos.
Bom politica e campanha ja deu o que tinha que dar…..e assunto distante da musica ….muito distante….quanto a falencia da democracia representativa….deixa pra la…..não me sinto representado por nenhum candidato…ok problema meu….politica e musica vou me abster de comentar sobre a primeira…definitivamente não é minha praia….
vai ai pra gelera e pra cae
http://www.youtube.com/watch?v=ZtVZgxy7Ogg
Ps: Gostou do livro sobre “la città eterna”?
Mas é impossível não concordar com os exemplos que ele dá nessa questão da democracia representativa…
Como sempre, Caetano não têm vergonha nem pruridos de meter sua colher em questões “dantescas”como essa: a representatividade de alguns atores pol[iticos, a democracia em si, demokratus, o desperdício que é votar em candidatos trash, a vocação que o eleitorado têm em valorizar esse tipo de candidato…
Sem entrar no mérito, são questões que a ïnteligensia”se recusa a discutir.Não quer se imiscuir em discussões da plebe ignara….
Portanto, numa palavra
Caetano é a Elite da Anti-elite….!!!
Com relação à observação do Lucas: entendo o estranhamento que ele teve com a expressão TRANSAMBA. Também entendo a rejeição às repetições em ostinato das guitarras de CÊ. Quando escutei CÊ pela primeira vez, tive também uma sensação esquisita. Fiquei com um certo receio. Não sabia responder ao “gosto” de imediato. Engraçado… me lembrei que havia sentido a mesma coisa em outros álbuns do Caetano. Isso faz tempo a beça. Araçá Azul é exemplo fácil desse estranhamento. Ele tinha esse desejo na sua gênese. Mas também estranhei um pouco O ESTRANGEIRO. Disco pelo qual sou apaixonado hoje. De Circuladô pra cá, gosto na de tudo na primeira audição. Essa reflexão não qualifica CÊ. Estranhar não quer dizer que é bom. Mas passei a gostar do disco. Isso é pessoal. Uma coisa é inegável: a produção atual de Caetano é corajosa. Ele está compondo sem medo de correr riscos. Como um garoto. E se permitir ao desconhecido abrindo mão do previsível é de uma ousadia invejável.
Arthur Pedrotti disse:
Outubro 8th, 2008 at 10:18 pm
Caro.
Fico decepcinada com Gabeira em aceitar o apoio de cesar maia. Com isso pode ter certeza que ele vai perder a eleição para prefeito. As pessoas odeiam Cesar Maia , logo pra ele foi pedir apoio!
Com certeza Eduardo Paes vai ganhar. Gabeira tem que ir para a televisão e falar que isso é um invensão. Ouço todo mundo falar que vai mudar seu voto, em virtude da reportagem de hoje no JB. É lamentável.