Déja Vu (24/03/2009)
DÉJA VU |
24/03/2009 5:59 am |
O Rio era a capital federal. Era a cidade de todos os brasileiros. Luiz Fernando Veríssimo escreveu que, quando menino, vinha ao Rio de avião e, ao fazer escala em São Paulo, se perguntava: que cidade estranha é essa? A revista O Cruzeiro, os filmes da Atlântida, a Rádio Nacional – tudo confirmava a centralidade do Rio. Carlinhos, filho de Edith do Prato e meu irmão de leite, repetia que conhecer o Rio era seu maior sonho. Tínhamos intimidade com os nomes dos acidentes geográficos e dos endereços do Rio. As marchinhas e sambas de carnaval eram todos cariocas. As celebridades pop e as eminências intelectuais viviam no Rio. As gírias vinham de lá. O samba, que aprendêramos que “nasceu na Bahia”, tinha se tornado nacional ao virar carioca. Nossos sotaques eram caricaturados pelos humoristas do Rio – e nós ouvíamos o modo de falar dos cariocas como um modelo para locutores e cantores, sem que o ressentimento fosse maior do que a admiração. Portanto, chegar ao Rio não era chegar a um lugar estranho, mas ao centro do nosso próprio lugar. Tenho 66 anos. Na minha infância e na minha mocidade era assim. Hoje, não apenas admito que isso mudou: orgulho-me de ter contribuído ativa e conscientemente para apressar e aprofundar essa mudança. São Paulo era às vezes citada como uma cidade que “não pode parar”. Houve um dobrado marcial do seu quarto centenário. E só. A primeira menção a um logradouro paulistano que ouvi foi a “Rua Augusta” de um samba de Juca Chaves. Chaves era um subproduto da bossa nova que fazia uma caricatura desta para veicular sátiras políticas. Eu gostava. Embora eu fosse – e seja – um joãogilbertiano radical (ou talvez por isso mesmo), essas saídas para versões algo paródicas de estilos pré-bossa e para comentários diretos de atualidades me excitavam. Eu encontrava algo disso em Billy Blanco – e esse gosto teve, mais tarde, papel fundamental na minha captação das virtudes de artistas tão antagônicos como Tom Zé e Chico Buarque. Ouvir de Juca “Toda tardinha quando a Rua Augusta eu desço/ Se não me esqueço/ Para matar minha saudade/ Vou passear lá no Hi-Fi onde se ouve um samba em alta fidelidade”, com o detalhe de que “o dono da loja, um tal baixinho/ Muito chatinho/ Só quer ouvir rock and roll”, me fascinava. Era toda uma vida que se abria diante de mim: uma vida brasileira, urbana e rica, da qual eu não tinha conhecimento. Se me falassem de ruas do Recife ou de Belém eu não teria a mesma reação. Havia canções sobre essas cidades. O Ver-o-Peso era parte da cultura urbana brasileira. E o carnaval do Recife era tão presente nas páginas de O Cruzeiro que, em 1960, ao conhecer o espetacular carnaval da Bahia, eu fiquei surpreso, já que este nunca era mencionado nas revistas do Rio. Se eu ouvisse coisas sobre a vida em Porto Alegre ou em Fortaleza, isso tampouco teria o efeito que a notícia sobre a Rua Augusta me causou: essas outras capitais (todas as outras capitais) eram ao mesmo tempo mais conhecidas e menos importantes do que São Paulo. Sabíamos que São Paulo era uma cidade grande – talvez maior do que o Rio. Eu tinha a informação fria de que São Paulo produzia riquezas, tinha fábricas, muita gente trabalhando, muitos imigrantes nordestinos e estrangeiros. E procurava não pensar muito nisso. Meu irmão Roberto e minha amiga Sônia Castro me surpreenderam: tendo ido ao Rio e a São Paulo, ambos gostaram muito mais desta do que daquela. Era raríssimo ouvir-se isso. Quando eu e Bethânia chegamos a São Paulo em 1965, de ônibus, na seqüência de sua carreira na peça “Opinião”, tivemos a impressão de que saíramos do Rio para uma cidade do interior. Não uma bonita e cheia de sobrados antigos como Santo Amaro, mas uma sem charme como Feira de Santana. O próprio ar nos parecia provinciano. A gente acreditava que ela era grande, mas não sentia que ela o fosse. As ruas não exibiam perspectivas parisienses, como o Rio, ou topografias pitorescas, como Salvador. As pessoas na rua pareciam ocupadas e desglamurizadas. O sotaque italianado entreouvido nos transportes coletivos nos fez crer que se tratava de estrangeiros. Os anúncios gigantes feitos de compensado na porta dos cinemas da Ipiranga, reproduzindo as caras dos atores em pinturas canhestras, nos pareciam a expressão mais gritante do mau gosto. A platéia do show se compunha em grande número de mulheres vestidas para a noite, com jóias, maquiagem e saltos altos: nada da turma cool do Rio, de jeans e cabelos longos lavados. E, finalmente, as pessoas com quem conversávamos mostravam inveja benigna do Rio, da Bahia, do Brasil brasileiro. Muitas vezes pareciam pedir desculpas por serem paulistas. Foi Guilherme Araújo, um carioca, quem começou, em 1966, a dizer que São Paulo continha as potencialidades brasileiras. Tendo já vivido na Europa e usando a palavra “internacional” como elogio máximo a qualquer artista, Guilherme percebia que São Paulo nos abriria as portas da percepção do mundo, livrando-nos do provincianismo metropolitano do Rio. É difícil exagerar o quanto eu admirava Guilherme. A partir de 1966, ele alugou apartamento na Paulista, ao lado da Gazeta. Simonal morava no bloco de trás, que dava para a rua São Carlos do Pinhal. Eu o achava talentosíssimo e muitas vezes estivemos juntos, em seu ap ou nos jardins de cimento do prédio, Simoninha bem pequeno iluminando os encontros. Comecei a tentar mudar minha disposição em relação à cidade. Em breve eu estava saindo com Toquinho e Chico, com grande felicidade. Mas Guilherme pedia uma adesão radical, que superasse o estágio Rio do Brasil. Toquinho era a paulistanidade em pessoa. Mas Chico representava à perfeição o amor dos paulistas doces pelo Brasil brasileiro – e este não parecia incluir Sampa. Só mais tarde tomei contato com pessoas que olhavam para o Brasil com um jeito arrogante, como se fossem de uma grande cidade do mundo e tivessem que arrastar essa África às costas. Entendi que alguns queriam salvar o Brasil, outros, livrar-se dele. Passei a chamar isso (irresponsavelmente) de USP. Ainda chamo, com a mesma irresponsabilidade mas reconhecendo que é só para uso operacionalmente ainda eficaz. A história da USP está clara até no “Preto no Branco” de Skidmore. E tocante em “Tristes Trópicos”. Lembro de ler as páginas de Lévi-strauss sobre essa universidade para Zé Miguel ouvir e ficar na frente dele com os olhos cheios de lágrimas. Já faz anos que acho Feira de Sanatana charmosa. Sua natureza de entroncamento no nó do Recôncavo com o Sertão; sua prosperidade que resultou em elevação do nível intelectual de gerações novas (quando eu era menino, cidades como Santo Amaro e Cachoeira olhavam para Feira como se fossem professores e poetas olhando para um brutamontes); seu contingente de pessoas avisadas e civis. O paralelo com São Paulo sempre me voltou à mente. Hoje, com Feira liderando a vida acadêmica da região, acho que Santo Amaro, como o Rio, está com um ar de quem perdeu o bonde. A Folha, a Veja, o Fasano, a Daslu, a Sala São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa – tudo isso faz pensar em quanto Sampa é influente e interessante. O Oficina, Os Titãs, Os Racionais, a poesia concreta, o Hurtmold, o Nouvelle Cuisine, Céu, Tiê, Mariana Aidar, mil coisas fazem pensar que Sampa hoje é, como dizia John Lennon sobre Nova Iorque, “where it’s at”. Mas o Rio é o Rio. Mesmo a Bahia, que pareceu a Stefan Zweig um viúva enlutada (mas altiva), nunca perdeu a majestade – e hoje, depois da fase de talento político de ACM (em que pese o intragável arcaísmo de sua truculência e o fato de até hoje eu não engolir que o aeroporto 2 de Julho tenha ganho o nome do filhe dele num piscar de olhos – enquanto o Tom Jobim demorou e teve de manter o nome antigo: o aeroporto de Salvador chamar-se Deputado Luís Eduardo Magalhães é uma homenagem ao livro “Polígono das Secas”, de Diogo Mainardi) – e do crescimento concomitante e congenial da indústria do carnaval, com sua música vulgar e energética, tão cheia de poesia bárbara e doçura profunda que mereceu o apelido de “axé music” – a Bahia desenvolveu-se, modernizou-se, mostrou potência. Para o bem e para o mal (“Os Deuses da Aprovação”: o que é aquilo? Os adolescentes baianos perderam o senso de humor? Como é que aqueles professores de cursinho podem entrar outra vez em sala de aula e não ser saudados por estrondosas gargalhadas?), Salvador cresceu e enricou: há gente demais, engarrafamento, violência urbana. Mas há o Museu de Arte Moderna, o acervo arquitetônico do Pelourinho e adjacências, há o Parque de Pituaçu, há muita gente preta de carro novo bom. Há teatro. Há talento no teatro. Há Edgard Navarro e seu monumental “Superoutro” no cinema. Há provas de sobra não só de que a Bahia é a Bahia como de que as chances de lugares tão importantes recuperarem-se de fases depressivas são altas. O índice de homicídios decresce em São Paulo e no Rio. Cresce em Salvador, em Santo Amaro, no Recife, nas cidades do interior do Mato Grosso. É preciso levar em conta o fato de que DECRESCE em Sampa e Rio. Talvez seja uma onda em relação à qual Bahia, Recife e cidades menores estejam apenas atrasadas. Sou louco por hip-hop desde “Beat Street”, filme do início dos anos 80. Por causa dele compus “Língua”. Mas desde que vi garotos de moto com cara de zangados na Praça da Purificação, fazendo-a parecer-se muito com o Complexo do Alemão, tenho reação negativa imediata à política do rap. Em 1983 eu pensava que rap era a verdadeira música de protesto revolucionário: não era feita por intelectuais da classe média que se apiedavam dos favelados, mas por favelados. Hoje vejo que a moda da marra, o clima de bandidagem (mesmo que às vezes criticado na superfície) faz estrago e pode causar degenerescência em vez de libertação. Os Racionais permanecem como o grupo que fez “Sobrevivendo no inferno”, um dos mais importantes discos já feitos no Brasil. Mas o cômputo geral mostrando que há uma linha de influência que vem do gangsta rap até à Ilha do Dendê, com bravatas machistas-criminais e ostentação de champanhe e cadillacs, me causa profundo desconforto. Fica a glamurização de guerras entre facções de traficantes da coisa que mais odeio: a cocaína. O aspecto formal do rap é o que mais me interessa hoje: as levadas enganosas, o dedo no botão do sinc, a distorção prosódica. Claro que a política dessa cultura é mais complicada do que minha reação atual a ela. E os jogos formais são política bastante. Mas não posso pensar São Paulo na perspectiva do Brasil de hoje sem mencionar o câmbio por que passou minha apreciação dos Racionais e relacioná-lo com a reiterada notícia da queda da violência urbana nos dois grandes centros do país, mormente na capital paulista. Faz uns anos, alguns amigos cariocas iam freqüentemente passar o fim de semana em São Paulo: eram clubbers. A noite paulistana! E a sensação de que tudo acontece. São Paulo me pareceu, por muitos anos, muito mais sexy do que o Rio. Por causa da concentração e da intimidade dos encontros interpessoais lá. No Rio, era como se estivésemos numa festa, onde se vê tanta gente atraente mas não se chega perto de quase ninguém tempo suficiente para aprofundar uma relação. Hoje nem sinto mais isso direito. Felizmente. Mas entendo que sentisse. Na canção “Lapa” há muito do que penso sobre o Rio hoje. Como vejo sua força, sua potência. O renascimento dos blocos no carnaval é outro sintoma. Los Hermanos, Roberta Sá, +2, Marisa Monte, Teresa Cristina. O hábito de virem os artistas viver no Rio: Lenine, Alceu Valença, Djavan, Adriana Calcanhotto. A quase eleição de Gabeira. Mas enfatizo Sampa e seus atributos porque sei que ainda é preciso repetir. |
depois volto.
bjs.
jeezis, a campanha “deuses da aprovação” é realmente algo bizarrrrro! remete-me ao constrangimento de ver 300, o filme.
concordo totalmente sobre o rap, embora ache que o hip-hop brasileiro hoje, supera o pai americano, nesse lance de cadillacs, champanhe e correntes de ouro. lá nos states a coisa é sintomaticamente pior. é triste isso, ver o escravo querendo ser senhor. será que é possível que esses grupos de rap sigam o mesmo caminho de “o herói” rumo ao homem cordial? quero crer que sim.
no rock o problema é outro: cinismo e conformismo. confunde-se ironia, iconoclastia, niilismo e irreverência [não gosto dessa palavra, mas não acho outra] com cinismo. resultado: conformismo hedonista. mas rock n’roll é assim, caótico e irresponsável por natureza. e ele sempre se salva, não é mesmo?
http://www.vermelho.org.br/museu/principios/anteriores.asp?edicao=42&cod_not=860
ah, muito boa a música nova da banda “eddie” de recife. chama-se “desequilíbrio”. num mundo perfeito, é hit!
e vamo pra frente. beijo procê, caetanovsky da bahia!
o rio era ou tinha sido então há pouco tempo a capital do brasil, o coração do brasil e o pulsar mais forte de toda nossa cultura popular. sampa corria por fora - por fora mesmo, como você mesmo disse da “inveja benigna” dos paulistas em relação ao rio, bahia, recife. eu não tinha pintado ainda neste planetinha nesta época, mas sei claramente que havia essa distinção, um fosso abissal, entre rio e sampa até os anos 50 ou 60. e concordo que você, caetano, os demais tropicalistas, guilherme araújo, os poetas concretos, a própria jovem-guarda, ajudaram diretamente a descortinar o véu que cobria a cara de sampa para o resto do país. e eu, modestamente, incluo nisso tudo a presença da tv record, com seus festivais. mas penso também que a globo, durante a ditadura militar promoveu durante anos o estilo carioca, as coisas do rio, o sotaque carioca, como elementos padrões da identidade brasileira. e isso, nos anos 70 e início dos 80, com o crescimento vertiginoso da emissora carioca, as coisas do rio predominaram novamente, não só sobre as coisas de sampa, mas de todo o brasil, inclusive a bahia. no final dos 80 e começo dos 90 a coisa vira de novo…a folha, a veja, o fortalecimento do movimento sindical no abc ( iniciado nos anos 70 sob forte opressão do estado), o crescimento do pt e do psdb..penso que essas coisas, entre outras, colocaram sampa no topo novamente.
no futebol, ( quesito importante para nós..brasileiros)…penso que o rio teve seus maiores momentos de glória com o botafogo de garrincha e o flamengo de zico. por outro lado, o fato de pelé ter jogado no santos, a academia do palmeiras e mais recentemente a disparada de títulos importantes, em especial, do são paulo futebol clube, depois palmeiras, corinthians e o próprio santos…tudo isso coloca sampa na liderança do futebol brasileiro.
em relação ao quarto centenário da capital paulista, em 1954, e retornando a falar de futebol, a final do campeonato paulista daquele ano foi entre corinthians e palmeiras. o corinthians venceu. mas depois ficou 23 anos no jejum, sem ganhar nada. um fato curioso foi que o palmeiras jogou de azul, não de verde. foi uma idéia maluca de um dirigente palmeirense que havia sonhado que “se o verdão jogasse de azul seria campeão”. que triste sonho.
mas, enfim, é preciso repetir o que caetano, ao enfatizar sampa e seus atributos atuais???
Caetano
você me fez chorar agora. Pq mil coisas que eu epnsava, e as vezes não conseguia falar, u nem conseguia torna claras para mim mesmo aparecem d forma luminosa no seu texto.
como disse bethânia nuam entrevista no Pasquim em 1966 “você é o quente”!
Caetano
Centro e periferia sempre foram atributos das grandes cidades.Atributos esses que se aplicam até mesmo entre elas, em uma visão mundial.Países e regiões inclusas.
Esse conceito distintivo se esmaece com a globalização.A informação, até onde democratizada, é imediata, via Internet.Isso muda muita coisa.
É uma revolução na comunicação humana.Que estamos vivendo no mundo contemporâneo(veja, por exemplo, o seu blog.).
Se, ou até mesmo em função disso, ainda seria preciso repetir um certo”modelo”, eu não sei.Ou talvez queira acreditar que não.Mas vale a ênfase para Sampa.
A Experiência Internet é nova.Por isso mesmo ainda não são sabidas as suas reais consequências.Que sejam benéficas para todos.
Valeu a pena esperar pelo Rio/Sampa.Se o outro texto é mais específico, êste é mais abrangente.Suscitando mais questões.E isso é bom.
Saudações Globais
Affonso
Ola Caetano,
Gosto muito do blog. Parabens a você, Hermano e a toda equipe. Excelente os 2 últimos posts. Há tempos venho pensando que Rio e SP devem ser entendidas como 2 cidades complementares e seus texto apesar de apontarem as diferenças são uma oportunidade para refletirmos essa complementaridade.
Se São Paulo é a locomotiva do país o Rio é o vagão restaurante (eu quero um lugar na janela). São Paulo é bom para trabalhar e o Rio é bom para passear (um balneário parado no tempo). São 2 cidades que distam 400 e poucos km e hoje em dia isso é quase nada (há grandes metropoles antagônicas com tanta proximidade no planeta?). 40 minutos de voo, 4h30 de carro sem parar, 5h30 de onibus e infelizmente ainda não há um trem rápido. Com celular ou computador portátil, skype, videoconferencia etc pouco importa onde você se encontra. O grande barato é usar as 2 ciddades como sendo uma só.
Não falo do cinema, da televisão, de literatura e outras áreas por falta de intimidade mas deixo aqui a bola quicando para os demais cariocas.
Penso que a cidade está repleta de artistas que querem pensar novas relações entre arte, cidade e cidadania. Está na hora dessa gente bronzeada meter a mão na massa e inventar um futuro melhor. Falta articulação e muitas outras coisas mas há uma produção cultural fantástica e singular embaixo da nossa cara.
desculpem os erros que passara na pressa da digitação. o tempo é curto. obrigado pelo espaço.
Acabo de ler o texto! A primeira impressão que tive é que o texto de Caetano poderia ter paralelo com o trabalho do Chico “As cidades” (vejam quantas cidades são citadas, direta ou indiretamente no texto), embora o título esteja perfeito.
Questiono-me se as estatísticas que apontam o crescimento e o decrescimento dos homicídios mencionados por Caetano são de fato confiáveis. Acharia ótimo que o fossem também para as cidade do interior do Mato Grosso entre as outras mencionadas (a história da morte no ocidente ainda é real).
Falando-se em Sampa, bem caberia uma citação a Adoniran Barbosa e, consequentemente a Demônios da Garoa (entre outros); já falo como se o texto fosse meu e ele não é.
O Caetano e a USP
“Só mais tarde tomei contato com pessoas que olhavam para o Brasil com um jeito arrogante, como se fossem de uma grande cidade do mundo e tivessem que arrastar essa África às costas. Entendi que alguns queriam salvar o Brasil, outros, livrar-se dele. Passei a chamar isso (irresponsavlemnete) de USP. Ainda chamo, com a mesma irresponsabilidade mas reconhecendo que é só para uso operacionalmente ainda eficaz”
isto precisa se transformar em tese! (Tá bom, há quem não pense assim).
CONCORDÂNCIA: uma das coisas que mais odeio é Cocaína.
Seria redundância de minha parte dizer se gostei ou não do texto.
Tomando-se um dos ícones do texto DÉJA VU com o anterior - Chico Buarque, Caetano bem que poderia continuar a nos brindar com seu brilhante estilo de escrita, que, diferentemente de Chico com uma maneira mais hermética (o estorvo é um livro difícil)de escrever, nos bombardeia com informações claras, quentes, gostosas.
God save the king! Ainda acredito no Brasil porque Caetano Veloso existe e insiste. Disse (disse ou disseram que disse?) que o Brasil daria certo porque ELE queria que desse certo. E acreditei - e acredito. Sou carioca e moro em Sampa. Me tomei de amores pela cidade vindo fazer um trabalho relacionado a Lygia Fagundes Telles, outra paulista adorável e memorável. Cruzava, eventualmente, com o taxi de Haroldo de Campos na rua Monte Alegre, em Perdizes, e sabê-lo perto de onde eu morava era motivo de orgulho profundo. Caetano não mora em Sampa (que ele descreveu e eternizou na canção), mas só de sabê-lo brasileiro - e perto - me dá a sensação de que o país - imerso em inúmeras merdas políticas e culturais - tem jeito, sim. Caetano ilumina e esclarece, ou, em uma palavra mais exata: nos sinaliza. É um dos faróis mais sensatos e bonitos que conheço.
Lindo texto - bem mais solto pelas avenidas das lembrancas.
Hoje, na Nova Zelândia:
RIANZ WELCOMES GOVERNMENT’S FURTHER COMMITMENT TO TACKLING ONLINE PIRACY
24th March 2009
The Recording Industry Association of New Zealand (RIANZ) backs the government’s firm commitment to improve new legislation requiring action by Internet Service Providers (ISPs) to help protect creators’ rights. The industry will work with government and other parties to amend the new law to ensure an effective and reasonable approach.
The government announced yesterday that it will amend new section 92a of the Copyright Act to engage ISPs in tackling online piracy. This follows the failure to achieve a private-sector agreement between rights holders and ISPs on a Code of Practice that would set out the process for implementing section 92a.
Campbell Smith, chief executive of RIANZ, says: “The government acknowledges that New Zealand’s creative industries are suffering because of the impact of online piracy and it recognises that ISPs should play a key role in helping to address the problem.
“The delay required to implement the government’s decision to amend the law is obviously disappointing but that’s a price worth paying if the result is clear legislation that effectively addresses the problem.
“The recording industry worked hard with its partners in the technology sector to supplement the current version of Section 92a with a fair and transparent code for its implementation. The government remains committed to tackling unlawful file-sharing and has decided that it should mandate such a process through legislation. This means we can have a comprehensive approach that covers all players in the telecoms market.”
Background for Editors:
Ø The Government announced yesterday that it would be not implementing Section 92a of the Copyright Amendment Act as originally written. Prime Minister John Key told a press conference that “there is a need for legislation in this area” and Minister of Commerce Simon Power stated that “this behaviour is very costly to New Zealand’s creative industries and needs to be addressed”.
Ø Section 92a required ISPs to terminate, in appropriate circumstances, internet accounts that are repeatedly used for infringement, but did not set out the process by which this was to be implemented. The recording industry and representatives of the telecoms industry therefore discussed implementing a code of practice to complement to the legislation.
Ø Under the code of conduct, rights holders could have provided evidence alerting ISPs to serious infringement taking place through particular subscriber accounts. ISPs would have then sent education and warning letters to the holders of those accounts, notifying them that they were breaking copyright law. A system would have been set up for appeals of any errors in the notices. Only if a subscriber ignored repeated warnings would they have risked losing their internet account.
Ø The government decided to step in after legitimate concerns were raised about how the law would operate in practice as right holders and the telecoms industry had not reached a full voluntary agreement to deal with these issues. The government has undertaken to commence a review of Section 92a immediately.
HERMAN- CORRIJO ALGUNS ERROS DE DIGITAÇÃO QUE COMPROMETIAM A COMPREENSÃO DO COMENTÁRIO
Gozada essa história do Juca Chaves. Quando eu era garotinho achava legal aquele judeu narigudo dizendo “ajude o Juquinha a comprar seu whiskinho”.
Depois, pré-adolescente, esperava com ansiedade a minha vó trazer semanalmente os fascículos daquela coleção de vinis da Abril (ainda guardo todos). Juca estava ao lado de Billy Blanco, como se os dois guardassem mesmo certa semelhança. Havia humor mesmo em Billy, mas bem mais sutil. Eu era pequeno, mas já percebia que o canto anasalado de “O Preseidente Bossa-Nova” era farsesco. Isso porque já estava abduzido por João Gilberto. Mas adorava a canção mesmo assim. De um outro jeito.
Quando ganhei um disco de piadas do Juca Chaves de um amigo me senti feliz. A capa era uma privada. E noutro dia o vi no programa do Ronnie Von, igualzinho, descalço, com as duas lindas filhas negras e mil declarações de amor à Bahia e à sua mulher. Gostei.
Fico muito orgulhoso de São Paulo quando a descrevem assim, mais de longe, embora Caetano esteja mais do que perto. Morando aqui, não sinto todo esse toque cosmopolita e contemporâneo. Sou como Teteco, passeio de carro extasiado reconhecendo a minha infância em cada quarteirão da cidade.
Tenho um causo pra contar pros filhos vivido em cada bairro, nas padocas, nas casas dos pais dos amigos, nas praças.
Uma vez o Ed Motta me disse que se sentia em Nova Iorque quando ia à esquina da Teodoro Sampaio com a Cristiano Viana. Dezenas de lojas de instrumentos musicais vintage, vinis e songbooks. Ele já se sentia no “primeiro mundo” ao entrar no táxi. “Que serviço! Todos carros são novinhos e os caras educados!” Falava também da quantidade de bancas de jornal com revistas de música importadas.
Tudo isso é meio invisível pra quem mora aqui. Ainda somos mais impactados pelas diferenças sociai, a cracolândia, os moradores de rua e o trânsito nervoso.
No Rio, não. Embora haja tanta violência, tenho a impressão que os cariocas, inevitavelmente, ainda se impactam com as imagens de beleza e natureza explícita da cidade.
Tenho amigos cariocas duríssimos, sem grana, que estão bronzeados e felizes. E falam até com certo ufanismo do Rio, embora critiquem a violência. E tenho amigos paulistas, bem estabelecidos, abastados, morando em boas casas, se queixando da cidade diariamente.
O olhar de Caetano para SP é diferente do olhar de Ed Motta. Há mais tempo vivido em São Paulo por Caetano para notar diferenças e erosões do tempo que quem mora aqui mal percebe. E que Ed (pela idade) também não reconhece.
Houve mesmo avanço civilizador, mesmo com as injustiças sociais que são do Brasil e deixam marcas mais violentas nas cidades grandes.
Mas, parando pra pensar, o avanço na área cultural, é imenso. A Estação Ciência, o Museu do Futebol, o da Palavra, a música independente que deixa de ser alternativa para ser a trilha-sonora da metrópole, os projetos sociais com visíveis resultados, o teatro que deixa de ser teatrão para experimentar loucuras, as livrarias abarrotadas, os prestadores de serviço éticos, os concertos na Sala São Paulo, a Pinacoteca, Daniela Thomas na Oca, no MAM. Tudo luz cultura.
Mas pra quem mora mesmo, resta esses momentos de elogio vindos de quem não mora. É como se alguém dissesse “como sua casa é bonita”. “Como sua mulher é legal”. “Como seus filhos são inteligentes”.
Essas coisas que a gente não costuma dizer pra gente mesmo. A canção Sampa já havia prestado esse serviço de utilidade pública e estética. Agora esse POST. Maravilhoso!
Fico pensando o quanto somos privilegiados ao ler os POSTS do Caetano aqui. Será que tudo isso um dia será publicado? Os não-frequentadores do blog merecem. Não merecem?
Valeu, Caetano.
beijo na testa sotero-paulistana
salem
Rio: Rádio Nacional.
São Paulo: TV Tupi.
Essa é uma diferença bem interessante e áudio-visual.
Rio: gravadoras.
São Paulo: MTV.
Rio: beleza física com trilha-sonora
São Paulo: certa feiura com narcisismo introvertido
Um video-clipe que nunca vi. Música carioca com imagens de SP. Samba de Zeca Pagodinho com imagens do Tatuapé. Pedro Luiz canta Jardim Ângela. Alcione canta Bixiga.
Como já disse aqui, pros baianos foi mais fácil metabolizar SP. Nada mais paulistano do que Tom Zé, Raul e Sampa.
Paulistas também são melhores “olhando” o Rio do que o cantando. Alguém aqui se lembra de uma grande canção popular sobre o Rio feita por um paulistano?
Denis Brian, era de Campinas (se não me engano) e compôs “Bahia com H”. Mas cariocas cantando SP e pulistas cantando RJ é coisa rara.
in test
salem
A ENSP no rio e a escola de saúde pública da Bahia tem tb muitos encantos!
Ei Caetano, fala um pouquinho de Minas…
Caetano,
Por fim, gosto muito do fato de que as estátuas de Copacabana sejam de um mineiro (Drummond) e de um baiano (Caymmi). Migrar para o Rio é muito interessante.
Leal
A Globo tem tentado ser um pouquinho mais paulistana, mas não consegue. Faustão ocupa o espaço do Chacrinha. Chacrinha era Brasil. Faustão é paulista fazendo TV carioca. Mas Groisman é São Paulo pra caramba. Na madruga.
O humor e as novelas são bem cariocas. A Favorita se passava em SP, mas a gente só lembrava quando rolavam aqueles stock-shots com imagens de pôr do sol na Paulista photoshopados.
A Banda B da TV, como cê disse, é paulista, mas é de doer.
A esquina da Ipiranga com a São João na visão realista. Mas concretamente, está tudo lá, ainda. Houve desvalorização imobiliária dos anos 70 para cá. Mas há muita gente legal comprando aqueles apês maravilhosos, com salas amplas envidraçadas. Um amigo meu comprou um por uma bagatela e o reformou. É uma maravilha. Diretores de cinema, atores e atrizes têm feito o mesmo. O esforço da prefeitura com a tal revitalização (inclusive baixando ICMS de quem sem instalar por lá) ainda não teve efeito visível. E a higienização do secretário Andrea Matarazzo, tucano, que insiste em recolher moradores de rua, é solução de quinta categoria.
Mas de 2 anos pra cá, há alguma melhora. Os cinemas, como no Rio viraram casas de streap. Mas isso até incomoda pouco. O clima deprê-cinza diminuiu. O nome do bar é Bar Brahma e continua lá com shows constantes dos Demônios da Garoa e Cauby.
Vi Jamelão lá, na sua última temporada. Um show de 2 horas. A cada Lucínio que ouvia, entre margueritas, ia entrando numa emoção indescritível. Saí do tempo e do espaço. Havia um século de música, arquitetura e emoção naquele campo magnético.
É verdade. O país canta a Bahia. E canta o Rio. Mas só Caetano e Tom Zé cantaram São Paulo tão explicitamente. São Paul. apesar de encantável, parece incantável.
Mesmo os paulistas (fora Adoniran e Tatit) têm certo receio. As palavras Copacabana ou Ipanema ou Leblon estão em centenas de canções feitas por baianos. As palavras Salvador, baiana, acarajé, Bahia estão em centenas de canções feitas por cariocas.
Mas Sumaré, Morumbi e murissoca (que são de origem indígenas e muito sonoras não aparecem em letras).
É no rap que a gente vê a cidade mais descrita e com nome aos bois e locais.
São Paulo não olha pra fora. Olha pra dentro. Outro dia, no Rio, em pleno trânsito, reparei como os motoristas ainda olhavam a cidade.
Em São Paulo, nos semáforos, todos parecem estar olhando pra si mesmo. Pensando no próximo passo. Em trabalho. Ou na vida. Carros em SP são verdadeiros escritórios ambulantes. As pessoas despacham em viva voz. Falam sozinhas.
Olhar pra dentro é um belo treino dos paulistas, mas turva a imagem exterior da cidade. É comum passarmos diariamente por um mesmo local e repararmos só depois de anos que há uma frondosa árvore ali.
beijo na testa
salem
Hombre, que texto bonito e que comentários interessantes!
A distância faz bem para entender o Rio. Saí de lá com 10 anos, voltava sempre a passeio. Aos 30 quando fui a morar definitivamente, depois de 20 anos entre Vix e Sampa, o Rio me pareceu um mundo novo. É meu porto, meu lugar no mundo, para o bem ou para o mal.
É uma cidade aberta, com caráter. Uma cidade com alma. Demorei a me encaixar outra vez: há uma maneira de viver aparentemente simples, mas rola uma segmentação nas relações muito curiosa. No Rio descobri que muitos cariocas têm amigos-gavetas, um pra cada hora do dia.
São Paulo, como dizem os madrileños, “mola”, mas o dia-a-dia do trânsito, da pressa, do carro full-time, dos restaurantes, das distâncias afasta e cansa. Deve ser por isso que ir pra curtir e voltar no fim do dia “mola” muito mais.
São cidades paralelas, por isso pra mim é complicado compará-las. Da última vez em que estive no Rio, me impressionou a quantidade de jovens paulistas “fazendo turismo” no Rio: nos bares da Lapa, nas praias, no carnaval.
Vivo em Madrid há 7 anos e há um certo ar paulistano por aqui, apesar das diferenças enormes de cultura e de geografia, claro está. Há muitos imigrantes brasileiros em Madrid agora e a maioria é paulista. Não deve ser aleatório.
Barcelona tem outro ar, tem bairros meio decadentes, tem um leve gosto carioca, apesar dos catalães serem um ponto e um a parte.
Enfim, as cidades abrem mundos de significados que também dependem do nível de intimidade que estamos dispostos a ter com elas. Eu sou do tipo que vai fundo.
São Paulo é o centro.
A capital federal sofre desse déficit de brasilidade; sofre com a identidade cultural não formada. Sofrendo e buscando alento. Um dia nos formamos e isso aqui vira uma nova São Paulo no Brasil. Será?
Tem algum brasiliense aí pra ousar?
Caetano!, se me permite gostaria de falar um pouco sobre um dos aspectos que mais me chateiam em Salvador e que acho que contribui e muito negativamente para a imagem da cidade: a má qualidade na prestação de serviços. Até brinquei um pouco na sua postagem anterior, mas o problema é sério e algo crônico.
Para uma cidade do porte, da importância e da fama de Salvador é inadmissível que continue a ter tantos problemas de atendimento e na prestação de serviços básicos. Tudo é no jeitinho, na ginga, na paciência. Para quem conhece outras capitais e mesmo outras cidades nem tão grandes, é insuportavelmente irritante. É a eterna ausência de troco (sob a alegação de que “ó… acabei de abrir o caixa” ou “comecei a rodar agora, pai, tem menor não? Peraí que eu desço e troco, na moral”, como se fosse natural abrir um comércio sem troco! - isto no cinema ou com os taxistas, não precisamos nem ir aos pobres vendedores ambulantes). É o cardápio nos restaurantes com opção que “esse não está saindo”. É o cobrador do ônibus que fica lá conversando com o motorista, espera o ônibus encher e daí vem cobrar a passagem, pega seu dinheiro, pergunta onde você vai descer e some no meio da multidão, enquanto o usuário se desespera e fica com torcicolo de tanto procurá-lo. É tudo muito complicado.
O serviço nos bares, lanchonetes, barracas de praia todo é deficiente, com algumas exceções. Atendem como se fizessem um favor, como se as belezas naturais da Bahia e toda a sua cultura fossem o suficiente. Por que isso? Não deveria ser justamente o contrário? Tratar bem os turistas para que eles voltem sempre?
Eu conto e acham que é piada, mas foi verdade: parei o carro e minha esposa foi a uma lan house daquelas que tiram xerox e fazem mais mil coisas, onde havia uma placa “temos internet”. Volta ela: “Perguntei pela internet e a moça me disse que ‘o menino saiu’. Perguntei se ele ia demorar e ela: ‘ele volta em março!!!’”.
Por último: Salvador é uma cidade turística onde é extremamente difícil comer à noite. Na Piedade tinha umas barraquinhas de cachorro-quente que já mataram a fome de muito notívago, mas acho que não tem mais. Da última vez, tentei pedir uma pizza às duas da manhã e dez minutos depois do pedido recebo a ligação: “Ó… vou ficar lhe devendo”, e eu: “Mas não é 24 horas?!”, e a moça: “É, mas é que o motoqueiro saiu para entregar lá perto da casa dele e de lá mesmo ele já vai pra casa”. Um amigo de Curitiba, que estava hospedado lá em casa, quase me matou de tanto sarro e eu não pude responder nada. E fomos dormir com fome na capital da gasolina mais cara do Brasil.
Saudações!
Caetano, fala um pouco de Teresina, pois eu sei que você tem ligações transcendentais aqui.ou não?
Boa Tarde!
mano brown nasceu dela. e Itamar Assumpssao escreveu que entre o sim e o nao existe um vao.
palavras sao fortes. delicadas. transitivas. às vezes intransitivas. mas nisso devemos deter nosso olhar.
liberdade. igualdade. fraternidade
Caetano,
O governo do PT da Bahia inaugurou agora um novo sistema viário aos arredores do Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães. Chama-se “Complexo viário Dois de Julho”. Eu fiquei com uma sensação que seria melhor não ter batizado esta obra com este nome, pelo seguinte: é como se eles agora estivessem dizendo “tudo bem, o nome do Aeroporto merece ter sido mudado, a data dois de julho só faz jus mesmo a esta obrazinha periférica”; ou também “pessoal, nós não temos o poder para mudar o nome do Aeroporto, então vamos nos contentar com isso aqui mesmo”.
Também não me conformo. Aeroporto é Dois de Julho.
Salem, e hoje?
A esquina da Ipiranga (ou Ypiranga?) com a São João hoje é repleta de puteiros (Caetano, era assim também na época a qual vc se refere em Sampa?), e tem um bar famoso. Na Paulista, eu realmente não me sinto no Brasil. Não conheço nada no Brasil parecido com a Avenida Paulista, com toda a sua grandiloquencia (tem circunflexo ainda?). E na primeira vez que fui à São Paulo peguei 05°C. Para um soteropolitano, que sai de casaco quando faz 19°C - o que é raro - imagine a situação. Ou seja: eu realmente não estava em casa.
No Rio, apesar dos pesares, eu ainda me sinto em casa.
Salem, não me lembro mesmo de canções de paulistas falando do Rio e de cariocas falando de São Paulo. Mas isso me lembrou de uma coisa. Drummond fala, num trecho de um poema, o seguinte: “É preciso fazer um poema sobre a Bahia… / Mas eu nunca fui lá”. Depois acabou fazendo mesmo sem ter ido. Ary barroso fez “Na Baixa do Sapateiro” sem também nunca ter ido à Bahia, pelo menos até então. Não sei se Noel Rosa foi à Bahia, na biografia dele que li não consta esta informação, mas ele tem um samba chamado “na Bahia”, que diz “Todo santo dia nasce samba na Bahia”, diz também “Em São Salvador, terra de luz e de amor / Só o samba cabe, disso todo mundo sabe”. Isso eu tinha vontade de saber também, que curiosidade é essa que a Bahia causa nos não baianos. E que texto de Bahia é esse, já que há a Bahia de Canudos, a Bahia do Recôncavo, a Bahia do Cacau…
Relendo meu prório comment tive uma resposta: que o texto que se faz da Bahia pela galera de fora, pelo menos nos exemplos que dei, é o mesmo texto de Salvador. Nem é uma coisa “alinhavada” de sertão, sul e capital.
caets…
é, Rafael
um dos motivos pelos quais não me adapto muito ao Rio são essas “relações ventadas”, “vamos fazer algo, passa lá em casa, a gente se vê” e esse vamos fazer não acontece nunca. e no tempo de um encontro pra outro, já fiz muuuuuuuuuitas coisas diferentes. rs rs aqui no sul não funciono assim. sou bem cabeçuda até.
caetano que maravilha! suas observações foram ótimas.os deuses da aprovação é um mico.
Salem,
o rio tem a beleza natural que grita, mas eu acho sampa excelente para passear, pra morar é que o bicho pega, tanto no rio como em sampa. outra coisa: nos lugares onde existe área verde, são paulo é agradabilíssima. tem aquele parque em higienópolis, cujo nome não lembro [sorry], ibirapuera…tem uns bairros bem legais, tipo perdizes, pompéia…e eu adoro a avenida paulista. é lindo, cara. é cinema! e no meu planeta, são paulo sempre será rita lee e os mutantes!
esse blog “é o quente”…adorei essa gíria, já adotei!
A cocaína esta acabando com o Rio.Esta cidade é para se contemplar.Essa cheiração ao nível do mar é devastadora.O povo não gosta de trabalhar muito mesmo essa que é a verdade então se eletrizam com pó,fica aquela falação desatinada corrida acelerada bombada neurada.O Rio é para se contemplar.Antes que falem que também se cheira muito em Sampa o caso é que la tem mais altitude e atitude condizentes.Os cariocas já são uns egóicos natos. Para que aumentar mais ainda com trem artificial.Tem uma turma lá que quer voltar a ser Guanabara.Eu acho um besteira.Os caras tem assimilar que o estado é do Rio de janeiro como a cidade de São Paulo é do estado de São Paulo.São Paulo só lucra em ter grandes cidades no seu interior.O Rio não aprendeu a lucrar com isso e despreza seu interior tão maravilhoso quanto seu umbigão sujo e malarrumado.Ninguém quer arredar o pé do Rio cidade.E é ridículo para se chegar confortavelmente a qualquer ponto do estado ter que passar pela capital.O Rio ainda é assim.Eu sei porque moro onde todo pais atravessa e estou fora de rota.Belô é fora de rota.Aécio sabe disso e sofre.Tadinho!
Pessoal
Paulistas cantando o Rio eu até disse que era razoavelmente frequente. O que queria era conhecer alguma canção sobre Sampa feita por um carioca. Tem?
in test
salem
Caetano, como funciona a contagem de geração? Tom Zé é da sua geração? Ele é 6 anos mais velho que você. Arnaldo é 6 anos mais novo. Arnaldo trabalhou tanto com você quanto com Tom Zé. Vocês três começaram na carreira discográfica praticamente ao mesmo tempo. Tom Zé é 8 anos mais velho que Chico Buarque, isto os coloca em gerações diferentes? Só tentando entender.
Curiosamente Chico Buarque parece muito mais vinculado à geração anterior do que Tom Zé. Raul Seixas era apenas 1 ano mais novo do que Chico Buarque e também parecia bem mais distante deste do que dos tropicalistas.
Alceu Valença (e também Belchior) é dois anos mais novo do que Arnaldo Baptista e no entanto pertence(m) à geração seguinte? Zé Ramalho é 1 ano mais novo do que Arnaldo, mas parece eternamente ligado à geração de Alceu e Belchior.
Opa!, quis dizer obviamente que Alceu e Belchior são dois anos mais ‘velhos’ do que Arnaldo, não mais novos.
É isso, Glauber: Chico é carioca, por incrível que pareça! Nasceu no Catete, se não me engano. Ele vivia em São Paulo e passava as férias no Rio, isso até os 20 e poucos anos, quando foi morar no Rio, depois em Roma, depois no Rio de novo.
E peguei carona com ele sim! Quando cheguei no Baixo Leblon, fim da viagem, fiquei ligando pra todo mundo em Salvador: “CARALHO! PEGUEI CARONA COM CHICO BUARQUE!” Hehehe! Um dia desses eu te conto mais!
Dos Anjos, se vc fala que as músicas de Vadico que falam do Rio são as parcerias com Noel (não conheço outras de Vadico), acho que essa conta aí é do próprio Noel, que era o letrista. Não?
Eu ia comentar no post passado que também achei São Paulo feia. E a cidade que me veio a cabeça foi Feira de Santana. Mas só fui conhecer Sampa sexta passada, quando lá cheguei pra ver Radiohead. Sou de Salvador mas morei uns meses em Feira pra estudar na UEFS. Assim que eu saí do Aeroporto de garulhos e comecei a assistir a cidade pela janela do ônibus, com ruas feias, calçadas sujas, predios sobre predios e quase todos muito feios, pensei: aqui parece Feira. Mas resolvi desdar o credito da minha opinião por ter um preconceito defensivo em relação a SP - do mesmo jeito que muitos pretos não gostam de brancos. Depois de pegar o metrô - e entender o que é metrô - subi para a cidade já a noite e fui andando até a casa de minha amiga. O frio, os jovens andando em grupo(todos muito empolgados e felizes), as japonesas “fruits” e tudo mais que vi, me deram uma suspeita que talvez tivesse algo de bonito por ali.
Salem, algumas de paulistas sobre o Rio ou quase:
José Miguel Wisnik e Paulo Neves
São Paulo Rio
Não sei se vale mas acho que Guilherme Arantes fez alguma ode ao Rio e Vadico, um dos grandes parceiros de Noel, que era Paulista.
Abraços…
http://www.myspace.com/nilzecarvalho
estou escutando novamente adriana calcanhoto, mas me lembro de itamar assumpsao. por que será que em minha fala eu esqueci justamente o “nao”?
Algo que me causou ótima impressão quando cheguei ao Rio há pouco mais de um ano, foi o fato de chegar em prédios de amigos e primeiro entrar para depois dizer quem sou e onde vou.. Faça chuva ou sol.
Menos grades, menos refletores, menos luzes que acendo ao andar.. Sutilezas (são muitas) que me fazem achar essa cidade maravilhosa muitíssimo interessante, ótima de morar…
erica, leia o ensaio de francisco bosco sobre essas características dos cariocas. e depois pense nisto: sendo assim como é, a sociedade carioca produziu machado de assis, pixiguinha, tom jobim, niemeyer (que, segundo burle marxc me contou, era um típico carioca de praia, pouco informado e pouco rigoroso), cartola, nelson cavaquinho, nelson rodrigues (nasceu em pernambuco, mas não tenho a superstição de alguém aqui que quase disse que carmen miranda ter nascido em portugal é que fez dela uma cantora de samba relevante), millôr, paulo francis, cauby, Iangela maria, francisco alves, seu jorge, los hermanos…
glauber, também adoro são paulo para passear e acho que a cidade é boa para desestressar. e, além, de rita ser sua mais completa tradução, sampa é a terra de sérgio e arnaldo (em quem não penso exclusivamente como compositor e que não considero de minha geração: bastante mais novo - por isso não está no páreo).
luedy, adoro os racionais tanto quanto você - e pelos mesmos motivos. concordo com todas as observações e escolhas que você fez. “sobrevivendo no inferno” é o melhor. tudo é bom. mano brown é grande escritor e rimador e tem carisma. meu problema é com a mensagem não deliberada que termina preponderando. claro que há chapanhe e carrões na capa dp disco duplo. mas não é só isso. em “sobrevivendo” já estava lá isso tudo. o rock tem o problema que você citou e outros. o samba tem os seus. todo estilo e todo gênero têm. mas eu estava falando do rap. os garotos de santo amaro e guadalupe que imitam a onda da marra não se perguntam se os racionais têm e expõem dilemas a respeito da violência. em mim, que pertenço aos dois lugares mencionados, causa dor ver as conseqüências. você dirá que são conseqüências da violência do mundo, que os artistas que a têm como tema não são responsáveis. concordo. entenda que o que teve de mudar foi minha percepção política da obra estética nascida dessa voga. essa reação causada em mim deveria fazer pensar para além do que já pensava quando tomei contato com o hip-hop. uma aprovação política do movimento foi expressa por chico buarque e por tinhorão justo quando eu estava sentindo esses problemas. isso é o que precisa ser pensado. mas nem chico nem tinhorão têm a intimidade que você tem com a bora dos racionais. eu acho que “tô ouvindo alguém me chamar” é a mais linda faixa deles. suponho que chico ou tinhorão (tão abissalmente diferentes como são um do outro) não saberiam do que é que você está falando. mas isto aqui não é para mostrar que sei mais ou que tenho mais razão: é sobretudo para deixar minhas limitações à mostra. deixei de ter a identificação política que tinha com os racionais desde que vi os garotos marrentos de santo amaro e soube da existência de um “dono” da ilha do dendê e de um “dono” que inclui guadalupe em sua jurisdição. alguém orou aí para que mv bill ou rappers trilhassem o mesmo caminho do “herói” de minha música. pois bem: mv bill, para mim, já o trilha. mas bill, com todas as coisas lindas que já fez em rap, não chegou à genialidade de brown. a grandeza de bill vem do acompanahmento que ele faz via livros, filmes e atividade política. o resultado do conjunto da obra é forte. ele não precisaria dos complementos. mas mno brown pode dispensá-los com muito mais folga. você me entendeu?
esses textos sobre rio/sampa estavam na geladeira há séculos. saíram porque quis postar logo algo que nos levasse paralonge de discutir politicagem eleitoral e porque já estamos quas terminando esta obra. mas são textos redundantes para quem já me ouviu falar, leu entrevistas ou artigos antigos.
Oi Cibele, muito bom seu texto. Converse com Salém que está tratando demasiado superficialmente o tema. Salém, só para reforçar, eu te amo.
Eu sou de esquerda.
Só que toda vez que penso no assunto, enquanto definição, me aproximo muito da meritocracia burguesa evolucionista escrota e me sinto muito mal e confuso.
Eu fiquei muito animado para escrever muitas coisas, só que sem o mínimo de tempo ia ser muito confuso. Estou viajando a semana toda e para ter idéia de como tou viciado nesse blog tou lendo sentado no chão do aeroporto de São Luiz do Maranhão.
Othon, sou contra o aborto pois na minha visão de mundo aquela solução temporária encontrada cria mais problemas depois. Religiosamente falando.
Caetano, só lí agora seu post e comment, depois de já ter escrito algo, típíco da minha pessoa. Vamos para longe….
Vc gosta de Feira!!???!! vc é uma figura mesmo…
Uma coisa engraçada, quando estava no segundo grau, eu e os colegas inventamos a expressão “gata internacional” para quando uma menina era bonita mesmo.
essa loucura toda que está acontecendo no rio deve-se ao enfrentamento do estado aos locais onde acreditam estar o criminosos. hoje já não sei se estão certos ou errados. vi em algum lugar que tiveram bons resultados.não sei, realmente não sei. hoje vindo da faculdade, passando pela Lapa, o ônibus fez um barulhão, uma explosão… ficamos todos assustados. quebrou o eixo de não sei o que. haviamos pensado no pior: tiro ou bomba.
assim como Caetano comentou, prefiro acreditar que sim, as coisas estão melhorado.
Há quem compare Tijuca com São Paulo… não entendo muito bem quando falam isso, mas concordo. Quase todos meus amigos cariocas são da Tijuca e Grande Tijuca, isso desde quando morava no Flamengo.2004. Era a turma do SESC Tijuca, das aulas de teatro e do projeto Geringonça. Caminhávamos nas madrugadas em direção a um supermercado 24 horas, onde comíamos e passávamos toda a madrugada jogando conversa fora. E tinha também as festinhas. Noites viradas na companhia de pessoas maravilhosas e inesquecíveis.
um dos motivos de morar no Maracanã é por querer estar próximo desses amigos.
bjs.
Quem perguntou sobre musica sobre SP feita por cariocas?
“São Paulo - SP” foi compotsa por 3 cariocas e 1 paulista: Fernanda Abreu, Fausto Fawcett, Laufer e Liminha.
êba, tarefa pra mim!
depois que eu ler, escrevo mais.
mas já veja assim: me referi a um pedaço doente, que está gerando coisas muito pesadas para o Rio (poderíamos observar assim em outras cidades também, é claro), enquanto massa. e nesse sentido defendo a via dos bailes funks (não só como manifestação artística e cultural, mas também como pura e simples via de expressão e transformação em massa), por ex, que proporcionam um bom movimento de massa, uma via de expressão dançante e criativa e que lida com energias básicas, de raiz, conteúdos latentes.
creio que uma benção do Rio é essa capacidade de mostrar e gerar muitas belezas (para levar graça e beleza à vida de outras pessoas), mas tem muita gente enfeiando e fazendo coisas feias pra isso estar acontecendo, então, algo está proporcionalmente em desequilibrio.
enfim, minhocas que me saltam enquanto passo horas deitada, fazendo nada aos olhos de quem só vê de fora e não acompanha o todo dos movimentos
ah, sim
Encontrei este site interessante sobre São Paulo -inclusive letras de músicas falando da cidade.
http://www.saopaulominhacidade.com.br/musicas.asp.
valeu Glauber, desconhecia a vizinha e gostei demais…eu poderia falar 5 horas sobre as maravilhas do Rio de Janeiro, todos vcs sabem, mas eu acho que foi mal olhado, mandinga, coisa ruim o que se abateu sobre essa cidade, é tão cruel com a população. É um desastre do Brasil. Eu gosto de índice, fiz Economia, tenho um certo fascínio nos números, e sei que um montão é menor que um porrão, mas tudo é bastante. E vou ousar porque a ousadia é também uma característica do carioca, o Rio continua a ser o tambor do Brasil mesmo sem ter a primazia econômica e política, e a fotografia do que se passa no Rio é a fotografia do que se passa no Brasil, um não tem jeito sem o outro. Obama quer vir ao Rio e o Cristo Redentor é o santo padroeiro do Brasil.
Hermano me chamou a atenção (em e-mail brevíssimo) para um comment sob post antigo. Trata-se de um excelente texto de André Nemi Conforte ( http://www.obraemprogresso.com.br/2009/02/21/carnaval/#comment-18058 ), referente à discussão sobre socioligüistas versus gramáticos. Concordo com as conclusões dele e também com a idéia de que se ganha muito quando se “perde” uma discussão. Um papo que faz mudar qualquer coisa em nós é um acontecimento. A única ressalva que eu faria é quanto a Pasquale ter deixado de “simplesmente buscar erros em letras de música”. Isso porque, embora saiba que a intervenção dos lingüistas o fez mudar, não posso esquecer de que Pasquale, desde muito cedo, aprovou os “erros do meu português ruim”: coloquialismos, você e tu, pronome reto no lugar do oblíquo - tudo o que sempre houve em minhas músicas foi acolhido por ele como uso exemplar da língua. Claro que ele deve adorar (como eu adoro) meu uso espetacular (nesse caso não cabe modéstia) da mesóclise em “Os passistas” (da mesóclise e de ênclises pouco usuais no português brasileiro). Mas nunca apontou o dedo contra minhas misturas pronominais nem meus “deixa eu cantar”. Vou ler os livros que Conforte me recomendou. A verdade é que não leio gramática nenhuma desde a escola. E livros de lingüística, além de Jakobson e Saussure cedo demais, só o que ganhei de presente de uma mulher muito bacana da Unicamp e dois de Bagno. Somo a isso a consideração que o telefone sem fio entre gramáticos e sociolingüistas pode ter ajudado a criar o mito de que se crê que alguém quer abolir o ensino da norma culta. É evidente que havia (e há) certa hostilidade à idéia de norma culta que, atrelada à adesão a Lula, empobrece a argumentação dos lingüistas. É bom o que diz Conforte não só pelo “in medio virtus” (Torquato Neto odiava esse princípio aristotélico porque o identificava com a mediania, a mediocridade - eu, que ouço tanto que só há esquerda e direita, centro não, e digo que o artista pode e deve ficar não em cima mas muito acima do muro, nunca me senti mal com essa versão tomista da tirada de Aristoteles): importa também a decisão de não se enfraquecer a língua que falamos, de não se deixar atrair pelas forças que a querem fazer chafurdar na sarjeta da periferia onde já vive. Gramáticos e lingüistas devem contribuir para fortalecer nosso domínio da Língua através de uma relação saudável com a língua que nos foi dada como porta de entrada. Eu também luto uma luta e tenho um objetivo claro: o aproveitamento da oportunidade-Brasil para a criação de uma vida humana mais digna. Sem enganos.
Desculpem o tom algo bombástico da parte final do comment acima: foi a força do texto de Conforte que me levou a isso.
Caetano é quente é demais…o BlogCaetano está quentinho, saiu do forno mais esse pãozinho, parabéns Caetano, como é bom esse cantinho.
ou não…
esses textos sobre rio/sampa estavam na geladeira há séculos. saíram porque quis postar logo algo que nos levasse paralonge de discutir politicagem eleitoral e porque já estamos quas terminando esta obra. mas são textos redundantes para quem já me ouviu falar, leu entrevistas ou artigos antigos.
então tá.
Vellame mon amour
Sou superficial, mas não o suficiente para lembrar que o comentário da Cibele, ao qual você fez referência está publicado no POST anterior. Voltei lá e li.
Gostei do que ela escreveu, mas não desgosto do que escrevi sobre o que você chama de tema. São jeitos e abordagens diferentes. Ela atentou para o café com leite. Eu revi a trejetória de Serra como filho de imigrantes calabreses crescido na cultura do pequeno empreendedorismo, adolescido na UNE e amadurecido no exílio. Não acho que isso seja superficial. Acho relevante, sim.
Falei também das suas relações com o empresariado e a direita. Do seu refugo em SP na promessa de que não se candidataria ao governo. São fatos que não estão na superfície.
Também mencionei que ele não imprime um estilo que podemos chamar de “serrismo”.
E disse que Dilma ainda era um mistério em muitos aspectos. Não é?
Também fiz devaneios a respeito do Palmeiras de Serra e Beluzzo. Brinquei com isso.
Assumo que vejo a política com olhos dispersivos (não superficiais). Me acostumei a isso e muitas vezes errei e acertei por conta dessa resistência ao editorialismo. Não sou jornalista, analista e nem economista. Se eu me privar da minha visão matizada pela estética, perco os sentidos.
Prometo tentar me aprofundar, mas dificilmente abandono meu snorkell e raramente deixo de colocar a cabeça pra fora d’água. Nesse aspecto, a superfície me trás oxigênio. E a profundidade pode afogar. Não gosto da pol´tica abissal. Sou comentarista de botequim mesmo.
beijo na testa
salem
“a superfície me traZ oxigênio”
sorry
Uma coisa é certa; não consigo ficar muito tempo longe de Sampa. Tudo faz falta, o que é bom e o que não é também!
Caetano!
Sobre o neonacionalismo e a necessidade de uma plataforma digital para o comércio da música brasileira e da decorrente alteração do procedimento de baixar sem pagar:
De fato são as matrizes que recebem os royalties das plataformas ( foi assim no vinil, CD, DVD, e até no rádio transistor), cabendo a música brasileira ser o software e em algum momento obter sua participação na geração dos lucros , se propagar e se difundir através…
Mas quem reinvestiu em ciência e tecnologia foram as matrizes, e o fizeram, de alguma forma gerando um novo padrão de consumo, que atualmente ainda se apresenta com mais vulnerabilidade porque é mais disperso e difuso …
no Brasil, quando é que haveriam condições de capitalização para gerar uma plataforma competitiva ?
Não seria isso um sonho-delírio nacionalista em sua vertente militarista, quase, a mesma que fez a lei da informática e fechou o mercado por 8 anos, atrasando toda uma irrigação de eficiência no setor produtivo ? a mesma fantasia que quase nos levou a aventura de criarmos um padrão de TV digital 100 % brasileiro, em boa hora neutralizado pelo Lula … que enxergou com seu senso comum meio bruto, que o caminho mais rápido para digitalizar a TV popular no Brasil seria incorporar um sistema já feito e testado, e por isso acabou sendo acusado de cair sob o lobby da Globo, acusação que foi plantada na imprensa pelo lobby europeu da Telefonica, que disputava com os japas (e americanos, mas este é o sistema mais antigo, pior, e os nacionalistas, que ainda bem não deu nem para a saída) …
Então, o que seria especular sobre a necessidade dessa plataforma ITUNES ? Reinvidicar uma base de desenvolvimento para o negócio da música e da imagem no Brasil via Internet, levando em consideração a experiência produtiva adotada com sucesso no mundo afim de projetar competitividade e procedimentos civilizados. Vamos considerar.
Erica,
“minhocas que me saltam enquanto passo horas deitada”. uau. você é poetiza laureada e visionária. adorei.
Salem,
só aceito devaneios poéticos com o glorioso Palestra, mas não pejorativos rs.
Caetano, Glauber, Salem, Hermano, Alemão, Helô, Exequiela (sumida), Castelo, Luedy…vamos desestressar a vida passeando por São Paulo. “É sempre lindo andar na cidade de São Paulo..”
um abracadabraço ao chef Mané Young e ao pessoal do Língua de Trapo.
Vcs viram o Francis entre os notáveis cariocas do Caetano? Bonito…
Vinicius de Moraes, o maior, nasceu na Gávea e é carioca da gema.
Dois exemplos do que falo, junto com Sampa, minhas favoritas sobre São Paulo:
Abraços…
Saudosismo, meu caro, saudosismo. As cidades não são o que pensamos dela, mas que pensamos de nós… nelas. Em Londres e PAris, já fiz uma ode a Salvador como se nada pudesse perturbá-la ou ser superior. Misturas, cosmopolitismo etc. De cá, na volta, uma saudade imensa dos parques verdes londrinos, da falta do toque. Aqui, agora em SP, a falta do toque sem toque soteropolitano. Mas me adequando. A maior falta é da cor de lá. As pessoas são boas e más, os estereótipos idem, mas as cores a gente identifica numa propaganda, num comercial da Discovery. Sinto falta das cores de lá e quereria morar lá como num abrigo da infância, no colo da mãe, mas até as mães nos dão impressões adultas e expurgam a inocência do nosso lar(lugar). Zona de conforto, nosso preto ser diferente dos demais, só o saber de confiança, confiante. So crendo no nosso lugar, como inexpugnável, indestrutível, afável, amável, apaixonante. Troco Salvador por quaisquer coisas demais, minha mulher, minha mãe, meu pai, minha São Paulo. Troco por saber que não me trai, não me engana, está, é, será, sempre daquela cor. “Na terra em que o mar não bate (daquele jeito) não bate o meu coração”
Lembrei!
A “Sinfonia Paulistana” é de Billy Blanco, que é de Belém do Pará, embora pensem que seja carioca.
Cresci indo pra escola ouvindo “não para / não para / olha a hora / não para / não para” na rádio AM Jovem Pan.
Aquele refrão servia como um red bull matinal pros paulistanos irem pro trabalho estimulados.
Na época a Jovem Pan dominava o horário. Eu, lembro que ficava meio deprê com aquele estímulo na contramão do meu sono de moleque. Era como se eu ainda não estivesse em sintonia com a cidade que já acordava excitada.
Quando escutei “Manhã de Carnaval” pela primeira vez, imaginei o que seria acordar no Rio escutando “manhã / tão bonita manhã”. Como seria diferente do meu “não para / não para”.
Na hora de dormir, me vinham outros os versos na cabeça:
Cacild’s. Além de “amanhecer” trabalhando, eu ainda tinha que ir dormir “pensando” nas coisas que iria fazer no dia seguinte!
A letra é um tanto dura mesmo. Mas é bonita. Sentia alívio quando a canção chegava nesses versos:
E achava engraçado aquele ufanismo todo:
E finalmente, depois de uma letra gigantesca me sentia finalmente incluído, quando pela primeira vez Billy falava de tesão:
Tem uma questão de auto-estima aí nessa história toda. Paulistanos não costumam elogiar São Paulo. Elogiam seus feitos. A cidade, concreta, física, material raramente é auto-exaltada. Por isso, Sampa teve uma função quase terapêutica pra cidade.
Rio e Salvador nunca tiveram essa questão narcísica. Há uma penca de lindas canções descrevendo a exuberância das suas paisagens. Billy foi direto ao ponto. Ao invés de cantar uma falsa beleza natural, falava das qualidades dos paulistanos incansáveis.
Mas Caetano foi mais fundo. Penetrou suavemente na tensa musculatura da cidade e encontrou lá dentro, lá no fundo, poesia, sensibilidade. Tão delicada é Sampa que nem o sentimento tem nome. É simplesmente “alguma coisa que acontece”. Como o “acontece” de Cartola.
Além das citações implícitas ou explícitas a Vinícius, Agripino, Vanzollini, Rita, irmãos Campos, Teatro Oficina, o que mais amo é o final”
É o arremate. E na voz de João Gilberto isso fica mais comovente.
agora preciso trabalhar.
Não para/ não para/ olha a hora/ não para/ não para
beijos nas testas
salem
Oi, Caetano e pessoal:
Existe um livro chamado Fidalgos e Vaqueiros e que é considerado La Recherche du Temps Perdu de Feira, vocês já ouviram falar?
Tem mais informações sobre Eurico Alves Boaventura lá no site:
http://www.unicamp.br/~boaventu/page21.htm
Tá bom Teteco
Gosto do Parque Antártica, apesar daquela entrada afunilada na Rua Tutóia que obriga a gente a colocar as crianças nas costas para que não sejam esmagadas. Gosto muito do “jardim suspenso”. Amava ver Ademir da Guia desfilando lépido e elegante no gramado. Leão, Eurico, Baldochi (depois o grande Luizão Pereira), Alfredo e Zeca. Dudu e Ademir. Edu, Leivinha, Cesar Maluco e Ney.
Gil
Aí é que está. Mas “quem reinvestiu em ciência e tecnologia (NÃO) foram as (APENAS) as matrizes”.
Desenvolvedores de software , web-designers e produtores brasileiros estão investindo. A música não é software, é o arquivo final produzido pelo software. Metaforicamente o software seria uma multiplataforma de veiculação, disponibilização e venda dos arquivos com o plug in “direitos autorais”. iTunes é a loja.
Veja a Nota Fiscal Eletrônica por exemplo. Você quando emite já direciona o percentual de tributos automaticamente para fonte. O direitos deveriam ser assim. Comprou o arquivo, o percentual já cai na conta do artista (autor e intérprete). Se o autor quiser disponibilizar gratuitamente, haveria um valor sombólico apenas pelos direitos (ou não). O conjunto dessas instâncias (sem os velhos intermediários) unindo software, autor, arquivo (obra) e loja é que poderíamos chamar de plataforma.
Aí não teríamos apenas o aeroporto, mas boas pistas, banheiros limpos, cafés, assento garantido e passagem pra todo mundo.
O que há agora é overbooking. Quem quiser subir e baixar, sobe e baixa. As companhias aéreas musicais vão falir? Parece que não. Vão ter que se adaptar ao novo modelo de trânsito aéreo.
abraço
salem
Salém, vc é o cara. Tente do seu jeito, quem sabe?…vamos torcer pra dar certo.
Salem e Glauber,
Vou a São Paulo no início de abril ver uns intrumentos na Teodoro Sampaio, que ouço falar tanto mas nunca fui. Vou aproveitar também o fim de semana para apreciar melhor algumas coisas citadas aqui por vocês; vou rever a Ipiranga, a São João e a Paulista com mais opções de pontos de vista na bagagem, graças a vocês e a Caetano, e aos demais (esse blog é o quente. Sem dúvida!). Se rolar um show de Cauby no Brahma, vou ver. Vou prestar atenão no “ar provinciano” de Sampa - que por sinal respirei, sim, em Campinas. É pq aquela impressão de que “nada pode parar”, como falou Caetano, engoliu todas as outras possíveis, nas vezes em que estive lá. Parecia realmente um jogo onde “quem morre com mais dinheiro ganha”.
Ah, sim: no Rio também há recolhimento de pessoas dormindo na rua. Parece que a sociedade gosta disso, pelos comentários na hora do almoço, diante do noticiário na TV.
Gil, algo que estranho muito é que os acontecimentos violentos já são vistos pelos cariocas como parte do seu cotidiano. Uma colega de trabalho contou que, indo pra casa rolou um tiroteio, ele se abaixou no ônibus e, grande como é, ficou entalada entre os bancos. O caso a ser contado era o entalamento, em tom de piada. O tiroteio é um assunto coadjuvante.
Julie, se o vinho ajudou no seu comment, deve ser legal pacaramba!
Vellame, piadinha escrota: cá pra nós, o duro era achar uma internacional na ETFBA… Hehehe!
Erratas:
“Vou prestar ATENÇÃO no ‘ar provinciano’”
“(…) rolou um tiroteio, ELA se abaixou”
Errata: o aeroporto 2 de Julho ganhou este nome no ano de 1955 (acho que no tempo de Octavio Mangabeira, ou era Balbino? Otavio morreu em 59… a memória falhou, agora, faz parte da idade). Coloquei, no comentt como tendo sido 1988. Foi erro de digitação. Perdão a todos
HERMAN- ESSE VALE QTO PESA
Gil
Tente do seu, que logo logo vai ter iTunes. O meu é um desejo. Mas não é uma panacéia. Você que sempre diz querer o melhor, o grande, o mesmo que o dos países civilizados. Que vocifera em caixa alta seus panfletos e slogans. Agora me trata como se com ironia, dizendo “o seu jeito”.
Que terrível essa sua mania de polemizar, onde não há polêmica. Só organizei meu pensamento, meu desejo. E acho que incluí nele muito do que você deseja (não chamaria seu desejo de “jeito”).
O que eu almejo é difícil mesmo. Mas tem “jeito”. É culturalmente e tecnologicamente possível. Seu comentário tem a ironia dos que dizem “hum hum, tá certo, pode esperar sentado”. Acontece que não estou esperando. Estou produzindo e pensando o tempo todo. Só tenho certeza que não sonho apenas com lojas. Pra isso não precisa sonhar.
Cê não tem jeito mesmo, heim teimoso…
abraço
salem
imagens q me vêm quando penso nelas:
rio: favelas, asfalto, travessia de pedestres flutuante, avião descendo, muita coisa, muita gente, sol, chuva, casamento da viúva, história, estórias, uma tela à óleo diesel, praia, gente dourada; quando de repente, um audi ultrapassa um fusca 77, e um pó é inalado num banheiro todo de pastilhas vidrotil, mas que há apenas poucos minutos, era enrrolado numa cozinha sem reboco cheirando a gordura.
sampa: favelas, cinzas, asfalto, rodoviária limpa, metrô, masp, marilia gabriela, bienal, primeiro mundo, elite, pessoas se banhando num afluente do tietê, motoboys, tio, sotaque italiano, rota, trânsito parado, helicópteros sobrevoam a cidade que não termina, que não dorme, que não perde, que não sabe fazer outra coisa a não ser construir essa cidade.
Oh, great. That’s just terrific, Caetano.
I’ve been planning a trip to Brazil for years. I could tell it was going to be costly – in time and money – but I’d waited for so long, there’s a lot I wanted to see. I was glad that I could, at least, leave São Paulo off my list. It looked like just unrelieved urban sprawl.
I finally realized that this trip would never take place if I had to set aside 2 months and $12,000. So I decided to just focus on Bahia. I found some language schools that mix classes in Bahian culture with the Portuguese classes. I figured I could sign up for 2 or 3 weeks of classes and that might cure me of my Brazil jones.
But the way you wrote about São Paulo, it sounded like I should really see it. That got me thinking again about the trip. So I got out my travel books on Brazil, and I remembered all the places I’d had on my list … “I want to see that! And I want to see that! And that!”
caets
muito bom o Sr Francisco Bosco!
cariocas são difíceis de amar. pq se esforçam tanto nas conquistas, e logo em seguida se distraem tão perdidamente que esquecem do que tavam querendo mesmo (é uma brincadeira).
numa conversa cariocal de fato, se agora eu te dissese, bem caets, não vou me demorar pq tenho que resolver um problema das cirurgias de minhas filhas que tou tentando evitar há anos e acabei de descobrir que não tem jeito, e tou assutada, vc rapidamente, desviaria os olhos, levaria o braço para o lado, gesto que o corpo seguiria de pronto, grunhiria alhuma coisa, e sairia de fininho…mas sempre tem boas exceções…aqui, me refiro ao “cariocal típico”.
Teteco lecoteco
Lucesar, valeu a lembrança de Ladeira da Memória! É bizarro isso: nunca fui, não conheço, mas quando estiver lá pela primeira vez, vou reconhecê-la pela música. Fundação da Cidade também é massa, só não sei medir a riqueza das imagens que ela traz. “Esboço” é outra, também.
São Paulo pra mim é o Itamar Assumpção…
E ainda vou morar lá; mas com que salário é que eu não sei
Salém, não fique bravo comigo.
Now, Barbara, if you spend your money going to São Paulo just because of the things I wrote here, and you don’t like it, I won’t feel I’m a big help. I’ll probably feel guilty. The only thing I can assure you is I love São Paulo. But, you know, I am from Bahia.
Paulo Leminski dizia que a ponte São Paulo-Bahia era o quente. Ele a contrapunha a uma outra suposta ponte: Rio-Minas. É um tanto gozado, mas pode fazer pensar. Ele próprio estava pensando no encontro dos baianos com os concretistas e com os músicos de vanguarada de São Paulo: Julio Medaglia, Duprat (que era carioca um tanto mais do que só de nascimento), Damiano Cozzella e Sandino Hohagen. Além, é claro, dos Mutantes. Quanto à ponte Rio-Minas, ele não dava nomes aos postes. Talvez ele quisesse fazer uma oposição entre o tropicalismo e o Clube da Esquina.
Gil: “um montão é menor do que um porrão mas tudo é bastante”. É. Mas o que importa nesses números e índices que insisto em ressaltar é a constante queda - o que nos traz mais responsabilidades em relação ao futuro. Dizer que a situação é de desespenrança total é permitir-se a inação. Saber que há indicadores de melhoras é cansativo: exige atuação, aproveitamento das possibilidades. Jaime Lerner uma vez me disse - ao me ouvir falar nos “milhões” de meninos de rua - que isso era conversa de perua: não havia milhões de meninos de rua, contá-los bem, os “apenas alguns milhares”, dava medo porque criava responsabilidade. É mais terrível saber que se está deixando de fazer o exequível do que que não se faz porque não há possibilidade. Precisamos de líderes e homens públicos que partam do que essa tendência incosciente indica. Giuliani chegou a Nova Iorque sabendo que a criminalidade descia (quase) sem explicação. Veja “American Gangster”: ali começa a virada para uma moralização da polícia. Até meados dos anos 70 Nova Iorque metia medo em cariocas. Muito violenta. É inacreditável. Creio que o Rio deve compor um pensamento que combine o olhar para o caso Nova Iorque com o olhar para o caso Bogotá. Sei que é muito. Mas o Brasil tem essa capacidade. Não vamos repetir que o Rio está sob uma macumba ruim e que não tem jeito. Tem jeito. E esse jeito te a ver com uma tendência geral e incosnciente. Pode muito bem começar por darmos atenção a ela.
Breque é palavra paulista para significar “freio” (por alguma razão os paulistas ficaram com a palavra inglesa), que em Portugal, aliás, se diz “travão” (mas se conhece a palavra freio). Samba de breque é carioca. Moreira da Silva (que me agrediu verbalmente pelos jornais antes de morrer mas eu nem me importei) e também Joreg Veiga (que Jorge Mautner imita desde criança, o que o ajudou a criar seu estilo próprio: “quem nunca imitou ninguém nunca será ninguém”, dizia Salvador Dali).
Paquito: o artigo de Augusto sobre aquela turma não saiu na Errática. Foi numa revista de papel. Tenho aqui em algum lugar. Vou te mandar. E depois falo sobre seu disco.
Coisa mais linda mesmo é Tiê. “Passarinho” no Youtube é uma janela para um céu. Ela é apaixonante. Betão tinha me falado nela. Mas não pensei que fosse assim tão bonito tudo aquilo. Ela cantando sobre o próprio nome, com naturalidade total, musicalidade totalmente natural, tudo, fazendo as ruas de São Paulo parecerem bonitas como nas palavras de John Cage: “São Paulo é cheia de flores”.
João Cabral de Mello Neto, surpreso ao me ouvir dizer “o Recife”, em vez de simplesmente “Recife”, me disse que eles, pernambucanos, sempre punham o artigo antes do nome da cidade porque isso é que é correto: há uma regra, ele dizia, que exige o artigo definido antes de toponímicos que sejam nomes de acidentes geográficos: o Rio, a Bahia, o Porto, o Recife. Claro que 50 excessõs me vieram à mente na mesma hora. Mas gostei da observação (quase uma repreensão). Eu dizia “o Recife” não por causa da regra (que eu desconhecia) mas porque os habitantes de lá diziam assim. Continuo dizendo hoje, quando muitos pernambucanos dizem “Recife” sem artigo. São Paulo não pode ter artigo, isso é certo. Nem João Pessoa. Ou Belém. Digo tudo isso para sugerir que se não se põe os adjetivos no femininos diante de “o Rio” por causa disso. “São Paulo é bonita”. Mas também “São Paulo é bonito”. Não tem errada. “O Rio é bonita” não dá. Mas “a Bahia é bonito”, embora um tanto inusitado, nnao é tão absurdo. O que nos leva ao papo de Possenti sobre o masculino não ser um gênero propriamente: abrangendo os dois, ele deixa essa questão de gênero apenas para o feminino. Eu adorei esse papo do Possenti (embora eu o esteja expondo de modo canhestro aqui).
Bem, cadê Heloisa?
Joaldo eu sei que está preparando a Impertinácia e namorando (ele tem uma cara de galã sertanejo da porra!).
Paloma é que parece mesmo uma perda nossa. Sinto grande falta. Achei espetacular a mixagem de Incompatibilidade de Gênios que ela fez. E odeio que ela tenha suposto, por alguma razão inexplicável para mim, que eu lhe dei motivos para ter raiva (será que foi TPM?).
http://www.youtube.com/watch?v=IZGTV6FbBXM
HERMANO FIZ UMA CONFUSÀO E ACABEI MANDANDO ESSE COMMENT LA PRO CARNAVAL ( PUTZ ).POR FAVOR CONSIDERE ESSE DAQUI.VALEU !
Teteco meu poeta Cantautor, deixei no seu Orkut, um comment-resposta ao seu gentil convite pra desestressar em Sampa. Tentei postar aqui mas recebi outro cartão vermelho.
Ah, você tem razão ; o esquadrão esmeraldino liderado pelo divino Ademir da Guia, fazia frente ao Santos de Pelé e ao Botafogo de Garrincha, mas se batesse de cara com o mengão de Zico, Júnior e companhia, ia levar um sacode de arrepiar, hehe.
Pra você não ficar triste ; considero a dupla Dudú-Ademir da Guia, a Lennon e McCartney do futebol brasileiro.
Vellamíssimo
Bravo cocê? Hum. Difícil. Nunca fiquei. Entendi agora, graças ao Orkut, que não tem gongo, que você se referia ao meu desconhecimento sobre Dilma. Tem toda razão. Cada vez que a ouço falar, percebo o quanto as minhas impressões e preconceitos, ainda superam a realidade que se constrói diante dela.
Ela é forte sim. Mas é novidade. Os brasileiros que lêem jornais têm traumas com a novidade política. Efeito Collor. E eu, que tendo a captar mais os aspectos subjetivos dos personagens, corro grandes riscos de errar por desinformação. Acertar por intuição é mais difícil.
Mas não falei mal de Dilma mesmo assim. Apenas disse que não tinha sex appeal e depois, reconheci que, mesmo não tendo, isso era irrelevante. Foi o primeiro passo pra sair do “superficial”.
Sobre esse negócio de “gongar” comentários, fico desconfiado de algum bug.
Aproveito aqui a oportunidade (utilidade pública) pra dizer que Carolina (antes tão presente aqui) acessou meu blog dizendo…
“Troquei o Internet explorer pelo fire fox, consigo ler o blog, mas estou impedida de postar!!! Enfim, o firefox me ajudou a ler o seu blog tb!!Mande lembranças minhas aos infocaetenautas.”
Respondi, indagando porque não conseguia postar. Ela disse que havia um problema com o nickname dela que a confundia com outra Carolina. Propus que ela tentasse outro apelido, mas não rolou. Deve ter um bug aí.
Pode ser o Efeito Carolina:
“eu já lhe avisei que não vai dar”
Não queria que o tempo passasse na janela e só Carolina não visse.
Paloma, outro mistério mesmo. Caetano não deu motivos pra que tivesse raiva, não. Seria exagero.
Agora, esse negócio do Joaldo ter cara de galã sertanejo me fez dar muita risada. É o amor!
Caetano dizendo ao nosso Gil que as coisas têm “jeito” no Rio me deixou feliz. Isso porque Gil (pelo menos nas discussões comigo) parece ser um tipo (que eu adoro) e costumo chamar de “otimista-pessimista”. Tenho muito amigos assim e eles vivem me provocando.
Explico: o “otimista-pessimista” se excita com o desejo das grandes mudanças, mas não abre mão de tê-los. Se a solução aparece de forma simples e prática, o mundo se desmonta.
Não é ruim ser assim. Precisamos muuuito de gente assim. Mas se todos fossem, o pessimismo venceria. Ele é implacável. Eu, como um otimista praticante, preciso do Gil. Graças a ele, pensei muita coisa que não tinha pensado e formulei soluções pra coisas que pensava não haver solução.
Caetano
Graças a você tenho acordado mais consciente da minha felicidade por morar em SP. São Paulo é terra de “otimistas-pessimistas”. A correria se justifica nesse sentimento. Se a solução e a paz aparecem, os paulistanos temem.
O costume da classe-média paulistana é passar por mais um dia, chegar em casa, ligar a TV e assistir aos programas populares que narram mais 24 horas dramáticas de enchentes, assaltos à banco e trânsito. Alívio geral. Os problemas continuam. O paulistano pode, como diz a Sinfonia de Billy Blanco: “dormir pensando nas coisas que de dia vai fazer”. A luta continua.
beijo nas testas
salem
Francis Hime faz caminhadas em Ipanema. Já o vi e sempre penso. Esse cara fez a melodia de Atrás da Porta. Não dá pra não se emocionar.
Luiz Tatit faz caminhadas na USP. Quando o encontro, me lembro. Esse cara compôs o repertório mais revolucionário da canção brasileira do final do século passado. E pouca gente sabe disso. Outra emoção.
Agora essa questão do “é”, por aqui,não tem regra, pode ser aberto ou fechado. No carnaval, por exemplo, podia se ouvir a música do Galo da Madrugada, de duas formas: “êi péssoal , êi móçada, carnaval começa no Galo da Madrugada”..Ou: “êi pêssoal, êi môçada, o “É” fechado.
Não existe “ponte Rio-Minas”.Minas é ponte.A ponte São Paulo-Bahia é Minas.Minas é a ponte do Brasil.Caetano,O Rio tem jeito sim.Esta violento por saturação.A possível devida atenção esta submersa sob uma atenção excessiva criada por uma cultura baseada na displicência vinda da certeza da exuberância e da força de uma natureza dadivosa e confortabilizante.O Rio precisa sair de si.Concretamente,como já disse,valorizar o interior de seu estado,criar malhas de caminhos para deslocamentos imediatos,e claro,que tais sendas sejam interessantes para um povo transnlumbrado com um propagandiar infinito sobre as maravilhas do seu canto abençoado por Deus,querer sair dali,arredar alguns passos.Mas o Rio cidade não é o único culpado.O estado é um inchaço de corrupção e travamentos político econômicos e ambientais.Precisam trabalhar juntos cidade e estado.É por ex. o estado com maior potencial turístico do pais e esta hoje léguas atrás de Santa Catarina,da Bahia.Poderia viver só de turismo e bem.
chico foi do rio pra sampa com 2 anos de idade, quando voltou já era paulistano, hahaha. mas sua obra é carioca, é uma ode incondicional ao rio de janeiro.
e paloma faz falta mesmo…”cadê?” [sincopado]
Aspásia Camargo, nossa vereadora, hoje na CBN, a rádio que só toca notícia, denunciou a ocupação deliberada e militar dos altos dos morros e túneis que se processa no Rio, pelos bandidos, sobretudo agora nos limites entre Humaitá, Copacabana, Fonte da Saudade e Botafogo. Ocupação militar, com casamatas, realizada pelo crime e com consequências como a que vivemos semana passada. Ela vem estudando o assunto e disse mais, o índice de tuberculose na favela da Rocinha é o maior da América Latina, números da idade média, índices impressionantes. E mais, um quarto numa favela da zona sul está saindo para quem aluga por 400 reais. É ocupação de território e índices da idade média. E ela disse mais: ainda é barato desmobilizar essas conquistas bandidas, basta haver decisão política. Com o tempo isso vai ficar mais caro e mais difícil. Aspásia, nossa vereadora.
cidade, city, cité
PAULO Francis entre os notáveis, isso é que é o bonito.
Quando ouço rap paulista e rap carioca, vejo que no Rio, musicalmente, a coisa andou mais. Marcelo D2, A Filial, BNegão e Seletores de Freqüência, De Leve, Leme, Duomonk, são algumas das figuras representativas do cenário. Pra não falar num dos movimentos mais bonitos e expressivos do rap nacional que é o L.A.P.A..
Em tempos de descentralização da informação, dos pontos de acesso à cultura e dos movimentos culturais, parece um pouco pedante pensar num Brasil que acontece substancialmente no Sudeste…
Erica, adorei mesmo seu papo sobre minhocas e tudo o mais. Beijos.
Ri muito com o papo do Caetano de que Joaldo tem uma cara de ídolo sertanejo “da porra”. Sempre achei Caetano um cara engraçado. Pelas fotos do Orkut, eu achei Joaldo bonito.
Bem, coisas malucas e quase dadaístas (para estrangeiros) existem em todos os idiomas, certo?!
Castello, seria certamente um jogaço entre o Mengão de Zico, Junior e Cia contra a Academia de Dudu e Ademir( O Lennon/ MacCartney da bola como você falou). Eu acho que a Academia venceria, com dificuldades, óbvio. Até porque, você vai se lembrar que em 79 o Palmeiras, não tão mais Academia, meteu uma goleada, acho que 4×1, sobre o Mengão de Zico em pleno Maraca lotado rs.
Mas o Mengão anos 80 foi punk mesmo. Dava gosto vê-lo bailar em campo.
Caetano, fiquei curiosa. Vc disse”Portanto, chegar ao Rio não era chegar a um lugar estranho, mas ao centro do nosso próprio lugar. Tenho 66 anos. Na minha infância e na minha mocidade era assim. Hoje, não apenas admito que isso mudou: orgulho-me de ter contribuído ativa e conscientemente para apressar e aprofundar essa mudança.”.Que mudança é essa? O Rio deixar de ser o centro de tudo?
Nasci no início da década de 70 no Barbalho (bairro de Salvador)e o Rio sempre foi uma referencia para mim, até porque parte da família morava lá. Então eu sempre tive notícias do Rio e sempre achei que a vida que se tinha lá é que era o modelo de vida boa.
Em 86, com treze anos, passei um mês na casa de uma amiga no Rio e fomos ver:Ultrage a Rigor e os miquinhos amestrados no Canecão, RPM (Canecão), Cazuza no Pão de Açucar, Baixo gávea, Hamlet no teatro do colégio São Vicente, e aquela cidade bonita, mais vegetação, mais gente andando na rua, mais oferta de ônibus. Felicidade pública total. Fora que no fundo, sei que sou rock´roll e o rock nacional me pegou de jeito.
Tive que voltar para Bahia, aquela altura jÁ na Pituba (eu costumo dizer que não basta se identificar como soteropolitana, tem que dizer o bairro onde passou a adolescencia. Faz TODA diferença. Eu sou da PITUBA). Mas enfim, quando surgiu Luis Caldas era também o boom do rock nacional e eu queria ver mais issso e menos aquilo. A axé music para mim foi um desconforto estético.é assim que sinto e por isso minha total (?)rebeldia. Bom, mas sei que não é esse o tema.
O fato surpreendente para mim é que, depois de ir a São paulo a trabalho pelo menos umas cinco vezes e de sempre ter sobrado tempo para passeios:pinacoteca, museu da língua portuguesa (2x),memorial da america latina, masp, liberdade, padarias, Av.paulista, mercado municipal, uma boite chamada trash, a feira de cacareco no bexiga, os restaurentes, shoppings, zé paulino, oscar freire, e amigos baianos gays e felizes na cidade, enfim, o que confesso é:em muitos momentos PREFIRO São Paulo. Amo São Paulo.
Maria João Brasil, sem esperanças de ser respondida.
Oi, Caetano e pessoal.
Caetano: acho que vc ficou com um trauma daquele debate na FAU/USP em 68.Vc tá com um TRAUMSP.
Menino do Rio…já ouviram?
Teteco
Conheço a escalação do time da Academia de cor por motivos simples. Eu tinha aqueles times de botão da Estrela que vinham com a foto dos jogadores. Naquele tempo uma mesma escalação durava em média 2 anos. Hoje, seria impossível.
Os times eram uma mistura de botão com figurinha.
Mas meu time de botão oficial mesmo era de tampinha de relógio, de celulóide, lixados com carinho. Grandes Seikos na defesa. E pequenas tampinhas de relógios femininos no ataque.
Morei pertinho do Jardim Suspenso. A coisa mais mágica do Palestra é sua identidade com o bairro da Pompéia. O Bar do Elias com os velhos jogadores tomando chope, o som de guitarra Gianinni vazando e transbordando das garagens, paralelepípedos, carrinho de sorvete Crenata, velhos jogando dominó nas calçadas, sotaque italiano nas ruas e o SESC Pompéia de Lina Bardi visível de qualquer quadra.
Dessa atmosfera eu gosto.
Pelé já disse que Dudu foi o seu melhor marcador. Um inferno. Ele iria com o Pelé ao banheiro se fosse preciso.
Amar o adversário é um gesto antropofágico. Os canibais brasileiros serviam uma verdadeira moqueca com seu oponente vencido fatiado pra que todos o saboreassem e metabolizassem a sua coragem.
Vencer o Palmeiras, pra mim, sempre foi uma forma de respeita-lo e ama-lo como adversário e oponente.
É por isso também que a torcida do Palmeiras assumiu o apelido “porco”, que fora criado pelas torcidas adversárias como uma agressão.
baccio na testa
salem
Amo profundamente a canção - quilométrica, o estrangeiro, lembro quando Caetano a defendia dizendo que as canções do Legião Urbana também eram enormes e mesmo assim tocavam nas rádios - “o estrangeiro” e os amares e detestares da Baía de Guanabara. É especial o modo informativo, ele diz que o Cole Porter, é compositor, que Paul Gauguin, é pintor e que Lévi-Strauss é antropólogo, sempre achei isso bem bacana.
Então, esta canção começa falando do “Rio de Janeuras” e me parece uma associação (ou sei lá o que) com o “torrão natal” (caretaça a expressão torrão natal” de Caetano - sempre buscando o belo e o amaro - daí, talvez, CHEGAR AO RIO NÃO ERA CHEGAR A UM LUGAR ESTRANHO, MAS AO CENTRO DO NOSSO PRÓPRIO LUGAR.
Adorei a capa, ainda não totalmente perceptível, do Zii e Zie (não sei a pronúncia exata do “ii” “ie” italiano).
Não sabia que o Moringueira, Moreira da Silva, havia agredido o Caetano verbalmente nos jornais, que ano isso, o que ele falava? Adoraria saber.
Mas eu ia mesmo falar do Francis Hime, a história da canção “Atrás da Porta” é um literalmente um porre - engraçadíssima.
Me gusta el positivismo de leAozinho cuando trata de resaltar lo que los periódicos ignoran (decrecimiento de violencia en Rio)… veo ahí una mentalidad símil estadounidense- Es que nosotros los latinoamericanos (los brasileros son latinoamericanos, no?) tenemos la tendencia a ser los típicos hijos que toda la vida culpan a los padres (gobierno) de sus males… La típica persona que a los 50 años sigue diciendo: “mis viejos me cagaron la vida!!”. Muy al contrario de EEUU donde la tendencia es ser los típicos hijos que veneran a sus padres y no ven más allá del ideal impuesto por ellos (no sé si Bárbara estará de acuerdo con mi visión).
Gil, el punto medio es Europa?
El sábado me convertí en madrina…. Soy atea pero no pude negarme ante el pedido de mi hermana (que cree solo en el primer sacramento) de que fuese la madrina de mi sobrinito adorado de 4 añitos (que a cada rato preguntaba: falta mucho para que termine?). La ceremonia estuvo colmada de preguntas (a un nene de 4 años) como: Quién te quiere? A quién quiere más tu mamá? A quién querés más? Sabés quién te va a querer más que tu mamá y tu papá? Pregunto yo: También hay que renunciar a la inocencia para ganarse el cielo? El cura nos preguntó si renunciábamos a las tentaciones y al diablo. Todos dijimos “SÍ” con los dedos cruzados detrás de la espalda (cuándo dejaremos de mentir en la Iglesia?) A los 5 minutos de la renuncia, yo ya estaba tentada, con la mirada clavada en el piso para simular que mis lágrimas de risa eran lágrimas de emoción.
HERMAN ESSE VALE
Lacerda
A conversa entre a voz e o violão do Luiz Tatit é algo sobrenatural. Gostava do Rumo mas, nos shows, ficava torcendo pra’quele momento em que o Tatit ficava só com seu violão em contaponto.
Tive aulas particulares de semiótica com ele. Eu tinha 18 anos e acreditava que a aproximação me faria entender a alquimia do seu ato de criação. Em vão.
Wisnik em um simpático extra do DVD do Tatit pergunta a ele se sua música tem a ver com suas teses. Ali, Wisnik intuia que a melhor defesa das descobertas linguísticas do Tatit estava na sua própria obra.
Tatit negou. Disse que compunha sem pensar em teorias. Que era outra coisa. Até admitia que as suas relexões como acadêmico poderiam estar presentes num registro mais inconsciente. Mas jamais compôs para provar suas hipóteses. É um genuíno compositor popular.
Tatit é pra mim um autor no nível dos grandes brasileiros da canção. Não gostava quando associavam-no à uma vanguarda paulistana tão aderida ao tempo, tão datada nos anos 80. Percebia que ali havia sobrevida maior. Atemporalidade. Tatit poderia mesmo ser mais conhecido. Acho até que popular. Mas não é exatamente um erro da história que ele não seja. Esse é um desejo meu. Mas talvez não seja dele. As coisas às vezes são assim.
beij na testa
salem
que coisa mais linda [linda é pouco, é espetacular], rapaz…parafraseando itamar, como é que eu não pensei nisso antes! de quem é?
Adoniran: ” Sei lá, eu lá conheço essa porcaria. Eu só pus Jaçana para rimar com manhã…”
Caetano,
Certamente não podemos dizer “O Rio é bonita”. Mas com alguma boa vontade podemos dizer “Rio de Janeiro (ou simplesmente ‘Rio’) é bonita”, desde que supondo (a cidade do) Rio. Forcei?
Isso aqui é sensacional:
“não havia milhões de meninos de rua, contá-los bem, os “apenas alguns milhares”, dava medo porque criava responsabilidade. É mais terrível saber que se está deixando de fazer o exequível do que que não se faz porque não há possibilidade. Precisamos de líderes e homens públicos que partam do que essa tendência incosciente indica”.
Embora me pareça que fazer alguma coisa (para quem quer realmente fazer) independa de que sejam duas ou milhões de pessoas. Mas que essa mudança no olhar tem um efeito psicológico e emocional estimulante/desestimulante, isso tem, com certeza. Gostei demais disso aí.
Saudações!
PS.:A respeito da sua cutucada com relação a Carmem Miranda, digo que não chega a ser “superstição” o que penso a respeito da influência do local de nascimento sobre a constituição de uma pessoa e sobre toda a sua biografia. Respirar o ar de um local qualquer é interagir com este local que passa a então fazer parte da nossa constituição momentânea, para todos os efeitos. Respirar o ar de um local pela primeira vez em toda a existência é sagrado. Uma criança come com o corpo inteiro, escuta com o corpo inteiro, cheira e respira com o corpo inteiro. Ela é total, plena. Não creio que respiremos apenas oxigênio (ou gás carbõnico). Respiramos outras partículas (alguns chamam de prana) e elas têm tudo a ver com o local onde estamos. Jamais deixamos de ter uma relação com nosso local de nascimento, seja de pertencimento, seja de estranheza, seja se sentindo de Lugar Nenhum!
Caetano,
Gde Bjo!
Rafael Rodrigues, obrigada por visitar meu site e comentar meu trabalho. Obrigada tbem por ter se referido ao meu comentário sobre fotografia na internet. Um bjo para vc tbem!
Salem:
A respeito de “Sampa”, a maioria dos músicos da noite que tocam essa música cantam: “…e os novos baianos..” nas duas frases.
É uma pena q eles não tenham captado a diferença..não lhe tenha alcançado o belo jogo de palavras, a poesia… né?
abraço.
Então Glauber, legal sua explicação, mas eu gostaria de saber exatamente o que o Moreira falou do Caetano, preciso pesquisar, qual foi o jornal ou jornais…
mas para mim já está ótimo, sinto-me orgulhoso de ter participado deste acontecimento ultra/trans/tropicalista que foi/é o OBRA EM PROGRESSO.
SERÁ QUE ROLA MAIS ALGUNS POSTs?
caramba: adorei a capa do zii & ziê, um clima noir, sorumbático, vintage, onírica - então essa é a foto feita pela máquina russa????
Carolina
Quem caminha com suas barbas pela USP é o Luiz Tatit. O Paulo Tatit, seu irmão, prefere a meditação.
beijoca na sua testa
salem
O RIO legal que vejo hoje tem +2, orquestra imperial, marisa…
Quando Caetano diz: ” Agua de Kassin lava a Nova Capela”… [ eu entendo que a letra do KASSIN tem relação geral com o publico da LAPA: uma relação de sexo/amizade/tudo bem/ cult-bacaninha ]
em tempo: adorei a capa do disco novo.
beijos.
teteco, me parece que a língua sempre guarda seus mistérios. ou seja, não há lógica possível que possa dar conta de explicá-la. o que justificaria que nós pensássemos em tribo como correspondendo ao gênero masculino? eu não sei, nunca pensei nestes termos: pra mim tribo não tem gênero. mas confesso aqui minha ignorância a este respeito.
maracada… ai ai
Puxa, essa conversa sobre futebol e time de botão me fez ir longe nas lembranças aqui. Lembro do Paulinho da Viola dizendo que levaram à sua casa, de surpresa, um jogador de futebol de quem ele era fã. Ele abriu a porta e diante da imagem mítica só conseguiu balbuciar: “Você é meu botão…”.
Enzio Andrade, também não entendi a paisagem da capa do Zii & Zie. Não consegui amplia-la o suficiente para poder visualizar melhor. Será que é o Rio ?, já que o Caetano falou que é todo sobre a cidade maravilhosa?.
Maria
Caetano
http://www.youtube.com/watch?v=YD7CFS0mLaY
ENTRE OS MUROS DA ESCOLA (Entre les Murs). França, 2008. Direção: Laurent Cantet, 128 min.
Beijos a você e a todos da OEP
Alguém conhece o documentário Saravah, gravado em 1969? É maravilhoso!! Achei esse trechinho com Maria Bethânia e Paulinho da Viola, lindos, lindos, cantando Rosa Maria..
Em homenagem ao Rio e à Labi, que vez por outra requisita Maria Bethânia aqui..Espero que dê certo a tentativa de capturar o vídeo do youtube…
http://www.youtube.com/watch?v=MpaNVNZDwsE
Sim.
letras de canções que falam de São Paulo. Têm a ver com algumas impressões citadas aqui, também… Uma de Belchior (cearense), outra de Thomas Roth (carioca), com música de Luiz Guedes, gravada por Beto Guedes.
São Paulo
Thomas Roth / Luiz Guedes
CAEMIO, me has inspirado…eso es lindo y me gusta…”mora na filosofía”, eu sei que você vai me entender…?
(Déja vu)?…entonces, no es fruto de una “ocasión propicia” en la que el dolor ha quedado atrás, sino el creador de su oportunidad en medio del infortunio. Así yo te VEO. “Un Hombre Esperanzado”, que sabes transcender en la inmanencia; que ni la inmovilidad impuesta te conlleva a una aceptación de la pasividad.
Adoro en “você” el vigor espiritual que te da sustento a esta convicción hecha, acto que no proviene sólo de una gracia sobrenatural; sino que somos hijos de una comprensión sustantiva de la versátil naturaleza del tiempo.
“Tempo, tempo, tempo”/…/pedido/…en que “nosotros”, seres “esperanzados” encontramos una insinuante gama de “matices”, de variantes, de inconclusiones y alternancias.
É isso Caemio, você “Sempre Atento”…eh!… a esa predisposición de lo real, a las incontables configuraciones que dan Vida a lo posible, y tú como un “Hombre Esperanzado” aseveras que así como el mal golpea a “veces” de manera concluyente, así también la redención podrá restañar la herida que nos parece incurable. (La violencia…).
Y tú Caemio, por “temperamento” y aún más por educación, te pronuncias en consecuencias, a favor de la “historia”(tua) como prodigio…como polífonía real, hecha “inconclusa” y rehecha sin “tregua”; como enlace de acontecimientos que contrastan, se confrontan, se intercalan, confluyen, se excluyen, se interceptan, colisionan.
En ti está la imprescindible construcción de ideales y más aún su sostén y mantenimiento; es para mí, la labor no menos perfectible que interminable y que es también nuestra verdad como estructura humana.
Te hablo de la perpectiva de TEU OLHAR, quanto mais o “vejo” mais se me afigura ver escrito nele…”nosso estranho amor”…que mediante um “fracaso” él se asegura su conquista…( )Ni mesiánico ni profético, el lirismo no vuela más hacia el Ideal ni pretende abrir las puertas de la “verdadera vida”. Mi atención se concentra más bien en lo que falta. Él (olhar) lo resguarda. Él lo interroga y lo fuerza a expresarse.
Es por eso Caemio, que el Amor, para “nosotros”(los esperanzados) resulta ser simultánea plenitud y padecimiento.
Nos envuelve en una atmósfera privilegiada, pero no ignoro que así como ella se forma, así también se disipa y que aún en el anhelo o la experiencia, donde puede ser constante, no sea nunca idéntico a sí mismo.
Y así al reconocer la inviabilidad de lo inamovible en todo lo “viviente”, mi disposición primordial y mi logro decisivo se concentren en el afán y en el esfuerzo de seguir, de proseguir, de transcender y trascenderse.
“Yo espero sin cesar”…porque entiendo que la espera es “marcha”, y al ser marcha ya es encuentro.
Teu “olhar”…é esse olhar “esperanzado” (do qual eu já te disse, que gosto demais!) La mirada esperanzada que no se dirige hacia el porvenir: “se concentra en el presente”. Actualidad. Ésta, mirada en un Hombre Esperanzado, ya no es desierto donde nada cabe aguardar ni la atalaya desde que se avizora lo que no ha ocurrido aún, sino el terreno del “encuentro” con lo que se estima imprescindible. Lo tuyo es hallazgo y no búsqueda.
Experiencia fructífera y no mera aspiración. Dos fuerzas y no una son, en la esperanza, las que comparten el sentido eventual de los hechos. La dirección que parecía única se bifurca. Detrás de la apariencia “palpita ahora” algo más.
Al estar esperanzados no negamos que las cosas sean como parecen; negamos que, en esa apariencia, se agote lo que ellas son. Ensancho el campo de lo significativo sin apartarme del pasado con el presente.
Le devuelvo la comprensión de su riqueza semántica por idealizar el porvenir en desmedro de la actualidad, ya sea por el escepticismo cuyo diagnóstico terminal vacía de sentido tanto lo que vendrá como lo que ya sucede.
Cito la recomendación de Píndaro en la tercera de sus Píticas: “Oh, alma mía, no aspires a la vida inmortal/ agota, en cambio, el campo de lo posible”. Mi fe descansa en la estabilidad de esta alternativa entre “proximidad y lejanía”, tanto como en la simultaneidad con que muchas veces se manifiestan los contrarios.
Si el desencanto, que ciertamente me conmueve, no me amilana, porque para mi, la caída de la “ilusión” no equivale al derrumbe de la querida esperanza. Aclaro que la “ilusión” no es “Amor”. “Amor, eres tú en mí”.
Y notable, en lo que hace a este discernimiento, son los versos del tango “Volver”, que en el 1934 escribiera Alfredo Le Pera: “Y aunque el olvido que todo destruye/haya matado mi vieja ilusión,/guardo escondida una esperanza humilde/que es toda la fortuna de mi corazón”.
Creo que la esperanza se funda en la convicción de que la adversidad, por más que hoy nos paralice y dañe, no tiene por qué contar con la última palabra. Ella en nada se parece a la ilusión. La ilusión confía en arribos de circunstancias favorables o presume tenerlas, y su vitalidad descansa en la expectativa de ver concretado su anhelo.
La esperanza, en cambio, no funda su consistencia en la confianza que le despierte lo venidero. El “mensaje” venturoso que ella dice oír proviene del presente, no del porvenir. No extraigo su energía del suelo potencial o de la expectativa que despierta la ansiada concreción de los fines que persigue.
La extraigo de la inmediata realidad que “habita”, de la presencia inequívoca de aquello que da sustento a su concreción. Bueno, mi “esperanza” es rasgo distintivo del Ser que insiste en Ser, en desplegarse contra toda apariencia adversa. Es a ese empeño que es encuentro y búsqueda simultáneos, que al unísono se perfila como la sed incesante y el agua que colma, a la que cabe llamar Esperanza.
Por aquello de… que no nos falte …”essa LUZ no olhar”…
ESPERANZA
(Vero Veriño- escrito a muchos años atrás).
Boa Grillo
A diferença na ausência do artigo na primeira pessoa do plural no último verso de Sampa é fundamental!
Maria João Brasil: Luis Caldas acaba de fazer um CD todo de rock. Pronto. Acabou o problema.
Maria: quando eu era novo, os pernambucanos diziam “ricife”. Era igual a “cibola”. Hoje, que muitos dispensaram o artigo, ouço mais “rê”. Baiano diz “ré-cife”. Quanto a vogais abertas ou fechadas em música cantada, isso não vale. Todo o mundo cresceu ouvindo canções em pronúncia vocálica carioca (os erres eram tipo italiano). E “moçada” é sempre “mô”, pelo menos na Bahia. Vem de “moço/moça” e a gente não esquece. Já “pessoal” na Bahia é sempre “péssoal”. A não ser que se esteja cantando (aí varia: ou se faz como cantores do Rio ou se faz como a Simone - eu já fiz os dois; o gozado é que João Gilberto elegeu a pronúncia das vogais breves cariocas, exceto NUM disco: o branco, gravado em Nova Iorque, no estúdio de Wendy Carlos, que era Walter Carlos mas fez operação e virou mulher: ele/ela é músico erudito e fez a trilha de Laranja Mecânica, de Stanley Kubrik; ese disco branco de João é o meu preferido da discografia dele, se tirarmos os 3 primeiros, com arranjos de Tom).
Lucio Junior: boa lembrança o debate na FAU/USP em 68. Eu não tinha relacionado minhas ironias agressivas à USP a esse episódio. Você é um psicanalista. Vou pensar.
A capa do Zii e Zie tem foto (lomografia: é a câmera “russa” mesmo, tipo “Lomo”) de Pedro Sá, projeto gráfico meu (escolhi a foto, os tipos e onde iriam as palavras) e realização gráfica de Pedro Einloft.
Neyde L: pensei que já tivesse respondido a algum comentário seu. Talvez tenha feito isso e depois não postei. Mas lembro de ler você sobre a Barra e o carnaval. Nunca deixaria de falar com você por você ser mulher: minha misoginia não vai tão longe.
Caetano
Você tava pensando em Isaurinha Garcia quando fez ( Pé do meu samba) ?
Abraço Jean
Certa vez voltei à Bahia depois de decidir não ficar em São Paulo, foi quando ouvi “Sampa” pela primeira vez, e foi motivado pela canção que voltei lá e permaneci por 7 anos, me sentia de fato um novo baiano passeando na garoa,só não entendo até hoje a deselegãncia discreta das meninas mas é tudo tão claro nos outros versos e foi possivel “senti-los na pele”.é bonito demais esse lance de compositores imortalizarem lugares. gosto de caymmi ter composto “tarde em copacabana” e “peguei um ita no norte” e vinicius e toquinhao “tarde em itapuã” e ary barroso ter exaltado a bahia tão lindamente. e vc ter composto linha do equador sobre o céu de brasilia e o traço do arquiteto e tambem em “nu com a minha musica” quando diz que o estado de são paulo é tão bonito, enfim tantos exemplos temos. é genial tambem você falar de itapua e suas casas feias. fui ao rio pela primeira vez em viagem relampago e fiquei apaixonado, gosto de “meu rio” quando vc diz “eu menino já entendia isso”. e “o nome da cidade” é belissima. obrigado.
“Como já havia falado, vivemos tão ansiosos por uma discusão do Brasil, essa discussão para a qual não existe palco, nem arena. Lemos superficialidades e absurdos nos jornais, não temos voz. Os “pensadores” do país se preocupam com esse ou aquele setor, não há sutilezas. Aqui tive acesso à conjecturas suas a respeito de questões fundamentais para a modernização e (poetização) do Brasil. Seus últimos posts são maravilhosamente desmistificadores. Nas vezes que comentei aqui, falei sempre que o seu texto sobre o Brasil é profundamente amoroso, pois é essa característica, junto à sua compreensão brilhantemente descentralizada do pais, que me cativa, e é isso que eu acredito que fará diferença para o nosso pais e para a nossa cultura.”
bjs.
Glauber,
Há muita controvérsia acerca de Che. Personagem histórico e ao mesmo tempo mítico. Tenho enorme fascínio pela figura que se criou em mim do Che revolucionário, que deu a vida por uma causa. Ao mesmo tempo, fico dividido pelos relatos que o pintam como um “assassino cruel”. Em meio a guerra de informação, quem é o Che? Me parece óbvio que a jornalista do vídeo que você nos enviou alinha-se ao lado dos que acreditam que ele foi apenas um assassino. Outros diriam que em tempos de guerra execuções se faziam necessárias. Do lado oposto, isso é certo, há muita violência também né? Vide tudo o que ocorreu na América Latina durante os anos 60 do século passado - o 11 de setembro chileno é emblemático.
Por isso tudo, tô doido para ver o filme com o Benício del Toro.
E meio que tentando responder à impertinente e bonita jornalista, cito um educador marxista que eu gosto muito, Peter McLaren:
Luedy, “revolucionário”
“Dois de novembro, era finados/ e eu parei em frente ao São Luis do outro lado/ e durante meia hora, olhei um por um/ e o que todas as senhoras tinham em comum/ a roupa humilde, a pele escura/ o rosto abatido pela vida dura/ colocando flores sobre a sepultura/ podia ser a minha mãe, que loucura/
Cada lugar uma lei, eu tô ligado/ no extremo Sul da Zona Sul tá tudo errado/ aqui vale muito pouco a sua vida/ nossa lei é falha, violenta e suicida/ Se diz que me diz/ que não se revela/ parágrafo primeiro na lei da favela/
Legal/ o assustador é quando se descobre/ que tudo deu em nada e que só morre o pobre/ A gente vive se matando irmão, por que?/ não me olhe assim eu sou igual a você/ descanse o seu gatilho, descanse o seu gatilho/ entre no trem da malandragem/ meu rap é o trilho”
luedy
As máquinas Lomo com seu olhar de peixe viraram uma mania no meio da proliferação de tantas fotos digitais de altíssima definição.
Essa já é uma característica bem sintônonica com as características analógicas e de produção zii e zie.
A Lomo é como a Telecaster em ampli valvulado.
Mas não consegui vera capa direitinho. O arquivo lá da Saraiva tá em baixíssima resolução e deixa uma vontade de enxergar melhor.
Mas dá pra ver que ali há “Menina da Ria” e “Sem Cais” na atmosfera visual. Talvez não proposital.
Quase comprei o CD por 39 pratas e me lembrei do Gil. Será que tendo o iTunes brazuca teríamos melhor preço? 0,99 cents por canção. Em torno de 30 reais + frete. Iríamos chegar a um preço semelhante, claro que numa loja bem mais bacana.
Não comprei, é claro. Quero ir à loja de verdade.
E o lançamento? Temos news?
UAH-BAP-LU-BAP-LAH-BÉIN-MorelenBUM!
parabéns a caetano e os dois pedros pela capa. excelente daqui, imagine de perto…teteco acertou, a palavra é “lúgubre”. e lúgubre é bom!
e o show de lançamento? quandé e adónde?
“Wendy Carlos, que era Walter Carlos”
sensacional!
HERMAN ESSE VALE
Pro Leal e Paratodos
No quarto LP do Chico com o criativo nome de CHICO BUARQUE DE HOLLANDA VOL. 4, gravado na Itália, há muitas canções auto-críticas em resposta à sua da adesão a letras nostálgicas. Sua paixão por Ismael e Noel o fazia se influenciar pela atmosfera poética do samba-antigo. Mas as canções já eram moderníssimas e maravilhosas. Em 68, parece que ele percebeu essa tensão estética na sua obra e se incomodou. Havia o Chico, d’A Banda de olhos verdes encapando os cadernos das garotas, estampado nas capas da revista Intervalo e havia o Chico começando a encantar a esquerda. Nem uma coisa, nem outra apontava o sentido do compositor apurado. Eram dois pesos que ele não suportava.
Esse quarto LP (meio esquecido) é o começo de uma virada. Na letra de “Agora Falando Sério” tem vários comentários sobre o tema:
Em Construção essa passagem já se consolida de vez. Que beleza Duprat estar presente nesse disco antológico!
E em Chico e Caetano a redenção da falsa oposição estética entre as duas obras, mal entendida pela genial interpretação de Caetano pra Carolina e pela forma enganosa com que a imprensa noticiou a presença de Gil e Caetano na noite em que Chico cantou Sabiá com Tom. Os jornais publicaram a foto de Caetano e Gil que com fúria defendiam a canção, como se eles estivessem a vaiando, como a maioria do público fez.
Um engano que perdurou anos durante o exílio de Gil e Caetano. E que criou uma falsa dialética na MPB.
Mas o melhor de Chico ainda estava por vir. De Almanaque à Carioca, passando por Vida, Paratodos e As Cidades, Chico compôs uma penca de canções extremamente sofisticadas, ousadas e de uma perenidade incrível.
Canções como Minhas Meninas, O Futebol, As Vitrines, A Ostra e o Vento, Paratodos, Futuros Amantes não cansam. E há infinitas novas descobertas a serem feitas nas frestas dos versos.
Chico é centroavante ciscador que joga recuado e chuta pro gol. É assim que ele joga, como seu ídolo Pagão. Com beleza e a serviço do golaço.
Chico Buarque, diferente de quase todo mundo, está e especializando em ser Chico Buarque. Uma tarefa dificílima de se fazer sem se repetir. Está conseguindo. Ele não é exatamente um músico que transita por levadas e estilos e gêneros.
Ele transita por ele mesmo. Não é pra qualquer um.
Mas aqueles 3 primeiros LPs (bem paulistas) que tem o belo menino de olhos azuis na capa são geniais. Tem Mais Samba, Realejo, Retrato em Branco e Preto, Com Açúcar com Afeto, Carolina, Juca, A Rita, Ano Novo, Januária, Pedro Pedreiro. Tudo obra prima.
beijo
salem
ALÔ HERMANO, ESSE É “O QUENTE”:
Marcos Lacerda,
Chico só pode ter psicografado “A televisão”. Ela só pode ser de Noel Rosa! Hehe! Mas sem sacanagem, quando ouvi, pensei: “Essa é a música que Noel faria se tivessa alcançado o advento da televisão”.
Há diferenças de muitos anos tanto entre “A televisão” e “Santa Clara”, como em “O velho” e “O homem velho”. Em ambos os casos a de Chico é mais antiga, e sugere um “pessimismo”, digamos assim; como as de Caetano sugerem um “otimismo”. Ora, é ótimo que Caetano tenha feito abordagens diferentes do mesmo tema, nas duas situações.
Tom Zé fala um pouco sobre isso na entrevista no Roda Viva em 92 (tá no Youtube em 10 partes). Uma característica tropicalista era o “peito aberto” para as novidades (do antigo “leia na minha camisa” ao atual “cordel da banda larga”). Já o primeiro disco de Chico fala na bandinha, bandinha já era uma coisa fora de moda na época, tanto que rolou até movimento em prol das bandinhas por causa desse “gancho”, segundo jornais. Os outros compositores eram mais saudosistas, talvez. Em letra e música - em que pesem as novidades musicais de Edu Lobo. Essa minha explicação tá sofrível, mas nessa entrevista que eu falei vc com certeza vai ter uma melhor! Hehe!
Então, Chico comenta sobre transformações na sociabilidade por conta do advento da televisão. Caetano talvez esteja comentando o porquê de ela ser tão fascinante. Sobre a velhice, parecem estar falando sobre casos diferentes.
Mas as quatro músicas são bem bonitas.
Caetano e Luedy
“(..) parece que há uma preocupação por parte dos próprios racionais acerca da maneira como suas músicas podem ser entendidas.”
Legal ler isso. Por outro motivo: um belo dia eu estava num bar, no fim-de-linha de São Lázaro, vem de lá um carrão da porra, em cuja direção (agressiva) estava um playboyzinho branco, e em cujo som rolava Racionais MCs à toda altura. Eu sempre pensava que, quando Mano Brown falava assim: “Mas se eu fosse aquele moleque de tôca / Que engatilha e enfia o cano dentro da sua boca / De quebrada sem roupa, você e sua mina / Um, dois, nem me viu: já sumi na neblina”, era com um desses playboys aí que ele estava falando.
Mas o negócio é que CD na prateleira é CD na prateleira. Seja de Sandy e Jr., de Nelson Gonçalves ou dos Racionais…
Salem, adoro o Chico Buarque de Hollanda n° 04 (adoro todos, tenho tudo). “Ilmo Sr. Ciro Monteiro”, “Cara a cara” e “Samba e amor” pra mim estão entre as TOPs. Engraçado, já vi o próprio Chico confessar que não gostava muito desse disco. Acho que remete a uma situação não muito agradável da sua vida.
“A televisão”, do disco com título igualmente criativo “Chico Buarque de Hollanda vol. 2″: Eu a acho muito, mas MUITO Noel. Tanto na letra, pelo estilo de abordar o tema, quanto musicalmente. Aliás, a música me lembra “João Ninguém”, de Noel.
Me ative a esse momento só pra dialogar com Marcos Lacerda; era dessa época que ele estava falando. Acho que “O velho” é do disco “Chico Buarque de Hollanda Vol. 3″ (pra variar).
Em tempo: A melhor canção do mundo de todos os tempos, pra mim, por uma série de razões, é “Vai passar”.
Ah! Tive uma descoberta muito boa ontem: a sua “Sônia” - música + clipe. Lindo demais, demais. Sempre fui acostumado a asistir videoclipes, mas sempre consegui separar a música das imagens. “Sônia”, não. Achei tudo tão “colado” que parece uma obra de arte só, canção + vídeo. Parabéns! Show de bola!
imagens:
São Paulo:
Caetano: lendo seu post achei que vc gostaria de assistir a um documentário chamado “O Brasil, os índios e, finalmente, a USP” de Marcello G. Tassara (não por acaso, meu pai, e, até a aposentadoria compulsória aos 70 anos, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP). Trata-se de um longa-metragem (corajosamente realizado em 16 mm, entre 1984 e 1986, na ocasião do cinquentenário da USP) que, na verdade fala de São Paulo e tenta compreender porque a USP nasceu aqui e porque é como é, com todas essas contradições que vc nota e anota. Entre vários outros entrevistados está Lévi-Strauss (talvez o único ainda vivo), suspirando de saudades do tempo em que viveu nesse nosso Brasil encantado, multicultural e antropofágico. Porém, nós sabemos que o pouco que o jovem e inquieto aspirante a professor conseguiu vislumbrar naquele momento foi suficiente para a criação do estruturalismo e provocar uma revolução nas ciências humanas. Se e quando quiser assistir, é só pedir que a gente dá um jeito! um beijo, Helena
meu consciente acha belo, o inconsciente lacrimeja
Tiê se fez sensacional em sampa.
Entrei rapidamente no google (apenas cinco minutos)para encontrar o lance do Moringueira e encontrei estas citações:
“Essa sociedade não surgiu imposta por nenhuma verdade, por um líder. Não houve liderança no mundo inteiro, como se fosse uma tomada de consciência de uma nova tática, de novos meio S “, Raul Seixas tentando explicar qual é o fim específico da sociedade alternativa, entidade criada em parceria com o amigo Paulo Coelho.
“Eu pensava que o racismo lá nos Estados Unidos partisse dos brancos. Ao contrário: os negros são muito mais racistas, muito mais agressivos, e, sei lá… muito mais revoltados! Eu fiquei surpreso e até decepcionado, sabe? Vi muita imundície, muita pobreza (…)”, Agnaldo Timóteo falando sobre sua viagem a Nova York.
“É uma porcaria, é um chato. Está endeusado. Endeusaram o cara dessa maneira. Ele não é de coisa alguma. Para falar a verdade, na Bahia tem gente melhor que ele”, Moreira da Silva esculacha Caetano Veloso.
“O meio artístico não foi feito para gente ficar toda a vida. Foi feito para gente ver e fazer o que pode, depois vem outro. É uma renovação constante”, Martinho da Vila, ao saber que a cantora Elis Regina havia dito que ele estava com os dias contados.
“Em 1966 eu resolvi voltar porque eu estava sem estudar, sem fazer nada, não tinha dinheiro, andava a pé porque não tinha dinheiro para o táxi. Pedia dinheiro a meu pai só para ir ao cinema. Eu ia ao cinema todo dia. Via, às vezes, dois, três filmes por dia”, Caetano Veloso explicando porque foi embora para o Rio de Janeiro.
“Quando me convidam para trabalhar numa festa, a primeira coisa que eu digo é: vão cobrar ingresso para me ver? Se dizem vamos, eu nem vou. Eu não gosto. Eu gosto de cantar para o povo livre”, Luiz Gozanga.
“Tom Jobim é apenas um marginal bem-sucedido”, Tom Jobim se auto-definido.
“Meu camarada, eu realmente tive muitas namoradas na minha vida. Umas me fizeram bem, outras me fizeram mal. As que me fizeram mal foram as que mais dinheiro me deram, porque a s que me fizeram bem eu esqueci”, Lupicínio Rodrigues , explicando o seu sucesso com as mulheres.
“Meu filho, como gente é bacana demais, entende? Como artista, para mim não é. Fim de papo. Não gosto desse gênero de música, para mim não diz nada”, Waldick Soriano dando sua opinião sobre Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa.
“Reconheci, conscientemente, que a peça era fraca, que como texto não era nada, e que só o trabalho dele daria uma dimensão maior”, Chico Buarque, explicando como a participação de Zé Celso deu dignidade à peça Roda viva.
http://divirta-se.correioweb.com.br/materias.htm?materia=6134&secao=Em%20casa&data=20090206
Tem este outro que encontrei:
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=2157
Esta do Tom Jobim é ótima, a mais nova versão do motivo de SABIÁ, rsrs
Desta “elite”, há a entrevista feita com Tom Jobim, onde ele confessa que “pior do que ser concorrente de um festival era participar como jurado.” Só por isso ele inscreveu a nada popular Sabiá (parceria com Chico Buarque) no 3º FIC (Festival Internacional da Canção), em 1968, do qual saiu campeão sob uma chuva de vaias. Os climas das entrevistas são escancarados em cada parágrafo de bate-papo. “Fomos pioneiros em legendar o ambiente das entrevistas”, lembra Tárik. A entrevista com Chico Buarque, por exemplo, foi feita no bar Comidinhas e Bebidinhas, na Lagoa. O papo durou três horas e foi regado por muito chope, caipirinha e Fernet Branca, a bebida favorita de Chico
Outro que coloca ação, mas em uma discussão acalorada com Jaguar com relação aos hippies é Waldick Soriano: “Hippie é vagabundo, é marginal, é maconheiro, é safado. Sou contra essa baderna.” “Você tá de porre? Onde já se viu falar uma besteira dessa”, retrucou Jaguar. Era clara uma separação entre a música feita pela “elite” e pelo “povão.
Minha pesquisinha está fraquinha mas é um bom começo, não conhecia este livro “o som do pasquim”…
Varias veces nombraron Pé do meu Samba. Adorooooooooo esa canción y la intencinoalidad que pone leAozinhhho para cantarla.
Gil, a qué te referís con Maldita Cocaína? No estoy en contra de que la gente rece (estoy en contra del lavado de cerebro). Confieso que un poco envidio a los que creen en Dios. Yo trato, lo intento pero no puedooooo. Igualmente, tengo una especie de plegaria personal…. mutable.
leAozinho… a dónde llega tu misoginia? TPM?????