Edith do Prato (11/01/2009)

EDITH DO PRATO
11/01/2009 4:42 am

Foi muito emocionante ver Paulinho Daflin segurando o caixão de Edith Oliveira ontem. Ele veio para Santo Amaro para ficar perto do samba-de-roda, da chula, do violão de Roberto Mendes e de todos os mestres anônimos que, para além do mestre maior, Gilberto Gil, ajudaram Roberto a construir e refinar seu estilo. Paulinho tinha vindo para ver e ouvir - e terminou vivendo em Santo Amaro por consideravelmente longo tempo. Já faz longo tempo também que ele deixou a cidade. Comove ver o quanto essa cultura - que Edith encarnava - pode atrair jovens guitarristas brasileiros de toda parte. Havia muita gente no enterro. A maioria era de Santo Amaro mesmo. O grupo Vozes da Purificação cantou na capela. Paulinho Daflin segurou a alça do caixão ladeira acima. (Como eu me lembrei de Carlinhos ao sentir a brisa do alto do cemitério, aonde ele sempre nos chamava para conversar, fugindo do calor! Carlinhos era o filho mais velho de Edith, meu irmão-de-leite, a razão de ela ter podido me amamentar quando o leite de minha mãe rareou. Luciano, o filho mais novo, estava lá. Carlinhos, infelizmente, morreu muitos anos antes de sua mãe).

Edith viveu 94 anos. Sempre foi alegre e gostava muito das coisas da vida. Para olhar-se no espelho e conferir se a roupa estava boa para ir à praça numa noite de novena, ela percutia com os lábios uma batida de samba e dava uma dançadinha, batendo com as mãos nos quadris: não se reconheceria parada e séria. Tocava o prato-e-faca da história do samba (mesmo no Rio, há velhos que lembram das rodas antigas em que às vezes alguém tocava prato; Moreno, meu filho, é um excelente tocador de prato, inclusive tendo tido de repetir o samba em 5 por 4 que tocou em minha “13 de Maio” para uma gravação de Fiorella Manoia: o prato no samba antecedeu Edith e sobrevive a ela, mas todo esse passado e todo esse futuro veio a depender dela: não é natural para nós, seus parentes, chamá-la - ou ouvir chamarem-na - Edith do Prato, mas sabemos que não é descabido).

Jorge Portugal e Roberto Mendes estavam conversando lá atrás, entre uns jazigos caiados. Nicinha e Elza choravam muito sós, cada uma tão sozinha quanto se pode estar, apesar de estarem juntas e rodeadas de todos nós. Elas pareciam mais escuras, um pouco menores e quase sem volume. Não era propriamente tristeza o que todos sentíamos. Mas Elza e Nicinha, as irmãs biológicas de Edith, tinham muita tristeza adensando as cores de suas imagens e esgarçando-lhes a matéria. Meu amigo Chico Motta, Jota (meu sobrinho querido), Mabel - todos éramos capazes de conversar com alguma animação. Ao descerem o caixão onde estava o corpo de Edith, olhei para Clara Maria e comecei a cantar baixinho “Viola, meu bem”. De modo muito natural, aprofundou-se um silêncio que fez minha voz ser ouvida - e me fez reforçá-la - e aí todos responderam ao chamado do refrão. Transcrevo aqui a letra inteira desse lindo samba tradicional em homenagem à memória de Edith - e consciente de que Heloisa em particular e os blogueiros nossos aqui em geral lembrarão o Sertão metafísico de Rosa:

Vou-me embora pro sertão
Viola, meu bem, viola
Eu aqui não me dou bem
Viola, meu bem, viola
Sô empregado da Leste
Sô maquinista do trem
Vou-me embora pro sertão
Eu aqui não me dou bem
Ô viola, meu bem, viola.

Esse “sô” é “seu”, de “senhor”, ou, como escrevia o próprio Rosa (e que eu, o cara legal do “sifo”, que fui agredido por um professor de sobrenome italiano citado aqui por um companheiro nosso equivocado, prefiro), “seo”. Sei que muita gente pode pensar que é “Sou empregado da Leste/ Sou maquinista do trem”, mas não é não. É o cara pedindo ao empregado da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro (que tantas vezes me levou de Santo Amaro a Salvador), ao maquinista do trem dessa empresa estatal que foi dizimada por Mário Andreazza durante a ditadura militar (na esteira do rodoviarismo desenfreado que veio como indesejável efeito colateral da industrialização de JK, da qual, aliás, Lula é um resultado direto e muitíssimo menos indesejável), que, por favor, o leve de volta pro sertão: ele não se dava bem na cidade, na zona da mata, no Recôncavo; queria o ilimitado.
Tantas instâncias comprimidas num parágrafo, todas trançadas, pode parecer despropósito. Mas nada é demais para fazer face ao tamanho do acontecimento que é a morte de Edith Oliveira, minha mãe, minha mestra, minha amiga, meu amor, rainha da vida e, portanto, da história verdadeira do Brasil.



358 Comentários sobre o Post “EDITH DO PRATO”

  1. glauber guimarães disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 9:01 am

    seo caetano,
    insônia. volto aqui e me deparo com este post tão bonito de tão claro e profundo. “tempo, tempo, tempo, tempo”…e com dona edith, lá se vai mais um pouco do meu amado e inesquecível século xx. vai, mas também fica pra sempre na memória. sou um antropólogo frustrado. tudo que vem do passado me interessa, me ensina e conforta. me faz companhia.

    …………………

    seo salem,
    seu último comentário também me emocionou muito. o que você citou sua mãe e edith do prato e joaldo. bonito mesmo…

    ……………….

    la paloma,
    não sabia desse vídeo de maysa no japão. valeu. te disse, a gata mansa era do balacobaco! [no melhor dos sentidos]. olhos fulminantes. beijo procê.

    ……………….

    hoje foi um daqueles dias perfeitos. nada de mais aconteceu. simples e perfeito.

  2. Luiz Carias disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 10:48 am

    Poxa realmentelinda a homenagem de Caetano a esta senhora…esse trecho de música foi gravado porti em que cd??
    Foi em araçá azul??Cd do qual Cae gravou tocando violão sozinho pela primeira vez, contrariando alguns criticos que não acreditavam em tal talento.
    Fiquei encantado ao ver os vídeos do Salém pelo youtube, com a Banda Vexame.
    Queria que Caetano remixasse palava da moda…ou regravasse uma canção que acho bonita….”eu quero esa mulher assim mesmo emaconhada..eu quero essa mlher assim mesmo…” a batida desta canção curiosamente me lembra com tarado ni você.
    Por onde andará SALÉM QUE NÃO POSTAMAIS AQUI??
    Alguém sab me dizer ou dar uma previsão de quando ficará pronto o cd e dvd, ou quando será lançado??
    E a votação quem ganhou??versão 1 a qual votei ou versão dois.
    Por hora é isso, abraço a todos os blogueiros que entram aqui pra trocar idéias e fomentar conceitos.
    Abraço ao Hermano e a Caetano e també a Salém.
    Luiz Carias.

  3. Lucesar disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 11:58 am

    Um pouquinho de Dona Edith do Prato:
    .
    http://br.youtube.com/watch?v=g2MzwPcjfes

  4. andrea disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 12:15 pm

    Lindo texto de memória, homenagem que me comoveu.
    Dona Edith era linda!! Vai mais fica, como tudo aquilo que é bom e nos toca o coração.

    Engraçado essa história de mãe-de-leite, irmão-de-leite. Também tive mãe-de-leite. Fátima, amiga de minha mãe, uma preta linda e forte que me amamentou. Acho que isso hoje não existe mais…
    Mas Fátima tá guardada aqui no meu peito, quando vou a Minas sempre pergunto por ela…

  5. Andre Avellar disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 12:29 pm

    Araça Azul é um clássico, por inúmeras razões, mas talvez a mais importante seja a presença de “Viola, Meu Bem” com a participação de Edith Oliveira, ou melhor, do Prato.
    Estou aqui revendo meu vinil e vendo a sua foto que transmite alegria e paz. E assim ele deve descansar!

  6. Fernando Salem disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 12:39 pm

    Que maravilha de texto, Caetano! Uma descrição comovente no sentido mais bonito da palavra (juntando tristeza e alegria). Fiquei emocionado, pois com certa sincronia sentia de longe os ecos da da sua voz na despedida de Dona Edith…

    Então, reproduzo aqui o comentário que publiquei no POST anterior:

    “Hoje revi João da Bahiana no filme Saravah tocando seu prato ao lado de Baden. Resolvi rever Caetano e Moreno em Prenda Minha juntos com Moreno no prato e mostrei a minha mãe de 84 anos que chorou. Isso fiz por mim, pela minha mãe conhecedora do samba e por Dona Edith. Desejo que essa emoção tão profunda vivida ao lado da minha mãe que viu Pixinguinha e que vio Caetano cantando Drão e que viu Moreno e que viu Adão ao lado de Walter Salles seja o tantinho de bom astral que que psicografo agora ao meu cristalíssimo Joaldo em sua viagem poética ao Recôncavo.”

    A história verdadeira do Brasil não há de ser contada em um livro, mas em fragmentos de cartas e lembranças (como na cidade submersa dos Futuros Amantes do Chico). E esse seu texto é um desses preciosos fragmentos que nos mostram que amores serão sempre amáveis.

    beijo na testa

    salem

  7. Nacho disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 12:42 pm

    Bellísimo post, quedé profundamente conmovido, y conmocionado con la noticia de la muerte de Edith Oliveira. Desde que por vez primera escuché a Edith cantando “Viola, meu bem” en el arranque de Araçá azul, me pareció una cosa extraordinaria, estremecedora, esa voz a un tiempo alegre y doliente, nueva y diferente a todo y a la vez tan antigua y verdadera como una raíz, como la tierra. Gracias, Caetano, y salve a Edith do Prato para siempre.

  8. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 1:47 pm

    Lindas palavras!
    Fiquei com a emoção presa na garganta.

    Receba meu abraço e um sorriso.

    Aceitar a partida daqueles que amamos, esse desapego radical, é difícil mas necessário.

    Doce mistério da vida.

    bjs.

    —————————-

    *Estou vivendo um pouco das minhas lembranças aqui em minha terra natal. O vento, o sol, o sal, os mestres, os amigos, os parentes…

    “Moço: todo saudade é uma espécie de velhice.”

  9. lisandro disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 2:10 pm

    Caetano,
    que tristeza!! Somente a poesia e a música nos amparam diante da morte.
    Vi você e Edith uma vez no Rio de Janeiro. Ela me lembra sempre as mulheres legais do interior do Brasil. Muitas vezes sofridas, mas sempre reiventando o cotidiano. Elas gostam de cantar: lavando roupa, vendendo alguma coisa, rezando novena. Como é sublime uma pessoa fazer música com um prato? Como é sublime sair do interior, ver o mundo, e depois voltar para viver seu chão? Fica na minha lembrança uma imagem: você, seu irmão Rodrigo e Edith, no fundo da casa de sua mãe, cantando e sambando…e rindo…e brincando…vivendo tudo. Um abraço do interior do Brasil, Lisandro

  10. Nando disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 2:57 pm

    [Esse “sô” é “seu”, de “senhor”, ou, como escrevia o próprio Rosa (...), “seo”. Sei que muita gente pode pensar que é “Sou empregado da Leste/ Sou maquinista do trem”, mas não é não].

    Eu sou um que não sabe, hum-hum. Tanto que escrevi “sou” lá nos comentários do A Tarde. Mas o encarte do Araçá Azul ajuda a errar porque lá está grafado “sou”.

    Bem, whatever, Viva Edith Oliveira, deusa maravilhosa!!!

  11. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 3:33 pm

    “Vou me embora pro sertão..” na voz de Edith Oliveira ficou bem marcada na minha mente já na primeira vez que ouvi o lp “Araçá Azul”. Eu tinha 16 ou 17 anos e chegara de São Paulo, onde tinha comprado o disco na Baratos Afins. Minha mãe estava no rancho do quintal separando roupas. Ela não me viu entrar. Botei pra rodar o disco no famigerado 3 em 1 e a voz e os pratos de dona Edith ressoaram pela casa. Minha mãe tomou um susto, pois pensou que os “ciganos” tinham entrado em casa cantando e tocando. Nessa época, Taubaté, que é cortada ao meio pela Via Dutra, era passagem de muitos ciganos. Foi engraçado.
    De cara eu gostei da cantiga (ou cantilena) e sempre gostei de cantarolar seus versos. Certa vez num show do Gil ele improvisou tocando essa música ao violão e eu sempre lembrava do ocorrido e de dona Edith Oliveira. E eu, paulista-e-paulistano, achava maravilhoso que no Brasil houvesse uma cultura popular assim, digo, o samba de roda, tocado com pratos. Era então uma coisa muito longe do que eu “roqueiro” estava acostumado. Mas eu adorei. “Só pra passar fevereiro em Santo Amaro…” é tão linda.
    Quando eu estava na Sardenha, via muitos ciganos romenos por lá. Eles também tocavam instrumentos percussivos improvisados. E eu sempre lembrava da cantiga “Vou me embora pro sertão”, por causa do susto de minha mãe.
    Curioso como as coisas realmente importantes e que nos tocam ficam guardadas em silêncio dentro de nós e que, por algum motivo ou estímulo, afloram na lembrança subitamente. “Vou em embora pro sertão” é algo assim pra mim. Embora eu more mais em Sampa do que no interior, eu sou um cara genuinamente do sertão. Lá em Catuçaba, distrito de São Luiz do Paraitinga no alto da Serra do Mar, onde meus avós portugueses e franceses fincaram o pé e onde meu pai nasceu, existem os “catireiros”. Eles tocam e dançam a “catira” e esse tema, do sertanejo que vai pra cidade grande e quer voltar pro sertão, é uma tema recorrente e sempre bonito. Eu sou fã dessas coisas lindas e sou fã da dona Edith Oliveira (do Prato).

  12. Rosana Tibúrcio disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 4:18 pm

    Um abraço e muito carinho pro Caetano!!

  13. Socorro disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 4:22 pm

    O que dizer diante de tão bela homenagem? Pra mim, que amo a vida, dona Edite deve estar agora encontrando seu Carlinhos e tantas outras pessoas queridas que já se foram. E, certamente, foi recebida numa bela roda-de-samba. Porque um paraíso deve ter o samba de Santo Amaro.
    Estou lembrando agora de uma coisa que li num interessante blog, chamado Para Francisco, que dizia: “…E então percebo que um enterro não é despedida, é celebração de vida, ritual menos necessário a quem vai e muito mais para quem fica. De novo, no confronto com a morte, a vida encontra sentido…”
    Na homenagem de Caetano a dona Edite, reencontrei este Vinicius no seu belo Poema de Natal:

    Para isso fomos feitos:
    Para lembrar e ser lembrados
    Para chorar e fazer chorar
    Para enterrar os nossos mortos —
    Por isso temos braços longos para os adeuses
    Mãos para colher o que foi dado
    Dedos para cavar a terra.
    Assim será nossa vida:
    Uma tarde sempre a esquecer
    Uma estrela a se apagar na treva
    Um caminho entre dois túmulos —
    Por isso precisamos velar
    Falar baixo, pisar leve, ver
    A noite dormir em silêncio.
    Não há muito o que dizer:
    Uma canção sobre um berço
    Um verso, talvez de amor
    Uma prece por quem se vai —
    Mas que essa hora não esqueça
    E por ela os nossos corações
    Se deixem, graves e simples.
    Pois para isso fomos feitos:
    Para a esperança no milagre
    Para a participação da poesia
    Para ver a face da morte —
    De repente nunca mais esperaremos…
    Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
    Nascemos, imensamente.

  14. Nando disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 4:37 pm

    Aproveitando a chamada do Glauber, “cadê a Analuisa”, que nunca mais apareceu?

    “Cidade Submersa” é um samba do Paulinho da Viola, do ‘Nervos de Aço’, disco em que ele gravou o Chicote, inclusive.

    Joaldo quando acordar vai falar mais do que pobre na chuva.

  15. jean pierre noher disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 4:39 pm

    A toujours Edith!! comme la Piaf!
    emocionan as palavras de tu filho Caetano!
    eu ja vi varias veces Moreno” mimar o prato”
    a legenda continua!
    abracos pra todos!
    bom domingo!

  16. Cleithsania Tiburcio disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 4:58 pm

    lembro de Moreno tocando prato no DVD de Prenda minha. vejo poucas pessoas tocando prato hoje em dia,um som tão bonito e tão emocionante aos ouvidos deveria ser mais divulgado. Edith com certeza deixara saudades e boas lembranças naqueles que tiveram o privilegio de ouvi-la tocar.
    À familia desejo boas lembranças sempre.

  17. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 5:25 pm

    Já sabia que D. Edith Oliveira fora hospitalizada e na sexta logo cedo ao saber da notícia pela TV ganharam vida intensa as imagens e recordações da época em que tive o privilégio de estar pertinho dela, ser extremamente tranqüilo, alma leve, simples, verdadeiro buda-nagô-indígena (final de 1972, começo de 73, eu trabalhava na divulgação e produção da Gapa, a Guilherme Araújo Produções Artísticas, que empresariava o show Araçá Azul, de Caetano – cujo CD ouço agora sob intensa emoção) e, com os olhos marejando, me vi ligando pra Tuzé de Abreu, outro músico daquela banda, dei-lhe a triste notícia e pedi que ele escrevesse alguma coisa sobre D. Edith em seu artigo que iria publicar sábado na página de Opinião que edito em A Tarde, jornal da Cidade da Bahia. Tuzé reagiu também emocionado falando da grande amiga que ela foi durante uma excursão para um show em Porto Alegre.
    Tuzé ao mesmo tempo estava entusiasmado com um texto de Augusto de Campos, “Cruzadas, cruzamentos e encruzilhadas”, que acabara de ler e pouco depois recebi por e-mail os dois artigos, o de Augusto e o de Tuzé, que escreve como quem toca um jazz de vanguarda. Transcrevo aqui o parágrafo em que aparece D. Edith associada a uma imagem de Garcia Lorca extraída do texto de Augusto:

    “(,,,) Edith do Prato nos deixou. À parte de ser mais que mestre no samba-de-roda, não só tocando o prato com a faca, mas também cantando e sambando, era uma amiga querida, companheira de uma viagem muito boa a Porto Alegre. Ela, no dizer de Garcia Lorca, “tinha duende”. Era capaz de trazer o infinito para o tempo. Um beijo nas irmãs e irmãos de sangue e de coração (…)”

  18. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 5:28 pm

    Estou aqui aos prantos, mas não é chororô, é afirmação de vida! Acabo de assistir ao You Tube “Conhecendo um pouco de Santo Amaro”
    http://br.youtube.com/watch?v=Hy6HWeVxJlM&feature=related
    ao qual cheguei depois de assistir ao You Tube indicado neste post em comment de Lucesar, que ele apresentou como sendo “Um pouquinho de Dona Edith do Prato”. Mas que coisa boa que é o You Tube, hein?! A gente vai ver uma coisa e depois que essa coisa acaba aparecem ofertas-tentações relacionadas a ela, e muitas vezes é aí que pinta o filé mignon. No caso desse vídeo que indico acima é um desfile fantástico de pessoas, lugares, manifestações culturais de Santo Amaro, acompanhado por uma também fantástica trilha sonora. Não deixem de assisti-lo, tem tudo a ver com a mitologia básica que rege este nosso mundo conduzido pela Caetanave Obra em Progresso.

  19. Julio Vellame disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 5:48 pm

    Bethânia:

    - Minha mãe já vou, a senhora vai ficar bem?
    - Quando a senhora voltar já chega viu?

    Era o início do pagode duro da noite e fim dos desfiles.

    As meninas e meninos estavam muito bonitos e orgulhosos, muito arrumados e muito felizes o que é melhor de tudo.

    O acarajé era bom, com a massa dentro bem branquinha, geralmente agente acha que acarajé bom só em Salvador.

    Acho que ví Joaldo, grande e desengonçado entrando na varanda e dizendo algo a Caetano, pela foto do orkut é difícil dizer, era vc Joaldo?

    A praça tava toda iluminada, todo mundo muito bem vestido e muitos e muitos velotróis elétricos, tava tudo muito bonito mesmo. Até os malucos, todos legais, sem roubo visível, sem baixaria e sem repressão. E tudo isso com muita paquera, sexo e cerveja.

    Fui fazer fotos, um amigo meu fotógrafo disse para usar preto para ficar discreto. Que loucura! eu era a única pessoa de preto na varanda de D Canô. Todos de branco.

    D. Canô exercer um efeito interessante, ela é a grande pop star. Vc chega lá querendo ver Caetano e Bethânia e logo ocorre um fenômeno interessante: Cateano e Bethânia ficam lá sem ninguém incomodar e vc tá se batendo no bolo tentando uma foto dela. Com uma simpatia autêntica recebe todos os malucos, tietes, crianças, só vendo para crer….

  20. gil disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 6:02 pm

    meus sentimentos Caetano, linda mensagem…conheci Nicinha, a irmã, tão especial, um anjo entre nós, que sangue bom. vi uma vez só há muito tempo num encontro em Salvador a roda de samba tocada a prato e talher, inesquecível para um carioca que nunca tinha visto aquilo…e é um som que levanta mesmo. acho que dona edith estava lá. amém.

  21. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 6:03 pm

    Nando, acho que todos pensavam que era “sou”. Será que eu pensava também? Não. Não faria sentido. Mas pode ser. Escrevi esse texto sob emoção muito intensa. Sei que ouvia “sou” desde menino - e não entendia. Em algum momento percebi o que era e achei mais lindo. Creio que foi bem antes de Araçá Azul.

    Luedy: claro que você é legal. Eu ia escrever sobre seu “equívoco” num post. Esperei passar a noite de Ano Novo (que dura mais ou menos uma semana) e aí Edith Morreu. Resumindo, eu ia dizer que se achar análise sintática algo cansativo fosse razão para restringir a gramática aos especialistas, minhas dificuldades em resolver problemas de artitmética justificariam que a matemática se restringisse aos matemáticos. Mas se não se ensina gramática nem aritmética aos ainda não especialistas, de que planeta esses virão? Continuo achando pedante e antidemocrático pensar que se deve deixar todo o entendimento para os entendidos. (À parte: Lula não estudou porque não quis. Tempo ele teve. Marina Silva estudou e hoje fala e escreve lindamente bem.)

  22. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 6:05 pm

    Salem,
    magnífico seu texto sobre o prato no samba de Edith. Chorei de novo aqui lendo-o. Um grande beijo na sua testa.
    C.

  23. Mariquita disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 6:44 pm

    Caetano, viu a entrevista de Bobô na Muito (A Tarde)? Bobô fala de vc e da homenagem feita em Reconvexo. Tem acompanhado o futebol baiano?

  24. Marilia Castello Branco disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 6:46 pm

    Enquanto eu lia seu texto tão delicado,
    por acaso tocava aqui “O Cisne” de Saint-Saenz e era como se eu pudesse sentir a brisa das suas palavras.
    Pensei na melancolia delicada dos funerais das pessoas que viveram muito, e bem, e plenamente. E na Graça que é poder fazer parte da história de uma delas.

    A vi tocar num show seu aqui em SP há quantos anos… eu era menina - foi mais um pedaço do Brasil a formar a minha alma. Uma lição do essencial: para que houvesse música, bastavam uma mulher e um prato.

    Puro como é o próprio pão.

    “Melhor do que isso, só mesmo o silêncio.”

    Obrigada.

  25. paulo kauim disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 6:59 pm

    salve mano caetano,

    li seu texto-câmera-bacante-do-glauber

    com o prato cheio de pranto

    araci fez noel araçá rosa

    edith fez araçá azul stockhausen

    axé

    pk

  26. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 7:00 pm

    Caetano,
    Interessante o lance do “sô” referir-se a “seu”, de senhor. Sempre achei curiosa a construção “sou empregado da leste/ sou maquinista do trem”. O “sõ” como “seu” (ou “seo”, pra mim tanto faz) deixa claro o sentido do samba.
    Quanto ao meu “equívoco” eu ainda acho que é uma questão de perspectiva. Também me acho um “cara legal”, ora!
    beijos,
    luedy

  27. glauber guimarães disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 7:40 pm

    cadê heloisa? e labi? e merengue? e carolina? e maria joão brasil? e exequiela? e miriam? e adriana calcanhoto? e marcelo? e as patricias todas? e todo mundo que num aparece mais? aparece aí, minha gente. cês fazem falta! joaldo dorme o sono dos justos. rafael e rosana já apareceram…

    salem tá inspiradíssimo! “cidade submersa dos futuros amantes de chico”…putz! cada comment, um poema.

    hoje é o dia “araçá azul” no meu planeta. repeat total.

  28. alotroladode(l)río disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 7:54 pm

    ¡qué maravilla esa capacidad de rendir un homenaje tan emotivo y vibrante hasta para quienes, como yo, no conocíamos a Dona Edith! Lo pongo en pasado porque, más allá del estremecimiento , me llevó a buscar, escuchar, ver y admirar…
    En este momento, con una temperatura por debajo de 0º, escucho….
    http://www.mp3tube.net/br/musics/D-Edith-do-Prato-e-Bethinia-Quem-Pode-Mais-Dona-da-Casa-Eu-Vim-Aqui/89883/
    Ta certo, Caetano
    Blogueira em geral

  29. Maria disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 8:04 pm

    Oi Caetano,
    Coincidentemente também acabei de receber uma notícia triste.
    Comovi-me com o seu post.
    Eu ouvia muito essa música no tempo da universidade…. Viola, meu bem, viola….
    Parece que eu estou vendo a gente cantando na rua do lazer. Mas pensava mesmo que era “sou empregado da leste, sou maquinista do trem.

    Muita paz e tranquilidade para D. Edith
    e todos vocês.
    Maria.

  30. Luiz disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 8:12 pm

    Gil realmente é o mestre maior, da música, da humildade, da coragem, da esperança (”três vezes salve a esperança”)…

  31. glauber guimarães disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 9:13 pm

    pessoal,
    neste carnaval, salvador terá um rei momo que toca trombone, é grande compositor e canta que é uma barbaridade: gerônimo! eleito pelo povo, o melhor rei momo de todos os tempos! achei que gostariam de saber. quem não conhece o som de gerônimo, faça-o. não irão se arrepender.

    ……………….

    joana,
    não posso colocar aqui o link do EP que te mandei, porque isso abriria um precedente e não seria legal pro andamento dos trabalhos aqui. mas se você gostou e te fez bem, missão cumprida!

    ……………….

    hermano vianna, PhD em moderação virtual, protegei-nos de nós mesmos! haha

    ………………

    aah, o tempo, esse querido ladrão…

  32. nelson disse:
    Janeiro 11th, 2009 at 11:30 pm

    caetano

    a essência em estado mais puro este seu texto.

    vou cometer uma indelicadeza neste seu texto atemporal da alma nordestina.

    o prato a comida a força nordestina.
    existirmos a que será que se destina?

    sua referência contida nas palavras:

    “Lula é um resultado direto e muitíssimo menos indesejável”….vou APENAS dizer e vc caetano por favor finge que não escrevi alias ninguem do blog please, mas acho o resultado muitissimo mais muitissimo mais indesejavel…uma alma nordestina
    que passou fome não renega um “prato” para a mudança que de fato podria ter sido empreendida e se perdeu em um sertão arido do consenso neoliberal.

    para obstemperar minha pequena indelicadeza
    segue uma ideia da verdadeira riqueza do sertão joia verdadeira em seu estado mais puro

    rosas para quem sabe o verdadeiro significado de rosa, de um prato, do sertão, da vigilia, da esperança
    da beleza atemporal do sertão.

    que moreno continue a “tocar” prato….assim a esperança da essencialidade das coisas se perfaz.

    http://www.youtube.com/watch?v=9prnbHWaRLo

  33. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 12:04 am

    Edith parecia muito especial
    pois foi convocada pro sonho araçá azul.

  34. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 12:59 am

    Eu também achava que a letra de “Viola, meu bem” dizia “sou”.
    Nunca me ocorreu que poderia ser “so”, um diminutivo de “seu” ou “seo”, que já são diminutivos de “senhor”. Não é isso?
    Este “so” muda todo o entendimento da cantiga. O sujeito-sertanejo deixa de ser - o que nunca foi - o empregado da “leste”, o maquinista do trem. E, certamente, com “so” ela fica bem mais bonita. O sertanejo é ainda mais metafísico e dono de sua solidão, no amplo sentido de um Guimarães Rosa.
    E Gil, mestre em sol maior, canta essa coisa muito lindamente; “Onde resiste o sertão/ toda casinha é feliz..” e finaliza com o belíssimo “beijo da solidão”. Rosas para dona Edith, para a Bahia, para Rosa, para o sertão.

  35. Enzio Andrade disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 1:37 am

    Cheguei a ver e ouvir D.Edith em Santo Amaro,e vi a riqueza de todo nosso país em suas palavras,de nossas mais belas origens em sua voz.
    Caetano,eu achei muito bonito seu texto,talvez o mais lindo que escrevestes aqui desde o início desse blog,o final é pura emoção e amor.
    Paz para todos,e cantemos pra Dona Edith,ela,como artista do povo,do Brasil profundo como já disse Caetano,merece todo nosso louvor.

  36. Chris disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 2:23 am

    HM, Caetano,esse papo de que Lula nao estudou pq nao quis me parece tao repetitivo! Vc fala sempre as mesmas coisas para pessoas diferentes? HM,

  37. glauber guimarães disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 2:42 am

    em homenagem ao sertão:

    “Si eu tivé di vivê obrigado
    um dia i antes dêsse dia eu morro
    Deus feiz os homi e os bicho tudo fôrro
    já vi iscrito no livro sagrado
    qui a vida nessa terra é uma passage
    Cada um leva um fardo pesado
    é um insinamento qui desde a mudernage
    eu trago bem dentro do coração guardado

    Apois pro cantadô i violero
    Só há treis coisa nesse mundo vão
    Amô, furria, viola, nunca dinhero
    Viola, furria, amô, dinhero não”

    trecho de “o violeiro”, de elomar.

  38. dea trancoso disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 2:47 am

    lá se foi mais uma beleza sertaneja desse brasil. isso me lembra uma música minha e do andré mehmari (que fiz em homenagem às mulheres de minha terra, o vale do jequitinhonha, sertão do sertão mineiro):
    flor doméstica
    nasce da terra
    fala de coisas vividas
    no espaço miúdo e cotidiano
    das horas passadas a fio à beira do tanque
    na eira das panelas
    na delicadeza posta à mesa
    flor que molha, cuida e planta
    flor que afaga, escuta e ri
    flor que espera, chora e se espanta
    flor menina, flor menina
    luz de lamparina
    pétala santa

    VIVA A MEMÓRIA DE DONA EDITH E VIVA TODAS AS SERTANEJAS QUE AINDA EMBELEZAM ESSE NOSSO PAÍS…

    Beijo no seu coração Caê, sempre no limiar da extrema lucidez e poesia…

  39. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 3:18 am

    Sim, Lula não estudou porque não quis mesmo. Aliás, ele sempre quis manter essa aura, esse mito de poder ser um presidente sem estudos, um peão do chão de fábrica, meio tosco. Lula talvez tivesse um pouco de medo de perder essa tal “ligação” com seu meio de origem se acaso viesse a estudar. Entendo assim. Fui da assessoria de imprensa da CUT e estive com Lula várias vezes antes dele se tornar presidente. E, na verdade, Lula fala e articula bem melhor o português quando está numa roda de amigos, longe dos microfones. Esse fenômeno não é exclusividade dele não. Muitos líderes sindicais, muitos com os quais tive contato direto e que hoje estão no governo, falavam consideravelmente “bem” numa reunião com executivos ou representantes patronais, mas quando subiam no caminhão de som para se dirigirem aos milhares de trabalhadores de uma Volkswagen, por exemplo, eles derrapavam feio no português. Coisas como; “Os trabalhador exige..”. Medo de uma platéia grande? Ou a continuidade forçada do “sindicalês” popular?
    O próprio Ricardo Júlio, da assessoria de imprensa da Volks do Brasil, comentou comigo certa vez sobre essa coisa de líderes sindicais que “falam corretamente” com os patrões, mas que detonam o português sobre um caminhão de som.
    Claro, acho super errado que um cara ache que tenha que forçar o “português errado” para se fazer entender diante de cinco mil trabalhadores do chão de fábrica. Primeiro, é desmerecer a capacidade do peão. E segundo, não contribui pra nada.
    O “chão de fábrica” é onde está a massa da produtividade industrial. No Brasil, principalmente nos estados mais industrializados, ele é o termômetro da classe média. Eu, que tenho quilômetros e quilômetros de chão de fábrica e gosto muito da peãozada, fico triste ao constatar que se trata de uma enorme massa que “não lê” quase nada, nem livros, nem jornais, e morre de preguiça de ler os informativos do seu próprio sindicato. Existe uma tentativa, mas ainda tímida ( ou nem tanto interessante ??), de algumas grandes empresas de apoiar o trabalhador que quer se dedicar aos estudos no dia a dia, além da jornada puxada numa linha de produção. Mas, só algumas grandes empresas fazem isso. De resto, sinto que há um interesse obscuro em deixar o trabalhador menos informado. Óbvio, um trabalhador bem mais informado não é uma presa tão fácil na política de baixos salários e jornadas extensas que muitas empresas adotam. Vejam bem, vou citar o exemplo da Ford do Brasil. Um trabalhador de uma unidade da Ford em São Paulo chega a ganhar três vezes mais que um trabalhador da unidade da Ford em Camaçari, na Bahia. Qual a razão, se fazem a mesma coisa???
    Ocorre que há um mito - não sei - de que o trabalhador de São Paulo é mais estudado e instruído tecnicamente que o trabalhador baiano, por isso merece ganhar mais, por isso sabe se organizar de forma mais eficiente, com sindicatos mais fortes.
    Vejam, foi isso que observei quando estive por cinco anos na assessoria de imprensa da CUT. E literalmente a CUT está no poder. E posso dizer que o grande problema do Brasil é, de fato, a “educação”, o ensino público em geral. Eu acho sim que Lula poderia ter estudado, mas resolveu manter o mito. Um mito que o ajudou a se eleger, mas que considero pejorativo e prejudicial ao Brasil.

    Pra finalizar, na TV uma dona de casa do Mato Grosso explicando ao repórter porque tinha tirado seus filhos da escola: “Pra que estudar? Lula não estudou e virou presidente!!!”

    “Um país se faz com homens e livros” (Monteiro Lobato).

    Salve salve Edith Oliveira!!!

  40. Luiz Castello disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 3:34 am

    Querido Caetano.

    A verdadeira história do Brasil,e do mundo é de fato,contada por fragmentos que recolhemos do fundo dos nossos quintais,dos fundos da escola,da igreja,do cinema,do fundo dos nossos corações,onde Dona Edith passa a residir de agora em diante.

    Nunca me entusiasmei com a história contada pelos heróis,geralmente montados nos seus cavalos,com as espadas levantadas a subjugar a plebe.
    Uma vez eu vi umas fotos tiradas do que sobrou de Pompéia.
    Era uma coleção sobre a história universal.Fiquei impressionado com as cenas,petrificadas no tempo,pelas larvas do vulcão.
    As pessoas pareciam pegas de surpresa,lavando suas roupas,carregando cestos,amassando o pão.
    E eu imaginando : “por essas ruas passaram luizes marias e bastianas”.

    Com certeza nessa roda de samba de roda,alem do prato,que eu penso ter visto,tocado por Dona Edith, no cinema falado,vão juntar-se,a sanfona de Dona Maria,que eu acompanhava,criança, nas festas juninas da vila,da escola,da igreja do padre Rolim,a voz do Jurandir seresteiro,a guitarra do Elcinho que amava Elvis,e muitas outras pequenas estrelas escondidas no fundo da abóboda celeste,mas que brilham intensamente,eternamente nas nossas vidas.

    Um abraço fraterno,
    Do Luiz Castello.

  41. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 3:39 am

    Caetano, que texto lindo e que pena. Tenho o disco de Edith, lembro de sua voz em “Viola Meu Bem”, no Araçá, abrindo o disco - ouvi bem menininho, levei em princípio um susto, depois achei o máximo.

    E também achei o máximo aquelas músicas incidentais em Sugar Cane Fiels Forever. Sempre canto essa música, mas fazendo tudo numa única voz, claro, tentando a quase impossível tarefa de conciliar os timbres.

    Confesso que não sabia do “sô/seo/senhor” e, sem dúvida, isso dá um sentido mais rico aos versos - fazendo-me lembrar do documentário Tempo Rei, passado na HBO e que reunia Gilberto Gil e Roberto Mendes, ambos tocando essa canção no violão (e depois os dois tocavam também Expresso 2222).

    É importante que todos saibam do valor de Gilberto Gil e de Roberto Mendes para o violão do Brasil. E do valor de Edith.

    Obrigado por manter isso aceso, Caetano.

  42. Julia Debasse disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 5:32 am

    O meu sentimento de ignorância é algo tão inerente a este blog quanto o fundo branco e as letrinhas pequenas - eu não sabia quem era Edith do prato. Mas, o curioso, é que já a ouvi muitas vezes, sem saber que era ela. Há alguma coisa estranha em eu ter ouvido tanto esta mulher, sem saber que a estava ouvindo, em conhecer sua arte sem conhece-la.

    OEP é cultura!

    Um abraço para todos,
    J.

  43. Labi Barrô disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 5:50 am

    Oi tchurma!
    Voltei. Eu estava viajando. Tenho tanta coisa para contar…
    Mas neste momento quero dizer que eu gostava muito de ouvir Dona Edith Oliveira nos discos de Caetano. Desde quando ouvi a gravação de Viola, Meu Bem (no Araçá Azul, aquele disco em que Caetano aparece de sunga vermelha no espelho)gostei. Eu gostei da gravação logo de cara porque além de ser boa de ouvir, a presença de Edith do Prato dava um ar de família, de gente próxima a gente, de gente real, normal. De gente boa. Sempre gostei.
    Depois curti muito a participação dela em Boas Vindas (presente no Circuladô, aquele disco que tem o olho e a boca de Caetano no meio de um girassol).
    Eu não sabia que Caetano havia sido amamentado por ela. Foi uma ligação forte… Todos devemos agradecer a Dona Edith. Ela ajudou o Brasil a ter Caetano Veloso.
    Gostei do esclarecimento sobre o “sô” da música Viola, meu bem. É bom entender as letras direito. Mas no encarte do disco Araçá Azul da caixa Todo Caetano colocaram “Sou empregado da leste. Sou maquinista do trem”. “Seu” faz muito mais sentido.
    Quero mandar um superbeijo especialíssimo para Caetano Veloso.
    Labi Barrô, de volta pro aconchego com todo o respeito.

  44. Luiz Castello disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 6:18 am

    Desculpe Caetano,
    há algum tempo,eu abdiquei das erratas,mas trocar as Lavas do vulcão pelas laRvas,foi pior do que a Abóbada pela abóbOda.

    Só não vou corrigir o sentimento que me levou a dedicar-lhe o texto,em que as tais palavras foram inseridas.
    Esta emoção está muito além das armadilhas gramaticais.

    Outro abraço fraterno
    Do Luiz Castello

  45. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 8:51 am

    Chris, de onde veio esse papo de que Caetano teria afirmado “que Lula nao estudou pq nao quis”?
    Teteco, não tenho mais vontade de discutir as noções arraigadas de “erro” e “correção” em se tratando de língua. Ainda que as implicações de tais noções descambem nesta outra noção problemática: a de que Lula é uma influência ruim para a educação brasileira. Basta ir aos dados: investimentos nas universidades federais mais que duplicaram em relação ao governo FHC. É certo que a educação básica ainda vai mal, é certo que há muito o que fazer, mas entre aquele ministro de educação do governo FHC (que facilitou a farra do crescimento desenfreado das faculdades particulares no país) e o Haddad, eu fico de longe com este último.

  46. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 9:17 am

    [aos moderadores: tem tantos erros no meu último comment que eu queria pedir que, ao invés de uma errata, vcs o substituíssem pelo comment abaixo. Pode ser?]

    Ah, agora eu vi o que Caetano escreveu sobre Lula e sobre o meu “equívoco”.

    Deixa eu comentar:

    Caetano, eu não pretendi dizer que deveríamos abandonar a gramática, mas torná-la menos chata e autoritária. Fazer da gramática algo que não retirasse das crianças o prazer de se expressar. Aproximá-la de nossos falares diversos, aceitando a diversidade linguistica como um fator positivo (e não decriminando-a e censurando-a, quando através da noção de “norma culta” e de “correção” se impõe a gramática normativa como o único referente para o falar e escrever “bem”). Um estudo acerca da própria constituição da gramática. Não seria interessante? Ou vocês julgam que essas regras caem do céu? Ou vocês acham que não há razões políticas para se decidir por aquilo que representará “correção”?
    Bem, a análise sintática que eu tive na 3a série do primário me causava pesadelos e nenhum prazer. E posso te garantir: não saco muito aquela nomenclatura toda e isso não me impede de me expressar (razoavelmente) bem.
    Os especialistas virão, claro, a partir de um aprofundamento dos estudos linguísticos. Mas isso não deveria acontecer na 3a série do ensino primário! E nem deveria ser critério para julgamento do “falar bem”.

    Quanto a Lula, eu não acho que seu falar é feio. Ao contrário, admiro sua capacidade de tornar seus discursos públicos no oposto do palavrado balofo de políticos beletristas. Mas, mais uma vez, é uma questão de perspectiva. Não vejo “Ignorância” em quem fala “menas”.

    abraços sinceros,
    luedy

    ps. em tempo, meus sentimentos por D. Edith. Aquela abertura de Araça Azul, com ela cantando, é de uma beleza profunda. Pago meu tributo a ela e a você por tanta beleza em nossas vidas.

  47. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 9:42 am

    Oi, Caetano e pessoal.

    Meus sentimentos pelo falecimento de D. Edith.

    Quanto ao Possenti: acho que não se tratou de agressão e sim desejo de esclarecimento. De qualquer forma, levar uma reprimenda de uma das maiores autoridades em Linguística do Brasil para mim seria uma honra…

  48. Alexander Canale disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:23 am

    “Sô” como “Seu” é muito particular, local. Como não sou entendido, mas quero entender, achei fascinante.

    Aliás, semana passada a “Grobo” exibiu “Ó Paí ó”, um filme que é ótimo justamente por mostrar algo tão brasileiro, mas, por vezes, tão distante. Amigos meus não comprenderam e continuam preferindo o que lhe é mais próximo: Hollywood.

  49. César Lacerda disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:27 am

    e isso é tão bonito. isso é o nosso jeito.

    A Déa, que canta tão bonito e e com uma força tamanha, falou algo importante: a cultura sertaneja, que num certo sentido, parece-me ser maior que a cultura negra e ingígena no Brasil. O sertão talvez seja ainda maior que o Quilombo e a Aldeia.

    Da maior importância.

  50. César Lacerda disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:28 am

    talvez seja melhor dizer indígena…

  51. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 12:12 pm

    Caetano,

    A sua narração do enterro de D.Edith me fez lembrar
    da visão do autor de o Estrangeiro.

    Um grande abraço.

  52. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 12:33 pm

    “De tão interessante que é a todo os momentos, a vida chega a doer”

    As coisas parecem ter um encontro natural. e a vida passa como um filme ao reverso: Caetano em Santo Amaro no adeus ao som do prato. como lhe fez falta o acompanhamento e, quantas imagens lhe sobreporam o pensamento naquele instante, em que juntara força para cantar sozinho.

  53.  disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 12:44 pm

    Fiquei muito comovido com o texto ai de Caetano, não conhecia d.Edith do prato, nem vive esses doces anos de cultura, leite e lembranças dessa senhora mas a forma suave e marcante como Caetano se refere a tudo isso me faz ter a certeza que vive esses momentos citados, as vezes me pergunto como Caetano tem essa facilidade poetica de falar das coisas da vida(até da morte)é como se tudo que ele falasse tivesse uma camada aveludade de luz que encobre qualquer poeira e dor…não acho que Caetano falou demais, acho que ele foi preciso, muito direto e eficaz, suas palavras encheram meu peito de uma paz tão musicalmente harmonica que agora escrevo pensando como é bom pra mim mesmo não tendo conhecido ou vivida com d.Edith do prato mas admirar e viver o tempo da vida de Caetano Veloso, isso me enriquece o coração. forte abraço Jô

  54. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 12:46 pm

    Luedy, querido, tá lá no post 21. Caetano diz sim que Lula não estudou porque não quis.A Cris está correta.
    E eu não disse que acho o Lula, ou fato dele não ter estudo, uma coisa ruim para a educação no Brasil. Apesar dos pesares, sou mais Lula que FHC, embora os rumos deste país tenham evidentemente passado da USP (de FHC) para as mãos da CUT (de Lula) sem grande modificações. Eu disse que Lula apostou no mito do “cara tosco” como arma de eleição, diferente da Marina Silva, que resolveu estudar. O que eu disse é que vejo a turma da CUT, isso inclui o Lula, desafinando no português, de propósito, em frente aos microfones. E isso não contribui em nada, pelo contrário, reforça o mito burro-patronal de que o trabalhador tem e deve ficar “burro” para sempre.

    Eu não tenho o direito de criticar ninguém por causa de “erros” de português. E não critico. Eu erro pra caramba, mas procuro me aprimorar, me corrigir, sou muito desligadão. Também falo inglês, mas não me atrevo a discutir nada em inglês com Caetano ou Heloisa,por exemplo, pois sou péssimo na ortografia inglesa. Falo também italiano e sou péssimo também na ortografia dessa língua. Baci fratello!!!

  55. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 1:30 pm

    Caetano,

    Eu gostaria de saber de vc duas coisas - o que vc quer dizer quando diz ” a verdadeira Bahia é o R.G do Sul, e outra: por que vc, em alguma fala, cita o nordeste como uma coisa e a Bahia como outra?.Por favor, me explica!

  56. Osvaldo Montserrat de Piere disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 1:50 pm

    Todo sentimento de Deus em sua moradia
    Semana triste para o samba, ausência de Xangô da Mangueira, Dona Edith e Mestre Casemiro da Portela.
    Com suas palavras acendo meu espírito e fortaleço meu coração. Obrigado pelas suas palavras, sempre acalento.

    Abraços Osvaldo

  57. Bruno Guimarães disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 2:33 pm

    A história contada por Teteco dos Anjos (comment 11) é das mais engraçadas que vi por aqui… Fiquei rindo imaginando a cara da mãe dele…
    abraços a todos

  58. Roberto Joaldo: - em Amaro-oh! - disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 2:53 pm

    Não, Nando, ainda não é o meu texto sobre a ida ao Terno de Reis da Dona Canô no sábado - visitando Caetanino e essa cidade definida tão lapidarmente por Exequiela como: cidade-interjeição!

    É o registro, em primeiro lugar, do seguinte: que cheguei em casa da festa somente no final da tarde de ontem, domingo, ou seja, 24 horas depois de ter saído! Não, não ache que sequestraram o meu ser dengoso and carinhoso durante o retorno. Havia a cumplicidade de uma sentinela amorosa comigo que impediria a violência de um tal ato.

    Simplesmente a cumplicidade de uma bela e grande amizade me acolheu na chegada em sua casa fruindo a lembrança de cada gostosura vivenciada na magnífica noite, e com quem fiquei confabulando horas sobre o que extrair vital e criativamente, daqui para frente, inclusive para a Impertinacia, de tantos encontros que rolaram lá em Santo Amaro!

    Além de estar com o mano, beijá-lo e abraçá-lo ternamente, cumprimentar a Dona Canô, tomando-lhe a benção, pude dar um beijo no rosto de Bethânia (que emoção, tanta que eu curiosamente exclamei: Meu Deus!), e através de Jota Velloso fui apresentado a Jogre Vercillo. De susto e de surpresa ainda me bati de frente com o Flavio Venturini!

    A par disso tudo, conheci uma galera de Salvador que irá a qulquer momento se despontar na música, e que ficou de me repassar os seus endreços no myspace. E que muito grato prazer: boa parte da turma com que viajei para Santo Amaro era de educadores da Universidade Estadual da Bahia, uma gente curiosamente antenada em fazer com o Cinema comece a ter papel proeminente na Educação. Amizades novas e parcerias para ações socioculturais pela vida afora!

    Mas saiba: cheguei a escrever à noitinha meu comment-depoimento para postá-lo na página anterior. Só que não logrei publicá-lo, pois o servidor do Wordpress estava com um comportamento deveras estranho para comigo. Estou reputando isso à qualidade péssima da conexão de internet discada. Estou momentaneamente sem banda larga em casa. E a conexão por telefone ontem à noite estava sofrível!

    Num primeiro momento e em todas as tentativas, o meu comment não surgia ‘visualizado’ (eta palavrinha que o João Ubaldo desgosta!) “aguardando moderação”! Nada aparecia. Na segunda tentativa, fui informado na janela do navegador que o comment estava repetido. E nas várias tentativas seguintes: que eu estava publicando rápido demais! Você and Salem acreditam nisso? Oh, Amaro-oh!

    Voltarei à página anterior ainda hoje pra publicar meu escrito em forma de mais um comment-dromedário, não sem antes fazer algumas reedições de trechos especiais para ficarem ainda mais próximos da linguagem de meu coração!

    _____

    Caetano, no texto que publicarei, farei menção a um gesto de carinho e alegria que fiz no lado esquerdo de teu peito para transmitir o carinho especial de outra pessoa que te quer muito - pois saiba que eu queria que esse gesto com o condão de significar também para ti o meu próprio pesar pela perda ainda tão recente de Edith!

  59. anlene disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 2:55 pm

    C. a “ignorânça” me levou a curiosear e a encontrar estes vídeos lindos.
    http://es.youtube.com/watch?v=CD6XSTZ789I
    http://es.youtube.com/watch?v=nrSLbbaY4WQ
    Aqui os deixo para os semelhantes.
    [ ]´s

  60. Julio Vellame disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 3:10 pm

    Joaldo, kd vc?
    tou curioso para ler sua crônica da festa de reis de Santo Amaro.

  61. vonaldo mota disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 3:33 pm

    caetano, seu texto sobre d. edith me emocionou muito, lembrei de um outro escrito por mabel, sua irmã, publcado no jornal a tarde sobre a partida do jornalista béu machado.

  62. Felipe Berocan disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 4:34 pm

    Sô minino Caetano,

    “meu Deus onde eu vou quarar, quarar minha roupa?…” Lembro da importância de tia Edith não só em sua vida, mas sobretudo em sua música, em seu vou-me-embora-pro-sertão… Com seu prato de louça, Edith serviu sambas-de-roda como quitutes para o povo da Bahia e muito além, primeiro em seus discos, e muito depois em vôo solo em “Vozes da Purificação”. Ficará para sempre a voz marcante e o batuque certo de uma das maios expressivas artistas populares da Bahia.

    Paz e afeto, Felipe

  63. Judith disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 5:36 pm

    Me adhiero al pedido de Julio Vellame: Jo!!!! Dónde estás, no nos dejes con la intriga de todo tu relato de la Fiesta en Santo Amaro…

  64. Judith disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 5:41 pm

    Ahora sí!!! maravilloso jo!!

  65. Susi Leira Lugrís (Galiza-Espanha) disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 9:09 pm

    Bom, que pena!
    Primeiro quero enviar desde a minha Galiza um beijo sentido ás minhas amadas D. Elza e Nicinha, amada também era D. Edithe, aquela senhora fermosissima que conheci por acaso, 1º no CD do meu Cae e depois já a 1ª vez que eu fui a BRASIL E POR UM DESSES MILAGRES LINDOS DA VIDA PUDE ENTRAR EM CASA DA MAE DO MEU ÍDOLO SOBERBIO. Ai eu voltei ao Brasil 2 vezes + e procurei sempre á casa da minha rainha, Dona Edithe. Adoro essa cara dela, me inspira tanta paz e um amor profundo e intenso.
    Segundo agrdecer e felicitar ao meu Cae pelas suas palavras, sempre tao certas, tao cheias de vida e de sentimento, mas sobretudo de inteligência, que esplendor!
    Voltarei este ano ao meu Brasil, isso desejo, e visitarei á casa de D. Edithe e falarei com Elza, minha amig linda. Sei que uma pessoa como D. Edithe jamais desaparecerá, a sua energia. a sua beleza tá com nós. Beijos e tod@s. Susi.

  66. carolina disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 10:03 pm

    Eu não conhecia a D. Edith, mas segui as pistas deixadas aqui e até ela cheguei.
    Lindo texto Caetano espero que vc esteja em paz.

    ______
    Bom ver Labi por aqui!
    Vou escutar o Para todos por causa de Salém.
    Joaldo estou curiosa pra ler sobre Santo Amaro e ainda estou com muita inveja de ti.

    Bjs silenciosos

  67. PAT disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:06 pm

    Nao sei se foi com intuito de epitafio mas li assim - e achei muito comovente.

    Acho que foi em larga medida, um testemunho poético e afetivo desse processo em marcha nos sertões de Rosa e reeditado mas nunca exaurido em um regionalismo, Neste sentido acho de total pertinência a citacao a Lula .

    A prosa excepcional de Rosa e a poetica de Caetano nas letras musicais ( Cajuina por exemplo) sao de fato, sínteses das mais felizes que se opera em nossas letras ou Letras.

    Neste inventário de artifícios lingüísticos e estéticos de que se valem estas narrativas de Rosa e de caetano vem Dona Edith .

    Acho que ela vivia em um Sertao baiano - o espaço onde o homem vive e espaço onde o homem pena.

    O prato dela tem essa coisa pitoresca, mas de uma universalidade extraordinária, bem na linha do que meu amado e favorito Antonio Candido diria.

    Se este mundo e seu demiurgo não podem ser dissociados do contexto de um país violento e cindido, que e resultado e processo de mazelas centenárias, temos Santo Amaro como a própria província de Minas Gerais que traz implícita em seu nome uma fratura, fruto do projeto de saque colonial e escravocrata que se adivinha “no rosário das cidades ligadas ao mar, próximas a Portugal e à vasta área ainda ‘não explorada’ dos Gerais”.

    Estas realidades excludentes e esquizofrênicas, em que os dois Brasis jamais se comunicam continua hoje igualzinha nos Jardins paulistas e no bolsa familia di Interior. Lula e fruto disso e desse desencontro… Pernambuco em SP suponho.

    Mais de século depois do trauma de Canudos, as elites persistiam em dividir o mundo entre bárbaros e civilizados, ainda que a contundente denúncia de Euclides da Cunha latejasse agudamente dentro da consciência nacional. Rosa ao privilegiar a oralidade de seus jagunços, se torna a “voz de quem não pode falar”.
    Caetano com Dona edith me lembra isso- dar fala a algum q vocaliza e bate pratos…Decerto a pureza de Edith transcende isso mas a beleza que caetano lhe imprimiu vem da afetividade do peito generoso.

    E se esta fala popular de edith revela a uma essência mítica, com uma poética de raízes trovadorescas, cheia de motivos medievais retomados pela literatura de cordel acho muito lindo todas as vezes q ela manifestou-se artisticamente.

    O Todo natural- cultural onipresente (fala de Bosi) com quem Riobaldo interage e no qual todas as contradições se equacionam, uma espécie, quem sabe, de “Espírito absoluto” encarnado em pedras, plantas e animais.. Esse e o sertao de Rosa e o sertao onde Edith vivia e de onde partiu imortalizada por caetano. Deus a tenha pois morrer aos 94 e muito glorioso.

  68. glauber guimarães disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:10 pm

    carolina,
    o “paratodos” de chico é um disco fenomenal! aproveita o embalo e ouça também o “as cidades”. tem uma música dele e guinga chamada “você, você”, que é uma facada no coração daquelasss…coisa linda.
    teteco está terminantemente proibido de ouvir esta canção, por motivos óbvios. chico e guinga não perdoam, enfiam a faca no coração sofredor, depois rodam! belíssima música e letra. um trecho:

    “Me sopre novamente as canções
    Com que você me engana
    Que blusa você, com o seu cheiro
    Deixou na minha cama?
    Você, quando não dorme
    Quem é que você chama?”

    o ministério público devia processar o chico por remexer no baú de minhas dores de amor, hahaha. quanta impunidade neste país , meu deus!
    falar nisso, se alguém souber de algum defeito do chico buarque de hollanda, avisa minha mulher, minha mãe e minha sogra! procurei, mas aparentemente o sujeito é perfeito, haha. tentei achar uma cançãozinha maisomenos, uma só…qual nada. desisto. mestre supremo.

  69. Wesley Barbosa Correia disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:10 pm

    Fui ao encontro de D. Edith do Prato com finalidades de pesquisa. Munido de uma espécie de anamnese antropológica, falei num tom presunçoso à senhora corpulenta . Logo, na primeira pergunta, ela riu ternamente o riso de quem aceita as vaidades alheias sem delas participar e me respondeu, festiva: “A vida, professor,são essas ruas tortas e sem fim. Numas dessas esquinas, a gente acaba achando o caminho.” Então,envergonhado, eu continuei a entrevistá-la de modo mecânico: me perdi nas perguntas, no objeto da pesquisa, no estudo sobre a História do Samba do Recôncavo da Bahia e apenas me interessava olhar as esquinas na esperança de encontrar quem eu quisesse encontrar. Tudo em vão. Naquela tarde, depois do nosso encontro,fiz um poema, D. Edith, e não tive coragem de lhe dedicar porque com tamanha doçura me destituístes o nobre e tão fugidio espírito da Academia. No livro, o poema foi dedicado a Antônio Brasileiro, poeta e amigo, mas, na verdade, ele é seu, querida. Nasce de ti:

    De Caeiro e do sertão

    Para Antônio Brasileiro

    O chão enviesado
    é um fato.

    - Metafísica eterna dos aboios -

    Cansei de tentar compreender:
    o chão enviesado,
    por exemplo,
    é um fato.

    P.S.: Em nossa casa não se chora. Mas é que o relato do Caetano me pôs absorto.

  70. lucre disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:23 pm

    Ay, Caetano que emoción su último post. Quiero ser breve aunque se que me cuesta. Nuevamente ocurrió lo que llamo “magias” (a riesgo de parecer la reina de las cursis pero las llamo así, que voy a hacer, seré cursi).

    Ya comenté que conocí a Dona Edith casi en el mismo momento que ella moría. Luego de leer su post y algunos comentarios creo que ya la conocía aunque no asociaba su nombre con lo escuchado por mi anteriormente. Nunca presto mucha atención a los nombres por cierto.

    El jueves 8 y hoy, 12/1 estuve horas escuchando la radio de DB, temas como “Minha Señora, How beautiful” y “Casa Nova, Raiz” de Vozes da Purificacao, “Santo Amaro e una flor” por Walmir Lima, a Batatinha , “Manda Chamar”, “Noite perpétua” y “Voz da Alegria” por Roberto Mendes,

    Nuevamente estos nombres primero viajaron hacia el norte para luego volver al sur y recién allí entrar en mi casa. Nuevamente aclaro que a muchos quizá los haya escuchado anteriormente, estoy segura que si e incluso Ud. los debe de haber nombrado muchas veces pero soy consciente que me pierdo, que me es difícil retener tantos nombres que se nombran por aquío en su libro. Se ve que el “orden” con que vienen del norte, en una lista elaborada por alguien no especialista en el tema me facilita la retención y ya no me los olvido más. Aunque los nombres no son lo importante por cierto, pero veamos como funciono a veces.

    Hoy de mañana venía para Montevideo en un ómnibus repleto, leyendo el prólogo de Diario: 1974-1983 de Angel Rama, libro que ya leí el año pasado. Esta persona fue muy muy importante para mi y encontrarme con él el año pasado, sin saber casi nada de su vida, y por cómo fue el encuentro me demostró que los fantasmas existen y que las “magias” también. Lo puedo asegurar y cuando lo pienso me viene un escalofrío. En una leo, casi al principio: El ensayista brasileño Antônio Cândido lo describe así: “conocí a Ángel Rama en Montevideo en el momento exacto en que tomó una decisión que, en el curso de los años, se tornó una verdadera misión. “Era el comienzo de 1960 y me declaró que en adelante haría todos los esfuerzos necesarios para establecer contactos de todo tipo con los intelectuales de la América Latina. Estaba dispuesto a intercambiar correspondencia, libros, hacer reseñas, viajar, interesarse a fondo por la vida cultural de nuestro subcontinente.

    En la página 190 del diario, haciendo una referencia a un encuentro en Campinas con él y contraponiendo a otros encuentros en universidades del norte leo lo siguiente: No sentí eso en Campinas; quizás porque el equipo es joven, porque tiene la gracia brasileña, porque cuando se reúnen lo primero que hacen es arrollar la alfombra para bailar, porque ponen pasión y juegan su vida en lo que dicen. El hecho de que me reconocieran como a uno se su raza corresponde a ese reconocimiento que yo hice de ellos. Las euménides Lygia Fagundes Telles e Hilda Hilst vinieron a decirme después de mi intervención en el panel: Você é diferente!. Você nao e profesor!. Y era injusto, porque en ese sentido ellos tampoco, los de Campinas (Carlos Vogt, Ligia Leite, David Arrigucci, Walnice Nogueira, etc.) son profesores. Están vivos en el curso arroyador del arte y el conocimiento: eso es central para ellos, es el sentido de la vida. Y las cosas no están separadas, el arte, el deseo, la política, el júbilo y el miedo, son todas cosas que van juntas, con el agregado de que exigen como pago la gracia. Ver a Antônio Cândido en ese jardín de sus bellos hijos e hijas, es comprender cabalmente lo que ha hecho su vacación, ese abandono de las ciencias sociales por la belleza y esa pasión política que en el sostiene el edificio entero del entendimiento con la suprema cautela y donosura de un “mineiro”.

    Bueno, nuevamente no se muy bien porque escribo esto. Se me ocurrió. Es que hoy estuve buena parte del día con las lágrimas a punto de salir y no se porque. No es que esté triste, para nada, pero se acentuó luego de leer detenidamente el post.

    Dejemos de lado ciertas simplificciones y ciertos estereotipos que tenemos con respecto a la alegria brasilera y esas cosas, ya que muchos piensan que andan las 24 horas del día bailando y cantando. Y que no duermen, o que duermen también bailando y cantando.

    En fin, el asunto es que me levanté “emocionada” y la crónica de Caetano exacerbó ese sentimiento. Dos días antes ni sabía de la existencia de esas personas y ahora estaban en mi vida, acompañándome mientras trabajaba y pocas horas antes algunos de ellos habían estado en compañía de mi adorado Caetano¡no es maravilloso!. Me sorprende una y otra vez como llegan algunas personas, ciertos libros o lo que sea a la vida de uno. Mi próxima tarea es descubrir a Joao Guimaraes Rosa, tan nombrado por acá. Ängel lo nombra en su diario por cierto y entonces yo “debo” leerlo. Exagero como siempre, aunque no tanto.

    Recuerdo hace unos meses, en mi “película” cuando transcribí una partecita del diario cuando Angel comentaba algo con respecto a su hija:

    “.. siempre la siento desamparada, con estrujamiento del corazón, pero cuando resurge, cuando ve el futuro algo más claro, hay un tono jocundo de la voz, una expansión que me enamoran. Y al saberla bien, contenta, me siento tan íntimamente feliz que me pondría a cantar.”

    Acá terminaron sus palabras y yo agregue en mi “guión” la letra de Leaozinho de Caetano y lo mandé al ciberespacio, para “nadie”, a esa dirección de correo que no se bien que es y me quedé felíz. Misión cumplida me dije para mi.

    En fin, dejo por acá porque estoy totalmente divagada. Me agarró por el lado sentimental. Es que soy una enamorada de cómo se van construyendo las conexiones, los lazos entre las personas, las cosas, etc. Por lo comentado anteriormente se que a Dona Edith la recordaré a partir de ahora de una manera especial. Ya estuve viendo algunos videos de youtube y me encantó. Si fue alguien tan importante para Caetano, entonces yo “debo” saber más sobre ella. ¿Estoy exagerando como siempre, aunque no tanto?. Mmm., si, soy exagerada y no lo puedo evitar.

  71. Lucas Jorio disse:
    Janeiro 12th, 2009 at 11:31 pm

    Legal, primeiro entendi que era “sou”, mas realemtne ficaria esquisito, implicaria o maquinista largar o emprego, parar de viajar pra ficar no sertão. Faz muito mais sentido ser de “seu”, mas “sô” é muito melhor, senão pareceria xingamento esnobe (”seu maquinista da Leste!”). Legal também como que “viola” no refrão parece virar verbo (não o verbo violar, outro).
    Não á a primeira vez que você diz que alguém acaba encarnando o passado e o futuro de alguma coisa, isso é curioso.
    Da próxima vez que usar “vida/história verdadeira”, gostaria que dissesse se tem uma “falsa” em mente.

  72. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:04 am

    Gracias Bruno Guimarães. Você é parente do Glauber Guimarães?

  73. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:12 am

    Quando Caetano diz que Lula “não estudou porque não quis” parece óbvio que ele não se refere ao menino esfaimado do nordeste brasileiro, mas sim ao político já bem sucedido que, tendo perdido uma eleição em 1989, teve todas as oportunidades para buscar estudo até 2002, mas preferiu lançar-se em campanha política.

    Contra esses fatos, desculpem, não há argumentos.

    Vicentinho, outro metalúrgico de infância igualmente pobre e nordestina, este inclusive negro, estudou e se formou. Lula, porém, OPTOU POR NÃO ESTUDAR. Foi, sim, uma opção dele.

    E não se trata apenas do ensino acadêmico clássico, mas da leitura, do debate, do saber: Jô Soares, Millôr Fernandes e Caetano Veloso, para ficar em três exemplos, não têm “diploma”, e mesmo assim são notórios intelectuais que estão sempre em busca do saber - e o difundem como inequívocos intelectuais.

    É preciso sair dessa eterna defensiva quando se alega uma obviedade a respeito de Lula. Se ele tem - e tem! - várias virtudes, não se pode negar que tenha - e tem - ao menos este defeito.

  74. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:13 am

    (meu comentário seria em resposta a Julinho, mas o relógio lisérgico o pôs antes do próprio comentário a que iria responder! :))

  75. mafra disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:26 am

    muito bonito o texto, caetano. “araçá azul” é um dos meus discos preferidos - dos seus é o que eu acho melhor - e muito da beleza dele está na presença de dona edith do prato.

  76. Fernando Salem disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:35 am

    Não se enganem. A senha do texto do Caetano não está na figura de Lula e no que a Chris (coment 34) chamou de “papo repetitivo.

    A senha está na interessante menção ao ministro Mário Andreazza. Militar, gaúcho de cabelos prateados e pele bronzeada, Andreazza foi o ministro dos Transportes nos governos Costa e Silva e Médici. Representou a idéia de progresso embutida no milagre asfaltando o Brasil. Andreazza fez o Brasil dos sem-carro. Sujeito rude e autoritário, ele está na gênese da nossa arraigada forma de superfaturar, poluir e valorizar o transporte rodoviário que hoje está implodindo nossos centros urbanos e transformando o sertão em paisagem de passagem emoldurada pelos vidros dos carros, caminhões e ônibus. A idéia insana da Transamazônica nasceu naquele período alucinado.

    A Ponte Rio-Niterói também foi idéia dele. Hoje está lá, firme e robusta, graças a um “modo de produção” que causo dezenas de mortes de operários.

    No governo do Figueiredo, Andreazza foi ministro do Interior e em seguida, candidato à sua sucessão à Presidência da República. Concorreu na convenção nacional do PDS com o Maluf e perdeu.

    Se tivesse ganho na convenção do PDS, não teríamos tanto medo de que Tancredo perdesse as eleições indiretas, pois Maluf era adversário mais forte.

    No começo dos 80, o Renato Aragão nos Trapalhõescriou uma personagem chamada Severina, que falava ironicamente de sua tara pelos olhos verdes de Mário Andreazza. Era hilário.

    Andreazza era o homem urbano, macho e emprendedor da urbe. Didi era o homem nordestino, pobre, imitando mulher e falando errado.

    Há algo de Didi no Lula. Quando Teteco (com brilhantismo) fala do “falar errado” proposital de Lula que toca os brasileiros, lembro que Didi também o faz, mas como artista.

    No entanto (a senha) Lula de forma enviesada dá certa continuidade ao estradismo de Andreazza. A idéia de “o sertão vai virar asfalto” e das super-produções a la SUDENE é que o opuseram a Marina Silva. Aí, sim, mais uma vez, Caetano acerta. Marina, mulher, de fala correta, propõe uma nova forma. E é aí que Teteco arrasou nos presenteando com dados de inteligência fina percepção.

    No anos de 2008, pela primeira vez na história desse país (bem ao gosto de Lula) a população urbana superou a rural. Olhem o mapa do Brasil e tentem entender esses números impressionantes.

    Chega de discutir Lula X FHC. No Brasil, pós-Lula uma missão se impõe. Fazer do Brasil um país urbano, sertanejo e civilizado. Diverso. Onde se fala o português correto. Não o da unificação lusófona. Mas o de Rosa, Buarque, Cabral, Veloso, Catulo, Mano Brown, Gabeira, Arlindo Cruz, Dona Edith e todos os brasileiros que nós, por aqui, amamos tanto.

    Lula está fazendo o seu papel. Não é definitivo. Está cheio de erros… políticos, econômicos e de português. Mas caminha.

    Quando citei “Futuros Amantes” do Chico pensava no texto do Caetano e no tempo que está vindo, sobre o qual pouco sabemos, falamos e refletimos. O Brasil sem Caymmi, Dercy e Dona Edith.

    E aí…

    Sábios em vão
    Tentarão decifrar
    O eco de antigas palavras
    Fragmentos de cartas, poemas
    Mentiras, retratos
    Vestígios de estranha civilização

    Nada é pra já.

    Beijos nas testas do futuro

    salem

  77. Fernando Salem disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:41 am

    A tempo:

    Mario Andreazza morreu em 1988. O mesmo ano em que Chico Mendes foi assassinado.

    É temo de ligar pontos.

    bj nas tst

    salem

  78. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 1:53 am

    Oi, Caetano e pessoal.

    Que trem mais esquisito, sô! Por todo lugar na web, até numa tese de semiótica, a letra de Viola Meu Bem estava “sou maquinista…sou…” vc me surpreende com esse “seo” jeito de ser.

    Bom, não quero ser renitente, Caets, só te alertar para o fato de que Heloísa quer fazer com jeitinho o que os linguistas fizeram e vc considerou agressão. O Possenti até topou sua tese! Só fez leves ponderações. É que Possenti, Luedy & eu não temos essa clareira do ser, essa abertura para o ser heideggeriana que a Heloísa tem e daí ficamos sendo os agressores…

    Se quiser te mando minha tese sobre Oswald que tá no forno. Pode ler e criticar tudo que eu acato se eu achar pertinente. Topas?

  79. Julinho - Julio Montalvão disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 2:16 am

    My Brother,

    Meus sentimentos ao povo de Santo Amaro e a todos os que sentiram a partida de D. Edith.

    “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano, e por isso não me perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” ou “No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main; if a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend’s or of thine own were; any man’s death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee.”

    Os sinos também dobram por quem parte e deixa um rasgo de saudade dentro da gente. Fica um certo vazio que só com o tempo vamos preenchendo. Muitas vezes toca e fere a alma. Quando toca, menos mal pra quem consegue superar a dor, pois a vida continua. Nessas horas penso como o palhaço de um circo, que mesmo submerso pela dor tem que fazer a platéia sorrir. Faz parte do show de todo artista. Quando fere a alma, como a do Roberto foi ferida, a dor é mais intensa e o refazimento é demorado. Tem quem supere a dor facilmente, mas tem que seja levado pelo banzo. Dito isto gostaria de lhe dirigir um comentário que não precisa responder, se assim preferir.

    Ninguém é obrigado a aceitar isso e mais aquilo. O direito de fazer suas próprias escolhas, sem que isto traga mal a seu semelhante faz parte do que convencionamos chamar de liberdade individual. A democracia nos permite a convivência dos contrários, é dialético e faz bem porque exercita o cérebro.

    Não sei, mas acho que você, Caetano, tem algo de “pessoal” com Lula. Percebi algo quando diz que Lula não estudou porque não quis. Pode ser verdade, mas foi uma opção dele, se isso for uma verdade verdadeira. Não conheço a história do dia a dia desse operário que chegou ao cume da montanha. Não iria por ai…

    Vejo que também remete críticas endereçadas a Lula (e/ou aos eleitores do mesmo, pouco importa) de modo equivocado, tocando o íntimo de um “ser social” cuja consciência é fruto de todas as experiências sociais vividas por ele.

    Lula ganha sempre quando alguém o chama de analfabeto, de iletrado. Isto causa uma reação - dentro de um país de analfabetos, incluindo dentre estes os chamados “analfabetos funcionais”.

    Vivemos em uma nação que é, por excelência, elitista. A própria internet vem se popularizando, mas não é pra todo mundo, ainda há uma política excludente nesta área. Muita gente usa micro de Lan-Hause, pois não pode comprar um micro. Esta gente que vive excluída em quase tudo, sem acesso a livros, às boas leituras, ao cinema, ao teatro (os “sem cultura”) e a quase tudo que nossa classe dominante possui e pode vir a possuir, quando ouve alguém dizer que Lula não sabe ler, nem escrever direito, cria um vinculo de solidariedade, quase que instintivo e/ou inconsciente, com o mesmo. Sentem-se no mesmo patamar, embora, na verdade, não estejam.

    Nossas universidades - das mais austeras e mais bem equipadas e dotadas de verbas, formam profissionais que nos assustam, e outros que nos causa admiração, estes são uma minoria.

    Também temos vícios e deformações que as elites insistem em defender e que denominam com o nome de vestibular. Mais um filtro seletivo que afunila o acesso de muitos ao topo da pirâmide social. No meio universitário, a partir do momento em que os senhores(as) donos(as) do poder, dentro da universidade, perceberam que qualquer professor poderia ser candidato a reitor, criaram novos critérios, seletivos, que só mesmo esta elite poderia preencher. Tornou-se quase que obrigatório buscar títulos. Uns só fazem colecionar por colecionar. Outros por mera vaidade. Outros para buscar o poder, enquanto uma minoria busca para ajudar a sociedade a evoluir. Agora tem que ter doutorado, mestrado ser phd e outras coisas mais, o que não significa nada, se a essência do ser não for boa.

    O conhecimento é importantíssimo, mas a inteligência não é só conhecimento. A imaginação, diz Einstein, é mais importante que o conhecimento. As grandes descobertas arqueológicas foram feitas por quem não era arqueólogo, por autodidatas e aventureiros que exerciam a imaginação aliada ao conhecimento e à inteligência de que eram dotados. Isto revolta muita gente que se forma e que não faz absolutamente nada de produtivo, salvo ganhar dinheiro com projetos e outras coisas que as nossas políticas públicas oferecem.

    Muitas vezes o povo sustenta verdadeiros parasitas no meio universitário, com salários pagos via projetos. Outros equipam suas casas com produtos adquiridos via projetos. Isto é: com verbas públicas, com o dinheiro do povo. Isso é injusto, é real, mas funciona como se fosse a linha do Equador: Todo mundo sabe que existe, mas não vê! Uns porque não querem ver, outros por conveniência, outros por medo, pois dentro do meio universitário, a palavra “perseguição” (quase sempre associada à esquizofrenia) é uma realidade Vivemos em um mundo cheio de fraudes e não me prendo as eleitorais, tecnicamente possível.

    Também temos centenas e centenas e centenas de profissionais que um dia poderão - ao examinarem suas consciências - dizer que na vida não foram mais que uma fraude, ainda que tenham sido magníficos.

    Alguns poderão assumir que “venceram” profissionalmente através de uma, ou mais de uma fraude.

    Uma dessas fraudes está exatamente no processo, dito seletivo (o que é mesmo, mas muito mais elitista que seletivo) do vestibular.

    Quanta gente não foi contemplada com uma fraude dessa natureza? Quem quiser examinar o histórico do vestibular e buscar em páginas de jornais informações vão descobrir que existem fraudes que deram certo, outras que não se consumaram e outras que passaram invisíveis ao olho clínico dos mais letrados.

    Houve ocasião em que cursinhos davam quesitos do que iria cair em prova. Gente “bem informada” e que já sabia como seria a prova.

    No ensino fundamental, até chegarmos ao atual segundo grau (houve um tempo em que tínhamos o curso clássico, o cientifico e o normal, e as deficiências eram menos notáveis e havia muito mais seriedade de propósitos.

    Da Aritmética à matemática moderna tudo continua como dantes, com a grande diferença de que, antigamente, a fraude não era tão escandalosa. Era mais bem salvaguardada e incluía poucos e bastava ser de família tradicional. Hoje o dinheiro favorece muito essa indústria, ou essa máquina que gira em torno do vestibular, que, felizmente, está com o tempo contado. No futuro o mercado é que irá selecionar o bom profissional.

    Temos pessoas que possuem o dom de tocar um violão só em ver e ouvir alguém tocando, gente que aprende a tocar sem nunca ter sido ensinado, sem a aprendizagem básica. Nas artes plásticas existem pintores que nunca freqüentaram uma universidade de belas artes. Dizem que “o que é bom já nasce feito e que, quem quer se fazer não pode”. É verdade, sim. Minha bisavó nunca aprendeu a tocar bandolim com ninguém e sabia tocar divinamente bem seu este instrumento tão divinamente bem tocado por Armandinho. Isso é um dom ! Não é todo mundo que pode chegar a ser um Caetano, um Chico Buarque, um Milton Nascimento. Muita gente sonha, quer, mas não pode. Vocês parecem possuir algo a mais no cérebro que a maioria dos mortais. Ou nasceram com um ponto cerebral qualquer já feito pra ser bem sucedido, como o “estalo de Vieira”.

    Vocês acertaram em suas escolhas, também. Veja, tem médico que não exerce a profissão pois o dom dele é a pintura. Tem engenheiro que se revela um grande contador, na prática, e assim vai a humanidade.

    Lula tem um dom que não é igual ao de muita gente,nem ao seu, nem ao meu, mas é possuidor de um dom humano que o distingue dos demais mortais. O gosto de cada um vai determinar o julgamento futuro de quem é melhor pra isso ou aquilo. As eleições podem servir como uma forma de julgamento, apesar dos pesares.

    Acho que você poderia fazer críticas a Lula nos campos da Educação e da Saúde Pública, embora ele tenha feito alguma coisa nessas áreas. Mas as Universidades continuam a ser precárias, com vícios e deformações que nunca são corrigidos por força da institucionalização do que há de errado e que favorece certos grupos. Se você quer corrigir, vira um embaraço, um pus, um tumor. Passa a ser “elemento ativo, feroz e nocivo ao bem estar comum”.

    O SUS continua asSUStando o povão. Sim, o povão sente o peso dos equívocos quando sente a ferida e o bolso além do estomago doerem. Se o cara não tem um plano de Saúde e um pistolão pode vir a morrer em uma fila qualquer, ou na hora que tiver de buscar socorro em uma emergência e/ou urgência do SUS, cuja concepção teórica é divina e maravilhosa, mas nunca irá funcionar dentro de uma estrutura capitalista neo-liberal, como a nossa. Lula está vencido nisto pelo grupo sanitarista e não pode tocar nessa “coisa” chamada SUS.

    A questão salarial que atinge muitos profissionais e é um outro ponto fraco do governo. Os supermercados da vida revelam que os preços sobem e que o povo cada vez compra menos coisas.

    A agiotagem dos bancos parece favorecer a economia, mas vem liquidando muita gente honesta que cai nas armadilhas das oferendas dos banqueiros que possuem um apetite voraz. E bote voracidade nisso. Se passar em Salvador, visite o comercio e outros pontos do centro da cidade e verá que muitas lojas de eletrodomésticos e de outros artigos transformaram-se em financeiras e, por detrás delas estão grandes bancos. Exemplo: o BV, Banco VOTORANTIM, que era do Ermírio de Morais, agora é do Banco do Brasil. O BMG está associado àquele escândalo que resultou em nada. Aquele, que teve um dos envolvidos com dinheiro na cueca.

    Agora passamos por uma reforma ortográfica - no meu entendimento sem muito sentido (algo para agradar Portugal (ou não). O “espírito” verdadeiro, que ensejou esta reforma ainda não se conhece).

    Temos outras contradições gritantes como a continuidade da permanência da ausência do Estado nas favelas e bolsões de pobreza, favorecendo, involuntariamente, as organizações (não que Lula deseje isso!) mafiosas, tipo CV-PCC e outras facções, sem contar com as mais perigosas e inteligentes(estas ficam mais próximas do poder, gravitando em volta dele).

    Os aposentados pagarem INSS é absurdo e a justificativa de que pagam por que estão vivendo mais é ridícula. Endividado até os dentes tem que pagar imposto de renda! Creia, tudo certo como 2 e dois são 5.

    A oposição feita a Lula é descerebrada e carrega uma certa ira burra em seu bojo.

    Não basta criticar só pra tomar o poder e não fazer nada. Se existe o desejo em melhorar o Brasil, esse desejo tem que ser visceralmente honesto em todos os aspectos.

    Veja, só, querido Caetano (gosto de você), você já falou em “podres poderes” e o poder tem se revelado podre, mas a podridão continua fedendo em todo o mundo.

    O homem que levou o homem à lua, que nos permite enviar e-mail e termos uma comunicação quase que instantânea, que inventou o cinematografo, que inventou o telefone, que inventou a roda, que criou o avião, que faz a vida ser mais confortável para uns, é o mesmo homem que não encontrou a formula para por fim às desigualdades sociais. Não estou falando em marxismo, mas em uma invenção nova que mude o mundo e que permita a todos uma convivência digna e salutar e que possamos denominar como uma verdadeira Humanidade.

    Não lhe questiono, mas acho que você comete um erro quando crítica um erro de uma pessoa que é mais um erro da sociedade, da estrutura social vigente.

    Penalizamos os “drogados” e até os adjetivamos pejorativamente, mas o erro é nosso, posto que permitimos a continuidade de estruturas sociais ultrapassadas e de mentalidades, também, caducas. Eu teria tanta coisa a dizer - “deixe-me dizer pois quero desabafar” (Marcelo D-2) - mas escrever muito é chato pois os tempos atuais é de quem diz pouco é bem visto. Como diria o pessoal do Pasquim, eu estou mais pra opa que pra oba.

    Poderia elencar inúmeras vulnerabilidades e contradições do governo e que gostaria que fossem equacionadas, mas não toco na ferida pessoal de ninguém. Falo da corrupção como linha do Equador, ou como uma Linha Maginot. Mas é tudo muito transparente nos chamados centros de excelência. Aquela coisa dos 10% pra um, 10% pra outro e, no final, 20% pra o que efetivamente tem que ser feito acontece ainda… mas na linha maginot tudo é underground e não é todo mundo que vai ter condições de ver e de saber. Enquanto isso, nossa São Salvador é tão rica em mistérios que ninguém consegue, neste blog, explicar porque temos o mapa da Bahia igual ao do Brasil. Agora me permita uma indagação feita por V.Sa.: “existirmos, a que será que se destina!”. Não é pela cajuína cristalina em Teresina. Ao menos explique-me esta profunda indagação filosófica que a todo instante me ocorre. Pode ser ? apenas “meias palavras” que sei ler nas entrelinhas. Bye, bye!

    PS: porque não reativam nossa malha ferroviária, não purificam o Subaé e não fazem o Vapor de Cachoeira ser o que foi?

  80. Rosana Tibúrcio disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 3:02 am

    Sô e sá (sim, sá pra nós, mulheres) é tão comum aqui pras minhas bandas, falado tão sem notar e cotidianamente que quando nos mudamos para o Espírito Santo - meu então marido na época, minha filha e eu - nos apelidaram de sô e sá.
    Ríamos, porque pra nós sô e sá era, e é, todos os mais íntimos.

    Pois é, Glauber, apareci… e Labi também. Faltando apenas a sá Heloisa.

  81. Julia Debasse disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 4:27 am

    Eu concordo, e tenho dito, já faz tempo, que o nosso presidente não estudou porque não quis. Ele teve tempo. Acho que, e isso é apenas um jogo de achar, o Lula tenha pensado que estudar seria se vender, de alguma forma. Que estudar o faria um “estudado”.

    A gramática do Lula não me incomoda. Não me incomoda o sifu. Não me incomoda ele não falar outra língua. Me incomoda, sim, profundamente, ele não saber da história deste país. E o bordão do nosso presidente, o “Pela primeira vez na história deste país”, me parece ser um bordão de quem não sabe a história desse país, Nabuco, Bonifácio, Pedro De Alcântara, etc - essa gente. Isso do “Pela primeira vez na história..” sempre me irritou profundamente.

  82. Luiz Castello disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 4:49 am

    E por falar em Estudar;

    O recente Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),rendeu farto material para os redatores de programas humorísticos.

    A Ofélia do Fernandinho,ficaria corada de vergonha ou inveja,da afirmação de um aplicado aluno,feita com absoluta convicção,de que “os lagos são formados pelas bacias esferográficas”.
    Para um outro gêniozinho,”os desmatamentos de animais devem acabar”,enquanto outro afirma que “precizamos de menos desmatamentos e mais florestas arborizadas”o que,para um terceiro “é um problema de muita gravidez”,possivelmente “devido aos raios ultra-violentos”.

    O que mais me assusta não são os erros de ortografia,ou concordância verbal,e sim,a falta de raciocínio,a incapacidade de construir uma frase que faça sentido.
    Os meninos do ensino médio agem como estações repetidoras,juntando sem nexo,palavras que ouvem na TV,nas ruas,nas suas salas de aula.
    Será que merecem a aprovação automática ?

    As “pérolas” estão sendo divulgadas por um dos professores que corrigiram as provas,e não quis se identificar,pois houve recomendação do Cesgranrio,que elaborou o teste,para não expor os autores das provas.

    Outras Pérolas :

    > ”Não preserve apenas o meio ambiente,mas sim todo ele “
    > ”Na época de Cristo não havia hindústrias para poluir e assim mesmo haviam problemas sociais entre os povos “
    > ”A natureza foi discuberta pelos homens a 500 anos atrás”
    > “ A concentização é um fato esperançoso para o território mundial “
    > “Vamos deixar de sermos egoístas e pensarmos um pouco mais em nós “
    > “Nos dias de hoje a educação está muito precoce “
    (…)

    Calma minha gente !
    Evitemos avaliações precipitadas.
    Futuramente, um desses meninos pode virar presidente do Brasil.
    He He.

    Abraços esperançosos,
    do Castello.

  83. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 7:35 am

    Este post esta muito lindo, precisei de uns dias para digerir, isso acontece quando me deparo com um texto em que o autor tenta nos passar mais do que a imagem que se vê diante dos olhos. A revelação dos sentimentos mais profundos e íntimos que Caetano revela nesse post é muito tocante e me transportou por um instante e mesmo que tardiamente posso dizer que me senti ali presente. Este elo com a casa, as pessoas, com a cidade e suas raízes me maravilha sempre. Esta homenagem poética e plena de sentimento, com esta canção que fala do sertão e de pessoas simples e belas, transformando as letras em parágrafos ricos e estonteantes. Indizível sensação. Gosto muito de Rosa mais sempre tenho uma tendência a pender para o lado de Catullo.

    Vi o vídeo do youtube sugerido por Lucesar e que lindo foi vê-lo porque me trouxe uma compreensão ainda maior de tudo que escrevi no parágrafo anterior.

    Muitas coisas tenho conhecido através do blog, fiz um curso com Rafael sobre o Tambor, também sobre o samba-de-roda estudei um pouco, e como gosto desta cultura brasileira e de toda sua manifestação popular.

    Beijos

  84. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 10:05 am

    Licença.

    Acabei de receber uma notícia bastante triste, no dia 10/01 faleceu Nelson Brito,ator e diretor do Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laborarte). Tá difícil, viu. Ano passado foi o Mestre Felipe e o Mestre Salustiano, agora começamos o ano com mais essa perda. Nossos mestres, nossos mestres.

    O GUERRILHEIRO DA CULTURA POPULAR
    Por Joãozinho Ribeiro

    Emudeceram os tambores
    Calaram o cacuriá
    A roda de capoeira
    Não consegue mais girar
    Foi-se embora um grande amigo
    Pai de família exemplar
    Nelson Brito guerrilheiro
    Da cultura popular!

    O Laborarte está de luto
    Do fofão o ulalá
    Não se escuta, só se ouve
    O seu triste soluçar
    Enquanto o choro dos céus
    Escorre na terra a clamar:
    Nelson Brito guerrilheiro
    Da cultura popular!

    As águas de março em janeiro
    Parecem anunciar
    Um convite irrecusável
    Pro guerreiro descansar
    Será Terezinha Jansen?
    Ou Felipe de Sibá?
    Neslson Brito guerrilheiro
    Da cultura popular!

    Vai meu, velho companheiro,
    Teu exemplo ficará
    Como um grande brasileiro
    Que fostes e sempre serás
    A rosa da tua vida
    Em nós jamais murchará
    Nelson Brito guerrilheiro
    Da cultura popular!

    ————————-

    Notícias:

    http://www.jornalpequeno.com.br/2009/1/12/Pagina96195.htm

    http://www.badaueonline.com.br/2009/1/11/Pagina38664.htm

    Eu vou dar a despedida
    Como deu a jaçanã
    Não cantamos tudo hoje
    Deixo o resto pra amanhã

    Ah! Meu divino Espírito Santo
    Divino Consolador

    Consolai minha alma
    Quando deste mundo for

    Ah! Meu divino Espírito Santo
    Pé de prata bico de ouro

    Dê licença dê licença
    Licença queira me dar

    No meio deste salão
    Eu vim trazer o cacuriá

    ———–

    Bjs.

  85. Guido Spolti disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 11:54 am

    Quem me falou que a Dª Edith do Prato havia sido mãe de leite de Caetano foi meu filho Lucas. Ele disse o seguinte: Pai, você conhece a mãe de leite do Caetano? Eu arrisquei e disse, deve ser a Dª Edith do Prato, venho como que por intuição pois eu não havia lido o post do Caetano.

    Gostei do que Caetano falou sobre Lula, que, apesar de sua “falta de estudos” (as aspas têm seu valor), sugere outras nuances ao nosso Presidente quando diz :Lula é um resultado direto e muitíssimo menos indesejável, ao se referir à industrialização JK, aliás, o Lula pra mim não está somente na esteira de JK, ele lembra mesmo (embora de maneira bem mais diferenciada) aspectos populistas varguistas, sei lá, não sou bom pra falar em política, mas o Salem já falou da “senha” (tá parecendo palavra de passe de sociedade secreta).

    Preciso trabalhar, mas quero dizer o seguinte: o que me impressiona em VIOLA, MEU BEM, VIOLA, que junto com EU QUERO ESTA MULHER ASSIM MESMO (MONSUETO) me parecem um desvio às outras canções do ARAÇA AZUL, é que ela, não soa como as canções de protesto da década de 1960, e no entanto, ela é muito mais de protesto, ela é um iceberg, traz muito de uma época, com o lamento na voz de Dª Edithe, e o que é melhor, com vida, com prazer,na batida do trem, muito mais do que a simples “fala-para-operário” que nos fala Favaretto em sua análise das canções tropicalistas.

  86. Guido Spolti disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 12:49 pm

    Também penso que o “pela primeira vez na história” é “dífo”; não lembra a carta-testamento forjada do Dr. Gegê: “saio da vida para entrar na história”?

    Se fôssemos verificar, quem de fato é a burguesia brasileira?

  87. Fernando Salem disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 1:29 pm

    Cacilds, Luedy!

    Onde você me viu reiterar a todo instante sobre erros de português do Lula?

    Jamais escrevi sobre o tema. Pelo contrário. Quando Caetano levantou a questão do sifu X sifo (não uma questão de erro do Lula, mas sim da grafia utilizada pela imprensa), comentei que o o assunto não me interessava por esse viés e sim pelo fato de se tratar da “morte de brasileiros” em ambiente político com humor.

    E agora, no meu último comentário, novamente chamei a atenção para um aspecto da política estradista de Lula na lembrança da figura de Mário Andreazza. E lembrei que Didi (Renato Aragão) fez um personagem que tinha tesão pelo ministro.

    Blog tem dessas coisas. A gente corre o risco de ler “na diagonal”.

    Repito o que disse no coment anterior:

    “Chega de discutir Lula X FHC. No Brasil, pós-Lula uma missão se impõe. Fazer do Brasil um país urbano, sertanejo e civilizado. Diverso. ”

    É por aí que a minha reflexão caminha.

    Não estou interessado no significado da palavra “erro” tão importante pra você. Não conheço o livro do Bagno e peguei bode dele ao lê-lo na Caros Amigos, o que me deixa “suspeito” e descredenciado pra debater no caminho que você propõe.

    Outra coisa. Você escreveu o seguinte:

    “Acho que a gente poderia tentar ser mais sintético. É difícil acompanhar comments com mais de doze parágrafos!”

    Vamos com calma. Aqui você pode ler o que quiser, desprezar, reler, ir, voltar, se entusiasmar, se entediar. Ninguém pode regrar isso.

    Já li coments curtos e chatos e outros longos maravilhosos. Alguns, desisto no meio. Mas se não li com atenção, também não comento e nem critico.

    Esse é o meu décimo terceiro parágarfo e o dedico à saudade que sinto do Joaldo. Um sujeito de muitas palavras, linhas, versos, parágrafos, links, caixas altas, negritos, aspas, refrões, aliterações, delírios e clareza textual.

    bj (abreviado pra não gastar mais espaço e tempo)

    salem

  88. Fernando Salem disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 1:36 pm

    ‘Tá bom. Se falar “menas” ou “pobrema” não é “erro” no conceito de algum linguista, okay. Sou leigo9 no assunto. Apenas me avisem o termo linguisticamente correto pra definir tais episódios. Empregarei com prazer.

    beijo de língua

    salem

  89. Menina do Rio disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 2:31 pm

    Dona Edith do Prato, quem canta sua terra, purificada esta!

    Riobaldo eu rio.

    De aqui o canto.

    ” Nao provoque é cor de ‘Rosa’ choque “

  90. Julio Vellame disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 2:37 pm

    “Viola, meu bem, Viola” é um outro Fabiano de Guimarães Rosa, cantando e falando bem.

    A grande angústia do homem humilde em que as idéias fervem dentro da cabeça e não tem vocabulário para falar está redimida nessa canção.

    Ele pede carona ao funcionário e escreve a história de sua vida.

    O soldado amarelo está morto, Fabiano aprendeu a ler com paulo Freire.

  91. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 2:41 pm

    Salem, Teteco e demais,
    Eu não vou mais entrar nessa de discutir a noção (ultrapassada) de “erro de português” que vocês reiteram aqui a todo instante. Chega de relativismos: erro de português não existe! Há padrões distintos, normas distintas, de falar. Mas a noção de “erro”, tal como vocês tão diligentemente empregam, isso não existe.
    Caetano, vc tem o livro do Bagno “Norma Oculta”? Please, leia se puder o capítulo “também quero uma gramática assim”, tá lá no final. Se vc estiver sem o seu livro aqui eu te empresto o meu.
    Olha eu achava que escrevia caudalosamente, mas tem gente que me supera de longe. Acho que a gente poderia tentar ser mais sintético. É difícil acompanhar comments com mais de doze parágrafos!
    abs
    luedy

  92. César Lacerda disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 3:12 pm

    Toda vez que leio aqui no blog um comentário avesso ao Lula, leio coisas como o fato dele não ter estudado, o fato dele não falar “assim ou assado”… Acho tão pueril a idéia deste presidente e deste país. Tão simplória. E, sobretudo, tão midiática.
    Esses comentários se parecem com aqueles feitos no funeral de “tem pouca gente” e “pensei que ia dá mais artista”.
    A classe média adoraria que o Brasil fosse a França.
    E será que ela gosta do Aécio… Ou prefere o Collor?
    E, olha, meu comentário não é uma defesa ao projeto-Lula, mas sim, um ataque ao senso-comum.

  93. Herculano Neto disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 3:27 pm

    Estive no funeral na sexta-feira. Quis me manter distante, mas ao ouvir de alguns curiosos comentários do tipo: “tem pouca gente”; “pensei que ia dá mais artista”, me afastei e preferi acompanhar o cortejo. Não gosto muito de cemitérios, no entanto a necrópole de Santo Amaro me fascina – e aqui não cabem conjecturas fatalistas e/ou futuristas, falo apenas da beleza. O cemitério fica num cume, que de longe é facilmente avistado e que os mais crédulos e supersticiosos dizem que é de onde “eles” nos observam. Durante a cerimônia de sepultamento caminhei entre os túmulos, algo que há muito não fazia, é como passear pela história da cidade, logo depois as pessoas começaram a ir embora, gradativamente e sem pressa. Roberto Mendes foi o primeiro a partir, parecia também o mais abatido. Visitei ainda o jazigo de um traficante recentemente assassinado, havia algumas pontas de cigarro de maconha pelo chão, deve fazer parte do ritual. Escutei Caetano a cantar e fui o último a sair.

  94. gil disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 3:36 pm

    a sapatada que Lula sugeriu sobre os jornalistas pode ser uma metáfora que atinja não só a eles mas também a nossa insatisfação com as idiossincrasias do presidente. nem entrevistas nem português castiço, Lula é o resultado da consciência política da classe trabalhadora brasileira no Poder, como ele disse no filme do João Salles. Quem o apoia são os lá de cima e os lá debaixo, nós aqui do meio nos mordemos com os desajeitos do presidente. Lula substituiu o doutor FHC e tem cumprido a agenda com louvor, o pacto social que ele representa é o avanço possível e necessário nessa quadra da nossa história. não podemos querer dele o que ele não pode nos dar, mas o que queremos? entre nós por exemplo, falar em reconstrução do Estado ainda provoca sentimentos fascistas, nacionalismo ainda é tema da TFP e ordem e progresso é slogan de camisa integralista. onde estamos? em que mundo ainda estamos? a burguesia brasileira ainda roda sem saber pra onde? a adoção de princípios civilizatórios é contestada como prática repressiva. Ou estamos malucos ou engatinhamos. Lula lê o Brasil que está aí na frente, e toca o bonde. Nosso problema não é o Lula, muito pelo contrário e não seria pouco lembrar a frase do Kennedy quando recebeu a faixa: não importa o que o país pode fazer por nós, mas o que podemos fazer pelo país.

  95. Fernando Salem disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 5:25 pm

    Caro Luedy

    Não aguentei. Fui atrás do tal texto que tem o título O ERRO DE PORTUGUÊS NÃO EXISTE, com o instigante subtítulo “Escritor e lingüista denuncia o preconceito lingüístico e considera absurdo dizer que os brasileiros não sabem português”.

    Trata-se de matéria de 1999 escrita pelo jornalista Flávio Lobo pra Revista Educação. O título portanto é do jornalista e não de Bagno. E a base da matéria é a tese de doutorado de Bagno sobre o que chama de “diferentes gramáticas para diferentes variedades do português. Cada uma delas perfeitamente válida em seu contexto. Todas merecedoras de respeito.”

    Gozado você dizer “chega de relativismo”. A tese do Bagno é a teoria mais relativista que já li sobre o tema.

    Ele diz as tantas: “”No campo da língua, na verdade, tudo vale alguma coisa. Mas esse valor depende do contexto, de quem diz o quê, a quem, como, quando, onde, por que e visando que efeito”. Ou seja: tudo é muuuuito relativo!

    Basicamente Bagno defende a idéia (um tanto óbvia) do uso e do desuso como elementos de transformação da língua. Ninguém negaria tal fenômeno. A beleza e a elasticidade da língua está justamente aí.

    Mas apenas a constatação de que o uso repetitivo de uma forma teoricamente “errada” a consagrará como “merecedora de respeito” (essa foi a única expressão que o linguista usou para driblar o termo “certo” ou “correto”) justificaria anomalias e empobrecimentos.

    O uso do gerúndio após o uso de verbo estar, por exemplo, espalhado pelos call centers como uma epidemia, na tese de Bagno, seria “merecedor de respeito” por ser “perfeitamente válida em seu contexto”.

    Bagno é um relativista. Ou quase um quase lamarquista.

    Essa discussão é bem mais profunda. E transformá-la apenas em denúncia de preconceito a reduz a nada. Não vejo no seu discurso parâmetros inovadores. Num certo sentido o que ele fala com ar de descoberta é até bem consensual.

    É claro que a língua muda pra não ficar muda.

    Mas não estamos surdos. E nosso ouvido não é penico.

    12 parágrafos

    beijo na testa

    salem

  96. Nando disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 5:51 pm

    Na ausência de mais material com Edith (além das canções do Araçá) escuto o Batatinha, principalmente “Toalha da Saudade”.

    *

    Teteco, parabéns pela perspicácia, fiquei estupefato. Realmente a questão é bem mais complexa. E certamente diz respeito ao plano inicial (fracassado, graças a Deus - um fica 8 anos, outro fica mais 8, assim por diante) de perpetuação no poder da canalha, da corja de vagabundos que foi obrigada a deixar o governo.

    E o raciocínio/exemplo é esse mesmo: “se o presidente não lê, fala errado, não estudou (não “precisa”), por que nós teríamos que estudar, ler, falar corretamente?”.

    Perfeito, perfeito, clap clap clap.

  97. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 7:16 pm

    Por falar em chico
    acho muito profundo o pedaço da letra que diz assim: “que bicho ferroz são seus cabelos
    que a noite você solta”

  98. Paulo Osório disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 9:06 pm

    Gostaria apenas de deixar as minhas condolências a Caetano pela perda de sua Madrinha. Na verdade, pouco ou nada conheço de Edith, a não ser o que vem no Araçá. Sugar cane fields forever é fantástica.
    Deixo apenas um poema do nosso Fernando Pessoa:

    “…O que é preciso é ser-se natural e calmo
    Na felicidade ou na infelicidade,
    Sentir como quem olha,
    Pensar como quem anda,
    E quando se vai morrer,lembrar-se de que o dia morre,
    E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
    Assim é e assim seja…”

    (Alberto Caeiro)

  99. Demostenes Aguiar disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 9:21 pm

    Também conheci Lula e não é proposital ele falar errado não. Como não é fingimento ele tomar “pinga” e de ser “machista”. Conheci antes dele ser presidente e de ser militante do PT. Há autenticidade nele. Tem momentos em que ele surpreende, em outros decepciona, mas é isso mesmo. Nesse aspecto eu prefiro não critica-lo, nem acusa-lo de falar errado propositalmente pois estaria mentindo pra mim mesmo. O povo tende a solidarizar-se com ele. É homem de origem popular, que freqüentou os botequins da vida, os bordeis mais simples e humilde. Que fala pornografia. É um ser humano que tem lá os seus erros e acertos e as elites é que são burras. Foi o egoísmo, a corrupção, a onda de privatizações nefastas, os interesses escusos e banditismo das elites, que não tá nem ai pra o tipo de governo e que adora colarinho branco, festas chics, com listas de convidados… Em resumo: da grã-finagem socialite. Ai ele - na autenticidade de um simples operário . mexe, cutuca, em casa de vespas e as vespas ficam assanhadas. Lula tem os limites dele. Não teve força para permitir o inquérito contra Daniel Dantas por pressões intestinas dos aliados e do próprio PT. A merda fede tanto que se abrirem a caixa de pandora vai ser um inferno. É aquela coisa que alguém denominou de linha maginot. Collor, na sua grandiosidade e eloqüência, e virilidade ostentada, acabou criando a “guilhotina” que o aguardaria para mais adiante. Falava bem e foi uma grande droga. FHC (tb conheci) é um intelectual de mão cheia, mas foi ruim demais. Se a solução dos problemas nacionais dependesse da oratória perfeita dos governantes, o Brasil, certamente, seria a maior potência mundial e nós seríamos donos do mundo. Estou farto de doutores que saem ricos do poder. Com todos os defeitos prefiro um que fale errado e dê pedradas certas. Existe corrupção no governo dele: sim! mas eu nunca vi tanto trabalho e ação da PF, nesta área, atuando contra o próprio governo. Só lamento que o caso DD não tenha proseguido, mas tem gente que não sabe que no Brasil, quem é classe dominante não fica na cadeia. Vai ver o costado de DD e descubra muito mais coisas e conheça o que é a classe dominante. Vai lá e verifique a árvore de costado dele, sem falar nas linhagens colaterais. Que pena que as coisas funcionem assim e assim será, falando bem, ou mal. É isso ai.

  100. Julia Debasse disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 9:42 pm

    O Salem disse o que eu ia falar sobre o que o Luedy falou…

  101. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 10:45 pm

    Salem,

    “Gozado você dizer ‘chega de relativismo’. A tese do Bagno é a teoria mais relativista que já li sobre o tema.”

    Hahaha! O meu intento era justamente esse: o de chamar a atenção de vocês. Seria óbvio que eu, um grande advogado do relativismo, não poderia estar afirmando justamente o contrário do que penso e acredito sem querer ser apontado como contraditório. Mas é importante atentar para o fato de que, em meu relativismo, eu, até então, procurava sempre afirmar meu ponto de vista como mais um dos pontos de vista existentes e a minha própria perspectiva como mais uma perspectiva (e não como “a” perspectiva, ou seja, como a mais correta). Daí o meu grito de basta: chega de ficar relativizando, erro de português não existe. Vocês – quase todos vocês – partem sempre do pressuposto de que há uma maneira mais correta de se falar a língua: há uma maneira “mais acertada” de se falar; “fulana fala e escreve lindamente porque estudou” [ao contrário de outros que, por não terem freqüentado os bancos escolares, por não terem avançado nos estudos formais, falam “errado”]. Era contra isso que eu estava me insurgindo e, finalmente, decretando o fim de minhas posturas relativistas: para afirmar que a noção de erro em língua tem de ser contestada. Os pressupostos que informam as crenças acerca de falares mais “corretos” precisam ser situados e contestados. Já que vocês não pareciam reparar que a perspectiva que assume que há uma maneira mais “correta” é apenas uma das perspectivas existentes, apesar de ainda dominante para se lidar com os fenômenos lingüísticos (ainda que seja, para mim, ultrapassada e pouco produtiva do ponto de vista educacional).

    “Basicamente Bagno defende a idéia (um tanto óbvia) do uso e do desuso como elementos de transformação da língua. Ninguém negaria tal fenômeno.”

    No entanto, apesar da “obviedade” das observações de Bagno, persistem aqui as noções arraigadas de que há “erros” e que há uma maneira “certa” de se falar a língua.

    Confesso que não entendi as suas ponderações acerca de “anomalia e empobrecimento”, ou, em suas próprias linhas: “a constatação de que o uso repetitivo de uma forma teoricamente ‘errada’ a consagrará como ‘merecedora de respeito’ (essa foi a única expressão que o linguista usou para driblar o termo ‘certo’ ou ‘correto’) justificaria anomalias e empobrecimentos”.

    Você poderia explicar melhor? Não me parece que Bagno se valeria destes qualificativos.

    Quanto ao “uso do gerúndio após o uso de verbo estar”, algo que estaria “espalhado pelos call centers como uma epidemia”, eu concordo com o Bagno e digo mais, o Possenti – aquele mesmo – tem uns artigos ótimos acerca do propalado “gerundismo”. Vou procurar os links (estão no terra magazine) e depois de te mando.

    “Essa discussão é bem mais profunda. E transformá-la apenas em denúncia de preconceito a reduz a nada. Não vejo no seu discurso parâmetros inovadores. Num certo sentido o que ele fala com ar de descoberta é até bem consensual. Mas não estamos surdos. E nosso ouvido não é penico.”

    Concordo contigo! E devo dizer que eu sou um mero, um reles, curioso nesses assuntos. Sei que Bagno é um dentre muitos antes dele que já abordaram essas questões, mas admiro ele justamenete por ser (na minha modesta opinião) um excelente divulgador dessas questões para além do restrito círculo acadêmico. Salem, que bom que você não se furta a discutir esses assuntos. Queria dizer que, para mim, é um enorme prazer discutir contigo. Como disse antes, já te admirava desde “zeca, nino, pedro, biba”, da canção da caipora (com pena branca e xavantinho) e de toda aquela trilha do ratimbum. Mas discordo que o que se fala e contesta acerca das questões lingüísticas aqui (em discordância com a maioria que freqüenta esse blog) esteja fazendo de pinico seus ouvidos.

    Grande abraço,

    luedy

  102. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 11:03 pm

    Salem,

    Espero ter desfeito a confusão acerca do “relativismo”. Eu continuo relativista e lamento que você tenha se tornado reativo ao que Bagno e Possenti escrevem. Claro, você tem todo o direito de desgostar de seus argumentos, mas esperava que você se detivesse um pouco mais no que eles dizem e fundamentam para que pudesse compreender melhor o que eles estão defendendo (que não me parece distinto que você mesmo defenderia). Talvez lhe ajudasse, por exemplo, a repensar o uso de expressões como “as gafes [de Lula] com a língua portuguesa”. Que gafes são essas?

    Outra coisa: quando Caetano fala que “Marina Silva estudou e hoje fala e escreve lindamente bem”, ele está situando-a, obviamente, em relação a Lula, que não estudou e que, podemos deduzir, não fala e nem escreve “lindamente bem”.
    O que eu procuro questionar é justamente o pressuposto que informa as noções de correção e beleza em se tratando dos usos que fazemos da língua que Caetano atribui a uns e nega a outros. Eu mesmo acho que Lula fala lindamente bem. “Erros de concordância”? E daí? Eu também acho lindo Caetano cantar/escrever “deix’eu cantar pro meu corpo ficar odara”. Se fosse a forma “correta”: “deixa-me cantar, para o meu corpo ficar odara” seria “correto” e certamente menos lindo.

    Luedy

  103. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 13th, 2009 at 11:48 pm

    “A questão aqui é: Lula, com sua retórica, passa ou não passa a idéia de que ‘estudar é fundamental’?”

    Não acho que essa seja “a questão”, mas já que você a lançou, vamos a ela. Primeiramente, creio que a gente tem que definir o que vem a ser este “estudar”. Só se estuda na escola?

    Em segundo lugar, eu torno a insistir: há um pressuposto aí a ser explicitado e discutido, o de que Lula “fala errado” e que por isso exerceria uma influência negativa, uma vez que ele deveria ser um modelo de “falar correto” e, efetivamente, não o é.

    Por fim, dada a minha antipatia pelo tucanato e em especial pelo FHC, eu poderia muito bem partir do mesmo princípio para afirmar que, uma vez que não gosto do nosso ex-presidente e discordado de sua orientação política, jamais estudaria sociologia.

    Acho que o papel desempenhado por Lula traz mais benefícios para que a gente repense o papel da escolarização (principalmente no que tange ao ensino da língua portuguesa) do que o oposto do que se tem sustentado aqui.

    abraços,
    luedy

  104. Fernando Salem disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 12:02 am

    Caro Demostenes

    É verdade que “a solução dos problemas nacionais não depende da oratória perfeita dos governantes”. Mas não é verdade que” Collor falava bem”.

    Pela primeira vez vou falar diretamente do assunto Lula e o português. A questão colocada por Caetano foi mal entendida.

    Em momento algum ele usou a expressão “erro de português” ou “o presidente fala mal”. Voltemos ao que ele disse:

    “(À parte: Lula não estudou porque não quis. Tempo ele teve. Marina Silva estudou e hoje fala e escreve lindamente bem.)” Portanto, Caetano não falava do “português errado” (gosto mais da expressão “erros do meu português ruim” de Erasmo) e sim da decisão voluntária e expressa de não estudar.

    Ora isso é bem lógico. Se, na defesa de Lula, um brasileiro sem estudo pode chegar à Presidência, também conseguiria chegar ao menos terminar o Ensino Médio. Convenhamos, que as probabilidades são bem maiores.

    Daí pra frente, com o depoimento de Teteco, o que se discutiu não foi o “erro de português” e sim o aspecto popular e populista da fala na língua sindical do “chão de fábrica”, como ele definiu.

    Aí, Luedy atribuiu a mim e ao Teteco uma visão “relativista”, “reiterada” e “ultrapassada” aos erros de português que, segundo ele, nós “noção de “erro”, “diligentemente” empregamos. Para isso, citou o linguista Bagno.

    Foi quando voltei à cena pra dizer que jamais havia comentado o português do Lula e não gostava do Bagno por outras paradas. Havia entendido a preciosa percepção de Caetano ao se referir Ministra Marina e se lembrar de Mário Andreazza.

    Mesmo assim, fui ler o Bagno e me decepcionei.

    Estou aqui pondo uma certa ordem na casa.

    Não entendo profundamente de língua portuguesa, nem de oratória, não sou dessa tal de “elite” que virou uma espécie de caricatura na fala do Lula e na sua, não defendo a idéia de que a educação é o pilar da criação de uma produção artística melhor (discuti a beça essa questão com meus melhores amigos neste blog) e finalmente não persigo o Lula por suas eventuais gafes com a língua portuguesa.

    A questão aqui é: Lula, com sua retórica, passa ou não passa a idéia de que “estudar é fundamental”?

    Na mesma medida em que se criou um preconceito por ele não ter estudo, há também uma idéia mistificadora e preconceituosa, de que mesmo sem estudar, podemos chegar lá!

    Não me lembro de ter ouvido nenhuma reflexão do Lula a respeito disso. Caetano tocou nesse ponto. E esse é o ponto. Pescar erros de concordância é apenas um dos esportes preferidos da oposição. Mas esse papo de “elite” tem causado estrago e confusão. Elite não é o povo que frequenta a Daslu, vota no Maluf e tem conta na Suiça.

    A verdadeira elite pode ser composta de intelectuais, artistas, livres pensadores, cientistas e o escambau.

    Teteco foi brilhante ao flagrar o surgimento de uma nova elite: a sindical. Com seu estilo, sua terminologia, seu discurso e sua estratégia.

    Foi isso.

    beijo na testa

    salem

  105. laurene disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 12:52 am

    Oi, Caetano e pessoal.

    Acabo de encontrar uma coluna recente do Possenti onde ele defende o Lula de não ter estudado, ou melhor, se diplomado em faculddade. Lula estudou até certo ponto, acho que equivale à nona série de agora e depois fez curso técnico no Senac. Ele não tem diplomas, o saber dele é de oitiva. Ele diz que só na escola primária se aprende (ou aprendia) de tudo. E as pessoas não deveriam ser tão otimistas quanto ao que se aprende em faculdade.

  106. Julia Debasse disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 1:50 am

    Não qualificaria o Lula como uma pessoa que não estudou por ele não ter um diploma universitário. O fato de alguém não ter um diploma talvez desqualifique o cidadão como acadêmico, mas não como pessoa que estudou. Estudar é, basicamente, correr atrás do que não se sabe, e se julga necessário saber. O Lula estudou para ser torneiro mecânico. O que eu gostaria de saber é o que ele estudou quando se propos a ser presidente do Brasil. Ele com certeza deve ter dito “Opa, se eu posso vir a ser presidente é melhor eu aprender a…”. Tenho certeza que ele correu atrás de alguma coisa - gostaria de saber, por pura curiosidade humana, do que.

  107. Vero (Uruguay) disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 2:04 am

    Caetano Mío,…la emoción me embarga,… adoré “tuas palavras”, cargadas com “amor”…cuando “fala o coraçao” es así…y ahora es mi sangre la que destila por mi “teclado”…sufro…ante el espantoso “dolor”, de este sentimiento de “aparente disolución final”…que se acaba enquistándose en el alma para no irse…jamás!. Todo esto viene…pero viene con ese velo del color…que tem “o canto seu”.
    Se me hace difícil, pero tan difícil “describir”, cuanto y como lo siento.

    Duele respirar…la “partida” de ese tan “especial ser amado”…y que no hay más ausencia que la del otro, quien parte, nosotros nos quedamos aquí…impotentes, resignados frente a lo que es de la vida…definitivo.

    Estas líneas que a continuación escribo le dedico con la especial alegría de su existencia…y desbordada emoción a Dona Edith que mora em nossos corações, e para você em especial, Caetano mío:

    Aún…surgirán mañanas bañadas de sol…
    Noches…llenas de esa “luz” plata…que tanto te gustan
    Y cuando recorras el cielo en la “estrella” que contemples…
    Si en los ojos te besan esa noche, cuando el día surja y se
    Estremezcan las ramas con un “dulce suspirar”
    Y si te oprimen los dedos en caricia, una mano pequeña
    Que te toma y te deja, que te alcanza y se va…
    Si no ves esa mano, ni esa boca que te besan
    Si es el aire quien teje ilusión de abrazar
    En el viento, o en la leve brisa fundida
    Siempre me reconocerás!…verás…
    Y a tu lado con “tu canción”, escucharás…o…”meu pratodançinho”.

    … mais muito mais ainda…beijos carinhosos no teu CORAÇAO. Muito axé.

  108. Gianna disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 2:48 am

    Caetano,ti mando un commosso abbraccio.
    Se tu non avessi quel meraviglioso dono di voler spiegare le tue canzoni, i testi, le voci che ti accompagnano non sarei arrivata a conoscere, ascoltare, apprezzare e commuovermi nell’ascolto del disco ” Dona Edith do Prato e Vozes Da Purificação”.

    Grazie anche a Lucesar per i bellissimi e per noi in Italia inediti video.

    Con tanto affetto,
    Gianna

  109. paloma, rio, disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 2:50 am

    olá caetano, será que ninguém registrou, com uma câmera ou celular, alguns dos momentos em santo amaro ? e a cantoria, será que se “perdeu” ?

    sô gráubi guimarães falou e disse ! (no 110) léguas de textos com alguns equivocus digitalis geram léguas de textos para reparação. bore.

    o brasileiro não fala nem escreve “corrijo-me”, ricardo, porque soa gay, e, como se sabe no brasil não tem gay, só tem ‘cabra’.

    escrever corretamente leva a ler idem, mas não significa entender ibidem. não sendo escritora posso cometer, acidentalmente, incorreções gramaticais (desde que a finalidade do texto não seja didática), e mesmo assim “satisfazer” o leitor com o contexto.

    além do que errar não é desumano.

    abrs paloma

  110. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 2:55 am

    Desculpa, mas quanta bobagem! É um texto tão lindo sobre uma pessoa MARAVILHOSA chamada DONA EDITH!

    E o patrulhamento Lulista nos obriga a remoer esse assunto chato!

    VIVA DONA EDITH DO PRATO!

    Ela está muito acima dessa discussão besta e policialesca, politiqueira e chata, chatíssima, modorrenta e batida.

    Ouvi ontem o disco inteiro, hoje procurei no Youtube, ouvi outras coisas, ela sentada, tocando aquele prato.

    Chega de Lula! Eu mesmo caí na besteira de tentar defender isso e aquilo, atacar aquilo e isso. Bobagem.

    Viva Dona Edith do Prato!

  111. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 3:15 am

    Salem,

    fui aluno do Marcos Bagno na Universidade de Brasília, mas li apenas um de seus livros: “Preconceito Lingüístico”.

    Antes de mais nada, o Bagno é um ser humano fantástico, que até fisicamente lembra muito o Caetano (mas muito mais pela inteligência e conhecimento vasto). Escreve muito bem (além de textos acadêmicos, literatura), fala bem, cobra muito em suas provas o português bem escrito, prima pela língua, pela gramática, pelos nossos grandes escritores e estudiosos.

    Bagno não sacou nada de novo na lingüística, apenas soube expressar muito bem conceitos clássicos, modernos e de vanguarda do estudo das línguas, contextualizando-os ao português. Sua experiência e seu campo de estudo é nas escolas, no ensino do português, além do português falado e escrito no Brasil.

    Eu era aluno de jornalismo e peguei muitas cadeiras de Língua Portuguesa na universidade (inclusive essa iniciação à Lingüística) apenas por prazer.

    Não estou defendendo as idéias de Bagno, mas entendo um pouco do que ele fala. Nesse livro que li e cito acima, bem como em suas aulas, ele não esconde que suas idéias são politizadas e que incorrerão em discórdia. Mas são idéias que precisam ser postas na mesa, pois também estão no jogo (e, acredite, o preconceito lingüístico não é um mito como a mídia e muitos outros consideram, mas uma realidade não combatida).

    Este livrinho que cito não é acadêmico, não é uma tese, é fácil de ler, feito para professores e estudantes de colégios, iniciantes em estudo do português e público em geral.

    A idéia principal, a meu ver, é que a norma culta real não é a norma culta propagada (a gramática) e como a repetição dessa idéia provoca o que ele considera o “Preconceito Lingüístico”, que faz com que muitas pessoas no país sejam estigmatizadas, temam a própria língua e se considerem marginalizadas de uma realidade em que, na verdade, são parte essencial: a própria língua.

    Para Bagno, a forma corriqueira de corrigir o “errado”, com base na gramática (que “gerencia” a língua escrita), desconsiderando por completo a forma de fala do que errou, não o faz crescer. É diferente eu escrever um termo errado aqui, uma expressão incorreta, e você, como cara inteligente que é, me corrigir. Eu entenderei, poderei pesquisar e saber que de fato utilizei aquela forma gramatical inapropriadamente e seguirei em frente tranqüilo. Agora quando condenamos (que é mais forte que corrigir e é o que se faz na prática), apenas com base no que conhecemos de gramática, alguém que fala como ouviu e assimilou a palavra “vrido”, não contribuímos em nada para seu crescimento (e se faz isso de forma dura, desleal e cruel nas escolas, nas ruas e na mídia, entre alunos e alunos, alunos e professores, patrões e empregados, “inteligentes” e “burros”, “especialistas em gramática” e povão).

    Segundo estudos lingüísticos, “vrido” tem uma razão de ser na língua oral que se justifica (agora estou com um pouco de preguiça de esmiuçar nos livros para relembrar e reportar, mas alguém aí que saiba pode explicar).

    Enfim, Bagno quer dizer que existe uma forma melhor de ensinar a norma culta (que não é apenas a gramática) para quem não tem acesso natural a ela através dos estudos, dos livros, de pais educados, de colégios, músicas, filmes, etc. Esse, pra mim, é o grande “x” da questão.

    Bagno é parcial e não esconde isso. Acho seu trabalho válido, sua pesquisa interessante e seu papo inteligente, mas as vezes ele acaba se tornando o que quer combater, ao suscitar a morte das versões modernas do professor Aldrovando Cantagalo, de Monteiro Lobato.

    Matar nada nem ninguém resolve qualquer coisa, muito menos matar a gramática, porém, trucidar e extinguir do mapa todas as formas de preconceito (depois de reconhecê-los e entende-los) é uma bela forma de a humanidade andar pra frente.

  112. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 3:16 am

    Me corrijo:

    Bagno prima pelo bom uso da gramática, não pela gramática em si, e vejam que é um conceito diferente.

  113. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 3:22 am

    Desculpe moderador, mas o que direi, apesar de ser o terceiro comentário seguido, está dentro de um propósito:

    no último post eu escrevi “Me corrijo”. Segundo a gramática eu errei. Deveria ter dito: Corrijo-me. Mas vejam bem, nem mesmo as pessoas estudadas e inteligentes, conhecedoras do português, dizem no Brasil, “Corrijo-me”. Será que a norma culta é o que está na gramática (o “aportugalado” Corrijo-me), ou o que a própria classe estudada brasileira pratica: Me corrijo?

    Nesse caso a gramática está atrasada em relação ao que é a “norma culta real” (que não é uma norma): o que até o brasileiro culto usa, sem doer no ouvido, que não é penico, de ninguém.

  114. glauber guimarães disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:04 am

    julia debasse falou o que eu ia falar sobre como salem disse o que eu ia falar sobre o que o luedy falou

  115. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:41 am

    Salem

    eu pensei que a letra de Detalhes fosse de Roberto e Erasmo.

  116. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:50 am

    Ai, gente!
    Labi nos salve!!!

    Esta postagem seria uma homenagem e nos perdemos num papo interessate, bobo e repetitivo sobre o Lula…

    bjs.

  117. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:51 am

    No cometário 97 quis dizer feroz e não ferroz.

    Desculpem-me os linguistas.

  118. Leni David disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 5:05 am

    E nesse falatório, muita coisa se perdeu!
    Lula não estudou porque não quis e fala errado mesmo. Qual é o drama? É mentira?
    Marina Silva estudou, fala e escreve bonito. Tem muita gente que nunca estudou, aprendeu a escrever na raça, mas sabe se expressar.
    Descanse em paz, Dona Edith do Prato. A voz melodiosa do seu amigo cantou uma cantiga na sua despedida e Santo Amaro cantou com ele pra lhe dizer adeus. Isso é que vale, isso é qie é bonito, Sô!

  119. glauber guimarães disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 5:08 am

    “agora falando sério”. tô lendo atentamente tudo aqui e me ocorre o seguinte:

    1] preconceito não tá com nada e é fruto da ignorância, do desconhecimento do outro, do medo do desconhecido. porém, não dá pra ter duas regras paralelas funcionando ao mesmo tempo. não se pode admitir “vidro” e “vrido” como duas formas corretas de se falar a mesma palavra na mesma língua. vira mangue.

    2] acho admirável que alguém que não saiba falar bem o português [como o lula] se mostre tão capaz, inteligente, com um poder de comunicação notável e uma capacidade incomum de administrar um país/continente tão cheio de idiossincrasias, como o brasil.

    3] com todos os problemas, este me parece ser o melhor governo que tivemos. o país melhora, isso me parece inegável. e não se pode atribuir isso ao fator sorte, simplesmente. é injusto dizer isso.

    4] existe um componente “populista” na figura do lula? sim, existe. faz parte do show. mas é um absurdo compará-lo ao getúlio, um ditador, verdadeiramente populista.

    5] o país vem, desde o início do século xx, enfrentando regimes ditatoriais. depois de getúlio, veio JK, jânio, jango [hiatos]. golpe de 64, AI-5, exílio e tortura. “diretas já”, tancredo morre [até hoje, isso me intriga]. os desastres, sarney e itamar. collor [confisco, golpes baixos eleitoreiros que lhe garantem a vitória nas urnas, impeachment. FHC [plano real, privatizações, "abafamento" dos escândalos de corrupção].

    não se conserta 50 anos em 5. as pessoas falam dos problemas do país, como se tivessem começado nesta década. o que preocupa agora, acho, é o crescimento do PMDB e o imenso poder nas mãos do geddel [que é um mix de mal necessário e efeito colateral do governo lula].

    se eu estiver falando alguma bobagem aqui, por favor, corrijam-me.

  120. glauber guimarães disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 5:10 am

    sei que é cliché citar algo que caetano escreveu aqui, mas estou ouvindo esta música ["minhas lágrimas"] agora e é incrível que algo que você, caetano, tenha escrito e que é tão pessoal, seja pra mim tão familiar. o tipo de sentimento aqui:

    “desolação de Los Angeles,
    a Baixa Califórnia e uns desertos ilhados por
    um pacífico turvo
    a asa do avião
    o tapete cor de poeira de dentro do avião
    a lembrança do branco de uma página
    nada serve de chão
    onde caiam minhas lágrimas”

    já estive nesta situação. dentro e fora de um avião acima de los angeles e em outros lugares. num banheiro público, por exemplo. conheço bem este “lugar”, apesar dos meus poucos 32 anos. tudo aconteceu muito cedo e com muita intensidade pra mim.
    2008 foi o melhor ano de minha vida, muito deve-se a este blog, minha mulher e minha filha, clara [a quem aliás, dei este nome, por causa da música do seu disco de 67, dentre outros motivos].
    não estou triste agora. mas eu me lembro. se não me engano, foi mário de andrade que disse a drummond, que o problema deste era não esquecer que no caminho havia uma pedra.
    por que eu disse tudo isso? e eu sei lá, rapaz…obrigado, you naughty boy.

    aah, “o homem velho” ao vivo com a banda “cê” é ultra-PHoda! e com pedra ou sem pedra, a vida é mesmo muito boa.

  121. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 5:13 am

    Araçá Azul é transcendental. todas as vezes que me concentro para ouví-lo escuto vozes que parecem ficar de fora quando ouço-o sem uma concentração de pura entrega.

  122. glauber guimarães disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 5:22 am

    pô, hermano, desculpa comentar de novo, mas faltou dizer que “nine out of ten” ao vivo com a banda “cê” é muuuito Phoda! pedro sá rocks!

  123. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 6:40 am

    Tive visitas aqui do Brasil e como gosto disso, poder falar um pouco o português sem me preocupar se estou sendo entendida ou não, depois levar as pessoas para passear, outra coisa que adoro mais isso fez com que ficasse ausente do blog e senti muita saudades mesmo.

    Glauber adorei esta colocação do dia perfeito! Foram me chamar… eu estou aqui!!! Falei de Catullo mais o Elomar também me toca dentro quanto se fala de sertão.

    Passeando pelo orkut visitei a pagina do Julio e adorei as fotos recentes da sua passagem por Santo Amaro, desta forma pude ver também eu um pouco do que você andou narrando aqui para nós, vi a foto de Caetano ao lado de Tom e que gracinha este menino, muito solar. Esta observação que você fez a respeito de Dona Canô é muito interessante, porque sempre que a vejo pelos vários vídeos espalhados pelo youtube tenho exatamente esta sensação, mais vou um pouco mais alem, para mim Dona Canô é a personificação do Amor, é um sol com a candura da lua, infinitamente linda.

    Luiz Castello tem algumas sintonias que gosto, você falando ai de Pompéia que esta quase aqui no “quintal de casa” de tão perto creio uns 25 km, e como disse no começo do meu comentário andei levando alguns amigos brasileiros para passear e conhecer e um dos lugares “obrigatórios” é exatamente Pompéia, dentro desta realidade já fui algumas varias vezes por lá, é interessante porque destes últimos 5 anos que frequento Pompéia cada vez que vejo as novas escavações tenho a impressão que pouca coisa mudou, é verdade, porque este é um trabalho minucioso, e os arqueólogos são sempre muito cuidadosos, e limpar a fachada de uma casa e manter quase intacta uma pintura na parede me parece mesmo uma missão quase impossível, mas eles fazem isso com tanta arte que eu diria que fazem uma outra arte. Quando a Impertinacia estiver no ar te prometo que farei uma boa ilustração sobre o tema.

    Beijos

  124. Labi Barrô disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 6:49 am

    Boa Noite Gente Boa! Chegay.
    Foram me chamar. Eu estou aqui, o que é que há? Estou atrasada?
    Bem, eu não queria dizer nada mais neste momento tão…Sei lá o que dizer. Reflexivo?
    Mas não adianta. Sou palpiteira, gosto de dar pitaco. Mesmo quando não entendo do assunto. Por isso peço desculpa antecipadamente pelas prováveis bobagens. Vamos lá.
    Em primeiro lugar quero dizer que fiquei excitadíssima com o beijo de língua do Salém (comment 88). Nossa! Um homem assim, tão inteligente…E me dando um beijo de língua! Fantasiei feio Rosaninha… Deixa prá lá.
    Gente, eu li o livro do Marcos Bagno. O nome é “Preconceito Linguístico - O que é , como se faz”. Li há alguns anos. Comprei na Feira do Livro por dez reais. Gostei muito e o Ricardo de Alcântara soube dar uma boa dimensão do que é o livro. Parabéns Ricardo. Gostei muito do seu comentário. Recomendo a todos o livro de Marcos Bagno. Vejam a expressividade da família na foto estampada na capa . Ilustra muito bem o texto. Gente negra, nordestina, pobre e analfabeta. É o que explica o autor. E eu concordo em gênero, número e grau com o que Bagno escreve. Mesmo sem entender patavina do assunto. Foi meu primeiro e único contato com a tal da linguística.
    Essa coisa de “não estudou porque não quis” também é muito relativa. Não quero entrar na questão específica do Lulinha peace and love. Digo apenas que é preciso ter talento para a academia. E digo também que não só na academia estão os grandes talentos. Marisa Monte falou sobre o que estou dizendo na música Gentileza.
    Uma traveca amiga minha, que morou em Berlin, me disse certa vez que na Alemanha quem faz curso técnico é tão valorizado quanto quem é PhD. Deve ser verdade, não sei. Só sei que a sociedade precisa dos dois tipos de profissionais. “Ado, a-ado! Cada um no seu quadrado, meus amores!”. Querer ou não querer estudar é uma questão muito mais complexa do que se pensa. Eu, por exemplo, quando entro em uma sala de aula chamo mais atenção do que qualquer ser humano ou objeto não identificado que por ali possa aparecer. E adoro isso! Mas não dá pra atrapalhar a turma né gente boa?
    No mais, já assaltaram a gramática mesmo. Assassinaram a lógica. Meteram poesia na bagunça do dia-a-dia. Sequestraram a fonética, violentaram a métrica. Meteram poesia onde devia e não devia. O poeta é a pimenta do planeta. A culpa é do Lula. É ou não é Hermaninho?
    De fato é melhor continuar sentindo minha língua roçar a língua de Luís e aceitar o tal beijo de Salém. De língua! E o que quer, o que pode esta língua, Caetano? Conta pra gente lindo!
    Hermaninho, cadê você menino? Que silêncio é esse? Solo quiero oírte hablar!

    Labi Barrô, chegando EM casa.

  125. Demostenes Aguiar disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 7:09 am

    Salem,

    Já tentei lhe escrever algo, mas verifico que o texto sequer aparece com o “aguardando moderação” tão essecial para se evitar baixarias e outras cositas mas.
    Li, no comentário 73 o uso destas palavras “inclusive negro”… Vindo de quem veio até estranhei, mas deixa estar. Vou tentar reescrever algo, caso tenha perdido o texto original. G. Abraço

  126. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 7:37 am

    Não sei porque as pessoas se importam tanto quando aleguem diz que Lula não estudou se isso é verdade e as pessoas não deveriam se incomodar com a verdade, ele não o fez e ponto. Uma vez li em algum lugar uma entrevista dele que ele dizia que se mudasse sua forma de falar isso iria descaracteriza-lo, penso que ele tinha razão. Falar que Lula não estudou não significa dizer que ele seja uma pessoa ignorante ou analfabeta, se assim o fosse não seria o presidente do Brasil, e não teria realizado tudo o que realizou em seu governo. Pelo que li o que Caetano falou foi que ele poderia ter aprimorado seu português, coisa que tenho a impressão que ele somente não o fez e não o faz por birra. Minha experiência familiar me autoriza dizer que nem sempre o “estudo” faz o homem, mais estudar sim. Minha avó materna não completou o primário, isso pelas dificuldades que tinha no tempo dela, mas isso não a impediu de estudar sozinha, foi auto-ditada, falava e escrevia em latim perfeitamente, tanto que foi ela a redigir em latim a monografia do meu tio quando este se formou em direito. Dona Esther tinha adoração pelo léxico, era uma devoradora de livros e, mesmo após um AVC se esforçava para pronunciar as palavras corretamente, dizia sempre que apreciava as palavras rebuscadas porque eram cheias de sonoridades. Ah! Este ouvido “musical” creio que foi herança dela que também tocava os corinhos no órgão na igreja sem nunca ter estudado musica.

    Concluindo, ao meu ver, existe uma caricatura do Lula que ele mesmo criou e que o popularizou.

    Existe uma certa incoerência entre este Lula presidente e o Lula caricaturado, enquanto o primeiro parece que valoriza o estudo e quer dar oportunidades a toda população o segundo o contradiz mostrando que a pessoa pode “não estudar” e chegar a presidência da republica. O discurso esta errado, o problema não esta no fato de não se ter um diploma universitário, mais no fato de não falar corretamente o idioma do seu pais, pior ainda é justificar isso dizendo que se tem que falar a língua do povão. Tivemos um presidente que comparou o povo a cavalos, e muita gente ficou indignada, agora temos um que diz que povo não sabe falar o próprio idioma, e quando a gente faz criticas as pessoas acham que não temos razão, que estamos sendo preconceituosos, isso porque se trata de Lula. Balela isso não? Ao contrario do que ele vive discursando, ele deveria mostrar ao “povão” que uma pessoa pode sim evoluir, mesmo sendo pobre, mesmo vindo lá do meio do sertão, porque o Lula não chegou a presidência sem estudar ou sem conhecimento algum, pensar que isso não seja verdadeiro me parece ridículo, seria subestima-lo, coisa que não faço. Alem de mostrar ao “povão” que ele aprendeu a se vestir bem, a se apresentar bem em publico, a ter boa aparência, a escolher bem seus assessores, ministro, etc., ele poderia mostrar que aprendeu a falar um bom português também, creio que isso seria pouco comparado ao tanto que teve que aprender como chefe de Estado e de Governo. Por isso mesmo não gosto quando escuto Lula falando errado, me soa falso, pequeno, da a impressão de que ele esta subestimando a nossa inteligência.

    Beijos a todos

  127. Nando disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 9:02 am

    [Por fim, dada a minha antipatia pelo tucanato e em especial pelo FHC, eu poderia muito bem partir do mesmo princípio para afirmar que, uma vez que não gosto do nosso ex-presidente e discordando de sua orientação política, jamais estudaria sociologia].

    Só que você não é um tapado, Luedy.

  128. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 9:59 am

    A laurene falou do Possenti, mas acho que para fazer justiça ao que ele disse acerca da “falta de estudo” do Lula o melhor mesmo é direto ao que ele escreveu. Segue o link:
    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3399771-EI8425,00-Faz+eu+me+sentir.html

    Para Salem, como eu havia prometido (apesar dele não ter me solicitado nada, eu sei), segue o link do artigo acerca do tal “gerundismo”:
    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3339983-EI8425,00-De+onde+menos+se+espera+II.html

    E, por fim, um texto muito bacana dele (não, eu não estou ganhando nada para divulgá-lo aqui, além do prazer de dividir com vocês leituras que julgo interessantes):
    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3355716-EI8425,00-Variacao+e+mudanca.html

    abraços,
    luedy

  129. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 10:04 am

    Sim, o Ricardo de Alcântara falou o que eu gostaria de ter dito a teteco, nando, glauber e salem. É bom isso da gente encontrar nossa turma, né?
    luedy

  130. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 10:26 am

    ih salem, agora é que eu li os comments 87 e 88. a cronologia aqui fica muito doida. tem coisas que eu respondi a você que terminaram aparecendo antes de sua pergunta.

    Sim, vc está certo: nada a ver eu ficar querendo dar uma de moderador e de censor da quantidade dos parágrafos alheios. perdoe esse seu amigo por isso.

    Bem, queria dizer tb que a gente não mesmo conseguir ir adiante se vc continuar achando que é necessário um manual para prescrever o que é “certo” e “errado” em se tratando dos usos que fazemos de nossa língua. Estou me referindo ao que vc disse no #88, quando vc disse que se “menas” e “pobrema” não são “erros”, “apenas me avisem o termo linguisticamente correto pra definir tais episódios”.
    Não é fascinante essa discussão?

    luedy

    ps. revisando os comments, vi que Lucio Jr também falou coisas que eu gostaria de ter dito ao Caetano. Tô encontrando minha turma aqui!

  131. Guido Spolti disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:47 am

    Um detalhe: nem todas as escolas do Brasil ensinam, verdadeiramente; o ensino público do Brasil ainda carece de “um plano de educação fácil e rápido”; em muito aspectos creio mesmo que a escola funcione hoje em dia mais como uma proposta de sociabilidade entre pessoas do que um local de aprendizado. É claro que não dá pra generalizar, mas a EDUCAÇÃO SOA FALSA, e a “nossa língua portuguesa” com suas várias gramáticas vai à bancarrota. Ainda há o problema que os próprios professores não utilizam “o padrão linguístico” adequado, e os métodos são, apesar da ignorância, de uma grámatica opressiva, do tipo que o Ricardo de Alcântara mencionou. As próprias metodologias adotadas são obsoletas e os dados do número de analfabetos no Brasil também é falso. Não dá pra considerar-se uma pessoa que apenas escreve o nome como alfabetizada; o próprio sistema utilizado em alguns estados de escola ciclada é uma aberração, pra começar que é um sistema russo (creio eu) mal compreendido pelos educadores, sem pessoas ou pedagogos verdadeiramente capazes de sanar as dificuldades de cada aluno, é um grande faz de conta. Tudo bem que é preciso estudar, mas até a escola de maneira mais holístisca garantir um conhecimento elementar, e, ainda, educar no melhor sentido que esta palavra possua, está muito longe de rolar…

  132. Luiz Castello disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:49 am

    glauber guimarães disse exatamente o que eu diria quando julia debasse falou o que eu ia falar sobre como salem disse o que eu ia falar sobre o que o luedy falou

  133. Guido Spolti disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 12:45 pm

    Andei relendo os posts do Caetano, e comecei a imprimir alguns. Bem que os comentários e todas as maravilhas e bobagens poderia ser impressas.

    Imprimi o texto lingüistas (ainda com trema). Este texto lança luz (adoro este termo que sempre gosto de utilizar para falar do tropicalismo, como “ismo” mesmo, como se fosse um estudo, voltando-se para a compreensão de si mesmo, enquanto uma vanguarda artística)ao debate deste tópico que nasceu a partir do comentário de Dª Edith, há considerações importantes, especialmente aquelas mencionadas por Caetano a partir da leitura do “Norma Oculta”…

  134. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 1:31 pm

    Salem.

    Eu escrevo errado muitas vezes, principalmente dentro da norma.mas não seria “a meu ver” no lugar de “ao meu ver”. desculpe-me a pergunta. mas eu só quero aprender.

  135. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 1:35 pm

    Gente,

    Eu fico aqui advogando em nome dos que não precisam de advogados, fico tentando repetir (às vezes um tanto toscamente) o que eles falam/pensam/escrevem com muito maior propriedade que eu. E não tem adiantado muito (quer dizer, além de chamar a atenção de alguns ou de apenas recrudescer a resistência de outros em relação aos linguistas). Melhor eu dar um tempo. Os links estão aí, as indicações de leitura (mínimas, eu sei) também.

    Permitam-me, no entanto, uma última tentativa. Essa vai em especial para o Salém que teceu certas considerações acerca de educação que merecem ser debatidas. Particularmente, gostaria de comentar o seguinte trecho dele:

    “Possenti e Bagno fazem universidade e se dedicam anos aos seus artigos publicados e teses de doutoramento pra defender que não sejamos ‘otimistas quanto ao que se aprende em faculdade’”.

    Para me contrapor, gostaria de me valer do seguinte excerto de um texto que li certa feita, bem antes do post de Caetano que acabou suscitando tod este nosso debate:

    “É curioso como alguns ainda repetem que ele [Lula] deveria ter aproveitado os vinte anos que decorreram desde sua primeira candidatura para estudar. Não chegaram ao ponto de indicar uma escola - mas espero sinceramente que não seria aquela em que eles estudaram. É impressionante o número de pessoas que acha que, fazendo um curso superior, o cara aprende direito, administração, economia, ecologia, retórica, gramática, genética, medicina preventiva, curativa, alopatia e homeopatia, psiquiatria, psicanálise, literatura (antiga, moderna, estrangeira e nacional), pré-história, tudo sobre dinossauros etc. Ora, nem jornalista aprende tudo isso… É impressionante. Nunca devem ter ido à escola. Caso contrário, saberiam que a única em que se estuda tudo é a primária, ou fundamental, da qual se diz hoje, no entanto, que não consegue ensinar metade dos alunos a ler e a contar.”

    O trecho acima é do Possenti e traduz bem o que eu penso acerca de escolarização e educação formal-institucionalizada. Ou seja, não é porque a gente estuda e obtém um título que a gente se torna autoridade em “tudo”.

    Dito isto, queria dizer (talvez para a felicidade de alguns) que eu vou ter que parar de postar aqui durante certo tempo. Tenho uma tese de doutorado para apresentar e não preparei ainda o resumo. Adoro ficar aqui discutindo com vocês, mas o dever me chama. Defendida a tese, prometo voltar com carga total! : - )

    abraços,
    luedy

  136. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 1:48 pm

    Salem,

    Você é claro e te admiro muito por isso.

    Mas acho que você desviou um pouco do que eu quis dizer. Eu não falei que não se deve corrigir quem tem baixa escolaridade, em momento algum. Aliás, nem disse que quem fala “vrido”, ou menas, ou qualquer outra expressão fora da gramática tem necessariamente baixa escolaridade.

    Eu só disse que CONDENAR quem fala “vrido” porque ele fala “vrido” é preconceito. Ensinar a norma culta é útil, importante, um dever da sociedade e uma necessidade para todos cidadãos. E existem boas formas de se fazer isso, mas infelizmente não é a prática.

    A maneira como a sociedade propaga a idéia de certo ou errado faz com que pessoas que digam “vrido” se envergonhem, baixem a cabeça. O Glauber falou que só se deve admitir UMA forma correta de falar a palavra em nossa língua. E se ele fosse a pessoa que fala “vrido”, como seria não ser admitido? Agora, deveria ser ensinado a ele como se escreve vidro, e com o tempo ele poderia até assimilar essa forma de falar, ou não, isso não o definiria. Mas define.

    É “preconceito”, não tem outro nome.

    O fim das gramáticas? Nunca! Gramáticas contextualizadas? Não sei, não conheço a idéia, me parece inútil.

    Melhorar o ensino do Brasil? Admtir o preconceito? Não definir uma pessoa pela forma como ela fala? ESSENCIAL

    O “detalhe” que o comentário do Guido trouxe caminhou mais próximo do que eu quis dizer.

    Ensinar a norma culta, exigir o bom uso de quem a conhece e a ultiliza, é valorizar a língua. Nunca eu seria contra isso. Só digo que é preciso ensinar sem estigmatizar.

    O exemplo “Corrijo-me” é para ilustrar o seguinte: você acertou, essa assimilação é o caminho natural da língua e essa desmistificação acontecer realmente na sociedade, mas não para os gramáticos.

  137. Bira disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 1:54 pm

    A Tv Educativa da Bahia exibirá o vídeo Edith do Prato e as Vozes da Purificação hoje às 21 horas. O registro mostra a apresentação da sambista na sala Itaú Cultural em 2004. No repertório Marinheiro Só, quixabeira, Viola meu Bem. Quem estiver no estado da Bahia não pode perder e outros estados não sei se terá a oportunidade de assistir ao programa.

  138. Fernando Salem disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 2:40 pm

    Pois é, Laureane

    Homens como Possenti e Bagno fazem universidade e se dedicam anos aos seus artigos publicados e teses de doutoramento pra defender que não sejamos “otimistas quanto ao que se aprende em faculdade” ou postular a idéia de múltiplas gramáticas “dependendo do contexto”.

    Estranho, né?

    Ricardo de Alcântra

    O que você diz a respeito do Bagno está claro. Sobre seu caráter e aspecto físico, não posso dizer nada a não ser que fico feliz que você reconheça nele um cara legal.

    Sobre o preconceito, acho que o que ele diz está correto, mas é evidente. E mais: me parece um olhar mais político do que linguístico, o que (mesmo ele tendo razão) embaça aspectos fundamentais dessa discussão.

    O exemplo que você usou “Me corrijo X corrijo-me” já foi amplamente desmistificado no uso da linguagem escrita e não se trata de um preconceito e sim de uma evolução natural da língua.

    “Vrido” é um exemplo de natureza diversa, pois se trata da forma que uma paravra é “dita” popularmente e não “escrita”, portanto, esta sim, sujeita à correção preconceituosa.

    Mas se o meu filho dissesse conômetro ao invés de cronômetro, com 16 anos de idade, não teria o mínimo problema em sinalizar o equívoco.

    Agora, o que você defende é que se uma pessoa de baixa escolaridade cometesse o mesmo equívoco e fosse corrigida estaria sendo constrangida. Isso, inversamente, é que é um baita preconceito. Só os que têm acesso à escola são passíveis de correção. O coitado “sem-escola” pode falar como quiser, pra não ser vítima de preconceito. Ou seja: ele está em um outro contexto. Isso é preconceito!

    Ora, por essa tese, a língua só muda através dos equívocos das classes “desfavorecidas”. O que é uma abordagem exclusivamente política da língua.

    Todos nós mudamos a língua. Manos, minas, artistas populares, eruditos, escritores, jornalistas, falantes e repentistas.

    A questão é outra: Bagno defende uma tal de gramática contextual. Que se aplicaria dependendo do universo (contexto) onde a palavra é dita ou escrita. E que assim a idéia de ERRO deixa de existir. É relativista.

    Me parece óbvio que “corrigir ” a gramática de uma produção de literatura de cordel usando parâmetros caretas da norma culta é uma besteira. Isso é evidententérrimo.

    No entanto, não acho que seja incorreto corrigir as anomalias das provas de redação, o uso desleixado do português por jornalistas apressadinhos e etc. Aí, uma gramática oficial cumpre sim algum papel, mesmo que haja sempre nela um razoável atraso em relação às evoluções da língua promovidas pelo uso.

    beijo na testa

    salem

  139. Fernando Salem disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 3:07 pm

    Caro Ludy

    Só agora li tua resposta. Quem diria. Eu que sou um sujeito extremamente permissivo com o uso da língua acabo me metendo numa discussão meio chata.

    Mas vamos nessa:

    Você diz que não entendeu as minhas ponderações quando disse: “a constatação de que o uso repetitivo de uma forma teoricamente ‘errada’ a consagrará como ‘merecedora de respeito’ (essa foi a única expressão que o linguista usou para driblar o termo ‘certo’ ou ‘correto’) justificaria anomalias e empobrecimentos”.

    Acho que fui claro: em uma redação de português se um carinha escrever “a gente estamos indo no cinema” (uso bem comum) você acha que deveria ser aceito ou corrigido? Ao meu ver o “erro de concordância é um equívoco e o “no” (contação de em + o) no lugar do “ao” é até aceitável.

    “A gente não sabemos escolher presidente” do maravilhoso Roger Moreira só tem graça porque denuncia reiteradamente a falta de acesso. Do contrário seria uma canção “sem graça”. Adoniran foi mestre nisso. Se é isso que Bagno chama de contexto, volto a falar: é óbvio.

    Quando você diz: “Vocês – quase todos vocês – partem sempre do pressuposto de que há uma maneira mais correta de se falar a língua” está errado. Eu não me incluo nisso. Nunca liguei para os eventuais erros aqui digitados. Eu mesmo já cometi uma penca deles.

    Mas uma coisa você deve concordar. Há textos que comunicam melhor que outros. Que se costuram com mais densidade e clareza. Isso se deve a quê? Apenas à criatividade de quem os escreve ou à existência da gramática?

    Wally sabiamente escreveu “assaltaram a gramátca” percebendo tal banalização e com certa ironia meteram poesia onde devia e não devia”.

    Pois é. Espero que Bagno não veja poesia onde ela não esteja.

    beijoca na testa

    salem

  140. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 3:07 pm

    Pessoal,

    nesse ponto dos comentários o post do Caetano realmente tomou rumos estranhos.

    Não queria estar aqui defendendo Bagno e atacando gramáticos. No último comentário não quis ser ofensivo aos gramáticos nem a ninguém. Esse papo é complicado e está deslocado, realmente. Pedagogia, Lingüística e Normas devem estar a favor da educação universal, e eu, que gosto do Lula e da forma como ele fala, acho que ele peca imensamente nesse ponto. A educação no Brasil é uma tristeza. Poucos poderiam participar de tantos debates inteligentes como já surgiram aqui por dificuldade de articular idéias com a própria língua. Isso é uma pena.

    No mais, acho o Salem, o Luedy, o Glauber Guimarães, o Nando, o Guido e tantos outros extremamente inteligentes. É um privilégio ler seus comentários.

    Deixo o Bagno pra lá, quero mais os outros papos cabeças que vocês evocam.

    Acho bonito a forma serena (nem por isso menos emocionada) como Caetano fala da morte de alguém tão próximo. Isso (e a menção de Luedy para mim como um dos seus) foi o mais bacana por aqui.

  141. Fernando Salem disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 3:17 pm

    Luedy

    já que ocê perguntou”

    “Só se estuda na escola?”

    Minha resposta: não. Mais foi nela que Bagno construiu seu raciocínio. E suponho que eu e você também.

    Já disse aqui o que verso maravilhoso de Noel sintetiza:

    NINGUÉM APRENDE SAMBA NO COLÉGIO

    Mas gramática, ainda não inventaram outro lugar pra se aprender. Adoraria que fosse outro. Reduzir apenas ao “contexto” em que vivemos é dizer que qualquer gramática vale. Portanto, nem eu nem você nem o Bagno precisamos estudar pra defender o que pensamos.

    Lula estudou no sindicato. É de fato, sem ironia, uma belíssima escola de política. E até, contextualmente, de retórica e uso específico da língua. Mas não é escola de gramática, nem de matemática, nem de química, nem de física. Só isso.

    Precisa pra ser Presidente? Ele provou que não. É um bom exemplo pra sociedade? É. Mas, temos que admitir. Se por um lado quebrou um preconceito, por outro está construindo um novo preconceito, talvez involuntariamente.

    E quando esse novo preconceito se opõe à escolaridade do FHC fico mais puto ainda! Não sou tucano nem petista.

    beijo na testa

    salem

  142. Luiz Castello disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:03 pm

    Estudando o Relativismo. 1

    Goebbels entre outras assertivas sôbre a comunicação de massa, dizia que “uma mentira repetida 1000 vezes transforma-se numa verdade”.

    Uma forma teoricamente errada repetida 1000 vezes a consagrará como correta ?

    Estudando o Relativismo. 2

    Caymmi compôs :

    quando eu vim para esse mundo
    eu não atinava em nada
    hoje eu sou Gabriela
    Gabriela eh “meus camarada”

    camarada no singular depois do pronome que determina o plural,faz de Caymmi um iletrado,ou alguem que usou a lingua de maneira incorreta ?

  143. Julio Vellame disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:31 pm

    Obrigado Miriam, por gostar das fotos.

    Obrigado Bira pela dica do programa na TV de Edith do Prato e as Vozes da Purificação.

  144. Guido Spolti disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 4:57 pm

    Para Glauber Guimarães

    Glauber, não sei se a referência
    “4: existe um componente “populista” na figura do lula? sim, existe. faz parte do show. mas é um absurdo compará-lo ao getúlio, um ditador, verdadeiramente populista” foi pra mim.

    De todo modo, se o foi, veja quanta diferença da minha afirmação, com a suposta comparação ditatorial:

    …ele lembra mesmo (embora de maneira bem mais diferenciada) aspectos populistas varguistas…

    Obóvio que o Lula não é um ditador, e mesmo os “aspectos populistas” em Lula me parecem bem mais positivo; o que eu disse não é nada tão sério assim (eu sei que a galera da FGV me trocidaria), é que o jeitão popularzão do Presidente me remeteu a uma espécie de PAI DOS POBRES ÀS AVESSAS.

    Mas o Gravataí já colocou a boca no trombone, deixa isso pra lá, evoquemos outras danças, outras paroles,

    JESUS DE NAZARÉ E OS TAMBORES DE CANDOMBLÉ

  145. Nando disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 6:15 pm

    Nem o maior dos imbecis seria capaz de achar que “fazendo um curso superior, o cara aprende direito, administração, economia, ecologia, retórica, gramática, genética, medicina preventiva, curativa, alopatia e homeopatia, psiquiatria, psicanálise, literatura (antiga, moderna, estrangeira e nacional), pré-história, tudo sobre dinossauros etc”.

    Jeez. Não posso deixar de não ler esse livro.

  146. Fernando Salem disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 6:47 pm

    Queridos Luedy e Alcântra

    Parei por aqui. Entendi quase tudo que vocês disseram. Minha dissonância começa a tomar tom de argumentação teórica. Sou fraco nisso. Nem pretendo ser forte. Já tem até gente fazendo perguntas sobre gramática pra mim! Não manjo quase nada do assunto.

    Só brigo contra essa ideologização exacerbada na discussão da língua.

    Briguei quando defenderam de forma extremista a “falta de escola” como um argumento pra uma suposta queda da nossa produção artística.

    E agora brigo pelo avesso. Contra quem defende o outro extremo.

    Fui.

    beijo nas testas

    salem

  147. Guido Spolti disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 7:38 pm

    …errei feio no comentário 131, e por ironia, justamente na palavra G R A M Á T I C A, sem falar da concordância verbal…

  148. Lucesar disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 9:30 pm

    Tô com o Gravataí, também não gostaria de alentar essa discussão linguística (sem trema), esse papo tá me soando meio “Déjà vu”, aliás, como já disseram Salém e Caetano, as músicas novas quase não foram “dissecadas”, será que alguém, além de mim, achou “Por Quem?” uma linda canção de ninar erótica ? E Poesia, Fernando Pessoa, ninguém aqui gosta?
    .
    .
    Criei um tema no igoogle com a galera do OeP, quem quiser dar uma “zoiada” use o link abaixo, pra usar é só seguir as dicas abaixo da foto, segue o link:
    .
    http://www.flickr.com/photos/34287060@N03/3194612947/
    .
    Também postei no orkut.

  149. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 10:57 pm

    Salem e Luedy,

    também acho que tá de bom tamanho esse papo. Paremos por aqui.

    Pra ser sincero, Salem, o que me motivou a ficar respondendo esse assunto, foi, além de conhecer um pouco do Bagno e gostar do Luedy, me amarrar em poder trocar alguma idéia contigo, figura que considero muito.

    Estou viciado no Obra em Progresso e em todos vocês. Não é mais apenas o que o Caetano publica que me motiva a entrar aqui. Ler o que vocês falam sobre o que ele fala e sobre tantas outras coisas dá prazer, e prazer vicia.

    A internet é realmente uma ferramenta poderosa e o Caetano fez disso algo mais.

    Esse contato que aproxima mantendo um fina linha de distância entre o artista e seu público (mas que por menor que seja, é intransponível), deve ser um barato de explorar.

    Ainda bem que o Obra em Progresso vai chegar ao fim um dia. Encerrá-lo o tornará belo pra sempre. E que outros caminhos surjam.

  150. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:06 pm

    desculpem, eu não resisto. É que Castello fez uma analogia tão equivocada que não dá para não comentar. Em seguida nos brindou com um exemplo maravilhoso - o de Caymmi, com o “meus camarada” - e, no entanto, problematizou a sentença de modo a nos fazer escolher dentre duas opções de resposta (seria Caymmi iletrado ou estaria incorreto?), que são ambas decorrentes de uma mesma perspectiva, digamos, “problemática”.

    Bem, quanto à analogia dos usos “errados” da língua com a frase que se atribui a Goebbels, eu acho de uma infelicidade enorme. Mas não deixa de ser reveladora de tudo o que eu tenho tentado apontar aqui como problemático para se discutir língua. Mais uma vez, Castello parte do pressuposto de que há “erro” em língua. Se ele apenas pudesse admitir que se um grupo social consagra um determinado uso este uso passa a constituir uma “norma”, talvez fosse mais fácil compreender aquela máxima de que não existem “erros de português” (ou de língua alguma).

    Ao mesmo tempo, se Castello admitisse que toda gramática busca servir de referência, como um manual, do uso que fazemos da língua, ele deveria compreender que certas modalidades serão eleitas como “mais corretas”, “mais elegantes”, em detrimento de outras formas e usos que fazemos da língua. O processo de eleição de certas modalidades em detrimento de outras é sempre decorrente de um ato político. A noção de “elegante” e “correto” não decorre, pois, de propriedades intrínsecas da língua, mas de escolhas que se dão no interior de relações assimétricas de poder.

    Ao mesmo tempo, uma modalidade tida como “errada” ou “feia”, como, por exemplo, no uso do “menas”, ou na ausência de concordância em “meus camarada”. Esta última, muito comum no falar de muitos brasileiros, obedece a uma norma, não é uma maluquice de gente desatenta, ou de gente incapaz de compreender as “regras”. Veja, Castello, que quem fala “meus camarada”, jamais falaria “meu camaradas”.

    Portanto, para finalizar, Caymmi não é nem iletrado e nem usou a língua de maneira incorreta. Ele apenas se valeu de uma modalidade bastante comum e que as gramáticas normativas insistem em desconsiderar. E por que isso? POrque a noção de “norma” das gramáticas costuma ser a de “normativo”, “prescritivo” e não de “normal”, “corrente”. Se se levasse em consideração o uso real, concreto, de nossos falares, o “meus camarada” poderia ser aceito como uma modalidade legítima. Aliás, tanto quanto o uso do “menas”.

    Queria tanto que tivesse alguém que pudesse explicar isso melhor do que eu aqui. Eu não sou da área, estou apenas reproduzindo o que já li de certos autores. Espero estar fazendo jus às lições que deles aprendi.

    abraços,
    luedy

  151. glauber guimarães disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:11 pm

    pequenos esclarecimentos:
    guido,
    o que eu disse foi apenas um adendo. concordo com o que você falou.
    ……………………
    ricardo,
    também é pra mim um privilégio, ler seus comentários. e vou pensar bastante sobre o que você disse.
    ……………………
    salem,
    o que eu disse láaa atrás é que há falta de informação e acesso. falta referência. e que isso influencia na produção cultural da massa. não me referia à falta “de escola”, embora esta também falte, em qualidade. a violência, a ausência do estado, também são fatores que influenciam terrivelmente. para o mal e para o bem.
    perceba, só posso escrever sobre algo que eu conheça. se meu conhecimento for restrito, meu texto também será. minha música também. note que falo de conhecimento e não, erudição.
    ……………………..
    castello fratello,
    na literatura e na música popular é totalmente correto usar de licença poética e do português “errado” do povão. porque letra de música é poesia também. logo, caymmi não é nem iletrado, nem usou a língua de maneira incorreta. ele fez uma opção estética, conceitual.
    mas isso me fez pensar que o linguajar do sertão não é considerado no brasil, dialeto. fica a dúvida:
    elomar canta em português errado ou no dialeto de sua região? falar nisso, acho esse jeito sertanejo de falar muito bonito. gostaria de saber o que o pessoal aqui acha dessa questão dialeto/português errado, se for possível.
    ………………………..
    nando,
    “não posso deixar de não ler esse livro”. hahahahaha, esse senso de humor é sensacional.
    ………………………
    labi me mata de rir aqui, bicho…eu vos i love you, peoples!

  152. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:21 pm

    Ah, sim, eu já ia esquecendo: Ricardo, obrigado pelas palavras de consideração.
    Teteco, Salem, Castello, Glauber, Nando e demais contendores, vocês já perceberam que eu sou um tanto obsessivo quando se trata de defender meus pontos de vista. Perdoem os meus excessos e a minha insistência.
    abraços a todos,
    luedy

  153. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:38 pm

    Luedy e Alcântara

    A Miriam está certa quando diz que Lula é a encarnação da caricatura dele mesmo. E sei que ela não fala assim de forma pejorativa ou para dotonar com o Lula.
    E Salem, obrigado. Essa “elite sindical” já existia neste país muito antes que eu sacasse qualquer coisa a respeito. É visível a transformação de um cara que sai do “chão de fábrica” e alça vôos mais altos - altíssimos - na esfera da política nacional. E, creio, não poderia ser diferente. Mas poderia ser melhor.
    Pois é uma pena que muitos apostem nessa postura “caricata”, mais enfaticamente ao uso “errado” de nossa língua, como forma de chegar “ao povo”.
    Assim como Salém, eu não sou PT e nem PSDB, os dois grandes partidos que atualmente dividem a política nacional, embora na prática os dois caminhem na mesma direção. Vero!!!
    Antes da última eleição presidncial, eu postei no blog “Alfarrábio”, do jornalista Paulo Bicarato, um texto esclarecendo porque não iria votar no Lula e nem no Alckimn. E assim o fiz, embora eu tivesse uma certa tendência lulista. Cancelei meu voto e tchau pardal. Simplesmente, naquele momento, Lula e Alckmin não correspondiam as minhas “exigências” de eleitor para ocuparem o cargo mais importante do país. Fui chamado de “alienado” e coisa e tal. O Paulo Bicarato teve que aguentar, por mim, alguns insultos. Mas, por outro lado, muitos concordaram com minha posição e revelaram que fariam o mesmo.

    Calma Rafael, fratello mio, este é o blog de todos os assuntos, interessantes ou não…talvez. Mas tudo porque Caetano sempre foi múltiplo e único, ou vice-versa.

    “um dia rico, um dia pobre, um dia no poder, um dia chanceler, um dia sem comer…” (Gilberto Gil)

    Pena, pena pena…a TV Bahia não pega aqui na terra da garoa ( e tá garoando agora ) e eu não pude ver o especial da Edith Oliveira do Prato.

    beijos na testolândia do Salem, da Miriam, do Luedy, do Glauber, do Caetano, do Bruno, do Rafa e da Maria que andava sumida.

  154. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:42 pm

    O texto de Labi Barrô é excelente. É a única defesa do livro do Bagno que funciona. Não tenho vontade de discutir esse assunto. Só de elogiar a Labi. Nem ligo pra quem disse que Possenti só queria esclarecer. Mas a lista do que ele disse crermos que se aprende na universidade é de lascar. Nando, Jeez!

  155. Dani Danjos disse:
    Janeiro 14th, 2009 at 11:52 pm

    “… o prato descansou, partiu, calou… em nós apenas os olhos, o sorriso e o amor ficaram…”

    Senhorinha linda!!!!

    Texto lindo ’seo’ Caetano!!!!

  156. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 12:15 am

    Quanto ao Lula ser ditador ou não.sabemos que não. hoje em dia a ditadura é de outra forma. o poder da mídia e de quem está por trás é de colocar quem bem entende na hora que quer. nós é que achamos que escolhemos algo.

  157. Julia Debasse disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 12:22 am

    Conforme o assunto se encerra, gostaria de fazer uma colocação um tanto óbvia, sobre o Lula e sobre tudo:

    O Lula não ter um diploma não o desqualifica como uma pessoa que estudou. Ele estudou para ser torneiro mecânico, por exemplo. Ele não ter um diploma o desqualifica como acadêmico, e nada mais. Estudar é procurar saber o que não se sabe, e se julga necessário saber…

  158. carolina disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 1:40 am

    Passei rapidinho, vi que o negócio ta pegando por aqui. Como não posso ler tudo, aproveito pra solicitar ao Jualdino o texto da festa de Santo Amaro e deixa uma frase curta mas que traduz meus votos a todos os blogueiros frequentes da OeP:

    Para vc o que vc gosta: Diariamente!

  159. carolina disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 1:42 am

    * deixar e sei que antes do mas tem vírgula…
    Just for the records!

  160. Denise Chaves disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 3:30 am

    Emocionante o q escreveu sobre D Edith.Com a sua partida desse plano-o universo passou a contar c mais uma estrela…
    Obrigada D Edith…luz sempre…

  161. eXequiela - beijo-oh! disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 3:32 am

    Ya desperté me parece. Como decimos acá, me RE COPÉ con los sueños y puXa vida…. estuve soñando con los ojos abiertos, los ojos cerrados, los ojos vendados, un ojo abierto, otro cerrado. Sueños húmedos, sueños secos, sueños profundos, sueños superficiales, sueños terrenales, sueños etéreos…. incluso un sueño-pesadilla (en el que el protagonista era un integrante de este Blog). Lucre, soñé por vos también, hice que apareciera el otro en un sueño. Interesante ese otro pero me quedo con o leAozinho.

    Muitos sueños, pero nunca en demasía… y que conste que nem vinho tomei!

    LeAozinho… si hubiese sabido de tu pérdida, te habría enviado por Joaudo además del besito: un abrazo de medio minuto y un beijo-oh! Pero tampoco da para que abuse de nuestro poeta-profeta Joauuuuudo!! Aunque me dijo que el besito te lo dio con mucho gusto… y que lo aceptaste con mucho gusto también. LeAozinho, no es cierto que no existe mejor transmisor de un beso que Joauuuuudo?

    Joauuuudote: escribí ese comentario de Amaro-oh! tan esperado! … presiento que habría que convertir ese comentario en un post.

    Un beso especial para mis hermanas rioplatenses Lucre y Vero que escriben comentarios tannn lindos y sentidos! (Lucre… estuve leyendo un poco el blog del otro… cuántos detalles que o LeAo no nos contó… no leí todo todavía pero dónde dejás los comentarios?)

  162. - disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 4:31 am

    Deixando de lado ofenças, ironias e despreso, eu concordo plenamente com 150. Eduardo Luedy com relaçao à questao “norma”, “o que é mais adequado”, e pincipalmente na existencia de assimetria de poder.
    Ao mesmo tempo, nao entendo o porque de se discutir tais questoes com qquer pessoa.
    Com isso concordo plenamente com a linha intransponivel que separa poesia(é a fala do(a) poeta) e vida que nao é a fala de ninguem, volta ao que vc disse sobre norma e suas danças.
    Magoei.

  163. glauber guimarães disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 5:33 am

    tem uns comentários meus [normalmente feitos de madrugada] em que eu viajo, divago mesmo. depois no dia seguinte fico imaginando vocês pensando “pronto, lá vai o glauber em mais um comment filosófico-espacial-de boteco virtual”.

    “houston, we have a problem!”, hahahaha

  164. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 11:00 am

    Labi,

    não é só na sala de aula que você chega e chama mais atenção do que qualquer objeto identificado ou não-identificado. Quando você chega aqui, acende um neon rosa-choque que não choca ninguém, um sol danado imprimindo todos os tons nas gentes e nas coisas, aquecendo a tela fria do computador.

    Você é uma figuraça, um tremendo barato.

    Glauber,

    Você tocou num ponto interessantíssimo com essa questão dialeto/português errado. Espero alguém com mais embasamento que eu (cadê Luedy?) para falar. Ademais, não vejo erro algum na forma serteneja de falar. É uma forma de falar que faz sentido, obedece estruturas e, acima de tudo, soa bonito pra caramba.

    O Pidido
    (Elomar)

    Já qui tu vai lá prá fêra
    Traga di lá para mim
    Água da fulô qui chêra
    Um nuvelo e um carrin
    Trais um pacote de misse
    Meu amigo ah se tu visse
    Aquele cego cantadô!
    Um dia ele me disse
    Jogano um mote de amô
    Qui eu havéra de vivê
    Pur esse mundo
    E morrê ainda em flô
    Passa naquela barraca
    Daquela mulé reizêra
    Onde almuçamo paca
    Panelada e frigidêra
    Inté você disse vã lõa
    Gabano a boia bôa
    Qui das casas da cidade
    Aquela era a primêra
    Trais pra mim uãs brividade
    Qui eu quero matá a sôdade
    Fais tempo qui fui na fêra
    Ai sôdade…

    “E as morena na jinela divirtindo os carnavais…”

    Beijos em todos!

  165. Luiz Carias disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 11:36 am

    Ola meus ueridos blogueiros que aqui postam….
    Tá meio chata essa discussão de linguistica aqui né…
    Como diria o outro to com Salém não abro…uma pela sua coerência,outro pelo seu conhecimento.
    Qu adianta ficarmos batendo na tecla de sempre, nossa cultura, nosso diálogo é sempre mais informal que formal, e isso acaba prejudicando na formação de nossa população, que muitas vezes n~~ao sabe como usar, e nem que palavra usar para determinada situação.
    Hoje revendo entrevistas de aetano dapara reparar no uso enfreado de diversas palavrs ditas formais que quase ninguém sabe o significado.
    Com parsimônia, é dito em raríssimos títulos ou entrevistas, aos entendidos, não preciso traduzir, para os mais leigos só o pai dos burros para orientar nessa hora.
    Vamos democratizar blog como uma ferramenta de troca de idéias, não de troca de farpas ou algo assim.
    Salém, peço que tu me arranje algum cd ou me diga onde encontro algum cd ou dvdcom o show da banda Vexame. Vocês ainda tocam??
    Beijos a todos…Luiz Carias.

  166. Fernando Salem disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 12:14 pm

    Meus camarada

    Âlcantra que é de guentá, guentô
    Luedy que é de labutá, labutô
    Joaldo… esse nem falô!

    Caymmi não é letrado é grande letrista.

    Caymmi não segue a norma. Ele é a norma, dizendo a todo mundo o que ninguém diz.

    beijo na testa

    salem

  167. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 12:35 pm

    Roberto Joaldo isso não se faz, como se diz por ai: você não é menino! Então foste a Santo Amaro encontrou todo o povo e não conta nada… Como assim? Deu apenas uma aguçada na curiosidade e pronto? Pode voltar aqui e contar tudo direitinho que a gente babando de curiosidade!

    Lucesar lá visitei teu link e já me achei na foto, obrigada pela consideração!

    Glauber ia responder e te agradecer no outro post pelo “pisadeira”, eu sou do interior do de São Paulo e a gente chamava de “pesadeira” e quando era criança tinha muito medo dela e, olha que isso existe mesmo porque tive uma experiência horrível com isso uma vez que comi uma “feijoada noturna” que uma amiga fez especialmente para mim com feijão branco e uma porção de carnes e embutidos, comi muito mesmo, e isso foi a meia noite, depois fui dormir daí não foi somente a “pisadeira” que apareceu mais ela trouxe consigo toda a gangue, e dançaram um samba sobre a minha barriga, só sei dizer que despertei lá pelas tantas da madrugada com a minha amiga me chacoalhando tentando me acordar, disse ela que eu estava agitada e falando pra caramba. Depois disse ocorrido, uma vez que estive em Salvador meu caro amigo baiano e sua turma me levaram para comer uma feijoada as 2 da madrugada, mas, com medo da “pisadeira” optei por uma rabada. Adorei esta lembrança que você me trouxe a memória, ri muito aqui, obrigada. Li os artigos que você colocou nos links, achei muito interessante, não sabia da explicação cientifica sobre isso.

    http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Pisadeira

    Beijos a todos

  168. Julio Vellame disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 1:36 pm

    TETECO,

    Eu hoje acho que todos nós, eu, vc, todos, somos as caricaturas de nós mesmos.

    Somos personagens, que nós mesmos vamos criando ao longo da vida por vários motivos e depois estamos presos, sem saber como, nem para aonde, voltar.

  169. gil disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 2:11 pm

    essa percepção de que PT e PSDB caminham na mesma direção é muito interessante e importa. É mais uma vitória do Lula, se não era assim e passou a ser é mérito do Lula que ampliou portanto o arco do Poder. Durante o governo PSDB não tínhamos essa “sensação”. O país segue portanto mais unido.
    No entanto estamos em pleno governo Lula, as eleições ainda não estão colocadas. Vamos ver na hora da verdade como isso vai se colocar. Admitindo um enfraquecimento do PT, essa percepção entregaria o poder novamente ao PSDB. Saímos a pouco de um período eleitoral com Serra vitorioso…e aí reforçamos a tese da tendência da mesma direção. Mas é bom ter as barbas de molho, Lula é o presidente e o PT está no Poder, como se comportarão os lá de cima e os lá debaixo? Acompanharão “essa tendência” quando a cobra acender o cigarro? Se os do meio não sabem pra onde ir teremos que ouvir os lá debaixo e os lá de cima…

  170. paloma, rio, disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 2:22 pm

    tinha uma série na tv nos 70 - daquelas que ensinavam aos americanos como formar uma sociedade e se tornar uma nação - chamada “julia”. julia era uma enfermeira bonitona, de 30 anos, recém separada do marido, negra, e com um filho de uns 8 anos para cuidar. a sitcom era um verdadeiro manual para as mulheres que, modernamente, se viam obrigadas a viver esta situação.

    lembro de um episódio em que o filho disse : “eu “num” quero ir para a escola…” - e julia, a mãe, respondeu : “você vai à escola … e não diga “num”, que é feio …”.

    como o seriado era dublado, pensei logo que o garoto tinha falado alguma palavra errada em inglês também. que legal! como seria “num” em inglês? levei a dúvida para o professor do meu curso. e foi ótimo, porque tive uma aula que ninguém jamais teria : de inglês errado !

    ah, e aprendi o que significava cultura geral.

    depois veio o ringo com o “it don’t come easy, you know it don’t come easy”, mas é outra estória.

    ………

    ps: quando criança, eu sentia um ‘nervoso’, como muita gente sente, com a visão ou o som do atrito entre materiais : algodão desfiando, giz no quadro-negro, faca arrastando no prato …

    lembrei disso vendo dona edith no youtube. tem certos incômodos que, com ritmo, se tornam prazer.

    abrs paloma

  171. Maria disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 3:33 pm

    /tetequinho dos anjos ( permita-me a expressão de carinho. este carinho estende-se também a todos desse blog.)

    passei somente uma semana fora do recife e da internet, mas mesmo nestes últimos dois posts do caetano, o meu comentário é mínimo, não sei como você conseguiu ver. é que são tantas as polêmicas, que nem sei qual a escolher para falar. na maioria das vezes é por que eu não sei mesmo, além da minha timidez, que, aos poucos, vou enfrentando aqui neste blog. vejo que estou bem mais à vontade, desde que comecei a escrever aqui, e você também.agradeço ao Hermano por deixar passar os meus comments.estou tentando acompanhar todos os cometários, mas como ando estudando muito outras coisas,e, às vezes, não dá para ver tudo. Mas, gostei do seu comentário sobre o Lula. Por outro lado, vejo que ele melhorou muito o português nestes últimos anos.ele tem concordado o sujeito com o verbo e outras coisinhas mais, que nem acreditei. fiquei achando até que ele tem um assessor para assuntos de gramática, você não acha isso não?

    Ps:desculpe-me as /’minúsculas/’, é que estou numa máquina que só libera a maiúscula no início da frase e da página e nunca depois do ponto.

    abraços a todos

    Maria

  172. Viana Vana Caravana disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 4:16 pm

    Caro Caetano,meus sentimentos e que lindo texto! Sorte tua poder mamar em tetas tão divinas.Quando nasci minha mãe não pode amamentar tambem.Teve mastite.Tivemos muita febre.Ficamos muito magros eu e ela.Soube que so vim a engordar aos cinco anos na primeira viagem a Bahia.Era Ilhéus hospedados em casa amigos Judeus que escondiam a comida da gente e o pouco que conseguiamos na cidade que diziam ser carente em alimentação,a judeusada comia tudo que compra-va-mos.So sobravam as bananas.(Dizem que Ilhéus ainda tem um mercado pouco sortido.Então entrei nas bananas,mamei nas bananas viciei em bananas e enfim engordei e fiquei “mais bunito”.Mas nunca esqueci do imenso,tenebroso,calorento e antigo trajeto BH-Bahia.Era tanto calor que mamãe e a queridíssima criada e madrinha,a sergipana Mirenita,não resitiram e viajaram a maior parte do tempo com os peitões de fora para desespero de papai que raivoso morria de vergonha chingando muito.As de Mirenita eram tão gigantescas e colossaias que competiam com o para-lama e as lanternas da velha ‘Udson’ do velho.Pelo tal “rodoviarismo desenfreado”…Bem JK,nosso presidente Bossa Nova não tem cumplicidade alguma com as derivações viciosas de seus feitos nos governos ditatoriais.O que ele fez cinco anos e o que Jango faria o que JK poderia fazer em um segundo mandato o Golpe golpeou.E a ditadura manteve os grandes lucros dos empresários,empreiteiras e multinacionais porque precisava dessa turma para se manter.JK não teve o tempo de Lula.

  173. Affonso Leitao/RJ disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 4:32 pm

    Em respeito à memória de Edith do Prato.

    “Caramba,carambola,eu sou do samba,não me amola”.

    Amolando, descubro que amolar também amola.

    Bom feriado de São Sebastião,Santo Padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro, para todos.

  174. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 5:18 pm

    Somos
    caricaturas de nós mesmos
    sim
    Vellame

    e é tudo
    vaidade
    das vaidades

    Caetano é vaidoso
    Lula é vaidoso
    e nós todos
    aqui somos

    a vaidade é caricata.

    quem sabe Rimbaud
    não estaria certo
    com sua visão
    de um novo Eclesiastes,
    ou todos nós
    pudéssemos cantar
    em uníssono
    “Iluminação”
    de Mautner e Jacobina?!

  175. maria sampaio disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 5:55 pm

    Caetano,
    comovente sua despedida de Edith.
    Beijo carinhoso de Maria Sampaio
    ——-
    Professora Mabel, por conta de minha químio, não permitiu que eu fosse ao enterro.
    ——–
    Também me despedi de Edith (com fotografias) no blog: http://continhosparacaodormir.blogspot.com

  176. Maria disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 6:06 pm

    ops! foi mal. quis dizer: ele tem concordado o verbo com o sujeito.
    abs
    Maria

  177. gil disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 6:10 pm

    A guerra na Amazônia continua acontecendo e não damos tanto por isso. Desde a decisão dos militares “nacionalistas” de ocupar a Amazônia para preservá-la geopoliticamente remanejando contingentes da população para aquela área desafiando a floresta, cortando-a ao meio, numa Transfronteira de asfalto que o problema vem tomando proporções impressionantes. As lideranças locais continuam a ser dizimadas e o som da moto serra faz sinfonia na floresta. Não há doutor que dê jeito. Tem alguém aí? Alcançamos “aquele país” daqui nesse blog Caetano? Seria um presente ouvir daqui o batuque da floresta. Tem alguém aÍ?

  178. Marcos Nunes disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 6:45 pm

    Pessoal, este blog está um tesão de gramática, política e tudo mais.
    Manda mais, pois está uma locura.
    Gracias Veloso.

  179. glauber guimarães disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 7:02 pm

    “Trais pra mim uãs brividade
    Qui eu quero matá a sôdade
    Fais tempo qui fui na fêra
    Ai sôdade…”

    essa de elomar é linda demais, meu deus…valeu a lembrança, ricardo.
    ……………….
    miriam e maria e exequiela, beijo procês. cuidado com a pisadeira!
    ………………
    vellame disse
    “Somos personagens, que nós mesmos vamos criando ao longo da vida por vários motivos e depois estamos presos, sem saber como, nem para aonde, voltar”

    perfeito, vellame. é isso mesmo. e isso é bonito, esse reinventar-se. abraço!
    ………………
    caetano,
    podemos falar de outras coisas…puxa um assunto. ninguém melhor que você pra sacar da cartola algo que coloque nossos ticos e tecos pra funcionar. ví o especial com dona edith na tve, que coisa linda, aquelas vozes. cadê você?…
    ……………….
    “it don’t come easy!”. ringo bingo, paloma!

  180. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 7:05 pm

    Adorei o vídeo do link da Labi!!!

  181. JOALDO doceamaro OH! disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 7:08 pm

    A todo vocês que eu cada vez mais amo, preciso dizer que ‘inenarrando Amaro-oh!’ -meu comment-dromedário sobre a viagem para o Terno de Reis da Dona Canô e o meu encontro com o Caetanino (não o artista, mas um ser simples, direto e humano, e distinto como o Peter Gast da canção, enfim será publicado até amanhã, somente que reeditado e acrescentado de trilha musical sugerida pelos queridíssimos Gilliatt and Exequeila e ainda entremeado por fotos, como as tiradas pelo traquinas do Julio Vellame - que ficou brincando de esconde-esconde comigo, viu-me e nem falou comigo lá.

  182. Luiz Castello disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 7:15 pm

    Querido Luedy !

    Armei uma pegadinha e você caiu.
    Hehehe.

    É claro que a minha analogia (Goebbels) foi estapafúrdia,mas cumpriu sua função de trazer você de volta ao assunto.Por mais um comment apenas,porem valeu.
    Desde o post passado quando você falou do absurdo de se impor pesadas regras gramaticais `a crianças que estão sendo apresentadas `a literatura,culminando com a insanidade (essa é por minha conta) chamada “interpretação de textos”,que eu leio atentamente suas colocações.

    Acompanhei todo o desenrolar dessa rica trama,relativista,lingüística e dialética ( pode ser de dialeto,hehe) e mais acompanharia se houvesse.

    Eu posso admitir que se um grupo social consagra um determinado uso, este uso passa a constituir uma “norma”, e que o processo de eleição de certas modalidades em detrimento de outras é sempre decorrente de um ato político.
    Esse toque que você dá,é muito legal.

    Fica difícil pra mim, concluir a partir desse raciocínio, que não existem “erros de português” (ou de língua alguma).
    O relativismo periga virar sinônimo de indefinição.

    Sou um vídeo-aluno disciplinado.Vou abrir os links que você tão generosamente,afixou,e ler calmamente,longe da impaciência demonstrada por alguns obreiros com a “repetição” do papo.

    Por falar nisso,acho inadequado que alguns irmãozinhos queiram ditar a pauta do blog.
    Quem tem autoridade pra isso – Hermano-Caetano – tem deixado democráticamente as pedras rolarem.
    Caetano disse tão sómente “Não tenho vontade de discutir esse assunto”.

    _____x_____

    Como sou um cara bem humorado,selecionei uma das falas impagáveis do síndico pra fechar esses meus dois dedinhos de prosa.

    “Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita”
    Hehehe

    Viva Tim Maia !

  183. Alemão disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 7:36 pm

    Caetano,

    Linda e emocionante homenagem. Meus sentimentos a todos que conheceram Dona Edith.

    Teteco, amigo do Vale Virtual, o verdadeiro CUTman.

    Luedy, Salem, Alcântara, Glauber e todos que se envolveram nesta batalha de línguas: muito boa discussão. Tendo a ficar mais com o Luedy nesta. Mas parabéns a todos.

    Labi Barrô, arrasô, de novo. Ado, a-ado, cada um no seu cada um.

    Castello, que bom que continua, Fratello.

    Joaldo, também quero ler esse texto de Santo Amaro!!!

    Paloma, como seria “num” em inglês? In’a?

    Árvores revoltadas caindo em Sampa.

    Abraços e beijos!

  184. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 8:21 pm

    Caetano,

    É uma pena que você não queira se engajar no debate, principalmente por saber de seu interesse em assuntos de gramática e língua. Lamento também que o mal-humor e a rudeza de Possenti para contigo tenham lhe causado antipatia aos linguístas.
    Respeito sua decisão de não querer discutir esses assuntos de língua, mas lamento, acho que teríamos muito a ganhar. Aliás, devo dizer que tudo o que escrevi aqui foi movido pela vontade de saber o que você pensaria acerca dessas questões, acerca da noção de ‘erro” em língua. Como você explicaria, por exemplo, o “meus camarada” de Caymmi. Ou mesmo o “deixa eu cantar”, da letra de Odara. Seriam “erros” de portugês, apenas permitidos por conta de licença poética? O que vem a ser a tal norma “culta”? Admitir que há uma maneira “culta” implica em considerar que outras modalidades seriam “incultas”? Estas são questões bacanas (a meu ver) e que me surgiram a partir da leitura daqueles autores. Sou tão grato a eles quanto a você por ter me feito prestar atenção aos meus próprios preconceitos contra, por exemplo, o funk carioca e outros gêneros populares. O interessante é que eu que defendi aqui mesmo neste blog, com a mesma veemência, a legitimidade dos “calypsos, funks e kuduros da vida”, eu que vejo um paralelismo entre tudo aquilo e a condenação que muitos fazem aqui ao falar “errado” daqueles que “não estudaram”, pareço estar agora polarizando com o mesmo cara que me inspirou a pensar sobre a importância de violentar as noções de bom-gosto vigentes.

    abraços sinceros,
    luedy

    ps. paloma, eu assistia Julia na tv e adorava. Em inglês deve ser o popular uso do “I ain’t” que ela, a personagem, estava condenando.

  185. Celso de Carvalho disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 9:37 pm

    Pessoas,

    Viola meu bem, viola…
    Eu vim embora pro sertão, não pro pé da Serra do Periperi em Conquista onde nasci, mas pra essa beirada do Velho Chico exatamente onde nasceu a metáfora da garganta que canta entre Petrolina e Juazeiro, atingida pela flecha preta lançada pelo ciúme, palavras do mestre Caetano. Até aproveito pra confirmar se foi mesmo na sua vinda pra Juazeiro logo quando voltou do exílio, que surgiram esses versos, foi ali, Caetano?
    Pois, é, eu que escrevi numa folha de papel de caderno em 94 a trova do cego cantador: “Quem mora no interior, vai buscar o interior, quem mora na capital vai buscar o capital”, versos que ganharam acordes popularizados pelos Lampirônicos na abertura do Na Carona da Rede Bahia…
    Peguei minha viola e vim pro interior. Mas está sendo tão bom, já 2 anos por aqui, que hoje até relevo essas picuinhas onipresentes do sempre alerta condicionamento de tropa de defesa do autossuficiente da silva. Mas fiquei um tanto incomodado por estar tão encantado com a descrição da cena do post. Podem até não perceber e continuar o blá blá blá, mas o fio da meada aqui é a beleza de um raro momento, um rito de passagem riquíssimo, traduzido por um grande poeta ao redor do qual nós recorremos há meses através desse blogue, e que esteve/está totalmente envolvido no cenário e no contexto deste instante mágico. Não passarão! E nada há de pessoal nisso. Amigos todos! Carpe Diem!

  186. joana disse:
    Janeiro 15th, 2009 at 10:28 pm

    C, no outro post:

    “efeito casimir”…he he…amei seu coment todo. obrigada pelo carinho. amo essa visão física das coisas. trabalho com uma tecnica chamada cordões de relacionamento, que me lembrm muito da teoria das cordas.

    Lucesar:

    vc tornou meu google mais emocionante. que boa lembrança!

    carinho e alento para os que estão fazendo suas passagens. dna Edith, e pessoas queridas de muitos aqui no blog que também tiveram essa aproximação com a morte. sabem, entre 2005/2007 4 irmãos de meu pai morreram; 1 irmão, 1 sobrinho e 1 irmã de minha mãe; a mãe e 2 tias de minha cunhada; e tem gente que reclama comigo pq levo a vida tão a sério, de forma as vezes firme e voraz em relação ao jeito com que escolho viver…

    pra mim, a OP também tem a música do silêncio…

    bjs

  187. Bira disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 12:36 am

    Pelo jeito, Caetano vai postar e o Joaldo não vai nos contar o que viu no Terno de Reis de dona Canô… avie minino.

  188. Guido Spolti disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 2:01 am

    EU, VOCÊ, NÓS DOIS, JÁ TEMOS UM PASSADO, MEU AMOR

    … andei olhando o início do blog, que legal,

    se lembra da discussão do Feitiço da Vila? de “Por quem?, do Caetano lendo o texto do Lobão? Moreno cantando com Caetano? da evocação de “ele me deu um beijo na boca”? dos debates tropicália/roda viva? do typo etc e tal, sei lá, que mais? lembra?

  189. Demosthenes disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 4:09 am

    Fernando Salem,

    Apenas o conheço pelo teor do que escreve e lhe felicito pelos seus texto de excelente qualidade.Sempre bem redigidos e polidos. Já os meus - até invejo-lhe no bom sentido - são tão repletos do que você bem lembrou e que vejo e revejo, com detalhes “os erros do meu português ruim”.

    Depois daquela polêmica entre Ruy e seu professor Ernesto Carneiro Ribeiro (meu pai foi aluno do filho deste) eu verifico que quase todos nós erramos, seja por um vacilo qualquer, ou outra razão que foge à nossa própria razão.

    Erros de português acontecem, freqüentemente nos meios mais ilustrados e muitas vezes passam despercebidos.

    Tem livros que são publicados e até os revisores deixam os erros passarem. Já andei escrevendo e, quando entregamos um texto aos revisores, eles deveriam exercer as suas funções da melhor maneira possível. Tentam e também erram e nos obrigam a buscar correções através de erratas.

    Estou longe de discutir essa coisa do erro, gosto de apreciar o debate (seja contra, ou a favor). Temos que aceitar, por exemplo, inúmeras palavras consideradas erradas e que parte nos forram legadas de variadas formas. Nossos ancestrais, sejam os arrancados das suas terras e trazidos ao Brasil na condição de escravos, sejam os mouros, os ciganos, os europeus, os aborígenes (que passamos a denominar de índios), nos legaram muitas palavras que os eruditos de “antigamente” (bote antigamente nisso) acabaram incorporando ao nosso idioma fazendo-as constarem em nossos dicionários mais consagrados.

    Tem palavras como varrer e barrer (eu achava horrível alguém falar que estava “barrendo a casa”. Gosto de tamarindo, mas prefiro tamarino. A palavra desbundar - contam que foi Caetano que inventou, mas tem quem conteste isso. Mas está incorporada ao nosso vocabulário. Então foi criado um novo verbo de um modo interessante. Estamos em uma nação rica em “desbundes”. As gírias vão se incorporando e a filologia que cuide dessas coisas. Tive que me adaptar a tantas reformas e estou sem muito saco para incorporar esta novíssima. Um saco! Mas regra é regra e vou viver desregradamente por muito tempo até aceitar - de bom grado - essa mudança.

    Eu entendi Caetano perfeitamente bem, mas ele nos oferece “ganchos” extraordinários para exercitarmos essa coisa bonita que é o debate das idéias. Marina Silva é uma personalidade que muito admiro, mas não vejo sentido compara-la a Lula. Ela não tem a mesma impressão digital dele, nem o mesmo timbre de voz. Nossas capacidades e dons também são diferentes. Deus nos fez muito parecidos em tantas coisas e em outras tantas nos diferenciou.

    O ser social e a consciência de cada ser humano é algo que absorvo com muita naturalidade. Sem preconceito e muita compreensão. Prefiro compreender as pessoas e entende-las. Todos somos vulneráveis a criticas. Prefiro exercer meu senso crítico de um modo mais tolerante, porque errar é humano e continuar a errar também será humano e permanecer errando pode ser burrice. Os erros do português ruim de Lula são certeiros como a flecha de Robin Hood. Que comparação, heim ?!

    Bem, Lula dedicou grande parte desse tempo “que teve” em lutar o bom combate. Em peregrinar em defesa do restabelecimento do regime democrático. Em defender o regime democrático que havia sido destruído pelos “donos do poder”. Ele, eu e você, podemos ser perfeito em muitos aspectos, mas vai ter sempre alguém observando imperfeições na gente.Ele optou por este caminho meritório.

    Lula agora é “papagaio velho”. Fala com a autenticidade do mundo em que viveu, que o acolheu. Somos parte de uma sociedade que exige “boas maneiras”, “boa educação”, etc e tal. Mas vivemos em uma sociedade cheia de pecados, de erros, de imperfeições. Culturalmente somos um povo sofrido, espoliado desde a colonização, com muitos deveres e poucos direitos. A educação no Brasil sempre foi elitista, hoje as coisas tomam um novo rumo, com as deficiências que não serão corrigidas a curto prazo. Cristovam Buarque foi ministro de Lula e saiu do ministério por entender que não havia vontade política do governo em erradicar o analfabetismo. Cristovam estava certo e o “pragmatismo” do PT não o compreendeu. Tem muita coisa errada no governo, mas o governo de Lula ainda é - depois do de Getulio Vargas - dos melhores. Criticam muito JK e eu defendo. Não sou tão radical para não entender o projeto político do mesmo. Criticam Antônio Balbino com uma severidade impressionante e eu defendo. Gil diz, com muita propriedade, que “louvando o que bem merece, deixe o que é ruim de lado”. Já o Collor - você disse com muita propriedade que ele não era esse letrado todo e concordo plenamente. Foi um governante que tinha uma aspiração ditatorial. FH também tinha a vontade e o desejo de ser presidente perpetuo do Brasil. Fez um governo dos mais deploráveis e eu até imaginava que ele não fosse levado pela onda neo-liberal tão em voga.

    Gosto de Caetano falar o que ele pensa. Mas nem sempre devemos achar que ele está certo. Temos o direito de divergir em alguns aspectos. Ele é - por excelência - polêmico e lutador. Isso é bom e aplaudo. Ruim é o “amém” o “amém” da corte.

    Lula foi lançado na estrada da política por intelectuais de nome e renome. Não era o português ruim dele que importava, mas o que ele dizia e diz e que as nossas elites não aceitam e não assimilam com os olhos generosos da simplicidade humana que importava.

    Adoro ler seus textos. Fiz minhas colocações, apenas. Não alvejo ninguém. Apenas achei que devia escrever algo e fiz isso. Posso até desagradar, mas tenho que ser o que sou e para conviver bem não é necessário sempre aceitarmos tudo como sendo algo incontestável.

    Li um comentário escrito pelo Glauber Guimarães (não sei se é parente de Álvaro Guimarães) e concordo com ele apenas ressalvando que houve duas fases do governo de Getulio. A melhor parte foi a que o levou ao suicídio. O golpe que pretendiam dar, àquela época, foi retardado e só foi possível acontecer em 1964. Entre erros e acertos temos avançado. Aos que acham Lula ruim eu digo que eu prefiro ele por ser o menos ruim de todos. Não podemos fechar os olhos para as coisas boas do governo dele. A questão da corrupção está onipresente. Precisa ser extirpada e é o que a PF tem feito na medida do possível. O caso Daniel Dantas é uma caixa de pandora. Gostaria que fosse aberta, mas entendo que a republica democrática cairia e olhe que os saudosistas de 64 vivem doidos e sedentos pelo podre poder que exerceram e infelicitaram esta nação.

    Ressalvo que não me considero dono da verdade, não pretendo obter nenhum tipo de unanimidade, ando afastado da política, mas não posso me tornar um alienado só por causa de um português ruim. Lula dá pedradas certeiras, mas não é Deus. O povo gosta dele, eu também. Mas não sou do tipo que vive dizendo amém a tudo que ele diz, ou faz, ou deixa de fazer. Ele aceita críticas e vai ser alvo delas de uma forma impiedosa. Marina, mesmo, afastou-se dele. Heloisa Helena, idem. Outros petistas, do mesmo modo. Agora nós precisamos compreender que há uma máquina infernal em crescimento, um monstro que começa a se agigantar mais e mais( PMDB de Gedel). Um monstro que busca se aliar aos monstros do passado (Arena, PDS, PFL e agora DEM) em busca do poder pelo poder e que nada tem a ver com um projeto de progresso social. Essa gente no poder significaria voltarmos ao período obscurantista de 64 e a todas as deformações decorrentes de uma ditadura que prendeu Caetano. Se Caetano não enxerga isso, alguém precisa dizer a ele que é bom abrir os olhos e que ele não se iluda, não. Essa turma no poder será um retrocesso inimaginável. Por favor, tentem enxergar isso se os olhos de qualquer tipo de passionalismo. É apenas um grito de alerta…

    Fernado, um beijo na testa! Você é valoroso e virtuoso.

  190. Demosthenes disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 4:25 am

    Havia esquecido: sem essa de fulano tem diploma e sicrano não tem e é um intelectual de mão cheia. O Brasil está repleto de autodidatas da melhor estirpe e Chico Buarque sabe disso. João Ubaldo só quis concluir o curso dele de Direito (o pai dele foi meu professor, com muito orgulho - Manoel Ribeiro, que me reprovou porque eu não fazia as segundas provas que ele aplicava. Conversava muito sobre política com ele, mas esta é uma história à parte) pra ter o nível universitário. Assim, se um dia fosse preso não cairia em uma cela comum. Estes sem diploma valem mais que mil diplomados juntos.

  191. ge taha disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 4:31 am

    Poxa, são tantos comentários….!
    Mas aqui vai mais um:

    Não há como esquecer Viola Meu Bem !
    É um canto tão poderoso e instigante que gruda em nossa mente e faz com que ela siga cantarolando por muito tempo…

    A voz, o timbre, a entonação, a respiração de Edith…tinham algo de particular, algo irresistível que penetrava elos poros do tecido musical e solfejava a melodia sem precisar de um outro instrumento

    “Seo guarda diz que não qué
    a ropa no quarador
    Seo guarda diz que não quer
    a ropano quarador…
    Meu Deus, onde eu vou quará…
    Quará minha rôoopa.. ”

    É música de cantar lavando roupa, batendo na pedra do rio e vendo o regato correr pro remanso..

    Assim como uma vez Caetano disse que o falsete de Milton era uma das coisas mais poderosas da Terra, ouso dizer que o canto de Edith é a identidade do canto do nosso povo !

  192. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 6:53 am

    Já que o post fala de funeral pensei em contar um pouco como é um funeral aqui na cidade onde moro na Itália porque é um ritual com algumas diferenças do nosso. A cidade é bem pequena, deve ter uns 8000 hab aproximadamente e, aqui quando uma pessoa morre é velada em casa mesmo, como fazíamos ai no Brasil quando eu era criança. Aqui a pessoa é velada na cama, as imensas e varias coroas de flores vão ficando do lado de fora da casa o que da um colorido todo especial, da mesma forma a bandeira vermelha, tendendo para o vinho, com detalhes dourados pendurada na porta de entrada.

    Aqui tem uma espécie de painel, nada sofisticado, na verdade bem rudimentar, que estão espalhados em vários pontos da cidade onde são fixados os avisos de interesse publico, como demonstrativos financeiros das prefeituras e outras questões administrativas, eventos, avisos de óbitos, de missa de sétimo dia, alem de algumas raras propagandas que ficam na parte lateral. Desta forma as pessoas estão constantemente informadas dos acontecimentos gerais na cidade. Na rua onde esta sendo realizado o velório normalmente se tem estes mesmos “avisos de óbito” com setas indicando o caminho.

    Na hora de sair o cortejo as pessoas saem do quarto chega o carro fúnebre e somente nesse momento a pessoa é colocada no caixão. Aqui tem um carro fúnebre muito lindo, imitando uma carruagem, preto com detalhes dourados, parece coisa de filme, apesar de gostar daquela coisa de cortejo pelas ruas onde as pessoas carregam o caixão. O tal carro vai na frente logo atrás dele vai um outro carro aberto onde são colocadas todas as coroas de flores.

    Os poucos cemitérios que conheci aqui tem muitas coisas diferentes dos que conheço ai. O que estão enterrados os pais do Franco tem túmulos enormes, quando entro lá tenho a impressão de estar entrando em uma vila cheia de casas, alguns túmulos são muito elegantes com aparência faraônica. Tem uma grande quantidade de arvores o que torna o lugar fresco, e as pessoas de menos posse são enterradas numa espécie túmulos que fazem um grande muro onde somente as placas com os nomes ficam expostos, tem também espaço individual reservado para colocação de flores e o interessante é que tem algumas tomadas individuais onde se pode ligar luzes ou santinhos iluminados que acabam dando um pouco de vida ao local. Bem ao centro do cemitério esta a capela onde é rezada a missa antes do enterro propriamente dito. Após a missa, a ultima homenagem fica por conta dos aplausos, que para mim representam a gratidão, respeito e reconhecimento, acho isso bem legal.

    Beijinhos

  193. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 8:21 am

    Caríssima Labi, aqui na Itália também o trabalhador é mais respeitado e valorizado, tanto é verdade que a mão de obra aqui é muito cara, atenção, ela tem que ser especializada, senão não tem valor também. Aqui o estudo é obrigatório quando se trata de crianças, assim que elas nascem seus registros vão para a prefeitura e quando atingem a idade escolar se os pais não fizerem a sua inscrição na escola, primeiramente, a própria escola entra em contato, se mesmo assim os pais não comparecerem a policia ira tomar satisfação e, se os pais insistirem responderão a uma ação legal e serão punidos por este crime, podem inclusive perder a guarda dos filhos para o Estado, porque aqui isso é não é brincadeira, os pais tem que zelar pelo estudo de seus filhos. Se isso é antidemocrático ou questionável não sei, porque para mim, mais questionável seria a exploração do trabalho infantil consentida e incentivada por alguns pais.

    Ao meu ver, o Estado no Brasil tornou-se paternalista demais nessa problemática, deixando a responsabilidade dos pais de lado. Poderia ter ido por outra rua, ao invés de dar dinheiro para as famílias, deveria criar escolas em período integral, investir em merendas, em material didático, uniformes, em monitores para auxiliar nas tarefas e no estudo, etc., transformando as instituições de ensino em local de educação e aprendizado. Jogar a questão escolar na responsabilidade dos pais com obrigatoriedade punitiva, criando assim uma consciência maior sobre planejamento familiar e a importância do aprendizado.

    Estas medidas tomadas ate o momento vem somente tapando o sol com a peneira, as crianças estão ficando cada vez mais pobres de conhecimento, porque se você não aprende o básico não vai aprender o que vem após, se não souber fazer uma conta de multiplicação jamais saberá extrair uma raiz quadrada. O pedreiro nunca vai ser valorizado por não entender a lógica de um alicerce bem feito, embora seja ele que realize. Isso sem contar que ai no Brasil o fator grana é mais valorizado que o conhecimento.

    Beijinhos polemicos

  194. Labi Barrô disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 9:46 am

    Caetano, querido, muito obrigada pelo elogio. Fiquei vermelhinha quando li. Mostrei para todas as minhas amigas!Fiquei frenética.
    Na verdade, eu sei que eu sou bonita e gostosa. Eu sei que muita gente me olha e me quer, mas eu não mereço tanto… Caetano é que é muito gentil.
    Quem merece um elogio é Rosana Tibúrcio, com seu bom humor MA-RA-VI-LHO-SO.
    Caetano, meu amor, um beijo enorme pra você.

    Labi Barrô, hiper-happy

  195. Roberto - Dromedário! - Joaldo disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 9:54 am

    VERO PERGUNTA-ME POR OUTRAS BANDAS VIRTUAIS: O QUE ACONTECEU COMIGO QUE AINDA NÃO POSTEI MEU RELATO SOBRE A VIAGEM A SANTO AMARO? POR QUE SUMI?

    Está tudo muito bem, Vero. Somente que os acontecimentos de minha vida pessoal e profissional depois da viagem, a maior parte deles turbilhonando em redor do florescimento da Impertinacia, com a eclosão de grandes encontros e convergências, assumiram proporção total que me absorveram muito estes dias!

    Realmente, eu ia postar no domingo, 24 horas depois da ida. E escrevi tudo num jato. Só que houve aquele problema técnico que eu relatei mais acima entre a conexão discada que eu usava e o servidor Wordpress da OeP. Avisei que, naquele novo dia, segunda, pois, eu voltaria e postaria, depois que eu reeditasse partes especiais, pra ficarem mais próximas do idioma de meu coração.

    Usted sabe que não sei falar, ao menos de primeira, com a lingaguem direta, natural e inquebrantável da leodulceferina Exequiela, nem no idioma precioso de tão conciso das andorinhas, como o da Heloisa! Ao reler o escrito, gostei muito, mas achei que eu devia reescrevê-lo em alguns pontos.

    E então passei a reeditar com voracidade - quase tudo! Até porque para dar conta do seguinte: passei a receber sugestões musicais de Gilliatt e da própria Exequiela que me reacenderam-me ainda mais as luzes de minha viagem, proporcionando-me uma linda trilha sonora.

    A par disso, as fotos começaram a chegar. Está faltando receber justo a foto que eu fiz (de rosto coladinho, acredite Veriño!) com o Caetanino, que ainda não sei se ficou boa, vou recebê-la hoje.

    Em suma, adiei pra poder oferecer a você e a todos algo mais rico, entremeado com links para som e imagens. E já expliquei isso a todos daqui que vem me indagando o mesmo por outras bandas virtuais, como o faço diante de você aqui and agora.

    Eu dei, sim, o teu beijo no coração dele com a palma de minha mão - massagendo-lhe o lado esquerdo do peito! Comecei, é claro, com um abraço, e logo parti pro besito gostoso enviado por Exequiela, desferido no lado direito de seu rosto. Fiz isso sem alardes, até porque não é do meio feitio. No enanto, eu teria cometido uma só impertinência, que o ambiente não me permitiu - e desisti: um beliscãozinho no bumbum!

    Adianto que não encontrei o Caetano tão idolatrado ou fantasiado por você e as outras hermanas, Judith, Lucre and a própria Exequiela - esta, para mim, a pessoa que mais senti ter querido está lá de fato conosco (preferia que só comigo: sinto ciúmes do Caetanino!) e manifestando um desejo tão grande que até este instante me encanta.

    Saibam que eu estive com um ser humano simples, direto, imerso em seu ambiente cultural e familiar de origem: amigos, filhos, irmãos - a quem ele me apresentou sem reservas. Mas nem por isso um Caetano menos apreciável!

    Tratou-me muito educada e ternamente, nos falamos por longos minutos. Revelou com esse gesto o interesse em meu ideário de promover um circuito de cineclubismo em sua terra natal: prontamente apresentou-me ao Rodrigo (que eu já conhecera há três anos na minha primeira ida ao Terno), seu mano e atual secretário municipal de Cultura. A propósito, ligarei ainda hoje pra Rodrigo: a fim de agendarmos, se possível, o nosso primeiro encontro oficial com a equipe da Prefeitura de Santo Amaro a respeito do assunto.

    Tentei explicar isso ontem, agradecendo e compreendendo o interesse mais do que esperado de vocês todos da OeP, a quem cada vez mais vou divisando, além dos que eu já profundamente mais conheço e amo, como você linda Vero.

    Porém, a moderação optou por não publicar a minha justificativa de ontem! Tento agora, adiantando algumas coisas para satisfazer a curiosidade de vocês.

    Aguarda-me só mais um pouquinho?

    Até amanhã, uma semana após essa Festa inesquecível para mim e pra tantos que lá estavam - e por certo pra todos vocês que não foram e se sentiram representados por mim, porei o meu comment-dromedário para andar de vez!

    p.s.: Julio Vellame foi pra Amaro-oh! mas ficou brincando de esconde-esconde comigo - e com o Caetanino. Esteve lá, nos viu, fotografou quase tudo (não se dignou a tirar uma fotinha minha!), e não quis saber de prosa conosco. Somente fui conhecer o Julio quatro dias após no Tijuana aqui em Salvador. E ganhei dois belos amigos: ele foi em companhia do instigante Fernando, que fulminantemente se apaixonou por uma belezura que lá se encontrava transposta de algum quadro da Renascença! Os dois, físicos de formação - deliciosamente pirados: o último por astrologia medieval, Vellame por fotografia, psicanálise freudiana e junguiana. Encontrei a ambos - pobrezinhos - já amurados pela voz e a beleza da cantante internacional Exequiela!

  196. Vera Pinheiro disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 1:07 pm

    Caetano,
    Belas as suas palavras sobre Dona Edith.
    Para mim que vivo todos os anos um pouquinho de Santo Amaro e conheço tão de perto nossa querida Nicinha e tantos amigos a quem você se referiu, fiquei muito emocionada com as suas palavras.
    Em outubro mesmo estive em Santo Amaro e, ao dar de presente para Dona Edith um brico desses que ela adorava, ela me perguntou: - Tô brilhando minha filha?…. E como estava! Sempre!

    Carinho,
    Vera

  197. Maria disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 5:33 pm

    Oi Luciano césar
    não consegui abrir o teu link.
    como podemos ver no orkut? Luciano césar ou lucesar?
    /agora, sobre as novas normas da gramática.
    achei um saco ter que tirar o acento das palavras
    lêem, vêem, crêem, /dêem. /ainda bem que não tiraram de vêm, do verbo vir.

    Maria

  198. Fernando Salem disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 6:12 pm

    Caro Demosthenes

    Obrigado pelos elogios. Nunca dei trela pra essa polêmica a respeito do português do Lula.

    Só me manifestei quando o outro extremo relativizou a questão dos falaeres diversos. Não sou um unificador e isso ficou nítido em todas as posições que tomei ao longo do OeP, a respeito de música popular, política, sexualidade, cinema e outras mumunhas. Gosto do valor absoluto.

    Quanto a nem “sempre achar que Caetano está certo. Ruim é o “amém” o “amém” da corte”, cabe dizer que é bem frequente que concorde e goste do que ele diz (aliás esse é um dos motivos pra que eu frequente com tanta assiduidade esse espaço generoso), mas lembro que discordar não significa “polemizar”.

    Eu fui o primeiro a colocar a minha cabeça na bandeja dizendo que não gostava de acompanhar os bastidores da gravação do disco. O que, em si, pode parecer uma discordância, mas se revelou uma enorme dissonância com o aparente desejo inicial deste projeto.

    A idéia de “corte”, adulação e amiguismo já foi recorrentemente discutida aqui e todos já estão muito à vontade pra discordar de Caetano, mesmo o adorando. Não sou “corte” de ninguém.

    No mais, a política como você aborda com propriedade está longe de ser um tema que eu domine ou tenha anseios de dominar. Pra falar a verdade, tenho preguiça. Acho chato.

    Gosto muito das palavras e da forma com que elas se namoram, se encaixam e se provocam. O papo de gramática quando se politiza demais perde o molho. E foi contra este tom que eu me rebelei. Não tenho nada pra dizer do Lula. Mas tenho muita coisa pra falar sobre frases e palavras.

    A militânacia é inimiga da malemolência.

    O limite pra mim foi quando citaram Caymmi nessa discussão. Só louco!

    beijo na testa

    salem

  199. Barbara disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 7:47 pm

    Caetano,

    I’m very sorry for your loss in the passing of someone so dear to you. It’s impossible to read your posting and not be touched by your fond memories.

    I’m sorry that I can only express my sentiments in my “língua horrorosa.” But, perhaps because I heard my first words of love in a “língua horrorosa,” I still believe that it’s the message that makes a communication beautiful. And if that’s the case, I hope you can see that, despite the words I use, I am sending you beautiful thoughts.

    Barbara

  200. Luiz Castello disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 8:23 pm

    Julio Vellame disse :
    “Somos personagens, que nós mesmos vamos criando ao longo da vida por vários motivos e depois estamos presos, sem saber como, nem para aonde, voltar”

    Pra mim,essa é uma das descobertas mais importantes,quiçá,a mais importante que alguém pode fazer na longa jornada da vida terrena.
    Voce deve saber que a palavra personagem, vem de persona,que eram máscaras usadas pelos gregos nas suas antigas representações teatrais.
    Nesse contexto,seu insight cresce em significado e profundidade.

    Siddhartha Gautama, na Índia do século VI A.C. teve essa mesma percepção,que a cultura védica na qual ele estava inserido chamava,e ainda chama, de “a roda de Sansara”.
    Ele sacou como sua vida estava sendo comandada automáticamente,por essa infinda corrente de egos,personas,eus, encarnaçõe e se propôs a romper com essa cadeia.
    Alcançou seu objetivo.
    Paralisou a “roda de Sansara”,e por isso é considerado um Buda (Iluminado).

    Na minha simplória opinião,perceber a roda das configurações,é um passo fundamental,e proporciona de imediato,uma sensação de liberdade,que nenhum sistema político ou doutrinário,de qualquer ordem,é capaz de proporcionar.

    Recomendo a leitura do romance “Siddhartha“.
    É um dos livros da minha vida.
    Do escritor que eu mais amo na vida.
    Hermann Hesse.
    É dele este pensamento :

    “Para que resulte o possível,deve ser tentado o impossível”.

    Um abraço fraterno,
    Do Castello.

  201. paloma, rio, disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 9:15 pm

    o luedy já traduziu, “I ‘ain’t’ doing this” pode significar “eu ‘num’ vou fazer isso”.

    ‘I ain’t', de ‘I am not’, primeira pessoa sem contração oficial permitida (como em you-we-they are not/aren’t), conquistou nas ruas esse direito, com o título de ’slang’ ou gíria - palavras que tb aprendi, na época. a partir daí fui descobrindo outras que resultaram numa lista de palavrinhas e palavrões em inglês, super disputada lá no curso.

    entretanto o que motivou ‘julia’ a reprimir no filho a gramática incorreta não foi a paixão pela língua natal, foi uma questão social. a mesma que me fez repreender meu filho quando ele adolescente, ousou usar o pronome “tu” no lugar de “você”, sem a devida conjugação do verbo - linguagem de funkeiro que, please, não me peçam nem para tolerar, muito menos dentro da minha casa. com exceção do linguajar dos gaúchos, é um horror o tal do “tu”!

    mas aí veio o santana com seu “I ain’t got nobody, that I can depend on, no tengo a nadie”, coitado, “num podia contar com ninguém”, mas faturou uma grana com o refrão.

    abrs paloma

  202. Nando disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 9:43 pm

    Se não existisse “erro em língua”, obrigatoriamente deixaria de existir “acerto” (vez que este depende daquele para existir). Seria tudo nem certo nem errado (mais uma vez o fantasma da neutralização, eita monstrinho danado).

    Só que existem instâncias na comunicação que não admitem sequer dúvida, quanto mais erro - como nas correspondências oficiais (mandados judiciais, ofícios, receituário médico etc), o que sepulta qualquer pretensão em ter como norma aceitável uma linguagem falha.

  203. Julia Debasse disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 9:51 pm

    Depois de ler sobre o funeral italiano me lembrei de um livro lindo do Câmara Cascudo (Deus o abençoe) chamado Anúbis e Outros Ensaios. Os rituais que cercam a morte são tão diversos, tendo o comum o fato de serem quase inúteis na hora de confortar a dor de quem carrega o caixão.

  204. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 16th, 2009 at 11:30 pm

    Luiz Castello,
    tenho lido bastante sobre o hinduismo e hoje peguei esse livro do Hesse, Sidarta.
    Bacana ler o que você escreveu!
    Miriam, que bonito! Que bonito!

    Lá em Cabo Frio tem um cemitério dentro do Convento Nossa Senhora dos Anjos - existe desde 1686. Enquanto os meus pais assistiam a missa eu me perdia entre os túmulos antigos; era lindo ver a chuva caindo sobre os anjos.

    Aqui tem algumas fotos do Convento:
    http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/OHJm5WqY5Q5XspILntmakQ?feat=directlink

    bjs.

  205. Julio Vellame disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 12:03 am

    Castello,

    Obrigado pelas palavras e pela indicação do livro.
    Acabei de comprar pela estante virtual e vou ler.

  206. Rosana Tibúrcio disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 3:08 am

    Labi,

    Quando li sua “reflexão” sobre linguística e tudo mais, chamei minha pititinha pra ler aquele comentário e disse a ela: gosto do jeito que Labi escreve, pois é direta, inteligente e, ainda por cima, tem senso de humor.
    E Caetano bem que aprovou o que você disse (eu também contaria a todos sobre). Voltei a mostrar o seu novo comentário pra filhota, já que tinha meu nomito - a-do-rei.
    E ocê inda fica fantasiando com o beijo de Salém né sua danada?

    Não chego a pensar que os comentários teriam que atingir no máximo 12 parágrafos, o que a propósito, me fez pocar de rir - esse povo é hilário; mas comentários muito longos me dá uma certa agonia, só que aí eu pulo e pronto, facim, facim…

    Lalo, fico feliz em te saber assim tão encantado com o Caetano e tudo que vivenciou.

    Por onde anda Helô? Sinto saudades dela.

    Desde ontem o Obra não abria pra mim, dava erro e erro… que agonia.

    Beijos moçada e lindo final-de-semana…

  207. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 3:35 am

    paloma, acredito que a personagem (Julia) repreendia seu filho por conta do receio que ele viesse a sofrer, além do preconceito racial, o preconceito linguistico (decorrente do estigma que recai sobre aqueles que “falam errado”). Não lembro se a série buscava problematizar isso de uma maneira crítica - ou seja, se buscava questionar as razões da estigmatização dos falantes e, portanto, do preconceito linguistico - certamente não. Esses são conceitos relativamente novos.

    O interessante aí é perceber como o preconceito linguistico, é antigo e renintente. Aqui mesmo neste blog, os exemplos abundam.

    nando, quem decide o que é certo e errado em se tratando dos usos que fazemos de nossa língua? Se a língua muda, se a língua é dinâmica, ou seja, se há variação e mudança (sim, nós já não falamos mais como se falava no medievo de Camões, não é verdade?). De onde vem então as normas? Quem decidirá, por nós, o que é certo e errado?

    Glauber citou aqui Elomar e se perguntou se aquela forma de falar não seria um dialeto. O português “estropiado” dos matutos brasileiros já foram objeto de estudo de muitos linguistas e as conclusões a que chegam demonstra que os falantes das zonas rurais têm uma tendência a preservar maneiras antigas de se falar nossa língua. Ou seja, no final das contas, quem fala “pranta” está sendo mais conservador que você, sabia?

    sim, você mesmo, nando, que passou a falar “planta” é que fala uma língua que sofreu mudanças ao longo do tempo. Ao contrário do matuto que preservou um modo “arcaico”, da perspectiva dele, quem “falha” é você.

    abraços,
    luedy

    ps. eu acho que já esgotei o meu estoque de argumentos e explicações. Em todo caso, estou em débito total com as leituras que fiz do Bagno e do Possenti.

  208. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 3:53 am

    Que bom Castello que você está atento! Se apenas você vier a ler os artigos do Possenti (ou de qualquer outro socio-linguista), ficarei feliz por ter provocado, por ter contribuído para que algumas rupturas possam se dar.
    Admito que assumir que não há “erro”, mas modos diferentes de uso de nossa língua não é algo fácil. Afinal, foram anos de inculcação através da escola e, mais recentemente, das “autoridades” midiáticas que se esforçam muito para nos fazer crer em tais noções de “erro” e “correção”. Afinal, os empregos deles dependem disso, né?
    abs
    luedy

  209. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 5:25 am

    Luedy,
    sempre quero continuar a discutir. Não tenho tido tempo. Mas você não ouviu meus argumentos. Não pode haver língua sem regras e sem norma. Quem sou eu ou quem é você para desautorizar quem definiu historicamente as regras? Por que diabos essas regras, claramente mutantes e que foi a própria vida da língua que estruturou, devem ser consideradas com o mesmo jargão burro do folklore político? (Legal escrever folklore com k e não achar que se está usando uma letra que não há em português.) Respeito seu amor por Possenti e Bagno, que certamente bem o merecem. Mas não posso fingir que sou ingênuo a ponto de aceitar as reprimendas que você dirige à mera existência de uma espinha dorsal da língua. Caymmi e os camarada labutô e nunca erra: é poesia e canção e conhecimento de falares diversos. Ninguém jamais negou isso. Tou com saudade de tu, meu desejo. Qualquer coisa. O gentil professor Pasquale me mostrou como eu próprio, ao dizer algo como “pra ver ele fortalecido, afirmado, respeitado” estava incorrendo numa irregularidade já batizada com com um nome pelos gramáticos. Mas ele o disse com delicadeza e com a alegria de me dar uma informação que deveria me parecer curiosa. Eu já entendia que o correto era “para vê-lo fortalecido” etc. Foi numa palestra que ele deu aqui na Bahia. Mas falei como quase sempre se fala. Não faz mal nenhum poder contar com um repertório mais vasto de possibilidades de comunicação verbal. O que percebo muito (e nunca ouço você mencionar) é a opressão do coloquialismo, a vergonha de enriquecer a fala, o medo de soar pedante. Aprendi com Rogério Duarte a, gradativamente, perder esses receios, quando o que precisasse ser dito tivesse mais força do que essas besteiras. E Rogério, um dos meus mestres mais grandiosos, nem sequer concluiu o curso secundário. Acho que Lula fala bem e que Collor fala mal. Sempre achei. Odeio a idéia de que não se pode dizer nada que não seja elogioso a respeito de Lula. O que querem? Stalin? Felizmente Lula está longe disso. Ele é legal. É continuidade do projeto da esquerda paulista que, no fim das contas, nem é tão esquerda assim. Ele e FH seriam USP+CUT. Mas o Gilberto Felisberto Vasconcellos disse melhor: é um arranjo USP-CUT-FIESP. Não sou bobo. Esse arranjo é mais bom do que mau. O Brasil progride. Que diabos seria Lula sem o Real de FH? E sem a política econômica (bem menos neo-liberal do que desejava Paulo Francis) que ele herdou do governo FH? Bem, ele tem Delfim (DELFIM!!!!!, o cara do milagre econômico da ditadura) que era inimigo de FH. Das duas matérias feitas sobre nossos luxuosos dois últimos presidentes na revista Piauí, a sobre FH me deu raiva dele por ele aparecer com todo o sotaque de paulista que despreza o Brasil, que o olha de cima e que pensa “se não tomou jeito comigo, com quem tomaria?”. A sobre Lula não me deu tanta raiva assim por ele ter dito que não lê jornal porque tem azia. Achei uma piada fraca. Mas não dá raiva. Em suma, digo mil coisas, sem tempo, para ver se você acorda um pouco da sua inocente ilusão. Claro que defendi Roberto, Erasmo e o rock quando eles eram lixo cultural. Que defendo apaixonadamente axé music. Que defendo ideologicamente o funk carioca (o livro do Hermano é sensacional!), o technobrega e o arrocha. “Deixa eu cantar” e milhões de camarada nas minhas letras são prova de que não defendo normas congeladas que teriam sido impostas ao povo por “classes dominantes”. Mas não me ponho contra os gramáticos (se bem que achei a entrevista do Bechara sobre o novo acordo quase tnao ruim quanto a do Bagno sobre a norma) nem deixo de ver que em país nenhum se faz uso tão irresponsável dos avanços teóricos da linguísitca (não gosto sem trema, mas que fazer?) como no Brasil. Temos o gosto antigo de nos desrespeitarmos. Vamos parar com isso.

  210. Wesley Barbosa Correia disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 6:53 am

    É que, de todo, esta discussão tornou-se, inevitavelmente, política, uma vez que que o post sobre D. Edith ressignifica a idéia mais imediata do samba: “Sô/Sou empregado da Leste, Sô/Sou maquinista do trem…” Entender, portanto, o termo ambíguo como um substantivo ou a conjugação do verbo ser, está diretamente ligado à capacidade dos homens de pluralizar as coisas e marcar, de modo quase automático, o seu lugar de poder. Caí na besteira de falar pro meu Pai de Santo sobre a leitura do Caetano a respeito do samba e ele riu farto na minha cara: “Sou empregado da Leste/ Sou maquinista do trem” (reiterava,batendo no peito enquanto cantava). Dizem que no último Congresso de Línguagem da UNB, alguém teria perguntado ao Bagno sobre a filosofia linguística do Caetano e ele, de pronto, respondeu:”Trata-se do cantor de sobrenome santamarense? Fosse qualquer outro, eu acionaria a Polícia Federal.” Depois confessou baixinho: “Eu amo o Caetano. Nunca vi nada que chegasse perto da beleza e do erotismo psicodéilico de ‘Um Sonho’”. Mas é fato - dois amigos conversavam durante o intervalo deste mesmo congresso, quando um deles desabafou: “Fui parar num partido político por acidente de percurso. A consciência que tenho sobre a luta de classes se deu, inicialmente, pelo meu interesse e participação nos movimentos sociais. Primeiro, Movimento Estudantil, depois, Movimento Negro, depois, Movimento Agrário, depois… até chegar a conclusão de que era preciso institucionalizar minhas crenças através da ocupação estratégica dos espaços do Estado. Vieram a minha filiação ao PT e os 20 anos de engajamento em favor da luta socialista - tempo em que fundei o Partido em várias cidades, assumi sua Coordenação Executiva em muitas instâncias e deparei com o Lula (ex- ABCD paulista) questionando a greve dos funcionários públicos ao argumentar que estes últimos não tinham patrão e, consequentemente, seu pleito grevista se configuraria como ilegalidade, quem sofre a pressão da greve dos professores de escolas públicas? (corta o ponto dos servidores!), o mesmo LULA que legitimou a miséria brasileira e, o que é pior, vive dela, populariza-se através dela e faz dela seu câmbio para o bárbaro projeto de poder que planejou. Os líderes de esquerda apenas tomaram o poder nos países da América Latina para, finalmente, realizarem tudo aquilo que a pior da extrema direita não ousou fazer: Lula , no Brasil, Chavez, na Venezuela e o Marales, na Bolívia.”(acho que foi isso que ele disse, não deu pra gravar tudo). Por enquanto, tento aprender os passos do samba de roda - atividade, por demais, complexa.

  211. Luiz Castello disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 7:44 am

    Chato desperdiçar um comment com esclarecimentos.

    Prefiro conversas sadias,como essas que venho sintonizando ultimamente com Luedy,Miriam,Rafael,Vellame e quem mais chegar.

    Porém,não posso ficar de braços cruzados,vendo minhas palavras serem desviadas por leitura desatenta,e depois usadas para me ridicularizarem,de forma tão grosseira e mal educada.
    E por uma pessoa ,à quem sempre dediquei o maior carinho e respeito.(continuarei dedicando,se permitir).

    Fiz uma menção à um compositor baiano,que todos nós,que não somos ruins da cabeça nem doentes do pé,gostamos.
    Insertei minha homenagem dentro de um comentário bem humorado,aproveitando o assunto que me interessava naquele momento; a lingüística.

    Coloquei a frase no modo interrogativo :

    - “camarada no singular depois do pronome que determina o plural,faz de Caymmi um iletrado,ou alguem que usou a lingua de maneira incorreta ? ”

    Se por acaso eu pretendesse desmerecer o nosso cantador maior das histórias do mar da Bahia (só louco) eu não teria usado ironicamente o ponto de interrogação.
    Nem teria feito um contraponto com o parágrafo anterior,que certamente passou batido,pelo tirocínio do meu crítico desavisado.

    Ouço e adoro Caymmi desde criança e era chamado de quadrado por meus amigos rockeiros..
    Minha mãe cantava e tocava Caymmi.Eu até hoje canto e toco Caymmi.
    Guardo como relíquia familiar,uma foto autografada por ele,ofertada à minha mãe,que era “macaca de auditório da rádio nacional”,onde ele batia ponto com assiduidade.

    Tentar colocar-me nesta situação constrangedora diante de Dorival Caymmi,depois de acompanhar, mesmo sem interesse,meus gostos e pensamentos,no blog,durante quase 4 meses,é de uma leviandade inexplicável.

    E essa de impor limite ao pensamento alheio,ainda que interpretado de maneira enviesada,eu tô fora…
    Gosto do valor absoluto.

    Um abraço desapontado,mas sempre fraterno,
    Do Luiz Castello.

  212. Julia Debasse disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:14 am

    O erro existe - mas o erro não é algo necessariamente ruim. Existe a forma certa, e existe a forma errada de se falar português. A forma errada é a forma que não segue a regra. A questão é se aceitar o erro como uma coisa que pode ser bela, e não supor que “erro” é sinônimo de “ruim”.

    Agora, tem uma coisa que me enerva, que eu ouço muito sempre que vou a São Paulo: “Quer que eu passo um café?” “Talvez eu vou mais tarde.” Isso me faz trincar os dentes.

  213. glauber guimarães disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 12:43 pm

    pessoal,
    não sou parente do álvaro guimarães, nem do bruno guimarães, nem do guimarães rosa, hahaha. tá difícil pacas postar aqui. é o terceiro dia que tento e nada. espero que dê certo desta vez. cadê o pessoal da manutenção? inté, amigos.

  214. glauber guimarães disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 12:44 pm

    ufa! hermano, há algo que se possa fazer a respeito?

  215. paloma, rio, disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 12:54 pm

    sobre preconceitos:

    “Julia: sitcom semanal americano, um dos primeiros a apresentar uma mulher afro-americana em um papel não-estereotipado. Séries televisivas anteriores mostravam personagens negros, sempre, como serviçais. Estrelado pela atriz e cantora Diahann Carroll, teve 86 episódios na NBC entre 1968 e 1971.” (wikipedia)

    (só para ilustrar: 2008/9, a novela ‘a favorita’ apresenta apenas 3 personagens negros, “porém” ricos e aculturados; os 3 falam corretamente mas, como são os únicos negros na trama, só podem se relacionar com brancos. “ain’t it misbehaving” (fats waller), né esquisito ? )

    voltando à “julia”, luedy : um homem que fala errado x um negro = um negro que fala errado. preconceito ao quadrado. “julia” queria ensinar os “seus” a não falar como serviçais, para não parecerem como tais. pronto! já temos mais outro preconceito.

    não permitir que meu filho use o dialeto de funk, ou “de morro”, não é preconceito: é um favor que eu faço a ele, aos outros, e, de maneira geral, ao brasil!

    estropiado - estrupiado - estopriado - estupriado - estruprado … ignorância? dialeto local? dislexia? preguiça de falar direito? essas variações todas enriquecem ou estupram nossa formosa língua ?

    abrs paloma

  216. glauber guimarães disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 1:38 pm

    muito bom, muito bom mesmo esse último comment de caetano. como ele mesmo me disse aqui no blog, “é direto. é desabusado. é rock n’roll”. e extremamente claro.

    …………………….

    castello,
    você está certo. entendi perfeitamente sua intenção na citação a caymmi. foi simplesmente uma pergunta com um pouco de ironia pra dar um molho. também acho que já era hora do pessoal sacar melhor as pessoas aqui. ao menos as mais assíduas. porque pra mim, parece óbvia a admiração que castello tem por caymmi. é preciso tomar cuidado com os joguetes, minha gente boa…fique chateado não, fratello! ruído faz parte da cunvelsa, misinfío…

  217. Alemão disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 1:54 pm

    Sei não, sinto que esse blogue vai ferver ainda mais. Então, pra relaxar…

    Julia,

    Quando vier à Sampa de Caetano, passe em casa que eu passo um café pra você.

    Caetano,

    Falei desse seu blogue ao Serginho Gama. Ele é guitarrista do Língua de Trapo e um grande fã do seu trabalho. Toda sexta-feira defende seu pão tocando na padaria (!!!!!) perto de minha casa.

    Saudações paulistanas a todos os hermanos do Brasil e de fora dele também.

  218. Heloisa disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 2:00 pm

    Perdi comentários demais, não dá para acompanhar. Só posso, por enquanto, me aliar a quem se encantou com o post: esse canto de despedida - imaginado ou vivido - fica para sempre. Partir assim é sublime.

    Caetano, o Sertão de Rosa me vem à mente com muita força nesse samba lindo, já que ele permeia de forma intensa minha vida interior. E me faz lembrar também, com muita emoção, a beleza do lamento de Gil:

    Por ser de lá
    Do sertão, lá do cerrado
    Lá do interior do mato
    Da caatinga, do roçado
    Eu quase não saio
    Eu quase não tenho amigo
    Eu quase que não consigo
    Ficar na cidade
    Sem viver contrariado

    Aos que se lembraram de mim, um beijo carinhoso.

  219. Réa Silvia disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 2:12 pm

    Este post de Caetano é realmente de rara beleza.!
    Deu pra ver ,ouvir e sentir como se estivéssemos presenciado a celebração da vida (de D Edith) neste teu enterro tão singular.Foi sereno e lindo! Caetano aqui foi além de Caetano.Nos colocou lá,junto,como que vivenciando o acontecimento.
    Que com d Edith,se complete o número de nossas estrelas cantantes no firmamento!

    E a todos os que por aqui passam e deixam seus comentários,parabéns..É realmente contagiante ver tantas pessoas talentosas em um mesmo local todos os dias.

    Esta faltando só a clareza da Heloisa!

  220. Fernando Salem disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 3:12 pm

    Castelíssimo querido

    Escrevo aqui meio afoito, com a talvez equivocada (assim espero) sensação de que você dirigiu-se a mim ao digitar o seguinte:

    “não posso ficar de braços cruzados,vendo minhas palavras serem desviadas por leitura desatenta,e depois usadas para me ridicularizarem,de forma tão grosseira e mal educada. E por uma pessoa ,à quem sempre dediquei o maior carinho e respeito.(continuarei dedicando,se permitir).”

    Isso tudo pode ter sido um tremendo mal-entendido! Eu entendi perfeitamente o tom que você usou quando quando citou Caymmi. A lembrar:

    “camarada no singular depois do pronome que determina o plural, faz de Caymmi um iletrado, ou alguem que usou a lingua de maneira incorreta ?”

    Achei o exemplo perfeito! Pertinente. Na mosca. Inclusive me estimulou a encerrar a conversa, já que Caymmi pra mim está distante da atmosfera em que estávamos, a da discussão política e relativista. A tua idéia de questionar “certo X errado” em Caymmi (um dos maiores letristas do planeta) reduzia todo o papo da sócio-linguística a algo menor. Inclusive (inspirado em teu exemplo) andei escrevendo:

    “Ele é a norma, dizendo a todo mundo o que ninguém diz.”

    Quando Luedy (a quem também aproveito pra enviar faíscas de afeto e respeito) sequenciou o debate dizendo

    “Caymmi não é nem iletrado e nem usou a língua de maneira incorreta. Ele apenas se valeu de uma modalidade bastante comum e que as gramáticas normativas insistem em desconsiderar.”

    Achei que a resposta (embora corretíssima) ainda insistia no tom de conversa política, que me enfastiava. A tua citação a Caymmi havia me arremessado de volta pro meu lugar: o do mistério das palavras e dos versos na canção popular. Queria voltar a falar de letras e canções sem submetê-las mais ao crivo da discussão sócio-política que começava a andar em círculos.

    Foi quando disse:

    “O limite pra mim foi quando citaram Caymmi nessa discussão. Só louco!”

    “Só louco” é uma das mais belas canções de Caymmi. “insensato coração” é algo maravilhoso!

    Quando coloquei Caymmi como o limite agora vejo que me expressei mal. Deveria ter citado teu nome e qualificado a tua lembrança como algo bonito. Não o fiz. Supus equivocadamente que tinha sido claro. Pelo jeito, não fui. De qualquer forma, mesmo não sendo claro, não acho que tenha te “ridicularizado, de forma tão grosseira e mal educada.” Não tenho esse estilo e gosto muito de você. Não faria isso nem sob tortura.

    Admiro a tua sensibilidade, mas estamos num blog. E os melindres podem nascer como um verdadeiro “bug” causado por conflitos da língua. Essa que nós dois amamos tanto.

    beijo na testa

    salem

  221. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 3:24 pm

    Caetano,
    Eu ouvi, sim, seus argumentos. Um deles que eu gostaria muito de poder aprofundar é o que se refere à relação entre saber e poder. Ou seja, de acordo contigo, “as pessoas que dizem ‘grobo’ são as mesmas que têm vocabulário menor, menos acesso aos conhecimentos, menos poder”. Tendo a concordar contigo em relação ao poder, mas tenho as minhas dúvidas quanto à limitação desses falantes. E se me prendo aqui a esta passagem é porque ela me parece estar no centro de tudo o que a gente tem tentado discutir até aqui.
    Eu desconfio que a gente corre o risco aí, inclusive, de reiterar preconceitos - aliás, o mesmo que faz paloma acreditar que é melhor para seu filho e para o país, de uma maneira geral, evitar o “palavrado funk”.
    Ou seja, desconfio do pressuposto que sustenta a crença de que quem fala o “palavrado funk” tem menores possibilidades de quem fala o “palavreado culto” (aspas nesse culto, por favor!). Que pressuposto é esse? Ora, é o que acredita que os falares “populares” são sempre “menos” em relação aos falares “cultos” que seriam sempre “mais”.
    Claro que eu não seria louco de não reconhecer que quem estuda tem a possibilidade de ampliar suas possibilidades interpretativas acerca de nosso mundo social e natural, tem a possibilidade de poder teorizar, de se debruçar sobre outras teorias, de se permitir sofrer rupturas epistemológicas etc etc etc. Mas isso é uma possibilidade, não é uma certeza. E nem vale para todos os campos de conhecimento. Muita gente “estudada” daqui, por exemplo, repete noções antiquadas e repletas de preconceito quando trata de língua.
    Ao mesmo tempo, quando penso em Patativa do Assaré, que estudou pouco, do ponto de vista formal-escolar, eu jamais diria que seu vocabulário é “menos” [ele aliás podia fazer versos em português castiço! tanto quanto falar na língua "estropiada" dos matutos]. Do mesmo modo que jamais diria que Mano Brown [que sei vc admira] é um cara limitado linguisticamente porque não completou o segundo grau. Ao contrário, a foça poética de Brown reside justamente em sua capacidade de nomear as coisas a partir de sua perspectiva - que é a perspectiva de quem não deu bola para a escola falida brasileira, uma escola que pode, inclusive, por repisar estas noções de correção, tê-lo afastado dela.
    De resto, concordo contigo em relaçao à sua análise da política nacional de Lula.
    Fiquei feliz de vc ter respondido aos meus apelos.
    abraços,
    luedy

    ps. já ia esquecendo de comentar: quando vc diz que nunca ouve de mim qualquer menção à “opressão do coloquialismo”, eu queria dizer que é porque não vejo o oposto dele sempre como “enriquecimento”. Mas desconfio, agora mesmo, enquanto te escrevo, que isso pode ser decorrente de uma visão romântica que eu acalento em relação aos falares “não-cultos”. De todo modo, o julgamente aí me parece ser sempre subjetivo. Tem gente que capricha muito e soa pernóstico. Tem gente sem escolaridade se expressa super bem.
    Podemos retomar isso depois?

  222. Lousina Brasil disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 5:32 pm

    esses dias têm acontecido momentos difíceis de navegação no O.P. o blog fica lento, que nem as caravelas de Cabral. e, é, somente na Obra Em Progresso. nos outros sítios, a navegação, fica uma beleza.

  223. Julia Debasse disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 5:42 pm

    “não permitir que meu filho use o dialeto de funk, ou “de morro”, não é preconceito: é um favor que eu faço a ele, aos outros, e, de maneira geral, ao brasil!”

    Paloma, me explica qu’eu não entendi?

  224. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 6:49 pm

    Há cinco dias tento, em vão, fazer um comment. Quando clico em “Comentar”, meu texto some. Isso ocorre no computador de casa e no do trabalho. Se eu fosse paranóico, iria achar que estou sendo discriminado. O que está acontecendo?

  225. gil disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 6:53 pm

    é um furacão!!! que beleza o comentário do Caetano…

  226. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 7:57 pm

    Oi, pessoal, Luedy em especial:

    Foi muito bom todo esse debate aqui, pois é bom escutar as objeções de pessoas inteligentes ao uso dos avanços da linguística.

    Possenti esclareceu bastante e dissecou a postagem sobre os linguistas, dando uma visão de dentro, de especialista. E realmente observou que o que nos divide aqui é em boa parte ideologia e isso não muda com argumentos, por melhores que sejam.

    Não vi isso como agressão. Paulo Francis, sim, era agressivo, mas fácil de responder. Ele achava que perguntar a um músico qual sua posição na história da música era pergunta não-jornalística! Logo ele, que nem era jornalista formado, ficar provocando naquele tom professoral de quem sabe tudo. Deve-se evitar a repetição do erro e do destempero. Francis apanharia de berimbau num seminário de comunicação no interior da Bahia! Para quê xingá-lo?

    Francis é questão encerrada com o surgimento do Mainardi. Resta o meio jornalístico conseguir superá-lo. Obama, Lula e Abu Ghraib ajudarão.
    Fernando Henrique deu sua melhor entrevista ao Moreira Salles, repensou questões históricas, voltou à sociologia, analisou Chávez. No entanto, falava dos brasileiros como “eles”…o que é antipático. O futuro será de revisão de seu legado, como fazem Chávez e Morales. Quando ele falou do exército, não me surpreendeu: Freud explica. O pai e o tio acabariam com ele se soubessem do governo antinacional fez e isso lhe dói na consciência.

    O problema não é invadir a seara alheia, mas sim a de entrar em outra área com o tom de “eu sei tudo”, “sou melhor”, “sou the best”. Isso irrita e provoca os insultos e brigas, vide Cinema Falado X A Grande Arte, polêmica Ana Carolina, etc.

    Se existe articulação da USP/PT/CUT, para Giba é, na linha de pensamento de Glauber, uma grande conspiração contra o nacional e o popular. Se existe essa articulação, é preciso aceitar o corolário: são todos entreguistas, antinacionais, estética janízara, narcisismo de bacana, etc. Segundo essa visão, o país não progride: vai de Porto Seguro a Porto Rico.

    Aproveito os gramáticos para pedir que me enviem e-mails pois preciso de revisor para minha tese. É tal a coisa da vocação: de repente algum músico ou celebridade (não vou falar o nome para não promovê-los aqui. Se eu mencionar seu nome, é como se eu os agraciasse) descobre sua vocação de revisor? Por que gramático deve mesmo ter o emprego de colocar no português padrão texto escrito — e largar a chatice de querer corrigir nossa fala com normas estilo Eça de Queiroz século dezenove.

    No mais, é isso. Vou lá fazer minha tese.
    Abraços para todos.

  227. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:00 pm

    Luiz Castello, Hemman Hesse é um dos autores que amo com paixão e Sidarta é um dos raros livros que decorei de tanto ler, Demian seria um outro, tenho quase todas as obras dele, inclusive os livros digitais que estão a disposição pela web. Admiro como ele trata seus conflitos interiores, como ele é capaz de enxerga um mundo perfeito em tanta imperfeições que existe, como ele compreende o homem em seu intimo e sua intimidade com o amor. Um livro dele que gosto muito é Caminhada onde ele narra a sua ida para o exílio na Suíça, onde ira viver ate sua morte. Interessante nesse livro, do qual não me separo jamais porque tem um significado especial na minha vida, são as aquarelas que ele vai pintando pelo caminho. Muitas vezes acompanho o Franco quando ele vai para o trabalho dele e a cidade onde ele trabalha esta a uns 80 km de casa mas, a paisagem é estupenda e, não são raras as vezes que me deparo com as paisagens e cores narradas e pintadas por Hesse. O vales, as igrejinhas, as montanhas e tabernas; as arvores num tom dourado durante o outono é uma coisa singular, você não imagina como isso mexe dentro de mim. Gostei muito mesmo! Obrigada! Olha eu entendi a tua intenção com relação ao Caymmi, mais algumas vezes as pessoas aproveitam e fazem um gancho para dar continuidade ao assunto, nada de grave, pode acreditar.

    Rafael adorei as fotos, todas, todas, as coloridas, as em branco e preto e as que parecem envelhecidas com o tempo. Aproveitei e foi ler também a respeito de Carlos Scliar, não conhecia a estória da vida dele e adorei,. Tenho a sensação que você acaba sempre acrescentando algum conhecimento interessante. Obrigada!

    Para quem tiver curiosidade:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Scliar

    Beijos

  228. glauber guimarães disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:10 pm

    12 parágrafos e um segredo

  229. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:19 pm

    Luedy não posso dizer que não achei graça na sua colocação de pranta e planta, e a conclusão então! Gostei do que escreveu a Julia nesse sentido, quem sabe nos tornaremos mais tolerantes no futuro.

    Uma breve justificativa sobre meu comentário 193, não quero que alguém pense, nem por um minutinho que sou contra o Lula ou que não reconheça as realizações deste governo. Quando digo “medidas tomadas ate o momento” refiro-me a historia do ensino publico no Brasil e, isso ai vem de longe. Encontrar uma formula que resolva este problema de imediato penso que é mesmo difícil, mas vejo com bons olhos algumas medidas como a inclusão digital, família na escola, entre outras coisas, questiono um pouco o bolsa família, para mim é aquela coisa que o Glauber falou de “rápido e fácil”, me parece um pouco aquela coisa de dar um pirulito para acalmar as “criancinhas”. Não gosto por nada da política de que o aluno tem que passar de ano sem um aprendizado satisfatório, isso daí, que vem antes do governo Lula, é uma medida catastrófica, acabou com o aprendizado na escola. Da mesma forma, talvez por isso, não gosto muito como os professores vem sendo tratados ou encarados. Os professores do ensino publico estão deixando de cumprir o seu papel porque estão se transformando numa espécie de assistentes sociais e “bobo da corte”, conheço uma professora que certa vez me contou que o diretor da escola onde ela trabalha impôs que as sextas-feiras ela inventasse algo criativo para reter os alunos do noturno nas salas de aula, e eu perguntei: mais o que ela quer que você faça? Ela rindo respondeu: sei lá, que eu dance, cante ou tire um coelho da cartola. Isso daí para mim tem que mudar.

    Beijos cheios de esperança

  230. Maria disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:45 pm

    Amei o seu comentário Caetano.
    Sempre ensinando. “Mais bom do que mau”: um advérbio e um adjetivo juntos, que a gente pensa que é errado,mas vindo de você, pesquisamos, o porquê correto do uso.
    Quanto ao livro do Hermano, sobre o movimento funk no Rio, adoraria ler novamente. Será que ele pretende reeditá-lo, eu perdi o meu.
    Maria

  231. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:45 pm

    Que inveja de todos vocês que conseguem inserir comments aqui!

  232. paloma, rio, disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:56 pm

    oi julia, tu qué comixplico pa tu? ou isso basta?

    abrs paloma

  233. Julia Debasse disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 8:57 pm

    “oi julia, tu qué comixplico pa tu? ou isso basta?

    abrs paloma”

    Demorô, Paloma, precisa não. Beijção pra tu, glamurosa.

    Partiu pra Lapa,

    J.

  234. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 9:37 pm

    Enviei um comment e ele sumiu, não aparecendo com aquele “aguardando moderação”. Então o reenviei e vejam o recado malcriado que recebi de Dona Cibernética:

    Detectada repetição de comentário (ou algo assim!)

  235. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 9:43 pm

    Eu quero, eu quero, eu também quero brincar de comentar!

  236. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 9:50 pm

    Meus comments nem chegam a aguardar moderação e quando os reenvio, surge esta resposta malcriada de Dona Cibernética:

    Detectado comentário repetido; parece que você já disse isso!

  237. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 9:51 pm

    Que bom ler Heloisa!
    ———————–

    Miriam, passei esses dias tentando reconstruir a memória de minha cidade dentro de mim. Essas fotos envelhecidas são as cores que me remetem aqueles barcos, aquelas paisagens. Mas também tem muita cor. Adoro barcos e o que costuma estar escrito neles. Conheço pouco do Scliar (creio nunca ter visto uma obra dele - somente as reproduções do site), gosto de ver o que ele viu e transfigurou. É bonito vê-lo eternizado na orla, desenhando um desenho que não terminará nunca.
    Beijão.
    ———————–

    Castello,
    que maravilha esse “Samba Avatarizado”!
    A Joana que mora comigo (não é a Joana que costuma comentar aqui) tem “O Lobo da Estepe”, já tentei ler algumas vezes mas acabo tendo uma certa dificuldade de continuar com a leitura.
    Peguei ontem numa biblioteca o romance “Sidarta” e tenho devorado - cada página com um sabor especial.
    ———————–

    Mando sempre minhas palavras de adimração ao Salem, mas ele nunca disse nada… Acho que prefere o beliscão do Joaldo. :>
    ———————–

    Bjs.

  238. Jersey martins disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 10:22 pm

    Salve Dona Edith e salve o prato, amém.

  239. Wesley Barbosa Correia disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 11:14 pm

    Estonteantes Luedy e Castello,

    Esqueci de dizer, mas meu penúltimo comment (210) foi dedicado a vocês, com carinho e com algum incômodo, mas não me perguntem por quê.

    P.S.: Siddhartha não é Der Steppenwolf, mas é o bicho!

  240. Luiz Castello disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 11:23 pm

    Alegria Alegria !

    1.Rafael e Vellame,
    Minha alegria é do tamanho do Himalaia,por vocês lerem o Sidhartha de Hermann Hesse.
    Torço para que aconteça com vocês o que sucedeu comigo ;
    Depois do Sidhartha vieram,Demian,O lobo da Estepe,O jogo das contas de vidro…
    Hesse é um rio que passa na minha vida.
    Namaste !

    Glauber,
    Você é meu bróder querido.
    O seu “Castello fratello”,é a mais doce poesia,que eu já ouvi no dialeto Glauberês.
    O medo de levar uma surra das nossas mulheres,me impede de lhe enviar um beijo na boca.
    Hehehe !

    Caetano,
    Que beleza,o modo alegre e delicado,como você defendeu seus pontos de vista,e criticou os que você discorda.
    Isto sim,é tratar com carinho e respeito os seus Caetanófilos,entre os quais eu me incluo.
    Só não entendo porque você não me cita nominalmente,mesmo quando se utiliza de alguns fragmentos da minha “escrivinhação”.
    Hehe.

    Grande Luedy,
    Que belo comment do Caetano você provocou,hein,cara ?
    Foi um Post dentro de um Post.
    E a sacada dele sobre “ a opressão do coloquialismo, a vergonha de enriquecer a fala, o medo de soar pedante.”

    Qualquer um de nós passa por esta situação,de ser obrigado pelas circunstancias,a se expressar erradamente,usando expressões chulas, pra não parecer boiola. Hehe
    Tão simples e ninguem mencionou,né ?

    E o Caymmi com os meus camarada,foi citado,dentro da sua contextualização,eu sei,mas serviu pra lavar a alma.

    Crianças correm pelo jardim.
    A manhã nasceu azul.
    Como é bom poder tocar um instrumento.
    E “O maaaaaaarrr quando quebra na praia é boniiiiiiiiito.É bonito !”

    Abraço fraterno,
    do Castello.

    _____x_____

    P.S. Quando colei meu texto aqui na janelinha,vi os comments de Salem(220) e Miriam (225).
    Pra não ter que reformular tudo,nem ultrapassar a média dos 12 parágrafos (gostei dessa dica,mas aceito a prolixidade dos obreiros) resolvi enviar do jeito que já estava escrito.
    Comentarei depois.

    Um beijo na testa,
    E outro no coração de vocês dois.

  241. Julio Vellame disse:
    Janeiro 17th, 2009 at 11:54 pm

    Heloísa,

    O sertão que vc se referiu de “lamento sertanejo” me parece muito mais sertão que eu conheço da região de Tucano, Jorro etc, do que o sertão de “viola meu bem”, que me soa muito mais Maragojipe, Cachoeira e Santo Amaro, ou seja recôncavo da Bahia….

    O sertanejo não fala, não tem vocabulário para tranformar em vocábulos tanta coisa que passa na sua cabeça.
    Fabiano (vidas secas) não fala, o interlocutor de Riobaldo não fala, isso não é coincidência…..

  242. glauber guimarães disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 3:21 am

    caetano,
    será que cê tá vendo o show de sir elton john na tv? muito bom! o cara continua tocando um piano boogie do balacobaco. e a banda é excelente, acompanha ele há anos. tomara que ele toque “yellow brick road”, “rocket man” e alguma do início da carreira. vixe, tá tocando “tiny dancer”! fui! the bitch is back!

  243. Fernando Salem disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 4:23 am

    Oi Rafael Rodriguez

    Não compararia as tuas carinhosas “palavras de admiração” aos excitantes beliscões do Joaldo.

    Com você é amor platônico. Gosto muitão dos teus escritos sempre sensíveis e redondos. E aqui devolvo todo meu afeto pela forma sempre carinhosa com que você se dirige a mim.

    Agora, Joaldo é abusado. É um produtor de hormônios virtuais que beiram o contato físico. Seus beliscões são micro-massagens de alto teor afro-dionisíaco. Mas tem que ter moderação! Não aquela do Hermano. A moderação dos que abusam no abuso do êxtase.

    beijo na testa do Rafael
    e tapa na mão boba do Joaldo

    salem

  244. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 8:38 am

    O último canto de Pound, o CXX, diz assim:

    “não se mova
    deixe falar o vento
    esse é o paraíso.

    Deixe os Deuses perdoarem o que fiz
    Deixe aqueles que eu amo tentarem
    perdoar o que eu fiz…”

    Só lembrei desse trecho do lindo poema do Pound pra pedir perdão aos amigos blogueiros e dizer que acho Herman Hesse um dos escritores mais chatos de todos os tempos. Na verdade, acho todos os romancistas “esotéricos” meio chatos, isso inclui nosso fenômeno Paulo Coelho ( adoro suas parcerias com Raul ). Mas isso é uma coisa minha.
    William Blake é visionário, místico, poeta e não o acho chato, pelo contrário.

    Rafael, que bonito e poético o que você escreveu sobre “a chuva caindo entre os anjos”. Quando eu era pequeno, meus pais me levavam à Catuçaba, distrito ruralíssimo da pequena São Luiz do Paraitinga (SP), onde meu pai nasceu. Na igreja de lá, tinha (ou ainda tem) uma urna de vidro com uma imagem do corpo de Cristo morto enrolado num lençol vermelho. Eu morria de medo daquela imagem, parecia que a qualquer momento o Cristo iria se mover.

    Voltando ao Pound, outro de seus versos filosóficos lindos é “perdi meu centro lutando com o mundo”.
    Profundo, não?! Pra vocês que estão falando em Sidharta Gautama, o Buda, digo que, com certeza, ele entenderia perfeitamente a visão de Pound. O mundo é a periferia. O centro é cá já. O centro é a nossa testemunha búdica oculta e óbvia. “Existe alguém em nós…que brilha mais do que milhões de sóis e que a escuridão conhece também…”

    Eu gosto muito do Caetano quando ele vai além do jogo de palavras, que ele tanto adora, e que também é tão belo, e se envereda pelos mistérios da alma humana. “O Quereres”…a eterna luta ou harmonia dos contrários…lindo…mas também a profundidade de “José” ou de “Peter Gast”.
    Certa vez li numa revista, acho que na Veja ( se não me engano) que Gil tinha uma postura mais religiosa, no sentido mítico do termo, e que Caetano seria mais “mundano”. Tudo bem, a idéia de “Deus” em Gil pode ser mais frequente, mas eu acho “Alguém Cantando”, “Um ìndio”, “Menino Deus”, “Os mais docês bárbaros” e essas outras que citei, etc, altamente religiosas…não no sentido de oração ou prece, mas de comunhão.

    Eu gostaria que Caetano falasse mais a respeito dessa sua visão religiosa, de seu conceito sobre “Deus”, sobre cultos religiosos, prece, comunhão, iluminação. Caetano, você acredita em “iluminados”? Você acha que a “iluminação” é uma das possibilidades da condição humana? Ou estamos fadados ao domínio criativo da mente?
    Responda se quiser, como sempre, mas saiba que eu e muitos buscamos uma visão sua , de Caetano, sobre esse tema, nos seus inúmeros poemas cantados. Beijos!!!

  245. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 10:06 am

    Jary Cardoso não se desespere, tem alguns comentários meus que acontece a mesma coisa e ainda não entendi a razão para poder dar uma solução ao problema, veja este texto sobre o ensino publico e aprendizado esta totalmente fragmentado e tem uma parte dele que não entra nem rezando muito, outras partes tive que escrever novamente dentro de outro contexto. Sei que deve se tratar de uma regra para a inserção de texto que esta na elaboração da programação, mais ainda não tive tempo de estudar isso, se der tempo hoje vou dedicar algum tempo maior pensando a este respeito. Dica tenta fragmentar seu texto para tentar descobrir qual dos parágrafos esta impedindo que ele entre e, quando descobrir tente reeditar algumas passagens ou o texto todo, realmente se não aparecer (aguardando a moderação) você pode desistir mesmo se você tentar recolocar e aparecer a mensagem que o texto já foi enviado, é um problema estrutural de programação, não é culpa do Hermano se o texto não entra, acredito fielmente que ele nem vê estes textos, porque não vão para a moderação, são perdidos pelo caminho, pode acreditar. Gostaria de ter descoberto o que causa este problema, pensei nas aspas mais não é, pensei na repetição de alguns termos, não descartei esta hipótese ainda, acho ate a mais provável. Um verbo ou substantivo que se repita mais que um certo numero de vezes pode causar este tipo de problema, no meu caso usei escolas, escolar, estudar, enfim estou em fase de analise (risos). Espero ter te dado alguma luz e que você consiga colocar o teu texto ai pra gente.

    Heloisa você anda muito “passeadora” ainda bem que voltou, sei que estávamos ansiosos aqui esperando este precioso momento de podermos ler o teu comentário.

    “não permitir que meu filho use o dialeto de funk, ou “de morro” hum! Jamais interfiro na vida do meus filhos a este nível, o que pode acontecer algumas vezes é não resistir e dar umas risadinhas, achar engraçado, ou mesmo perguntar o que significa algum termo que desconheça, adoro aprender. Ah! E dou para ele a liberdade de rir também se eu usar algum termo “cafona”. Na verdade a gente se diverte muito com isso, penso ate que esse exercício, ou “brincadeira” é o que contribui, no meu relacionamento com eles, para uma aproximação ainda maior.

    Beijos maternos

  246. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 11:32 am

    Ufa! Lá vou de novo!
    Caetano,
    Vc disse algo que eu deixei passar batido, mas que acho que merece ser comentado. Os pressupostos contidos no trecho que eu cito abaixo são bastante reveladores do que nos divide epistemologicamente nessa discussão:
    “Não pode haver língua sem regras e sem norma. Quem sou eu ou quem é você para desautorizar quem definiu historicamente as regras? Por que diabos essas regras, claramente mutantes e que foi a própria vida da língua que estruturou, devem ser consideradas com o mesmo jargão burro do folklore político?”

    Quanto à primeira sentença, eu concordo com o que vc afirma, mas pensaria também em “normas”, ou seja no plural e não no singular.
    Quanto à pergunta que vc me faz, logo em seguida, eu diria, seguindo Foucault, que a gente deveria sempre se perguntar pelas condições sociais, históricas e políticas, que permitem que certos grupos se encontrem autorizados a falar em nome de uma maioria, ou porque certos grupos conseguem fazer valer seus pontos de vista, seus valores, seus interesses sobre outros. Quem sou eu para desautorizar quem definiu historicamente as regras? Ora, sou alguém que não quer aceitar que uma única modalidade de falar seja tida, acriticamente, como a “mais correta” ou “mais elegante”, apenas porque me querem fazer acreditar nisso!!

    Sim, eu não acho também que foi a própria vida da língua que estruturou as regras (ou que estrutura as regras). No caso das gramáticas normativas, quem tem estruturado as regras são aqueles que, por certas razões, concedemos ou legitimamos autoridade para tal. Não há, da perspectiva epistemológica à qual me filio, aspectos intrísecos à língua que estejam sendo “capturados” e “normatizados” pelos gramáticos.

    O que me remete à seguinte problematização: não obstante o fato de que as gramáticas normativas (e os gramáticos tradicionalistas) não questionem a noção de prestígio (e suas razões históricas e políticas) que fazem com que uma modalidade seja eleita como a “melhor”, elas e eles não têm levado em conta, por exemplo, que mesmo os chamados “falantes cultos” não conjugam mais aquela segunda pessoa do plural ["vós ireis?"], e nem que o pronome ele/ela já é usado como objeto direto ["eu vi ele"], pelo menos sem que isso seja considerado um “erro”. Ou seja, as gramáticas normativas insistem quase sempre em formas antiquadas, quase sempre ignorando que a língua é o que fazemos dela!

    Aí vc diz: “Não faz mal nenhum poder contar com um repertório mais vasto de possibilidades de comunicação verbal” Claro! Concordo! Mas isso não precisa ser feito às custas da estigmatização de quem fala seguindo outros padrões, outras normas - por vezes aquelas que nós mesmos, os “falantes cultos”, usamos em nosso dia a dia.

    Quando paloma revela seu incômodo para o “I ain’t” e diz que não quer que seu filho fale como um morador do morro, ela está rezando pela cartilha de muitos gramáticos que menosprezam os falares “populares”, como “língua de índio”, “português estropiado” etc [basta que vc leia o que escrevem a este respeito Dad Squarisi e Sacconi para ter uma idéia do que estou falando].

    Por fim, pelo menos provisoriamente: leia, se puder, se tiver interesse, o capítulo “também quero uma gramática assim” do livrinho do Bagno (Norma Oculta), ele explica as coisas com propriedade, tece críticas a partir de fontes documentais, dialoga com outros teóricos e propõe ações concretas para um ensino mais interessante da gramática. E, o mais importante, em momento algum ele nega a importância de estudarmos gramática e de que as normas “cultas” sejam matéria de ensino. Bem, permita-me citar ele aqui:

    “… se cabe à escola ensinar as formas linguisticas padronizadas, normatizadas, isso nao deve ser visto nem como a tarefa *única* do ensino, nem como um instrumento para a *adequação* ou *incorporação* do indivíduo oriundo de classes sociais desprestigiadas ao tipo de sociedade excludente que é a nossa. … é necessário empreender um ensino crítico da norma-padrão, escancarar sua origem “elitista e coercitiva”, e mostrar que a necessidade de dominá-la se prende à necessidade de que os alunos oriundos das camadas sociais desfavorecidas (ou seja, a imensa maioria da população brasileira) possam dispor dos mesmos instrumentos de luta dos alunos provindos das camadas privilegiadas” (Marcos Bagno, *A Norma Oculta: língua e poder na sociedade brasileira*, São Paulo: Parábola, 2003, pp.186-187).

    abraços sinceros,
    luedy

  247. Luiz Castello disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 1:02 pm

    Por falar em interpretações enviesadas.
    No meu comment anterior,eu disse “Qualquer um de nós passa por esta situação,de ser obrigado pelas circunstancias,a se expressar erradamente,usando expressões chulas, pra não parecer boiola”.

    Para que ninguém enxergue,uma atitude depreciativa de minha parte em relação aos irmãozinhos que fizeram opção sexual diferente da minha,devo esclarecer que,fui tão sómente fiel `a uma situação real.
    Experimentem xingar o juiz,com o maracanã lotado de “sua senhoria é um refinado patife” e depois ouçam o corinho que vão fazer pra vocês…
    Seria isso um preconceito sócio-linguístico ?

    Queridíssimo Salem.
    As suas pinceladas sôbre Caymmi e meus camarada,estavam me deliciando sim.você é um grande frasista,porque é um grande pensador.
    Minhas dúvidas giram sempre em torno da eficácia da minha comunicação.

    Foi quando você disse:
    “O limite pra mim foi quando citaram Caymmi nessa discussão. Só louco!” é que o meu mundo caiu.
    Sua frase dessa vez foi mal formulada,você mesmo reconheceu,e pra piorar veio fechando um comentário desfavorável à uma dada situação.

    Fiquei chateado por ter-me indeterminado como sujeito.
    Senti uma forte desafinação,entre o Salem real – educado carinhoso inteligente – e esse que a armadilha das palavras colocou diante de mim.
    Sou filho de índio,canceriano,passional,em mim as coisas costumam bater amplificadas.
    Sei que exagerei na minha birra,e vos peço que me perdoeis.
    Estou feliz por você permitir que eu continue lhe dedicando meu inesgotável carinho e respeito.

    Oi Rafael !
    1.Fica tranqüilo.
    Os livros de Hesse retratam fases da sua vida.”O lobo da estepe”foi escrito quando ele estava na meia idade,atormentado por problemas de toda ordem,sofrendo de artrose,se não estou enganado.Tá tudo no livro,contado na sua linguagem mágica e fascinante.

    2.Que legal você ter gostado do samba avatarizado.
    Há alguns anos atrás,tive uma longa e maravilhosa conversa com um devoto de Krsna,na praça Saens Pena,aqui no RJ.
    Ele me explicou que na India existem formas variadas da Divindade se apresentar diante de nós,ao contrário do ocidente,muito marcado pela idéia antropomórfica,consagrada na pessoa de Jesus Cristo.
    Quando ele falou na possibilidade da Divindade encarnar no som,eu fiquei arrepiado.
    Imaginei Krsna encarnando no Brasil,que som ele escolheria como veículo de manifestação ?
    Dessa idéia inicial nasceu o samba avatarizado.

    Miriam.
    Que beleza essas sintonias que o Sidarta de Hesse promovem !
    Tambem cheguei a decorar páginas inteiras,de tanto que eu li,ainda leio algumas passagens,vez em quando.
    Permaneci uns dez anos grudado nesse livro (simultaneamente lia outros autores) até que um dia,na casa de uma tia em Juiz de Fora,encontrei o “Demian”,e foi outra pancada na minha vida.
    Fiquei pasmo de saber que o cara,havia escrito outras obras igualmente capazes de me levantar como ser humano e deslumbrar como leitor.
    Adorei você ter contado suas vivencias,e tô esperando a prometida resenha sobre Pompéia.

    _____x_____

    Nunca é demais declarar que,estou contente e agradecido por conhecer o “Obra em Progresso”.
    OeP colocou voces na minha vida e eu quero que seja pra sempre.

    Meu abraço fraterno.
    Luiz Castello.

  248. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 1:55 pm

    Miriam Lucia – eta pessoa simpática e adorável! – deu as dicas e faço como Jack, o Estripador, vou por partes para driblar Dona Cibernética.

  249. paloma, rio, disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 1:58 pm

    derrepente (de derrapada), tive uma ideia :
    que tal “lermos um livro juntos” ? ;-)

    sidharta online :
    http://manybooks.net/titles/hesseheretext01siddh10.html

    o baile funk carioca online :
    http://www.overmundo.com.br/banco/o-baile-funk-carioca-hermano-vianna

    abrs paloma

  250. Fernando Salem disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 1:58 pm

    Então vamos de Caymmi.

    João Valentão é uma canção espetacular. Na verdade, duas canções em uma. Duas partes feitas, segundo reza a história, num longo intervalo de tempo.

    A primeira, querido Castello, descreve um estado de humor alterado fundamental que ilustra bem os momentos de tensão deste blog. Sem briga e bofetão, não há ternura.

    João Valentão é brigão
    Pra dar bofetão
    Não presta atenção e nem pensa na vida
    A todos João intimida
    Faz coisas que até Deus duvida

    Mas tem seu momento na vida (A VIRADA)

    A segunda-parte-canção revela a outra polaridade de João. A que as tensões dão lugar à subjetividade.

    É quando o sol vai quebrando
    Lá pro fim do mundo pra noite chegar
    É quando se ouve mais forte
    O ronco das ondas na beira do mar
    É quando o cansaço da lida da vida
    Obriga João se sentar
    É quando a morena se encolhe
    Se chega pro lado querendo agradar
    Se a noite é de lua
    A vontade é contar mentira
    É se espreguiçar
    Deitar na areia da praia
    Que acaba onde a vista não pode alcançar
    E assim adormece esse homem
    Que nunca precisa dormir pra sonhar
    Porque não há sonho mais lindo do que sua terra.

    É nesse estado, pós-bofetão, que você, Castello, me lançou ao citar Caymmi. Senti que a discussão do preconceito sócio linguístico à luz de Caymmi me dava preguiça. Entendeu agora?

    Não há como falar de palavras, versos, frases e mudanças de norma sem incluir a subjetividade e o afeto pela língua. Só a visão política de exclusão social miopiza. A inclusão e aceitação de novas palavras e conjugações (populares ou não) passa pelo acolhimento poético de seus significados no coração dos falantes. Rosa foi mestre nisso.

    Quanto à linguagem dos “funkeiros” por exemplo, há muita coisa “entrando” com beleza na língua. Gosto de “caô”, “bonde”, “na moral”, “sinistro” etc. Aqui em SP não gosto (e penso que isso não vai pegar) das conjugações propositalmente “erradas” da primeira pessoa do plural… “Nóis vai…”, no entanto as que virara slogan como “é nóis”, eu adoro.

    Por isso não coloco tudo no mesmo saco da política, pois essa seria uma forma genérica e frágil de inclusão.

    O tempo faz isso com mais eficiência do que as teses.

    E Caymmi trabalhou muito por isso ao longo de décadas.

    Pedi desculpas ao Castello, por não ter sido compreendido. Mas não pediria por ter usado o verso-título “Só Louco”.

    “por que de amor pra entender é preciso amar?”

    questões da subjetividade. A gente “não precisa dormir pra sonhar”.

    Caymmi pede um pouco de silêncio. Só isso.

    beijo insensato

    salem

  251. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:06 pm

    Ah, Miriam Lucia, estou quase desistindo. Já fiz e refiz várias vezes a segunda partinha do meu comment, de duas a três linhas no máximo, tirando e trocando palavras, e nada até agora…

  252. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:08 pm

    Pô, só queria enviar artigo lindo sobre o tema principal deste post e mais um pequeno comentário sobre programa de TV com o mesmo tema.

  253. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:11 pm

    Concluo que uma das palavras rejeitadas por Dona Cibernética é justamente o nome da maravilhosa pessoa que nos deixou na semana passada e que é o tema principal deste post.

  254. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:14 pm

    Passo então a chamá-la de Senhora do Prato e tento transmitir o artigo.

    Mas antes quero falar do programa que a TV Educativa da Bahia exibiu quarta-feira sobre a Mestra do Prato e do Samba. Foi fantástico, emocionante. Apenas faltou uma explicação inicial de que o programa é dividido em duas partes. A primeira é a edição do show promovido em São Paulo pelo Itaú Cultural que a apresentou acompanhada pelo coral Vozes da Purificação, formado por maravilhosas senhoras de Santo Amaro, e participações de Jota Veloso e de Mariane de Castro. E depois de só meia hora de programa, acabou o show e entraram anúncios, dando a impressão de que o programa havia acabado, o que me deixou triste e frustrado.

  255. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:21 pm

    Parece que outro nome rejeitado por Dona Cibernética é justamente o do autor do artigo. Passarei a chamá-lo de JP, o compositor de Santo Amaro, parceiro de Roberto Mendes, e educador que comanda o programa Aprovado! na TV Bahia.

  256. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:24 pm

    Continuando com a terceira parte do meu comment a la Jack, o Estripador:

    E quando eu ia desligar a TV, de repente reapareceu a imagem-vinheta da Mestra do Samba tocando prato, e começou a segunda parte do programa, que foi apresentada como um making off do show. Na verdade, além de bastidores do show, passou uma boa reportagem feita em Santo Amaro pela equipe do Itaú Cultural com todo o pessoal do show, mais Dona Canô, Nicinha e Caetano. Essa segunda parte mostrou o quanto pode ser profícua a ponte São Paulo-Salvador, como intercâmbio cultural e produtivo entre, de um lado, a força da grana e o profissionalismo de Sampa e, do outro, a criatividade, a invenção, a energia, o amor à vida que brota do Recôncavo baiano!

  257. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:26 pm

    No segundo bloco do programa da TVE-BA sobre a Mestra do Samba, se esclareceu para mim uma referência de JP, em seu artigo, ao Sultão das Matas: trata-se de um dos orixás – o outro é Oxum –que eram incorporados pela Mestra do Samba no terreiro (em sua própria casa?) onde ela era filha-de-santo.

  258. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:27 pm

    Sobre o artigo de JP, uma curiosidade: o parceiro de Roberto Mendes o escreveu antes de ler o post de Caetano e depois que o leu mandou corrigir o trecho em que cita a letra de “Viola meu bem” – ele também não sabia que “so”, no caso, é “seu” e havia escrito “sou maquinista da Leste”.

  259. Jary Cardoso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 2:32 pm

    Vejam que paixão santamarense este artigo de JP que tentarei transmitir de uma vez só substituindo o nome da homenageada por Caetano neste post por Mestra do Samba, a começar do título:

    Mestra do Samba

    JP*

    Eram cinco da tarde, como no poema de Lorca. Uma tarde sem sol, mistura de mormaço e brisa leve, coração vazio e saudade. Pela primeira vez vi Roberto Mendes subir a ladeira do cemitério. Ao me abraçar, chorando, conseguiu apenas balbuciar a frase: “Só ela me faria subir”.
    Estávamos ali, imersos no silêncio, cada um revendo seu filme remoto em que ela aparecia sorrindo, gargalhada solta, majestade absoluta da beleza e do samba. Majestade da beleza do samba.
    De repente, rompendo o silêncio pungente daquele fim de tarde, a delicada tristeza da voz de Caetano, incorporando a voz de toda a cidade, nos ensinava como dar o último adeus: “Vou-me embora pro sertão, ô viola, meu bem, viola/ eu aqui não me dou bem, ô viola, meu bem, viola/ sô empregado da Leste/ sô maquinista de trem/ vou-me embora pro sertão/ eu aqui não me dou bem/ ô viola, meu bem, viola”. E o povo, em um comovente ritmo soluçado: “ô viola, meu bem, viola/ ô viola, meu bem…”
    E assim Caetano Veloso despediu-se de sua mãe-de-leite, e a cidade de Santo Amaro disse adeus à Mestra do Samba, à irmã mais velha de Elza e Nicinha, à mãe de Carlinhos “Charles” e Luciano, “ao cavalo selado de Sultão das Matas”, àquela que todo o Brasil conhecia como Mestra do Prato.
    Bombas continuaram caindo sobre a Faixa de Gaza, a política do cotidiano chafurdando em suas questões comezinhas, mas as nossas melhores lembranças desciam a ladeira do Campo da Caridade fixando fotografias da Mestra em todas as paredes da alma.
    Entre o abraço comovido de um e de outro, recordei que em um programa Aprovado!, de 2002, resolvi discutir o “Samba na Cultura Brasileira” e tive como convidados o Prof. Cid Teixeira e a Mestra do Samba. A uma certa altura da conversa, mestre Cid nos fez um relato inesquecível. Contou que numa animada roda de samba, a Mestra tocava seu prato em uma deliciosa cadência e, de repente, uma bela mulher que apenas apreciava a tudo, viu-se arrastada para a roda pela força da sedução do ritmo. À proporção que a Mestra acelerava a cadência, a mulher parecia aproximar-se do transe. Até que, segundo o professor Cid, os pés da mulher pareciam ter-se descolado do chão e a visão que se dava era a de uma pessoa sambando no ar. Concluiu, então, a “Enciclopédia Baiana”, com sua voz de barítona sabedoria: “Mestra do Samba, a senhora fez a mulher levitar!”
    Na verdade, você nos fez levitar a vida toda, Mestra. A mim, em especial, quando você e Elza subiam pela Rua do Amparo em direção à Praça da Purificação e sempre paravam na porta da minha casa para dois dedos de prosa com minha mãe. Conversa animada, pontuada pelo tricô da forte amizade e pelo ritual da delicadeza humana; quando o seu olhar matreiro me indagava pela mais recente paixão e arrematava num sorriso de maliciosa cumplicidade: “Ah, descarado…!”
    Estamos nós todos agora sem você. Ou melhor, sem sua presença física.
    Todavia, parafraseando algum santamarense genial (pleonasmo?), de que não me lembro agora, “com certeza, em algum outro lugar que não aqui, o samba deve estar muito mais animado”.

    *JP– Educador, compositor, membro do Conselho Nacional de Política Cultural

  260. gil disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 3:39 pm

    enquanto elton john deliciava os mimados ( uuuulllllaaahhhh…mas nem tanto, a maré está tão baixa que tinha mais que mimados na festa…vamos ver música como os russos veem o futebol…quem diria….) doces cariocas e maria gadú engatinhavam no mistura fina. antes fiquei impressionado com a quantidade de shows estrangeiros em são paulo anunciados na folha de sp. e antes ainda a entrevista com um dos produtores do noviça rebelde que estréia em sp, ele se referia a ufanismo bobo naqueles que criticam a isenção fiscal para musical importado. no rádio ouvi matéria na cbn, a rádio que toca notícia, entrevistando pessoas do setor hoteleiro entusiasmadas com ocupação do setor nesse período e a justificando com a presença dos shows internacionais. o cenário e a irradiação estão coerentes e com a corda toda. e vem reidorédi aí pra alegria da garotada, em resumo, não há crise no consumo. somos os batedores de palmas, quem sabe nasça daí um stomp de palmadeiros brasileiros, o povo que sabe bater palma…e lata né?

  261. Rebecca disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 4:16 pm

    Não conhecia D. Edith (obrigada, Caetano e Lucesar!)…

    Mas mesmo nesse desconhecer, esse post tão delicado tocou seus muitos pratos em meu coração… centros e bordas…

  262. Julio Vellame disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 4:47 pm

    Paloma, eu topo se for o “baile funk carioca” que comprei e já chegou e se Hermano liberar um tópico para isso. Não dá para discutir dentro dos posts de Caetano… vai ficar solto e perdido…

  263. joana disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 5:46 pm

    língua, linguagem, para viabilizar a comunicação.

    as palavras e estruturas vão se transformando pelos contextos sócios-culturais-políticos e também pelas sonoridades. creio que muitas transformações da língua são comandadas pela necessidade de transformar sons, mudá-los, encaixá-los diferente. “assentar” em lugares mais cômodos.

    qd me observo em relação a isso lembro que muuuuuuitas pessoas acham que sou paulista, porque de uma mistura de formas de falar, e de dar aulas, e se expressar, acabo sempre caindo mais no assento paulista das coisas. em minas falava com um guia mineiro e qd vi já tava pegando trejeitos. qd uma turca morou comigo descobri que conseguia m comunicar super bem em inglês, algo que nunca mais se repetiu…não gosto qd minhas filhas comem demais os esses finais (mania de gaúchos), mas não por ver isso como um problema linguístico, mas sim, um probrema de sonoridade.

    os guetos e seus sons

    gosto do “é nois”

  264. joana disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 5:49 pm

    Jary

    valeu seu esforço!
    seus coments agora estão “bombando” rs rs

    continuemos assim, com bugs e poltergeists

  265. joana disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 5:54 pm

    ai Jary…

    e lendo seus coments, e sua habilidade e criatividade em tentar driblar essa incógnita das postações, vejo o quanto eu acho lindo essa transformação para comunicar! eu fico te imaginando como se a cada coment vc fosse reajustando braços e pernas e movimentos no ar pra tentar dizer! sabe aquele jogo de ficar adivinhando nome de filmes através da mímica? parece que tou te vendo jogando e a gente tentando ver o que vc tá tentando comunicar.

    gente, tá valendo: do morro, caipira, das minas, o que der pra usar pra se fazer “ouvir”!

  266. glauber guimarães disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 6:15 pm

    paloma,
    ler um livro juntos…pode ser legal, mas temo que isso possa interferir negativamente na dinâmica ou diversidade das conversas aqui. ficariamos comentando partes do livro e não sairiamos disso, não?
    o que pode ser feito é que alguem destaque partes do livro escolhido e poste fora daqui do blog. daí, quem quisesse, através do link, poderia ler e comentar aqui.
    bom, de qualquer forma, não sei se caetano, hermano e equipe acham que esta seja uma boa idéia. mas valeu pelos links, anyway. ;)

  267. glauber guimarães disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 6:19 pm

    miriam,
    não tenho a menor dúvida quanto ao “bug” que róla aqui no blog, o sumiço dos textos:
    e-poltergeist leprech@un! ha-ha-ha

  268. Julio Vellame disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 6:41 pm

    Salenzinho,

    Eu estava outro dia voltando da ilha de Itaparica com “João Valentão” tocando dentro da minha cabeça.

    Estava com meus irmãos, meu pai e uns amigos. Um deles é a cara dessa música e como ele é a cara da Bahia creio que entendo o que Caymmi tinha em mente.

    Por aqui rola uma galera que minha geração chama de os “browns” (não sei se Carlinhos Brown tem esse nome por isso…). Uma das muitas facetas dessa galera é brigar no carnaval, ou principalmente no carnaval. Pois esse meu amigo é dessa galera, já me contou várias estórias de brigas incríveis que vou confessar ouvi encantado apesar de serem casos muitas vezes de mera violência gratuita.

    Seria o equivalente do malandro do Rio acho eu.

    Caymmi humaniza os valentões lindamente, sem esteriótipos nem idealizações.

    Só pessoas que podem se emocionar e emocionar….

    PS: para as fãs de Joaldo: Ele acabou de sair daqui de casa, veio me visitar com sua irmã. Achei muito legal….

  269. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 8:35 pm

    Adoro ouvir meus filhos usando a gíria do funk carioca. “A gíria que o nosso mrro criou/ Bem cedo a cidade aceitou e usou”, dizia Noel já nos anos 30. Meus 3 filhos sabem usar essas gírias com graça e a norma culta com alguma precisão. Penso que quem fala “vidro” e ainda tem energia para entender por que alguns falam “vrido” está em muito melhor condição do que quem só fala “vrido” e nem ouve a outra forma. (Aliás, “vrido” aparece com muita graça numa canção bonita que Luiz Gonzaga cantava: “Tá cumeno vrido, peste?/Não, pai, eu tou chupano pedra d’água”.) E vamos deixar dessa mania de dizer que os gramáticos na imprensa querem nos fazer falar como os personagens de Eça de Queirós. Mentira. Pasquale e a gentil professora que escreve sobre dúvidas da gramática no jornal A Tarde aqui de Salvador são bem atualizados, flexíveis e receptivos ao que vai acontecendo na língua viva. Acho que o Luedy tem aquele espírito de revolucinário romântico. Sempre restam ecos de demagogia. Não desgosto de Bagno nem de Possenti (deste só li o comentário - errado e desatento - sobre meu texto do “sifo”). Mas acho essa ideia de considerar a norma predominante como opressão de classe um tanto rasa. E não gosto de Foucault nada. Meu analista (que o conheceu) diz que ele era brilhante. Li As Palavras e as Coisas em 1967. Achei bonito. Mas depois vi tanto trecho de livro enrolação que deletei o apoiador do Aiatolá Komeini. Amei as escolhas de Pound feitas por Teteco. Eu também não sou fã de Hesse. Só gostei do Jogo das Contas de Vidro. Mas sou mais Teteco: Pound. E Balke. Isso sim.

  270. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 8:36 pm

    E também já tive comment que sumiu. Esse agora foi. Será que este vai?

  271. Julia Debasse disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 9:35 pm

    Veio, Caetano.

    Sempre gostei muito mais do T.S Eliot do que do Pound, que foi seu mentor.

    Paloma, a cultura e o linguajar não são “do morro” ou do “funk”. São da juventude. Eu tenho 22 anos e pertenço a que foi, provavelmente, a primeira geração de jovens funqueiros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Aquela cultura é a minha cultura, por eleição e afinidade. Como o rock and roll e a bossa nova gerarão um dialeto para uma geração, o funk gerou para outra. As pessoas de menos de 30 anos mesmo que não ouçam funk, frequentemente falam como funqueiros.

    Quando eu era menina e sabia a letra inteira de Nosso Sonho, não entendia o funk como algo do morro. Era algo meu, que eu tomei para mim e escolhi para me representar. Arrisco (e o Hermano que me corrija) que o linguajar que você quer que o seu filho evite é o de uma geração, não o dos adeptos de um tipo de música (um dia foi, mas creio que tenha saido do gueto faz tempo).

    um beijo para todos, chegou a pizza,
    J.

  272. Paloma, Rio, disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 10:14 pm

    ninguém concordou comigo, devo ser uma péssima mãe. uma verdadeira … maysa !
    ……….

    oi Caetano, não tenho nada contra gírias. muito ao contrário. guardei na memória durante 39 anos, especialmente para este momento, uma cena de seriado de tv onde aprendi o que era uma gíria, em inglês. eu tinha 13 anos. estudava em um curso moderno e já falava bem a língua. quando levei a questão do filme para o professor, relacionei e traduzi todas as gírias disponíveis do português para o inglês. e vários palavrões. fiz apostila e tudo. não tinha disso em curso algum na época e talvez nem hj tenha. vanguardésima. ;-)

    eu adoro gírias, adoro novidades, adoro “demorô”.
    acho meio perigosas algumas citadas aqui como “caô”, “bonde”, “na moral”, “sinistro”, principalmente quando usadas por flanelinhas de estacionamentos mal iluminados.

    não é sobre gírias minha questão, Caetano, mas sobre o que você já tinha até resumido : “Quem sou eu para desautorizar quem definiu historicamente as regras?”, e eu achei isso o máximo.

    regras são regras, tipo 10 mandamentos: cumpriu é cristão, descumpriu não é. jeitinho não rola. esquecer ou quebrar regras, uma vez ou outra, normal! experimentar, fundamental! desvirtuar, pode até ser mas, do céu, esqueça.

    e não se quebram regras que se desconhece. assim não há erro no linguajar dos ignorantes (no bom sentido). em terra de ignorantes quem fala certo é rei, menos no brasil, onde segundo eu mesma antes, e o castello, depois, quem fala certo é gay … rs.

    não há motivos para que um filho com chance de estudar e falar corretamente não o faça. como não há motivos para aqueles que conhecem os perigos de fumar, beber, ou usar drogas os consuma. é questão de discernimento. o que há de vitoriano em orientar os meus no que eu considere correto?
    ……

    Julio e Glauber, ok, vou esperar mais opiniões.
    …….

    Jary, hilária sua performance. pena que o blog não é em cores. imagine cada parágrafo de uma cor …

    abrs Paloma

  273. Julia Debasse disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 10:32 pm

    Gente, quantos erros, desculpem, foi a fome.

  274. Wesley Barbosa Correia disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 10:37 pm

    Talvez, Moreno respondesse bem às questões aqui discutidas: “How beautiful could a being be” sugere metafísica numa língua estrangeira, mas que se ritima em samba de roda - o que lembra o quintal da minha casa. O lance é que, neste feito, de alguma estranha forma, a arte unifica a língua dos homens de distintos lugares, culturas e tensões. Um amigo que participava deste blog disse que Caymmi e Luís Gonzaga não mereciam isso e, magoado, comenta, agora, o que, segundo ele, são “questões mais imediatas” no blog da Ivete Sangalo.
    Moreno desafiou! Gostaria de citá-lo nas rodas de discussão acerca da Sociolinguítica. Entretanto, eu que jamais li Michel Foucalt, tampouco faço análise com quem o conheceu, sinto que ao citar “A Microfísica do Poder” mantenho-me elegante e garanto a normalidade das coisas ou pelo menos um aparente domínio sobre elas. Fabiano, mesmo sabendo-se inocente, deixou ser humilhado, violentado e preso pelo Soldado Amarelo, e quem diria… algum tempo depois, este mesmo Soldado, acuado como um bicho amedrontado, encontra-se perdido no meio da Caatinga, quando avista Fabiano que a conhecia na palma da mão. Graciliano deveria lavar a alma de seus leitores e dar triunfo a Fabiano sobre o Soldado. Mas qual? O sertanejo, antes humilhado, ensina ao Soldado o caminho de casa e conclui: Lei é lei.
    E, Mirian Lúcia (lindo comment!),lei é lei, ainda que seja arbitrária, opressora e desigual. Minha mãe, que saiu da bahia bem jovem para tentar a vida trabalhando numa fábrica de tecidos em Sampa conta que a diversão de suas colegas de trabalho era a de ouvi-la dizer, sempre que pediam : pórtá, pólícíá e préféitúrá (tipo novela regional da Globo, sabe?!).
    Por outro lado, ditas de qualquer forma, as palavras não nos bastam. Lembram do Poema Sujo, uma busca pela melhor linguagem que revelasse o estado de alma do poeta: “Turvo/ Turvo/ Turvo/ Turva mão do sopro contra o muro…”
    A propósito, Caetano, você daria um curso particular de língua portuguesa (tem um número razoável de interessados e dá dinheiro), tipo, curso preparatório para concurso que incluísse, é claro, a reforma ortográfica? É que considero arrebatador o modo como você usa os proinomes. Tenho um problema com eles.

    P.S.: Se você tiver interesse, me diz o valor do curso.

  275. Marilia Castello Branco disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 11:02 pm

    Nas bancas de jornal, às vezes vejo à venda um livro chamado “Manual do Português Correto” que sempre me faz pensar num lusitano certinho, como na frase que a gente via antigamente em bares e padarias: “freguês educado não cospe no chão, não pede fiado, não diz palavrão”.

    O que eu acho preocupante, trabalhando com adolescentes, alguns muito pobres, vários com história de deliquência, não é o falar “certo” ou “errado”, mas a impossibilidade de escolher e circular entre os diversos falares. Prescindir dos plural, paulistanamente, usar o tu com certo desleixo carioca, pode ser engraçado, apropriado ou até bonito, exppressivo, dependendo da situação. Mas a impossibilidade de escolher o falar adequado para a situação pode gerar exclusão, preconceito, e isso é muito triste.

    Outro dia um sobrinho meu de 9 anos respondeu ao irmão que o ridicularizava por ter usado uma palavra que o outro achara pomposa demais: “Estou falando na norma culta, meu!” e eu achei a maior graça. Por outro lado, um garoto que nós acompanhávamos foi recusado num projeto de primeiro emprego (e era um projeto do estado, que deveria atender justamente aos mais necessitados, e ensinar-lhes!) por não conseguir se expressar da forma que os avaliadores achavam adequada, e as consequências para a auto-estima dele foram péssimas.

    Ser poliglotas no nosso próprio idioma, esta é uma bela coisa a se ensinar.

  276. Marilia Castello Branco disse:
    Janeiro 18th, 2009 at 11:16 pm

    PS:

    http://www.zemoleza.com.br/noticia/1070951/pasquale_cipro_neto

  277. carolina disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 12:04 am

    Joaldo,

    Cade o dromedário - comment?? E as fotos?
    Agora que encontrou Caetano não quer dividir nem sequer as suas impressões??

    Esse passo seu ta qualquer coisa…

    Sem bjs até que seu camelo traga o dromedário!

  278. Heloisa disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 12:49 am

    Julio Vellane, não entendo muito de sertão geográfico, e precisei pesquisar os lugares que você citou. Por isso, fiquei sem saber: o que indica o tipo de sertão na letra de Gil?

    Outra coisa: o Fabiano de Vidas Secas não fala, a Biela de Autran Dourado (conterrâneo de nossa cara Rosana Tibúrcio)também não.Certo. Mas Riobaldo fala - e como fala - por ele e por seu misterioso interlocutor, que não pode ser um sertanejo. Ele para mim é o alter ego de Rosa, o doutor que anota tudo em um caderninho. Não é coincidência demais? Muita neblina…

    Caetano, você não vai escrever mais um livro? Preciso de outro, urgente. É que, afora a página 437 - ah, o imperdoável aleijão! - adorei tudo em Verdade Tropical. E, quando esse blog acabar, como eu vou viver sem ler você? Agora me lembrei de você ter me perguntado, há muito tempo, se eu já tinha lido a parte em que você fala dos países grandes. Você se lembra por quê? Pouco provável, acredito.
    Ah…se eu soubesse que o Joaldo iria se encontrar com você, teria mandado o beijo dos meus sonhos de adolescente. Sabe onde? Na sua voz! Não à toa dizem que eu não sou muito normal. ;)

  279. glauber guimarães disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 1:04 am

    putz, caetano falou neste último comment o que eu queria dizer.

    “Penso que quem fala “vidro” e ainda tem energia para entender por que alguns falam “vrido” está em muito melhor condição do que quem só fala “vrido” e nem ouve a outra forma”

    perfeito. é nóis na fita, mano!

    joana,
    você voltou! beijos soteropolitanosss…

  280. Rogério Grillo disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 1:32 am

    O q seria de mim sem as aulas de Salem ?

    Existe uma enorme diferença entre “língua” e “linguagem” .. a norma dita “culta” deve sempre se espelhar..referendar.. naquilo que de fato é falado pelo país…só tende a enriquecê-la. E sejamos mais flexíveis em relação às “transgressões” liguísticas espontâneas !! é isso q FORMA uma língua.

  281. Jocenilson Ribeiro disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 2:38 am

    Aqui é sempre lugar de aprender, curtir boa música e não só do nosso baiano e conterrâneo, além de ler sugestões imprescindíveis. Parabés pra todos e obrigado Caetano!!!

  282. Fernando Salem disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 3:38 am

    Caetano

    Em “Não Tem Tradução” de Noel também tem…

    “tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia
    é brasileiro, já passou de português”

    …versos que já anunciavam a idéia de uma língua original.

    Cê disse:

    “Penso que quem fala “vidro” e ainda tem energia para entender por que alguns falam “vrido” está em muito melhor condição do que quem só fala “vrido” e nem ouve a outra forma. ”

    Pra mim esse pensamento sintetiza com profundidade algo que venho tentando formular por aqui. Há algo no inconsciente da língua que quando é trazido à consciência ganha concretude, beleza e aceitação. Isso é cultura, embora a palavra “culto” e “culta” nesse blog tenham aparecido com frequente depreciação.

    Culto no sentido de cultivo. Língua cultivada.

    A apropriação das gírias do funk pelos seus rebentos são também um exemplo feliz desse cultivo.

    É assim que palavras se espalham e se espelham umas nas outras. Cabe à gramática correr atrás do lucro e do prejuizo.

    É nóis.

    tapinha na testa que um tapinha não dói

    salem

  283. Fernando Salem disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 3:47 am

    Ah…

    Dei boas risadas com a frase…

    “E vamos deixar dessa mania de dizer que os gramáticos na imprensa querem nos fazer falar como os personagens de Eça de Queirós.”

    Cacilds. Como isso é importante. Não conheço a professora que escreve n’A Tarde, mas leio o Pasquale e reconheço nos seus escritos um grande amor pelo acaso, o coloquial, o popular, os neologismos, as coincidências e a elasticidade da “nossa língua”.

    Macalé cantando “Orora Anarfabeta” é espetacular. Você conhece esse samba?

    beijo na testa

    salem

  284. Fernando Salem disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 3:59 am

    Vellame amigo

    Interessante essa história de João Valentão transportada pro carnaval do presente, onde a “violência gratuita” convive com a “festa paga” e pagã dos abadás e fantasias vendidos.

    Vi na TV no carnaval de 2008 em Salvador cenas bem chocantes de violência. Em uma delas um sujeito alto e forte “brincava” de dar porrada em mulher e sair correndo. Não era um João Valentão. Era um João Covardão. Notei que a reportagem era da TV Record que expressava bandeirosamente o desejo de se opor às transmissões alegres da Band e da Globo. A imagem era feia, mas repetida insistentemente parecia uma propaganda do avesso.

    Temos aí, uma discussão bem importante: o mito da malandragem. No samba “Homenagem ao Malandro”, Chico já falava do “desmito” do malandro. Ali, em oposição à malandragem chapa-branca de Brasília.

    No entanto, há uma neo-malandragem não necessariamente apologista da “violência gratuita” que sobrevive nos guetos, nos morros, no funk. Não tão romântica. Mas com ginga suficiente pra sacudir nossa cultura. Fazem coisas que até Deus duvida.

    beijo valente na testa

    salem

  285. Caetano Veloso disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 5:18 am

    Gente, o negócio tá preto. Escrevi um comment do cacete e acabo de ver que sumiu. A ver se este (de mero protesto) vai.

  286. Luiz Castello disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 5:33 am

    Sidharta é um livro que marcou uma geração de amigos meus.

    Ele ia passando de mão em mão,que nem os baseadinhos que começavam a pintar nas rodas.( a comparação é esdrúxula,mas fica como registro de época).
    Éramos estudantes do ginásio,quase todos localizados no Meier.
    Central do Brasil,Visconde de Cairú,Barcellos Costa, Ruth Sant’Anna etc.
    Nem sabíamos ao certo,o que era ser de esquerda ou de direita ( continuo sem saber).Mas éramos todos contra o regime ditatorial que acabava de se instalar no país.

    Enquanto acaricio uma cicatriz que tenho no joelho,por conta de uma daquelas correrias da Avenida Rio Branco,e ruas laterais,me pergunto,o que levaria um bando de adolescentes emputecidos com o sistema autoritário,apegar-se à um livro,que aparentemente nada tinha a ver com a sua realidade circundante ?
    Certamente não era seu teor evasionista,como foi ingenuamente insinuado por aqui.

    Siddhartha é um livro rebelde,da primeira até a última página.
    Cada capítulo,apresenta uma ruptura com um determinado tipo de poder estabelecido.
    O poder familiar,filosófico,político,religioso,financeiro,até mesmo o poder sedutor dos prazeres sensuais,que muitas vezes escraviza um homem `a uma mulher,ou vice-versa.

    A vida do próprio Hesse,foi uma sequencia de ocupações e abandonos.
    Rompeu com a casa paterna,com a escola com o cristianismo,com a vida burguesa.
    Otto Maria Carpeaux escreveu na orelha de uma das edições : “Hesse sempre foi e sempre ficou um rebelde contra os poderes desse mundo,temporais e espirituais.Sua vida confirma-lhe a vocação de grande poeta,de altiva independência “.
    Como dá pra perceber,nada que lembre remotamente,esoterismos e auto-ajuda.

    O que eu achei mais engraçadamente estranho nessa história,foi verificar que,as palavras de Pound citadas,são a confirmação do pensamento de Hesse.

    Só pra citar um exemplo :
    “Existe alguém em nós…que brilha mais do que milhões de sóis e que a escuridão conhece também…”
    No livro “Demian “ a Deusa “Abraxas” é apresentada como aquela que reúne em síntese,o lado sombrio com o lado luminoso da alma.
    Quem quiser,que confira.

    _____x_____

    Colocar Hermann Hesse no rol de romancistas esotéricos,é o mesmo que chamar o xará dele de funkeiro.
    Por falar nisso : Hermano,você é funkeiro ?

  287. Luiz Castello disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 6:33 am

    O Joaldo tá de sacanagem com a gente.
    Ou então o comment-dromedário,foi enterrado por alguma tempestade do deserto.
    hehe.

  288. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 9:02 am

    Eu hein, vocês continuam nessa de “certo” e “errado” em questões de língua.
    Acho tb que o Salém estranha quando ponho aspas em “culto” - é porque estou tentando chamar a atenção de vocês para o fato de que atribuir a certos grupos o qualificativo “culto” (ou seja, normalmente aos que têm prestígio em nossa sociedade, o que equivale a dizer maior poder) muitas vezes significa acreditar que quem não pertence a tal grupo é “inculto” - ou seja, “rude”, “tosco”, “ignorante”.
    Hoje vou citar um trecho do meu querido Possenti para ilustrar algo que quero comentar (acho que de paloma e de mais alguém que falou em concursos):

    “Uma vez um professor do Mato Grosso me contou a história de um tropeiro que se queixava da vida, mas que tinha uma tropilha de mulas que o fazia dono de uma empresa de transporte quase gigante, considerado o contexto. E que assim explicava sua situação:

    ‘Pois é, doutor, a gente não pode pissuí, mas a gente pissói’. Fiquei com essas formas do verbo possuir na cabeça, até descobrir num dicionário etimológico que a forma arcaica do verbo era pessuir (Amadeu Amaral atesta a forma em uma quadra nordestina bem antiga): como o e pré-tônico facilmente é alçado para i, a forma estava explicada.

    Moral da história: esse caboclo, em vez de estar corrompendo o português, estava usando uma forma antiga, que aprendeu em casa, e que manteve porque sua vida tinha se passado longe da escola e dos lugares nos quais se falava um português já muito mudado. Se ele tivesse prestígio, se poderia dizer que o português dos outros, o dos cultos ou escolados, é que é ‘decaído’…”

    Trocando em miúdos, o ensino da gramática seria bem mais interessante se (1) pudéssemos contextualizar a noção de “erro” (que evidentemente deveria deixar de ter esse nome) em função do reconhecimento de que há normas distintas (o que, por sua vez, contribuiria para se combater preconceitos como os que informam as crenças de paloma); (2) passássemos a discutir a noção de “culto” e prestígio e suas implicações educacionais (o que nos remeteria à arbitrariedade e autoritarismo de certos [de todos?] processos seletivos institucionais).

    Uma outra questão aí implicada nestas considerações: o português do matuto pode muito bem ser mais rico que o dos falantes letrados e urbanos (o perfil que temos de falante “culto”). Nem todo mundo que estuda é Caetano Veloso, não se esuqeçam disso! : - )

    Abraços,
    luedy

  289. Julio Vellame disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 9:56 am

    Little Salem,

    É claro que o cara que vc viu na TV era um João Valentão!!

    Desculpe minha forma direta de argumentação, contudo acho que vc romantizou não só o João Valentão quanto o carnaval do passado quando fala da “violência gratuita” e da “festa paga” do presente.

    O carnaval sempre foi pago e de graça tb e sempre teve violência que não era menos violência do que a de hoje.

    “São os velhos homens humanos (….)” Odeio citar Caetano no próprio blog dele, mas não resistí.

    A diminuição geográfica da área dos pulantes veio junto com os blocos super baratos para classe C e até D.
    OK, ok, vc vai me dizer que o carnaval é do povo para o povo.
    Os artistas vão tocar de graça? quem paga o som e todo o resto?
    Bicho, alguém tem que pagar. Vai ser o contribuinte? ou seja, vc em SP?
    Nisso eu admiro os americanos que sabem exatamente que nada é de graça e quando o governo anuncia um pacote eles logo pegam a calculadora para saber qual a parte de cada um.

    Com relação ao João Valentão, gostaria de rasgar sua ilusão de que o cara da TV não é o cara de Caymmi.
    Vc acha que as brigas eram menos brigas antigamente?
    E Caymmi cantou um Valentão que não bate tão forte assim???

    Como seu covardão estava batendo numa mulher ficou fácil para mim argumentar:

    Todo João Valentão bate em mulher, só não bate em todas por que é sabido que elas apaixonam (me retifico antes do massacre: do ponto de vista deles). Existe uma hierarquia nisso, eles só batem nas que dão uma certa importância: tanto para se livrar quanto para se apaixonar.

    O meu amigo citado no comment anterior também bate em mulher com a mesma teia de argumentações expostas.

    E eu adoro ele,

    por que não?

    Vc vai gostar menos de Caymmi se o João Valentão for de verdade? E ainda assim capaz de amar e ser amado?

    Esse é o ponto onde eu quero chegar Selem, por que vc não consegue amar a canção sem idealizar?

  290. Fernando Salem disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:10 am

    Oi Palomíssima

    Não entendi porque você disse que adora a expressão “demorô” e acha…

    “perigosas algumas citadas aqui como “caô”, “bonde”, “na moral”, “sinistro”, principalmente quando usadas por flanelinhas de estacionamentos mal iluminados.”

    Cacilds!
    Eu que evito a abordagem política flagro aqui um inequívoco caso de preconceito!

    O que “demorô” tem que “caô” não tem?

    Que negócio é esse de “flanelinhas de estacionamentos mal iluminados”?

    Vejo que essa história de contexto serve tanto pra “aceitação” paternalista dos sócio-gramáticos, quanto para a “desaceitação” maternalista da classe-média amedrontada pela violência.

    Na língua, violência também gera violência.

    A expressão “flanelinha” nasceu com o crescimento do sub-emprego urbano quando começaram a aparecer os caras que se ofereciam pra limpar os vidros dos nossos carros nos semáforos. Com o crescimento dos assaltos, “flanelinha” virou sinônimo de “criminoso”.

    Um belo exemplo de como a língua pode andar pra trás. Um caso de “assalto à gramática”, paraversando Wally Salomão. Aliás, “paraversar” é verbo intransitivo que não existe na norma culta.

    Ri pra cacete quando você brincou dizendo que deve ser uma “verdadeira Maysa”. Foi simpático. Você tem todo jeito de ser uma mãe maravilhosa. Aproveite a língua dos seus filhos. Eles vão crescer trazendo muitas novidades na garganta.

    é nóis no blog

    salem

  291. Julio Vellame disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:46 am

    Oi Heloísa, obrigado por responder,

    Minha experiência com o sertão vem de janeiro de 2008 quando meu tio Aurélio Vellame morreu em Caldas do Jorro – Tucano (56km de Euclides da Cunha, 80 de Canudos. A coluna Prestes passou por lá tb). Meu tio era jornalista e escrevia o editorial do jornal A Tarde. Um cara revolucionário que uma vez me entregou o editorial da véspera do pleito de Lídice para escrever. Detalhe: eu tinha 14 anos.

    Fomos lá enterrar ele. Literalmente.

    As cidades são devastadas pelo sol e uma religiosidade marcante, ainda hoje. E para a minha surpresa: pelo silêncio.

    Eu sou de Salvador, a cidade de Exu, do barulho e da confusão. Salvador tem uma região em volta, muitas vezes banhadas pela baia de todos os Santos que é o recôncavo. São cidades igualmente festeiras e barulhentas como Salvador. Como som entende-se também conversa, gritaria, brigas gritadas e etc.

    Lamento Sertanejo é o sentimento autêntico desse sertão de Tucano, Euclides da Cunha que conhecí: “Eu quase não saio, eu quase não tenho amigos” aqui na cidade grande do barulho e da agitação.

    Viola meu bem viola é para mim uma cantiga alegre, e não um lamento, que me soa muito mais com esse lugar que é o recôncavo de Salvador do que com o sertão que para mim foi melhor retratado inclusive por um Peruano… Vc sabe quem.

    Eu não entendo nada mesmo de literatura e crítica especializada, falo pelo que eu sinto e associo ouvindo as duas músicas e vivendo um pouco dos dois lugares.

  292. gil disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:58 am

    vivemos num ambiente marcado pela violência que também se revela no uso da língua. frequentemente vemos mensagens trocadas por criminosos codificadas com palavras que desconhecemos a princípio. são “traduzidas” para indicar a intenção da comunicação entre “eles”. nosso espírito transgressor absorve nesses dialetos novas formas e processamos a violência contra a língua. mas não são somente os criminosos que codificam, as diversas tribos também procuram se diferenciar corrompendo a língua, como os surfistas por exemplo e, porque não, os internautas ( que horror essa palavra…), e tem evidentemente a língua estrangeira se projetando. tudo isso poderia ser chamado de ignorância, como noutros tempos, no entanto no mundo das megacidades as minorias são imensas…é muita gente, muito criminoso, muito surfista, muito internauta, muito tudo…então a língua sofre, corrompe, se altera. projetar a confusão não é a solução pra nada, há que se educar, buscar a norma, dar valor a midia, proteger a língua é política de Estado, interesse do cidadão. é nós, mas é nós o cacete…somos nós. na boa…

  293. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 12:08 pm

    Teteco jamais definiria Hesse como um “romancista esotérico”, desculpa mais não tem nada a ver, muito pelo contrario, ele tinha um lado humano muito claro, e sua base protestante sempre calou muito forte dentro dele, tinha Deus dentro de si e essa foi a sua maior profecia. Narrou os conflitos do seu tempo, em Debaixo das Rodas conta da sua infância no colégio interno, em Demian fala de sua adolescência, da paixão por outro rapaz da mesma idade, fala de sexualidade, transfere para a mãe de Demian toda paixão que sentia mas não deixa de ama-lo, tinha horror a guerras, viveu na guerra e foi para o exílio porque não comungava com o que estava acontecendo em seu pais, era um cara da paz, em momento algum ele segue Sidarta, apenas o admira, o compreende, e consegue através das suas experiências uma aproximação estreita com a natureza e com os homens, ali aprende uma das coisas que mais me liga a ele, se despojar das coisas sem nunca perder os sentido e a importância delas, a autocrítica. Em momento algum ele deseja ou se coloca como uma divindade, nunca, em nenhuma obra dele isso acontece, ou faz ou ínsita algum tipo de culto que não seja Deus. Em todos os seus livros ele demonstra sua busca do equilíbrio em o Deus-homem-natureza. Eu o compreendo mais como um espiritualista. Desculpa mais esta sua observação me leva a pensar que, se você leu Sidarta não entendeu patavina. Realmente ele seria a antítese de Pound que era fascista declarado, que se envolveu com o fascismo aqui na Itália ate o pescoço, literalmente, porque chegou a ser condenado a morte por isso, não quero com isso depreciar as obras de Pound, mais somente estou dizendo que são pessoas de caráter opostos, um ínsita e participa da guerra o outro a abomina. Acho que literatura é uma coisa muito pessoal, ninguém precisa gostar deste ou daquele mas, para se tecer uma opinião a respeito tem que ter um pouco mais de conhecimento a respeito. Da mesma forma que prefiro Fernando Pessoa como poeta, ou ainda Castro Alves, Mario de Andrade, Camões, ou mesmo Dante, enfim, gosto de pessoas que passam um sentimento, que buscam uma compreensão existencial de si próprio, mais respeito o seu não gostar de Hesse.

    Beijos e paz

  294. vonaldo mota disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 12:23 pm

    tudo em caymmi é bonito como o mar da bahia, a frase final de joao valentão sintetiza o ser baiano: “porque não há sonho mais lindo do que sua terra não há” assim como “jogue uma flor no colo de uma morena em itapuã.

  295. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 2:33 pm

    Trabalhei por um bom tempo como atendente de telemarketing (para uma operadora de telefonia, passava 6 horas do meu dia escutando reclamações). Lembro dos meus colegas de trabalho, quase todos preocupados com o português, as vezes era até patético, sabiam várias normas, várias regrinhas - mas era tudo muito decorado, tudo muito bruto. Na verdade achavam que dominavam a norma culta e acabavam aprisionados num português de concurso público. Na hora de conversar com o cliente esbarravam na gramática.
    Sempre tinha aqueles clientes chatos que ao invés de reclamar dos serviços jogavam a culpa no péssimo português do atendente.
    Depois de um tempo migrei para um outro setor, clientes com um pouco mais de grana. Falávamos mais livremente e sem script, até as gírias poderiam ser usadas.
    Era ótimo! Eu que não sou muito de falar, conversava pacas com os clientes. Falava de tudo e fazia o atendimento.

    Era gostoso quando podíamos atender pessoas de outros estados e ouvir as diferenças da mesma língua.
    ———————————–

    Lá de Cabo Frio eu também cantava “Nosso Sonho”, meus primos chegavam no verão com vários funks novos.

    Penso em um dia fazer um trabalho que misture o funk carioca com o cacuriá do maranhão; tanto em relação ao corpor quanto ao som e as letras.

    Quando dou aulas em comunidades vejo o poder e admiração que o funk exerce, crianças versando na hora, na lata. Enquanto os outros dançam ou fazem a percussão. Vai tudo muito além das gírias.

    Sabe que é bacana? Depois de uma aula de jongo ver a turma descendo o morro vestidas com as burrinhas do bumba-boi e cantando funk. Uma misturada só.
    ———————————–

    Teteco, quando escrevi aquilo da chuva e dos anjos, foi uma lembrança da fala da personagem Sonia na peça Valsa Nº6 do Nelson Rodrigues:
    “Chovia, sim… E quando chove em cima das igrejas, os anjos escorrem pelas paredes.”

    Bacana essas palavras do Pound! Nunca li, sempre tive vontade.
    Mas não fogem em nada das páginas do Hesse que consegui ler, “Sidarta”. São dois lados de uma mesma filosofia/teologia/ seja lá o que for. Pensamentos muito próximos da Índia ou lá.
    ———————————–

    Me amarro em escutar Aracy de Almeida cantando “Não tem tradução”.
    ———————————–

    bjs.

    *Valeu,
    Salem!

  296. Hermano Vianna disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 2:49 pm

    pessoal:

    estou tentado saber o que está acontecendo com esse sumiço de comentários - assim que descobrir a causa passarei explicações para vocês - mas peço logo desculpas pelo transtorno (seria bom, neste meio tempo, que todo mundo escrevesse em outro programa, salvesse o arquivo e só depois copiasse seu conteúdo para cá - para evitar perder horas escrendo e perder tudo)

    sobre a leitura coletiva: seria melhor que fosse um livro que tivesse a ver com a obra em progresso, não seria? afinal este blog é dela, não dele, não meu… rsrsrsrs

  297. Maria disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 3:15 pm

    Oi Teteco, amei esse haicai de Pound.
    Quando comecei a estudar poesia concreta, vi que seria imprescindível adentrar em seus escritos.

    Também não gostei de Sidharta, não lembro exatamente por que, mas quando terminei de ler o livro, fiquei com a sensação de que o Hesse tinha criado um outro Buda e não o Gautama. Faz tempo que li, por isso, não saberia argumentar com mais precisão.

    Quanto a Caetano, também adoraria saber no que ele acredita em relação à religião, não a formal, evidentemene. Se bem que adoro a sua maneira zen de falar das coisas: ” as casas tão verde - rosa que vão passando ao nos ver passar, o outro lado da janela…….

    E sobre o quereres, parece mais uma coisa taoísta , né? quem gostava muito dessa música era o meu ex- professor de filosofia da Ufpe, especialista em Hegel. Ele usou essa música para fazer uma pergunta na prova, pois achava que tem tudo a ver com as teorias hegelianas. Depois fiquei pensando, será que o Caetano pensou mesmo em Hegel para compor essa música, ou foi somente uma interpretação pessoal desse meu professor?
    Bem, se alguém puder me responder, agradeço.
    bjs
    Maria

  298. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 3:20 pm

    “Penso que quem fala “vidro” e ainda tem energia para entender por que alguns falam “vrido” está em muito melhor condição do que quem só fala “vrido” e nem ouve a outra forma.”

    Quando falei de “vrido” lá atrás, também lembrei da canção de Gonzagão.

    Acho que posso me reconhecer nesa pessoa com energia e em boa condição. Em mim, o comentário conseguiu o que eu não consegui: me situar melhor.

    Eu, que já falei bem aqui de Bagno, não posso não concordar com Caetano.

    A simpatia que nutro por Bagno foi pelo fato de tê-lo conhecido e reconhecido em sua pessoa uma figura atraente, interessante, sincera, boa. Talvez seja essa simpatia que sentem alguns aqui pelo Pasquale (e eu acabei criando uma imagem antipática dele por culpa do Bagno…).

    O que importa é que Caetano disse uma verdade muito grande com essa frase que Glauber e Salem destacaram.

    Estou dividido aqui em meus pensamentos. Gosto muito disso. Vou ler um pouco mais de Bagno, quero conhecer melhor o Pasquale. Ou então nada disso, vou ouvir funk carioca, Caymmi, ler Pound e Verdade Tropical e me manter nesse momento vacilante e prazeroso.

    No mais: viva Gonzaga e Caymmi.

    Abraços amigos em todos.

  299. cecilia dorea disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 3:37 pm

    meu querido Caetano Veloso, sei que possso chamá-lo assim pois você é muito querido mesmo! Lembro-me da minha infância e adolêscência na nossa querida Santo Amaro e eu convivendo com vc e sobretudo com a minha “irmã” Berré, a amada Maria Bethania para estudar e brincar e agora com a minisérie Maysa o meu coração desabrochou nas lembranças mais intensas desta cantora, ouvindo as suas lindas canções que falam de um amor maravilhoso e agora com a lembrança também de Edith, saudades imensas, infinitas… Estive com vc no Coro nas novenas da Purificação,quando falou-me dos muitos anos que não nos víamos.”! Saudade, torrente de paixão, emoção diferente….” Gostaria agora de falar mais com você, sobre esse cantor e compositor que faz parte da minha história de vida. Com carinho de Cecilia Dorea.

  300. Viana Vana Caravana disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 4:09 pm

    O texto do Guido é muito bacana.Vem novamente me atentar para o fato de que dentre todas as invenções já criadas,a da existência de alguma esquerda no Brasil algum dia é a maior das ilusões.Uma pífia utopia.Essa foi uma grande sacação tropicalista na época.Incomodou tambem e principalmente quem precisava mais do conceito esquerdista e seus ‘desprazeres’:a Ditadura.Não adianta o Caetano vir com dramas tolatélicos tipo “coitadinhos dos malfalados,malditos e coisitinhas tais dos tropicalistas” porque eles eram abilolados espertos.Rafael,o maravilhoso,indecente e irresistível carnaval de rua em Arraial do Cabo continua totalmente funk?Se nunca foi e se ainda existe,não perca.É fundamental.Como é fundamental que Dori Caymmi estivesse trabalhando e morando aqui.

  301. vonaldo mota disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 4:10 pm

    encontramos caymmi em caetano: “na terra em que o mar não bate , não bate meu coração”.

  302. Heloisa disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 4:47 pm

    Castello, é preciso estar atento e forte aqui: ‘Existe alguém em nós…que brilha mais do que milhões de sóis e que a escuridão conhece também…’são as belas palavras que Caetano escolheu para definir Tieta. O que meu caro poeta Teteco fez, esperto que é, foi ilustrar sua explicação sobre o mundo como periferia e o centro em nós mesmos, valendo-se de palavras que podem significar muito mais do que parece. Afinal, Caetano não é Caetano à toa. No mais, não li Sidharta, mas sei o que significou para nossa geração. E respeito.

    Também respeito o ‘vrido’, a ‘abeia’ e a ‘talba’, Luedy. E sei, como você, por que essas palavras têm todo o direito de existir. Só que é engraçado: em música pode, é um ‘jeito bonito do sertanejo se expressar’. Mas de verdade não pode, é ‘errado’. Queria entrar nessa discussão, mas depois de perder a batalha do erre retroflexo com Caetano, fiquei sem forças para discutir. Anyway, já fui bélica demais aqui. Só quero que você saiba que concordo com quase tudo o que você defende. E não perca a esperança: a língua é mais sábia do que todos nós, os gramáticos e os linguistas juntos. É só uma questão de tempo. Inté!

  303. Paloma, Rio, disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 4:58 pm

    Fernando Salém, puxa, puxa, mas que puxa ! eu amo mesmo isso. Pelo ‘Palomíssima’ esqueça tudo que disse sobre as gírias que retirei do seu texto sem lhe dar crédito. Fiquei magoada quando vc fez isso comigo, e já que eu sou a megera do blog, decidi dar o troco. Aí vc lançou um ‘Palomíssima’ e “mãe maravilhosa”, e deixou minha “estratégia” morta de arrependimento. Muito obrigada.
    ………

    Em contrapartida … se o meu mundo cair, toda vez que eu ler ‘paloma’, nos luedy’s, em caixa baixa, eu que aprenda a levantar.
    …..

    E para mim, Marilia encerra o assunto: “… não é o falar “certo” ou “errado” (o problema do indivíduo), mas a impossibilidade de escolher e circular entre os diversos falares…”.

    Defendo aquele que pode e fala corretamente, dentro das normas, rígidas ou, conscientemente, flexibilizadas.
    …………..

    abrs Paloma

  304. Wesley Correia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 5:16 pm

    Salem,

    Preciso de uma orientação: um amigo meu, que cursou até o 3º ano das séries iniciais por ter de trabalhar desde muito cedo e não poder continuar frequentando à escola, reclama sempre dos seus traumas e complexos por não saber falar “correto”. Eu tento consolá-lo, dizendo-lhe que a língua torna-se eficaz a partir do momento em que consegue cumprir com seu papel primordial que é o de estabelecer a comunicação entre os interlocutores da mensagem. Por exemplo: um lavrador (que como meu amigo não teve oportunidade de frequentar à escola, muito menos de concluir o ensino formal) ao fim de um dia exaustivo de trabalho, dirige-se à padaria e pede ao funcionário: “Me dá cinco pão!” e o funcionário prontamente lhe entrega os cinco pães. Tentei explicar para o meu amigo que se a língua tivesse mesmo posta nestes limites formais, o funcionário, em lugar de vender os cinco pães, pegaria uma Gramática normativa e lhe diria: “Infelizmente, o senhor não poderá levar os cinco pães, já que incorreu em dois erros gravíssimos de gramática, deixando de realizar a concordância nominal e a colocação pronominal adequada, conforme indicado nas páginas 89, 90 e 91, respectivamante.” Mas acho que isso não acontece, pelo menos não tenho conhecimento de nenhum caso desses. Entretanto, depois de todo este esforço argumentativo, meu amigo me diz que sou um hipócrita e que só digo estas coisas sobre a língua porque “sei falar bem”.

    Como devo proceder nestes casos?

    Obrigado,

    Wesley

  305. Guido Spolti disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 5:36 pm

    ESTOU REALIZADÍSSIMO, há muito espero saber o que Caetano pensava do autor da “História da Sexualidade” (que é bem legal. Adorei ter lido isto, imaginei o Caetano falando desse modo a uma multidão de “letrados”: “E não gosto de Foucault nada. Meu analista (que o conheceu) diz que ele era brilhante. Li As Palavras e as Coisas em 1967. Achei bonito. Mas depois vi tanto trecho de livro enrolação que deletei o apoiador do Aiatolá Komeini”. MUITO BOM!

    Há muita enrolação mesmo! Mas há, também, os modos de “fazer filhor por trás” como Deleuze comenta naquele livro “conversações”.

    Eis algumas deformações que fiz no modo de ver o tropicalimso a parti da leitura de Foucault:

    Até que ponto os tropicalistas identificavam-se com pós-estruturalistas franceses como Derrida, Foucault, Deleuze e Guattari é nesse âmbito incerto. Certo é que Caetano é leitor de Nietzsche, Deleuze e Guattari. Interessamo-nos aqui justamente no sentido dito não político do Tropicalismo por concordarmos que o âmbito político dos tropicalistas lembra mesmo o conceito político teórico, o paradoxal conceito limite de uma destruição política do político a partir do qual torna-se compreensível também o seu conceito do político.

    Os tropicalistas souberam como poucos dobrar a conceituação política, não necessariamente hostilizando filiações partidárias, mas tendo em si mesmos, aplicando a seus fazeres modos que evidenciassem outros maneiras menos heterônomas de um grupo pelo outro. Esta postura não abandonaria os trabalhos individuais de Caetano e Gil. Os tratamentos dados às composições enunciando sensibilidades religiosas e sexuais não visavam uma imposição de comportamentos mas uma reflexibilidade a respeito de estéticas diferenciadas de pensamento. Muito mais que representações uma verdadeira escola de pensamento era trazida pelas canções tropicalistas. O próprio fato da recusa pelos grupos de esquerda aos estilos tropicalistas evidencia uma opção pela recusa ao outro como uma inimizade pessoal e não como um diálogo vivo. Nisso, o diálogo dos tropicalistas com as outras vertentes culturais aproxima-se muito mais da amizade e da estética da existência, ao reformular constantemente as formas de pensamento.

    Uma meta existe para ser um alvo mas quando o poeta diz meta, pode estar querendo dizer o inatingível, na canção gilbertiana , esboça muito bem essa infindável busca de novas estéticas onde a existência é força propulsora. O inalcançavel, felizmente, por estar sempre renovando, articulando-se novas metas de relacionamentos, amizades, diferenciada do que é visto no sentido sentimentalista, como uma negativa às redes de prescrições, interdições e permissões que nos tornam sujeitos da vida privada ou pública. Os tropicalistas lançam-se do privado para o mundo. Querem que a canção brasileira saia do casulo. Pode-se mesmo fazer uma analogia com os grupos musicais e visualizarmos na séries jubilosas tropicalistas uma amizade que, ao contrário de se voltar por um acordo com as idéias vigentes da esquerda, apresentar-lhe como uma “ultra-esquerda à esquerda da esquerda”, uma amizade que transgride o lugar comum estreito da amizade. Amizade que rompe com as fronteiras das morais vigentes e leva o sujeito a se transformar, estilizando sua existência na presença do outro
    Ortega visa compreender o projeto foucaultiano desenvolvido na década de 1980 relacionado com sua morte iminente ameaçada pela AIDS. O que significa dizer que a temática Arqueológica (Saber) Genealógica (Poder) é acrescida de um terceiro componente: o sujeito. Não para confirmá-lo mas para deslocá-lo de suas identidades congeladas nas categorias do público e do privado por meio do poder subversivo da amizade.

    Provavelmente, quando os tropicalistas tiveram a recusa de aceitação de seus diálogos com as vertentes “alienadas” da cultura, não fora opção destes o distanciamento, antes, mantiveram com os grupos e indivíduos desses meios não um domínio mas uma conversação. O tom supostamente “acrítico” das canções tropicalistas são exemplos do “jogo agonístico e estratégico no qual os indivíduos agiriam uns sobre os outros com “a mínima quantidade de domínio”.

    Se pretendêssemos fazer uma espécie de genealogia da amizade nas práticas de si tropicalistas teríamos uma grande lista documental que poderíamos trazer à tona. Os resultados dos encontros com os concretistas e o elaborar mútuo de composições e arranjos com o grupo da música nova, o elogio aos Mutantes, o contato com o pessoal da Jovem Guarda, o encontro dos baianos nos eventos culturais da Universidade da Bahia, as críticas de Caetano à representação temática “de esquerda” no Arena Conta Bahia, a atitude de compositores como Edu Lobo e Dori Caymmi “ironizando” o Tropicalismo, a atitude de Chico Buarque em reconhecimento à importância do trabalho dos tropicalistas, as próprias canções posteriores onde o lugar do prazer está também para a superioridade da ação da amizade. Exemplos carregados cada qual com um grau de afeto e tensão. A amizade então estaria para enunciar outros modos de reinvento do sujeito entendido como a consciência de si, o saber-se gente, a partir da experiência com o outro.
    Assim, o prazer da amizade implicará em novos posicionamentos do sujeito onde nas relações de amizade o poder não se mascara desvelando-se ao sujeito sua condição primeira para as interpessoalidades. A amizade transgride a condição da fixidez da amizade desterritorializando-se de um lugar social marcado por objetivos fixos quando se trata de buscar satisfação pessoal ou perseguir ideais coletivos. Quer dizer, o sujeito não é uma condição identitária universalizada encontrando predicados outros que variam conforme cada agente e a consciência de si.
    O prazer explorado pelos tropicalistas, se comparado às subjetividades foucaultianas é um prazer qualitativo da experiência mantendo viva a relação de amizades e fazendo da ética do prazer uma fuga aos moralismos e totalitarismos reinventando cada vez as identidades fixadas seja de nação, governo, sexo e tantas outras coisas, multiplicando-as, desterritorializando-as.
    A crítica foucaultiana aos efeitos de violência correlatos à divisão dos sujeitos em espécimes sexuais encontra na cultura moderna (contrariamente aos estudos pré-modernos empreendidos na História da Sexualidade) um dano à consciência de si, porque a moral da suspeita em relação ao sexo destrói, pouco a pouco a confiança do sujeito na aptidão para conduzir os rumos de seu próprio desejo. Foucault aposta no corpo e nas sensações como modo de saída às garras do poder historicamente fabricados de nossos corpos, sexos e prazeres.
    Não pretende-se fazer uma longa citação da investigação histórica sobre a ética sexual e a arte da vida greco-romanas por Foucault na História da Sexualidade, especialmente o uso dos prazeres e o cuidado de si mas lançar luz à diferenciação detectada por Foucault entre o governo de todos e o governo de si, ou, as práticas de si, as comparando com uma erótica ou uma arte da existência tropicalistas. Por exemplo, para que o prazer possa ter um critério que o diferencie de um prazer puramente físico (evidentemente, não o desqualificando) redutor e voltá-los para uma erótica da alma, depois das experiências corporais, após as carícias, uma erótica ou uma “aphrodisia” que mapeando arbitrariamente alguns trabalhos de Gil e Caetano identificamos.

    A lista do livros lidos por Caetano começa a ficar bem interessante.

  306. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 5:55 pm

    Luiz Castello adorei o seu depoimento, achei que você foi mais abrangente do que eu, algumas coisas que você colocou são muito certeiras: marcou uma geração, ruptura, abandono, o lado sombrio com o lado luminoso da alma. Na mesma época li algumas obras de Aldous Huxley que também era humanista, e idealizava um mundo diverso, não vejo nele a mesma espiritualidade de Hesse, talvez pelos seus conflitos internos constantes por causa da cegueira, também me marcou nessa época um livro de Jhon Steinbeck “A um Deus Desconhecido” e do mesmo autor “Ratos e Homens” uma brochurainha fácil e gostosa de ler, e somente para terminar por hoje Franz Kafka e sua “Metamorfose” embora o que mais goste dele seja “Um Artista da Fome”.

    Jack Cardoso, ops… Jary Cardoso, isso que é vontade hein! Mais valeu teu esforço realmente muito lindo este texto, e demonstra sem modéstia a homenagem que Caetano fez naquele momento, muito bonito. E, esta ultima frase “com certeza, em algum outro lugar que não aqui, o samba deve estar muito mais animado”, me leva a uma reflexão alegre. Saiba que degustei de cada palavra para fazer compensar o teu sacrifício.

    Tenho um grande amigo chamado Barbosa, musico de mão cheia, uma delicia de pessoa.

    Beijos

  307. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 6:09 pm

    Heloisa aproveita a dica do livro postado pela Paloma e da uma olhadinha, estou adorando, aproveito para agradecer pela disponibilidade do Baile Funk Carioca ao Hermano. Gosto muito como Caetano escreve, gostei muito de ler Verdade Tropical, fiz uma serie de anotações, aprendi tantas coisas ali que desconhecia por completo, talvez por não ter vivido este tempo, fui uma pessoa tardia em algumas coisas como política e sexo, meu amadurecimento foi lento mais intenso. Fiquei deslumbrada com a forma que ele deu a este post, ficou tudo tão lindo e equilibrado, de uma sensibilidade que toca lá no fundo.

    Por falar em Vidas Secas minha irmã costumava dizer que não conseguia ler este livro sem pelo menos um litro de água do lado, isso para mim representava a autenticidade com que Graciliano narravas suas estórias, as dificuldades, aquela poeira toda que as vezes ficava entalada na nossa garganta a medida íamos lendo. Tenho predileção e admiração por muitos autores brasileiros, gosto do nosso Brasil e quando falo isso pra você ate os olhos se enchem de lagrimas de tão profundo e verdadeiro.

    Caetano vi aqui na tv o grande show que esta acontecendo em Washington para a pré-posse do Obama? Fiquei emocionada com a festa, senti que existe uma grande parte da população que esta feliz com ele como presidente. Existe todo este fantasma de atentado que creio que o acompanhara em grande parte de seu governo, enfim, creio que voltaremos a falar dele, será?

    Beijos e vamos ver se entra… hahaha

  308. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 6:21 pm

    Wesley adorei o seu exemplo dos pães, lembra que a brincadeira em São Paulo é que paulista pede 1 chopes e 2 pastel? Pois é, como diria José Abelardo Barbosa de Medeiros, popularmente chamado de Chacrinha: “quem não se comunica se estrumbica”, creio bem nisso. A idéia principal é a comunicação mesmo, é interessante como vejo hoje pessoas que através da Internet se relacionam com outras pessoas de outros paises sem saber outro idioma. Usam o tradutor para auxiliar, símbolos, que são os gifs animados, e algumas expressões como :-) que foram estabelecidas, não existe nenhuma diferença entre jajajaja… hahahaha… hehehehe… hihihihi, rs, acho isso maravilhoso, o mundo sem fronteiras, ou melhor, sem qualquer obstáculo. A criatividade que vejo no mundo virtual vai muito alem da língua com relação a comunicação. Tenho um amigo espanhol com quem converso algumas vezes pelo MSN e que certa me falou que eu era “única”, porque eu para faze-lo entender o que eu queria dizer quando me faltava a palavra em espanhol colocava a palavra em italiano e quando faltavam as 2 colocava logo em português mesmo e, ele ainda completava, o pior é que te entendo perfeitamente. Penso que é mesmo por ai, a comunicação não pode e não deve ter limites gramaticais, e, para desespero dos estudiosos não tem mesmo, a Internet, querendo ou não, se tornou o maior centro do “vale tudo” pela comunicação. Vamos ver o que rola por ai nos comentários.

    Gil pode ser que esta bandeira tenha alguma coisa a ver com a posse de Obama, talves seja uma homenagem do cantor… pode ser… tudo pode ser!

    Beijos emocionados

  309. Julio Vellame disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 6:33 pm

    Tou achando que Caetano tá enrolando agente com essa coisa de “perdi meu comment”…

    Deve tá na praia dos artistas ou no porto da barra…

    :-)

  310. gil disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 6:53 pm

    eu nunca entendi porque ubê quarenta aqui vira iubiforti, quer dizer, entendo mas…adoro falar emetevê ao contrário de emetivi ( e vibro com Caetano quando ele fala certo isso também)…quando vejo UB40 ou MTV falo o que leio…é claro que bitous é bitous e não beatles, mas letras e números?
    confesso que me dá dó ler aqui comment, prefiro tanto comentário…é tão nosso…é nós no blog total ( é nós o cacete hein…ehehe)…prefiro “baixar”a daunloude, mais simples, direto…me incomodo quando percebo a língua pouca pra dizer o similar de outra língua…somos tantos, há tanto tempo…é lindo quando o papa fala em português, o esforço do velhinho pra falar na nossa língua…foi bonito o Elton John se desculpar por estar falando em inglês, gentil, respeitoso, educado, Elton John é o máximo! ( mas foda-se hein Glauber…na boa…numas, vc entende) ele compreende onde estava…( o que não entendi foi a projeção da bandeira americana no telão, o gajo é inglês…bom, ok, esse mundo é americano, também…mas aquela projeção não tinha nada a ver). não gosto de foreign sound por conta desse meu jeito, não quis nem ouvir, sempre louvei Caetano ter dito minha pátria é minha língua na canção, aquilo me fez bem quando ouvi…entrou no sangue. não me importei quando Renato Russo fez disco noutra língua…mas Caetano…é nosso de um jeito especial. Pra mim é claro, com licença, tô falando de mim. Mas não me incomodei quando Caetano fez em espanhol, não sei porque…ibérico talvez, ainda somos nós…vai entender. ver a mineirinha com uaréver pra mim é como provar comida sem gosto, quero ela daqui também. Mas adoro as professoras de inglês, tão bacana, ensinando um pouco do outro mundo, é bacana. Detesto quando o Jô diz que os portugueses falam outra língua e que aqui é brasileiro. Vejo o jornal da SIC na TV portuguesa quase diariamente, um pulo nas imagens dos correspondentes europeus. Dá perfeitamente pra entender e acompanhar, cada vez mais, muito mais que há 20 anos atrás, a língua mãe está amaciando e isso tem a ver com a gente, nossa presença por aí, nossa música, nossa Tv e nossa gente. Vi outro dia Martinho da Vila falando de Cabo Verde, das maravilhas de lá, me imaginei chegando e sem GPS perguntando onde fica, quanto é, como é que faz e a moçada me entendendo, na língua. tudo na ponta da língua…de leve…

  311. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 7:09 pm

    Viana Vana Caravana,
    nunca brinquei o carnaval da Região dos Lagos, quando morava lá eu não curtia.
    Há dois anos que eu curto o carnaval e aqui no Rio - lá em Santa Teresa(Céu na Terra) ou na Rua do Mercado(Cordão do Boitatá). Tem também o “Rancho Flor do Sereno” em Copacabana.

    Na época em que eu morava em Cabo Frio, durante esse período eu ia à praia de manhã e o resto do dia ficava na janela ou no muro ou em cima da laje vendo a muvuca passar. Era gente fantasiada, era um trânsito caótico, quase que um carro em cima do outro. Me divertia vendo aquela confusão. Eu, meus irmãos e meus primos. A trilha era Banda Eva, É o Tchan, Exaltasamba, Hamonia do Samba e vários funks. O som Vinha dos veículos da rua.
    Quando acabava a novela víamos pela tv o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.

  312. Julio Vellame disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 7:33 pm

    Pamola e Joana

    Meninas, precisamos aproveitar que Hermano deu o ar da graça, parece que topou a idéia da leitura coletiva e escolher um livro sintonizado!!

  313. glauber guimarães disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 7:47 pm

    “Tou achando que Caetano tá enrolando agente com essa coisa de “perdi meu comment”…”

    Deve tá na praia dos artistas ou no porto da barra…

    hahahahaahahaha

    esse comment de vellame me fez rir pacas!

    hesse recria sidharta em seu livro, claro. acho que em menor ou maior medida, todo livro recria tudo que existe e está contido nele. é a visão de quem escreve. é o mundo passando por um filtro que é o olhar de quem escreve.

    gosto de muitas idéias no hinduísmo, mas não faço parte de nenhuma religião ou doutrina. crença é cultura. fé é vontade. há bastante religião e doutrina no mundo. e pouca ética. deus existe? pra mim, não importa. compreendem?

  314. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 7:50 pm

    Teteco desculpa acho que extrapolei, falei com paixão exagerada, obvio que cada um tem sua opinião pessoal a respeito das coisas, foi mal, mais já foi! Beijos com carinho, gosto muito de você.

  315. glauber guimarães disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 7:55 pm

    “sem cais” e “por quem” me pegaram nesses últimos dias. discão, viu?! discão…

  316. Miriam Lucia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 7:58 pm

    Espero que ainda seja em tempo Teteco desculpa creio que falei com paixão exagerada, obvio que cada um tem sua opinião pessoal a respeito das coisas, foi mal, mais já foi! Beijos com carinho, gosto muito de você.

  317. Fernando Salem disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 8:08 pm

    Vellame

    É claro que eu idealizo e romantizo o João Valentão da canção! Canções não são documentários.

    Faz um bom tempo que não vou ao carnaval da Bahia e adorei ouvir de você que a “violência que não era menos violência do que a de hoje”. Que bom. Não sou um cara especialista nem informado sobre esse negócio de violência no carnaval. Tomo o que você disse como uma informação.

    Quanto à palavra “paga” brincando com a palavra “pagã” não me referia aos custos de produção do carnaval. Falava de quem paga pra brincá-lo. O que (sobre isso estou informado) tem crescido em detrimento da folia “digrátis” de quem quer rosetá.

    Não gosto de quem bate em mulher. Sou preconceituoso?

    Wesley

    Você consola seu amigo dizendo…

    “que a língua torna-se eficaz a partir do momento em que consegue cumprir com seu papel primordial que é o de estabelecer a comunicação entre os interlocutores da mensagem.”

    Cacete! Isso não é consolo! Isso é um tratado!

    Não entendo nada sobre consolar pessoas traumatizadas pelo preconceito da gramática. Não conheço ninguém que padeça verdadeiramente desse mal. E olha que tenho brodagem em botecos, becos, padocas e tenho amigos analfabetos.

    Pô. Fro cara desencanar, você também tem que ser desencanado.

    Mete a língua!

    beijo na testa

    salem

  318. joana disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 8:48 pm

    glauber!
    que coisa! beijo suleado pra ti, guri
    sabes que faz dois dias que comecei a pensar em Por quem e Sem Cais? fico cantando e experimentando os sons. Por quem adoraria interpretar. gosto do jeito que os sons escorregam uns para os outros, apoiados por “blããx einh” “quein” “quem vái, quem sái” aqui, acho “músculo” extremente erótico. essa canção pra mim é erotismo puro.
    e Sem Cais me remete a uma repetição interessante. qd morei no rio fazia de õnibus o trajeto gávea- barra-copacabana, repetidamente, por causa de um trabalho. e eu gosto de sentar e ficar olhando pra fora, sempre. principalmente naquele trecho da estrada entre a gavea e a barra, olhando o mar batendo. e repetindo sempre.

    também acho que Caets está na praia, de “Rai Bã”, tomando uma Coca cola, de sunga amarela. e enrolando com essa história de comentários (essa foi pro Gil) que se evaporam na rede desse saiber (pro Gil também) mar.

    hermano:
    agora vc mexeu com meus mioletos. qual seria a obra desta Obra?
    qd comecei a pensar em livros pra ela, deu branco total

    gosto muito dos argumentos de todos por aqui, somando algumas coisas, subtraindo umas bolas fora e dividindo os lucros, essa obra esta se saindo com muitos andares.

  319. lucre disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 9:25 pm

    El tema por acá me supera y me acordé de mi amiga Laurie Anderson y su “Language is a Virus”. Me encanta y ahora sigo con mi “mambo” ya que no puedo agregar nada coherente a lo que están discutiendo. Me siento sapo de otro pozo. A veces parece que muchos por acá sufrieran de “incontinencia” verbal”, esto dicho con cariño y también me incluyo yo con mi “diarrea bucal” digamos que semanal. Los admiro por la capacidad de hablar de todo que tienen. Imposible seguir las discusiones en portugués, me pierdo y no entiendo ni la mitad de lo que “hablan”. Exequiela y Vero, algo en español por favor.

    Antes que nada, Exequiela, gracias por soñar por mi. Te cuento que el fin de semana siguiente a tu sueño y a mi muerte virtual me ocurrió algo gracioso. La madrugada de ese domingo me encontró en la casa de unos amigos en un balneario cerca de Montevideo, totalmente desvelada e incapaz de conciliar el sueño. Daba vueltas y vueltas en la cama sin poder dormirme, incapaz de soñar algún sueño mío hasta que en una me doy cuenta que estoy soñando despierta tu sueño. Dada la hora avanzada, me fue imposible pedirte permiso para hacer uso del mismo y menos contactarme con tu representante de los sueños para arreglar las condiciones y el pago de los derechos de autor correspondientes. Espero que no te molestes. ¡Juro que tus discos los compraré!. Se que Joaldo es tu representante artístico pero no se si maneja también el asunto de tus sueños.

    En fin, me tomé el atrevimiento de realizar algunas modificaciones (dejé a Joaldo y a ti afuera y cambié Amaro Oh! por otro lugar) y me dediqué a soñar tu sueño un rato hasta que en una me debo de haber dormido, incapaz de recordar el momento exacto en que esto ocurrió como suele suceder. Pegado a la casa en la que intenté conciliar el sueño también dormían aparentemente en ese momento una pareja con 7 u 8 niños y adolescentes de entre 5 y 15 años que nunca habíamos visto y estaban alquilando esa casa. Habíamos estado el sábado preguntándonos si serían todos hijos de ellos y en caso de ser así la conclusión a la que arribamos es que o eran extraterrestres o del Opus Dei (con los debidos respetos).

    El asunto es que alrededor de las 10 de la mañana del domingo me despierto con el sonido de una guitarra y un coro de niños que cantaban y agradecían al Señor. Lo primero que pensé es que me venían a buscar del más allá virtual y que dado que había sido buena, un coro de ángeles me acompañaba mientras hacía mi ingreso al paraíso virtual.

    Luego de esta confusión inicial me di cuenta que el sonido venía de la casa de nuestros vecinos y me dije ¡Bingo!, creo que acertamos. ¡Juro que es verdad!. Me puse a vichar por la ventana, tapada por una cortina y vi a toda la familia sentada alrededor de una mesa mientras desayunaban y cantaban. Me quedé mirando toda la ceremonia y me encantó. Me recordó a cuando iba a la iglesia con mi abuela y como me gustaba cuando cantaban. A partir de la muerte de mi querida Abu he estado lejos de la práctica de cualquier culto religioso y aquí lo relaciono con mi dos “otros” y con algo que comentó Joaldo. El dice que en su viaje a Santo Amaro se encontró con un Caetano sencillo, etc. etc, y hace referencia a la idealización que de su persona tenemos algunas de las mujeres por estos lados. Yo digo que si, que lo tengo totalmente idealizado y que a veces pienso que es una de las maravillas del mundo. Me encanta pensar así, me divierte y me hace reírme de mi misma. Pienso que lo más cercano a la práctica de un culto religioso que he vivido es el seguimiento de las páginas de los dos “otros”. Pero bueno, es una fantasía obviamente y de ahí a pensar que sean Dioses, bueno, no se, estoy exagerando un poco.

    Pero si, digamos que son mis “Dioses” aunque en el fondo se que no lo son y es mejor que así sea. Acepto que me encanta pensar así y sobre todo me divierto un montón con mis rituales muchas veces ridículos, con mis “plegarias” , mis “rezos” y mis enojos. A veces se complica un poco cuando me viene un fervor religioso demasiado intenso y mi conducta comienza a preocuparme. En estos casos opto por darme una ducha fría, salir a caminar o distraerme con lo que sea hasta el siguiente ataque de fanatismo. No me gustan los fanatismos religiosos, bueno, los fanatismo de ningún tipo y así la voy llevando. Digamos que estos comentarios son como una especie de “ofrenda” a mi “Dios”. Aunque me di cuenta que mi religión tiende a ser monoteísta. Eso de “adorar” a dos dioses al mismo tiempo me agotó realmente y ahora pienso que quizás por eso decidí morir virtualmente para uno. Si, soy mujer de un solo Dios. Aunque no tan así, es una mezcla “rara”. O sea “creo “ en los dos, me acompañan siempre al igual que otros Dioses menores pero sólo puedo realizar “ofrendas” a uno a la vez.

    Si, ahora me di cuenta de esto y es por eso que no reviví por ahora. Aunque esto puede cambiar. ¿Cuándo esta OeP termine volveré a mi culto con el otro?. No se, por lo pronto espero que dure un buen tiempo más. Me encanta asistir a este templo. ¿ Y Verdad Tropical vendría a ser la biblia entonces?¿Y Hermano que vendría a ser?.

    Supongo que un cura “confesor” de alguna manera. Todos “confesamos” algo por acá, comentamos cosas y él lee todo, “castiga” a veces y otras supongo que debe reírse y decir algo como “que la paz sea contigo”. ¡Hermano, vigílanos pero no nos castigues parafraseando a Foucault que ha sido nombrado por acá!. A veces también pienso que en lugar de un templo esta OeP es una especie de “carcel” que nos tiene a muchos atrapados y no nos deja salir. O un hospital donde a veces venimos a “curar” algunas heridas o una escuela donde venimos muchos a aprender y aprehender. En fin, supongo que es una mezcla de esto y muchas cosas más. Por lo pronto mi ofrenda del día de hoy termina por aquí.

    Joaldo, espero leer algo más de tu viaje a Santo Amaro antes de irme de vacaciones. No nos dejes con la intriga por favor. Me encantó tu forma de referirte a Vero, adoré eso de Verinho. Muy dulce por cierto.

  320. nelson disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 10:03 pm

    heloisa,
    minha eterna musa inspiradora….

    o sertão de gil é um retrato cantado para alem do sertão…é lamento é solidão é demonstração de força é identidade cultural pelo determinismo do espaço.

    mas a gravação definitiva pra mim é de dominguinhos

    porque tudo é perigoso
    tudo é divino e maravilhoso….rsrsrsrsrs

    atenção
    alegria
    menina
    quantos anos vc tem?
    olhos firmes
    divino
    maravilhoso
    atento
    forte
    morte
    palavrão
    samba exaltação
    janelas
    asfalto
    sangre
    chão.

    bjs

    ps:penso num belo horizonte…..rsrsrsrs.

    sou como res desgarrada nesta multidão boiada caminhando á esmo……cacilds aí eu fico com os olhos cheios d agua….

    http://www.youtube.com/watch?v=qVeml5Adnm4

  321. Paulo Osório disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 10:25 pm

    Opa! Nada de dizer mal de Eça de Queirós. Senão eu viro Fera Ferida!!!
    Ordinariamente, quem diz mal de Eça, na verdade, não conhece.
    É, em minha opinião, o melhor escritor português(prosa) de todos os tempos.
    Detesto Saramago e Lobo Antunes. O melhor escritor Português vivo é João Aguiar.
    Adoro Hesse, Jostein Gaarder, Camus,Steinbeck, Verne, e até Tchékhov.
    Agora Eça é Eça…

  322. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 10:33 pm

    Xi, pus um texto grandão do Tarso de Castro, engraçadíssimo, e ele foi pro vinagre… :(

  323. glauber guimarães disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 10:56 pm

    gil,
    1] “Elton John é o máximo! ( mas foda-se hein Glauber…na boa…numas, vc entende)”

    não. não entendi.

    2] quanto à bandeira americana no show do elton john, acho extremamente previsível sua opinião. e é extremamente compreensível pra mim que você não entenda. vou lhe dar uma dica: a música que o elton john faz [e que mudou sua vida], é americana. não inglesa.

    3] acho um exagero quando se usa termos em inglês para liquidação, desconto, essas coisas. sampa faz muito isso.
    comecei a aprender inglês muito cedo, com uns 8 anos. queria saber o que os beatles falavam no sgt. peppers. é minha segunda língua. falo em inglês com gente do mundo inteiro no myspace. é natural pra mim.

    4] e velhinho, na boa, seu jece valadão tá soando meio j. edgar hoover. oh well, whatever, nevermind…

  324. Bruno Guimarães disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:16 pm

    O livro que vejo como sendo dessa obra é o “o que a esquerda deve propor”, do Mangabeira Unger.
    Outro seria o “arriscar o impossível”, mas esse Tom Zé já faz…

  325. Julio Vellame disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:22 pm

    Paloma e Joana (dois nomes massa)

    Meninas, precisamos aproveitar a aparição de Hermano e escolher um livro!!!

  326. glauber guimarães disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:30 pm

    joana,
    “beijo suleado”. gostei disso. e “ouvir” você dizer que acha “músculo” extremente erótico é que é deveras sensual…sexyrreticênciasss, haha. coincidência o lance das músicas, hein?! jóia.
    ……………
    hermano,
    tentei pensar num livro que tenha mais a ver com o blog e fracassei miseravelmente. difícil.
    ………………
    o pop-poeta joaldo foi abduzido???

  327. Wesley Correia disse:
    Janeiro 19th, 2009 at 11:31 pm

    Salem,

    Obrigado. Muito obrigado mesmo. Você operou a catarse em mim. Brigado de novo.

    Wesley

  328. carolina disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 12:24 am

    Hermano,

    Que alívio! Pensei que minha lista de livros tinha sido censurada pela sua falta de relevância! Enfim, nada pessoal é coisa de bug virtual mesmo, ufa!

    Joaldo, Joaldo, Joaldo… Essa demora está entre a perversidade e o egoísmo…

    Bjs (menos pro Joaldo)

  329. gil disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 12:28 am

    OBAMA É ORFEU!

  330. gil disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 12:29 am

    Viva Barack OBAMA!

  331. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 12:29 am

    pôxa, eu também fiz um comment do cacete segundos atrás…

    (dizendo pra Miriam que jamais peguei ou pegaria mal com ela, pelo fato dela defender Herman Hesse e detonar Pound e tentando explicar à ela que o apoio de Pound ao Mussolini foi tão somente um “desvio ideológico” mais na tática de Galileu…salvando a própria pele)

    …mas o texto sumiu misteriosamente nesse mar eletrônico.

  332. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 12:37 am

    Hum..hoje já é 20 de janeiro ( quase sempre escrevo de madrugada e me perco em datas)
    e
    enquanto Obama toma posse
    eu tomo um porre…
    não de vinho, cerveja, maconha ou similares.

    mas, um porre de esperança
    verde, verdejante
    como a esmeralda sonhada pelos bandeirantes

    e é tão bom sentir esperança
    sentir o sopro feliz da esperança e da mudança
    fazer zum zum nos nossos ouvidos…

    vai nessa OBAMA !!!

  333. chee-sho disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 2:18 am

    Teteco dos Anjos, deixe o poeta seguir sem explicar o poema, pô. Como você disse, ele já fez Peter Gast. Já falou do oculto que no entanto é óbvio. Entre outras. Quer mais que isso? Aí já é, como advertia Jobim, querer cheirar as chinelas de Stravinsky.

    Caetano, um reparo histórico ao Verdade Tropical: Rogério nunca foi professor da Escola (Superior) de Desenho Industrial do Rio. Pior pra ela, diga-se. Foi meu mestre no MAM, em ‘65, num exaltado curso de tipografia. Na verdade esta era mero pretexto, Rogério nos dava conta do mundo e da teoria, como você bem pode imaginar. Mas nos passou também o assunto da matéria com um grau de entendimento e paixão que nenhum professor da dita escola, que frequentei depois, demonstrava. Recentemente ele postulou, num concurso, uma cadeira por lá. Perdeu. Os caras não têm a menor idéia…

  334. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 3:21 am

    Paloma:
    “se o meu mundo cair, toda vez que eu ler ‘paloma’, nos luedy’s, em caixa baixa, eu que aprenda a levantar.”

    : - )

    ora, vc é que assina à la t.s. elliot (ou seja, tudo em caixa baixa). Depois é que vc passou a assinar com o P em maiúscula.
    apesar dos pesares linguísticos que nos dividem, eu gosto de vc e de seu senso de humor. repare no meu mal-humor não.
    do obsessivo obcecado,
    luedy

  335. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 3:23 am

    Já ia esquecendo, valeu Heloisa pela palavra de sabedoria.
    luedy

  336. guto guimaraes disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 4:06 am

    Gil
    Vem p ca, vem p tucson no deserto de sonora, tem um teatrinho aqui legal, chama rialto, ja vi mta gente legal la, lucinda williams, john mayall, uma orquestra de salsa de cuba, etc. No show do j.mayall foi legal cheguei cedo e nao tinha mta gente ainda, fiquei no auditorio sentado numa cadeira de lata dessas do tipo de boteco e derrepente vejo um cara de cabelo branco cumprido, com um oculos na ponta do nariz de camiseta regata montando a bateria e depois montando o orgao e checando os instrumentos e era ele o j,mayall ele mesmo montando os instrumentos da banda, achei aquilo super legal, pensei comigo porra esse gigante do blues fazendo tudo isso, que barato.
    O show foi super massa , ele toca tudo, guitarra, gaita, orgao, canta e a banda q o acompanhava era excelente, depois do show ele pegou uma sacola sentou na beira do palco, abriu a sacola tirou uma placa feita num pedaco de papelao q estava escrito t shirt 20.00 e cd 18.00 algo assim nao me lembro e comecou a tirar o celefane do cd e autografar e conversar c a gente, foi o maior barato, fiquei super emocionado vendo esse musico q sempre admirei e que e um dos melhores bluesmem fazendo isso c a maior simplicidade .entao gil, vem pra ca no deserto de sonora, o mesmo deserto q o don juan do castaneda vivia, o deserto do saguaro, do palo verde, do mesquite do tohono odhan tu vai gostar
    um abraco
    guto

  337. ju disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 5:50 am

    prezado caetano veloso,

    espero encontrá-lo e aos seus com toda saúde e disposição.

    Este blog - interessante, vivo – me lembra - a estrutura de “o jogo de amarelinha”. Lindíssimo livro … n acho seu post… então, uso a lembrança.
    quanto a nova ortografia: não contém a língua, o idioma, a intensidade da liberdade?
    Eu sinto este apego, símbolo irrisório.

    “me deixa viver….me deixa cantar…”
    “eu vou viver dez, eu vou viver cem, eu vou viver mil, eu vou viver sem voce…”

    Beijo.

    Vc ficou, em minha opiniao, mais livre, menos arrogante, pessoa muito mais bonita!
    Obrigada,

    Talvez te sobre tempo<. “odeio”?

  338. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 5:51 am

    Hermano, sem problemas! Já aconteceu isso no meu blog, o programador deu um jeito, e até hoje honestamente nunca entendi o que acontecia.

    Pra mim, é como se fosse um Triângulo das Bermudas ou algo do gênero. Faço de conta que acredito, mas não acredito para manter meu ceticismo de birra espanhola, de todo modo vi a coisa acontecer, com estes olhos que a terra não comerá, pois sou imortal :)

  339. gil disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 6:10 am

    baianinho de segunda língua, não somos adversários nem tenho veneno pra vc, muito pelo contrário. quero teu bem. eu gosto de esgrimar é com Salém, que é o cara…eheheh…eu quero pegar o Salém… os Beatles também mudaram a minha vida, pra melhor…nunca quis saber do que eles falavam, queria vestir como eles, usar os cabelos, dei meu primeiro beijo ouvindo uma música do álbum branco…ou seja, sou americano como vc, de segunda língua. a história me proporcionou outras novidades também, e deu no que deu. vc segue sua trilha, eu gosto do som da sua banda. vc soa, eu sonho com fila na porta do teu show…vivo pra isso.
    mas ó, na boa, vc está impressionado, tá vendo autoridade e repressão na sombra, tem alguma coisa te impressionando e não vem de mim não hein…juventude rebelde e reprimida? perseguida pela autoridade? isso é pra quem tem menos de 20, mais de 20 não tem graça…é mimo.

  340. gil disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 6:26 am

    guto, tô indo pra outros lados mas já ouvi falar de sonora e j. mayall é tudo! aproveite tudo aí…se pudesse ia guto, vou sempre pra esses lados também, eu gosto até de miami e os melhores dias da minha vida passei em nova york, volto sempre. gosto dos americanos e dos ingleses, o amor da minha vida mora em londres, foi estudar, fez faculdade e hoje trabalha e vive por lá. vou sempre que posso. se parece no que digo alguma coisa diferente, ou releia de novo ou me expressei mal…ou o problema não é meu. gosto tanto deles que quero muito de lá aqui também. eu quero ser nacionalista como Barack Obama entende?

  341. Paloma, Rio, disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 8:41 am

    A BÍBLIA !

  342. Paloma, Rio, disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 8:49 am

    E já que a Bíblia caiu na minha cabeça … costumo dizer, sobre os comentários abduzidos ou quando qualquer outra coisa que espero não acontece, sem motivo aparente, simplesmente : ‘deus não quis!’

    abrs Paloma

  343. Julia Debasse disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 9:18 am

    A bandeira norte-americana no show do Elton John provavelmente é um aceno para o Barrack, e o povo que o elegeu - ou melhor, um suspiro de alívio pelo fim da Era Bush. Essa é a forma que encontro para justificar o que muito provavelmente é justificável, já que o Sir Reginald não é nenhum idiota - muito pelo contrário.

    Não me incomodam tanto as palavras inglesas que usamos no nosso dia-dia (como não me incomodam as francesas, ou as árabes) - me incomodam, sim, as traduções toscas de “formas de falar” americanas. Quando dizem “evidência” (evidence) ao invés de “prova” ou “pista”, quando usam a construção (tão popular entre os atendentes de telemarketing) “Estaremos enviando…” (que é igualmente irritante na sua forma original - “we’ll be sending…”) que chegou aqui por tradução. Sou a primeira a admitir que eu muitas vezes acabou inventado palavra traduzida, e quase morro de vergonha.

    Eu cresci viciada em internet e videogames - se eu não soubesse falar inglês seria por uma completa e acachapante falta de vontade de prender!

    Vejo agora o meu irmãozinho aprendendo sobre futebol (e quem aprende sobre futebol aprende sobre o mundo) jogando a versão bucaneira (comprada na Uruguaiana), made in Brasil de um jogo japonês para PlayStation 2 em que os genias piratas substituem tudo por referências brazucas - músicas do Tim Maia, narração do Galvão Bueno, comentários do Noronha, símbolo do SportTv no canto da tela, e todos os times do brasileirão, com os jogadores representados fielmente. Sempre que muitas novas contratações são feitas, sai uma versão nova do jogo com os jogadores novos em seus respectivos times.

    Isso tudo é pra dizer que, no fim das contas, a gente consegue transformar o que vem de fora em alguma coisa nossa (mesmo que para o mal, como a versão Tropa de Elite do GTA). Põe o Galvão no Winning Eleven, põe atabaque no Miami Bass.

    J.

  344. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 10:10 am

    Heloísa,

    já assistiu “Viva São João!”, de Andrucha Waddington?

    No final do filme Gilberto Gil carrega à décima potência a transmissão do que é para ele o sertão, através de sua poética milagrosa. É de arrepiar, de chorar de emoção, como em “Lamento Sertanejo”.

    O que ele disse no fim do filme me trouxe viva a imagem do rosto áspero, forte, rude e de olhar doce de meu avô, nascido em Almino Afonso, no sertão do Rio Grande do Norte. Meu pai, potiguá de Patu, mais sertão que agreste, chorou igual menino quando assistimos o filme no Canal Brasil.

    Um pouco da fala de Gil (com o perdão pelas falhas de minha memória):

    “O sertão é como umbu, azêdu. Mas doce, muitcho doce quando é doce.”

  345. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 10:12 am

    Pessoal,

    antes do conselho de Hermano, eu já vinha escrevendo meus comentários no bloco de notas, copiando-os para cá depois de salvos.

    Nunca perdi um comentário. Acho que é uma boa forma de não perder “comentários do cacete” por aí…

    Abraços,
    Ricardo.

  346. Guido Spolti disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 12:59 pm

    A proposta herética e criativa contra a ortodoxia da esquerda do “o que a esquerda deve propor” é interessante, mas creio que não a obra afins com o “Obra em Progresso”. Minha sugestão seria mesmo o VERDADE TROPICAL (gosto muito), mas, nem isso, um livro-obra saído do blog mesmo, talvez…

  347. Luiz disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 2:18 pm

    NORMA
    (Victor Loureiro)

    A poesia
    é a face oculta
    da gramática.

  348. Roberto - um Índio: virá que eu vi! - Joaldo disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 2:34 pm

    Castello, Glauber e Carolina (e quem mais me chama por aqui)

    Não tenho podido acompanhar o compasso da OeP nos últimos dias, muito envolvido em concertar todo o patrocínio inicial que permitirá pôr a nave da Impertinacia no ar - algo mais capital neste momento que a discussão do próprio pré-piloto: a rolar a qualquer instante dentro de um grupo dos mais ativos infocaetanautas e mais uma pessoa de fora.

    Realmente, exatas 24 horas após minha ida para a inesquecível festa em Amaro-oh!, e num jato contínuo, escrevi um comment-dromedário sobre a bela noite que desfrutei na terra de Caetano. Mas, como já relatei a todos, após várias tentativas não consegui postar, pelas dificuldades técnicas que esta OeP passa, e das quais nem o Caetanino escapa, como pude conferir mais acima.

    No último domingo, eu ia fazê-lo. Mas saibam que no Internet Explorer o site não parava de carregar. No Firefox, carregou, mas travou e o browser pedia pra ser reiniciado. No caso do IE, eu estava somente com a janela do OeP aberta. No caso do Ffox, eu estava com o Gmail aberto também.

    Saibam que eu me senti muito feliz transmitindo todo o carinho de vocês ao Caetano, e fui recebido ternamente por ele e sua família - andei antecipando aqui! Acontece que refiz, sem alterar no essencial, o meu diário de bordo da viagem, que passa a ser uma obra em vários momentos praticamente coletiva com Gilliatt, Exequiela, Vero e Julio Vellame, com quem conversei tanto por outras bandas virtuais, e com o último pessoalmente, durante a semana. Será algo que contará com trilha sonora e visual!

    Postarei antes de retornar a Santo Amaro pra ver o show de Caetano e Bethânia (creio que o show será com ela também) na noite da próxima sexta. Rodrigo Veloso me convidou para aparecer e aproveitarmos para desenvolver o papo sobre o ideário de implantar um circuito de Cineclube lá.

    Vamos comigo Julio Vellame? Chama o nosso astrólogo Fernando!

    _______

    É com muita alegria e entusiasmo que comunico aos amigos a entrada para a empresa que ficará à frente da publicação da Impertinacia da miriamilucíssima: a Miriam Lucia! Estaremos nos encontrando em Sampa no mês que vem para formalizarmos a sociedade comercial. Ela vem se associar comigo, e atuar conjuntamente com minha parceira de orquideário desde a primeira hora: Exequiela!

    _______

    Mano Glauber, preciso de uma interação pessoal o quanto antes contigo. Eu te passei meus fones por e-mail. Saia da toca virtual, rapá! Lembra do papo da rádio web?

  349. Luiz disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 2:34 pm

    Adoro o “You is” de Porgy & Bess.

    Também gosto muito de funk e acho o livro do Hermano um acontecimento. Mas queria que o funk acabasse e que, acabando, pudéssemos passar logo adiante, pra um capítulo parecido com aquele em que chegou a história do samba — que já conseguimos cantar livremente abstraídos das misérias e dos preconceitos que o fundaram e o perpetuaram.

    Por fim, a despeito dos muitos trabalhadores mortos na sua construção, trocaria na boa a ponte Rio-Niterói por mais uns anos de vida pra Maysa — que eu me recuso a ver e ouvir como aquela mulher-mala total dessa minissérie que acabou de acabar.

  350. Licia disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 2:51 pm

    Que medo é esse do certo e do errado? Será que tudo é mesmo relativo? Será que se os nossos filhos falarem “pobrema” nós vamos ver beleza nisso e não os corrigiremos? É certo ou errado corrigir? Será que as pessoas que não estudaram preferem não ter estudado? Será que esse blog existiria sem que seus participantes tivessem passado por escolas formais? Será que era melhor que esse e outros blogs não existissem? E se todos nós falássemos “nós vai” conseguríamos nos entender melhor?

  351. glauber guimarães disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 2:54 pm

    gil,
    só mais uma coisa:
    gentileza é fundamental. civilidade para dialogar. veemência é uma coisa, bicho. falta de educação é outra. ninguém ganha nada no grito. tenha modos, por favor…

  352. Heloisa disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 5:10 pm

    Vellane, você até pode não entender de literatura e crítica, mas sua explicação sobre os sertões da Bahia foi belíssima. Obrigada.

    Miriam, amo os livros desde sempre, de uma forma que o tempo só faz aumentar. Por isso, sua emoção ao falar de literatura brasileira acerta o alvo de uma forma que me enche os olhos também. Baci, linda!

    Paulo Osório, eu já ia dar meu grito, mas você se adiantou: também viro fera ferida quando falam mal de Eça. E me irrita essa ideia de que é antiquado, ultrapassado. Tenho aqui, encadernada e ilustrada, uma monografia sobre ‘A cidade e as Serras’. A partir da narrativa de Eça, pesquisei a literatura de várias épocas e nacionalidades, até os jornais de hoje, abordando a polarização cidade/campo e os efeitos da tecnologia no cotidiano. Quando terminei minha apresentação, todos na sala choravam. Digo tudo isso só para destacar o frescor e a atualidade de uma obra escrita no século XIX. Viva Eça!

    Nelson, você definiu o lamento de Gil e Dominguinhos da mesma forma que eu o sinto. Apesar de mal conhecer o sertão, sempre me emociono com a rês desgarrada. Porque é como me sinto, muitas vezes - coisa de quem mora na terceira margem do rio. O sertão é mesmo dentro da gente. Obrigada pelo carinho e pela música.

    E viva Obama!

  353. Heloisa disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 5:26 pm

    ‘Sentir o sopro feliz da esperança e da mudança
    fazer zum zum nos nossos ouvidos…’

    Teteco, meu poeta, isso é tão lindo que precisa ser repetido hoje, muitas vezes.

  354. César Lacerda disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 5:49 pm

    Eu gosto de Obama. E também gosto da coisa de gostar do Obama. Gosto dele ser mulato nos EUA(s). Gosto dele ser um suspiro, um respiro. Mas, confesso, tenho medo dele virar um… espirro.
    A ideia (afinal agora não tem mais acento… e isso é horrível) de que ele pode ser um fantoche da “geleca” neoliberal (norte-)americana me assusta.
    E também acho que, como na posse do Lula, existe uma expectativa geral, um tanto quanto pueril, de que ele assuma uma postura… âh… Guevarista.
    Os hippies brancos barbudos de 68 aos poucos vão dando lugar aos negros…

    Seria Obama um pós-hippie?

  355. Paulo Osório disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 6:23 pm

    Minha cara Heloisa,

    Apesar de eu não escrever muito por aqui (pelo menos não sou um habituée como Salem, Gil, Vellame, Glauber, Miriam, Teteco, Lacerda…) tento sempre acompanhar o que se passa por aqui, e devo confessar que já estava com saudades de você!!
    Ainda a propósito de Eça, e já que você é fã de A Cidade e as Serras, penso que você deve saber que Tormes existe mesmo!!! Tormes, uma quinta no Douro (Património Mundial da Unesco), onde hoje é a sede da Fundação Eça de Queirós, cujo presidente é uma neta de Eça. Lindo, lindo. Sempre que posso vou lá.
    Dentro da casa existem numerosos objectos e livros pertencentes ao espólio de Eça. Até o vinho verde que Jacinto e Zé bebem no livro, existe mesmo!!! Vinho verde de Tormes.
    Se um dia você vier cá terei todo o gosto de fazer uma visita guiada procê…

    Gil e Glauber: calma meus caros… Bom senso… Então???

  356. gil disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 7:28 pm

    glauber, eu mereço, vc tem toda razão, perdi, pronto…vou tratar dos modos pode crer…siga em frente, prometo melhorar os modos. abração

  357. Viana Vana Caravana disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 7:57 pm

    Rafael,passei dois anos seguidos o carnaval em Arraial do Cabo e nos dois passados não.E infelizmente,viu?Jamais imaginaria que naquele pedaço de paraíso do azul mais transparente marinho inspirador do “Barquinho” da turma da bossa nova acontecesse a magia de um carnaval funk translumbrante a luz do dia.Talvez por Arraial ser a mais pobresinha,abandonada,largada,decadente e esquecida das cidades da região,a moçada que vem das perifas do Rio tem ali condições econômicas de bricar o carnaval na praia.E muita gente linda,gostosa,educada e divertida.Mas para variar tinha os que queriam acabar com a festa.Por isso é que o “Garoto do Arraial do Cabo” e de toda região dos lagos deviam ficar mais atentos para o umbigão narcísico e irrestível que é a cidade do Rio de Janeiro e sua proximidade,capturando demais as atenções para si somente si mesma.Alías o Rio acaba por tambem sofrer com essa detenção de seu deslumbre.Incha!

  358. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 20th, 2009 at 8:51 pm

    Esse comentário da Lícia é maravilhoso, porque ela expõe as questões de modo direto. É quase como se ela fosse aquele lateral que levanta a bola na área pra gente cabecear. Espero que consiga fazer o gol.

    “Que medo é esse do certo e do errado?”
    É o receio de que o que temos como “certo” (e consequentemente como “errado”) tenha sido naturalizado em nós nestes termos tão binários, algo que ignora contextos, histórias, lutas políticas. Naturalizar aí significa escrever uma “história” em nossas memórias públicas, apagando outras histórias, outras experiências, outras perspectivas. Aceitar que há “certo” e “errado” sem se perguntar pelas condições que autorizam alguns a proferirem essas certezas, como se elas fossem as únicas possíveis, é congelar a história.

    “Será que tudo é mesmo relativo?”
    É, sim, Lícia. Nossas verdades são sempre contingentes - situadas em tempos e espaços determinados.

    “Será que se os nossos filhos falarem “pobrema” nós vamos ver beleza nisso e não os corrigiremos?”
    Depende. Corrigir já pressupõe “erro”. Meus filhos não falam “pobrema”, mas falam “eu vi ele/ela” e falam muita gíria (”pô, véi”). Eu não os corrijo.

    “É certo ou errado corrigir?”
    Eu diria que a gente deveria partir de outras premissas, primeiramente. Compreender que quem fala “pobrema”, “pranta”, “broco” etc, está obedecendo a uma tendência existente em nossa própria língua portuguesa, que os linguistas chamam de “rotacismo” e que consiste em trocar o “l” pelo “r”.
    A língua portuguesa sofreu variações e mudanças ao longo do tempo que culminaram na troca do “l” pelo “r”, como no caso de , , ; ou no caso de para . Quem ainda hoje fala “broco” está mantendo aquela tendência.
    Então, se não há “erro”, por que deveríamos corrigir? E mais, por que deveríamos atribuir ignorância, burrice, “caipirice”, e toda sorte de adjetivos pejorativos a estes falares?

    Essa não é uma questão qualquer, Lícia, eu sei disso: a gente não quer que nossos filhos, que nossos amigos, que as pessoas sejam ridicularizadas. Mas tudo muda quando compreendemos que há uma razão de ser para isso, não?

    Agora, se você me pergunta se eu corrigiria meus filhos, caso eles falassem “pranta”, eu te diria que tentaria fazer com que eles aprendessema lidar com as duas modalidades: a modalidade considerada de “prestígio” e a própria modalidade usual deles. Isso é uma vantagem? Sim, creio que sim. mas essa vantangem não me faz ridicularizar ninguém que fala uma modalidade distinta da minha. Pelo contrário, acho bonito perceber as diferenças.

    “Será que as pessoas que não estudaram preferem não ter estudado?”
    Crianças da zona rural que são ridicularizadas pelos seus professores, às vezes preferem não retornar à escola. E estudar não é só aprender que uma única modalidade de fala é a mais correta, ou é “a correta”. Estudar deveria ser também respeitar a diversidade cultural e lunguistica existente.

    “Será que esse blog existiria sem que seus participantes tivessem passado por escolas formais? Será que era melhor que esse e outros blogs não existissem? E se todos nós falássemos “nós vai” conseguríamos nos entender melhor?”

    Se alguém me diz “nós vai” eu entendo o que se quer dizer, perfeitamente. O problema não é esse, portanto. Mas concordo contigo, buscar dominar o idioma através do estudo (que não se reduz a reificar uma única modalidade; e que nem é aquela que se encontra congelada nas gramáticas normativas tradicionais) é algo que deve acontecer na escola, preponderantemente, uma vez que é a ela que atribuímos papel socializador e democratizdor do conhecimento. Enfim, precisamos de uma norma padrão, mas não temos porque apagar as diferenças e nem ridicularizá-las,menosprezá-las.

    Um abraço, do incansável,
    Luedy

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