Erasmo, Glauco, Álvaro Guimarães (18/10/2008)
ERASMO, GLAUCO, ÁLVARO GUIMARÃES |
18/10/2008 6:42 am |
Álvaro Guimarães foi uma pessoa determinante na minha formação. Foi mesmo mais do que isso: foi um anjo do Destino. Bethânia e eu fazemos música por causa dele. Ele me apresentou à primeira mulher que conheci. Depois me apresentou a Duda Machado, uma das maiores influências que, com prazer e deslumbramento, sofri. Alvinho me apresentou ao Brizolismo, a Roberto Pinho e ao professor Agostinho da Silva. Ele inventou o nome Baby Consuelo (e deu esse nome para Bernadete Cidade usar publicamente como vocalista dos Novos Baianos). Ele era amigo de Glauber antes de eu conhecer qualquer dos dois pessoalmente. Foi assim: conheci Alvinho através de Sônia Castro e Lena Coelho (mãe de Laís Bodanski). Ele era um jovem diretor de teatro. Todos eram de esquerda e estavam próximos ao CPC da UNE. Mas Sônia me disse que Alvinho era crítico do panfletarismo do CPC. Logo Alvinho conversava comigo e, sem sequer ter me ouvido cantar, me chamou para fazer a trilha sonora do filme dele: confiava nas minhas conversas sobre João Gilberto, Miles Davis e Caymmi. Depois me fez compor trilhas para as peças “O primo da Califórnia” e “A exceção e a regra”. Fiz tudo, embora protestando. Isso mudou minha vida. Alvinho montou “O Boca de Ouro” e chamou Bethânia para cantar “Na batida do samba”, no escuro, na abertura do espetáculo. Só a voz. Ninguém nunca mais esqueceu aquela voz e ela virou uma figura de culto entre a turma de teatro de Salvador. Anos depois Alvinho brilhou atuando na peça de Fausi Arap “O amor do não”, em Sampa e no Rio. Recentemente, ele tinha um programa de TV, onde apareci falando sobre o carnaval. E Alvinho desapareceu. Fui reecontrá-lo no sul da Bahia, vivendo no Arraial da Ajuda. Foi um reencontro muito amoroso e comovente para nós dois. Hoje choro com saudade dele e com fascínio diante do mistério das amizades que desenham a vida da gente. “Fera ferida” é muito Roberto na minha cabeça. Não gosto de me intrometer na questão do que é mesmo de Roberto e Erasmo (ou de Lennon e McCartney). Mas tenho curiosidade e alguma idéia sobre as individualidades envolvidas. Há coisas de rima em “Fera ferida” que eu atribuiria a Erasmo (com seu talento para os versos rimados e seu amor por essa forma, como atestam o uso que ele fez do poeminha de Ghiaroni e as letras do disco do “Coqueiro verde” - sem falar em “Sentado à beira do caminho”, um esplendor de clareza e precisão), mas o tema de “Fera ferida” é Roberto puro. O que impacta nessa canção é o tom de confissão íntima de Roberto, tom que fica reforçado pelo fato de a música ter sido lançada em sua voz. Mas Erasmo é tudo o que eu disse em “Verdade tropical” e muito mais. Lendo o livro de Midani (que tem algumas lembranças que não coincidem com as minhas mas é mesmo um ótimo livro), vi voltar a imagem forte de Erasmo, sua personalidade rock. José Agrippino de Paula também gostava mais de Erasmo do que de Roberto (como Midani) e eu sempre entendi por quê. Recebi vários livros de Glauco Mattoso: ele me mandou aqui pra casa essa semana, dizendo que afinal lhe tinham dado meu endereço. Fiquei feliz. Faz tempo que não tenho notícias dele. Li algumas coisas de Glauco na Caros Amigos (quando estava viajando muito com o “Cê” pelo Brasil, comprava Veja e Caros Amigos para ler no avião: era sempre gozado; à vezes comprava também a Carta Capital, que eu chamava de “a Veja do Lula”). Quem me apresentou a poesia do Glauco foi Augusto de Campos. Nesse tempo Glauco tinha um jornalzinho poético (todo escrito por ele) de que Augusto gostava muito. Fiquei interessado. Depois, livros. E a revelação de que esse não era o nome dele: era um trocadilho com “glaucomatoso”, pois ele sofria de galucoma. O que o levou à cegueira total. Ele é o poeta cego, Homero, um arquétipo, um poema de Antonio Cicero, uma Idéia com i maiúsculo. Vou ler todos os livros e já já volto a falar nele. Prometo para breve escrever sobre a palestra de Zizek (por ora, só digo que não foi tão divertida assim, não me fez rir; adianto a Roberto Joaldo de Carvalho que reconheci o primeiro artigo de Terry Eagleton: acho que Hermano tinha me mandado faz um tempo; comecei a ler o segundo – também muito bom – mas cheguei do estúdio tarde e me obriguei a parar.) O texto sobre Rio e Sampa está esperando moderação (minha não do Hermano). Por ora, basta celebrar a próxima vitória de Gabeira e dizer que, sem candidato em São Paulo, fiquei triste com a mancada da campanha de Marta. Sempre levo em consideração o fato de um candidato “de esquerda” ser o favorito dos mais pobres. Não é populismo. É uma antiga ligação com a esquerda universitária, que sempre pus em questão mas que sempre me comove quando cria um laço com as populações carentes, pra lá do apelo de time de futebol que ela tem para pessoas de classe média que querem parecer inteligentes, cultas ou bondosas. Mas não dá pra perdoar Marta nem João Santana (que é conhecido meu da Bahia e que ela responsabilizou pela patada) nessa história de perguntar se o eleitor sabe se Kassab é casado e se tem filhos. O velho Suplicy reagiu com dignidade. Se eu fosse o Kassab, eu teria respondido ao indiscreto que, na sabatina da Folha, perguntou “você é homossexual”?, assim: “sou”. Pra cortar o papo. Entre outras coisas, porque nem sei o que possa significar “não ser homossexual.” Eu não daria para ser político (com trocadilho, por favor, como diz o Agamenon). Tomei as notas acima desde ontem à noite. Mas o Salem tem razão (isso é freqüente nele): voltei ao estúdio e estou pondo voz. Antes estava rouco. Agora, gravando de novo, não tive tempo de reler os textos – e não postei. Mas tenho escrito muito nos comments. Heloisa, é duro para um baiano, vizinho dos nordestinos (e nordestino na denominação oficial de hoje em dia), ler que o preconceito contra sotaques e “tendências” lingüísticas regionais se volta sempre para os mineiros. Você, tão cosmopolita, nessa hora soa ilhada pelas alterosas. O erre “líqüido” e sonoro (algo inglês, sobretudo inglês americano) da região de Alfenas e Três Pontas (e do interior de São Paulo – além de parte de Goiás) é peculiar e soa cômico aos ouvidos dos demais brasileiros (assim como é curiosa a onda de não conjugar os verbos pronominais como tais). Mas a caricatura do nordestino ganha de longe como tipificação depreciativa (com agressões à vezes explícitas em cartas à redação de jornais paulistanos). O mineiro – como o gaúcho – pode ser freqüentemente imitado com exagero, mas não é tão facilmente discriminado quanto o “baiano” ou o “paraíba.” (“Baiano” aqui no sentido que o paulistano comum dá à palavra; “paraíba”, no que o carioca comum lhe dá.) De resto, adorei sua tradução da frase francesa que você me mandou. Ficou mais concisa em português. No seu português. Embora eu não esteja seguro de que tenha sido justa comigo. E vou parar pois está longo à beça esse post. |
Nina,
O Suplicy é de longe o homem mais coerente do PT… Smepre tão lúcido, ético e centrado…
Não entendo a lógica de Marta… Não entendo!
Beijos!
Caetano, quero você sem moderação, manda os textos.
Se eu fosse o indiscreto, diria: “você precisa de um homem pra chamar de seu, mesmo que este homem seja eu”. Legal esta canção já interpretada por Marina e Ney Matogrosso, além do Erasmo, creio que esta canção tem mais cara de Erasmo do que Roberto..
Caetano está “pondo” voz. Que maravilha. Sempre achei bem peculiar o uso dos verbos “colocar” ou “por” voz ao invés de “cantar” quando se trata de uma gravação. Talvez venha daí o meu antigo temor desse momento. “Cantar” parece mais fácil e natural do que “por” uma voz, o que representa simbolicamente retirá-la de algum lugar para colocá-la em outro. O que, por consequência, parece mais físico e um tanto consciente, em oposição ao ato natural de cantar. Não é a toa que “cantamos” uma garota. Ou um craque “canta” a jogada. De qualquer forma, Caetano é daqueles “colocadores de voz” que conseguem “cantar” de fato dentro de um estúdio. Em “Fina Estampa” temos claramente o esforço consciente da pronúncia do espanhol e a emoção inequívoca do intérprete se atirando com coragem às canções.
Sempre achei “Fina Estampa” um tanto subestimado pelos ouvintes, a crítica e o próprio Caetano, que se mostrou exigente e às vezes crítico com o resultado. É uma obra-prima de interpretação e me deixa pasmo imaginar (sou fóbico) que aquelas vozes foram “postas” em estúdio.
Consigo sentir o clima de estúdio em “Outras Palavras”, onde “Tem que ser Você”, por exemplo, exibe trejeitos bem intencionais de interpretação aparentemente escolhidos a priori. Também gosto desse Caetano com um canto-pensado que homenageia outros cantores.
Nas canções de Transamba postadas nesse blog, há um pouco das duas coisas, mas sobretudo há canções-mistério. Composições vindas de lugar nenhum, cheias de risco e intuição vocal.
A transposição da reflexão mais racional para o blog deixou o repertório livre para a experimentação no estúdio. Caetano não entrou no estúdio pra pensar. Entrou pra cantar. O disco foi “pensado” na sua gestação em progresso, ao longo dos ensaios, shows e falações deste blog.
Por isso, “por” a voz nesse momento parece soar como “por” tudo que se passou nesses meses. Ou melhor, se livrar de tudo isso e “cantar”.
Tenho muito orgulho do “cantor” Caetano Veloso que sempre é tão modesto quando fala desse seu atributo. Mas , mesmo parecendo ser modesto, ele canta muito. E muito é muito pouco pra quem o admira. Estou ficando ansioso.
A diarista que trabalha aqui em casa, Leide, vai votar na Marta Suplicy. E me explicou porque:
“Tenho quatro filhos e moro lá no final da Parelheiros. Antes da Marta prefeita, eu pegava no mínimo quatro conduções por dia para trabalhar e tinha que gastar dinheiro em todas. Os ônibus eram muito velhos, caindo aos pedaços – vira e mexe, quebravam no caminho; ou eu desistia e voltava pra casa, ou pegava uma daquelas lotações clandestinas, que corriam muito e eram ainda mais caras que o busão. Meus filhos não tinham material escolar e nem roupa; tinham vergonha de ir à escola vestindo ‘roupinha pobrinha’ – me contavam que eram discriminados pelas outras crianças que tinham pelo menos uma havaiana pra calçar. Fora da escola, lá no bairro, as crianças não tinham nada pra fazer, nenhum lugar pra brincar ou pra aprender alguma coisa boa. Daí veio a Marta, ela inventou o bilhete único e eu passei a gastar metade do que gastava em condução – e os ônibus melhoraram, tinha até ônibus cheirando a novo na periferia! E mais: a Marta foi lá e inaugurou um CEU – por isso, pela primeira vez na vida, meus filhos foram no cinema”. Texto completo em http://www.quasepoucodequasetudo.blogspot.com
Suplicy é daqueles políticos que teria, caso votasse em São Paulo, orgulho em confiar o voto ( não saberia dizer porque mas, cada vez mais me simpatizo com o Suplicy e com o Serra).
Vejo em Suplicy,um político que poderia concorrer à presidência, mas, lamento o fato dele não ser mediático, o que infelizmente, a meu ver, é cada vez mais necessário ao postulante no Executivo.
Quem sabe Caetano você possa começar o movimento aqui no blog, Suplicy 2010.
Meu português está mais para o do Jotabê. Desculpe-me aí. Trata-se de uma limitação estilísta e uma falta de habilidade em escrever textos no computador.
“Comovocê escapa dessa confusão radiofônica?
Não ligando o rádio. E lendo Mônica, Cebolinha, Pato Donald, Tarzan, Fantasma, Drummond, Pessoa, Verlaine, Baudelaire e Proust.
Nessa ordem?
[Risos.] Na ordem inversa. Em quadrinhos eu me viciei depois de grande. Agora [o romancista francês Marcel] Proust eu lia com 14 anos porque um grande amigo meu, o [cineasta e diretor de teatro baiano] Álvaro Guimarães, o Alvinho, me aconselhava: “Bethânia, você tem de ler Proust muito cedo, para já arrancar na vida sabendo das coisas”…
E, Heloisa, de onde você tioru a idéia de que seria surpresa para mim ouvir que a língua é viva. É assim que sempre a percebi. Não sou conservador no que tange à língua portuguesa. Ontem mesmo gravei “ela se esgancha por cima de mim” numa letra. Cresci ouvindo o verbo “esganchar” ou “esganchar-se” em Santo Amaro. Não é igual a “enganchar”. Uma pessoa “esganchada” sobre um galho, sobre um cavalo: isso inclui a idéia das pernas abertas. Mas a palavra “não existe”. Quer dizer, não está no dicionário.
Luedy, não li ainda o texto do Bagno na Caros. Os meus sobre os críticos paulistas eram também piadas. Vou ver o dele. Insisto em que a entrevista de Bagno era muito fraca. Vou ler os livros e volto ao assunto. E “gotejantes” para mim soou engraçadíssimo, por isso disse que a expressão era genial. Espero que tenha papel humorístico no texto. Se não, qual é seria mesmo o sentido sério dela?
ps. adorei o último post.
Oi, Caetano. Já viu o filme Passeios no Recanto Silvestre, que fizeram com o José Agrippino de Paula, entregando a ele uma super-8? Tá lá no youtube:
http://br.youtube.com/watch?v=91fEMnFw0Ts
Fernando Salem!
inspiradíssimas suas “colocações”!
tenho um amiga que tinha mania de inventar novas palavras no meio das conversas . de tanto fazer todo mundo percebia que ela fazia com o maior descaramento. e muitas acabavam pegando.
ela, comentaria assim:
inspiradíssimas suas “ponhações!
“e caetano põe a voz”
Caetano o que mais admiro em uma pessoa é a capacidade de manter a sua mente aberta. Posições, opiniões, situações, são mutáveis, os princípios é que são fundamentais, pois nos fornecem as bases para avaliar e a grandeza de coompreender. A sua música é isso! Na sua voz cabem muitas melodias e muitas emoções, por isso vc é único, por isso sua irmã sentirá sua falta hoje! Como fã gostaria de ouvir algumas coisas que ficariam lindas na sua voz como poso sugerí-las? Apesar do importante momento político do país, meu voto vai para vc que é “totalmente demais”
Pois é, Caetano, aqui em A TARDE gostaríamos de poder ter dado material melhor e mais extenso sobre a vida de Alvinho, já que sobre a obra pouco de publicável ficou (”Caveira, my friend”, e algumas entrevistas da década de 80, muito boas de se ler, como tive oportunidade por conta da morte dele). Lembro de gente que não acreditava muito nas histórias que ele contava sobre o contato com você e Bethânia, como se fosse coisa olímpica ter estado com os dois num momento em que eram, ambos (os três, na verdade), apenas jovens cheios de idéias numa Salvador ainda prenhe de tudo que viria depois… Foi bom ler seu depoimento, ele teria orgulho do respeito que você dedicou a ele. Abraço.
Sou alguém leve de alma, pois nao nego aquilo que me atinge como verdade. Também nao quer dizer que nao possa ir à um “inferninho”, convenhamos comer o prato predileto todo dia faz mal à saude!!! Eh uma questao de balanceamento alimentar!
Caetano,
Eduardo, concordo que fomos meio incoerentes: às vezes precisamos deixar um pouco de lado a tietagem e colocar Caetano contra a parede sim. Agora, quanto a não exigir demais dele, já não concordo. Exijo sim, porque ele agüenta a pressão.
Nelson, obrigada pelas músicas lindas. Você tem razão, há algo indefinível de Minas em Keith Jarret mesmo. E eu adoro as suas risadas!
Exequiela, Helena e Rosana: Obrigada por me citarem com tanto carinho. Exequiela, também não entendi e não concordei com aquele comment sobre você. Beijos.
Miram: Você só pode ser uma pessoa linda, para falar de outra com tanta generosidade. Só por isso, tentarei ser mais solar agora.
Nina: Sempre que ouço ‘Sou você’, tenho que segurar o choro. A letra tem algo de solar, mas a melodia evoca algo dilacerante que – ninguém se engane - está logo ali, à espera.
o psdb sempre carregou o estigma da aliança com o pfl, essa aliança derrotou as esquerdas ( e as direitas) e chegou. o pt veio depois e suplantou essa aliança num arco com os nanicos, pagou por isso e teve que aturar o mensalão. agora em são paulo a gente vê marta tendo que superar um prefeito biônico vindo das colunas malufistas, esse é São Paulo! quando a marta pergunta por quem é esse homem, o pau quebra e novas insinuações rasteiras tomam uma importância imprevisível. mas o gajo foi herói e limpou as ruas das placas e da sujeira visual. Como é fácil ganhar votos, porque não aprendem? novamente o psdb se arruma pra ganhar, dessa vez com o candidato deles o que de certa forma já é uma derrota. mas Sampa é Sampa e o poeta já disse tudo…o que virá? Caetano tocou no ponto quando se referiu a resposta do candidato a pergunta indiscreta sobre preferência sexual. O candidato mentiu ou foi verdadeiro? Nos EUA ele estaria frito se mentisse, nós por aqui aceitamos de tudo, às vezes… garantir ao psdbpfl a hegemonia em são paulo com vistas a sucessão presidencial ou seguir com o pt dando mole pra marta. que mulher corajosa essa…topar uma parada dessa a essa altura do campeonato…em são paulo se trava o duelo brasileiro, aqui é província.
Caetano,
grande abraço,
Gil Vicente Tavares
Pessoal, vocês leram o texto de Contardo Calligaris na Folha esta semana? Ele fez uma crítica muito interessante sobre as campanhas de Marta e McCain, mostrando como ambas jogam com fatos não confirmados para confundir a cabeça do eleitor. Só que hoje alguém escreveu para a Folha comentando a hipocrisia do cronista, que há dois meses disse na revista ‘Imprensa ‘ que concordava com a lógica de expor a vida privada do candidato em campanhas eleitorais. A réplica foi sensacional: ‘Claro, no meu mundo ideal, não haveria nada a esconder, mesmo; a ponto que as opções seriam indiferentes. Agora, a campanha de Marta agiu contando com o fato de que estamos em outro mundo, em que a sexualidade poderia ser fonte de vergonha e descrédito. Isso, sim, é vergonhoso.’ Grande Calligaris!
Caro Caetano, que parece estar muito bravo comigo: Foi daqui que eu tirei a idéia: ‘Fiquei maravilhado com a afirmação de que a língua é viva e mutante na práxis dos falantes: a língua é falada, a escrita seria apenas uma notação convencionada a posteriori, como as pautas musicais.’ Não fui a única a estranhar esse comentário seu, já que ele foi citado no blog de Sírio Possenti – para quem não conhece, é um dos lingüistas brasileiros mais respeitados, professor da Unicamp e autor de vários livros. Ele disseca seu post ‘Lingüistas’ de maneira meio desagradável, mas acho que você deve dar uma olhada. Pelo menos ele não fala só do Pasquale o tempo todo. Só que, ao copiar sua frase para colar aqui, prestei atenção às frases anteriores e vi que cometi um erro fatal: você falava sobre seus primeiros contatos com a lingüística, e não sobre sensações atuais. Possenti e eu nos enganamos – de minha parte, peço desculpas pelo descuido. So sorry! And please, don’t be angry with me, my bittersweet real diamond…
eu fico impressionado: Caetano tá gravando e ainda tem tempo para escrever os posts, ler os comentários e ainda e responder com atenção ao quem lhe chama a atenção (tanto os impertinentes quanto os gotejantes). Caetano, ainda que discordando de você, saiba que eu te adoro.
por favor, leiam o pulca ai em cima com um “l” no meio e o arrebata com 2 eres… Beijos!
vixe quantos erros em meu comment! é o que dar ficar copidescando demais…
deixa a língua me levar…
Heloisa,
Devo te confidenciar sempre achei Minas absolutamente indecifrável pra mim(um “cariócá” meio arredio pros padrões locais “cariócás” até mesmo devo sinalizar pros padrões linguisticos “cariócás” com erré “gutural”, adorei adjetivar o modo de falar o que em si mesmo me parece ingenuo e preconceituoso de per si já que não raro me perguntam de onde é meu sotaque rsrsrsrsrsr hehhehehe), que ama o mar e mora perto dele mas que sempre teve para com ele uma relação de espaço a ser admirado e não exatamente “DEGLUTIDO”este sim um estado de espirito carioca genuino do tipo choveu e não deu praia neguinho fica de péssimo humor e acha que está frio na cidade o que é hilario.
Este meu jeito sempre me aproximou da zona norte da cidade sem pertencer de fato e de direito á zona norte no sentido da apropriação genuina de sua cultura e de seu modo de viver.
Até entender minimamente a beleza de milton(demorei cerca de 15 anos pra processar a beleza e o misterio mineiro dele cantar, confesso achava milton um porre)lô borges, toninho horta,uakti e que tais, as lembranças quando criança de temporadas em regiões de agua mineral(são lourenço e caxambu),de carro pelas montanhas e pelo pasto a traduzir um mundo calmo e seguro,o céu mineiro que é um céu diferente do céu da bahia, enfim até entender que minas é o mistério do brasil ou em certo sentido minas é o japão do brasil, e sua gente tem um jeito de ser peculiar e complexo lá se vão meus 32 anos.
o que quero te dizer é que esta discussão com caetano ,que ainda vai terminar em pão de queijo e doce de leite da vovó ou em compota de abóbora com bolo de milho e café passado em coador de pano sobre a mesa grande da fazenda, é que caetano e nem eu e talvez ninguém do brasil a não ser os próprios mineiros são capazes de entender a complexidade simplicidade de ser mineiro, que hoje pra mim em termos de cultura me parece o japão brasileiro temos exemplos na(moda,musica,gastronomia,comportamento e artes plasticas que comprovam o que disse).
abraços nelson
agora me explica uma coisa: eu que nada entendo de linguistica e que ja fui da “academia”, não a de ginástica e que preciso da musica pra viver ,herança de meu pai que colocava musica classica enquanto eu ainda estava na barriga da minha mãe,
Caetano poderia regravar, apenas para adequar-se à norma culta, apregoada pelo Prof. Pasquale, duas de suas músicas, Odara: “Deixe-me cantar/Para meu corpo ficar Odara” e Gema: “Deixe-me ver/Pedra clarão na floresta/Gema do olho na fresta”…
estou tão atrapalhada que nem consigo escrever, por favor, ponha um L NO PUSA, 1ª linha e 2 erres no arrebata na 2ª lina, por favor, não deixe esse comentário e o outro que postei sairem assim…Obrigada!
Caetano,
Marcio Junqueira, a sua indignação quanto à patrulha sofrida por Glauco Mattoso, depois da ficar completamente cego, ao optar pela forma poética do soneto, preconceituosamente vista pela vanguardeiros só como fôrma fixa, casa-se inteirmente com as sacadas de Antonio Cicero que li numa entrevista.
Na entrevista sobre A Cidade e os Livros, até onde eu saiba sua segunda e última coletânea de poemas publicada até aqui, Cícero, sem desmerecer o valor histórico e estético das vanguardas, no entanto desmistifica algumas de suas caras ‘verdades’, a exemplo da proclamação da “morte do soneto”. Ele fala da importância das vanguardas em relativizar as formas tradicionais - destronandas de seu lugar de herdeiras de uma natureza que fosse intrínseca à poesia passando a ser compreendidas como filhas de uma convenção.
Só que apos desfetichizar tais formas tradicionais, as vanguardas intentaram inverter o fetiche, passando a tomar as novas formas como as únicas artisticamente admissíveis.
Para Cícero, a descoberta vanguardística de que nenhuma forma é essencial à poseia não pode ter como corolário que qualquer nova forma, por mais alta ou original que seja a sua taxa de novidade, se torne a forma cabal e última de toda a poesia futura.
O soneto foi sempre igual? Conquanto mantenha sua forma na exterioridade sempre reconhecível ao longo dos tempos - claro que não! Embora na entrevista não se atenha à transformação que a forma sofreu entre, por exemplo, seus dois grandes marcos, Petrarca e Shakespeare, Cícero repõe a questão ao relatar que, em sua própria criação poética, tende por explorar também sonetos, mas de modo experimental, desnaturando-os sem conspucar-lhes a forma.
Eis o link pra entrevista completa com as sacações de Cícero:
http://www2.uol.com.br/antoniocicero/storm.html
Penso que Glauco se valha do soneto como todo sonetista, como recurso ambivalente: espécie de fôrma-dique para conter a expressão - que ao contrário redundaria diluviana, se sua linguagem poética não tivesse comportas, e - aguçado pela cegueira - como forma generativa, isto é, que facilite a composição ou a criação poética, posto que estrutura formal facilmente retida na mente, mas que admite um show de performances.
Um viva a todas as formas, a todos os meios, que, mesmo tradicionais, possam se refazer ou reinventar experimentalmente!
Vamos conferir isso no próprio espaço de Glauco:
http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/index5.html
p.s.: Ao comentar isso, não posso me esquecer da perda que a perda da visão representou para João Cabral, acelerando a sua partida. Próximo ao fim da vida, repentinamente ficou cego. Como somente concebia a poesia, a verbal que unicamente praticou, através de seu suporte visual, o papel, já que não tinha maior apreço pela organização do poema com ênfase no suporte sonoro, embora fosse o nosso maior craque moderno no emprego das rimas assonantes e de formas poéticas que beiravam mas transtornavam formas populares, a exemplo da redondilha, não pôde concluir, na escuridão que enoiteceu nosso poeta solar, sua última obra, o poema dramático A Casa de Farinha - que prometia perpassar toda a história desse alimento nordestino com uma elocução bem diversa da que nos acostumara com as palhas dos canaviais.
Oi Caetano, passei por aqui prá dizer que sonhei com você! Te encontrava numa festa … era uma emoção imensa, e eu falava pra mim mesma: agora vou ter de falar pra ele! Não vai ter jeito! E dei um jeito de falar com você… Tudo já está revelado. A maldade, a Salvação, o sentido da nossa vida na terra … tudo. Só precisa haver a popularização desse conhecimento. Escute quem quiser escutar, acredite quem quiser acreditar. Para quem quiser ouvir, dá trabalho e requer coragem, mta coragem. Mas é o único caminho. Se fizer sentido, me responda. Do contrário, se achar que se trata de um devaneio ou se não tiver falando nenhuma novidade, deixe prá lá… Abs…com carinho.
Joana e Patrícia
Confesso que fiquei gotejante com os elogios. Essa história de homem falando sobre gestação é algo não tinha pensado antes.
Acho a letra de “Grávida” escrita pelo meu querido amigo Arnaldo Antunes pra inspiradíssima melodia da Marina Lima uma obra-prima.
Quando eu era adolescente tinha uma cisma com essa história de que era bacana homem ser sensível, externar sentimentos e outras chatices da época. Por outro lado, sempre me dei melhor com as mulheres do que com os homens, não apenas sexualmente, mas também nas conversa jogadas fora e dentro.
E quando minha mulher ficou grávida eu tive todos aqueles piripaques e desejos contra a minha vontade íntima. Também passei a sentir os sintomas de gestação antes de escrever textos e compor canções modestas.
Elogios de garotas são um grande gesto. Gestação aí parece um aumentativo.
Valeu.
Caetano querido:
Reconozco que se siente por el trato inteligente. En esa conjunción infrecuente de ternura y lucidez que distingue siempre a los espíritus notables y que hace de él un espíritu cordial. Suyo es el acierto de la pregunta oportuna, el tacto de la discreción, la aptitud para la espera, ese saber aguardar alentando la creciente cercanía de lo que importa decir y tratar; ese modo de detenerse en lo que interesa celebrando su relevancia, desplegando sus posibles sentidos, la jerarquía de un matiz, el peso de un significado que altera “súbitamente” lo que se creía comprender e impide, de ese modo, que un juicio se congele y caiga sin remedio en la fosa del prejuicio. Sí, Caetano querido,la inteligencia de un “amigo”, cuando se nos manifiesta, nos desvela, nos excita y nos deleita, dándole a nuestra vida una consistencia innovadora. Gracias por este “modus operandi” que desvelaste en mí, en esta madrugada y…en tantas que puedan venir…
Pienso ahora que la grande responsabilidad que la amistad nos impone es la de transformar en “palabras” embriones de ideas, sensaciones, sentimientos e impresiones. Enfin…así, y para ¡escándalo! de la matemática, la imposibilidad de terminar de ser uno redunda en el fruto prodigioso de ser “dos”.
Te escribo estas sinceras palabras,con el fondo musical de “Blue note Plays Bossa Nova”,donde se interpretan clásicos de la Bossa Nova,(algunos como: Joe Herdenson, Cassandra Wilson, Eliane Elias y Bobby Mcferrim y especialmente Tania Maria)que me encanta como canta!!. Por si todavía no lo tienes…te lo recomiendo,(a todos), este disco, es imperdible!!.
Bueno ya escribí demasiado; es que hoy me has inspirado el “alma”. Caetano querido,y querido… cada vez más..te mando beijos no teu coraçao. Vero.
Patrícia, que delícia seu comment!
E Júlia, que bom ler essas coisas boas sobre Alvinho. Quero ver o documentário.
Realmente é muito bonito isso de como as amizades e influências nos colocam num outro lugar de onde iremos sempre partir em frente a nossa finitude. Aquele lugar de outrora não mais existe e o que restou é apenas a referência do novo ponto de partida.
Você, Caetano Veloso, me colocou noutro lugar. Em 87, meu pai comprou, ou gravou, uma fita k7 com as músicas do disco “Velô”, eu tinha 5 anos e morava em Fortaleza (nasci e moro em Taguatinga, Distrito Federal). Do momento em que ouvi “Língua” pra diante do meu tempo, àquele ponto em que estava antes, criança desligada do som das palavras, vou morrer sem retornar. Foi de arrepiar. E como era gostoso sentir aquele ronco rosnado da Elza Soares. Foi uma violenta atração pra dentro do som, do texto, das sílabas, da língua lapidando a brutalidade das vibrações, da linguagem. Naquela infância me lembro de gargalhar com minha irmã ouvindo meu pai ouvir você cantar “ela comeu meu coraçãozinho de galinha no xinxim, ai de mim”; eu me identificava muito com essa coisa de coração de leão, porque me chamo Ricardo, e já naquele tempo alguém deveria me chamar, brincando, “Ricardo, coração de leão”.
Hoje ouço o disco (comprei ele por R$10,00 nas Americanas, o que é uma maravilha de preço e uma delícia para quem, como eu, adora capa, encarte, caixinha, ficha técnica, letra, informação) e me emociono muito com as cores, os cheiros, o calor de Fortaleza, o som da risada de minha irmã e a cara jovem do meu pai que o disco me trás. Choro quase sempre que ouço “O homem velho”. Adoro aquela Banda Nova que te acompanhava.
Transformações pra dentro são impressionantes e esquisitas. Por pra fora assim é emocionante.
Fiquei triste com a morte de Nilda Spencer e de Alvaro Guimarães. Acho que mundo fica menos brilhante depois da morte deles.
-Exequiela, se com palavras eu pudesse esconjurar seu sortilégio…
(A seguir, condensação que há um belo tempo fiz da Carta ao Camarada Kostróv sobre a Essência do Amor, publicada na antologia Nova Poesia Russa, pela Perspectiva, em São Paulo. Ei-la, com a permissão poética de Vladímir Maiakóvski & Augusto de Campos.)
BILHETE AO COSMOS SOBRE A QUINTESSÊNCIA DO AMOR
Minha voz é de bom timbre. Tonteio como éter. Basta ouvir-me. Não me fisgam com armas sem valor. Não caio por qualquer charme. Eu fui para sempre ferido pelo amor - mal e mal posso arrastar-me. O amor não está em ferver bruscamente, nem em acender uma fogueira, mas no que há por trás das montanhas de nosso peito, e bem abaixo da selva de nossa cabeleira. Amar é ir ao fundo do cercado e, até que a noite chegue, cortar lenha com chispas no machado, e a nossa própria força pôr em xeque. O amor não é paraíso: é simplesmente o atestado de que outra vez se engrena o coração - motor enferrujado. Na terra há luzes - até o céu. No céu, estrelas a granel. Se eu não fosse poeta, seria astrônomo por certo. Minhas palavras soletram às estrelas um cometa dourado. Deixando pelo céu seu rastro, brilha a plumagem caudalosa do cometa. Oúço em meu peito até o último pulsar: o amor a ressoar. O furacão, o fogo, o mar vêm vindo furiosamente. Quem os pode domar? Você? Experimente!
-Bilhete a ser enviado, em cápsula protetora, na saída da próxima sonda interestelar… Com tais palavras. Ou com outras, mais, ou menos, sublimes. Se já não dispusermos de nossas próprias. Ou mesmo mudos. Nada importa. Onde quer que estejam as estrelas. Ainda chegaremos até elas. Se antes não atingirmos em cheio o coração de alguém.
Oi, só para pontuar: em Minas tá rolando o movimento catrumano, em prol de reconhecer os baianeiros, ou seja, os mineiros do Norte de Minas. Os mentores são professores da Unimontes que postulam, inclusive, a proximidade cultural da Bahia. Eles querem, por exemplo, o reconhecimento da cidade de Matias Cardoso como primeira cidade fundada em Minas, via São Francisco/Bahia.
Para que nao haja mal entendido a Cacau ali no alto que pede respostas nao sou eu. Cruz credo!
Alguém falou que na Bahia existem vários “baianos” e é verdade. Seria interessante se Caetano falasse sobre isso. Até porque sua afirmação sobre a não nordestinidade da Bahia só se aplica, e mesmo assim de forma questionável, quando considerada apenas a Bahia do Recôncavo, a Bahia “mítica”, por assim dizer. A Bahia sertaneja, que possui uma identidade bem mais ligada à idéia de Nordeste e que só representa uma identidade baiana secundária, diferente da chamada baianidade (ainda que esta tenha em si, naturalmente, elementos sertanejos do interior baiano) - a Bahia sertaneja -, bem como outras regiões do Estado, não pode ser encaixada como uma cultura a parte (desligada do Nordeste) como comumente se faz com o Recôncavo Baiano. De todo modo o próprio Recôncavo pode ser tido, numa análise mais ampla, como Nordeste, quando se vê que a Zona da Mata pernambucana, tb de grande presença negra, ainda que muito mais ligada à cultura ibérica-sertaneja do interior do Nordeste do que o Recôncavo Baiano, é obviamente uma sub-região nordestina.
Saudações, Caetano!
continuação do post anterior:
abraços nelson
canção do dia:
http://br.youtube.com/watch?v=PSFIWnd7_p8
Poxa Caetano!Mas Minas é o estado mais fronteiriço.O norte mineiro e aquele sotaque tão abaianado.Por sinal delicioso no rumo norte o contato com aquela macieza no sotaque.Vide o montesclareano Beto Guedes.O sul tão caipira paulista.Juiz de Fora é meio nossa capital fluminense.Belô é meio centrão,meio sertão,meio tudão…Acho que a turma que você se referiu dos que riem dos caipiras é daqueles belorizontinos que emigram para Sampa achando que lá é primeiro mundo e se esquecem que Jeca Tatu nasceu mesmo foi em São Paulo.
Roberto Joaldo, adorei seu comment relacionando as críticas à adoção do soneto por parte do glauco com as idéias do cícero sobre vanguarda. Aliás, não tinha lido a entrevista do Cícero, quando li, caí pra trás. Especialmente com essa citação: “quem tem demasiado desprezo pelo finito não chega a realidade alguma, permanece no abstrato e consome-se a si próprio”. O Cícero escreveu uma barbaridade sobre poesia sábado passado na folha. A única coisa na entrevista que me pegou e me pareceu meio que um ponto cego ali, no pensamento que ele expunha, era quando ele falava do “poema bom”. O que, diabos, vem a ser um bom poema, afinal? Me lembro vagamente de ele falar de modo breve sobre isso no finalidades sem fim, mas não tenho certeza. Carlito Azevedo, diferentemente, no forum do blog das escolhas afectivas, disse se interessar hoje não por esse critério da qualidade, mas por poéticas que se apresentem como aventuras intelectuais. O que, se bem compreendido, pode ser efetivamente mais interessante.
Minas ter precoceitos é fantástico.Foi formada por migrantes nordestinos e bahianos.E claro os “grandes” exploradores bandeirantes paulistas.Mais negra que Minas só a Bahia.Também prefiro a divisão regional antiga BA+MG+SP+RJ+ES=LESTE.O meio-norte MA+PI então,bacana demais da conta,muito mais a vê.
Laurene (comentário 62): ao menos em Belo Horizonte motorista mineiro não é exemplo para ninguém (e realmente não sei em que parte do país um motorista poderia ser exemplo para os demais). Então, chamar de “baianada” ou de qualquer outro nome uma falha no modo de conduzir um veículo é só uma maneira de afastar problemas que antes deveriam ser tratados dentro de casa. Ou devemos concluir que no trânsito mineiro a grande maioria dos motoristas é baiana e não mineira.
Oi, Caetano e pessoal, que legal esse papo. Existe preconceito em Minas contra os baianos, principalmente a forma que dirigem. Um dia eu estava com uma amiga num táxi em Salvador. O motorista fez uma ultrapassagem arriscada e minha amiga reclamou: “isso que o senhor fez não é proibido?” Ele respondeu malandramente: “isso aqui, filha, é chamado americano ninja”. Nervosa, minha amiga prontamente respondeu:”pois lá em Minas a gente chama isso de baianada!”
salem,
sempre preferi os discos gravados “ao vivo”. tanto que meus favoritos do caetano são transa e circuladô vivo. achei interessante sua visão da coisa: a diferença de cantar e por voz. uma versão ao vivo, ainda que tecnicamente inferior, me soa melhor aos ouvidos. não que não hajam pérolas gravadas em estúdio - longe disso. mas é que como vc mesmo bem pontuou, é diferente por voz e cantar. e eu prefiro o canto.
transa foi gravado “ao vivo”, mas sem platéia - cartano cantava junto com a banda. pelo menos foi assim que li uma vez (já fiz algumas citações furadas aqui e o caetano, subliminarmente, me corrigiu - espero não estar dizendo borracha desta vez, mas minha memória me trai).
e como já disse em outra oportunidade, cassia eller acustico, pra mim, é o ultimo melhor disco do século XX.
abçs.
Que linda sua música na trilha sonora do filme: O Romance…. me deleitei!
É preciso diferenciar “discriminação linguística” de um costume brasileiro que considero saudável de gozar ou imitar sotaques regionais.
Gosto quando os cariocas imitam os paulistas (sou paulista). Soa caricato e é um modo da gente ser escutado à voz dos outros. Quando era pequeno adorava imitar baiano e isso não era uma depreciação. Era uma espécie de homenagem aos personagens nordestinos do meu bairro, que eram queridíssimos.
Aqui em SP de vez em quando alguém puxa um “s” carioca como forma de parecer alguém mais “sacado”.
A discriminação que de fato existe no sudeste contra nordestinos não se dá ao meu ver pela notabilidade do sotaque, mas pela origem humilde.
Quando os tropicalistas apareceram, lembro que tinha um montão de gente que puxava o sotaque baiano porque soava “inteligente”.
Finalmente, as inseguranças da língua são típicas do nosso país tão adolescente que ainda busca a melodia ideal pra se afirmar socialmente. E eu acho esse intercâmbio de sotaques uma farra.
Achei bem engraçado ver a Grazzi Massafera na novela com um carioca domesticado pela Globo. O sotaque caipira dela é sensualíssimo! Ela perdeu a brejeirice.
E adoro quando vejo o Pedro Simon na TV do Congresso com aquele errrre sulista, quase “de época”.
A nossa língua {letra) está em construção (ou seria em progresso?) e as nossas melodias também. A idéia de discriminação às vezes soa um tanto xenófoba.
Que as línguas se misturem. Beijos de línguas.
O língua brasileira é um samba de amor e malandragem. Tem afeto e tem sacanagem. Por isso as piadas de língua, as imitações, as caricaturas são divertidas.
pôxa salem, que bom vc gostou…
seu gotejante encaixou perfeito
deu um banho no bagno.
Nelson,
Não sei se entendi sua pergunta. De qualquer forma, leia o trecho de um comentário que encontrei por acaso:
Não sei se você sabe, mas essa mistura de português e espanhol é o galego, falado na Galícia, noroeste da Espanha. O assunto, como você viu, é discriminação lingüistica, que infelizmente não escolhe lugar - é global como tudo mais. Esse comentário foi a respeito de um fato acontecido na região: um atendente da ‘cadeia de hamburguesas’ (que delícia é a variação lingüística) exigiu que o cliente falasse espanhol, alegando não entender galego. No caso da cafeteria, houve uma tentativa de comunicação que o atendente não compreendeu, ou não quis compreender. A comunicação se faz por escolhas lingüísticas (como o galego, no caso contado), por gestos, sons, desenhos, música, expressões faciais, e o que mais a imaginação humana quiser criar. A compreensão é diferente: depende de habilidade, conhecimento de mundo e interação com o outro. A história da cafeteria é compreendida, a princípio, pela óbvia semelhança com nossa própria língua. No entanto, depois que expliquei o fato a que ela se referia, você entendeu melhor, certo? Não sei se era isso que você queria saber, mas espero que você goste de minha explicação assim mesmo. E obrigada por tudo o que você disse sobre Minas e sobre mim: minha terra merece, mas eu nem tanto. Um abraço.
E um beijo a todos que me escreveram com tanto carinho: fico feliz em inspirar tantos comentários.
Caetano,
Desculpe-me por colocar palavras em sua boca: tudo o que escrevi foi por dedução lógica a partir de comentários seus. Curiosamente, espero estar enganada desta vez. Sabia que você iria discordar da minha definição de onda. É que, pelo menos para mim, onda é algo que se forma e passa. Então, se você diz ‘a onda de não conjugar os verbos…” você parece ver a tendência como algo que surgiu, assim, ‘out of the blue’, e pode passar logo. Era isso que eu queria dizer. Quanto à sua pergunta: ‘Por que deveria eu apoiar a arrogante discriminação dos professores de gramática que se tornam populares?’, afirmo que em nenhum momento pensei nisso. Aliás, sempre que cito Marcos Bagno é para criticar essa posição dele. Já fui professora de gramática, literatura e produção de texto: amo essa língua com todas as suas regrinhas e esquisitices, apesar de não dominá-la nem de longe como você. Admiro Pasquale e acho que todos os brasileiros deveriam ter acesso à beleza de nossa norma culta, para que pudessem entrar no mundo dos livros e conhecer outros, sete mil outros em progressão infinita… Baci milli per te!
Abaixo, dois cantos amorosos:
FLOR DO ÉBANO
CANÇÃO DE SEGREDO E SIGILO
Márcio Junqueira,
Que bacana! Recentemente eu vi algo sobre esse livro de ensaios de Cícero no portal Cronópios, e não vejo a hora de lê-lo. E só agora atentei que ‘Finalidades sem fim´segue bem divulgado no próprio espaço web do poeta e filósofo, que republica resenha para O Globo - Prosa e Verso, intitulada Liberdade e aguda ironia, escrita por Francisco Bosco.
Já pela resenha, o sentido de ‘ironia’(caro para a compreensão da aventura da modernidade no pensamento de Cícero), enquanto consciência crítica do saldo histórico das vanguardas, se amolda também à oficina desconcertante de nosso sonetista experimental Glauco Mattoso, citado por Caetano desde a canção Língua como um de seus “nomes” adorados na Lusamérica.
Caetano querido:
Qué se puede comentar después de tal respuesta?…melhor do que o siléncio só Joao…exactamente. Caetano querido.
Y si tú me lo permitieras hoy yo te diría LO MISMO QUE JOAO respondió. Dándote las gracias privilegiadas por estar en “dirección”, contigo, mirando justamente y juntamente “obra em progresso”.
Voy a terminar de devorarme el libro…pero ya te digo que me encantó y que estoy muy feliz! por mi compra tan antenada. Pregunté por “Verdade Tropical” pero aquí como siempre está difícil de conseguir…mais NO VOY A DESISTIR DE TENERLO!. Prometo mismo.
Ate…com beijos no coraçao. Vero.
Marta desesperadamente quer concorrer contra uma biografia humana e não contra um simulacro de gerente urbano (que mal chega a ser prefeito), pois ela é escancaradamente presente em sua carreira política e reputação pessoal.
Acho que não se deva fazer crítica à campanha de Marta fazendo eco às colocações hipócritas da mídia paulistana da FSP, VEJA e cia.
Por isso, o parabenizo pela colocação que fez, única em toda minha leitura sobre o assunto:
Pois é, saber se Kassab é Gay interessa na medida em que está perdendo a oportunidade de romper com o preconceito. Pelo contrário, em seu projeto político da neutralidade absoluta cultiva a arte de não acumular rejeições às custas dos avanços culturais que poderia promover. É lamentável.
Novamente parabéns por ter saído da mesmice dos comentários sobre a questão.
heloisa,
amei sua explicaçã muito charmosa rsrsrsrsrsrs.
O que motivou minha pergunta foi o contexto da discussão entre vc e caetano no sentido de que o que importa é ser compreendido e não exatamente o som das palavras ou o modo como se pronuncia as mesmas.
beijos com sabor de palavras …..
http://br.youtube.com/watch?v=_VSqDzkphtw
Amei “o parto de um “canto” fecundado em meses de gravidez” Excelente Salem.
Heloisa:”erre líquido” X “erre não líquido”, confuso isto p/ um não linguista. Peço a saidera: explica melhor! Bjo.
P.S: Amo estas discussões!!!
Kassab não é Caetano.
Caetano, como deves saber, Sampa está muito, muito perigosa.
Quanto à questão sobre a sexualidade do Kassab, assumo: se o seu eleitorado do prefeito se diz ofendido pela campanha tanto quanto Marta é preconceituosa, então sou preconceituoso também.
Não se pode colocar em dúvida a colaboração que Marta trouxe para iluminar o tema na nossa sociedade, por conta de uma publicidade, apenas. Como também não vão conseguir transformar um títere, um boneco, em um símbolo da luta. Ele jamais responderia a sua resposta…Kassab jamais seria Caetano.
Forte abraço e parabéns pelo blog.
Este papo já tá qualquer coisa…Poderíamos avançar um pouco a conversa, e iniciar uma discussão sobre os temas do novo disco. Não sei se gosto desta mistificação em torno da figura do Caetano Veloso, como se ele fosse uma espécie de oráculo, capaz de falar sobre tudo e todos. Duvido muito que o Caetano tenha lido bem a obra de Marx para poder falar com uma pretensa autoridade sobre este grande pensador, levando em consideração que entender bem a análise de Marx sobre a sociedade moderna capitalista não significa aderir ao projeto das esquerdas, que têm nele uma ancoragem teórica poderosa. Desconfio de que Caetano apenas leu algumas poucas páginas sobre Marx, e os textos que são explicitamente contra a teoria construída pelo autor de “Capital”. Quer dizer, a impressão que dá é que estamos diante de análises de segunda mão, impressões difusas e opiniões que só servem para afirmar vaidades pessoais, etc. Gosto muito do livro de ensaios “Verdade Tropical”, é um livro notável, muito bem escrito, e com inquietantes interpretações sobre o Brasil e o Mundo, sob diferentes aspectos. Além disso, considero a coletânea de textos ” O Mundo não é chato” quase tão boa quanto verdade tropical, na verdade muito mais irregular. O que quero dizer é que Caetano escreve muito bem e tem uma capacidade incrível de pensar de forma imprevista e, às vezes, surpreendente. Mas isso não quer dizer que as coisas que fala não devam passar por uma análise crítica menos condescendente e salva das tietagens desnecessárias. Em suma, queria mesmo que fosse discutida os temas das canções, a própria feitura do disco, as letras, etc., e não que se fingisse um saber que não se sabe…Espero que o moderador antropólogo, ou o antropólogo moderador, libere o acesso para este comentário, pois já fui censurado em outros…
Heloisa: Deixa a saideira pra lá… a discussão toda já me deixou tonta o suficiente por hj(estou mesmo cançada), e sei que isto n vai acabar tão cedo, ou seja, vou ler muitos comentários esclarecedores anida.
Caetano: Robeto e Erasmo; pra mim é tudo uma coisa só(foi onde começei a sentir música brasileira com a consciência de ser brasileira e me orgulhar disso). E “Fera Ferida” na voz de Bethânia é como “Gita”; cantos de libertação (gosto de ouvi no último volume e cantar gritando de braços abertos - claro que sozinha, pq ninguém merece este incómodo rsrsrs…).
Alvaro e Nilda… nem vou dizer pq o mais bonito já foi dito.
Bjos.
Vaya viaje me hice con “Amurado” y otros tango… y que conste que ni vinho tomei! JA-HA.
SIEMPRE habrá alguien que enloquecerá nuestro corazón de libertad. Sobre todo, si el corazón es de aquéllos que no se cansan de tener esperanza.
Além de um acontecimento intratextual ímpar com Caetano, este blog se tranforma, cada vez mais, num espaço intertextual entre nós.
Antes de eu voltar para entretecer verbos com o que disseram e mostraram Ricardo Vieira de Lima e Lucas Matos, principalmente a partir da atual reposição em cena do nome de Glauco Mattoso por Caetano, externo aos demais tripulantes desta infocaetanave minha preocupação pelo sumiço deste espaço, por dois longos e para mim desesperados dias, de Exequiela, e justo após ela nos postar sobre aquela maldição… do amor que a assolou!
Exequiela, meu espanhol xinfrim ainda não me permitiu adentrar bem os muros labirínticos de Amurado, conquanto seu ‘tonus’ tenha me impregnado até os ossos. E só pude reagir daquele modo intempestivo-sublimado: sacando, de meu coldre, um eterno Maiakóvski carregado no ponto de ser engatilhado.
Mas ouvir você cantando Tarde em Itapuã… Puxa, como não ficar - este baiano de um sertão iberizante que sou, vivendo em exílio literâneo em Salvador - por ti ‘amurado’ (apaixonado)?
Confiram. E que capítulo lingüistico à parte a pronúncia dela, em matéria de fonética e ainda de prosódia:
http://www.myspace.com/exequiela
-Preciso prestar um tributo. Enumerar sempre dá margem para a injustiça de algum esquecimento: mas até aqui, pegado o vagão andando, já sou fã incurável de vários caetanautas: além de Exequiela, também de Salem, Teteco, Nelson, Heloisa e de um abduzido Tyrone…
Que vício - ao lê-los desde o início!
OI MARCOS
VOCÊ É PARENTE DO CARLOS LACERDA?
ORA, VERDADE TROPICAL TEM MUITAS INCURSÕES SOBRE ASSUNTOS DIVERSOS, ASSIM CAETANO FAZ POR AQUI. ALIÁS VERDADE TROPICAL É RECORRENTEMENTE LEMBRADO PELOS COMENTS DE MUITA GENTE E PELO PRÓPRIO CAETANO, DADA A PROXIMIDADE QUE O LIVRO GUARDA COM ESSE ESPAÇO.
CAETANO ESCREVE SOBRE O QUE QUISER, NA HORA QUE QUISER. LÊ QUEM QUER.
O MAIS ENGRAÇADO, É QUE PELOS SEU SEGUNDO COMENT, VOCÊ É MAIS TIETE DO CAETANO DO QUE MUITOS GOTEJANTES POR AQUI.
EU, PESSOALMENTE PREFIRO CAETANO FALANDO DE MARX, FIDEL, GABEIRA, LOBÃO, NOEL ETC, DO QUE SOBRE SUAS PRÓPRIAS CANÇÕES. JÁ DISSE ISSO AQUI MUITAS VEZES, POR ISSO SEU COMENTÁRIO ME CHAMOU ATENÇÃO.
SEI LÁ, SE CAETANO LEU OU NÃO LEU A OBRA COMPLETA DE MARX OU SE ALGUÉM O VÊ COMO ORÁCULO. QUE CHATICE!
O QUE É UMA “ANÁLISE CRÍTICA CONDESCENDENTE” EM UM BLOG? NÃO ENTENDI.
VOCÊ PROPÕE QUE SE CONTRATE UM ESPECIALISTA EM POLÍTICA PRA FAZER UMA LEITURA PRÉVIA DO QUE CAETANO ESCREVE? OU VOCÊ QUER FAZÊ-LO.
ALIÁS, SERIA PROVEITOSO SE VOCÊ TIVESSE COMENTADO E ANALISADO O POST EM QUE CAETANO FALOU DE MARX. SERIA DE “MAIS-VALIA”!
e tem a última do paes:
Paes ironizou a presença de artistas no programa eleitoral do adversário. “Faltam propostas ao candidato. É só oba-oba, musiquinha, jingle, muito artista na televisão. Infelizmente não vamos passar os próximos quatro anos ouvindo o Caetano Veloso cantando Cidade Maravilhosa. Adoraria que isso resolvesse os problemas da cidade, mas estamos elegendo o prefeito da cidade, não alguém que vai ficar nos entretendo nos próximos quatro anos”, disse.
será que eduardo acha que os artistas, de um modo geral, são completamente alienados????
Bueno, lo de decirle a Ricardo que también creo en Flores de Ebano suena un poco loquillo… porque lo que quise decir es que también creo en tu visión del amor.
(estaré siendo clara?)
Mas “categoricamente” não tem acento. Em nenhuma região do Brasil.
Vamos contribuir para a salvação da nossa língua!
Que delícia esse blog, quiçá o único no mundo em que os comments são tão interessantes quanto aos posts, só uma dúvida persiste: Onde Exequiela, Son_ria, Salém, Heloisa, Caetano, Teteco e todos os outros arrumam tempo?
Beijos a todos, adoro passar horas com vocês.
Gostei do seu blog e gosto ainda mais da idéia (impensável,pelo menos nos tempos que eu gravava suas músicas em uma fita K7) de você saber que existe um Fernando de Lima Miller (rs).Vou frequentá-lo sempre…Gostaria de saber sua opinião sobre a Soninha Francine,que foi candidata aqui em SP e agora apóia entusiasmadamente a candidatura do Gabeira aí no RJ…
belo o “Poema Liquefeito”
um Borges;
http://br.youtube.com/watch?v=9wCDE8Lln50
Oi Lucesar
achei engraçado você perguntar aonde a gente arruma tempo pra escrever no blog. também não sei. trabalho pra cacete em frente ao meu mac, compulsiva e desmioladamente. de vez em quando acesso esse blog como uma forma de descompensação. e os coments saem que nem xixi.
escrever na web é diferente. isso que o Lacerda não compreendeu e tomou como algo superficial. de fato é. mas e as conversas de boteco? precisam de “análises críticas condescendentes”?
não quero dizer com isso que a conversa virtual é um papo de botequim. não é, mas também não sarau acadêmico, nem observatório da imprensa, nem réplicas e tréplicas de painel de leitor de jornal.
estamos exercitando uma nova forma de conversa. é bom, não é?
Caetano disse que foi pro estúdio. Porra, lá vem as minhas fantasias fonográficas perturbar o que resta da minha sanidade.
Não quero saber o que está acontecendo. Só falo sobre esse CD depois de escutá-lo. Isso, se conseguir falar.
Caetano no estúdio é algo que não desejo desmistificar. Mesmo que achem que o vejo como oráculo. Prefiro assim. Ponto.
Iniciei esse comentário faz um tempinho, mas precisei sair, no que voltei “percebi”, ainda não li, mas lerei com muita vontade, porque gosto muito de tudo que ele também escreve, que Fernando Salem te respondeu, em caixa alta. Deve ser uma bela resposta.
Cada coisa!!!!!
Marcos: também me chamou atenção seu coment. também te percebi mais tiete que muitos aqui. me incluo nessa.
a Caetano, espaço para ser: Caetano.
e se ele, como um ser existente, por acaso não for a imagem que temos dele? ôps…não vou ser eu que vou barrar a possibilidade de ele se mostrar…
também sinto falta de outras informações sobre o disco, as músicas, mas tem outra forma de pedir isso. uma coisa não precisa negar a outra. e se for pra analisar, então que seja pra valer, mas com a combinação, concordância e parceria da pessoa em questão. e pra fazer crescer…análise crítica de fato é pra isso, não?
mas quem consegue crescer pra qualquer lado sem se poder desnudar?
nem uns pedaços? num blog?
bem, Marcos me fez pensar sobre muitas coisas…
Já passo por aqui há um tempão, adoro, e agora resolvi dar um pitaco aos organizadores desse espaço: acho que o Caetano não deveria escrever comentários, esses deveriam ser sempre novos posts. Cada vez que ele tivesse vontade de escrever alguma coisa - ou nova ou apenas comentando os comentários - seria um novo post. Isso diminuiria o cada vez crescente (150, 200!!!) número de comentários aos posts.
ok, flávio. quando chegar em 202 vou parar. mas não sem antes dizer que não mencionei os adjetivos proparoxítonos que têm o acento circunflexo na sílabaforte: esses mantinham o circunflexo quando viravam advérbios. e que respondi ao comment de marcos lacerda porque gostei do que ele escreveu. é verdade que não conheço marx para assumir tom de autoridade. mas sempre tive problemas (teóricos) com meus colegas de esquerda, desde a faculdade. daí li umas e outras. o livrinho de leandro konder sobre marx é maravilhoso (quisera que “folha explica lacan” fosse assim: mas, pensando bem, será que lacan daria para fazer um lance inteligível como um sobre marx? tenho minhas dúvidas). li hobsbawn sobre o século 20 (onde, além do nosso futebol - elevado à categria de “arte” - há referência séria à música e à poesia de chico buarque) e sobre “terrorismo, não-sei-o-quê e nnao sei-o-que-mais”. leio marxismo em toda parte. citado, interpretado. roberto schwatz, carlos nelson coutinho, zizek, negri… li “o espectro de marx” de derrida. achei meio fofo. o que mais me impressionou foi a escolha do trecho de “os miseráveis” que ele escolheu, de victor hugo. mas, sinceramente, nunca li adam smith ou ricardo - diretamente. no entanto, sou simpatizante liberal e ninguém chia. acabo de voltar do estúdio. vou dormir.
Caetano foi dormir. Alívio.
Aos que pedem pra ver exames de ultrassom do novo CD, eu continuo preferindo visitar o bebê na maternidade.
Caetano deve acordar lá pelo meio-dia. Será que vai ler algo sobre Marx? Será que vai escutar Emilinha Borba? Ou prefere a Marlene? Esquerda ou direita? Será que pedirá conselhos a um moderador pra decidir no que vai pensar hoje? O que tem pro café da manhã? Vai direto pro almoço? Trangênicos ou integral? Integralismo ou cominismo? Coca-cola eu tenho derteza que sim. Vai beber. Será que é uma atitude colonizada? Sejamos imperialistas.
Conformem-se. Um blog não é um big-brother. Ao contrário. Aqui nada se vê, tudo se escreve.
Quanto mais TRANSAMBA se aproxima do parto, menos Caetano conseguirá comentá-lo. Isso é o que eu acho. Como ele faria um making-of da sua própria experiência?
Aguardamos novos assuntos. Pueris, profundos ou papo-furado mesmo.
Não me interesso por ditongos, um pouco pelos acentos diferenciais. Se Caetano tivesse que ler e estudar sobre cada assunto que fala, ficaria louco. O pior é que ele arranja tempo pra ler pra chuchu.
Deve ser chato sair do estúdio e ficar pensando só no disco. Vamos falar sobre coisas diversas.
Os que defendem o making-of querem o final do blog. Eu não quero.
Em SP, as pessoas chegam do trabalho e ligam a TV pra assistir a barbárie. Eu prefiro novela.
Hoje vi 176 do Bruno Barreto. O roteiro é do meu amigo Braulio. Mas o filme não cola. Há um razoável atraso de linguagem. Soa falso, embora os atores estejam bem verdadeiros.
Vão comparar com Cidade de Deus, é claro. Isso é o de menos. Fernando Meirelles é um inventor. Bruno é um criador. Mas dessa vez foi diluidor. Tudo no filme está no lugar: costura narrativa, bons intérprtes, fotografia de luxo, mas… Bruno parece escoregar quando tenta entrar na subjetividade de seus personagens. Aí, o filme vira um simulacro. Não parece história, parece filme. E filmes não devem parecer filmes. Pelo menos durante a catarse da exibição. Depois, no boteco, aí sim… “aquela cena lembra Bunnuel e coisa e tal”.
Pensar sobre arte cansa mais que fazê-la.
AY Roberto J!!!! Voce toco una fibra!!!! Cuando leí tu comentario me quise esconder abajo del escritorio!! Tanta exposición… Es que mi relación con la música es.. digamos… particular. Esas canciones tienen sus años. Ahora estoy con una obritita (si la de C es obra, la mia es obritita) en progreso… pero progreso lento.. lent.. len…le..l…
Ainda sobre o Alvinho, coube-lhe criar o jornal alternativo “O Verbo Encantado”, revolucionário como ele sempre o foi. Durou pouco, o Verbo, mas valeu enquanto.
Caetano: não pare de nos surpreender com comentários dentro dos comentários. Aproxima você da gente. Diminui a distância.
Nelson:chorei de emoção ao ouvir/ver o link da música “É o amor”, na voz da Bethania. Já conhecia, é claro, a versão, mas acompanhada daquelas imagens, o significado de cada palavra cresceu. É uma interpretação definitiva. Caetano deve ter muito orgulho da irmã que tem.
Não sei postar vídeos, músicas, mas posso “postar” um poema. O texto abaixo vai para os freqüentadores desse blog, inclusive seu criador e moderador. É um poema do cubano José Martí. Hasta la vista, babies.
glauco mandou A PLANTA DA GAZELA?
http://sublinhado.blogspot.com/2006/01/deliciosa-planta-da-donzela.html
Quando disse “Caetano foi dormir. Alívio” não me referi ao nosso alívio e sim ao dele. O merecido sono de um sujeito que coloca a voz no estúdio e os pensamentos na internet.
Sou do erre “líquido” e aqui em SP, fora das poses escriturais dos escritórios de negócio, o erre é mais líquido do que se pensa.
qndo vc vem fazer show em São Paulo
folha explica lacan???? acho que lacan nem frued explica…
Viste Lucesar!! Me hago tiempo hasta para buscarles canciones!
Caetano
Se tu jamais conseguiu nos encantar escrevendo textos (seja em livro ou agora em blog), por outro lado és um gênio da Música Pop Brasileira.
Jobim tinha razão, e você, em especial, deve dar pitaco sobre tudo, mas não escrever (exceção para os Boulezs, Buarques, e outros gênios da palavra escrita).
Abraços
Talvez por uma questão de fuso horário, não sei, o post 114 (do Caetano) é seis minutos anterior ao 113 (meu) que veio lá por antecipação…
Salem, aqui em Sampa, nem barbárie, nem novela: buteco! Meirelles inventor… não sei. Sem dúvida, um bom diretor. Quero assistir Garapa do José Padilha na Mostra. Sujeito polêmico esse Zé.
Abraço!
Oi Lacerda
Se pra entender Marx “deve-se entender de economia clássica, dialética hegeliana, sociologia, estudos de linguagem” eu não entendo de Marx. Deve ser por isso que não fiz nenhum comentário sobre o assunto. Também porque não me interessei por ele. Mas acho que o Caetano manja e gosta de falar disso. Se por um lado não manjo picas de economia, por outro tô ficando PHD em blog. E de uma coisa eu tenho certeza, ninguém é obrigado a ler nada pra escrever um comentário. Corre-se o risco do ridículo, do inculto e da embromação. Há bons e maus comentários. Alguns meio áridos e extensos. Outros doces e afetivos. Alguns meio narcísicos. Outros chatos a beça. É assim. Eu pessoalmente, gosto de não tomar tanto cuidado com o que escrevo por aqui. Enteda “cuidado” como um auto-police, ou algum tipo de rigor letrado. O bom do papo por aqui é essa incontinência geral.
Alemão
Meirelles é um inventor na medida em que criou um formato de narrativa que influênciou uma penca de filmes. O uso do off, tão demonizado pelos “modernos” do cinema, foi sublimemente resgatado em Cidade de Deus. Um risco estético gigante! Em Tropa de Elite, Padilha usou a mesma estratégia da narração em OFF. Uma clara influência do filme Cidade de Deus. Quando me refiro à invenção, não estou falado da favelização do cinema brasileiro. Estou falando de linguagem cinematográfica. Direção, corte, decupagem, luz, atores, ação. Terra em Transe também tem essa potência. Dá a impressão que daqui uma décadas quando forem estudar esse nosso tempo, Cidade de Deus permanecerá uma obra-prima. Não tenho a mesma sensação com outros filmes contemporâneos. Não tenho certeza disso e nem leio sobre cinema. Sou cinéfilo. Também quero ver Garapa.
abraço
Fernando
Saudações
Luiz Moura
Concordo com Nando 133. Às vezes aparecem certos comentários em que é perceptível a forma como o sujeito se altera. As discussões às vezes beiram a agressão ou a chatice.
Ainda bem que aqui não é conversa de boteco. Imagino como seria ao vivo UMA RESPOSTA EM CAIXA ALTA. Voaria cadeira pra todo lado também?
Às vezes vocês me dão medo.
Só um lembrete: quando conseguimos convencer alguém de alguma coisa é porque podemos convencê-lo de qualquer coisa - e isto é uma forma de dominação.
Acho que ninguém aqui gostaria de ser dominado. Gostaria?
Então, talvez um pouquinho mais de cuidado com o espaço anímico alheio seja necessário. É virtual, mas é tão real quanto o real - ou o Caetano não teria reagido emocionalmente num debate com a Heloísa.