Erasmo, Glauco, Álvaro Guimarães (18/10/2008)

ERASMO, GLAUCO, ÁLVARO GUIMARÃES
18/10/2008 6:42 am

Álvaro Guimarães foi uma pessoa determinante na minha formação. Foi mesmo mais do que isso: foi um anjo do Destino. Bethânia e eu fazemos música por causa dele. Ele me apresentou à primeira mulher que conheci. Depois me apresentou a Duda Machado, uma das maiores influências que, com prazer e deslumbramento, sofri. Alvinho me apresentou ao Brizolismo, a Roberto Pinho e ao professor Agostinho da Silva. Ele inventou o nome Baby Consuelo (e deu esse nome para Bernadete Cidade usar publicamente como vocalista dos Novos Baianos). Ele era amigo de Glauber antes de eu conhecer qualquer dos dois pessoalmente.

Foi assim: conheci Alvinho através de Sônia Castro e Lena Coelho (mãe de Laís Bodanski). Ele era um jovem diretor de teatro. Todos eram de esquerda e estavam próximos ao CPC da UNE. Mas Sônia me disse que Alvinho era crítico do panfletarismo do CPC. Logo Alvinho conversava comigo e, sem sequer ter me ouvido cantar, me chamou para fazer a trilha sonora do filme dele: confiava nas minhas conversas sobre João Gilberto, Miles Davis e Caymmi. Depois me fez compor trilhas para as peças “O primo da Califórnia” e “A exceção e a regra”. Fiz tudo, embora protestando. Isso mudou minha vida. Alvinho montou “O Boca de Ouro” e chamou Bethânia para cantar “Na batida do samba”, no escuro, na abertura do espetáculo. Só a voz. Ninguém nunca mais esqueceu aquela voz e ela virou uma figura de culto entre a turma de teatro de Salvador. Anos depois Alvinho brilhou atuando na peça de Fausi Arap “O amor do não”, em Sampa e no Rio. Recentemente, ele tinha um programa de TV, onde apareci falando sobre o carnaval. E Alvinho desapareceu. Fui reecontrá-lo no sul da Bahia, vivendo no Arraial da Ajuda. Foi um reencontro muito amoroso e comovente para nós dois. Hoje choro com saudade dele e com fascínio diante do mistério das amizades que desenham a vida da gente.

“Fera ferida” é muito Roberto na minha cabeça. Não gosto de me intrometer na questão do que é mesmo de Roberto e Erasmo (ou de Lennon e McCartney). Mas tenho curiosidade e alguma idéia sobre as individualidades envolvidas. Há coisas de rima em “Fera ferida” que eu atribuiria a Erasmo (com seu talento para os versos rimados e seu amor por essa forma, como atestam o uso que ele fez do poeminha de Ghiaroni e as letras do disco do “Coqueiro verde” - sem falar em “Sentado à beira do caminho”, um esplendor de clareza e precisão), mas o tema de “Fera ferida” é Roberto puro. O que impacta nessa canção é o tom de confissão íntima de Roberto, tom que fica reforçado pelo fato de a música ter sido lançada em sua voz. Mas Erasmo é tudo o que eu disse em “Verdade tropical” e muito mais. Lendo o livro de Midani (que tem algumas lembranças que não coincidem com as minhas mas é mesmo um ótimo livro), vi voltar a imagem forte de Erasmo, sua personalidade rock. José Agrippino de Paula também gostava mais de Erasmo do que de Roberto (como Midani) e eu sempre entendi por quê.

Recebi vários livros de Glauco Mattoso: ele me mandou aqui pra casa essa semana, dizendo que afinal lhe tinham dado meu endereço. Fiquei feliz. Faz tempo que não tenho notícias dele. Li algumas coisas de Glauco na Caros Amigos (quando estava viajando muito com o “Cê” pelo Brasil, comprava Veja e Caros Amigos para ler no avião: era sempre gozado; à vezes comprava também a Carta Capital, que eu chamava de “a Veja do Lula”). Quem me apresentou a poesia do Glauco foi Augusto de Campos. Nesse tempo Glauco tinha um jornalzinho poético (todo escrito por ele) de que Augusto gostava muito. Fiquei interessado. Depois, livros. E a revelação de que esse não era o nome dele: era um trocadilho com “glaucomatoso”, pois ele sofria de galucoma. O que o levou à cegueira total. Ele é o poeta cego, Homero, um arquétipo, um poema de Antonio Cicero, uma Idéia com i maiúsculo. Vou ler todos os livros e já já volto a falar nele.

Prometo para breve escrever sobre a palestra de Zizek (por ora, só digo que não foi tão divertida assim, não me fez rir; adianto a Roberto Joaldo de Carvalho que reconheci o primeiro artigo de Terry Eagleton: acho que Hermano tinha me mandado faz um tempo; comecei a ler o segundo – também muito bom – mas cheguei do estúdio tarde e me obriguei a parar.)

O texto sobre Rio e Sampa está esperando moderação (minha não do Hermano). Por ora, basta celebrar a próxima vitória de Gabeira e dizer que, sem candidato em São Paulo, fiquei triste com a mancada da campanha de Marta. Sempre levo em consideração o fato de um candidato “de esquerda” ser o favorito dos mais pobres. Não é populismo. É uma antiga ligação com a esquerda universitária, que sempre pus em questão mas que sempre me comove quando cria um laço com as populações carentes, pra lá do apelo de time de futebol que ela tem para pessoas de classe média que querem parecer inteligentes, cultas ou bondosas. Mas não dá pra perdoar Marta nem João Santana (que é conhecido meu da Bahia e que ela responsabilizou pela patada) nessa história de perguntar se o eleitor sabe se Kassab é casado e se tem filhos. O velho Suplicy reagiu com dignidade. Se eu fosse o Kassab, eu teria respondido ao indiscreto que, na sabatina da Folha, perguntou “você é homossexual”?, assim: “sou”. Pra cortar o papo. Entre outras coisas, porque nem sei o que possa significar “não ser homossexual.” Eu não daria para ser político (com trocadilho, por favor, como diz o Agamenon).

Tomei as notas acima desde ontem à noite. Mas o Salem tem razão (isso é freqüente nele): voltei ao estúdio e estou pondo voz. Antes estava rouco. Agora, gravando de novo, não tive tempo de reler os textos – e não postei. Mas tenho escrito muito nos comments.

Heloisa, é duro para um baiano, vizinho dos nordestinos (e nordestino na denominação oficial de hoje em dia), ler que o preconceito contra sotaques e “tendências” lingüísticas regionais se volta sempre para os mineiros. Você, tão cosmopolita, nessa hora soa ilhada pelas alterosas. O erre “líqüido” e sonoro (algo inglês, sobretudo inglês americano) da região de Alfenas e Três Pontas (e do interior de São Paulo – além de parte de Goiás) é peculiar e soa cômico aos ouvidos dos demais brasileiros (assim como é curiosa a onda de não conjugar os verbos pronominais como tais). Mas a caricatura do nordestino ganha de longe como tipificação depreciativa (com agressões à vezes explícitas em cartas à redação de jornais paulistanos). O mineiro – como o gaúcho – pode ser freqüentemente imitado com exagero, mas não é tão facilmente discriminado quanto o “baiano” ou o “paraíba.” (“Baiano” aqui no sentido que o paulistano comum dá à palavra; “paraíba”, no que o carioca comum lhe dá.) De resto, adorei sua tradução da frase francesa que você me mandou. Ficou mais concisa em português. No seu português. Embora eu não esteja seguro de que tenha sido justa comigo.

E vou parar pois está longo à beça esse post.



137 Comentários sobre o Post “ERASMO, GLAUCO, ÁLVARO GUIMARÃES”

  1. Mille disse:
    Outubro 18th, 2008 at 3:08 am

    Nina,

    O Suplicy é de longe o homem mais coerente do PT… Smepre tão lúcido, ético e centrado…

    Não entendo a lógica de Marta… Não entendo!

    Beijos!

  2. Guido Spolti disse:
    Outubro 18th, 2008 at 9:29 am

    Caetano, quero você sem moderação, manda os textos.

  3. Guido Spolti disse:
    Outubro 18th, 2008 at 9:50 am

    Se eu fosse o indiscreto, diria: “você precisa de um homem pra chamar de seu, mesmo que este homem seja eu”. Legal esta canção já interpretada por Marina e Ney Matogrosso, além do Erasmo, creio que esta canção tem mais cara de Erasmo do que Roberto..

  4. joao carlos disse:
    Outubro 18th, 2008 at 9:53 am

    Bom dia
    Quando voce se dedica a memorias, mostra um voz singularíssima, como alias em toda a sua obra, mas há no Brasil ausência sentida de alguem que possa, assim como ja fizestes anteriormente, escrever nossa memoria cultural.
    De modo que:
    QUANDO TEREMOS VERDADE TROPICAL II?
    Um abraço
    João Carlos

  5. DIMAS ROQUE disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:01 am

    Existe uma lenda que a muito segue as águas do São Francisco. A dita cuja se refere à criação da música “o ciúme”, composta por Caetano Veloso. Aqui nas margens desse rio, um velho conta suas estórias e em uma delas ele afirma que durante um festival de música em que o autor da canção participava, sua esposa na atualidade, teria sumido em direção a Petrolina em Pernambuco. Enquanto ele trabalhava, ela curtia com uns amigos. Este fato teria marcado tanto a vida do cantor que anos depois, ainda com a marca em sua mente o agora senhor criou para todos a bela canção que diz: “Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia. Tudo esbarra embriagado de seu lume. Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia. Só vigia um ponto negro: o meu ciúme. O ciúme lançou sua flecha preta. E acertou no meio exato da garganta. Quem nem alegre nem triste nem poeta. Entre Petrolina e Juazeiro canta. Velho Chico vens de Minas…”. Seria essa lenda do velho do rio a verdade Caetano?
    Discordo que a revista Carta Capital seja a Veja do LULA. Isto soa como uma heresia. Mas é sua opinião.

  6. Fernando Salem disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:36 am

    Caetano está “pondo” voz. Que maravilha. Sempre achei bem peculiar o uso dos verbos “colocar” ou “por” voz ao invés de “cantar” quando se trata de uma gravação. Talvez venha daí o meu antigo temor desse momento. “Cantar” parece mais fácil e natural do que “por” uma voz, o que representa simbolicamente retirá-la de algum lugar para colocá-la em outro. O que, por consequência, parece mais físico e um tanto consciente, em oposição ao ato natural de cantar. Não é a toa que “cantamos” uma garota. Ou um craque “canta” a jogada. De qualquer forma, Caetano é daqueles “colocadores de voz” que conseguem “cantar” de fato dentro de um estúdio. Em “Fina Estampa” temos claramente o esforço consciente da pronúncia do espanhol e a emoção inequívoca do intérprete se atirando com coragem às canções.

    Sempre achei “Fina Estampa” um tanto subestimado pelos ouvintes, a crítica e o próprio Caetano, que se mostrou exigente e às vezes crítico com o resultado. É uma obra-prima de interpretação e me deixa pasmo imaginar (sou fóbico) que aquelas vozes foram “postas” em estúdio.

    Consigo sentir o clima de estúdio em “Outras Palavras”, onde “Tem que ser Você”, por exemplo, exibe trejeitos bem intencionais de interpretação aparentemente escolhidos a priori. Também gosto desse Caetano com um canto-pensado que homenageia outros cantores.

    Nas canções de Transamba postadas nesse blog, há um pouco das duas coisas, mas sobretudo há canções-mistério. Composições vindas de lugar nenhum, cheias de risco e intuição vocal.

    A transposição da reflexão mais racional para o blog deixou o repertório livre para a experimentação no estúdio. Caetano não entrou no estúdio pra pensar. Entrou pra cantar. O disco foi “pensado” na sua gestação em progresso, ao longo dos ensaios, shows e falações deste blog.

    Por isso, “por” a voz nesse momento parece soar como “por” tudo que se passou nesses meses. Ou melhor, se livrar de tudo isso e “cantar”.

    Tenho muito orgulho do “cantor” Caetano Veloso que sempre é tão modesto quando fala desse seu atributo. Mas , mesmo parecendo ser modesto, ele canta muito. E muito é muito pouco pra quem o admira. Estou ficando ansioso.

  7. Marcio Gaspar disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:40 am

    A diarista que trabalha aqui em casa, Leide, vai votar na Marta Suplicy. E me explicou porque:

    “Tenho quatro filhos e moro lá no final da Parelheiros. Antes da Marta prefeita, eu pegava no mínimo quatro conduções por dia para trabalhar e tinha que gastar dinheiro em todas. Os ônibus eram muito velhos, caindo aos pedaços – vira e mexe, quebravam no caminho; ou eu desistia e voltava pra casa, ou pegava uma daquelas lotações clandestinas, que corriam muito e eram ainda mais caras que o busão. Meus filhos não tinham material escolar e nem roupa; tinham vergonha de ir à escola vestindo ‘roupinha pobrinha’ – me contavam que eram discriminados pelas outras crianças que tinham pelo menos uma havaiana pra calçar. Fora da escola, lá no bairro, as crianças não tinham nada pra fazer, nenhum lugar pra brincar ou pra aprender alguma coisa boa. Daí veio a Marta, ela inventou o bilhete único e eu passei a gastar metade do que gastava em condução – e os ônibus melhoraram, tinha até ônibus cheirando a novo na periferia! E mais: a Marta foi lá e inaugurou um CEU – por isso, pela primeira vez na vida, meus filhos foram no cinema”. Texto completo em http://www.quasepoucodequasetudo.blogspot.com

  8. Fernando Salem disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:41 am

    PS:
    Por outro lado, as galinhas “põem” ovos. Uma imagem de parto que redime o verbo “por” quando usado para significar o parto de um “canto” fecundado em meses de gravidez.

  9. Pablo disse:
    Outubro 18th, 2008 at 11:12 am

    Suplicy é daqueles políticos que teria, caso votasse em São Paulo, orgulho em confiar o voto ( não saberia dizer porque mas, cada vez mais me simpatizo com o Suplicy e com o Serra).

    Vejo em Suplicy,um político que poderia concorrer à presidência, mas, lamento o fato dele não ser mediático, o que infelizmente, a meu ver, é cada vez mais necessário ao postulante no Executivo.

    Quem sabe Caetano você possa começar o movimento aqui no blog, Suplicy 2010.

    Meu português está mais para o do Jotabê. Desculpe-me aí. Trata-se de uma limitação estilísta e uma falta de habilidade em escrever textos no computador.

  10. Marcio Junqueira disse:
    Outubro 18th, 2008 at 12:01 pm

    delicia esse comentario seu. mais mezclado. tanta politica me cansa. baca na você ter falado do glauco pq depois que le ficou completamente cego, acho que ele começou a sofrer bastante preconceito. não pelo fato de estar cego, mas por isso também, mas pelas opções artisticas que ele pode fazer a aprtir da cegeuira. talvez o caso dos sonetos seja o ajis emblematico. conversando não fa zmuito tempo com alguma spessoas, sempre ouvia elas falarem a mesma coisa “ah, mais o glauco encaretou, ta ate faznedo soneto agora, e só fala besteira rimada”. num exercicio de defesa das liberdades acabamos sendo bem intolerantes, em arte sobretudo vejo isso. verso livre pode, poesia visual pode, poesia cinetica, poesia praxias, concreta, video poesia… mas soneto, de, elegia, parecem soar (quando feito por contemporâneos) ruim de antemão.
    adoro quando você fala dos seus amigos.
    beijos

  11. Socorro disse:
    Outubro 18th, 2008 at 12:11 pm

    Pois é. Álvaro Guimarães.Um ser tão importante e um desconhecido até pra boa parte dos baianos. Não é que somos um povo sem memória. O buraco é mais embaixo. Ou em cima.
    Mas, como acredito, meeeeeeeesmo, em anjos e coisas do tipo, penso que o Alvinho agora tá bem. Recuperou suas asas e deve estar livre de volta à imensidão da sua casa.
    Rodando pela internet, achei uma maravilhosa entrevista que Bethânia deu à Playboy 12 anos atrás. Bela. Vasculhem e leiam. Lá ela conta, por exemplo, que Caetano dizia “acredita em deus, não, mana, deus não existe. Deus sou eu.” Cê inda pensa assim, Caetano? Mas queria deixar aqui um trecho da entrevista que ela fala do Alvaro Guimarães, pra que quem não conheceu tenha uma noção da figura que ele era:

    “Comovocê escapa dessa confusão radiofônica?

    Não ligando o rádio. E lendo Mônica, Cebolinha, Pato Donald, Tarzan, Fantasma, Drummond, Pessoa, Verlaine, Baudelaire e Proust.

    Nessa ordem?

    [Risos.] Na ordem inversa. Em quadrinhos eu me viciei depois de grande. Agora [o romancista francês Marcel] Proust eu lia com 14 anos porque um grande amigo meu, o [cineasta e diretor de teatro baiano] Álvaro Guimarães, o Alvinho, me aconselhava: “Bethânia, você tem de ler Proust muito cedo, para já arrancar na vida sabendo das coisas”…

  12. João Renato disse:
    Outubro 18th, 2008 at 1:15 pm

    Prezado Caetano,
    Só conheci o blog agora. Acho incrível que uma pessoa como você, tão presente e atuante na vida brasileira, mantenha a mesma presença e atuação também através de um blog.
    A Marta pisou na bola mesmo; aqui em São Paulo, estão dizendo que ela só vai aconselhar alguém : “Relaxa e goza!”, se a pessoa já for casada e tiver filhos.
    Quanto ao baiano ser vizinho dos nordestinos, eu tive uma nammorada baiana que dizia que a Bahia não era nordeste e nem sudeste, que a Bahia era “outro continente”.
    Um abraço,
    JR.

  13. Claudinha disse:
    Outubro 18th, 2008 at 1:26 pm

    Como é que Marta, a sexóloga moderna dos anos 80, sai com uma dessas? E quer que o povo acredite nela?
    Outrossim, está na hora do Brasil, e aí acho que a mídia poderia ajudar, em vez de atrapalhar ou aumentar, olhar o Brasil com outros olhos. Vivemos num país imenso, lindo por suas diferenças.Vamos acabar com essa pasteurização adotada pela mídia.

  14. Caetano Veloso disse:
    Outubro 18th, 2008 at 1:48 pm

    E, Heloisa, de onde você tioru a idéia de que seria surpresa para mim ouvir que a língua é viva. É assim que sempre a percebi. Não sou conservador no que tange à língua portuguesa. Ontem mesmo gravei “ela se esgancha por cima de mim” numa letra. Cresci ouvindo o verbo “esganchar” ou “esganchar-se” em Santo Amaro. Não é igual a “enganchar”. Uma pessoa “esganchada” sobre um galho, sobre um cavalo: isso inclui a idéia das pernas abertas. Mas a palavra “não existe”. Quer dizer, não está no dicionário.

    Luedy, não li ainda o texto do Bagno na Caros. Os meus sobre os críticos paulistas eram também piadas. Vou ver o dele. Insisto em que a entrevista de Bagno era muito fraca. Vou ler os livros e volto ao assunto. E “gotejantes” para mim soou engraçadíssimo, por isso disse que a expressão era genial. Espero que tenha papel humorístico no texto. Se não, qual é seria mesmo o sentido sério dela?

  15. Eduardo Luedy disse:
    Outubro 18th, 2008 at 3:07 pm

    Sobre a polêmica Bagno x Caetano, eu queria dizer que não vi o “gotejantes” que ele (Bagno) empregou em seu texto na Caros Amigos como algo pejorativo ou violento. Apesar de reconhecer que há aqui muita torcida pró-caetano, bem no estilo time de futebol, aliás como seria de se esperar, não acho que “gotejantes” devesse despertar tanta ira.
    Acho que não tem ninguém que mais admire Caetano entre meus amigos e conhecidos do que eu. Sou professor de turmas de pedagogia e sempre que penso em alguma música para que a gente possa cantar juntos, sempre me vem à mente Caetano. “Alguém Cantando’ se tornou um sucesso em minhas turmas, desde que passei a cantá-la com as alunas do curso (e isso desde 2003, quando passei a ensinar arte-educação a turmas de pedagogia). Enfim, me sinto à vontade para discordar e criticar Caetano quando julgo pertinente.
    Reconheço também que a admiração que tenho se transforma também em grandes expectativas. E é aí que tenho que me policiar para não ficar exigindo demais de Caetas. No entanto, no que tange ao debate com os linguistas, acho que Caetano, talvez por conhecer pessoalmente o Pasquale e gostar da figura; talvez por ser mesmo normativista, ele demonstra ter posturas muito conservadoras no que tange à lingua portuguesa. [O que é muito curioso: Caetano curte funk carioca, curte os Racionais MC's - ou seja, reconhece a contribuição imensa dos artistas populares que fazem um uso nada canônicos da língua]

    E voltando à polêmica, eu queria dizer também que acho os/as caetanetes engraçados/as: Caetano foi bem violento quando manifestou sua discordância com a crítica que lhe fizeram por ocasião do show com Roberto Carlos. Pouca gente aqui se manifestou contrário àquilo que eu julguei totalmente improcedente e que se resumia à desautorização do disensso.
    Bagno não foi nem um pouco violento, comparado com aquele texto primeiro de caetano contra os jornalistas. Cadê a coerência, gotejantes?

    ps. adorei o último post.

  16. laurene disse:
    Outubro 18th, 2008 at 3:14 pm

    Oi, Caetano. Já viu o filme Passeios no Recanto Silvestre, que fizeram com o José Agrippino de Paula, entregando a ele uma super-8? Tá lá no youtube:

    http://br.youtube.com/watch?v=91fEMnFw0Ts

  17. joana disse:
    Outubro 18th, 2008 at 4:20 pm

    Fernando Salem!

    inspiradíssimas suas “colocações”!

    tenho um amiga que tinha mania de inventar novas palavras no meio das conversas . de tanto fazer todo mundo percebia que ela fazia com o maior descaramento. e muitas acabavam pegando.

    ela, comentaria assim:

    inspiradíssimas suas “ponhações!

    sempre aprecio “ouvir” homens falando sobre “gestação”, por exemplo. gosto da apropriação dessa palavra por eles, e a expansão pra muitas esferas e ocasiões. é como precisar ir muito a fundo para se apropriar de algo que aparentemente seria mais natural a outro gênero. acho que muitas mulheres não sabem mais “gestar” com naturalidade.
    exercícios de linguagem, e contexto.

    “e caetano põe a voz”

  18. Caetano Veloso disse:
    Outubro 18th, 2008 at 5:20 pm

    Heloisa,
    não chamo “o jeito de não conjugar os verbos pronominais da forma correta” de cômico, embora o pudesse chamar de peculiar. O que eu disse foi que essa onda é curiosa. O erre retroflexo (”líqüido”) é que eu disse que é visto pelos brasileiros que não o empregam como cômico etc. Não era expressão da minha opinião. Observe que você é que qualificou de “correta” a conjugação promnominal dos verbos reflexivos. Eu nem isso fiz. De minha parte, adoro o inglês dos negros americanos e já encontrei meinas no interior de São Paulo que me fizeram amar o erre líquido (na canção “A Outra Banda da Terra” eu o uso de forma ostensiva e carinhosa). Claro que sei que em BH riem dos caipiras. Normal. Na Bahia também se ri dos tabaréus. Desde nem lembro quando que não me identifico com quem ri muito facilmente de diferenças. E “onda” é coisa que se forma, se desenha e se desencadeia, como as mudanças históricas. Por que deveria eu apoiar a arrogante discriminação dos professores de gramática que se tornam populares?

  19. Tuzé de Abreu disse:
    Outubro 18th, 2008 at 5:37 pm

    ´Oi Caetano. Tô gostando de tudo por aqui.Gostei do poema em espanhol, e de vários outros comentários. Uns anos atrás fui gravado sob a direção de Alvinho Guimarães, para um programa de TV dele , dedicado ao ICBA nos anos militares. Foi a última vez que o vi.
    É sempre luminoso ler seu blog.Aqui em Salvador , a minha opinião é votar contra Geddel. Acêeminho aderiu a ele , como não poderia deixar de ser. Queria mesmo era poder votar em Gabeira.

  20. Meire disse:
    Outubro 18th, 2008 at 5:41 pm

    Caetano o que mais admiro em uma pessoa é a capacidade de manter a sua mente aberta. Posições, opiniões, situações, são mutáveis, os princípios é que são fundamentais, pois nos fornecem as bases para avaliar e a grandeza de coompreender. A sua música é isso! Na sua voz cabem muitas melodias e muitas emoções, por isso vc é único, por isso sua irmã sentirá sua falta hoje! Como fã gostaria de ouvir algumas coisas que ficariam lindas na sua voz como poso sugerí-las? Apesar do importante momento político do país, meu voto vai para vc que é “totalmente demais”

  21. Sandro Lobo disse:
    Outubro 18th, 2008 at 5:59 pm

    Pois é, Caetano, aqui em A TARDE gostaríamos de poder ter dado material melhor e mais extenso sobre a vida de Alvinho, já que sobre a obra pouco de publicável ficou (”Caveira, my friend”, e algumas entrevistas da década de 80, muito boas de se ler, como tive oportunidade por conta da morte dele). Lembro de gente que não acreditava muito nas histórias que ele contava sobre o contato com você e Bethânia, como se fosse coisa olímpica ter estado com os dois num momento em que eram, ambos (os três, na verdade), apenas jovens cheios de idéias numa Salvador ainda prenhe de tudo que viria depois… Foi bom ler seu depoimento, ele teria orgulho do respeito que você dedicou a ele. Abraço.

  22. Exequiela...T-Mal-Digo disse:
    Outubro 18th, 2008 at 6:08 pm

    Sor.ria ! No quería dejar de escribirte sobre el Amor. El amor!!. Qué miedo, sí, y más cuando se torna un Amo. Voce sabe que existe una maldición árabe de la que no se puede escapar? Yo me crucé una vez con um menino do Rio (de la Plata) y al no sucumbirme a sus encantos me miró fijo y me gritó (como nunca nadie me había gritado en mi vida) con toda la fuerza y con todo el despecho.
    OJALA QUE TE ENAMORES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Siempre inocente!! Pensé que o menino estaba maluco pero que era un Nature Boy que me deseaba paz y amor. Puxa vida! Luego lo entendí: dónde está la palabra “paz” en un “ojalá que te enamores”??!! Pasaron unos día y comprendí que el muy mal parido (por no decir el re-mil hijo de puta) me había sentenciado a vagar por esta vida buscando un estado de enamoramiento constante. Pero seguí leyendo sor-risa!!!!! Esto no termina acá. Un día (muy cercano a la maldición) soñé a una gitana que me revelaba cuál era la medicina para romper las cadenas con el “ojalá que te enamores”. Ela falou em español porteño: Piba, la posta es esta: “Tenés que enamorar”. Punto, nada más me dijo. Pois eso no me ayudó en nada! La malinterpreté y empecé a enamorar a cualquiera, sin hacer discriminación. Era tal mi des-esperación que hasta a los perros vagabundos trataba de enamorar: Se me cruzaba un perrito y ahí yo estaba tratando de enamorarlo. Y encima pensé que cuantas más personas enamorara, más rápido se iría la maldición. Un día entré en un cafetín de Buenos Aires… de esos donde aún reina el machismo porteño y se ven escasas mujeres. Claro, enamorar a un machista, qué fácil! Caen como mosquitas los pobres! Le conté mi penar al que resultó ser el nieto del escritor del tango “Amurado”. Me cantó la canción bajito… y ahí entendí: Su abuelo también había sido sentenciado.
    AY EL “AMOR”!! Seguiré intentando des-maldecirme. Si en el camino dejo a alguien “amurado” pois que me desculpe… soy solo una maldita tratando de volver reversible lo irreversible…. con mi amiga la ilusión. Y, lo más importante, con intensiones amorosas.
    PD: Cuando buscás la cura para esta terrible maldición, no hay nada peor que toparse con la Histeria Masculina… Son engañosos demais porque no saben que ellos también están malditos. BEWARE MY LOVE!

    AMURADO
    Campaneo a mi catrera y la encuentro desolada.
    Sólo tengo de recuerdo el cuadrito que está ahí,
    pilchas viejas, una flores y mi alma atormentada…
    Eso es todo lo que queda desde que se fue de aquí.

    Una tarde más tristona que la pena que me aqueja
    arregló su bagayito y amurado me dejó.
    No le dije una palabra, ni un reproche, ni una queja…
    La miré que se alejaba y pensé:
    ¡Todo acabó!

    ¡Si me viera! ¡Estoy tan viejo!
    ¡Tengo blanca la cabeza!
    ¿Será acaso la tristeza
    de mi negra soledad?
    Debe ser, porque me cruzan
    tan fuleros berretines
    que voy por los cafetines
    a buscar felicidad.

    Bulincito que conoces mis amargas desventuras,
    no te extrañe que hable solo. ¡Que es tan grande mi dolor!
    Si me faltan sus caricias, sus consuelos, sus ternuras,
    ¿qué me quedará a mis años, si mi vida está en su amor?

    ¡Cuántas noches voy vagando angustiado, silencioso
    recordando mi pasado, con mi amiga la ilusión!…
    Voy en curda… No lo niego que será muy vergonzoso,
    ¡pero llevo más en curda a mi pobre corazón!

  23. Sor.ria ! Sor.ria! disse:
    Outubro 18th, 2008 at 6:15 pm

    Oi Exequiela,
    espero que vc nao tenha acreditado naquela brincadeira!!! Eu ando jogando futebol, vc sabe aqui no Brasil driblar é uma febre!
    Eu gostei mesmo de ter meus coments, que nao diziam nada de fora do contexto bloqueados!!!!
    Gesto de posicionamento macho, sem ser machista. Adorei a DITA-DURA! Me senti protegida e prestigiada!

    Sou alguém leve de alma, pois nao nego aquilo que me atinge como verdade. Também nao quer dizer que nao possa ir à um “inferninho”, convenhamos comer o prato predileto todo dia faz mal à saude!!! Eh uma questao de balanceamento alimentar!

    Eh muito triste sua a poesia, porém é bonita. A vida nao é e nem deve ser perfeita. As coisas sao da maneira que devem ser.
    Ainda bem que tenho desprendimento do orgulho burguês, senao estaria arruinada!
    Estou muito feliz por estar te escrevendo!
    Agora a noite estah caindo, a bruma e maresia deixando as janelas cada vez mais embaçadas estah tudo tao lindo!
    Obrigada pelo carinho!
    Os homens às vezes sao tao duros que nem eles mesmos aguentam, e ai começam a chorar. Eu é que nao queria ter a responsabilidade de manter a DUREZA permanente.
    Aai, eu me identifiiico com os hoomens e béem é poor iiso que soou assiim viadiiinha, eu queria ter um paaau soooh prah me vestir de mulher, seria um triunfo!
    beijos
    à todos e um especial à vc Exequiela!

  24. Heloisa disse:
    Outubro 18th, 2008 at 6:28 pm

    Caetano,

    Para começar, meu erre não é ‘líqüido’, adjetivo que só mesmo um poeta poderia usar para retroflexo. Cresci e passei a maior parte da minha vida em Belo Horizonte, e só quando vim morar no sul passei a ouvir esse erre com freqüencia. E preciso confessar: só algum tempo depois acabei com o meu preconceito (sim, surpreendentemente, as pessoas de Belo Horizonte também desdenham o falar dos interioranos). Minha saída da capital acabou por me deixar sem um ponto de referência fixo: meio suspensa no ar, observando a forma como se relacionam mineiros e outros brasileiros. A relativa distância e o contato com a lingüística clarearam quase tudo o que antes eu não entendia, ou não queria ver. Os lingüistas podem soar ridículos em algumas coisas (eu até já reclamei do Marcos Bagno aqui), mas para mim o essencial neles, o que não pode passar em branco é seu esforço para mostrar o preconceito língüístico. Você, ao comentar o jeito mineiro de não conjugar os verbos pronominais da forma correta, desdenhosamente chama de onda curiosa, cômica e peculiar. Não é uma onda, Caetano. Onda é o que se inventa em determinada época, é temporária, não tem história. Nossa fala é assim naturalmente, historicamente. É a língua que minha mãe fala, porque foi assim que ela aprendeu com seus pais e seus avós, que aprenderam com uma mistura de raças que se estabeleceu em Minas. Culpa de quem? O carioca tem culpa de falar o ‘x’ que irrita tanta gente? E o paulista tem culpa de falar o ‘deintro’ que muitos ouvidos não suportam? É claro que eu entendo porque essas falas não são discriminadas, além de representarem as cidades principais: é porque os falantes aparentemente não cometem nenhum erro gramatical gritante, nem falam o ‘pavoroso’ erre retroflexo. Nordestinos são um caso à parte, infelizmente, já que o preconceito envolve muito mais do que só a linguagem. E você , como baiano, assume uma atitude contraditória (que novidade!) ao lamentar o preconceito contra seu povo e seus vizinhos, enquanto alimenta o mesmo preconceito contra os mineiros.
    Você me vê ilhada pelas alterosas – engano seu. Na terceira margem do rio eu aprendi que posso amar minhas montanhas e a fala rica dos povoados, o mar da Bahia e a fala de sua gente, Nova York e todas as línguas do mundo. Democratizei meus ouvidos a ponto de ouvir com gosto a fala de qualquer brasileiro, europeu, americano, britânico…só ainda não gosto muito do inglês dos pretos americanos, mas um dia chego lá.

    Eduardo, concordo que fomos meio incoerentes: às vezes precisamos deixar um pouco de lado a tietagem e colocar Caetano contra a parede sim. Agora, quanto a não exigir demais dele, já não concordo. Exijo sim, porque ele agüenta a pressão.

    Nelson, obrigada pelas músicas lindas. Você tem razão, há algo indefinível de Minas em Keith Jarret mesmo. E eu adoro as suas risadas!

    Exequiela, Helena e Rosana: Obrigada por me citarem com tanto carinho. Exequiela, também não entendi e não concordei com aquele comment sobre você. Beijos.

    Miram: Você só pode ser uma pessoa linda, para falar de outra com tanta generosidade. Só por isso, tentarei ser mais solar agora.

    Nina: Sempre que ouço ‘Sou você’, tenho que segurar o choro. A letra tem algo de solar, mas a melodia evoca algo dilacerante que – ninguém se engane - está logo ali, à espera.

  25. Lucas Jorio disse:
    Outubro 18th, 2008 at 6:31 pm

    Caetano,
    sobre sotaques, me fez pensar algumas coisas. Toda vez que gozam do mineiro é com um sotaque que não é o meu. Claro que não é algo de se ficar puto, você têm razão, “baiano” e “paraíba” podem ser ofensas aqui também. Mas engraçado, quando ouço “paraíba” aqui, só pode ser ofensa, “baiano” pode ser ofensa ou identificação do sujeito pelo sotaque (conheço dois lavadores de carro chamados de “baiano” porque falam “mainha”). Em Minas há vários sotaques, o tipo ideal das caricaturas me parece ser sempre um caipira esperto na sua inocência. Acredito que na Bahia também devem ser vários “baianos”, gostaria que falasse sobre isso.
    Vou muito ao norte de Minas. Em Araçuaí, por exemplo, tem um sotaque curioso, lembra mais o baiano do que o mineiro mas não é nehum dos dois. No segundo turno em BH está acontecendo uma coisa no mínimo interessante, que é uma marcação de diferenças em torno dos jeitos de falar. Aquela coisa, BH é uma cidade (ainda) nova, com muita gente dos interiores do estado. O candidato do PMDB, Leonardo Quintão, exagera o sotaque da capital, “geeente, tiô te falá um negócio…”, ele é do tipo vizinho e amigo do eleitor. O outro, da aliança (frouxa) Aécio-Pimentel, Márcio Lacerda, é do sul de Minas, tenta mas não consegue esconder o erre, e acaba representando o tipo empresário de sucesso.
    Abraço,
    Lucas

  26. Mille disse:
    Outubro 18th, 2008 at 7:04 pm

    Pablo,
    adorei Suplicy 2010… Somos sonhadores! Sonhemos então!

  27. gil disse:
    Outubro 18th, 2008 at 7:33 pm

    o psdb sempre carregou o estigma da aliança com o pfl, essa aliança derrotou as esquerdas ( e as direitas) e chegou. o pt veio depois e suplantou essa aliança num arco com os nanicos, pagou por isso e teve que aturar o mensalão. agora em são paulo a gente vê marta tendo que superar um prefeito biônico vindo das colunas malufistas, esse é São Paulo! quando a marta pergunta por quem é esse homem, o pau quebra e novas insinuações rasteiras tomam uma importância imprevisível. mas o gajo foi herói e limpou as ruas das placas e da sujeira visual. Como é fácil ganhar votos, porque não aprendem? novamente o psdb se arruma pra ganhar, dessa vez com o candidato deles o que de certa forma já é uma derrota. mas Sampa é Sampa e o poeta já disse tudo…o que virá? Caetano tocou no ponto quando se referiu a resposta do candidato a pergunta indiscreta sobre preferência sexual. O candidato mentiu ou foi verdadeiro? Nos EUA ele estaria frito se mentisse, nós por aqui aceitamos de tudo, às vezes… garantir ao psdbpfl a hegemonia em são paulo com vistas a sucessão presidencial ou seguir com o pt dando mole pra marta. que mulher corajosa essa…topar uma parada dessa a essa altura do campeonato…em são paulo se trava o duelo brasileiro, aqui é província.

  28. ria disse:
    Outubro 18th, 2008 at 8:27 pm

    Helô,
    sabia que uma parrte de minha familia é do sur de Minas! Eh verrdade!
    ” nao mi imporrta qu’a porrteirra esteja aberrta porrta mesmo é serr feliz! ”

    Adorro essa parrte de minha familia, que nunca vejo, que sao “bicho do mato” que nunca vao prrah capitarr! Eh que andarr de carro enjôa!!!
    Sao as pessoas mais maravilhosas e educadas que conheço! E eles se subestimam, tem verrgonha do gracioso e exagerrado sotaque!!!
    Caetano fala numa musica “eh tao bom tocar um instrumento”. Eu digo “eh tao bom terr o corraçao mineiro!”
    Eh sério o coraçao mineiro(do sul, que eu conheço) tem uma pureza, que os deixa propensos a serem mais para reservados e desconfiados. No meu caso a pureza dah efeito contrario!!!!!
    bjao

  29. Henrique Brito disse:
    Outubro 18th, 2008 at 8:37 pm

    Prezado Caetano,
    Esta semana perdemos um amigo em comum, nosso Álvinho, Álvaro Guimarães, encontrado morto no Arraial d’Ajuda. Perdemos um grande nome, alguém que junto com tantos outros baianos tá fazendo falta. Sou também do recôncavo e parece que lá nos apegamos mais as pessoas, as lágrimas caem mais facilmente. Prezado comente algo sobre alvinho, ele merece.

  30. Gil Vicente Tavares disse:
    Outubro 18th, 2008 at 8:41 pm

    Caetano,

    Venho acompanhando seu blog há algum tempo. Parabéns. Ainda não tinha deixado comentários, mas esta postagem sua me comoveu muito, ao ler sua homenagem, mais do que justa, a Álvaro Guimarães.
    Ele representa aquela Bahia que apontava para um futuro e que naufragou no provincianismo, na ditadura, na violenta centralização Rio-São Paulo que continua “roubando” nossos talentos.
    Tenho um carinho enorme por Alvinho, e queria aproveitar para registrar aqui o falecimento de Nilda Spencer, outra representante dessa Bahia que podia dar certo enquanto centro (central, mesmo) da arte brasileira.
    Cheguei a pensar em escrever uma postagem no blog do meu grupo, http://www.teatronu.com, falando sobre sua música “a cor amarela”, mas você disse parte do que eu queria. É música axé, é pagode, é “a cor do som”, é uma justa homenagem à música de festa autêntica da Bahia, que a imprensa tenta diminuir, enquanto exalta enlatados de menor qualidade vindos de fora ou nascidos no “sul-maravilha”.
    Aproveito para fazer uma pergunta: você pretende gravar “o pé da roseira”? Vale a pena buscar nas ostras do passado as pérolas esquecidas…

    grande abraço,

    Gil Vicente Tavares

  31. Rosana Tibúrcio disse:
    Outubro 18th, 2008 at 9:59 pm

    Eu admiro e gosto do Suplicy:”contado” ou escrito. Não vou dizer calado porque é judiação. Mas a voz dele, o jeito dele falar me dá uma certa agonia, quase uma angústia. Tenho a impressão que há sempre uma palavra “pregada” na garganta dele, como se estivesse mesmo engasgado.
    Ah! se todos pudessem falar como Caetano, Darcy Ribeiro ou Ariano Suasuna. Adoro essas vozes, a de Darcy, adorava. E tenho o costume de ler esses três com as vozes deles na minha cabeça. É engraçado, não sei como explicar a vocês.
    E até por isso tenho vontade de saber como seria as vozes de Heloísa (já disse que não é dos “erres”, de Nelson, e outras muitas pessoas que tenho gostado de ler por aqui.

    Apreciei muito também o “líquido” que Caetano usou pra ilustrar os erres dos mineiros. Erres que eu também não tenho, nunca tive. Por que isso de achar que os mineiros falam com esses erres? Por aqui onde moro o que usamos, ou deixamos de usar, são os finais das palavras, e também usamos demasiadamente os diminutivos; é um tal de: “pititim”, “imaginá”, “fazenu”, e pararáss… Creio que Heloísa fez referência a esse sotoque mimeiro - posso estar enganada. E os belo-horizontinos, com raras exceções, têm mesmo um jeito torto de olhar pra gente que fala assim.
    Nem ligo, “achu tão bunitim o jeitu deu falá”

  32. Heloisa disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:18 pm

    Pessoal, vocês leram o texto de Contardo Calligaris na Folha esta semana? Ele fez uma crítica muito interessante sobre as campanhas de Marta e McCain, mostrando como ambas jogam com fatos não confirmados para confundir a cabeça do eleitor. Só que hoje alguém escreveu para a Folha comentando a hipocrisia do cronista, que há dois meses disse na revista ‘Imprensa ‘ que concordava com a lógica de expor a vida privada do candidato em campanhas eleitorais. A réplica foi sensacional: ‘Claro, no meu mundo ideal, não haveria nada a esconder, mesmo; a ponto que as opções seriam indiferentes. Agora, a campanha de Marta agiu contando com o fato de que estamos em outro mundo, em que a sexualidade poderia ser fonte de vergonha e descrédito. Isso, sim, é vergonhoso.’ Grande Calligaris!

    Caro Caetano, que parece estar muito bravo comigo: Foi daqui que eu tirei a idéia: ‘Fiquei maravilhado com a afirmação de que a língua é viva e mutante na práxis dos falantes: a língua é falada, a escrita seria apenas uma notação convencionada a posteriori, como as pautas musicais.’ Não fui a única a estranhar esse comentário seu, já que ele foi citado no blog de Sírio Possenti – para quem não conhece, é um dos lingüistas brasileiros mais respeitados, professor da Unicamp e autor de vários livros. Ele disseca seu post ‘Lingüistas’ de maneira meio desagradável, mas acho que você deve dar uma olhada. Pelo menos ele não fala só do Pasquale o tempo todo. Só que, ao copiar sua frase para colar aqui, prestei atenção às frases anteriores e vi que cometi um erro fatal: você falava sobre seus primeiros contatos com a lingüística, e não sobre sensações atuais. Possenti e eu nos enganamos – de minha parte, peço desculpas pelo descuido. So sorry! And please, don’t be angry with me, my bittersweet real diamond…

  33. ria disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:41 pm

    Oi Nina, cê tah atrapalhada mesmo!!! No coment 38. faltou um H no LINA !!!
    Soh tô falando pq. vc. parece estar preocupada, pq. meus coments tem mais erros de português do que qquer outro e eu fico sempre esperando que ninguém tenha percebido! Tenho mil desculpas para escrever mal o português e vou fazendo feio ao invés de me preocupar em escrever direito minha primeira referência lingüistica!
    Falando nisso a lingua falada (tanto os sons como a construçao lingüistica) à meu ver nao é outra coisa além de afeto!

  34. Nina disse:
    Outubro 18th, 2008 at 10:56 pm

    Heloisa, que lindo seu comentário sobre a música “sou você”… Eu sempre costumo dizer que ela pusa entre o passado e o futuro e nos encanta/arebata no presente… Mas sua síntese é maravilhosa… A primeira vez que ouvi foi no cinema… Acabou o filme e ela foi prá casa comigo… Nunca mais me deixou, rs! Alás, como as músicas do Caetano… Lembro que ouvi Alegria Alegria quando ainda era uma garotinha e fiquei fascinada… Era uma festa… O sol de quase dezembro… Meu aniversário… “Eu nunca mais fui a escola”… As férias davam em novembro… Nos meus doces sonhos de menina, achei que essa música tinha sido feita prá mim…Rsrs! Decididamente prá mim Alegria Alegria tem gosto de novembro, de bolo, da doce espera do Natal, das festas de fim de ano e do veraneio… Tem a leveza da alegria mesmo!
    Beijos em você, no Caetano e na turma muito antenada desse blog… Fico fascinada com os comentários… Como tenho “natureza contemplativa”(Cazuza disse isso uma vez e eu já me apropiei, rs!) me deleito!

  35. Eduardo Luedy disse:
    Outubro 18th, 2008 at 11:06 pm

    eu fico impressionado: Caetano tá gravando e ainda tem tempo para escrever os posts, ler os comentários e ainda e responder com atenção ao quem lhe chama a atenção (tanto os impertinentes quanto os gotejantes). Caetano, ainda que discordando de você, saiba que eu te adoro.

  36. Nina disse:
    Outubro 18th, 2008 at 11:07 pm

    por favor, leiam o pulca ai em cima com um “l” no meio e o arrebata com 2 eres… Beijos!

  37. Eduardo Luedy disse:
    Outubro 18th, 2008 at 11:10 pm

    vixe quantos erros em meu comment! é o que dar ficar copidescando demais…

  38. Gilliatt disse:
    Outubro 18th, 2008 at 11:34 pm

    deixa a língua me levar…

  39. Patrícia disse:
    Outubro 18th, 2008 at 11:36 pm

    Agora não posso mais acompanhar o blog só pelo reader (sabe o que é reader, Caetano?), porque estou perdendo uma parte muito saborosa, dinâmica e espontânea: os comentários.
    Tive de voltar atrás só pra entender a discussão dos ditongos, de Bagno (quem já li, entrevistei e achei um arrogante de marca maior apesar de tanto blablablá). Divirto-me com o bate-papo na cozinha e saboreio pão-de-queijo e cafézim, vatapá e bichim, alfajores y dulce de leche! E eu, apesar de morar no estrangeiro, fico com olhos d’água: sô e só de sodade.
    Adorei o comentário de Salem!
    Um beijo, Patrícia

  40. nelson disse:
    Outubro 19th, 2008 at 12:04 am

    Heloisa,

    Devo te confidenciar sempre achei Minas absolutamente indecifrável pra mim(um “cariócá” meio arredio pros padrões locais “cariócás” até mesmo devo sinalizar pros padrões linguisticos “cariócás” com erré “gutural”, adorei adjetivar o modo de falar o que em si mesmo me parece ingenuo e preconceituoso de per si já que não raro me perguntam de onde é meu sotaque rsrsrsrsrsr hehhehehe), que ama o mar e mora perto dele mas que sempre teve para com ele uma relação de espaço a ser admirado e não exatamente “DEGLUTIDO”este sim um estado de espirito carioca genuino do tipo choveu e não deu praia neguinho fica de péssimo humor e acha que está frio na cidade o que é hilario.

    Este meu jeito sempre me aproximou da zona norte da cidade sem pertencer de fato e de direito á zona norte no sentido da apropriação genuina de sua cultura e de seu modo de viver.

    Até entender minimamente a beleza de milton(demorei cerca de 15 anos pra processar a beleza e o misterio mineiro dele cantar, confesso achava milton um porre)lô borges, toninho horta,uakti e que tais, as lembranças quando criança de temporadas em regiões de agua mineral(são lourenço e caxambu),de carro pelas montanhas e pelo pasto a traduzir um mundo calmo e seguro,o céu mineiro que é um céu diferente do céu da bahia, enfim até entender que minas é o mistério do brasil ou em certo sentido minas é o japão do brasil, e sua gente tem um jeito de ser peculiar e complexo lá se vão meus 32 anos.

    o que quero te dizer é que esta discussão com caetano ,que ainda vai terminar em pão de queijo e doce de leite da vovó ou em compota de abóbora com bolo de milho e café passado em coador de pano sobre a mesa grande da fazenda, é que caetano e nem eu e talvez ninguém do brasil a não ser os próprios mineiros são capazes de entender a complexidade simplicidade de ser mineiro, que hoje pra mim em termos de cultura me parece o japão brasileiro temos exemplos na(moda,musica,gastronomia,comportamento e artes plasticas que comprovam o que disse).

    enfim tudo isso é pra te dizer kkkkkkkkk, hehehehehe, rsrsrsrsrs, hihihihihihih, que vc
    é doce e firme, intensa e calma(ponderada),estelar e chão de terra batido,contemporanea pacas e interiorana,desconfiada-confiada, arredia e solar como a musica de miltom onde o sol reside na alma e transborda pelo céu estrelado por entre as montanhas e discos voadores.

    abraços nelson

    trilha sonora do dia:
    http://br.youtube.com/watch?v=fmjULeODgqc

    agora me explica uma coisa: eu que nada entendo de linguistica e que ja fui da “academia”, não a de ginástica e que preciso da musica pra viver ,herança de meu pai que colocava musica classica enquanto eu ainda estava na barriga da minha mãe,

  41. Edison disse:
    Outubro 19th, 2008 at 12:12 am

    Caetano poderia regravar, apenas para adequar-se à norma culta, apregoada pelo Prof. Pasquale, duas de suas músicas, Odara: “Deixe-me cantar/Para meu corpo ficar Odara” e Gema: “Deixe-me ver/Pedra clarão na floresta/Gema do olho na fresta”…

  42. Nina disse:
    Outubro 19th, 2008 at 12:14 am

    estou tão atrapalhada que nem consigo escrever, por favor, ponha um L NO PUSA, 1ª linha e 2 erres no arrebata na 2ª lina, por favor, não deixe esse comentário e o outro que postei sairem assim…Obrigada!

  43. teteco dos anjos disse:
    Outubro 19th, 2008 at 12:56 am

    Caetano,

    O jornal que Pedro José Ferreira da Silva, o incrível Glauco Mattoso, escrevia no final dos anos 70 era o “Jornal Dobrabil”, uma espécie daqueles antigos “zines”, que vinha todo dobrado, por isso o nome e também uma brincadeira com o Jornal do Brasil. Mais trocadilhos na vida de Glauco, além do seu nome artístico-poético-patogênico.
    Deve ter sido este jornal que Augusto de Campos te passou. Eu tenho uma edição, ganhei do próprio, além de alguns livros que ele me mandou também pelo correio, como “LImeiriques e Outros Debiques Glauquianos”, hai-cais ( é assim mesmo que se escreve??) porno-escatológicos onde ele homenageia o também genial “poeta do absurdo”, o “Zé Limeira”.Essas coisas dele estão na minha “bisbilhoteca”.
    Eu era um “aborrecente” em 1990 e tinha uma banda de punk-rock, e de sopetão enviei ao Glauco ( conhecido e cultuado entre os punks da época em Sampa) uma edição grotesca do meu opúsculo “Busílis”. Para minha surpresa ele curtiu, principalmente meu “Poema Bucólico”;

    com tua merda
    preparei os campos,
    futuras primaveras
    nascerão com teu perfume..

    Troquei cartas, livros e telefonemas com Glauco Mattoso até mais ou menos 97, 98, quando seus problemas com a visão pioraram e ele ficou cego. Certa noite, ele me disse ao telefone…”cara, punk é sonhar que estou enxergando e acordar cego, blindado”.
    Eu fiquei triste e chorei por ele, pelo meu ídolo juvenil ( até hoje é ), cego, como Homero.
    Então ele se mudou e gentilmente me enviou seu novo endereço em Sampa e seu novo telefone, mas eu estava na assessoria de imprensa do Sesc, correndo pra lá e pra cá e perdi o contato. Sorry. Depois, eu fui pra Sardenha e fiquei empalhado lá, longe do Brasil.
    Ele me conhecia como Marcelo Théo - já que meu nome é uma saga; “Marcelo Henrique Théo Borges Monteiro”…e meu apelido sempre foi Teteco e “dos Anjos” é uma homenagem ao Augusto dos Anjos.
    Mas fico sempre comovido ao falar de Glauco Mattoso…o guru que me deu a dica para conhecer e gostar também de Caetano e, consequentemente, de música brasileira, acordes dissonantes etc, além de todo “barulho” que eu e meus amiguinhos curtíamos. Ele me falou da “antropofagia oswaldiana” e eu saquei que, no mundo, tudo se mistura, se entrelaça.
    E eu acho irado que você fale dele e goste das coisas dele. O seu livro “Centopéia”, com cem sonetos.. não escritos, mas ditados (ele já estava cego) é uma porrada. Glauco é punk!!! Ah..cumpra sua “promessa” e fale mais dele. Grazie mille.

  44. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:16 am

    Marcio Junqueira, a sua indignação quanto à patrulha sofrida por Glauco Mattoso, depois da ficar completamente cego, ao optar pela forma poética do soneto, preconceituosamente vista pela vanguardeiros só como fôrma fixa, casa-se inteirmente com as sacadas de Antonio Cicero que li numa entrevista.

    Na entrevista sobre A Cidade e os Livros, até onde eu saiba sua segunda e última coletânea de poemas publicada até aqui, Cícero, sem desmerecer o valor histórico e estético das vanguardas, no entanto desmistifica algumas de suas caras ‘verdades’, a exemplo da proclamação da “morte do soneto”. Ele fala da importância das vanguardas em relativizar as formas tradicionais - destronandas de seu lugar de herdeiras de uma natureza que fosse intrínseca à poesia passando a ser compreendidas como filhas de uma convenção.

    Só que apos desfetichizar tais formas tradicionais, as vanguardas intentaram inverter o fetiche, passando a tomar as novas formas como as únicas artisticamente admissíveis.

    Para Cícero, a descoberta vanguardística de que nenhuma forma é essencial à poseia não pode ter como corolário que qualquer nova forma, por mais alta ou original que seja a sua taxa de novidade, se torne a forma cabal e última de toda a poesia futura.

    O soneto foi sempre igual? Conquanto mantenha sua forma na exterioridade sempre reconhecível ao longo dos tempos - claro que não! Embora na entrevista não se atenha à transformação que a forma sofreu entre, por exemplo, seus dois grandes marcos, Petrarca e Shakespeare, Cícero repõe a questão ao relatar que, em sua própria criação poética, tende por explorar também sonetos, mas de modo experimental, desnaturando-os sem conspucar-lhes a forma.

    Eis o link pra entrevista completa com as sacações de Cícero:

    http://www2.uol.com.br/antoniocicero/storm.html

    Penso que Glauco se valha do soneto como todo sonetista, como recurso ambivalente: espécie de fôrma-dique para conter a expressão - que ao contrário redundaria diluviana, se sua linguagem poética não tivesse comportas, e - aguçado pela cegueira - como forma generativa, isto é, que facilite a composição ou a criação poética, posto que estrutura formal facilmente retida na mente, mas que admite um show de performances.

    Um viva a todas as formas, a todos os meios, que, mesmo tradicionais, possam se refazer ou reinventar experimentalmente!

    Vamos conferir isso no próprio espaço de Glauco:

    http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/index5.html

    p.s.: Ao comentar isso, não posso me esquecer da perda que a perda da visão representou para João Cabral, acelerando a sua partida. Próximo ao fim da vida, repentinamente ficou cego. Como somente concebia a poesia, a verbal que unicamente praticou, através de seu suporte visual, o papel, já que não tinha maior apreço pela organização do poema com ênfase no suporte sonoro, embora fosse o nosso maior craque moderno no emprego das rimas assonantes e de formas poéticas que beiravam mas transtornavam formas populares, a exemplo da redondilha, não pôde concluir, na escuridão que enoiteceu nosso poeta solar, sua última obra, o poema dramático A Casa de Farinha - que prometia perpassar toda a história desse alimento nordestino com uma elocução bem diversa da que nos acostumara com as palhas dos canaviais.

  45. Júlia disse:
    Outubro 19th, 2008 at 2:46 am

    Olá! Adorei seu blog e principalmente as lindas palavras ao se referir ao Alvinho. Ele tinha muita admiração e respetito por você e por sua familia. Tive o prazer em conhecer aquele incrivel homem ao graver em 2006 um vídeo documentário e depois deste vídeo estavamos sempre em contato. Ele falou muito de você e sempre com muito carinho. Além do material editado, tenho ainda todo o material bruto que gravamos com ele e se tiver uma oportunidade gostaria de envir uma copia para vc.
    Tenha certeza que Alvinho esta muito feliz com sua lembrança e palavras.
    Abraços

  46. Cacau disse:
    Outubro 19th, 2008 at 3:19 am

    Oi Caetano, passei por aqui prá dizer que sonhei com você! Te encontrava numa festa … era uma emoção imensa, e eu falava pra mim mesma: agora vou ter de falar pra ele! Não vai ter jeito! E dei um jeito de falar com você… Tudo já está revelado. A maldade, a Salvação, o sentido da nossa vida na terra … tudo. Só precisa haver a popularização desse conhecimento. Escute quem quiser escutar, acredite quem quiser acreditar. Para quem quiser ouvir, dá trabalho e requer coragem, mta coragem. Mas é o único caminho. Se fizer sentido, me responda. Do contrário, se achar que se trata de um devaneio ou se não tiver falando nenhuma novidade, deixe prá lá… Abs…com carinho.

  47. Fernando Salem disse:
    Outubro 19th, 2008 at 3:50 am

    Joana e Patrícia

    Confesso que fiquei gotejante com os elogios. Essa história de homem falando sobre gestação é algo não tinha pensado antes.

    Acho a letra de “Grávida” escrita pelo meu querido amigo Arnaldo Antunes pra inspiradíssima melodia da Marina Lima uma obra-prima.

    Quando eu era adolescente tinha uma cisma com essa história de que era bacana homem ser sensível, externar sentimentos e outras chatices da época. Por outro lado, sempre me dei melhor com as mulheres do que com os homens, não apenas sexualmente, mas também nas conversa jogadas fora e dentro.

    E quando minha mulher ficou grávida eu tive todos aqueles piripaques e desejos contra a minha vontade íntima. Também passei a sentir os sintomas de gestação antes de escrever textos e compor canções modestas.

    Elogios de garotas são um grande gesto. Gestação aí parece um aumentativo.

    Valeu.

  48. Vero (URUGUAY) disse:
    Outubro 19th, 2008 at 5:13 am

    Caetano querido:

    “Hoje choro com saudade dele e com fascínio diante do mistério das amizades que desenham a vida da gente”. (Me gustó ésta tu frase).
    Una emoción que, “infelizmente”, yo también conozco.(me refiero a chorar com saudades).

    Es muy curioso y como tu bién dices “misterioso”el don de la amistad. Pasa aquello de, “antes de que nos hubiéramos visto ya nos buscábamos, y lo que oíamos decir el uno del otro producía en nuestras almas mucha mayor impresión de la que se advierte en las amistades ordinarias, y creo que ello fue así por alguna disposición celestial: a mí me sucedió en un encuentro casual, nos sentimos tan afín uno con otro, tan cercanos, que de en más nada pudo resultarnos más entrañable a cada uno que el otro”. Tu para mi eres desde siempre mi “amigo”; porque ya lo pensó Aristóteles, creyo que nadie llega a conocerse si no cuenta con un amigo en cuyo juicio pueda verse reflejado. Claro que luego fue contradictorio, al concebir al amigo como “una especie de segundo yo”. Siendo así ya no se perfilaría como tan otro y , en consecuencia, ya no podría asegurarse que la contemplación no constituiría una forma solapada de este autoconocimiento. Sabes? me gusta pensar que un “amigo” es mi alma y la del otro en uno”. (Mitad del alma mía). Caetano meu!. Dá para muchísimo más esto de filosofar…ves? nos sinceramos con otro buscando hacerlo con nosotros , pero por qué te digo esto?, porque el que ese otro sea capaz de convocarnos a semejante práctica de semejante ejercicio de “transparencia” es virtud sólo suya y de ningún modo nuestra.
    (Eu sei que você me entende!).

    Reconozco que se siente por el trato inteligente. En esa conjunción infrecuente de ternura y lucidez que distingue siempre a los espíritus notables y que hace de él un espíritu cordial. Suyo es el acierto de la pregunta oportuna, el tacto de la discreción, la aptitud para la espera, ese saber aguardar alentando la creciente cercanía de lo que importa decir y tratar; ese modo de detenerse en lo que interesa celebrando su relevancia, desplegando sus posibles sentidos, la jerarquía de un matiz, el peso de un significado que altera “súbitamente” lo que se creía comprender e impide, de ese modo, que un juicio se congele y caiga sin remedio en la fosa del prejuicio. Sí, Caetano querido,la inteligencia de un “amigo”, cuando se nos manifiesta, nos desvela, nos excita y nos deleita, dándole a nuestra vida una consistencia innovadora. Gracias por este “modus operandi” que desvelaste en mí, en esta madrugada y…en tantas que puedan venir…

    Pienso ahora que la grande responsabilidad que la amistad nos impone es la de transformar en “palabras” embriones de ideas, sensaciones, sentimientos e impresiones. Enfin…así, y para ¡escándalo! de la matemática, la imposibilidad de terminar de ser uno redunda en el fruto prodigioso de ser “dos”.

    Te escribo estas sinceras palabras,con el fondo musical de “Blue note Plays Bossa Nova”,donde se interpretan clásicos de la Bossa Nova,(algunos como: Joe Herdenson, Cassandra Wilson, Eliane Elias y Bobby Mcferrim y especialmente Tania Maria)que me encanta como canta!!. Por si todavía no lo tienes…te lo recomiendo,(a todos), este disco, es imperdible!!.

    Bueno ya escribí demasiado; es que hoy me has inspirado el “alma”. Caetano querido,y querido… cada vez más..te mando beijos no teu coraçao. Vero.

  49. Caetano Veloso disse:
    Outubro 19th, 2008 at 5:25 am

    Patrícia, que delícia seu comment!

    E Júlia, que bom ler essas coisas boas sobre Alvinho. Quero ver o documentário.

  50. Bruno Guimarães disse:
    Outubro 19th, 2008 at 5:57 am

    Antigamente, eu postava “comment” em todo e qualquer “post” que aparecia. hoje em dia já não rola, vi que tenho de comer muito feijão pra postar igual a uns caras que pintam por aqui…Mas isso não significa que deixei de acessar o site, muito pelo contrário. E é incrível como o blog passou a fazer parte de meu dia-a-dia…. E é legal perceber que não só as intervenções de Caetano são esperadas, mas as de figurinhas frequentes também, e com ansiedade parecida.. Quando olho a “barrinha” do “obra em progresso” já na casa dos 70%, fico com pena de saber que isso tudo está próximo do fim !
    abraços
    Bruno

  51. Ricardo de Alcântara disse:
    Outubro 19th, 2008 at 6:26 am

    Realmente é muito bonito isso de como as amizades e influências nos colocam num outro lugar de onde iremos sempre partir em frente a nossa finitude. Aquele lugar de outrora não mais existe e o que restou é apenas a referência do novo ponto de partida.

    Você, Caetano Veloso, me colocou noutro lugar. Em 87, meu pai comprou, ou gravou, uma fita k7 com as músicas do disco “Velô”, eu tinha 5 anos e morava em Fortaleza (nasci e moro em Taguatinga, Distrito Federal). Do momento em que ouvi “Língua” pra diante do meu tempo, àquele ponto em que estava antes, criança desligada do som das palavras, vou morrer sem retornar. Foi de arrepiar. E como era gostoso sentir aquele ronco rosnado da Elza Soares. Foi uma violenta atração pra dentro do som, do texto, das sílabas, da língua lapidando a brutalidade das vibrações, da linguagem. Naquela infância me lembro de gargalhar com minha irmã ouvindo meu pai ouvir você cantar “ela comeu meu coraçãozinho de galinha no xinxim, ai de mim”; eu me identificava muito com essa coisa de coração de leão, porque me chamo Ricardo, e já naquele tempo alguém deveria me chamar, brincando, “Ricardo, coração de leão”.

    Hoje ouço o disco (comprei ele por R$10,00 nas Americanas, o que é uma maravilha de preço e uma delícia para quem, como eu, adora capa, encarte, caixinha, ficha técnica, letra, informação) e me emociono muito com as cores, os cheiros, o calor de Fortaleza, o som da risada de minha irmã e a cara jovem do meu pai que o disco me trás. Choro quase sempre que ouço “O homem velho”. Adoro aquela Banda Nova que te acompanhava.

    Transformações pra dentro são impressionantes e esquisitas. Por pra fora assim é emocionante.

    Um beijo de quem te admira,
    Ricardo.

  52. O homem dos cadernos grampeados disse:
    Outubro 19th, 2008 at 9:56 am

    Fiquei triste com a morte de Nilda Spencer e de Alvaro Guimarães. Acho que mundo fica menos brilhante depois da morte deles.

  53. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Outubro 19th, 2008 at 10:32 am

    -Exequiela, se com palavras eu pudesse esconjurar seu sortilégio…

    (A seguir, condensação que há um belo tempo fiz da Carta ao Camarada Kostróv sobre a Essência do Amor, publicada na antologia Nova Poesia Russa, pela Perspectiva, em São Paulo. Ei-la, com a permissão poética de Vladímir Maiakóvski & Augusto de Campos.)

    BILHETE AO COSMOS SOBRE A QUINTESSÊNCIA DO AMOR

    Minha voz é de bom timbre. Tonteio como éter. Basta ouvir-me. Não me fisgam com armas sem valor. Não caio por qualquer charme. Eu fui para sempre ferido pelo amor - mal e mal posso arrastar-me. O amor não está em ferver bruscamente, nem em acender uma fogueira, mas no que há por trás das montanhas de nosso peito, e bem abaixo da selva de nossa cabeleira. Amar é ir ao fundo do cercado e, até que a noite chegue, cortar lenha com chispas no machado, e a nossa própria força pôr em xeque. O amor não é paraíso: é simplesmente o atestado de que outra vez se engrena o coração - motor enferrujado. Na terra há luzes - até o céu. No céu, estrelas a granel. Se eu não fosse poeta, seria astrônomo por certo. Minhas palavras soletram às estrelas um cometa dourado. Deixando pelo céu seu rastro, brilha a plumagem caudalosa do cometa. Oúço em meu peito até o último pulsar: o amor a ressoar. O furacão, o fogo, o mar vêm vindo furiosamente. Quem os pode domar? Você? Experimente!

    -Bilhete a ser enviado, em cápsula protetora, na saída da próxima sonda interestelar… Com tais palavras. Ou com outras, mais, ou menos, sublimes. Se já não dispusermos de nossas próprias. Ou mesmo mudos. Nada importa. Onde quer que estejam as estrelas. Ainda chegaremos até elas. Se antes não atingirmos em cheio o coração de alguém.

  54. laurene disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:15 pm

    Oi, só para pontuar: em Minas tá rolando o movimento catrumano, em prol de reconhecer os baianeiros, ou seja, os mineiros do Norte de Minas. Os mentores são professores da Unimontes que postulam, inclusive, a proximidade cultural da Bahia. Eles querem, por exemplo, o reconhecimento da cidade de Matias Cardoso como primeira cidade fundada em Minas, via São Francisco/Bahia.

  55. Ria! disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:24 pm

    Oi Nelson,
    agradeço suas postagens de musica do dia, as duas ultimas sao simplesmente maravilhosas, até me fizeram chorar!
    beijos
    Ria!

  56. Ria! disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:26 pm

    Nelson,
    nao entendi porque, mas meu coment foi parar acima do seu!
    Deve ser o horario de verao!

  57. Ria! disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:31 pm

    Para que nao haja mal entendido a Cacau ali no alto que pede respostas nao sou eu. Cruz credo!

  58. flavio alves disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:42 pm

    Alguém falou que na Bahia existem vários “baianos” e é verdade. Seria interessante se Caetano falasse sobre isso. Até porque sua afirmação sobre a não nordestinidade da Bahia só se aplica, e mesmo assim de forma questionável, quando considerada apenas a Bahia do Recôncavo, a Bahia “mítica”, por assim dizer. A Bahia sertaneja, que possui uma identidade bem mais ligada à idéia de Nordeste e que só representa uma identidade baiana secundária, diferente da chamada baianidade (ainda que esta tenha em si, naturalmente, elementos sertanejos do interior baiano) - a Bahia sertaneja -, bem como outras regiões do Estado, não pode ser encaixada como uma cultura a parte (desligada do Nordeste) como comumente se faz com o Recôncavo Baiano. De todo modo o próprio Recôncavo pode ser tido, numa análise mais ampla, como Nordeste, quando se vê que a Zona da Mata pernambucana, tb de grande presença negra, ainda que muito mais ligada à cultura ibérica-sertaneja do interior do Nordeste do que o Recôncavo Baiano, é obviamente uma sub-região nordestina.

    Saudações, Caetano!

  59. Laura disse:
    Outubro 19th, 2008 at 1:59 pm

    Este blog é delicioso.
    Nasci no sul, vivi em Ctba até os 16 anos, depois Rio de Janeiro- Ipanema- 30 anos, agora estou em Natal. Meu ex, pai dos meus 2 filhos, é do sul de Minas, fala poblema, não consegue dizer problema :)
    Deus meu, como somos preconceituosos! Onde vou ouço queixas sobre sotaques, comportamentos… Acabo de chegar de Paris e vi como são rígidos os franceses,intolerantes. E está cheio de gente de outros lugares lá- é preciso se abrir, senão… que merda somos, um bando de mesquinhos, agarrados ao familiar, aos pares.
    Difícil conviver com pessoas com tantos pré- conceitos.
    Eu gosto de vc, Caetano, por ser aberto. Eu tento.
    E tb sou Gabeira desde que este existe na vida pública. Pena que agora estou aqui e não vai dar p votar nele :(
    mas dá para colaborar, isto dá.
    Marta pisou na bola, foi burra tb, agora que segure a peteca. Era ‘A sexóloga’, ‘A liberal’. Não importa qual é o objeto de desejodo outro, faz favor… estamos no século 21
    Um abraço,
    Laura

  60. nelson disse:
    Outubro 19th, 2008 at 3:06 pm

    continuação do post anterior:

    do mesmo modo que na musica há uma diferença entre ouvir e escutar,entre duvidar e sentir, entre experimentar e se arriscar , te perguntaria se na linguistica há uma diferença entre compreender e
    e se comunicar?

    abraços nelson

    canção do dia:

    http://br.youtube.com/watch?v=PSFIWnd7_p8

    a elegância de rosa passos , uma rosa brasileira
    felizmente pra gente

  61. Vianna Vana Caravana disse:
    Outubro 19th, 2008 at 4:17 pm

    Poxa Caetano!Mas Minas é o estado mais fronteiriço.O norte mineiro e aquele sotaque tão abaianado.Por sinal delicioso no rumo norte o contato com aquela macieza no sotaque.Vide o montesclareano Beto Guedes.O sul tão caipira paulista.Juiz de Fora é meio nossa capital fluminense.Belô é meio centrão,meio sertão,meio tudão…Acho que a turma que você se referiu dos que riem dos caipiras é daqueles belorizontinos que emigram para Sampa achando que lá é primeiro mundo e se esquecem que Jeca Tatu nasceu mesmo foi em São Paulo.

  62. Lucas Matos disse:
    Outubro 19th, 2008 at 5:18 pm

    Roberto Joaldo, adorei seu comment relacionando as críticas à adoção do soneto por parte do glauco com as idéias do cícero sobre vanguarda. Aliás, não tinha lido a entrevista do Cícero, quando li, caí pra trás. Especialmente com essa citação: “quem tem demasiado desprezo pelo finito não chega a realidade alguma, permanece no abstrato e consome-se a si próprio”. O Cícero escreveu uma barbaridade sobre poesia sábado passado na folha. A única coisa na entrevista que me pegou e me pareceu meio que um ponto cego ali, no pensamento que ele expunha, era quando ele falava do “poema bom”. O que, diabos, vem a ser um bom poema, afinal? Me lembro vagamente de ele falar de modo breve sobre isso no finalidades sem fim, mas não tenho certeza. Carlito Azevedo, diferentemente, no forum do blog das escolhas afectivas, disse se interessar hoje não por esse critério da qualidade, mas por poéticas que se apresentem como aventuras intelectuais. O que, se bem compreendido, pode ser efetivamente mais interessante.

  63. Vianna Vana Caravana disse:
    Outubro 19th, 2008 at 5:30 pm

    Minas ter precoceitos é fantástico.Foi formada por migrantes nordestinos e bahianos.E claro os “grandes” exploradores bandeirantes paulistas.Mais negra que Minas só a Bahia.Também prefiro a divisão regional antiga BA+MG+SP+RJ+ES=LESTE.O meio-norte MA+PI então,bacana demais da conta,muito mais a vê.

  64. Nando disse:
    Outubro 19th, 2008 at 5:35 pm

    Laurene (comentário 62): ao menos em Belo Horizonte motorista mineiro não é exemplo para ninguém (e realmente não sei em que parte do país um motorista poderia ser exemplo para os demais). Então, chamar de “baianada” ou de qualquer outro nome uma falha no modo de conduzir um veículo é só uma maneira de afastar problemas que antes deveriam ser tratados dentro de casa. Ou devemos concluir que no trânsito mineiro a grande maioria dos motoristas é baiana e não mineira.

  65. laurene disse:
    Outubro 19th, 2008 at 6:10 pm

    Oi, Caetano e pessoal, que legal esse papo. Existe preconceito em Minas contra os baianos, principalmente a forma que dirigem. Um dia eu estava com uma amiga num táxi em Salvador. O motorista fez uma ultrapassagem arriscada e minha amiga reclamou: “isso que o senhor fez não é proibido?” Ele respondeu malandramente: “isso aqui, filha, é chamado americano ninja”. Nervosa, minha amiga prontamente respondeu:”pois lá em Minas a gente chama isso de baianada!”

  66. Marcio Junqueira disse:
    Outubro 19th, 2008 at 6:19 pm

    roberto joaldo
    minha indignação se baseia muito na leitura do cicero também. agora mesmo por esses dias tenho lido o “finalidades sem fim”, que é uma linda coletanea do cicero, em que el fala sobre poesia, artes e suas ideias sobre vanguarda. as contribuições do cicero nesse terreno devem ser bem mais valorizadas. mas para além da leitura do cicero, sempre me pareceu estranho a postura de alguma pessoas que , se arvoravam, de cultivar a vanguarda e eram tão reacionarias. o texto do cicero que abre o “finalidades sem fim” é uma aula para gente pesnar essas questões.
    é isso.

  67. Nobile disse:
    Outubro 19th, 2008 at 6:30 pm

    salem,

    sempre preferi os discos gravados “ao vivo”. tanto que meus favoritos do caetano são transa e circuladô vivo. achei interessante sua visão da coisa: a diferença de cantar e por voz. uma versão ao vivo, ainda que tecnicamente inferior, me soa melhor aos ouvidos. não que não hajam pérolas gravadas em estúdio - longe disso. mas é que como vc mesmo bem pontuou, é diferente por voz e cantar. e eu prefiro o canto.

    transa foi gravado “ao vivo”, mas sem platéia - cartano cantava junto com a banda. pelo menos foi assim que li uma vez (já fiz algumas citações furadas aqui e o caetano, subliminarmente, me corrigiu - espero não estar dizendo borracha desta vez, mas minha memória me trai).

    e como já disse em outra oportunidade, cassia eller acustico, pra mim, é o ultimo melhor disco do século XX.

    abçs.

  68. Aline Athayde disse:
    Outubro 19th, 2008 at 6:41 pm

    Que linda sua música na trilha sonora do filme: O Romance…. me deleitei!

  69. Fernando Salem disse:
    Outubro 19th, 2008 at 6:59 pm

    É preciso diferenciar “discriminação linguística” de um costume brasileiro que considero saudável de gozar ou imitar sotaques regionais.

    Gosto quando os cariocas imitam os paulistas (sou paulista). Soa caricato e é um modo da gente ser escutado à voz dos outros. Quando era pequeno adorava imitar baiano e isso não era uma depreciação. Era uma espécie de homenagem aos personagens nordestinos do meu bairro, que eram queridíssimos.

    Aqui em SP de vez em quando alguém puxa um “s” carioca como forma de parecer alguém mais “sacado”.

    A discriminação que de fato existe no sudeste contra nordestinos não se dá ao meu ver pela notabilidade do sotaque, mas pela origem humilde.

    Quando os tropicalistas apareceram, lembro que tinha um montão de gente que puxava o sotaque baiano porque soava “inteligente”.

    Finalmente, as inseguranças da língua são típicas do nosso país tão adolescente que ainda busca a melodia ideal pra se afirmar socialmente. E eu acho esse intercâmbio de sotaques uma farra.

    Achei bem engraçado ver a Grazzi Massafera na novela com um carioca domesticado pela Globo. O sotaque caipira dela é sensualíssimo! Ela perdeu a brejeirice.

    E adoro quando vejo o Pedro Simon na TV do Congresso com aquele errrre sulista, quase “de época”.

    A nossa língua {letra) está em construção (ou seria em progresso?) e as nossas melodias também. A idéia de discriminação às vezes soa um tanto xenófoba.

    Que as línguas se misturem. Beijos de línguas.

    O língua brasileira é um samba de amor e malandragem. Tem afeto e tem sacanagem. Por isso as piadas de língua, as imitações, as caricaturas são divertidas.

  70. joana disse:
    Outubro 19th, 2008 at 7:38 pm

    pôxa salem, que bom vc gostou…

    seu gotejante encaixou perfeito

    deu um banho no bagno.

  71. Heloisa disse:
    Outubro 19th, 2008 at 8:29 pm

    Nelson,

    Não sei se entendi sua pergunta. De qualquer forma, leia o trecho de um comentário que encontrei por acaso:

    ‘Na Cafetaria Oxford, da nobre e pailanesca cidade de “La Coruña” , entrei, pedi um café com leite morno…
    O moço -bastante velho- disse-me que que era morno?… que lá nao falavam “portuguxés” (sic).
    Expliquei serenamente.
    Trouxe-me um café a ferver.
    Disse-lhe que lho pedira morno, ergui-me e fui-me.
    O moço saiu trás mim, mas já foi tarde para ele. Nem volvi daquela nem voltei em adiante.’

    Não sei se você sabe, mas essa mistura de português e espanhol é o galego, falado na Galícia, noroeste da Espanha. O assunto, como você viu, é discriminação lingüistica, que infelizmente não escolhe lugar - é global como tudo mais. Esse comentário foi a respeito de um fato acontecido na região: um atendente da ‘cadeia de hamburguesas’ (que delícia é a variação lingüística) exigiu que o cliente falasse espanhol, alegando não entender galego. No caso da cafeteria, houve uma tentativa de comunicação que o atendente não compreendeu, ou não quis compreender. A comunicação se faz por escolhas lingüísticas (como o galego, no caso contado), por gestos, sons, desenhos, música, expressões faciais, e o que mais a imaginação humana quiser criar. A compreensão é diferente: depende de habilidade, conhecimento de mundo e interação com o outro. A história da cafeteria é compreendida, a princípio, pela óbvia semelhança com nossa própria língua. No entanto, depois que expliquei o fato a que ela se referia, você entendeu melhor, certo? Não sei se era isso que você queria saber, mas espero que você goste de minha explicação assim mesmo. E obrigada por tudo o que você disse sobre Minas e sobre mim: minha terra merece, mas eu nem tanto. Um abraço.

    E um beijo a todos que me escreveram com tanto carinho: fico feliz em inspirar tantos comentários.

    Caetano,

    Desculpe-me por colocar palavras em sua boca: tudo o que escrevi foi por dedução lógica a partir de comentários seus. Curiosamente, espero estar enganada desta vez. Sabia que você iria discordar da minha definição de onda. É que, pelo menos para mim, onda é algo que se forma e passa. Então, se você diz ‘a onda de não conjugar os verbos…” você parece ver a tendência como algo que surgiu, assim, ‘out of the blue’, e pode passar logo. Era isso que eu queria dizer. Quanto à sua pergunta: ‘Por que deveria eu apoiar a arrogante discriminação dos professores de gramática que se tornam populares?’, afirmo que em nenhum momento pensei nisso. Aliás, sempre que cito Marcos Bagno é para criticar essa posição dele. Já fui professora de gramática, literatura e produção de texto: amo essa língua com todas as suas regrinhas e esquisitices, apesar de não dominá-la nem de longe como você. Admiro Pasquale e acho que todos os brasileiros deveriam ter acesso à beleza de nossa norma culta, para que pudessem entrar no mundo dos livros e conhecer outros, sete mil outros em progressão infinita… Baci milli per te!

  72. Lígia disse:
    Outubro 19th, 2008 at 9:39 pm

    Estou emocionada e triste por saber da morte de Alvinho, agora, ao entrar no seu blog. Os poucos jornais existentes em Salvador não deram a ele a devida importância. Aliás, Alvinho ficou esquecido por todos nós há bastante tempo.
    Trabalhamos juntos, quando fizemos uma homenagem para Jorge Amado, na inauguração da TVE baiana. Começamos do nada, mas fizemos um lindo especial sob a direção do incansável Alvinho, que explodia em alegria pelo que estava fazendo.Jamais esquecerei da sua garra no set de gravação, que nos ajudava a fazer o melhor.
    Caetano, adorei a sua humildade por reconhecer em Alvinho o lindo homem que sempre nos estimulou com a sua alegria de viver.
    beijos

  73. Ricardo Vieira Lima disse:
    Outubro 20th, 2008 at 12:30 am

    Exequiela e Roberto Joaldo de Carvalho,
    Guimarães Rosa já disse: “Amar é sede depois de se ter bem bebido.”
    Difícil falar sobre o amor, sem incorrer em lugar-comum.
    Roberto, gostei muito da sua adaptação de Maiakóvski, via Augusto de Campos. Concordo com tudo, também, que você falou sobre o Glauco Mattoso, para mim, um dos grandes poetas brasileiros vivos.
    Exequiela, o seu coment sobre o amor me incomodou. Mas, ao mesmo tempo, me inspirou. Não gosto de pensar nesse sentimento somente como tortura, desilusão, maldição, mas como libertação, tesão, alegria.

    Abaixo, dois cantos amorosos:

    FLOR DO ÉBANO

    Todo amor é negro, sempre negro,
    mas sua ausência é a pior fortuna.
    E sendo amor, será desassossego,
    embora tal sentir não há quem puna.

    Todo amor é medo, festa e atropelo,
    e o seu avesso ainda nos perturba.
    Mas sendo sonho ou mesmo pesadelo,
    renova o céu, doando mel à turba.

    Flor do ébano, o meu gozo, juro,
    a tuas entranhas sempre se dirige.
    Amar a ti, mulher, faz bem ao ego.

    E se vierem outros tempos duros,
    não fugirei, que o amor assim exige.
    Pois só a ti, mulher, é que me entrego.

    CANÇÃO DE SEGREDO E SIGILO

    Meu segredo é te amar em sigilo.
    Extrair o pistilo, o sexo da flor,
    pra fazer deste amor um laurel, um bacilo,
    e transbordar de alegria até o esplendor.
    Pra te amar com fervor. Pra te amar com estilo.
    Em surdina. Sem ninguém mais supor.

  74. Jorge Portugal disse:
    Outubro 20th, 2008 at 12:41 am

    Caetano: a paróquia da Purificação completou ontem 400 anos, que nos contemplam com o som barroco das jaculatórias.A Bahia fica sem Alvinho e sem Nilda Spencer.Nicinha fez “oitenta” e, segundo me disse,trocou as moquecas apimentadas pelas inofensivas saladas.O seu blog tem o condão de acender o caleidoscópio tropicalista como atitude e método.Inteligência inquieta na corrente sangüínea do Brasil.Bethânia começa cantando “Fera Ferida”pelo verso:”Não vou mudar!”.Isso já é, em si, um manifesto.Só Ela tem autoridade e autorização para reescrever, com a voz,os poemas definitivos de nossa literatura musical.
    O resto é “bagno”de língua viperina.

  75. Carolina disse:
    Outubro 20th, 2008 at 1:12 am

    Depois do sonho… Pensei que o post seria muito longo e eu ainda estava muito impressionada com o show onírico que assisti.
    Agora, a noite, li com calma.
    Eu gosto mais de erasmo, mas me emocionei com vc cnatando debaixo dos caracois dos seus cabelos (que é Tão Roberto). A Marta pisou mesmo na bola, mas o Kassab poderia ter se saído melho se não se explicasse tanto…
    Enfim não vou ficar conversando com seu post porque estou simplesmente satisfeita em ler o que vc escreveu as 6 da manhã… Vou te linkar no meu blog.

  76. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Outubro 20th, 2008 at 1:13 am

    Márcio Junqueira,

    Que bacana! Recentemente eu vi algo sobre esse livro de ensaios de Cícero no portal Cronópios, e não vejo a hora de lê-lo. E só agora atentei que ‘Finalidades sem fim´segue bem divulgado no próprio espaço web do poeta e filósofo, que republica resenha para O Globo - Prosa e Verso, intitulada Liberdade e aguda ironia, escrita por Francisco Bosco.

    Já pela resenha, o sentido de ‘ironia’(caro para a compreensão da aventura da modernidade no pensamento de Cícero), enquanto consciência crítica do saldo histórico das vanguardas, se amolda também à oficina desconcertante de nosso sonetista experimental Glauco Mattoso, citado por Caetano desde a canção Língua como um de seus “nomes” adorados na Lusamérica.

    -texto completo da resenha aqui:

  77. Vero (URUGUAY) disse:
    Outubro 20th, 2008 at 1:43 am

    Caetano querido:

    Las especiales “coincidencias” existen, fuí testigo fideliño de eso; sabes? hoy salí de paseo con un día hermoso de “sol”, (25 grados,cielo totalmente despejado con un Río de la Plata azul,como a mí me gusta verlo)asi que me diriguí a la 31(exag)Exposición de libros que se presentó en Mdeo.;ya que hoy era el cierre de la misma, aproveché! y para mí feliz coincidencia, me deparo con el stand de Casa do Brasil,(que es Centro de Idiomas y Cultura do Brasil claro! primera vez que exponen), y encuentro el libro -Balance(o) de la bossa nova y otras bossas de Augusto de Campos-. Para mí asombro el único que tenían, me pareció como si el libro estuvieseme esperando, al menos asi lo sentí, hasta la posición en que se encontraba cuando lo tomé en mis manos para ojearlo y adivina en que página lo abrí! así de primera nomás!!: Conversación con Caetano Veloso: Caetano dijo que consideraba al tropicalismo un neo-antropofagismo(aludiendo al movimiento de la antropofagia de Oswald de Andrade). Y por suerte llegué a entender de que hablaba Teteco en el coments43.
    Te juro que estoy maravillada! no puedo creer la “divina coincidencia”, porque justo en el post nombras a Augusto de Campos, y así supe mucho más de él, que bueno!no paro de leer…voy por la parte cuando…lo qué sucedió en el Festival Internacional de la Canción, cuando tuvieron lugar las eliminatorias paulistas, en el TUCA.
    Me encanto aquello de ir más allá del hecho musical y de saberte coherentemente con la letra de tu canción así tan “desafiante”, con el coraje de DECIR NO AL NO.
    Admiré y admiro en tí esa integridad artística!!.
    Estoy aprendiendo mucho,…. y eso me pone euforica…

    Me gustó la pregunta que Augusto de Campos le formula al comienzo del libro a Joao Gilberto,en Nueva Jersey,7 de mayo de 1968:-¿Qué decirle a Caetano?
    -”Dígale que voy a estar mirando en dirección a él”.

    Qué se puede comentar después de tal respuesta?…melhor do que o siléncio só Joao…exactamente. Caetano querido.

    Y si tú me lo permitieras hoy yo te diría LO MISMO QUE JOAO respondió. Dándote las gracias privilegiadas por estar en “dirección”, contigo, mirando justamente y juntamente “obra em progresso”.

    Voy a terminar de devorarme el libro…pero ya te digo que me encantó y que estoy muy feliz! por mi compra tan antenada. Pregunté por “Verdade Tropical” pero aquí como siempre está difícil de conseguir…mais NO VOY A DESISTIR DE TENERLO!. Prometo mismo.

    Ate…com beijos no coraçao. Vero.

  78. teteco dos anjos disse:
    Outubro 20th, 2008 at 2:08 am

    Glauco, Erasmo…ok..queremos tudo.
    Mas alguém neste blog
    sabe me dizer
    por onde anda
    o fabuloso
    Elomar Figueira Melo?

    Heloísa; Elomar é uma das maiores representações em nossa música de que a língua é viva. Ele é o próprio “sertanez”, luso-ibérico-árabe-nordestino..o “inventa-línguas”, como diria Haroldo de Campos.
    Você fala do “galego”, a mistura do português com o espanhol. Um fato curioso, se te interessa, é que alguns dialetos “sardos” ( são quatro )e, em especial o da região de Sassari, misturam palavras comuns ao português, espanhol, italiano (claro) e árabe. Deus, em sardo-sassari, por exemplo, é Deus. O mesmo famoso vocábulo do nosso português.

  79. teteco dos anjos disse:
    Outubro 20th, 2008 at 3:36 am

    O ERRE
    …no Vale do Paraíba paulista usamos e abusamos do “erre líquido” ou retroflexo, como queiram. “amarrr..darrr tudo, não terrr medo, tocarrr…”
    Sim,o Jeca Tatu aflorou em São Paulo. Lobato (natural do Vale do Paraíba) o imortalizou em “Cidades Mortas”. Gil expandiu a coisa em “Jeca Total”, e temos orgulho de sermos “jecas”.
    FHC - vocês se lembram? - disse categóricamente e diplomaticamente que éramos “todos caipiras”.

  80. laurene disse:
    Outubro 20th, 2008 at 7:44 am

    Oi, Caetano, gostaria de dar mais um toque. Aqui na UFMG não se fala tanto em Bagno quanto em Marcelo Perine, que seria “o” cara da ciência linguística, enquanto Bagno seria mais político/midiático.
    BH, inclusive, é um desafio para os linguistas (sempre eles!) pois é uma cidade que não formou bem um sotaque, é composta por gente que veio do interior e de outros estados.
    A melhor posição é a intermediária que uma professora da UFRJ sugeriu para vc.
    É porque, afinal, o diferencial é que a linguística está mais próxima das ciências exatas do que a gramática (sou professora de Matemática, inclusive, e posso perceber). E isso, na universidade e para os institutos de pesquisa, vale ouro. Já o culto à língua vale ouro na mídia, mas é uma tradição rígida e que, dizem os linguistas, sempre existiu, embora agora esteja na TV.

  81. João Segundo disse:
    Outubro 20th, 2008 at 12:50 pm

    Caetano, ficou pra além de canastrona a propaganda da Marta, mas como sempre o jornalismo de sampa conseguiu superar a babaquice da campanha de João Santana, em muito!
    Todos os que sempre demonizaram Marta, em parte, invadindo (e por vezes caluniando) sua vida pessoal agora estão com o estandarte da privacidade. São guardiães da vida privada somente agora, quando se queria tirar Kassab à força do armário de sua sonsice política, humana e social.

    Marta desesperadamente quer concorrer contra uma biografia humana e não contra um simulacro de gerente urbano (que mal chega a ser prefeito), pois ela é escancaradamente presente em sua carreira política e reputação pessoal.

    Acho que não se deva fazer crítica à campanha de Marta fazendo eco às colocações hipócritas da mídia paulistana da FSP, VEJA e cia.

    Por isso, o parabenizo pela colocação que fez, única em toda minha leitura sobre o assunto:

    ” Se eu fosse o Kassab, eu teria respondido ao indiscreto que, na sabatina da Folha, perguntou ‘você é homossexual’?, assim: ’sou’ ”
    Diria o mesmo.

    Pois é, saber se Kassab é Gay interessa na medida em que está perdendo a oportunidade de romper com o preconceito. Pelo contrário, em seu projeto político da neutralidade absoluta cultiva a arte de não acumular rejeições às custas dos avanços culturais que poderia promover. É lamentável.

    Novamente parabéns por ter saído da mesmice dos comentários sobre a questão.

  82. Angelo Gilson disse:
    Outubro 20th, 2008 at 1:26 pm

    Olá Caetano!
    Com certeza seu blog é importante e nesse momento de tristeza da morte do nosso Alvinho eu tive o prazer de trabalhar ao lado de Álvaro e não precisei saber que ele era seu amigo e que foi importante em sua vida porque ele foi importante na vida de todos que estiveram ao lado dele mesmo que por um comentário. Eu tbm o chamava de Alvinho mais não sabia que era um nome tão íntimo. Acho que todos que se aproximava dele sentia essa nessecidade de cultivar os carinhos com ele. Ele era meu colega de trabalho aqui na rádio 88 FM e um dos momentos que tenho com ele é que ele odiava computador e mais gostava do progresso e ao invés de se sentar na sala preferia ficar em baixo do solitário pé de côco para poder ilustrar os seus ilários comentários. Alvinho com certeza deixa-nos saudosos e cheios de orgulho e intusiasmo. Ele um dia chegou na radio feliz da vida nos contando que ficou a madrugada ao telefone com você.tentei visualizar o tipo de conversa que vocês tiveram, mais o importante mesmo é saber que aquela madrugada ele não estava só e sim feliz. Parabéns pelo seu comentário.

  83. Lígia disse:
    Outubro 20th, 2008 at 1:59 pm

    teteco dos anjos: O malungo Elomar, recentemente lançou o “Sertanílias” em Salvador e chegou de uma pequena tournée: São Paulo, Porto Alegre e Portugal. A sua “Porteira” oficial é: http://www.elomar.com.br/index.html
    No mais, “Minha vida é chiqueirar e pastorar, tangerino de ovelhas e bode.”
    abraços.

  84. nelson disse:
    Outubro 20th, 2008 at 2:01 pm

    heloisa,

    amei sua explicaçã muito charmosa rsrsrsrsrsrs.

    O que motivou minha pergunta foi o contexto da discussão entre vc e caetano no sentido de que o que importa é ser compreendido e não exatamente o som das palavras ou o modo como se pronuncia as mesmas.

    Se o erré é”carregado” ,”liquido”,”iliquido” ou retroflexo ou ainda
    se há 8 9 OU 10 ditongos na lingua inglesa enfim é bacana problematizar estas questões mas pelo menos pra mim o barato é se comunicar com uma postura benevolente de compreensão, sem preconceitos ou sem discriminações(segundo suas explicações) este é o mundo ideal.devo estar falando sandices e por falar em palavras palavras palavras segue a canção do dia, em que pensei substituir a palavras world pela palavra word kkkkkkkkk, hehehehehehehe, rsrsrsrsrsrs .hihihihihihihi em sua homenagem então o titulo da canção deve ser i´ve got the word on a string e no final tem uma pssibilidade do caetano treinar a compreensão do inglês quem sabe ele para de ter aversão ao minimo multiplo comum linguistico mundial …

    beijos com sabor de palavras …..

    http://br.youtube.com/watch?v=_VSqDzkphtw

  85. Helena disse:
    Outubro 20th, 2008 at 3:24 pm

    Amei “o parto de um “canto” fecundado em meses de gravidez” Excelente Salem.

  86. Helena disse:
    Outubro 20th, 2008 at 3:32 pm

    Heloisa:”erre líquido” X “erre não líquido”, confuso isto p/ um não linguista. Peço a saidera: explica melhor! Bjo.

    P.S: Amo estas discussões!!!

  87. Carlos "Alemão" Moura disse:
    Outubro 20th, 2008 at 3:43 pm

    Kassab não é Caetano.

    Caetano, como deves saber, Sampa está muito, muito perigosa.

    Quanto à questão sobre a sexualidade do Kassab, assumo: se o seu eleitorado do prefeito se diz ofendido pela campanha tanto quanto Marta é preconceituosa, então sou preconceituoso também.

    Não se pode colocar em dúvida a colaboração que Marta trouxe para iluminar o tema na nossa sociedade, por conta de uma publicidade, apenas. Como também não vão conseguir transformar um títere, um boneco, em um símbolo da luta. Ele jamais responderia a sua resposta…Kassab jamais seria Caetano.

    Fico com o Luiz Mott, que respondeu assim ao portal Terra:
    “Colocando na balança duas perguntas dúbias, que podem ser interpretadas não necessariamente como homofóbicas, e todo o histórico de ações e declarações favoráveis, não podemos tripudiar em cima de uma figura tão importante na nossa cidadania GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) no Brasil”.

    Forte abraço e parabéns pelo blog.

  88. Nobile José disse:
    Outubro 20th, 2008 at 4:19 pm

    sotaque não se escreve
    quando digo xis
    quando falo o esse
    se vou pra bahia
    ou volto pro sudeste
    com o meu erre pastoso,
    sotaque só dá pra dizer
    porque não se escreve

    os sotaques das novelas
    não existem no jornal nacional

    quem é que fala sem perceber
    o sotaque industrial?

  89. Marcos Lacerda disse:
    Outubro 20th, 2008 at 4:21 pm

    Este papo já tá qualquer coisa…Poderíamos avançar um pouco a conversa, e iniciar uma discussão sobre os temas do novo disco. Não sei se gosto desta mistificação em torno da figura do Caetano Veloso, como se ele fosse uma espécie de oráculo, capaz de falar sobre tudo e todos. Duvido muito que o Caetano tenha lido bem a obra de Marx para poder falar com uma pretensa autoridade sobre este grande pensador, levando em consideração que entender bem a análise de Marx sobre a sociedade moderna capitalista não significa aderir ao projeto das esquerdas, que têm nele uma ancoragem teórica poderosa. Desconfio de que Caetano apenas leu algumas poucas páginas sobre Marx, e os textos que são explicitamente contra a teoria construída pelo autor de “Capital”. Quer dizer, a impressão que dá é que estamos diante de análises de segunda mão, impressões difusas e opiniões que só servem para afirmar vaidades pessoais, etc. Gosto muito do livro de ensaios “Verdade Tropical”, é um livro notável, muito bem escrito, e com inquietantes interpretações sobre o Brasil e o Mundo, sob diferentes aspectos. Além disso, considero a coletânea de textos ” O Mundo não é chato” quase tão boa quanto verdade tropical, na verdade muito mais irregular. O que quero dizer é que Caetano escreve muito bem e tem uma capacidade incrível de pensar de forma imprevista e, às vezes, surpreendente. Mas isso não quer dizer que as coisas que fala não devam passar por uma análise crítica menos condescendente e salva das tietagens desnecessárias. Em suma, queria mesmo que fosse discutida os temas das canções, a própria feitura do disco, as letras, etc., e não que se fingisse um saber que não se sabe…Espero que o moderador antropólogo, ou o antropólogo moderador, libere o acesso para este comentário, pois já fui censurado em outros…

  90. Marcos Lacerda disse:
    Outubro 20th, 2008 at 4:53 pm

    Este comentário tem relação com a fala de Carlito Azevedo, numa entrevista que deu à Revista Cult. O poeta carioca falava do seu incômodo com as entrevistas dos artistas em geral, que pouco ou nada falavam sobre os seus instrumentos de trabalho, ficavam divagando sobre temas variados, às vezes de forma equivocada. Ele citava a fala de uma poeta portuguesa que dizia ter aprendido mais com a Bic do que com Baudelaire…
    As canções:
    De que modo ” A cor amarela” se insere numa linha mais ampla de canções cantadas e compostas por Caetano, como por exemplo ” Atrás do Trio elétrico, Sim/Não ( lindíssima canção, alguém se lembra?), Um canto de afoxé para o Bloco do Ilê, Depois que o Ilê passar, meia-lua inteira, Neide Candolina, Nossa gente ( avisa lá), Não enche, Alexandre e tantas outras de Livro, 13 de maio e tantas outras de noites do norte, etc.? Como ” A cor amarela” pensa a axé-music, este modo de fazer canção no Brasil que tem ganhado versões, adesões, dissensos, e variaçõesn durante décadas? Por fim, ao ouvir ” A cor amarela”, e por conta da menção à cor, fiquei pensando nos versos belíssimos de Santa Clara, padroeira da televisão: ” Quando a tarde cai/Onde o meu pai/ me fez e me criou/ Ningué vai saber/Que COR me dói/e foi aqui ficou…Que cor me dói é lindíssimo, é aquele mistério da poesia, aquela coisa toda do poeta, aquilo que nos deixa transtornados, um conjunto de palavras que nos desconcertam, é lindo demais, e tão complicado para dizer assim…

  91. Helena disse:
    Outubro 20th, 2008 at 4:57 pm

    Heloisa: Deixa a saideira pra lá… a discussão toda já me deixou tonta o suficiente por hj(estou mesmo cançada), e sei que isto n vai acabar tão cedo, ou seja, vou ler muitos comentários esclarecedores anida.

    Caetano: Robeto e Erasmo; pra mim é tudo uma coisa só(foi onde começei a sentir música brasileira com a consciência de ser brasileira e me orgulhar disso). E “Fera Ferida” na voz de Bethânia é como “Gita”; cantos de libertação (gosto de ouvi no último volume e cantar gritando de braços abertos - claro que sozinha, pq ninguém merece este incómodo rsrsrs…).

    Alvaro e Nilda… nem vou dizer pq o mais bonito já foi dito.

    Bjos.

  92. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 20th, 2008 at 5:21 pm

    Vaya viaje me hice con “Amurado” y otros tango… y que conste que ni vinho tomei! JA-HA.

    Ricardo: también creo en las Flores de Ébano.
    Existe esa frase: “no aclarés, que oscurece” Pero aclaro igual (con el sentido literal y simbólico de la palabra). No es que para mí el amor sea exactamente como lo describí. Pero mi cabeza vuela de una manera!! y basta tener un día de tangos como “amurado” o “lloró como una mujer” para transportarme a mi oscuridad o a mis recuerdos de Exequiela.. “la maldita”- No creo que nadie pueda decir que no ha estado maldito alguna vez. Incluso en el largo camino del amor compartido con una misma persona, tenemos etapas de maldición y bendición. Sería muy injusto que quede la imagen de que yo creo solo eso del amor. Pero sigo afirmando que el amor por momentos es maldito. Y digo injusto porque soy muy afortunada en el amor (quizás demasiado). Tan afortunada, que aprendí a agradecerle por tanta bendición a un Dios en quien no creo.
    Roberto Joaldo: Qué bilhete! …Ainda chegaremos até elas. Se antes não atingirmos em cheio o coração de alguém.

    SIEMPRE habrá alguien que enloquecerá nuestro corazón de libertad. Sobre todo, si el corazón es de aquéllos que no se cansan de tener esperanza.

    UNA ULTIMA REFLEXIÓN CLAROSCURA
    Porque ese cielo azul que todos vemos, ni es cielo ni es azul. ¡Lástima grande que no sea verdad tanta belleza!
    ¿y es menos grande , por no ser realidad, tanta belleza?
    (Bartolomé Leonardo de Argensola)

  93. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 20th, 2008 at 5:27 pm

    Qué bueno que este blog se haya vuelto menos moderado, no? Recuerdan cuando sólo se podía comentar sobre lo que escribía Caetano? Confieso que estaba bastante desilusionada y sorprendida con tanta regla exigente y pensaba:
    o fato de os moderadores desrespeitarem os direitos de os comentaristas em solo Caetaniano é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar
    Y “hablando” de Base de Guantánamo. Esa canción sí que es simbólica! Fue compuesta hace unos meses, no? y cuando salga el CD, ese tema no va a ser pre-histórico?! Con todo lo que está pasando en el mundo… especialmente en EUA…. quién se va a acordar de la Base de G?
    ————-
    Lo que hablan de esa Marta… me hizo acordar a lo que dijo Obama en el último debate cuando le preguntaban qué pensaba de los ataques personales que recibía continuamente de McCain. Dijo: “eso habla más de su campaña que de mi persona”. Es una de las frases más inteligentes que le escuché decir.
    En los ataques despiadados y tan personales se trasluce más la personalidad del atacante que del atacado. Sí o no?

  94. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Outubro 20th, 2008 at 5:37 pm

    Além de um acontecimento intratextual ímpar com Caetano, este blog se tranforma, cada vez mais, num espaço intertextual entre nós.

    Antes de eu voltar para entretecer verbos com o que disseram e mostraram Ricardo Vieira de Lima e Lucas Matos, principalmente a partir da atual reposição em cena do nome de Glauco Mattoso por Caetano, externo aos demais tripulantes desta infocaetanave minha preocupação pelo sumiço deste espaço, por dois longos e para mim desesperados dias, de Exequiela, e justo após ela nos postar sobre aquela maldição… do amor que a assolou!

    Exequiela, meu espanhol xinfrim ainda não me permitiu adentrar bem os muros labirínticos de Amurado, conquanto seu ‘tonus’ tenha me impregnado até os ossos. E só pude reagir daquele modo intempestivo-sublimado: sacando, de meu coldre, um eterno Maiakóvski carregado no ponto de ser engatilhado.

    Mas ouvir você cantando Tarde em Itapuã… Puxa, como não ficar - este baiano de um sertão iberizante que sou, vivendo em exílio literâneo em Salvador - por ti ‘amurado’ (apaixonado)?

    Confiram. E que capítulo lingüistico à parte a pronúncia dela, em matéria de fonética e ainda de prosódia:

    http://www.myspace.com/exequiela

    -Preciso prestar um tributo. Enumerar sempre dá margem para a injustiça de algum esquecimento: mas até aqui, pegado o vagão andando, já sou fã incurável de vários caetanautas: além de Exequiela, também de Salem, Teteco, Nelson, Heloisa e de um abduzido Tyrone…

    Que vício - ao lê-los desde o início!

  95. Fernando Salem disse:
    Outubro 20th, 2008 at 6:32 pm

    OI MARCOS

    VOCÊ É PARENTE DO CARLOS LACERDA?

    VOCÊ DIZ:
    “Não sei se gosto desta mistificação em torno da figura do Caetano Veloso, como se ele fosse uma espécie de oráculo, capaz de falar sobre tudo e todos.”

    EM SEGUIDA DIZ:
    “Gosto muito do livro de ensaios “Verdade Tropical”, é um livro notável, muito bem escrito, e com inquietantes interpretações sobre o Brasil e o Mundo, sob diferentes aspectos.”

    ORA, VERDADE TROPICAL TEM MUITAS INCURSÕES SOBRE ASSUNTOS DIVERSOS, ASSIM CAETANO FAZ POR AQUI. ALIÁS VERDADE TROPICAL É RECORRENTEMENTE LEMBRADO PELOS COMENTS DE MUITA GENTE E PELO PRÓPRIO CAETANO, DADA A PROXIMIDADE QUE O LIVRO GUARDA COM ESSE ESPAÇO.

    CAETANO ESCREVE SOBRE O QUE QUISER, NA HORA QUE QUISER. LÊ QUEM QUER.

    O MAIS ENGRAÇADO, É QUE PELOS SEU SEGUNDO COMENT, VOCÊ É MAIS TIETE DO CAETANO DO QUE MUITOS GOTEJANTES POR AQUI.

    EU, PESSOALMENTE PREFIRO CAETANO FALANDO DE MARX, FIDEL, GABEIRA, LOBÃO, NOEL ETC, DO QUE SOBRE SUAS PRÓPRIAS CANÇÕES. JÁ DISSE ISSO AQUI MUITAS VEZES, POR ISSO SEU COMENTÁRIO ME CHAMOU ATENÇÃO.

    SEI LÁ, SE CAETANO LEU OU NÃO LEU A OBRA COMPLETA DE MARX OU SE ALGUÉM O VÊ COMO ORÁCULO. QUE CHATICE!

    O QUE É UMA “ANÁLISE CRÍTICA CONDESCENDENTE” EM UM BLOG? NÃO ENTENDI.

    VOCÊ PROPÕE QUE SE CONTRATE UM ESPECIALISTA EM POLÍTICA PRA FAZER UMA LEITURA PRÉVIA DO QUE CAETANO ESCREVE? OU VOCÊ QUER FAZÊ-LO.

    ALIÁS, SERIA PROVEITOSO SE VOCÊ TIVESSE COMENTADO E ANALISADO O POST EM QUE CAETANO FALOU DE MARX. SERIA DE “MAIS-VALIA”!

  96. Nobile José disse:
    Outubro 20th, 2008 at 6:39 pm

    e tem a última do paes:

    Paes ironizou a presença de artistas no programa eleitoral do adversário. “Faltam propostas ao candidato. É só oba-oba, musiquinha, jingle, muito artista na televisão. Infelizmente não vamos passar os próximos quatro anos ouvindo o Caetano Veloso cantando Cidade Maravilhosa. Adoraria que isso resolvesse os problemas da cidade, mas estamos elegendo o prefeito da cidade, não alguém que vai ficar nos entretendo nos próximos quatro anos”, disse.

    será que eduardo acha que os artistas, de um modo geral, são completamente alienados????

    segue link com íntegra da recortagem folheana:
    http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u458193.shtml

  97. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 20th, 2008 at 6:41 pm

    Bueno, lo de decirle a Ricardo que también creo en Flores de Ebano suena un poco loquillo… porque lo que quise decir es que también creo en tu visión del amor.

    (estaré siendo clara?)

  98. nelson disse:
    Outubro 20th, 2008 at 6:45 pm

    Pra quase encerrar esta questão dos érres e que tais, uma sintese do rural e do urbano, uma voz que transcende qualquer linguistica, qualquer explicação,qualquer interrogação, qualquer dúvida
    qualquer ditongo, qualquer prosódia,qualquer melódia,qualquer rapapé, qualquer CANAPÉ,

  99. Lucia Alves disse:
    Outubro 20th, 2008 at 7:22 pm

    Sou mineira do “litoral” (divisa com o Rio). Lá, não temos o sotaque forte do interior, nem falamos tão cantado como na capital.
    Só não falamos o “xis” do carioca, isto é, “nósss gossstamossss de bissscoito”.

    Mas “categoricamente” não tem acento. Em nenhuma região do Brasil.

    Vamos contribuir para a salvação da nossa língua!

  100. Caetano Veloso disse:
    Outubro 20th, 2008 at 7:51 pm

    “Categoricamente” tinha acento grave no “o”. Quando eu era jovem, os adjetivos proparoxítonos (que, portanto, levavam acento agudo na sílaba tônica) ganhavam um grave na mesma sílaba quando se lhe adicionava o sufixo “mente” para que ele virasse advérbio. Era a chamada sílaba subtônica. Acho. Eu gostava. “Categòricamente” deixava claro que a sílaba mais forte depois de “men” era “gò” e não “ri”. “Cafèzinho” também tinha acento grave. E “pèzinho” etc. Na verdade eu não gosto da diminuição do número de acentos nem do desaparecimento dos acentos ditos “diferenciais” sob o pretexto de facilitação. Claro que “pèzinho” faz mais sentido do que “cafèzinho”, já que a proximidade com “pesinho” é grande. Se se segue uma racionalidade, OK. Mas “sêde” e “sede” viram um problema se, por exemplo, um poeta decide usar uma dessas palavras como título de um poema. E até hoje não sei por que “êle” não tem mais acento mas “pólo” (pelo menos até aqui) tem.
    Gozado que logo se chie se alguém que não se diz marxista ou comunista ou mesmo “de esquerda” comenta Marx: não tem cultura para isso. Ninguém faz exatamente essa pergunta aos que se dizem marxistas ou favoráveis a Marx. Quantos dos seus denfensores leram Hegel, depois Feuerbach, depois Marx e Engels? Eu, bem, li e leio algum Hegel, li o livro sobre O cristianismo de Feuerbach, li, na extrema juventude, O 18 Brumário (achei quente e chato), e de um ano pra cá dei pra ler longos trechos do Capital. Muito bacana. Mas é mesmo um trabalho intalectual imenso, a que nem sonho em me dedicar. Tom Jobim dizia que músico não gosta de falar de música: “já pensou, ele perguntava, que chatice você sair da gravação e ficar falando de compassos compostos, intervalos de segunda menor e timbre de oboé? - A gente gosta é de fazer música e falar de ciência, política, religião, filosofia e da vida alheia”. Mas eu vou falar mais do disco, da feitura, das letras etc. É que pedi a Moreno e Daniel textos sobre o processo de gravação, e eles estão tão enfronhados em tanto trabalho que não puderam. Pedro, idem (ele produz o disco com Moreno). Marcelo e Ricardo sumiram do estúdio. O bom é que a câmera soviética de Pedro produziu a imagem dos meus sonhos para ser a capa do CD. Pedro, câmera soviética e um filme vencido. Agora vou pro estúdio.

  101. Lucesar disse:
    Outubro 20th, 2008 at 8:00 pm

    Que delícia esse blog, quiçá o único no mundo em que os comments são tão interessantes quanto aos posts, só uma dúvida persiste: Onde Exequiela, Son_ria, Salém, Heloisa, Caetano, Teteco e todos os outros arrumam tempo?

    Beijos a todos, adoro passar horas com vocês.

  102. Fernando de Lima Miller disse:
    Outubro 20th, 2008 at 8:09 pm

    Gostei do seu blog e gosto ainda mais da idéia (impensável,pelo menos nos tempos que eu gravava suas músicas em uma fita K7) de você saber que existe um Fernando de Lima Miller (rs).Vou frequentá-lo sempre…Gostaria de saber sua opinião sobre a Soninha Francine,que foi candidata aqui em SP e agora apóia entusiasmadamente a candidatura do Gabeira aí no RJ…

  103. teteco dos anjos disse:
    Outubro 20th, 2008 at 8:15 pm

    Grazie
    Roberto Joaldo…

    belo o “Poema Liquefeito”

    para você, para eX..
    e outros
    que se atrevem
    entre versos

    um Borges;

    “pensaba que el poeta es aquel hombre
    que, como el rojo Adán del Paraíso,
    impone a cada cosa su preciso
    y verdadero y no sabido nombre.

    Ariosto me enseño que en la dudosa
    luna moran los sueños, lo inasible,
    el tiempo que se pierde, lo posible
    o lo imposible, que es la misma cosa.”

  104. Labi Barrô disse:
    Outubro 20th, 2008 at 9:06 pm

    Ai gente. Chega de falar em sotaque. Que coisa mais chata. Cês vão ficar eternamente comentando sotaque?
    Desculpa, mas hoje estou elétrica. Um furação passou em minha vida. Tudo está revirado. Primeiro a tal cirurgia, depois Nego Dens (meu parceiro há onze anos) simplesmente resolve me informar que foi transferido de cidade. E para completar eu entro na internet para ler algumas notícias e fico sabendo que Ivete Sangalo perdeu o bebê que estava esperando havia seis semanas. Fiquei super entristecida. Olha, eu só não fico deprimida porque Deus me fez SOLAR.
    Aliás, solar é Ivete Sangalo, com seu sorriso maravilhoso, sua eterna simpatia e seu astral prá lá de alto. Deixo aqui minha homenagem a ela. (Isto é, se a mediação permitir né…) Ivete há de superar este triste episódio. É estranho. Não consigo ouvir um CD inteiro dela, mas ADORO a figura Ivete Sangalo. Ela me passa uma coisa tão boa, que não sei explicar. Assim como Sandy e Júnior. São também dois seres solares. Sou fã de carteirinha dos dois. Eles são lindos e transmitem sempre algo de bom. Mas não consigo ser fã da música que eles fazem. Eu gosto dessas pessoas. Acho que é porque são seres solares, como eu sou.
    Gostei quando Caetano disse que deseja ser SOLAR. Achei ótimo isso.
    Mas,sabe Caetano, eu acho que existe algo de solar em Nick Drake também. Em canções como Pink Moon ou Northen sky, por exemplo. São canções que, de tão belas, renascem de maneira solar em meu coração. Pelo menos é assim que sinto. Talvez eu sinta isso porque tenho o mesmo problema que você: entendo o inglês escrito e até falo inglês (arranhando), mas não consigo entender bem, com fluência, o inglês falado e tampouco o cantado. Assim, uma música como So long, Marianne, de Cohen a mim soa como se fosse Caetano Veloso cantando Maria Bethânia (daquele disco que gravaste em Londres,música que eu ouço pelo menos uma setenta vezes por ano. Lorran, minha grande amiga que mora comigo, acha que estou escrevendo besteira. Mas é assim que sinto ué. Tanto que em meu iPod essas músicas entram nesta ordem.
    Bem, para terminar eu quero deixar algumas perguntas para Caetano Veloso. É o seguinte: Eu adoro a interpretação que Caetano fez para SAMBA E AMOR de Chico Buarque. Eu sempre pensei assim: Se um dia eu encontrar Caetano vou dizer a ele o quanto essa gravação acaricia minha alma. Gosto demais. E as perguntas são: como foi a gravação dessa música? Havia alguma mulher a te inspirar? Você estava sozinho com seu violão? Como pode alguém interpretar de maneira tão bela e apaixonante uma canção? Eu realmente gostaria de ouvir um relato sobre o dia da gravação desta música. É isso.
    Quanto a ser solar querido, continue tentando. Assim teremos mais e mais composições e interpretações suas para alimentar nossas almas.
    Gente, cadê Betá Bethânia? O irmão abre um site lindo como este e Bethânia nem aparece? Eu quero ver Bethânia aqui. Cadê a gente famosa? Cadê os artistas? Ninguém aparece não é? E o tal Hermano? Não escreve mais não é? Eu já cansei de ler Salem. E além do mais, ando enciumada. Caetano só fala dele. Mas eu gosto do Salem. Beijos especiais para Ivete Sangalo!
    Labi Barrô, agora entristecida, mas sempre SOLAR!

  105. nelson disse:
    Outubro 20th, 2008 at 10:40 pm

    Para uma tentativa de encerrar esta questão dos errés e que tais KKKKKKKKKK, uma SINTESE sem antítese, sem rapapé,sem canapé, sem melódia,sem prosódia, sem linguistica,sem duvida,sem acento,sem ser rural sem ser urbano, sem ser caipira sem ser moderna,
    APENAS ELA ELA ELA a emoção em forma de interpretação da canção que ficou absolutamente inacreditável na voz dela nossa rainha.

    detalhe o barato da musica é que a gente transcende
    e todo o resto fica meio sem sentido, diante da sintese pela transcendencia que a usica nos proporciona.

    beijos com sabor da palavra cantada
    cantada
    toada
    tatuada
    vc.
    não resisto segunda canção do dia de modo excepcional hoje.

    http://br.youtube.com/watch?v=9wCDE8Lln50

  106. Gilliatt disse:
    Outubro 20th, 2008 at 11:14 pm

    Existe música mais bonita que Angel Eyes? Difícil dizer. Mais difícil ainda apontar a sua melhor gravação: Ella, Chet Baker, Julie London, Sinatra, Sting, a do próprio Matt Dennis, a de Exequiela Goldoni?
    Quem mandou esse apaixonado por vozes sedutoras seguir o link sugerido pelo Roberto Joaldo de Carvalho!
    Cuidado, navegantes desse blog, tem sereia nesse mar!!!!

  107. Júlia disse:
    Outubro 20th, 2008 at 11:43 pm

    Olá! Terei o maior prazer em mostrá-lo, inclusive vou verificar no material bruto as falas do Alvinho sobre você e sua família. Tentamos muito fazer contato com você quando estavamos gravando com Álvinho, pois queriamos muito o seu depoimento sobre o Álvinho e sobre aquela época.
    Se preferir pode enviar para o meu e-mail (jucenturiao@gmail.com) um endereço para postar o material para você.
    Obrigada pela atenção.
    Abraços
    Júlia Centurião

  108. Fernando Salem disse:
    Outubro 21st, 2008 at 12:53 am

    Oi Lucesar

    achei engraçado você perguntar aonde a gente arruma tempo pra escrever no blog. também não sei. trabalho pra cacete em frente ao meu mac, compulsiva e desmioladamente. de vez em quando acesso esse blog como uma forma de descompensação. e os coments saem que nem xixi.

    escrever na web é diferente. isso que o Lacerda não compreendeu e tomou como algo superficial. de fato é. mas e as conversas de boteco? precisam de “análises críticas condescendentes”?

    não quero dizer com isso que a conversa virtual é um papo de botequim. não é, mas também não sarau acadêmico, nem observatório da imprensa, nem réplicas e tréplicas de painel de leitor de jornal.

    estamos exercitando uma nova forma de conversa. é bom, não é?

  109. Fernando Salem disse:
    Outubro 21st, 2008 at 12:58 am

    Caetano disse que foi pro estúdio. Porra, lá vem as minhas fantasias fonográficas perturbar o que resta da minha sanidade.

    Não quero saber o que está acontecendo. Só falo sobre esse CD depois de escutá-lo. Isso, se conseguir falar.

    Caetano no estúdio é algo que não desejo desmistificar. Mesmo que achem que o vejo como oráculo. Prefiro assim. Ponto.

  110. Rosana Tibúrcio disse:
    Outubro 21st, 2008 at 12:58 am

    Creio ser instigante e, muitas vezes, irritante isso que alguém “achar” coisas e usar dois pesos e duas medidas.
    Como assim, Caetano ou qualquer pessoa precisa ser doutor neste ou naquele assunto pra discorrer sobre ele?
    E como assim Marcos? Já que você nem acha, apenas “desconfia” que Caetano leu ou não esse autor???
    Para os outros é preciso saber TUDO e mais “tiquim” e pra você basta “desconfiar”?
    Onde tem essas normas? Na Constituição, na Bíblia, em Manual de auto-ajuda? Fiquei bem curiosa…

    Iniciei esse comentário faz um tempinho, mas precisei sair, no que voltei “percebi”, ainda não li, mas lerei com muita vontade, porque gosto muito de tudo que ele também escreve, que Fernando Salem te respondeu, em caixa alta. Deve ser uma bela resposta.

    Cada coisa!!!!!

  111. joana disse:
    Outubro 21st, 2008 at 1:38 am

    Marcos: também me chamou atenção seu coment. também te percebi mais tiete que muitos aqui. me incluo nessa.

    a Caetano, espaço para ser: Caetano.

    e se ele, como um ser existente, por acaso não for a imagem que temos dele? ôps…não vou ser eu que vou barrar a possibilidade de ele se mostrar…

    eu mesma até já confessei a imagem muito de relance que tinha dele. depois obtive outras imagens de particularidades que jamais colocaria num blog.
    mas porque barrar a possibilidade de ele mostrar a forma que está se construindo nesse momento?

    repenso meus objetivos pra estar usando meu tempo aqui, neste espaço virtual. venho pra apreciar a obra, e os obreiros, tenho meus gostares e dissabores. venho pra imaginar a respeito do trabalho que não vemos (gosto qd Caetano se refere ao trabalho que pessoas como o Daniel, Moreno, Pedrinho, Hermano, Quito e muitos que nem sei o nome estão tendo). além daqui. realizando através de mãos, e pés e orelhas, extensões de seus corações e pensamentos). sou corporal e isso não deixa de existir no espaço virtual. venho para apreciar e perceber se conecta em algo meu. é claro que vou traçando minhas idéias próprias, qd interesso as projeto pra fora, mas não me conecto com essa determinação a respeito do que Caetano deva ou não manifestar aqui. ele próprio é bem grande pra fazer suas escolhas e revê-las quando necessário, influenciado ou não por opiniões que julgar mais coerentes, de alguém daqui, ou não. e menos ainda vejo essa obra como um espaço para “analisá-lo criticamente”. até por que creio que ele não faria algo pra se lançar em uma análise crítica se atirando sem paraquedas do alto de um blog. meu achômetro está errado?
    e olha só: eu sou terapeuta. apesar de gostar muito disso e ter uma facilidade imensa pra destrinchar detalhes pontuais em padrões de construções antigas nas pessoas também não passaria meu dia discorrendo sobre o que se observa nas relações entre as pessoas. tipo os músicos que não saem debatendo os compassos. imagina agora eu também querer uma análise crítica de todos os intrincados detalhes que Caetano expressa em seus escritos e relações que vem aqui, virtualmente, estabelecendo…

    também sinto falta de outras informações sobre o disco, as músicas, mas tem outra forma de pedir isso. uma coisa não precisa negar a outra. e se for pra analisar, então que seja pra valer, mas com a combinação, concordância e parceria da pessoa em questão. e pra fazer crescer…análise crítica de fato é pra isso, não?

    mas quem consegue crescer pra qualquer lado sem se poder desnudar?

    nem uns pedaços? num blog?

    bem, Marcos me fez pensar sobre muitas coisas…

  112. Flávio Mendes disse:
    Outubro 21st, 2008 at 2:10 am

    Já passo por aqui há um tempão, adoro, e agora resolvi dar um pitaco aos organizadores desse espaço: acho que o Caetano não deveria escrever comentários, esses deveriam ser sempre novos posts. Cada vez que ele tivesse vontade de escrever alguma coisa - ou nova ou apenas comentando os comentários - seria um novo post. Isso diminuiria o cada vez crescente (150, 200!!!) número de comentários aos posts.

  113. Edison disse:
    Outubro 21st, 2008 at 4:32 am

    Oi, Caetano,
    O Livro “Folha explica Lacan” é muito fácil de entender, mas talvez apenas para quem já tenha se enfronhado nesse terreno inóspito que é a escrita do Lacan ou sobre a escrita de quem procura interpretá-lo ou entendê-lo; eu tentei, mas quase nunca consigo; o Vladimir Satafle foi quem o escreveu, ele escreveu também um livro chamado “A paixão do negativo” que procura cingir as filosofias de Hegel e Adorno com a psicanálise lacaniana; entre outras frases dessa Paixão, há uma que gosto muito, que é, mais ou menos: “a experiência freudiana se petrifica com a intersubjetividade”. De qualquer modo, o livro se parece muito com “A paixão segundo G.H.”, de Clarice, na medida em que Satafle aproxima o EU do ser humano ao das Ding freudiano, como G.H. que se aproxima do neutro da barata. Veja: “Os homens só são humanos quando eles não agem e não se colocam mais como pessoas; esta parte difusa da natureza na qual os homens não são pessoas assemelha-se ao delineamento de um ser inteligível, a um Si que seria desprovido de eu (jenes Slbst, das vom Ich erlöst wäre). A arte contemporânea sugere algo disto”.

  114. Caetano Veloso disse:
    Outubro 21st, 2008 at 5:26 am

    ok, flávio. quando chegar em 202 vou parar. mas não sem antes dizer que não mencionei os adjetivos proparoxítonos que têm o acento circunflexo na sílabaforte: esses mantinham o circunflexo quando viravam advérbios. e que respondi ao comment de marcos lacerda porque gostei do que ele escreveu. é verdade que não conheço marx para assumir tom de autoridade. mas sempre tive problemas (teóricos) com meus colegas de esquerda, desde a faculdade. daí li umas e outras. o livrinho de leandro konder sobre marx é maravilhoso (quisera que “folha explica lacan” fosse assim: mas, pensando bem, será que lacan daria para fazer um lance inteligível como um sobre marx? tenho minhas dúvidas). li hobsbawn sobre o século 20 (onde, além do nosso futebol - elevado à categria de “arte” - há referência séria à música e à poesia de chico buarque) e sobre “terrorismo, não-sei-o-quê e nnao sei-o-que-mais”. leio marxismo em toda parte. citado, interpretado. roberto schwatz, carlos nelson coutinho, zizek, negri… li “o espectro de marx” de derrida. achei meio fofo. o que mais me impressionou foi a escolha do trecho de “os miseráveis” que ele escolheu, de victor hugo. mas, sinceramente, nunca li adam smith ou ricardo - diretamente. no entanto, sou simpatizante liberal e ninguém chia. acabo de voltar do estúdio. vou dormir.

  115. Fernando Salem disse:
    Outubro 21st, 2008 at 8:46 am

    Caetano foi dormir. Alívio.

    Aos que pedem pra ver exames de ultrassom do novo CD, eu continuo preferindo visitar o bebê na maternidade.

    Caetano deve acordar lá pelo meio-dia. Será que vai ler algo sobre Marx? Será que vai escutar Emilinha Borba? Ou prefere a Marlene? Esquerda ou direita? Será que pedirá conselhos a um moderador pra decidir no que vai pensar hoje? O que tem pro café da manhã? Vai direto pro almoço? Trangênicos ou integral? Integralismo ou cominismo? Coca-cola eu tenho derteza que sim. Vai beber. Será que é uma atitude colonizada? Sejamos imperialistas.

    Conformem-se. Um blog não é um big-brother. Ao contrário. Aqui nada se vê, tudo se escreve.

    Quanto mais TRANSAMBA se aproxima do parto, menos Caetano conseguirá comentá-lo. Isso é o que eu acho. Como ele faria um making-of da sua própria experiência?

    Aguardamos novos assuntos. Pueris, profundos ou papo-furado mesmo.

    Não me interesso por ditongos, um pouco pelos acentos diferenciais. Se Caetano tivesse que ler e estudar sobre cada assunto que fala, ficaria louco. O pior é que ele arranja tempo pra ler pra chuchu.

    Deve ser chato sair do estúdio e ficar pensando só no disco. Vamos falar sobre coisas diversas.

    Os que defendem o making-of querem o final do blog. Eu não quero.

    Em SP, as pessoas chegam do trabalho e ligam a TV pra assistir a barbárie. Eu prefiro novela.

    Hoje vi 176 do Bruno Barreto. O roteiro é do meu amigo Braulio. Mas o filme não cola. Há um razoável atraso de linguagem. Soa falso, embora os atores estejam bem verdadeiros.

    Vão comparar com Cidade de Deus, é claro. Isso é o de menos. Fernando Meirelles é um inventor. Bruno é um criador. Mas dessa vez foi diluidor. Tudo no filme está no lugar: costura narrativa, bons intérprtes, fotografia de luxo, mas… Bruno parece escoregar quando tenta entrar na subjetividade de seus personagens. Aí, o filme vira um simulacro. Não parece história, parece filme. E filmes não devem parecer filmes. Pelo menos durante a catarse da exibição. Depois, no boteco, aí sim… “aquela cena lembra Bunnuel e coisa e tal”.

    Pensar sobre arte cansa mais que fazê-la.

  116. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 21st, 2008 at 9:09 am

    AY Roberto J!!!! Voce toco una fibra!!!! Cuando leí tu comentario me quise esconder abajo del escritorio!! Tanta exposición… Es que mi relación con la música es.. digamos… particular. Esas canciones tienen sus años. Ahora estoy con una obritita (si la de C es obra, la mia es obritita) en progreso… pero progreso lento.. lent.. len…le..l…

    Voy a decir la obviedad de que no puedo ser comparada con a Ella e o Chet, etc. Todavía no merezco ni estar en un mismo párrafo donde los mencionen. Quizás algún día lo merezca…..
    Obrigada desde il cuore.

    Me parece que este es un buen momento para decirle algo, también desde el corazón, a o LeAozinho.
    Caetano Veloso: Me pongo formal para decirte esto. Quería contarte que por vos volví a cantar. Cuando te vi en Buenos Aires (un año y medio atrás más o menos) hacía 2 años que no emitía nota… nada… nothing… niente… simplemente la música me había abandonado (o ya a ella). Ni siquiera lo sentía como conflicto… ya no quería cantar más. Punto. Vine a Buenos Aires desde EEUU, antes de “volver definitivamente”…. y cuando fui a tu recital produjiste TAL impacto en mí que pareció que me tocaste con una varita mágica y la música volvió a mí. Y esto ocurrió viéndote del tamaño de un muñequito de torta! (es decir, desde el fondo del teatro… arriba.. muy lejos). Si hubiese estado en primera fila, me sacan con camilla… JA-HA… Vaya a saber… si te veía muy de cerca quizás no había magia. Nunca lo sabré. Termino diciendo que siempre vas a tener un lugar muy especial en mi corazón musical. No sé si te interesa saberlo. A mí me gustaría impactar a alguien de esa manera.

  117. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 21st, 2008 at 9:13 am

    Sobre la bombita de Marcos. Qué curioso! A mí me pasa que en mi cabeza han caído varios mitos de la imagen que tenía de Caetano… Y seguramente se formaron algunos otros mitos……
    Pero yo no me imaginaba a un Caetano tan egocéntrico, pedante, obsesivo, narcisista,… diría que un poco manipulador, bastante predecible por momentos. Y tan infantil. Al mismo tiempo tan abierto, curioso, irónico.. Y todavía me sorprende cuando dice que adora que lo critiquen… A veces pienso que es ironía y otras veces pienso que realmente le gusta.
    Y lo que sí me imaginaba, se ha ido cumpliendo, aunque hay algunos Caetanos que me gustaría ver y todavía no vi.
    Esto es un poco como una película… donde Caetano es el director… Y a mí me parece que le gusta bastante dirigir!

  118. Marcos Lacerda disse:
    Outubro 21st, 2008 at 9:15 am

    Caetano Veloso é grande demais, e o cometário de fernado salem sobre o meu comentário também o é,embora eu não seja parente de Carlos Lacerda!Acho que houve algumas confusões com relação ao que eu disse,um conflito de interpretações. O que eu quis ressaltar foi a necessidade de se tomar cuidado com as nossas “opiniões” sobre assuntos diversos,para não corrermos o risco do texto apressado. Não, Salem, para se entender Marx, deve-se entender de economia clássica,dialética hegeliana, sociologia, estudos de linguagem, etc,etc, e não apenas “política”. Eu apenas pedi um pouco de cuidado,porque acho irresponsável falar de coisas assim, dessa maneira.
    Caetano Veloso é grande demais,eu o adoro,e o considero não só um grande compositor, mas um sujeito que “explicita a função crítica da canção” e um dos personagens mais importantes da cultura brasileira. Mas é preciso discutir, discordar, apontar algumas contradições,e assim por diante.
    Alguém disse que eu era tiete de Caetano Veloso,eu não tenho dúvida em responder dizendo que Caetano é,em minha vida, “o melhor que podia acontecer”.

  119. fernando vita disse:
    Outubro 21st, 2008 at 9:19 am

    Ainda sobre o Alvinho, coube-lhe criar o jornal alternativo “O Verbo Encantado”, revolucionário como ele sempre o foi. Durou pouco, o Verbo, mas valeu enquanto.

  120. Ricardo Vieira Lima disse:
    Outubro 21st, 2008 at 9:40 am

    Exequiela: entendi perfeitamente o que você quis dizer.
    Graças ao Roberto Joaldo, acessei suas gravações e fui surpreendido. Sua voz é tranqüila, transmite paz. No entanto, que beleza selvagem você tem! Pude sentir isso nas suas fotos. Gostei, em geral, das músicas, mas mais ainda de Miss Celie´s Blues e Angel eyes. Gostaria de ouvir as músicas brasileiras, na sua voz, em espanhol, talvez com uma levada portenha.O que acha?

    Caetano: não pare de nos surpreender com comentários dentro dos comentários. Aproxima você da gente. Diminui a distância.

    Nelson:chorei de emoção ao ouvir/ver o link da música “É o amor”, na voz da Bethania. Já conhecia, é claro, a versão, mas acompanhada daquelas imagens, o significado de cada palavra cresceu. É uma interpretação definitiva. Caetano deve ter muito orgulho da irmã que tem.

    Não sei postar vídeos, músicas, mas posso “postar” um poema. O texto abaixo vai para os freqüentadores desse blog, inclusive seu criador e moderador. É um poema do cubano José Martí. Hasta la vista, babies.

    “Cultivo una rosa blanca
    En junio como en enero
    Para el amigo sincero
    Que me da su mano franca.
    Para el cruel que me arranca
    El corazón con que vivo,
    Cardo ni urtiga cultivo,
    Cultivo una rosa blanca.”

  121. Biajoni disse:
    Outubro 21st, 2008 at 10:22 am

    glauco mandou A PLANTA DA GAZELA?

    http://sublinhado.blogspot.com/2006/01/deliciosa-planta-da-donzela.html

    meu e-mail taí, manda um endereço preu mandar um livro também.
    :>)

  122. Fernando Salem disse:
    Outubro 21st, 2008 at 11:00 am

    Quando disse “Caetano foi dormir. Alívio” não me referi ao nosso alívio e sim ao dele. O merecido sono de um sujeito que coloca a voz no estúdio e os pensamentos na internet.

  123. Graça disse:
    Outubro 21st, 2008 at 11:36 am

    Sou do erre “líquido” e aqui em SP, fora das poses escriturais dos escritórios de negócio, o erre é mais líquido do que se pensa.

  124. alberto disse:
    Outubro 21st, 2008 at 12:43 pm

    qndo vc vem fazer show em São Paulo

  125. Nobile José disse:
    Outubro 21st, 2008 at 12:52 pm

    folha explica lacan???? acho que lacan nem frued explica…

  126. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 21st, 2008 at 1:53 pm

    Con permiso, quiero retribuirle el cariño (a mi manera) a Roberto J… y enseñarle un poco de lunfardo porteño para que entienda un poco mejor la letra de Amurado. Seguramente habrá alguna otra persona que también le interese. Ya sé Leaozinho… a vos no. Me cortaste el rostro fulero guachito!
    El glosario está debajo de la letra.
    AMURADO (Música: Pedro Maffia / Pedro Laurenz Letra: José De Grandis)
    Campaneo a mi catrera y la encuentro desolada.
    Sólo tengo de recuerdo el cuadrito que está ahí,
    pilchas viejas, una flores y mi alma atormentada…
    Eso es todo lo que queda desde que se fue de aquí.
    Una tarde más tristona que la pena que me aqueja
    arregló su bagayito y amurado me dejó.
    No le dije una palabra, ni un reproche, ni una queja…
    La miré que se alejaba y pensé:
    ¡Todo acabó!
    ¡Si me viera! ¡Estoy tan viejo!
    ¡Tengo blanca la cabeza!
    ¿Será acaso la tristeza
    de mi negra soledad?
    Debe ser, porque me cruzan
    tan fuleros berretines
    que voy por los cafetines
    a buscar felicidad.
    Bulincito que conoces mis amargas desventuras,
    no te extrañe que hable solo. ¡Que es tan grande mi dolor!
    Si me faltan sus caricias, sus consuelos, sus ternuras,
    ¿qué me quedará a mis años, si mi vida está en su amor?
    ¡Cuántas noches voy vagando angustiado, silencioso
    recordando mi pasado, con mi amiga la ilusión!…
    Voy en curda… No lo niego que será muy vergonzoso,
    ¡pero llevo más en curda a mi pobre corazón!
    Campaneo: viene del verbo campanear que significa observar.
    Glosario:
    Catrera: cama
    Pilchas: ropa
    Bagayito: diminutivo de Bagayo. En este caso significa “atado”, “bulto”, “pertenencias”. También se lo usa para decir que una mujer u hombre es fulero o fulera. Fulero: feo. Nota: Esta palabra en este contexto a mí me parece de lo más dulce!!!. Cuando escucho “agarró sus bagayitos y amurado me dejó” me mata!!!
    Amurado: Preso, encerrado, apresado, abandonado.
    Berretín: ilusión, fantasía
    cafetín: café, bar
    bulincito: diminutivo de bulín. Cuarto, habitación
    curda: borracho.

  127. Exequiela...Agridulce disse:
    Outubro 21st, 2008 at 2:09 pm

    Me olvidé!!! No hay nada mejor que escuchar a Adriana Varela. La GATA VARELA!! La mejor cantante de tangos LEJOS!!!!!!!!! …pocas veces vi una intérprete así. Escúchenla cantando AMURADO.
    http://www.fulltono.com/tangos/adriana-varela/
    “Amurado” es la número 49. También recomiendo la número 19 “Alma de loca”.

    Viste Lucesar!! Me hago tiempo hasta para buscarles canciones!

  128. George Ciro disse:
    Outubro 21st, 2008 at 2:47 pm

    Caetano

    Se tu jamais conseguiu nos encantar escrevendo textos (seja em livro ou agora em blog), por outro lado és um gênio da Música Pop Brasileira.

    Jobim tinha razão, e você, em especial, deve dar pitaco sobre tudo, mas não escrever (exceção para os Boulezs, Buarques, e outros gênios da palavra escrita).

    Abraços

  129. Edison disse:
    Outubro 21st, 2008 at 3:55 pm

    Talvez por uma questão de fuso horário, não sei, o post 114 (do Caetano) é seis minutos anterior ao 113 (meu) que veio lá por antecipação…

  130. Socorro disse:
    Outubro 21st, 2008 at 4:08 pm

    Pra quem perguntou por Elomar, ele continua lá pelas bandas de Vitória da Conquista, no meio do mato, pastoreando seus bichos e cuidando da Casa dos Carneiros, que agora é uma fundação. Inda outro dia, teve aqui em Salvador lançando um livro, Sertanílias. Deve continuar o mesmo maravilhoso bicho-do-mato, talvez um pouco pior. Vi na Porteira Oficial dele que vai fazer um show no TCA dia 17 de dezembro. Ah! desculpem, show, não, concerto. Concerto de Antífonas. Quem estiver em Salvador, não deve perder.
    Bom, quem quiser mais detalhes pode fazer uma visita à tal porteira: http://www.elomar.com.br/ e ao site da Casa dos Carneiros http://www.casadoscarneiros.org.br

  131. Carlos "Alemão" Moura disse:
    Outubro 21st, 2008 at 4:38 pm

    Salem, aqui em Sampa, nem barbárie, nem novela: buteco! Meirelles inventor… não sei. Sem dúvida, um bom diretor. Quero assistir Garapa do José Padilha na Mostra. Sujeito polêmico esse Zé.

    Abraço!

  132. Fernando Salem disse:
    Outubro 21st, 2008 at 4:53 pm

    Oi Lacerda

    Se pra entender Marx “deve-se entender de economia clássica, dialética hegeliana, sociologia, estudos de linguagem” eu não entendo de Marx. Deve ser por isso que não fiz nenhum comentário sobre o assunto. Também porque não me interessei por ele. Mas acho que o Caetano manja e gosta de falar disso. Se por um lado não manjo picas de economia, por outro tô ficando PHD em blog. E de uma coisa eu tenho certeza, ninguém é obrigado a ler nada pra escrever um comentário. Corre-se o risco do ridículo, do inculto e da embromação. Há bons e maus comentários. Alguns meio áridos e extensos. Outros doces e afetivos. Alguns meio narcísicos. Outros chatos a beça. É assim. Eu pessoalmente, gosto de não tomar tanto cuidado com o que escrevo por aqui. Enteda “cuidado” como um auto-police, ou algum tipo de rigor letrado. O bom do papo por aqui é essa incontinência geral.

    Alemão

    Meirelles é um inventor na medida em que criou um formato de narrativa que influênciou uma penca de filmes. O uso do off, tão demonizado pelos “modernos” do cinema, foi sublimemente resgatado em Cidade de Deus. Um risco estético gigante! Em Tropa de Elite, Padilha usou a mesma estratégia da narração em OFF. Uma clara influência do filme Cidade de Deus. Quando me refiro à invenção, não estou falado da favelização do cinema brasileiro. Estou falando de linguagem cinematográfica. Direção, corte, decupagem, luz, atores, ação. Terra em Transe também tem essa potência. Dá a impressão que daqui uma décadas quando forem estudar esse nosso tempo, Cidade de Deus permanecerá uma obra-prima. Não tenho a mesma sensação com outros filmes contemporâneos. Não tenho certeza disso e nem leio sobre cinema. Sou cinéfilo. Também quero ver Garapa.

    abraço

    Fernando

  133. Luíz Moura disse:
    Outubro 21st, 2008 at 5:44 pm

    Também tive privilégio de aprender com alvinho, fizemos juntos o programa Muito Prazer, álvaro Guimarães. E eu estava lá naquela entrevista de duas horas e cinquenta minutos que você deu, em sua casa, falando sobre o carnaval.
    Alvinho era genial e sempre tinha uma saída para as dificuldades. Foi muito bom conviver com ele.

    Saudações

    Luiz Moura

  134. carolina disse:
    Outubro 21st, 2008 at 5:59 pm

    Concordo com Nando 133. Às vezes aparecem certos comentários em que é perceptível a forma como o sujeito se altera. As discussões às vezes beiram a agressão ou a chatice.

  135. K MACHO disse:
    Outubro 21st, 2008 at 7:05 pm

    Caro Nando,
    ainda bem que aqui é! conversa de boteco e um pedido de cuidado com o espaço animico alheio num ambiente assim pode ser uma forte forma de dominaçao da espontaneidade animica do vizinho.
    Eu por exemplo aprecio circular à vontade nos ambientes que frequento e você?
    O Marcos Lacerda foi bastante rigido e parece nao ter entendido que este blog é palavras soltas. Ele esperava de Caetano grandes discusoes filosoficas, grandes responsabilidades intelectuais qdo isso aqui é um espaço para a vida simplesmente assim, como disse uma outra colega de blog, conversa de cozinha, com pao de queijo, e todos os quitutes da informalidade cotidiana etc…
    Isso é arte e é vida!
    Agora se comer pao-de-queijo pra vc pede o ritual de caviar e champagne, luvas brancas, travessas de prata, cristal tcheco, perfume e sei lah o que o e sei lah o que do que problema é seu.
    A Heloisa nao deveria ter seu nome tocado aqui, pois Caetano nao reagiu emocionalmente com ela, ele esteve tertuliando com ela e a meu ver foi chato, foi implicante mas também foi dentro de seu estilo rigido bastante doce com ela.
    Eu acho mesmo é que VOCÊ Nando gosta de ver cadeiras voando, tua onda é faroeste é medir forças no tiro!
    Olha pro peixe e atira no gato! E nao é por competência! Seu olhar estah desviado! Dominador disfarçado de sei lah o que de sei lah! Cordeirinho do olhar de fogo! SUA CAIXA ALTA è BAIXA!
    Um pouquinho de CUIDADO sou EU quem diz!

  136. K MACHO disse:
    Outubro 21st, 2008 at 7:15 pm

    Nando, (CAIXA ALTA)
    meu comentario resposta saiu logo acima do seu por alguma confusao horaria dado o horario de verao.
    Nao seria o caso de todos regularem os relogios, Hermano?
    De qquer maneira mesmo antes do horario de verao qdo postava algo sempre saia (desculpem me falta acento no teclado) com duas horas a menos.
    obrigado
    K MACHO

  137. Nando disse:
    Outubro 21st, 2008 at 8:20 pm

    Ainda bem que aqui não é conversa de boteco. Imagino como seria ao vivo UMA RESPOSTA EM CAIXA ALTA. Voaria cadeira pra todo lado também?

    Às vezes vocês me dão medo.

    Só um lembrete: quando conseguimos convencer alguém de alguma coisa é porque podemos convencê-lo de qualquer coisa - e isto é uma forma de dominação.

    Acho que ninguém aqui gostaria de ser dominado. Gostaria?

    Então, talvez um pouquinho mais de cuidado com o espaço anímico alheio seja necessário. É virtual, mas é tão real quanto o real - ou o Caetano não teria reagido emocionalmente num debate com a Heloísa.

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