Gabeira e Mangabeira 2 (30/09/2008)

GABEIRA E MANGABEIRA 2
30/09/2008 6:58 am

Mas será que tem gente que pensa que o que todo o mundo quer é se drogar? Todo o mundo ou pelo menos todos os brasileiros? Tem gente que pensa que todo o mundo não se droga só porque há a proibição? Estou com Salem. Não devemos esperar que os poderes públicos nos tratem como crianças. E depois, por que será que a maioria da população não é alccoólatra? Nem mesmo tabagista? Mesmo sendo legais e glamurizadas por décadas de filmes de Hollywood (onde a primeira fala de personagens entrando numa casa era sempre “I need a drink”, a primeira idéia de um personagem em apuros era “I need a drink”, a primeira proviedência para consolar um doente na cama era “take a cigarette”) o tabaco e o álcool nunca viraram a obsessão das populações humanas. Agora, sempre houve (e haverá?) bêbados e drogados. Não há nenhuma indicação segura de que os haja menos hoje por algumas drogas serem proibidas. A certeza disso é tão idiota quanto a certeza de que as drogas ilegais só fascinam por significar transgressão. Não é só por serem proibidas que elas atraem, nem o desinteresse por elas decorre da sua proibição. Só pensando direito se pode discutir, discordar, concordar, dialogar. Vamos tentando.

Gabeira está virando o jogo.

Mangabeira apoiar Crivella não é surpresa nem mau sinal para mim. Primeiro porque Crivella é do partido dele: o PR foi criado por José Alencar (o vice de Lula), Mangabeira e Crivella. Desde a criação do partido que na imprensa se diz que ele é um partido da Igreja Universal, ou do Bispo Macedo. Não creio que seja isso. O trecho que a moça que postou comentário reproduziu do discurso de Mangabeira na reunião de apoio a Crivella é excelente. E corretíssimo. De fato é horrível querer-se usar o princípio do estado laico para discriminar uma corrente religiosa. Sendo que os cultos evangélicos têm, há muito tempo, recebido de Mangabeira atenção especial. No livro “Política” (o mesmo onde há a crítica do conceito marxista de “capitalismo”) ele contrapõe a importância política da teologia da libertação (católica) ao surgimento das igrejas evangélicas - e vê maior energia liberadora nestas do que naquela. Eu venho de um mixto de ateísmo com politeísmo e, embora veja programas evangélicos na TV desde os anos 90, sempre odiei a campanha que eles fazem contra o candomblé. Sem falar no cara que chutou a santa (se bem que o Bispo Macedo - cuja biografia li com grande interesse - disse ter errado e atrasado em décadas a obra da Universal). Mas se esses programas (e suas igrejas) me atraíram por serem fenômeno popular, eles me mantiveram atento por estarem trazendo para grupos de brasileiros a idéia de que prosperar é bom - coisa que a Igreja Católica estava longe de sequer admitir. Concordo com Mangabeira em que o crescimento das igrejas evangélicas é um dos acontecimentos mais importantes da história brasileira recente. Não estou dizendo que isso é necessariamente bom, apenas que é indiscutivelmente importante. Nunca tive nem tenho preconceito contra o televangelismo americanizado.

And, Heloisa (for some reason I think that’s the right spelling of your name: with an H; maybe I’m wrong but as I always post without going back to read…), I certainly don’t have a good ear for foreign languages, but I don’t have much of a hard time reproducing the pronunciation of their vowels or consonants. I remember the short “u” used to be pronounced as a Portuguese “a” by Brazilians when I was young. Then people realized it was not that opened and tried to imitate the original English “non-vowel” - and ended up pronouncing something like a Portuguese “ô”, which sounds horrible. For example: people used to say “blash” (with a Portuguese “a”) for “blush”; now they say “blôsh” - and it makes me sick. Maybe that’s why you think I pronounce “a” instead of “â” in such cases. Yes, “â” is the closest to it. But we don’t have that in Brazil really - not with a differential value. In Portugal they have (that’s why there it is not hard to tell the difference between an “à” and an “a”, since the simple “a” sounds “â”; in Brazil we don’t have that, and we either write “à” when it’s only an “a” or pronounce “áa” to make sure we know there is a “crase”, i.e., a contraction of the preposition “a” and the definite article in its feminine form, “a”). To be sure, we have always pronounced “blêfe” and “flêrte” - in Bahia, “bléfe” and “flérte” - for “bluff” and “flirt” (and we kind of hear too open an “a” when the word “bluff” is pronounced in a movie). But we used to say “blash” when the word used here to refer to the stuff was “rouge” (a much better word), that we pronounced, effortlessly, à la française. That all means that we were always looking for a real vowel to put there, where there was no vowel proper. Well, of course THERE ALWAYS IS a vowel when you produce a vocal sound. But if it’s not “a”, “e”, “ê”, “i”, “o”, “ô” or “u”, it’s a non-vowel. Are you thinking I say this because I am Brazilian and my ear is used to just those vowels? No. Of course I know about the French “u”, which is half “u” half “i” - as is the German “ü”. Or the German “ö” or “oe” - there are lots of different vowels in different languages. But they demand a minimum of definition. It was my English teacher in London who explained to me that the short “u”’s pronunciation (as opposed to the long “u”, that’s pronounced “iú” - for, as you must have noticed, all long vowels in English are not real vowels but diphthongs: ei, íi, ou, iú…) is just the animal releasing of vocal indistinct sound. Well, you have something like it everywhere, like in the final “as” in Portugal, the final “es” in Catalan (and French, and Neapolitan, and…)… But in English it’s a very frequent sound entity. And often it’s the main vowel in a word. The other “short” vowels are always something in-between defined vowels: the “a” in “cat” is something between (Portuguese-Spanish-Italian-French…) “a” and “é”; the “o” in “pop”, something between “ó” and “a”; the “i” in “fitness”, something between “i” and “ê”, and so on and so forth. As for “far” or “car” (I don’t remember your example): it is not the same case as “dirt” or “Curt”. I must have had it wrong, saying all vowels followed by an “r” sounds undefined. What I meant was that MOST do. Especially if it’s followed not only by an “r” but by an “r” and another consonant. In fact, the “i” in “stir” sounds more like in “dirt”. But it’s for sure that it does in words like “curl”, “curse”, “verse”, etc. The vowel “a” doesn’t behave the same way. The “as” in “start”, “fart”, “lark”, don’t sound like a non-vowel. Rather, like a slightly O-ish A.

Sorry for the long gramatiquice in English. I was really trying to explain what I had meant. But I don’t know anything about English grammar theory. Or theoretical English grammar. Or English theoretical grammar. I really did it just to amuse you. And myself.



39 Comentários sobre o Post “GABEIRA E MANGABEIRA 2”

  1. João Mauro Senise disse:
    Setembro 30th, 2008 at 6:55 am

    Caetano,

    Me desculpe, mas a candidatura do Crivella nada mais é do que uma tentativa de colocar a Igreja Universal no poder. O PR é um partido da IURD, não tem como negar. O dinheiro sujo da Igreja é lavado comprando o horário da madrugada da Tv Record, onde eles atacam as outras religiões, principalmente o candomblé. A IURD é uma igreja anti-ecumênica, e isso é um perigo para a democracia.

    O projeto de poder do bispo Macedo é tomar o poder. Não tenho nada contra evangélico. O problema é essa mistura que o Crivella faz entre política e religião. O senador tem um projeto de lei que permite que os incentivos fiscais da Lei Rouanet sejam usados para a construção de templos evangélicos! Como um cara desses pode ser prefeito do Rio de Janeiro?!

  2. Rosana Ishi disse:
    Setembro 30th, 2008 at 8:16 am

    Cae
    Claro que você precisava esclarecer esse ponto em inglês, pois foi isso que seu comentário sobre a compreensão do inglês falado ser não muito boa causou. Todos que lerem comentarão e criticarão: afinal não só eu como Caetano( o grande intelectual, inteligente, culto,etc.)não entede bem a mesma coisa, o que te aproxima de nós pobres mortais e aculturados…E como leonino viril você precisa mostrar que é só mesmo o inglês falado que você não domina tão bem(digamos assim, ou melhor o inglês ouvido).Ao menos eu esperava isso de você.
    Que rapidez que escreveu isso, acredito que tenha melhorado da gripe rápidamente.Isso me alegra mais ainda.
    Mas esse negocio de pronúncia é maluco mesmo. Tenho oportunidade hoje de conviver com chineses e vietnamitas e o problema da pronúncia nos coloca em cada situação incrível. O que pra nós brasileiros não muda muito quanto à entonação, é primordial no vietnamita. A pronúncia da palavra mãe, bala e cabra são tão parecidas que nso causa muitos risos. Enfim, é riquíssimo esse blog por podermos falr com você e amigos que aqui cruzam com tantas coisas enriquecedoras(ou direi negócios enriquecedores).
    Parabéns por Lapa, adorei a interpretação(tarde pra comentar?)
    Estou aqui ligadíssima. Bjus
    Amo você

  3. Dionnara disse:
    Setembro 30th, 2008 at 8:56 am

    Você, bússula, em meio aos ventos do quarto império : ) No Rio, penso (e posso estar errada,como sabe)que os candidatos são infinitamente melhores que Crivella. Um abraço de sua fã, Dionnara.

  4. Sonia Fajardo disse:
    Setembro 30th, 2008 at 10:22 am

    Caetano, estou com você no apoio ao Gabeira.
    Com relação às drogas em geral, gostaria de encontrar um jeito das pessoas verem que não precisam usá-las para encontrar felicidade ou para enfrentar as dificuldades ou quaisquer outros motivos. Nunca gostei de álcool ou cigarro, mas meu filho de 24 anos (que teve uma bronquite séria quando criança)gosta dos dois e dá uma pena vê-lo prejudicando o seu corpo, pois não encontra forças ou vontade de parar. Enfim, será que só aprenderemos certas coisas após cometermos vários erros?
    Mudando o assunto, assisti ao show da Bossa Nova pela tv, pois não consegui ir ao Municipal (não por minha vontade)e adorei a sua participação. O Roberto Carlos pode ser o Rei, mas só você faz o meu coração bater feliz. Amo cada vez mais sua música, sua voz e seu jeito de cantar.
    Beijos com carinho, Sonia Fajardo

  5. Maria João Brasil disse:
    Setembro 30th, 2008 at 11:11 am

    MEUS pontos (atrasados também) nos is…

    Fazer os registros desse blog virar livro? Arg…Foi meu primeiro pensamento,(falo assim porque posso mudar de idéia).Não que eu não goste de livros, pelo contrário, mas isso aqui, é essa forma aqui, e isso que é legal. É fresco, cotidiano.
    Com relação ao Hm de Caetano, pra mim está evidente que ele quer dizer que não está convencido AINDA. O Hmmmmmm é quase desaprovação definitiva. Agora, o acrescimo de um U, Hummmmm, muda tudo ao contrário, e quanto mais m´s, melhor.

    Do show de caê e roberto exibido na globo, só consegui assistir a primeira parte (sono). O que eu achei foi que Caetano estava visivelmente emocionado, não sei se por isso ou não, me pareceu que ele fazia um certo esforço (um esforço) para cantar. Agora, ele troxe nova emoção às músicas de Tom (emoção em mim), por exemplo, uma coisa simples, quando ele cantava o refrão “… ela é carioca”. Putz, lindo. E eu sou Baiana, então não é pessoal.

    Bom, drogas. Usei maconha um ano inteiro, em função de um namoro. Não tô sentindo falta nem de um nem do outro. mas acho que aquele negócio me fez mal, to falando da maconha. Não sei, tenho a sensação de que abalou um pouco minha memória, que é (era) Über. Não sei. Mas, fico preocuapda com os discursos, “é só relaxante, não é nada de mais”. Hm.

    Põ, quando dizem, os homens principalmente, que Caetano que eu adoro, e que já me senti paquerada por ele (será?) é viado, fica difícil negar, com esse textinho em Inglês. Eu sei, não é nada de mais, tati bitatis, mas sei lá, da mesma forma que as vezes é um impulso, escrever em Inglês (pra que conhece), também é institivo pensar “coisa de viado”. Não sei. Não to falando homossexsual, viadagem é diferente, é tipo frescura e tal.

    Outra coisa é que o Mangabeira me parece, ouvi dizer, que tipo, se a gente dividir os políticos em quatro grupo, digamos assim, ele, o que ele representa, o que ele emana, sei lá, faria com que ele estivesse junto de ACM. Aí me pergunto, se caetano gostava de ACM. É isso?

    kisses for all.
    …folks.

  6. gil disse:
    Setembro 30th, 2008 at 11:34 am

    fenômeno por fenômeno, tanto o crescimento das igrejas evangélicas quanto do tráfico de drogas foram acontecimentos importantes na nossa história recente. Mas a mágica mesmo foi estabelecer o dízimo entre a população carente, fenômeno, tirar ainda mais de quem tem pouco. a fotografia da nossa miséria impressiona e os estudiosos qualificam os fenômenos. poderíamos inovar e não entrar de cabeça no televangelismo, fenômeno importado. Mangabeira já esteve melhor acompanhado noutros tempos. Ao lado do vice e do bispo?…Será? o pragmatismo nos levará aos braços de Crivella no segundo turno? afinal a terceira esquerda fundará uma nova velha direita? Teologia da libertação ou evangelização pragmática? Afinal, somos ou não somos americanos?

  7. nelson disse:
    Setembro 30th, 2008 at 12:06 pm

    caetano vc é absolutamente hilario.

    vc á mesa de um bar deve ser garantia de gargalhadas a noite inteira.

    prazer imenso poder compartilhar suas gramatiquices e dificuldades com a lingua inglesa….

    o idioma mais falado no mundo é incompreendido
    por um dos poetas brasileiros mais bacanas, haveria alguma razão metafisica para tal dificuldade sua com o idioma ingles?algum karma?
    lembraças do exilio?

    alias duas curiosidades minhas:
    vc não acha que cajuina ta um belissimo curta metragem?

    qual foi o sentimento seu mais presente durante os tempos de exilio?

    quanto á suas impressões quanto gabeira mangabeira
    e que tais vou me abster de comentar pelo simples fato de que tudo me parece inarredavelmente podre.

    abraços

    querendo saber mais sobre a gravação dos cds
    e não perca o debate dos vices no usa vai ser hilario…..assim como vc o é mais em outro sentido.

  8. Nobile José disse:
    Setembro 30th, 2008 at 12:17 pm

    oh mai gódi!!!!
    manga beira
    clark gable
    mai teori sem crivella
    pra quem vota na favela

    morando na zona sul
    o que vemos da janela???

    era ela, era ela
    chega de querela
    quero ela inteira pra mim

  9. Rosana Ishi disse:
    Setembro 30th, 2008 at 1:00 pm

    Cae
    Claro que você precisava esclarecer esse ponto em inglês, pois foi isso que seu comentário sobre a compreensão do inglês falado ser não muito boa causou. Todos que lerem comentarão e criticarão: afinal não só eu como Caetano( o grande intelectual, inteligente, culto,etc.)não entede bem a mesma coisa, o que te aproxima de nós pobres mortais e aculturados…E como leonino viril você precisa mostrar que é só mesmo o inglês falado que você não domina tão bem(digamos assim, ou melhor o inglês ouvido).Ao menos eu esperava isso de você.
    Que rapidez que escreveu isso, acredito que tenha melhorado da gripe rápidamente.Isso me alegra mais ainda.
    Mas esse negocio de pronúncia é maluco mesmo. Tenho oportunidade hoje de conviver com chineses e vietnamitas e o problema da pronúncia nos coloca em cada situação incrível. O que pra nós brasileiros não muda muito quanto à entonação, é primordial no vietnamita. A pronúncia da palavra mãe, bala e cabra são tão parecidas que nso causa muitos risos. Enfim, é riquíssimo esse blog por podermos falr com você e amigos que aqui cruzam com tantas coisas enriquecedoras(ou direi negócios enriquecedores).
    Parabéns por Lapa, adorei a interpretação(tarde pra comentar?)
    E em tempos de aquecimento global tenho uma sugestão para você criar uma canção que fale do lixo, Claro que existem algumas falando disso mas no sentido mais amplo, geral, de todo lixo em todos os sentidos e significados e só você é capaz de fazê-lo com tanta competência e poesia ao mesmo tempo. EnTao, sugiro, peço, imploro para o bem da Terra, que seja algo como um hino ao futuro do planeta.

    Comentar

  10. Nassau Santiago disse:
    Setembro 30th, 2008 at 1:42 pm

    O debate sobre a legalização das drogas é válido e se torna mais interessante quando se tem como um dos interlocutores uma personalidade como Caetano Veloso, admirado por milhões de pessoas, inclusive por mim. Não me sinto pouco a vontade ao me contrapôr à posição da personalidade, ainda que o peso da opinião desta seja infinitamente maior que o da minha, o que tende a influenciar a maioria. Acredito que neste espaço, e só por isso faço uso dele, impera uma máxima “Volteriana” que diz “Ainda que não concorde com nada do que me dizes, defenderei até a morte o direito de dizeres!”.

    Defender legalização de algo que somente traz danos à vida humana para mim é completamente sem sentido. Não venham me dizer que a legalização, seja ela feita da forma que for, não aumentaria o número de usuários, pois aumentaria sim. A Chancela do Estado seria um estímulo enorme ao uso, e se apenas uma pessoa a mais no Brasil ou em qualquer lugar do mundo sofresse as consequências maléficas dessa legalização já seria lamentável e irreparável. Como já disse em outra oportunidade, não podemos nivelar por baixo ao querer legalizar as drogas em razão do álcool ou o tabaco ainda serem, deveríamos lutar pela proibição de todos ou até mesmo a restrição gradativa, como vem acontecendo no caso do cigarro.

    Ainda que eu tenha restrições ao Imperativo Categórico Kantiniano, em que a máxima de um indivíduo, neste caso eu mesmo, deveria ser tomada como lei universal, faço uso da teoria quando estou diante de uma situação que envolve bens indisponíveis, no caso a Vida. Amparando meu pensamento cito o filósófoso Miguel Duclós: “É certo que existem diferenças entre indivíduos. Mas existem também coisas que são universais à forma humana, atributos pertencentes à nossa essência de seres pensantes e comunicantes. O imperativo ao meu ver trafega nesse pressuposto. Um fio de espírito que passe de uma ponta a outra da humanidade conservando seu enunciado pode ser considerado universal ao homem. Eis o desafio ético e o desafio político. Algo que todos querer? Dou um exemplo: todos querem viver. Não se pode para que uns vivam, outros deixem de viver. O imperativo dá conta satisfatoriamente dessas questões.”

    Elas, as drogas, são uma realidade e sempre ou quase sempre, pelo menos a partir da comprovação científica de seus malefícios, são proibidas. Aqueles que defendem sua legalização usando como paradígmas pessoas bem sucedidas, artistas e até políticos, que fumam um “baseado” de vez em quando para relaxar, ou até mesmo usando o exemplo pessoal, dizendo que fuma “umzinho” e tem a vida equilibrada. Talvez todos esses se esqueçam ou até mesmo não conheçam aqueles viciados inveterados, aqueles que começam com cola, depois maconha e passam à cocaína, ao crack, ao abandono, à morte. Essas pessoas deveriam sair do mundinho delas e visitar a “Cracolândia” ou passar uma semana no lar de uma família destroçada pelas drogas.

    Ainda acredito que existe um pouco de lucidez neste país e confio que a legalização das drogas jamais passará de um debate!!

  11. a.c. disse:
    Setembro 30th, 2008 at 1:50 pm

    acho alarmante o estado de infância perpétuo do povo brasileiro. se cagando nas portas dos hospitais e gritando como bebês, chorando como crianças pra conseguir alguma coisa. (vê-se no mapa da última proclamação, alguns aspectos infantis, mas um potencial gigaaante). sinto que talvez seja por isso o desinteresse da minha geração em política, presidentes parecem todos iguais quando se tornam presidentes (tudo bem, vimos muito poucos no poder), mas o estado fica paternal demais me proibindo de fumar maconha. (não sei exatamente ainda como entender isso, mas Pai, Igreja e Estado parecem uma patota odiosa pro meu arquétipo adolescente)

    deitados eternamente em berço esplêndido

    mas seu blog está me ajudando sair do pensamento adolescente. vislumbro aqui possibilidade de me interessar por política.
    e por inglês. hehehe,
    a língua que sua mãe não fala, a minha mãe ensina, mas por linhas cruzadas e o desrespeito comum pela professora na zona sul acabei odiando cursinhos de inglês. talvez na zona norte seja igualzinho e eu esteja só romantizando…

    um beijo
    ana cláudia

  12. CADU SABBAG disse:
    Setembro 30th, 2008 at 2:32 pm

    Caetano!

    Sou de São Paulo, então apesar de acompanhar a disputa eleitoral no Rio de Janeiro, não conheço profundamente as discussões eleitorais aí no Rio.

    Entendo, que a dificuldade do Gabeira vencer eleições majoritárias está não só no fato dele apoiar a legalização/liberação das drogas.

    Antes vale deixar claro que o prefeito NÃO TEM PODER para alterar leis que dizem respeito a matéria droga, que necessariamente devem ser emanadas do Governo Federal.

    Pois bem, Gabeira ficou famoso por sua tanguinha de crochê, que arrepiou os cabelos dos conservadores, mas há um fato em sua história, que acho ser impossível de ser esquecida, o sequestro do embaixador americano.

    Por mais que possa ter tido razões importantes, não consigo aceitar, e acho que a população do Rio em sua maioria também não, que se responda com uma violência tão gritante que é privar a liberdade de alguém que diretamente nada tinha a ver com o problema da época, por mais nobres que sejam seus objetivos.

    Sequestro é um dos crimes mais odiosos que podem existir, para mim somente comparável ao estupro, eis que reduz a pessoa a condição de animal, presa e privada de seu bem maior que a liberdade de ir e vir. A lei da anistia, que acho maravilhosa, pecou por anistiar os militares, e permitir que atualmente a aplique como forma de garantir indenizações milionárias aos “revolucionários”.

    Afinal, somente as famílias dos revolucionários sofreram com a perda dos seus entes queridos?

    A situação é complexa, e acho que o povo do Rio, por mais que não fale abertamente sobre o tema, rejeita em muito Gabeira, pelo sequestro (justo ou não) que este confessadamente cometeu.

    Forte abraço

    Cadu Sabbag

  13. Renato disse:
    Setembro 30th, 2008 at 2:51 pm

    [i]Estou com Salem. Não devemos esperar que os poderes públicos nos tratem como crianças[/i].

    Mas devemos esperar que os poderes públicos tratem as crianças como crianças - porque é a elas que os traficantes oferecem “amostras”, nas portas das escolas inclusive.

    O Estado (cuja legislação é uma esquálida lembrança - ainda necessária - do sentido mais importante e mais valioso da palavra limite) é então o responsável pela grande (e jamais gratuita)ironia: fazer com que se lute por dependência achando que se está lutando por liberdade, livre-arbítrio, direitos individuais e tudo o mais que (humana, terna e muitas vezes dolorosamente) embasa e legitima nossos discursos repletos de boas intenções e desconhecimento.

  14. Exequiela [Der Kuss] disse:
    Setembro 30th, 2008 at 2:58 pm

    Me siento más identificada cuando leo ateismo+politeísmo que con el absolutismo en “A certeza disso é tão idiota quanto a certeza de que as drogas ilegais só fascinam por significar transgressão.” Qué moditos Leozinho! (A propósito…. vieron que ofrecen 12 mil millones de euros para el que demuestre que existe Dios?…. creo que lo puedo demostrar).
    No queremos ser tratados como niños pero nos comportamos como niños y necesitamos que alguien nos cuide (y mime) desde que nacemos hasta que nos morimos, o no? El ejemplo del tabaco no sé si es el mejor, o acaso no está siendo cada vez más restringido su uso? Cuando se permitía fumar libremente era porque no se sabía con certeza el daño que producía- Y el alcohol ya tuvo su prohibición en varios países (aunque no duró mucho). Será cuestión de regulación pero teniendo en cuenta que el aborto, un tema más abordable que las drogas, es todavía ilegal en tantos países (en Brasil lo es?) me parece que estamos bastante lejos de la legalización de las drogas.

    Cómo así que te acordás de los nombres de los que escriben los cometarios sin tener que volver a leerlos? Es chamullo? Me hacés sentir mal Leozinho! Tengo la mitad (o menos) que tu edad y cuando me dicen un nombre a los minutos ya me lo olvido.

    English: No se te amontonan un poco las ideas? Hay vocales “largas” en inglés que no son diptongos. Por ej: en goose (gu:s). Es que el inglés es bastante tricky e incluso tiene una ortografía súper compleja y de ahí que exista el “Spelling Bee”. Con respecto a la “a” en blush o husband… estamos bastante acostumbrados al inglés de EEUU o Inglaterra pero hay algunos países donde la pronuncian como una “o”. Si mal no recuerdan mis oídos: en Irlanda y/o Escocia…. y definitivamente los puertorriqueños.

  15. Flávio A. disse:
    Setembro 30th, 2008 at 3:33 pm

    Se as novas igrejas evangélicas têm mesmo essa vantagem de incutir em grupos de brasileiros a grandeza da prosperidade, ainda assim a sua ganância, má fé, oportunismo, posturas discriminatórias e ou bizarramente conservadoras, castradoras, são o suficiente pra que apoiar estas igrejas seja uma mancha política extremamente desanimadora.

  16. Carllo Carlos disse:
    Setembro 30th, 2008 at 4:12 pm

    O crescimento evangélico é realmente algo tão importante (não necessariamente bom), que irá influenciar cada vez mais na POLÍTICA, uma vez que os crentes tendem a votar nos seus pares.

    Uau! Isto deve ser algum artigo de Telecurso 2000, algo assim…

    Eu não consegui ler a explicação sobre gramática da lingua inglesa até o fim…

    Esse Caetano é pórreta!

  17. Vianna Vana Caravana disse:
    Setembro 30th, 2008 at 4:17 pm

    Prosperar é bom,mas tem-se que pagar impostos justamente.Dízimos enchem sacos e sacos de moedas que não são contabilizados em impostos.Devemos prosperar individualmente e num todo de nação.Na outra pátria do Mangabeira um líder saniáse foi expulso por muito menos.E sem nenhuma concessão.Quiçá radiotelevisiva.Prosperar demais vinculado somente ao poder da grana também é uma droga.Só que essa ao contrário das outras citadas por ti não tem sido desejo e exclusividade de minorias mas de quase todo mundo.Não gosto de ver nossos cinemas teatros antigos transformados em templos evangélicos.É nessas horas que penso como cultura pode ser frágil.Frágil mas pulsa.Morre-se um cérebro,mas um coração continua batendo por muito tempo.Morre-se um coração e o cérebro dura um instantâneo.Estamos num limite.
    Gabeira,ao contrário de Gil,perdeu a chance de atuar com desprendimento e generosidade quando esteve próximo ao governo Lula.Preferiu apenas hostilizá-lo.A natureza fluminense chora essa perca de tempo.Nosso Arraial do Cabo e de nossos meninos chora os descasos e os deslocamentos precipitados e cegos daqueles que acreditavamos tanto.

  18. Renato disse:
    Setembro 30th, 2008 at 4:33 pm

    Há uma liberdade ainda mais valiosa do que a que se pretende ao se defender a descriminalização das drogas (supondo ser este um e apenas um dos motivos em defesa): aquela que permite a você, Caetano - poeta que é -, ver de cara limpa coisas que muitos pretendem ver ao se drogar.

    Só que é uma liberdade (e seus benefícios) que dá trabalho para ser construída - e você sabe bem disso. Seu cuidado com sua biografia e o respeito com seu Eu não comportariam o impacto que drogas causam. É louvável que você defenda o direito a algo a que você nem faz uso, porque não gosta. Entretanto, isso (o cuidado e o respeito consigo mesmo) não é patrimônio só seu, é da humanidade.

    Nada é mais urgente do que ser livre por seus próprios meios e você é um exemplo disso.

  19. Guido Spolti disse:
    Setembro 30th, 2008 at 4:41 pm

    Um pouco mais de drogas! Maconha e Paz, evidentemente não é para todo mundo! Como garantir que pivetes crianças e adolescentes estejam em paz com tanto maconha em fase imprópria (lembra o documentário do Falcão?; não entendi o período que abre o texto do Caetano “Mas será que tem gente que pensa que o que todo mundo quer é se drogar?” porque não consegui identificar nos comentários nenuma apologia ou sei lá o que ao uso das drogas;aliás, se toda a droga do mundo fosse maconha… O fato é que se a maconha não garante “paz profunda”, embora uma droga muito mais legal que outras, especialmente as derivadas, as raspas, os restos dos restos; assim, ela garante, não para todos (lembra quando o Caetano fala da viagem de baseado dele?, quem fumaria um baseado quase inteiro, ainda mais um cabeça de nêgo?, me pareceu coisa de principiante, digo isso bem numa boa, mas foi a sensação que tive quando o Caetano faz a narrativa, pensei, o Caetano é doido!), para alguns usuários, um estado levemente alterado de tempo e espaço, uma ótima sensação, também inspira, enfim, não é uma droga ruim, e está muito mais associada à tranqüilidade, ao relaxamento (claro, dependendo do estado de espírito do indivíduo), do que a uma “droga dos diabos”; isso me faz pensar quando o Jonh Lenon e a Yoko Ono foram visitar a rainha Elizabeth, creio que o barato do baseado que eles fumaram associava-se à paz, embora eles “não procurassem a paz”!

  20. Guido Spolti disse:
    Setembro 30th, 2008 at 4:51 pm

    Esqueci de dizer, que prosperidade esperar de um pensamento tão fundamentalista quanto o dos evangélicos, não só deles, outras religiões também, mas os evangélicos, a não se que mudem radicalmente essa “coisa”, esse dogma de achar que todo mundo tem que aceitar Jesus (o deles, é claro) em seu coração, e pararem, em suas manifestações de ficarem gritando as asneiras mais diversas pensando que todo mundo é obrigado a ouví-las, ou seja, enquanto não pararem de deturpar o que de mais legal pode ter numa proposta verdadeiramente religiosa, a metafísica profunda dos alquimistas, etc. etc; caso contrário, não entendo, mas gostaria de entender a prosperidade de Mangabeira/Caetano…

  21. marta doria disse:
    Setembro 30th, 2008 at 5:18 pm

    Oi,você falou sobre um texto Rio/ São Palulo. Posta ele ai. Acho que falar de cidades, amplia e particulariza cada pedaço do debate que se ler e discute no Blog.

  22. Lucia disse:
    Setembro 30th, 2008 at 5:23 pm

    Caetano, assisti o video da homenagem a Bossa Nova exibido pela rede Globo no ultimo domingo e lamento dizer que a imprensa tem razão: o show foi fraco, sem brilho. Voce parecia acuado, totalmente timido, o que houve? Sua voz sempre foi deslumbrante, voce no palco sempre foi um espetáculo, mas o que aconteceu? o paletó estava apertado?( não diga que voce acredita mesmo nesta bobagem da midia que Roberto é rei!!!). Por que voce não escolheu as músicas do Tom que voce dá show? Já Roberto se comportou como sempre sem surpresas e cantando o obvio, como sempre fez.
    Fiquei decepcionada pois acredito que voce é o maior artista do Brasil, o melhor compositor, a melhor voz, o unico que atravessou geraçoes e está cada vez melhor, nunca foi comercial, enfim sempre admirei sua carreira e sua forma de inovar, mas este show realmente não rolou.

  23. C. disse:
    Setembro 30th, 2008 at 5:29 pm

    Hahahah, Caetano engole uma corda…! E é tão bonitinho.

    (Aliás, Caetano: por falar em hahaha, tem um tema de gramatiquice que é muito pertinente hoje em dia - neogramatiquice, na verdade, porque é coisa recente e a polêmica não é em cima de normas, mas de panelinhas de tendências estéticas ou de modos de expressão. É o dilema da risada por escrito, na internet. Você já teve algum contato com esse impasse? Se a sua internetagem está restrita ao blog e a sites de crítica musical, crítica de cinema, política e afins, provavelmente não. E então você pode até achar que expressar que se riu, pela internet, é uma coisa desnecessária ou que vai tranqüilamente nas entrelinhas do que se diz. Mas se por acaso você se expandir pelo menos pro MSN, logo logo vai ver o quanto isso é realmente um impasse – ou mesmo por aqui pelos comentários do blog. Se se abre mão de “rir”, numa conversa longa e fluida pela internet, alguma coisa da peculiaridade mesma desse tipo de comunicação é comprometida – e não existe um paralelo justo entre uma conversa de MSN e outro tipo qualquer de comunicação possível, há algo de irresistivelmente lúdico e particular em bater um papo de uma madrugada inteira no MSN em vez de conversar pelo telefone, por exemplo - e não há um papo desse que não precise da eventual expressão dos momentos de risada. E aí entra o problema, o fator partidarista, com o seu jorro de estéticas: há um verdadeiro clube dos “contra kkkk”, dos “contra rsrsrs”, “contra emoticons”, etc, e uma legião de desavisados dessa militância da higiene textual que usam e abusam, em seus blogs ou conversas online, de qualquer onomatopéia - muitas vezes sem qualquer correspondência com o som de uma risada real, como o hauhauhauhuah, que eu demorei a entender como um riso e não como um latido. E fica-se com a dúvida: ou se usam as diversas formas de risada porque se admitiu que elas ocorrem espontaneamente, e o contrário seria uma auto-repressão pensada demais - o que seria fazer vista grossa à poluição inevitável que decorre disso; ou se preza por um texto limpo, com as risadas apenas implícitas, como sempre se fez e com sucesso antes da internet - o que faria com que se usasse a internet apenas para veicular mais largamente o modo de expressão vigente desde sempre, e não como um meio de vida própria, criador de seus códigos e facetas específicas. Essa polêmica lembra um pouco, por sinal, a da poluição visual de São Paulo e daquelas restrições à publicidade. A gramática nunca vai dar conta da linguagem da internet, mas as suas gramatiquices, que já são de todo modo bem mais pessoais que normativas, bem que poderiam lhe estender um ramo.)

  24. Assis disse:
    Setembro 30th, 2008 at 5:45 pm

    Caetano, querido, você diz que, para você, não é surpresa nem mau sinal Mangabeira apoiar Crivella e argumenta que “De fato é horrível querer-se usar o princípio do estado laico para discriminar uma corrente religiosa. Sendo que os cultos evangélicos têm, há muito tempo, recebido de Mangabeira atenção especial.”
    E o que dizer de alguém que se vale de um tremendo poder e de citações bíblicas para condenar a homossexualidade?
    Veja essa notícia publicada no site do MIXBRASIL:

    “ABGLT lança manifesto pela não-eleição de Marcelo Crivella

    A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais lançou nesta segunda-feira, dia 29, um manifesto pela não-eleição do candidato e bispo evangélico Marcelo Crivella (PRB) à Prefeitura do Rio de Janeiro.No manifesto, a ABGLT relaciona diversos motivos para que eleitores não votem no candidato do Partido Republicano Brasileiro, além de reproduzir algumas frases de conteúdo discriminatório e homofóbico proferidas pelo bispo.”A lei é uma excrescência” (referindo-se ao Projeto de Lei 122), “Ninguém pode ter neste país a obrigação de concordar que não se pode criticar o homosssexualismo” e “Acho que o homossexualismo é pecado, não é natural” são apenas algumas das declarações feitas pelo bispo. Crivella é ainda autor de um artigo intitulado “Perigo para as famílias brasileiras”, onde convoca manifestantes a lutarem contra o PL/122 e responsável por constantes articulações contra pessoas LGBT.A ABGLT acusa o bispo de não respeitar os princípios de igualdade e não-discriminação previstos na Constituição Federal; de não respeitar as resoluções do Conselho Federal de Psicologia; não respeitar a resolução da Organização dos Estados Americanos sobre orientação sexual e identidade de gênero como Direitos Humanos e de não respeitar a resolução aprovada pela Organização Mundial de Saúde, em 1990, que retirou a homossexualidade da lista de doenças.O manifesto é mais uma forma de a ABGLT declarar sua luta pela existência de um estado realmente laico, onde diversidade religiosa e sexual sejam respeitadas e seres humanos possam ser tratados com respeito, sempre sob as leis Constituição Federal.”

    O que o Mangabeira teria a dizer sobre isso?

    Beijos

  25. Suely Rouco disse:
    Setembro 30th, 2008 at 6:08 pm

    Caetano, há muito venho adiando a minha participação neste blog, em parte por falta de disponibilidade de tempo, em parte por preguiça mesmo. Cheguei a um ponto de minha vida em que prefiro aprender com as idéias de outros do que ficar insistindo em convencer alguém das minhas verdades. No entanto, a oportunidade de me dirigir diretamente ( nem tanto, eu sei…) a você me colocou à espreita para ver quando eu poderia entrar contribuindo para uma discussão que realmente me tocasse. Surgiu então a discussão sobre o Crivella ( elle também tem dois?) . Esta sim, me interessa. Sou carioca da zona norte e vi a Igreja Universal surgir na Avenida Suburbana em uma lojinha de 2 portas onde antes era uma funerária. Isto no início dos 80. Hoje a mesma Avenida se chama Dom Helder Câmara e abriga o que eles chamam de “Catedral” uma obra faraônica,construída com o dinheiro de fiéis de classe média baixa aos quais foi ensinado que só existe uma verdade - a deles - e que, portanto, nenhuma outra religião ou creça merece respeito. Até a mudança do nome da Avenida foi rejeitada pelos dirigentes da seita que mantiveram até bem pouco tempo o endereço da “Catedral” como Av. Suburbana. Semana passada vi um anúncio na TV em que, pela primeira vez, aparecia o nome correto da Avenida.Creio até que o motivo seja a rejeição do candidato da Universal - pois é isso que ele é - que os fez mudar sua posição. Vejo, também, que a estratégia de defesa do candidato da Universal é acusar de intolerância religiosa aqueles que rejeitam sua candidatura. Na verdade intolerância religiosa não havia no Rio de Janeiro até 20 anos atrás. Cada cidadão era livre para professar a religião que quisesse. Mas, o que tenho visto ultimamente é o crescimento de um sentimento de repulsa por parte de membros de igrejas evangélicas a toda manifestação de religiões ou cultos africanos.Há pouco, em São Gonçalo, a prefeita proibiu que sejam usados atabaques nas aulas de capoeira em uma visível manifestação de ignorância e desrespeito às culturas negras.Já assisti, dentro de um ônibus, a uma mulher que começou a recitar passagens bíblicas para “exorcisar” outras duas que conversavam sobre astrologia, coisa que para este tipo de seita, é demoníaca.Eu mesma já passei pelo constrangimento de ser alvo de coxixos e risinhos debochados por estar usando uma camiseta com a imagem de São Jorge. E isto se dá Brasil afora. Em agosto estive na Bahia com minha amiga Dilce Anádia e fomos maltratadas no aeroporto de Salvador por um funcionário da Gol que ao tomar conhecimento que transportávamos objetos de Candomblé fez cara de nojo e abandonou nossa bagagem quase negando-se a proceder o despache. Detalhe, eram peças de barro completamente secas e inodoras. Veja os anuncios classificados em que surge uma nova exigência para o emprego “ser evangélico”. Isto sem falar nos casos mais graves de desrespeito que a impresnsa tem noticiado.Sei que tudo isso pode parecer pequeno demais mas quero lembrar que Hitler e suas teorias a respeito da raça superior também foram considerados irrelevantes até ver-se em que resultaram. Hoje prega-se a religião única.
    Ufa, falei pra caramba,rapaz…Um beijo meu, de Dilce e os Erês

  26. Roberto Kenard disse:
    Setembro 30th, 2008 at 6:49 pm

    Caro Caetano, sem pretensão, concordo com a maioria das idéias que você propaga neste espaço, porque eu asa defendo há muito tempo na coluna que assino diariamente no jornal Diário da Manhã, aqui do Maranhão. Sei que as pessoas mudam de idéias, ou seriam idiotas chapados. Mas me incomoda essa sua apologia do mangabeira. defendi várias das idéias dele, até que ele escreveu um artigo duro contra o Lula e, logo depois, aderiu ao governo, como se fosse um intelectual holerite. Não, com relação a Mangabeira, no mínimo fico com o pé atrás.

  27. Lucas Jorio Vasconcelos disse:
    Setembro 30th, 2008 at 8:15 pm

    Caetano,
    engraçado, não tive como não ler a primeira parte do seu post e pensar: hum, drogas e igrejas… Duas coisas das quais fala-se hoje como de temores de pragas que se alastram. Qual temor? Achei interessante suas análises sobre os dois assuntos, pegando mais por um lado, como dizer, subjetivo? Não é legal lembrar o que Freud diz sobre ambos no mesmo texto? (O mal-estar na - ou da? - civilização) Se me lembro bem, a embriaguez é a forma mais eficiente e frustrante de desligamento do mundo, de esquecimento do sofrimento… E a religião, acho que para ele é uma ilusão, a eternização do Pai, sei lá, que pode ser perigosa proque sempre presupõe uma ameaça a ser combatida, um outro endemoniado. Não importa, valeu o que você disse, pelo que entendi, pelo seguinte: nem Freud explica, depende de quem usa droga e de quem crê, do que cada um, ou certo grupo, certa época busca e faz com as drogas e as crenças disponíveis…
    Confesso que andei pensando em te criticar para ver se você me responde diretamente (Vaidade, a Santa vaidade…). Não consigo, então insisto: lestes o comentário 37 ao seu post Imprensa? Não se amole, confio que um belo dia você responda, ou te procuro no seu próximo show em BH.
    Abraço,
    Lucas

  28. laurene disse:
    Setembro 30th, 2008 at 8:16 pm

    Oi, parabéns pelo show que passou na tv e foi ótimo. Não dá mesmo para jornalista de rock ver show de bossa nova e resenhar. Fica uma tristeza, vcs tem razão.

    E detalhe: o “mixto” aí é o sanduíche, com “x”? Acho que deveria ser com “s”, de mistura, não?

    Independente da simpatia por Mangabeira ou Crivella, eu não apoio a lei Rouanet para templos religiosos e assinei a petição abaixo, assinem também:

    http://www.PetitionOnline.com/cult2007/

    Beijos da Lau

  29. joana disse:
    Setembro 30th, 2008 at 9:09 pm

    acho bem interessante esse debate sobre a legalização de drogas. acho álcool e alguns medicamentos tão ou mais prejudiciais que algumas drogas consideradas ilícitas.

    tenho uma tendência a querer acreditar que a legalização seria um meio eficaz de combater essa economia paralela que funciona através do tráfico de drogas, mas não encontro argumentos que me convençam. e, trabalhando com pessoas, sua energia e seus comportamentos, acredito mais que apenas estaríamos trocando um problema por outro (não tenho ainda opinião formada em qual proporção). e não acho nada eficaz essas soluções que apenas mudam de nome e endereço mas geram os mesmos padrões.

    pensando mais amplamente, e de forma prática, a questão da legalização de fato acontecer ou não é algo pra muitos anos ainda , e esbarra também nestas questões que já foram levantadas pelo Aurélio no post anterior.

    então, ao mesmo tempo que se debate essa opção precisamos exercer essa criatividade brasileira e pensar em outras soluções mais próximas do agora. é como abordar algo por pelo menos dois lados ao mesmo tempo. debatemos o legalizar e também ações menores, cotidianas.

    ex: me pergunto: se não devemos ser tratados como crianças (e acredito que não devemos se não somos) pq tem tanto trouxa que, sabendo que estará alimentando o sistema do tráfico e que, possivelmente alguém bem próximo vai morrer por ele (não necessariamente pelo uso de drogas), então, que tipo de trouxas são os trouxas que tiram seu dinheiro do bolso pra manter esse sistema?
    e quantas vezes dizemos isso, nesses termos e de muitas outras formas, e exigimos respeito de pessoas próximas que são usuários de drogas e estão não apenas conhecendo ou pegando leve com algo pra experimentar, mas sim agindo repetidamente como trouxas, e assim, bem pertinho? sabem, tipo: o amigo, o parente, o parceiro de trabalho… e quantas vezes, se dissermos isso pro nosso colega, ele vai levar a sério, e parar de agir só em benefício próprio? alguém já fez esse tipo de observação? uma estatistica relacionada a pessoas próximas? pra realmente sabermos quantos desses terão atitudes não infantis? dá pra fazer o mesmo com quem bebe, funciona igual.
    vê quanto tempo essa pessoa vai ficar olhando nos teus olhos até vc terminar de dizer que cada vez que ela bebe e que é vc que tem que tapar os buracos que ela vai fazendo ou consertar o estrago (pq geralmente essas pessoas mais infantis tem sempre alguém pra irem se pendurando), vê quantos ouvem até o fim, quantos te deixam falando sozinho, quantos te dizem que vc é castrador ou controlador e etcs, e quantos levam a sério o que vc tá dizendo, e pedindo.

    acho que não devemos ser tratados como crianças se não somos, mas na maioria das vezes agimos como tal.

    e não é a mudança na lei que nos fará agir como adultos, responsáveis por escolhas e consequências.

    acredito mais nas moderações do que nas proibições, sem dúvida acho melhor, mas no caso da lei sobre a bebida, achei ótimo. acho que tem que fazer esforço mesmo. se a proposta é sair e beber e curtir, e pagar por isso, então paga o taxi também, ou cultive com esforço um bom amigo que vai ficar sóbrio enquanto vc bebe.

    então, vamos lá: como adultos podemos pensar e debater mais sim, e ter mais idéias e sugestões criativas para resolver um mesmo problema de várias formas, com o mínimo de danos, e o máximo de condições reais de viabilidade, inclusive técnica, pra isso. e também para cortar o que alimenta o problema, pq se isso também não é feito, ele ressurge com outra cara…

  30. Fernando Salem disse:
    Setembro 30th, 2008 at 9:14 pm

    O Renato disse:

    “[i]Estou com Salem. Não devemos esperar que os poderes públicos nos tratem como crianças[/i]. Mas devemos esperar que os poderes públicos tratem as crianças como crianças - porque é a elas que os traficantes oferecem “amostras”, nas portas das escolas inclusive.”

    Se eu entendi direito, o coment é a favor do estado como protetor e colocador de “limites”. Limite é palavra da moda entre os psico-pedagogos uspianos. O uso dessa palavra é equivocado e pouco criativo. Entendo o desejo contido no uso de tal substantivo, mas ele serve de pretexto pra reprimir. Adultos que um dia foram “liberais” agora precisam passar limites pras crianças não os surpreenderem com seus desejos.

    Os solventes e fluidos de isqueiro são vendidos legalmente nos botecos. Nem por isso temos uma epidemia de inalação infantil. Isso é comércio legal. Ponto. Cabe aos vendedores, pais e escambau cuidar pra que a bagaça não seja espalhada entre a molecada.

    Não tenho medo da droga. Mas morro de medo do Crivella. Entendo o fenômeno da evangelização no Brasil como um sintoma. A gente não quer só comida a gente quer a vida como a vida quer. Aqui e agora. E isso a Igreja Católica não promete. Pelo contrário, se muito, um lugarzinho no céu. Mas convenhamos, a exploração vil desse desejo tão legítimo é um estelionato.

    Frequentei com relativa intimidade os bastidores da TV Record e fiquei chocado com o que presenciei por lá. Isso sim é droga pesada!

    Mas quando Caetano fala do desejo de prosperar está correto. Os evangélicos de fato tocam na questão. Nada que um psicólogo de esquina não fizesse sem apelar pra ignorância.

    Ao invés de cuidar dos “limites” das crianças, o poder público deveria cuidar é das “fronteiras”. A droga entra e sai do país e financia seitas e emissoras de TV.

    Crivella não é santo, nem gosta de santo.

  31. Serena Eumenides disse:
    Setembro 30th, 2008 at 9:39 pm

    Quah, quah, quah, pronunciando “slightly O-ish A”, tem-se uma linda imagem cinematografica do delicado chiado seguido do biquinho feito ao se falar O, do sorriso feito ao falar ish e a bocona aberta ao falar A, e vindo logo em seguida das palavras start, fart, lark é tao lindo que percebo que vovoh lhe mandou a torta!
    Eu ADOREI o local in between usado pelas diversas linguas, mas te corrijo, pois ha uma pequena diferença ao se falar o “u” francês que pende para o som do “i” com biquinho e o “ü” alemao o qual tem um som que vem levemente mais grave e mais originado na garganta.
    Sobre drogas, sou contra, but I say about the feasible potion I make by the nightfall.
    How to be frightfully amased and delightfully deranged by it’s transcaucasion effects, then, Dear!

  32. Lucio Filho disse:
    Setembro 30th, 2008 at 10:24 pm

    “Parental Advisory: Explicit Lyrics” (Aviso aos pais: letras explícitas).

    Não é o Estado quem tem legitimidade para interferir no livre-arbítrio do indivíduo. Muito menos um indivíduo interferir na escolha de outro. Se uma pessoa quer se suicidar (eutanásia) quem sou eu para proibi-la? Se alguém quer se drogar pq devo proibi-la ou condená-la por isso?

    Pq tenho pena dela? Pq não quero que ela sofra? Mentira! No fundo, nem eu nem ninguém está nem aí para ninguém! A nossa sociedade é um poço de egoísmo, as pessoas só fazem algo pelo outro se receberem algo em troca. Quem diz que é contra a descriminalização (que não é o mesmo que legalização) das drogas, usando este argumento é hipócrita. Pq se estivesse mesmo interessado no bem-estar do próximo estaria contribuindo de alguma forma para com ele, seja fornecendo alimento, medicamento, roupa ou afeto ou fazendo a “sua parte para o nosso belo quadro social”.

    No caso de uma pessoa menor de 18 anos só seus pais, no máximo, é que teriam o direito de interferir na vida de seus filhos, mas não o Estado. Exemplo disso é o aviso citado acima, presente nas capas de CDs à venda nos EUA: o aviso é aos pais, eles que decidirão se seus filhos têm maturidade ou não para ouvir aquele trabalho, não o Estado.
    Tá tudo errado!
    E a hipocrisia continua…

  33. nelson disse:
    Setembro 30th, 2008 at 11:02 pm

    é bacana vc dialogar com uma pessoa pelo blog ao longo do tempo pois vc vai percebendo certas incongruencias ou contradições como é de qualquer ser humano e caetano é ser humano tb…..é isso a gente convive e vai se apercebendo que talvez caetano de utiliza da técnica dos topoi para ir camaleando pelo mundo e pelo tempo afinal caetano esta por ai há muito tempo…graças a deus…

    mangabeira ta ligado ao crivella, crivella ta ligado a um ideario de reunião estado religião que já se apoderou do estado nada contra por favor …mais certa feita caetano perguntou se eu gostaria de ver uma ditadura do proletariado…..londe de mim…

    Disse caetano neste blog “GABEIRA representa tudo o que o Rio tem deixado de lado para cultivar Chagas Freitas, Garotinhos, Rosinhas e Crivelas”….

    ora se o “filosofo estratégico de viés totalitario
    apoia o candidato que é do mesmo partido E CAETANO tece lovas ao dito filosofo estrategico….

    EU TE PERGUNTO CAETANO:

    VC VAI VOTAR NO CRIVELLA E ESTE PAPO DE GABEIRA
    É PARA APARECER BEM NA FITA?

    enfim provocações provocações provocações aquele programa excelente de antonio abujamra na tv que ja foi de cultura e hoje bom hoje bom deixa pra lá

  34. Heloisa disse:
    Outubro 1st, 2008 at 12:11 am

    Dear Caetano,

    “Yes, “â” is the closest to it. But we don’t have that in Brazil really - not with a differential value.”
    Of course we don’t have it in Brazil, but it shouldn’t be so difficult to get the right sound: that’s why we have those little magic things called phonetic symbols! Also, “â” is not the closest to it; it is actually the sound, represented by “Λ”. Still I don’t get it: why does everyone easily say ‘but’, but finds it so hard to say ‘blush’? It’s exactly the same vocal sound!

    “Well, of course THERE ALWAYS IS a vowel when you produce a vocal sound.”
    You sound sort of ironic here, but that’s not exactly what I’ve said. In fact, it was quite the opposite: when there is a vowel, you ALWAYS produce a vocal sound (though you don’t agree with that).

    ‘Are you thinking I say this because I am Brazilian and my ear is used to just those vowels?’
    I would never dare to think of that! Still, you didn’t have to show off all your language skills: I already knew everything you said. I guess you love languages the way I do, so all your knowledge was thorough expected. It might be the reason why I was a little bit surprised by your prior comments…

    ‘Sorry for the long gramatiquice in English.’
    Don’t be. I love gramatiquices too, and I was so glad to read your looong answer. Actually, I’m the one to say sorry for such an unkind answer. But, believe me, I couldn’t keep myself from having a little grammatical fight with you. After all, you’re the best, right?

    And, just for the record, I find ‘rouge’ a much more charming word too. Kisses.

  35. Ana disse:
    Outubro 1st, 2008 at 4:58 am

    Estou aqui pensando no que exatamente a nova esquerda deve propor, quando descubro que o autor do livro homônimo é compadre de partido do bispo Crivella. Peloamordedeus. Juro que não entendo um monte de coisas. Essa será só mais uma na lista.
    A gente devia estar bem atento. Com 70% da bancada do congresso nas mãos dos donos de seguradoras de saúde, imagina os outros 30% na mão dessa gente ligada a IURD. Se é que as porcentagens já não mudaram em favor dos bispos.
    E não se trata do fato de um dos bispos, pastores, sei-lá-eu ter chutado a santa (melhor, a figura da santa) ou descer o pau no cadomblé (eu precisaria ser muito parcial para medir o perigo disso apenas por isso). O que amedronta aqui é ver gente pensante não se rebelar contra isso. Não vou nem colocar meu ponto de vista sobre a deturpação religiosa que essa gente enfia na mente de pobres coitados. Vou me ater apenas ao movimento dos reis políticos (os peões somos nós). E acho que dá para arriscar. Isso vai dar numa tremenda m… Tem muita sujeira por trás disso tudo. O suficiente para sujar ainda mais a já tão porca política brasileira.

  36. Ana disse:
    Outubro 1st, 2008 at 5:12 am

    Nelson: tudo contra. Religião alguma deveria se apoderar (muito bem colocado) de estado algum. Os tempos de Roma já passaram. Chega de misturar alhos com bugalhos. É incrível ver a nossa constituição. É incrível ver como ela é tosca quando permite nos desonrar. Já é um absurdo ver Paulo Maluf nas campanhas de SP, quando o cara tem não sei qtos processos tramitando no Supremo. E que nunca são julgdos, e os motivos são vários, e por aí vai.
    Mas saber da força dessa igreja na cabeça do povo, e ficar por isso mesmo… Então padre católico também deveria se candidatar a cargo público, bem como lamas, canalizadores de mestres ascensos, babalorixás, mediuns psicógrafos, rabinos etc.
    Eu acho que o mundo tá girando ao contrário. Mal posso acreditar que li o que li.
    Que esquerda vai suprir a ganância de colegas partidários?
    A que der mais dízimo? A que abrir as portas para Jesus no coração, ou nenhuma das duas e o buraco é mais embaixo?
    Sinceramente? O Brasil merece o (des)governo que tem.

  37. Miriam Lucia disse:
    Outubro 1st, 2008 at 1:07 pm

    Caetano disse: “Agora, sempre houve (e haverá?) bêbados e drogados”. Estudos revelam que desde a pré-história o homem se droga, talvez este fato seja decorrente da vontade de se viver em “estado de sonho”, numa busca incessante de paz interior, ou daquilo de que certa forma possa confortar a “alma”. No mundo “moderno” onde as pessoas vivem sob pressão de toda sorte me parece razoável que cada vez mais as pessoas busquem uma forma de “tirar férias” da realidade, que cotidianamente se apresenta de forma violenta, desagradável e, porque não dizer, com falta de expectativas de um futuro melhor. Quem sabe um dia o homem será capaz de inventar um sucedâneo eficiente para estes “doces venenos” os quais chamamos de drogas. Não estou generalizando, é claro que muitas pessoas usam outros artifícios que são muito eficientes, como no caso o uso da musica, tão ancestral quanto o homem, serve tanto para me alegrar, quanto para me acalmar, acredito mesmo que o som por si é capaz de proporcionar prazeres indizíveis, viagens maravilhosas, os sons fazem cócegas na imaginação, emocionam e são grandes portadores de lembranças. Que os sons exercem grandes poderes sobre as mentes humanas não é novidade, sempre foi utilizado em rituais primitivos, nos mantras indianos que se utilizam da repetição de sons para entrarem em “transe”, ou da mesma forma que varias manifestações populares como no caso do candomblé que se utiliza dos ritmos de seus atabaques Rum, Rumpi e Le, com o mesmo propósito, ou seja, a preparação do “espírito“ ou da mente, como se vê também na hipnose. No entanto, imagino que seja necessário um pouco de imaginação e predisposição para que se consiga a eficácia na sua utilização do som.

    Dentro disso andei lendo a respeito do I-doser, que se trata de um programa de computador que emite ondas sonoras que seriam “doses” sonoras que estimulam as ondas cerebrais do usuário, estas doses de áudio estão disponíveis no site oficial do programa. As doses devem ser compradas, e o uso delas é limitado, (apesar de muitas pessoas conseguirem doses através da pirataria e troca de arquivos de graça e ate já existem versões em MP3) e, segundo li, existem doses com efeitos de Maconha, Cocaína, Orgasmo, Anestesia, Ecstasy, Trip, Ópio e Café. Mas, na opinião de alguns neurologistas estes sons somente causam efeitos nas pessoas que se condicionam, o que não difere do que disse acima, sempre se precisa ter imaginação ou predisposição, dizem ainda os especialistas que são sons repetitivos em uma determinada freqüência que “se baseiam no que se convencionou chamar de batidas binaurais ou sons binaurais e isso seria tão velho, mas tão velho, que sua descoberta data de 1839”. Não provei este “negocio” ai, já que as minhas “doses” de musicas diária me batam, mas acho a proposta interessante porque, pelo menos este tipo de droga, embora possa causar alguns efeitos paradoxais, não causa dependência química ou danos físicos coisas que são comuns em outros tipos de drogas.

    Concordando com Salem: Sou sempre favorável a esta desmistificação do Brasil como de um país ignorante e despreparado.

    Beijos

  38. maria disse:
    Outubro 3rd, 2008 at 9:48 am

    “ai se eu escutasse o que mamãe dizia”
    a minha mãe me mandou cedo para a aula de inglês… eu me recusei a aprender. Viu no que deu? não entendo o que Caetano Veloso escreve.

  39. Andre disse:
    Outubro 3rd, 2008 at 11:05 am

    Bem, quero comentar sobre o show de Caetano e Milton que eu nem vi…rs.
    Mas já vi um show deles, com um repertório voltado para o cinema aqui em Belo Horizonte.
    Era nítido a timidez de Caetano que parecia meio ofuscado ( se isso é possível ) cantando ao lado do gigante Milton ( tanto que um dvd desse show foi gravado mas nao foi lançado, se não me engano ).
    Acho que quando você ( Caetano ) comenta que tem talento mediano para música, acho que o senhor realmente se sente assim, uma vez que, sempre nessas ocasiões não se sente muito à vontade ( como muitas vezes é noticiado ).
    Exceto quando você ou senhor fez com Wisnik “Onqoto” para o Grupo Corpo.Ali a sintonia era 100%.
    Mas eu diante disso opino que Milton é melhor cantor deste país, Gil e Djavan os melhores músicos, Chico Buarque o compositor mais completo, Tom e João gênios, Ney Matogrosso a melhor perfomance.
    Mas Caetano é melhor que todos eles juntos, porque vc usa com muita inteligência o que cada um destes que eu citei tem de melhor, com a sua luz única de artista leonino.
    E para terminar, Caetano coloca ai videos de making-off da feitura do novo album, pois o senhor está sendo demasiadamente “cruel”, citando, contando e deixando ainda mais, nós, fas, super curiosos sobre sua nova obra. Deixa ai alguns videos para ilustrar ainda mais esse disco que pelo que leio aqui ficará muito bom.
    Axé pra vc !

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