Imprensa (30/08/2008)

IMPRENSA
30/08/2008 6:52 am

Não, Leonardo, uma crítica negativa não é inaceitável. Essas de Sampaulo agora não tiveram peso dentro de mim. Não do ponto de vista da minha necessidade de ser aprovado. Nem sequer da de não ser injustiçado. Foi só minha vontade de ensinar. Quando moço, quis ser professor. Achei os textos da Colombo e do Jotabê tão ruins que quis alertá-los. “Boba” e “burro” são puxões de orelha. Achei a edição dos dois segundos-cadernos tão suspeita que quis mostrar aos responsáveis que eu tinha detectado algo. Isso me basta. Nelson Motta (antigo amigo de tudo o que é bom no Brasil - talvez o único jornalista a fazer carreira falando mais bem do que mal das pessoas) e o de Bárbara Gância (talvez um extremo oposto a Motta) já provaram que eu estava certo. Estou ensaiando e compondo para o disco. Começo a gravar na segunda-feira. Não tenho tempo para explicar. O português de Jotabê é muito feio e a Colombo ter falado mal de João Gilberto dá a medida da nocividade da empreitada conjunta (e desconjuntada) dos diários de S. Paulo. Acho gozadíssimo ler-se “S. Paulo” e não “São Paulo” no cabeçalho da Folha. Não lembro se no Estado é igual. Acho que é, mas não assino esse jornal, embora o respeite muito - de longe. Menos quando pede a quem escreve sobre música popular (o lixão da imprensa) para fingir que sabe ser tão mau quanto um jornalista da Folha (embora, é claro, ninguém saiba, nem de longe, ser tão mau quanto um jornalista da Veja).

Minha opinião: Roberto Carlos canta extraordinariamente bem. Muito melhor do que eu. Mas sei disso desde 1966. Ao menos. Ele é mais bossa nova. Mais músico. Mais cantor. Eu apresentei um repertório que não é todo muito conhecido dentre as músicas de Tom. “O que tinha de ser”, “Caminho de pedra”, “Por toda minha vida”. Tanto no caso dele quanto no meu, eram escolhas naturais: ele cantou o que sempre ouviu muito. Eu, o que ouço desde a adolescência. O show ficou equilibrado e elegante. Claro que a impressão de upgrade das canções ditas bregas que canto não se repete nas minhas versões de Jobim. Roberto as elevou mais. Eu estava nu, com todo o reverente medo que tenho da música. Mesmo assim, não errei nem emudeci. De espécies muito diversas, Tom, Roberto e eu somos medalhões. Eles dois - merecidamente - muito mais do que eu. Mas o fato de eu ser um medalhão transviado confere um caráter particular aos meus eventuais brilhos e também aos pontos cegos. Visto do palco, o show me parecia bonito o tempo todo (mesmo quando eu sofria por minhas insuficiências). E muito emocionante em vários momentos. Cantar “O que tinha de ser”, com aquele arranjo, me enchia o peito de pranto - pranto que desatava quando eu me sentava na coxia e ouvia Roberto cantar de “Por causa de você” a “Samba do avião”.

Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado: eis em quem penso agora. Começaremos as gravações por “Perdeu”, a primeira que fizemos no início da obra, ou por “Lobão tem razão”, a última? Hoje ensaiamos “Diferentemente” (com aquelas referências políticas algo datadas agora, o que lhe dá uma graça estranha) e revimos “Por quem?”. O resto foi tentar fazer um plano de gravação. Nenhum de nós tem paciência mais para esperar até entrar no estúdio.



68 Comentários sobre o Post “IMPRENSA”

  1. Guido Spolti disse:
    Agosto 30th, 2008 at 7:58 am

    Não acho muito legal começar por Lobão tem razão!

    Creio que começar por “perdeu” teria um toque “de protesto” maior! É como se fosse se cantar “enquanto seu lobo não vem (que coincidência com “Lobão tem razão”) esperando a chegada, ao final do show, de “Lobão”, deixando no ar a continuidade do diálogo com o “lobo bolo”.

  2. andre gardenberg disse:
    Agosto 30th, 2008 at 9:53 am

    Vi você anteontem no Jô
    Ótima a entrevista!
    Te vi, um ser humano, comum, um artista respeitado, que se faz respeitar, e que respeita o seu público.
    E que não tem nenhuma obrigação de respeitar quem não o respeita!

    Mudando de assunto:

    Não acho que seja uma questão de comparação…
    Roberto é Roberto, e Caetano é Caetano

    Ambos ícones, ídolos
    De muita gente

    Minha carreira está deslanchando agora, com um trabalho que considero de utilidade para a sociedade, com minhas duas Esposições/Livro “Arquitetura do Tempo”, a das rugas, e “Arquitetura do Medo”, sobre a violência nos centros urbanos, e que tenho recebido apoio da maior parte da mídia:

    http://www.flickr.com/photos/angar/2737531030/

    Mas sempre aparece um jornalista, principalmente da Folha, pra esculhambar com algo que você fez com todo o seu afinco, concentração e amor a arte que faz. Isso, exatemente num momento em que todos estão apreciando sua obra.

    Na época da crítica também me incomodei.

    Mas agora, aprendi a acreditar no que meus olhos vêem, e não no que meus ouvidos escutam.

    E no caso do encontro Roberto/Caetano, o que vi, foi um momento histórico muito bem sucedido, independente dessa historia que veio a tona, das manias. Quem não as tem?

    Ao se falar delas, deixou-se de falar na história desses dois monstros sagrados, que têm uma carreira impecável. Quero ver conseguir manter-se anos e anos na mídia, tendo sempre o reconhecimento do público, por estar fazendo um trabalho bom , de qualidade. Geralmente cai-se no descartável, que é o que mais vemos. É, no mínimo respeitável, estar esse tempo todo nos ouvidos e corações das pessoas, brasileiras ou estrangeiras.

    Viva nossos ícones!
    Vamos falar de seus potenciais, suas qualidades, por favor!

    São tantos “detalhes”…

    “It’s a long way”…

    Aquele abraço!

  3. Sílvio Osias disse:
    Agosto 30th, 2008 at 10:19 am

    Caetano,
    O fato de ser jornalista e escrever eventualmente sobre música não me impede de olhar com melancolia para a crítica que se faz atualmente no Brasil. Faço parte de um grupo que, aqui em João Pessoa, cresceu lendo a melhor crítica de cinema que se fazia na década de 60, e isto me levou à crítica de música e me motivou a ser jornalista. Mas acho lamentáveis textos como este da Folha (não li o do Estadão). É mal escrito, mal fundamentado, cheio de equívocos. E, infelizmente, é o que se tem hoje nos nossos jornais. Aqui não é diferente. Ainda se fala mal da Bossa Nova, do Tropicalismo, de Roberto Carlos. Agora mesmo ouvi um colega com uma longa militância nos cadernos B dizer que Roberto não é um bom cantor, é apenas afinado. Ora, isto é burrice!
    Posturas como as da Folha não me surpreendem. Achei muito sintomático que, na segunda-feira, no dia em que você e o Rei cantariam pela primeira vez em São Paulo, a Folha On Line tenha dedicado tão pouco espaço ao show. Como se eles estivessem predispostos a falar mal do tributo.
    Estava ansioso para ler algum texto seu sobre o show com Roberto Carlos. Adorei o que você escreveu em “Imprensa”, sobretudo no trecho em que você fala de Roberto Carlos e da emoção de cantar “O Que Tinha de Ser” e depois chorar na coxia ouvindo a voz do Rei. Mas confesso que fiquei querendo mais um pouco dos seus comentários sobre o show e sobre o significado de vocês dois subirem ao palco juntos num tributo a Tom.Que bom que tenha sido justamente vocês. Pela trajetória que cada um construiu, pela relação que estabeleceram entre si, pelo quanto Roberto é Bossa Nova (e joãogilbertiano), embora não precise explicitar isto, pelas “regiões profundas do ser do Brasil”, para as quais você chamava nossa atenção lá em “Circuladô”.
    O Brasil precisa sentir orgulho dos seus medalhões! E, como faz Nelson Motta, falar bem deles.
    Espero revê-lo qualquer dia no Recife, de preferência com o amigo Jomard por perto.

    Abraços saudosos,
    Sílvio Osias

  4. Tânia de Vasconcellos disse:
    Agosto 30th, 2008 at 10:56 am

    Cae,

    Os críticos e os Leonardos não merecem tanta atenção. Lembro de você - anos muitos atrás - respondendo a Paulo Francis que olhava o próprio umbigo porque era bonito. Continuo concordando com você. Você, Roberto, Tom, a Bossa que foi e a que virá são umbigos do Brasil. Bonitos. Merecem compor a identidade dessa rota de fuga para uma esquerda possível. E diversa, claro.

    bjs
    T

  5. Fernando Martins disse:
    Agosto 30th, 2008 at 1:40 pm

    Após ver a simpática e leve entrevista no Jô Soares desta semana e saber da existência deste blog não resisti e tive que vir escrever algo.
    A generosidade de Caetano de abrir um espaço para diálogo ou mesmo que, apenas voz, de seus fãs é uma oportunidade que não deve ser perdida.
    Imagino que outros compositores tenham este tipo de espaço mas não, sei que Caetano agora tem e eu aqui a escrever.
    O que queria dizer é que mais uma vez Caetano cita Chico em entrevista e mais uma vez veio à minha mente uma comparação que fiz anos atrás (sim tenho alguns muitos anos vividos), onde disse que Caetano e Chico tem obras bem distintas no tocante tanto a letras quanto a formas melódicas mas que no entanto, se igualam em genialidade. Comparei os dois à Machado de Assis e Clarice Lispector, dois ícones da literatura brasileira mas no entanto, com estéticas bem distintas embora, igualmente geniais. Chico e o seu “escrever sério” como citou Caetano ao falar do Chico escritor de livros, me remete a estética reta e plena de Machado assim como Caetano e sua estética flutuante (flutuante é o melhor termo?)e sempre surpreendente me faz compará-lo com Clarice.
    Ao se começar a ler Clarice, tudo pode acontecer e a única certeza será o prazer ao final de te-la lido. Leve, inovadora sempre, grandiosa na simplicidade complexa (simplicidade complexa?). Ao se ler Machado, se tem a certeza de que iremos deparar com a plenitude do ato de escrever e também a certeza de ao final, ter-se a sensação prazerosa de se ter passado boas horas de encontro com o mago da palavra.
    Caetano e Chico. Machado e Clarice. Genialidades no mesmo seguimento de arte embora em diferentes direções.

  6. joana disse:
    Agosto 30th, 2008 at 2:57 pm

    também quero opinar! tá divertido aqui.
    baseando na minha vida, que não entendo nada de compor, e não tem como não ser pessoal dando pitaco no angu dos outros:
    se fosse pensar em como já vivi, diria que Diferentemente começa tudo. pela exata percepção do “olhar” e “enxergar” a que remete. depois Lobão, Perdeu, e todas as incógnitas que ficam depois que se perde tudo, principalmente o chão, então, Por Quem. pensando só nessas que vc tá pensando. mas se essas músicas fossem algo pra ver-viver, preferiria que fossem como Perdeu (depois que se perde tudo, o que vier é em movimento ascendente), Lobão, Por Quem, Tarado ni vc, Falso Leblon, Diferentemente (sempre sintetizando tudo).
    se fosse a minha vida, escolheria viver assim.
    tão divertidos vcs. beijos rapazes.
    pede pra banda postar algo, deles.

  7. Sérgio Guilherme Cardoso Guedes disse:
    Agosto 30th, 2008 at 5:43 pm

    Caetano, moro em um Estado que infelizmente, apesar de ser Brasil, parece viver a parte deste país em alguns aspectos. Um deles se refere a shows com as “grandes estrelas” da nossa MPB. Sonho, e eu e muitos conterrâneos, com o dia em que poderemos nos deleitar por aqui com um espetáculo seu, de Gilberto Gil, de Chico Buarque, Milton Nascimento etc… Quem sabe um dia o Amapá tenha a honra de recebê-los.Quem sabe um dia esses caboclos que vivem aqui às margens do Amazonas possam ter ao vivo o prazer de constatar que esses mitos não são apenas “mitos”. Acompanho a sua carreira há anos e, a cada vez, admiro mais a sua obra! Um abraço!!!

  8. Magda Montes disse:
    Agosto 30th, 2008 at 7:52 pm

    É por essas e outras que continuo te admirando cada vez mais, não como cantor, não como poeta ou um músico, mas sim pelo conjunto de ter tudo isso dentro da dignidade de um homem. De estar sempre reconhecendo que podemos crescer sempre um pouco mais.

    Parabéns por tudo.

  9. Roney Giah disse:
    Agosto 30th, 2008 at 7:56 pm

    Querido Caetano,

    Não há prontidão para o genial.
    O que se chama genial, portanto, quiçá o será para o público após pesada digestão; quando - para seu gestor – aquilo for adubo, que fertiliza a si.
    Como o último vagão de trem, eles só acenam para uma entediada cidade que passa; nunca verão as expressões de surpresa destinadas aos passageiros do primeiro vagão.
    Os que esperam berrar - bravo! - com a cara cheia de uísque do camarote não suportariam saber que em si são aquilo o que temem: obtusos.

    Sua obra viverá.
    Em mim e nos que virão.
    Beijos,
    Roney Giah

  10. Maria da Graça disse:
    Agosto 30th, 2008 at 8:03 pm

    Seria esta nota, um pedido de desculpas, após ter metralhado verbalmente profissionais de respeitados veículos de comunicação? A mesma sensação que o Caetano sentiu ao ler a crítica dos colegas jornalistas, foi a que eu tive ao ler a contra-resposta ( ou contra-ataque) do Caetano. Será se vão permitir essa minha opinião ? Caetano, querido, ” e o leite mau na cara dos caretas?” ???

  11. mario cezar disse:
    Agosto 30th, 2008 at 8:14 pm

    caetano veloso, enquanto espiava o tal artigo na folha, de imediato, estiquei meu sangue até a prateleira de discos, que mantenho sob pétalas, descerrei as cortinas , aguei os girassois e ouvi 5 discos teus. a beleza tem modos de espanto

  12. ana cañas disse:
    Agosto 30th, 2008 at 8:47 pm

    de caetano:

    “aprendi a cantar ouvindo o rádio: não me preparei para realizar um trabalho rigoroso na espinha da linguagem; mas, a super-vulgaridade, a super-redundância super-exposta pode balançar a estrutura toda. Jorge Ben me interessa mais que Pasolini.”

    você é poeta-poema-beco-sem-saída. do haroldo de campos.

    e eles, mesmo que entendam, nunca vão entender nada.

  13. Ângela Vianna disse:
    Agosto 30th, 2008 at 9:20 pm

    Caetano,

    um põr-do-sol lindo em Porto Alegre e eu aqui pensando nas comemorações da bossa nova…Elas ficaram centradas no eixo RIO/São Paulo. Um pedido ou sugestão ou os dois juntos. Uma celebração itinerante da bossa nova pelo Brasil em 2009, capitaneada por ti. Mapear o Brasil, principais capitais e cidades, além de ti e o Roberto Carlos, agregar outras parcerias, Edu Lobo, Valle, Donato, sei lá… Deixa a administração com a Paulinha e a produção artística com o Nelson Motta (que, na arte, muito mais constrói do que destrói as coisas belas)
    Patrocinadores e público é o que não vai faltar. O resto do Brasil, POA, Florianópolis, Curitiba, BH, capitais do Norte e Nordeste, ficaram recebendo notícias de longe das comemorações, sem poder assistir e efetivamente participar…Ficou só a vontade de ver vocês, sem ser somente pela telinha da TV.

    abraços carinhosos,

    Porto Alegre

    ÂNGELA VIANNA

  14. Bruno Guimarães disse:
    Agosto 30th, 2008 at 10:16 pm

    Caetano, querido, numa boa… o melhor a se fazer é voltar a despender esforços para “postar” material atinente à elaboração do disco e do DVD, estes sim interessam. O que dizem jornalistas e lobo bobos são irrelevantes ao que se propõe nesse espaço, em que pese a questão Lobão dizer respeito diretamente ao projeto. Vai me desculpar, mas esmiuçar um texto “jornalístico” para apontar, em detalhes, seus defeitos é perda de tempo que só faz levar crer que tais críticas te afetaram de fato, quando, em verdade, sabe-se que não o fizeram.

  15. Angela disse:
    Agosto 30th, 2008 at 11:18 pm

    Caetano,
    artista amado, companheiro de muitas fases e única mania que eu tenho na vida…
    (desde os meus 18 não perco um só trabalho seu. isso tem 20 anos)
    Nós de São Paulo é que estavamos morrendo de saudade de você.

    Caetano, assisti a entrevista do Jô e como sempre foi um prazer vê-lo e ouvi-lo. Mas sinceramente, o Jô insistir em Alegria Alegria e Sampa é demais… Independente de serem lindas músicas…
    Você já mostrou tantos outros trabalhos depois disso. Sua obra é sempre tão inovadora e atual, tem tanta coisa maravilhosa pra gente ver…ainda bem que você sacou do novo estoque “Lobão tem razão” e “não me arrependo”.
    Adorei o blog.
    E a amostra do Obra em Progresso. Vou acompanhá-la.
    Beijo imenso
    Angela

  16. Paulo Tabatinga disse:
    Agosto 30th, 2008 at 11:48 pm

    Não vi e adorei

    Infelizmente não deu para ver a apresentação de Roberto Carlos e Caetano Veloso no bacanésimo auditório do Ibirapuera, homenagem a Tom Jobim e aos 50 anos da Bossa Nova.

    Não vi, mas adorei.

    Principalmente depois que li as críticas desfavoráveis publicadas nos dois principais jornais de São Paulo, Folha e “Estado”.

    Para quem é assinante da Folha ou do UOL, recomendo tanto a leitura da crítica publicada na quinta-feira quanto dos textos de Bárbara Gância e Nelson Motta na sexta, acessíveis pela internet.

    São emblemáticos das maneiras diversas ou de olhares antagônicos sobre Brasil e a música que aqui se faz.

    Roberto Carlos e Caetano Veloso são dois ícones. Tom Jobim é outro mito, assim como mitológica, iconográfica e emblemática é a Bossa Nova.

    Todos eles, ainda mais juntos, podem, sim, ser muito, muito chatos.

    Assim como Carnaval é chato, Beethoven é chato, balé clássico é chato, chorinho é chato, heavy metal é chato, techno é chato. Para quem não gosta tudo isso é ou pode ser chatíssimo, chatérrimo…

    Quando digo acima que não vi e adorei o show da dupla desses senhores da nossa música, dos quais conheço cada cantinho de suas carreiras, mais ainda interpretando todas aquelas músicas que cansamos de cantar, é porque sabia exatamente o que iria ouvir.

    É porque sabia exatamente o que queria ouvir.

    Esperar interpretações ousadas, arranjos hiper-criativos ou algo que não seja reverência e comedimento num show dessa natureza é querer, como se dizia lá na Vila Esperança, procurar pêlo em bola de bilhar.

    Tempos atrás, décadas de 80 ou 90, era comum determinados jornalistas cobrirem certas manifestações artísticas de que notoriamente não gostavam só para falar mal. Era uma atitude que fazia parte de uma certa postura “polêmica” de então.

    Não acredito que isso tenha ocorrido agora.

    Não, acho que se trata apenas de pessoas certas que estavam no lugar errado.

    Porque Roberto Carlos e Caetano Veloso cantando Tom Jobim é para quem gosta.

    Luiz Caversan, 52, é jornalista, produtor cultural e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos Cotidiano, Ilustrada e Dinheiro, entre outros. Escreve para a Folha Online.

  17. Átila disse:
    Agosto 31st, 2008 at 12:09 am

    Caetano, muito bom o blog, e muit boa sua entrevista no Jo Soares. Estávamos com saudades! E vc se apresentou mais humano, mais inteligente e mais feliz. Quando é que você vai parar de evoluir, hein? Precisamos ter a certeza que você é humano de verdade.
    Parabéns pelos shows com o Rei. Demais!!!
    Ro é Ro, Cae é Cae: os dois são Brasil!
    Abraço.
    Átila (Maceió/AL).

  18. renato t oliveira disse:
    Agosto 31st, 2008 at 12:12 am

    Vi sua entrevista no Jó, sempre legal ouvi-lo falando e se mostrando gente, sempre tenho a impressão de sermos conhecidos, tamanha é a identificação da nossa baianidade, que invade e transcende os verbos ser, estar e permanecer…
    Quanto ao comentarios de Lobão, concordo que ele deve ter sido editado… mas que ficou legal e engraçado lá isso ficou e se ele não disse tudo aquilo, agora se lascou melhor vertir a faixa e tirar poveito dela, a propósito suas releituras são ótimas, ouvi Odair José e Fernando Mendes quando comecei a entender o significado da mpb, e não dava importancia a esses caras, só voçe fazendo essa releitura deles pude ver o quanto bela estas cações são, passei a ser mais tolerante com todos os músicos com sua ajuda. Não muda nada, faz o que voçe quiser, a gente gosta assim e é sempre surpreendente, lembra de araça azul, nunca ouviria o prato de D. Edite. Tô esperando novas.

    Um forte Abraço.

  19. claudio loureiro disse:
    Agosto 31st, 2008 at 12:59 am

    fã desde sempre. tentei pegar um show na europa,mas sempre cheguei uns dias depois.jantei em ravello com domenico de masi,que amou o show e disse:”caetano é eternamente jovem”. voltei pra minha curitiba de meu outro idolo e amigo,jaime lerner e fui rapidinho pro rio assistir ao teu show no oi casagrande. tudo lindo,belo e nobre.ao final ,cumprimentei paula pela incrível competência dela. puxa,como é bom ter caetano na minha vida.e que legal essa possibilidade de interagir e manifestar meu amor.agora que vc poderia incluir long way e la mer nesse seu pop disco,poderia né? pedro sá,marcelo e dias gomes são gênios. leminski já me falava da tua capacidade de “vampirizar” o novo todos os dias. estou ansioso pelo CD. Suerte !!

  20. fabiano disse:
    Agosto 31st, 2008 at 1:27 am

    Olá Caetano, primeiramente sou um grande admirador de sua obra ela num todo. Eu tomei a liberdade de escrever sobre a sua entrevista no programa do Jô em meu blog, de primeira se ler, não irá gostar, mas no final quem sabe? Sou a favor de toda e qualque opinião seja ela criativa ou não, as palavras se perdem ao vento e pode semear em qualquer terreno.
    Acho que você deve começar a gravar por “Perdeu” assim “Lobão tem razão” irá tomar outro rumo dentro de você como uma construção.
    Parabéns pela imagem que você é. Obrigado

    Um saudoso abraço, Fabiano.

  21. Marcos disse:
    Agosto 31st, 2008 at 2:23 am

    “Diferentemente” é a antiga “Americanos”? O homem velho com sua banda de rock (para quem achava rock coisa “infantil”) continua pesando as possibilidades de Utopia desse Novo Mundo (que só assim pode -merece- ser pensado.

  22. Gaston Scayola disse:
    Agosto 31st, 2008 at 3:13 am

    Oi pessoal, peco disculpas por chegar ate aqui para falar de outro assunto. Assisti a entrevista do Caetano no Jo faz algun dia e acho que encontrei o jeito que procurava para lhe dizer alguma coisa. Sou uruguaio, tenho 40 anos, moro em Montevideu, adoro Brasil, a cultura brasileira, a musica brasileira, o jeito brasileiro, tudo. Comecei a gostar do Brasil ouvindo os quatro baianos e a Chico Buarque faz muitos muitos anos. No ano 2000 precisei um tempo para recomecar a minha vida, e um ano morando em Salvador me ajudou nesse recomeco. Comecei lendo o livro Verdade Tropial e isso foi o estimulo para estudar portugues, ler os clasicos da literatura brasileira, e conhecer muito mais, muito mesmo, da musica brasileira. Desde esse ano, volto sempre uma ou duas vezes ao ano ao Brasil, precisamente ao Rio e curto a praia e todos os shows de musica que tem por ai. So queria dizer isso, que amo o Brasil e a musica brasileira, e que so tenho para agradecer ao Caetano o estimulo que ele foi. Quero tambem dizer que admiro ‘a Bethania e que ‘e a cantora que mais me faz emocionar.
    Me desculpem de novo. Sei que esta mensagem ‘e um pouco cafona, mas ‘e o que meu portugues me permite escrever.
    Caetano, como voce diz do Gil: obrigado por vc existir, obrigado por vc ser vc.
    Para todos voces, meu mais sincero abraco, gaston.

  23. tyrone medeiros disse:
    Agosto 31st, 2008 at 3:32 am

    http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=57403281

    disco novo chegando.

    já são:

    1 tarado ni voce

    2 perdeu

    3 a cor amarela

    4 base de guantanamo

    5 falso leblon

    6 diferentemente

    7 lapa

    8 lobão tem razão

    9 sem cais

    10 por quem

    ___

    é quase cd de 12, parecendo LP de 12.

    ____

    caetano, você em 92 fez uma canção chamada “Olho D’água”, mas acho que não colocaram a letra dessa música em seu site oficial. Bethania lançou um disco com essa música no ano.

    um dia quem sabe você faria com o trio Ce, uma versão de “Vaca Profana” - que voce gravou nos 80, no meia-bomba “Totalmente demais”.

    e por fim, gravar “O Amor” - daquela peça que a Dede fez, que mais tarde a Gal gravou… / eu nem era nascido quando rolou isso, mas eu sei a peça tinha uma versão sua de O AMOR - que nunca saiu.

  24. Romina Gomez disse:
    Agosto 31st, 2008 at 3:49 am

    Oi Caetano! En sou da Argentina, moro em Buenos Aires.
    Em Junho eu fiz uma viagem pro Río, só pra ver você em Obra em progesso no Vivo Río… a conjunçao de Río com um concerto teu, foi meu sonho feito realidade!!!…
    Adorei a suas músicas novas, adorei sua ideia maluca de apresentar cançaoes antes de gravar elas num cd… adorei Karina Zeviani, adorei o ritual do Mautner no palco. E adorei você, mais isso e o habitual em mim.
    Eu vou a todos seus shows na Argentina, mais assistir a um show no Brasil, é bem diferente. Você nao canto em espanhol cançao nenhuma!!! Coisa que eu achei gostosa de mais!!! Vocè nao tem que dar expliçoes sobre quêm é você, estava em sua casa.
    A sua ideia deste blog acho maravilhosa, gente como eu, que se acha bem longe de noticias suas, encurtamos distâncias com este blog e nos mantemos ao corrente de sua obra.
    Os críticos precisam de gente talentosa pra fazer crìticas ruims sobre eles, pra eles sentir por um día que fizeram um trabalho maravilhoso de alquimia… transformando a beleza em feiúra… disso eles vivem… é gente frustrada, que tal vez desejaram a sua vida inteira, ser Caetano Veloso ou Roberto Carlos…
    Perdoa meu portugués errado.
    Beijo e abraço desde Argentina!! Quando você vai vir pra Argentina???

  25. adelaida disse:
    Agosto 31st, 2008 at 4:10 am

    Eu vou tirar a pele
    e comer a pele
    Desossar os ossos crus
    que ele corajosamente
    Empilhou
    Eu vou lamber a pele
    e o sal
    desse couro dele
    Os cabelos brancos
    são só cabelos
    ainda que cabeça
    são a vida daquele
    Homem-trans
    que eu tanto bebo
    que eu tanto quero
    Agitando toda miséria
    Cantando a obra
    e a flora em progresso
    um cerol enrolado
    No corpo azul dourado
    Menino-deus-homem-trans-blogueiro
    pós.tropicalhado
    tropic-aliado
    Um peito encalhado
    No país do não entendo
    É, eu vou ficar devendo
    Alguma sempre coisa toda
    E continuo-faço músicas vãs
    porque a vida é importante
    Então vai aí uma música para alguém
    Para um lobo ou george bens
    Para todas as coisas
    Desentendidamente
    Palavra do Primeiro reich
    Terceiro imundo
    Concretado no sucesso da parada
    Desigualdade avacalhada
    homenagem pueril
    Coisas deste minuto-agora-ano.
    Meu inacreditério brasil.
    Meu país, caetano.

  26. Ângela Vianna disse:
    Agosto 31st, 2008 at 5:47 am

    Deixa eu complementar. O Mário Quintana dizia que críticos de arte, canudinhos de refrigerante e padres são totalmente dispensáveis. O que vale é a comunicação direta. E, nessa linha de pensamento, o restante do Brasil, além do Rio e Sampa, querem assistir ao vivo vocês dois juntos, tu e o Roberto Carlos, interpretando o inesquecível Tom.

    bjs,

  27. glauber disse:
    Agosto 31st, 2008 at 6:11 am

    caetano,
    acho q vc tem razao em tudo q disse aqui neste post. roberto carlos eh um excelente cantor, sim. e chico buarque e neil young e tom waits e kurt cobain…mas eh dificil pras pessoas entenderem q cantar musica popular nao exige q se seja um milton, elis, freddy mercury ou joan baez.

    alem da falta de conhecimento de causa mesmo, o problema da critica eh q, invariavelmente, jornalistas [qndo nao usam de má fé] têm extrema dificuldade em lidar com abstração. eh um terreno em q nao se sentem confortaveis.

    quanto aos erros de portugues nos artigos, sinal dos tempos. lamentavel.

  28. glauber disse:
    Agosto 31st, 2008 at 6:34 am

    ainda sobre esse lance da ciência de cantar música popular:

    roberto carlos não têm a capacidade vocal de milton ou djavan, mas eh econômico, preciso, inflexiona nos momentos certos, sabe destacar os momentos dramáticos de uma canção.

    olha q coisa…bethânia é, sem dúvida, das maiores cantoras do mundo, mas pra mim [diferentemente do q se costumar achar], ninguém canta chico buarque como ele mesmo. sério.

    falando de cantores sofisticados, o paulinho moska me impressiona, o cara não erra. tem um controle total de sua voz e da inflexão, etc. lenine eh outro.

    mas se vc, internauta, quer ouvir um absurdo de capacidade vocal, recomendo youssou n’dour cantando “no more”. absurdo. o sujeito toca o céu.

    caderno 2 no brasil, ta virando uma piada de mau gosto. aqui em salvador, não existe. massa crítica eh um boato. são woody allen das causas impossíveis, venha me valerrrrrr…

  29. rafael rodriguez disse:
    Agosto 31st, 2008 at 11:49 am

    Em relação ao novo disco, no show no Oi Casa Grande senti falta da canção “Pé da roseira” do Gil. Se não me engano, foi interpretada nas 3 primeiras semanas do Obra no Vivo Rio. Foi uma versão emocionante, parecia trilha de filme. Será que ela entrará nesta nova obra? Ou será como o “Cê”, um cd somente com as composições do Caetano?
    Pode ser que o conceito do novo trabalho não tenha muito a ver com a ciranda metálica, mas um registro seria maravilhoso.

    bj.

  30. João disse:
    Agosto 31st, 2008 at 12:07 pm

    Olá,
    eu mandei uma mensagem dizendo que li o texto no blog do Zeca Camargo sobre o show, e gostei muito.
    Fiquei com saudade do show sem nem ter visto! Mas minha mensagem não apareceu. O que acontece?
    Vale a pena ler. O Titulo é Cariocas:http://colunas.g1.com.br/zecacamargo/

  31. Rita Teixeira disse:
    Agosto 31st, 2008 at 12:13 pm

    Quando eu lí o texto de Caetano comentando as “críticas” dos jornais paulistanos, fiquei curiosa. Moro em Salvador, não assisti o show, e não leio freqüentemente nenhum dos dois jornais. Lí o comentário de Leonardo, procurei os artigos na internet e aquí estou, não sei se o que escrevo vai acrescentar algo a essa polêmica, que eu acho que vai muito mais além do direito de gostar ou não do show ou mais ainda expressar que não gosta.
    Pensei em uma discussão que tenho reiteradas vezes com amigos, após ver algum filme, show, peça de teatro: A diferença entre gosto e qualidade. Ou seja, acho que a maioria das pessoas confunde o seu gosto pessoal com a qualidade da obra em qustão. O problema, é que um pretenso crítico não tem esse direito. Quando lí as duas críticas, ví uma enchurrada de clichés, baseados no “gosto” pessoal de cada um dos pretensos críticos. Faltou fundamentação, conhecimento sobre a bossa nova como estilo, sobre os intérprtes e o “conceito” (tão reivindicado por Colombo) que não poderia o mesmo por parte de Caetano e Roberto. A jornalista da folha sente falta das “reboladinhas” de Caetano, porque segundo ela é o que dá graça aos shows! Não são respeitáveis enquanto críticos muito menos críticos de música. A liberdade é fruto do conhecimento ( a frase não é minha), o jornalismo no Brasil é fundamentado pela falta de conhecimento dos seus profissionais ou pela manipulação desses conhecimentos de acordo com o interesse das empresas que vendem informações travestidas com o discurso de ética… a Veja é a caricatura dessa postura, mas existem exceções? Não acho que Roberto canta mais do que Caetano, não tenho mais a menor vontade de ouvir Roberto depois jovem guarda, mas isso é assunto para outra polêmica.

  32. Japiassu disse:
    Agosto 31st, 2008 at 2:48 pm

    Jornalista devia ser alguém que sabe muito de alguma coisa e faz uma especialização em jornalismo.

    Essa história do cara passar cinco anos estudando pra ser jornalista, na melhor das hipóteses, faz com que se aprenda a redigir pra falar sobre o que não se conhece.

    Se na MPB já é assim, imagine na música dita clássica, ou erudita (não sei qual o pior dos dois termos). É um horror.

    Mas é como dizia meu amigo Xaxá : “eu quero jornal pra saber das notícias, e não pra saber das opiniões…”

  33. Eduardo Lages disse:
    Agosto 31st, 2008 at 3:18 pm

    Caetano, em nome de toda a banda do Roberto Carlos,quero dizer aqui da nossa admiração e orgulho por ter participado junto com voce e seus musicos liderados pelo Maestro Jacques Morelenbaum do evento em Homenagem aos 50 anos da Bossa Nova , mais precisamente à obra de Antonio Carlos Jobim.
    Como Maestro do Roberto Carlos, pude sentir alí no palco, bem de pertinho, o que voce e o Roberto representam para nós músicos e até mesmo para aquele publico magnetizado com o talento e o profissionalismo dessa dupla fantástica. Pude observar tambem o respeito mútuo entre voces , o que emocionava a todos nós , respeito esse observado desde os primeiros ensaios.
    Sempre fui um grande admirador do artista Caetano Veloso, mas agora, eu e os musicos da banda temos o sentimento de ter participado de um dos momentos mais importantes da nossas vidas e alem disso recebido o carinho e a consideração de duas pessoas queridas, que colocam o coração e a ética em tudo que fazem

    Maestro Eduardo Lages

  34. Drika disse:
    Agosto 31st, 2008 at 5:38 pm

    A crítica? Ah! Eles quase nunca sabem o que dizem, não é assim?
    Incrível essa tendência que os críticos têm de querer derrubar as custas de bobagens o que faz sucesso, ou o que se mostra popular.
    Se vocês subissem ao palco e fizessem música ruim e incompreensível (impossível fazer isso com a Bossa do Tom, mas suponhamos); e o público fosse saindo de fininho, pelo constrangimento da história… (credo que idéia!)
    Aí sim os tais críticos estariam comentando no dia seguinte que foi o show do século, que a música foi reinventada.
    Quer saber… nesta história fico com aquela frase do Tom, que até hoje pode ser aplicada neste tipo de situação: “Fazer sucesso no Brasil (ainda) é ofensa pessoal”

  35. Márcio M de São Paulo disse:
    Agosto 31st, 2008 at 5:42 pm

    cidades maravilhosas
    cheias de encantos mil
    coração do meu brasil !

  36. Lucas Camargo disse:
    Agosto 31st, 2008 at 5:47 pm

    Cara….Vcs são muito engraçados….Sei que não vão postar, mas é de matar de rir como vcs são arrogantes e patrulhadores…Demais! rsrsrsrs

  37. Lucas disse:
    Agosto 31st, 2008 at 5:55 pm

    Caro Caetano,
    finalmente, há dois anos venho tentando falar contigo… Assisti ao seu último show, o Cê, aqui em BH, em 25 de novembro de 2006. Aconteceu uma coisa curiosa: conheço sua obra inteira, quer dizer, quase inteira, porque ouvi “Como 2 e 2” pela primeira vez. Fiquei super emocionado, pela beleza da música e por uma coincidência engraçada: pensei que você estava improvisando, que, por força da circunstância, resolveu de repente meter aquela música no repertório. Quando ouvi você cantar “quando você me ouvir chorar”, tive certeza, pelo telão, de que você estava de fato chorando, e cantava a música para responder às vaias que havia recebido logo antes, quando tocou só com o violão. Tomara que você nem se lembre, fiquei dias lamentando o povo besta dessa minha cidade…
    Não ouvi a letra inteira, só alguns trechos, como “tudo é igual quando eu canto e sou mudo”, “porque gosto de cantar”, “tudo vai mal”, “tudo em volta está deserto”, como se você cantasse o que estava sentindo naquele momento, cantando para uma platéia vazia, cheia de mal educados. Entendi só trechos que faziam fazer sentido o que senti, você triste com o público e respondendo do seu jeito. Minha emoção foi a tal ponto que cheguei a acreditar, admiradíssimo, que o Caetano estava criando a música na hora (e a banda acompanhando!). Não importa, o fato é que as bestas se calaram durante Como 2 e 2 e você proporcionou, por coincidência ou não, um dos instantes mais belos que já presenciei na vida.
    Isso tudo para dizer o seguinte, caro Caetano: logo depois do show encuquei, faria uma música para você, que se chamaria “Você” e seria em C, em dó. O fato é que fiz mesmo e gostaria que você conhecesse. Não sou músico, fiz de coração. Amo música, toco violão, até tenho bom ouvido, às vezes junto uns acordes, mas sou mesmo escritor. Escrevi a letra pensando em você, naquele show, naquele momento, naquela primeira vez de Como 2 e 2. Escrevendo, via você, aparentemente chorando e tirando a jaqueta enquanto cantava, como se tirasse a música da cartola e desabafasse sua voz. A última parte da letra fala sobre aquele momento, ou melhor, sobre o que entendi sobre ele. No mais, é uma simples homenagem.
    Não tem nada a ver com o assunto, mas esse foi o único meio que encontrei para te dizer. A propósito, enquanto não conseguia falar contigo, fui brincando com algumas letras suas, com todo o respeito. Também gostaria que você lesse.
    Ah, amo o disco Cê, e por favor mande meus parabéns ao Ricardo Dias Gomes pelo baixo de “porquê?”. Adorei também o “obra em progresso”, pudera essa idéia valer também para nossa bandeira e para o nosso país!

  38. Allan Ratts disse:
    Agosto 31st, 2008 at 5:57 pm

    Aguardamos ansiosamente pelo novo cd, assim como por um novo show aqui em Fortaleza. Em abril do ano passado, tivemos um show memorável no Parque do Cocó. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de assistir a um show seu. E confesso que ele só auemntou minha vontade por outros. Espero que venhas mais vezes aqui pelo Ceará. E que, mesmo o Brasil, tenha a oportunidade de ver espetáculos como uma apresentação de Caetano e Roberto, seria sensacional.
    P.s.: O que você achou da gravação de “coração vagabundo” pela Ana Cañas?
    Toda minha admiração.

  39. Marisa disse:
    Agosto 31st, 2008 at 6:31 pm

    Caetano,
    Vi o show e achei simplesmente maravilhoso. Sou sua fã incondicional; do Roberto Carlos eu gosto, mas confesso que bem menos. Os dois foram impecáveis. O show foi impecável! Quanto às críticas dos dois jornalistas, fiquei pensando se vimos o mesmo show. Como dizia Nietzsche: “não existem fatos, só interpretações”. Que interpretação amarga a deles… O lado positivo é que essas provocações parecem despertar ainda mais seu brilho e talento. Não li as críticas mas ler suas respostas é puro deleite.
    Ah, te vi no Programa do Jô.Desde pequena (e olha que já faz tempo…)também tenho a mania de tirar noves fora de tudo!
    Beijo enorme,
    Adoro Caetano, sempre!
    Marisa

  40. Márcio Ulisses disse:
    Agosto 31st, 2008 at 10:33 pm

    Poxa Caetano, santa modéstia. O Roberto canta bem e tem uma voz muito bonita mas não existe nada mais musical do que tua elegância e versatilidade. Sem querer comentar a poesia porque esta não se comenta se sente. Grande abraço.

  41. Dayanna EnS disse:
    Agosto 31st, 2008 at 11:00 pm

    Olá Caetano,

    Assisti à sua entrevista no Programa do Jô, bem como li a maioria dos textos postados neste blog.Tenho acompanhado os comentários,e alguns desses, à respeito da “Imprensa”, me chamaram a atenção.
    Músicos - grandes, pequenos e inexistentes ídolos - possuem páginas, blogs e sites todos com basicamente o mesmo conteúdo. Não que sejam ruins ou estejam errados, divulgam seus trabalhos, sua agenda, e todos os detalhes de suas músicas e carreiras. Oque me deixa, de certa forma decepcionada com a “humanidade” - que aqui traduzo como a capacidade de sentir e de pensar humana - é a crítica do privilégio de ler opinião, de não apenas saber sobre o processo de criação de uma música, onde terão shows, enfim informações necessárias ,mas informações com um campo de visão muito próximo de nossos olhos. Os textos de Caetano além de terem uma leitura sensorial ainda nos desafiam a olhar mais adiante, a ultrapassar toda nossa inércia e preguiça mental. Caetano, canta, canta e nos faz bem ele cantar mas Caetano fala, fala e não nos faz bem ele CALAR.
    O espaço é da música, o espaço é do fã mas o espaço é de Caetano, indivíduo como ele só.
    Abraços

  42. Fabiano disse:
    Agosto 31st, 2008 at 11:15 pm

    Oi, Caetano!

    É um prazer enorme poder escrever aqui no seu blog. Achei genial essa idéia de ter um espaço em que vc conversa com a gente, e nos coloca um pouco de suas idéias e agilidade de pensamento, coisas das quais eu sempre fui fã. Me lembro muito bem da primeira vez que ouvi sua música. Eu viajava com meus pais, e no rádio tocava “Lua de São Jorge”. Eu devia ter uns 7, 8 anos, e aquela música, de alguma forma, me atraiu de uma forma muito estranha, meio magnética, e que até hoje eu não consigo entender…
    Acho que por volta dessa mesma época, eu acampava com meus pais em Ubatuba, e me lembro de estar tocando “Força Estranha” em algum lugar. Senti a mesma coisa. Aquela canção, na voz de Roberto Carlos, tocava fundo algo dentro de mim (ainda o faz). Anos depois, vim a descobrir que era sua!!
    Tem uma coisa que me chama muito a atenção. Eu adoro rock’n'roll também, e o que eu vejo acontecendo no mundo do rock e no da MPB, é que os artistas dos quais sou fã, naquele estilo, parece que vão perdendo a criatividade com o tempo, rs. O mesmo (graças a Deus!) não acontece com a galera da MPB. Parece que vcs vão ficando cada vez melhores!! Prova disso são suas novas canções, Caetano. Vc não faz idéia da alegria que eu sinto em ver que vc, assim como Gil, Chico, Djavan, continua escrevendo coisa boa!

    Um grande abraço,

    Fabiano.

    Obs: adoro o seu português! É um prazer ouvi-lo falando e escrevendo. Estou curioso pra saber o que vc vai escrever para os lingüistas que criticam os gramáticos. Fiz Letras, e tenho “mixed emotions” com relação a esse embate entre lingüistas e gramáticos. Por um lado, acho que devemos respeitar todas as variantes lingüísticas, por outro, é tão bom ler as coisas que vc escreve, por exemplo, que misturam respeito às regras da gramática e uma criatividade boa de se ler.

  43. Márcia disse:
    Setembro 1st, 2008 at 12:21 am

    Olha, eu não lí as críticas - nem vou ler - , o que me chamou a atenção foi a sua resposta e essa polêmica toda.

    Deixa eu contar uma história engraçada.Quando eu era pequenininha e ouvia “Debaixo dos Caracóis dos seus cabelos”, eu pensava que a música era para mim.Tinha uns cinco anos e o cabelo encaracolado, costumava brincar em cima de um monte de areia da obra em frente a minha casa.Quando ouvia a música corria para perto da janela para ouvir.
    Só há pouco tempo descobri que o Roberto fez para você enquanto estava no exílio.
    Eu era bem bobinha…rs…

    Beijos

  44. ana cláudia disse:
    Setembro 1st, 2008 at 3:15 am

    acontecimento cósmico, potência de eclipse raro, ponto inédito de proximidade entre os planetas caê e rei. raro mesmo… essas coisas do cosmos, que aparecem, como a morte, como o show dos reis uma só vez no clássico da cinelandia, temos de aceita-las e santifica-las. Minha saga de guerreira agoniada pela compra de um ingresso foi inesquecível, atenção aguda, horas, magnetizei tudo que parecia poder me ajudar e poxa vida, consegui. assisti, chorei
    renasci

  45. Ailton Cardozo disse:
    Setembro 1st, 2008 at 5:43 am

    Por uma dessas facetas dos Mistérios que pintam por aí, ainda hoje guardo na memória o momento exato em que, com 10 anos de idade, fiquei hipnotizado com a capa de um disco de Caetano. Num supermercado, na cidade de Feira de Santana, pedi e meu pai comprou, sem entender muito o meu interesse, um vinil com a foto de Caetano na capa.

    Não sei dimensionar o impacto que a obra, ainda em progresso, de Caetano teve sobre a minha vida, mas sei que foi a partir dele que talhei a minha relação com a arte, com a música e com o desejo de ir além da superfície e mergulhar nessa “correnteza sem paragens”.

    Ainda ontem, a propósito dessa nova “polêmica” entre Caetano e a imprensa conversava com uma grande amiga e dizia: Os franceses devem a Proust. Os ingleses à Shakespeare, eu devo a Caetano. Esclareço de logo que não vão aqui comparações. Me refiro a uma dimensão pessoal que, no meu universo, vai muito além do intelectual.

    Lembro que há alguns anos comecei achar Caetano acometido de muito “estrelismo”, e fique “de mal” de Caetano. Pensava assim: “porra, esse cara ficou pequeno diante da obra”. Assisti, então, o documentário “Outros Doces Bárbaros” do Andrucha. Há no filme uma cena em que Caetano conversa com Gil sobre o fato de ser artista popular e se pergunta “é só isso?”. Naquela cena enxerguei Caetano de novo, o real (pelo menos para mim), não o midiático. O artista, não o personagem que ele cria para brincar e ensinar ( ele sempre quis ser professor). Brinquei uma vez com um amigo aqui de salvador, Beg, que conhece caetano pessoalmente, e disse: “Beg, briguei com Caetano, fiz as pazes e ele nem sabe”

    Vida longa para Caetano Veloso

  46. Benê Zaniboni disse:
    Setembro 1st, 2008 at 12:34 pm

    Caetano, já que você está prestes a gravar um novo álbum, aproveita a oportunidade e convida o Durval Lelys pra participar de uma faixa, nem que seja tocando a guitarra (coisa que ele faz impecavelmente). Se você me perguntar por quê, diria que daria um tempero novo ao seu material, já que Durval sintetiza a melhor mistura de suingue baiano com o peso do rock. E outra, o cara merece por tudo o que fez e ainda faz, fora que é gente finíssima. É só uma dica, ok? E coloca São José do Rio Preto na rota da sua turnê, por favor.
    Abraço!

  47. daniel taubkin disse:
    Setembro 1st, 2008 at 2:23 pm

    Prezados Caetano Veloso e Roberto Carlos,

    Assisti a entrevista de Caetano Veloso no Jô Soares e sua alusão a criticas “invejo-maldosas” publicadas recentemente. Entre os autores citou-se na entrevista o nome de S. Colombo, da Folha.
    Gostaria de me confraternizar com vcs e peço vossa atençao para este relato:

    Escrevi ha dois anos atras um texto (link abaixo) q foi publicado no Observatorio de Imprensa, do jornalista Alberto Dines, sobre duas infelizes criticas, publicadas na Folha, uma de autoria de Sylvia Colombo e outro de um tal de Coutinho, pifios e canhestros comentarios em relaçao a obra e ao pensamento de José Saramago.

    Como dizia meu querido e sábio pai:
    “A ignorancia é atrevida!”

    Gosto não se discute, lamenta-se, meus caros e notáveis representantes do que de mais belo se produz na nossa Pindorama.

    um abraço do admirador,
    daniel taubkin

    P.S. Infelizmente não pude fazer parte das sortudas e privilegiadas platéias desse historico encontro, mas pelos trechos a que pude assistir na TV e Web, presumo que os concertos tenham sido lindos, hipnóticos, coisa de transcarismaticos (a gisa de C.V.) e de clown-poetas, que é o ser humano ao
    avesso, descelebridades, simples e expostos, mágicos solitários, atemporais navegantes, en-cantando, trazendo-nos lembranças e presentes do futuro…
    http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=407CIR002

  48. Nobile José disse:
    Setembro 1st, 2008 at 3:08 pm

    esse blog deixou o caetano mais transnudo do que nunca …

  49. Felipe Gavioli disse:
    Setembro 1st, 2008 at 3:15 pm

    Caetano…

    Parece que os cri-críticos estão realmente atacados. Veja isso:

    Luis Antonio Giron escreveu, no site da revista “Época”:

    “Zuza repetiu o termo criado por Chico Buarque, chamando Tom de “maestro soberano”. Vamos e venhamos. Tom não era maestro – ele se valia do talento de arranjadores mais tarimbados que ele, como Lyrio Panicalli e Alceu Bocchino e Lindolpho Gaya. Não era maestro, muito menos soberano. Talvez tal honraria coubesse a Heitor Villa-Lobos ou Radamés Gnattali. É simplesmente inadequado a Tom – um título jubilatório bajulatório que não faz jus ao compositor. E foi este o clima do concerto de segunda-feira: um bonito elogio fúnebre ao mestre, por dois discípulos, com direito a aparições fantasmagóricas de Tom no telão e na cortina. Que medo!”

    Me estristece profundamente um país acha normal que existam seres musicais como Tons, Chicos, Caetanos, Miltons e seus tons geniais.

    Caetano, continue com esse espaço do blog, é importantíssimo para a nossa cultura.

    Você não sabe, mas pode ter certeza que é meu amigo, pois suas palavras me acompanham, me alimentam e me dão força.

    Abraços!

  50. Claudio DellaTorre disse:
    Setembro 1st, 2008 at 3:54 pm

    Concordo com o ponto de vista do Caetano.
    Principalmente em relação ao texto ininteligível de uma das matérias. O texto pode ser crítico, mas foi além de um ponto de vista pessoal. Sem falar que abusou da verborragia.
    Parabéns pelo blog. Foi uma idéia inovadora poder compartilhar os estágios das composições até o ponto das gravações. Esperamos que cada passo daqui em diante seja bem detalhado como foram os shows da Obra em Progresso

  51. Exequiela Goldini >Seeing is Deceiving disse:
    Setembro 1st, 2008 at 4:02 pm

    Guiándome por lo que vengo leyendo en este blog y especialmente por este post donde en cada párrafo hay un personaje…. me pregunto: Quién es Caetano? El personaje de “profesor” arrogante o el personaje más sencillo y terrenal que le tiene miedo a la música. Con respecto a lo último: podemos elegir la música pero no siempre la música nos elige. La música ya te eligió… FEAR NOT.

  52. Roberval disse:
    Setembro 1st, 2008 at 5:38 pm

    Puxa…Nem um comentário “contra”? Caetano, você está com a bola toda! Como é bom ver um artista ser unanimidade. Continue assim!

  53. Cesar disse:
    Setembro 1st, 2008 at 6:04 pm

    minha impressão de disso tudo…?
    Uma chatice sem fim, Caetano & cia., onde esse Caetano vai dá nisso, fofoca, encrenca, mau humor, nunca apreciei esse seu estilo tresloucado, não saber o que é, se é ou não é…desde o início.

  54. Alexandre Pimenta disse:
    Setembro 1st, 2008 at 6:55 pm

    No Brasil temos um sério problema com o entendimento das coisas. Parece que para entendermos temos que achar ruím. Se você achou bom é porque não entendeu. Entender de música é críticar música, falar mal. Temos que criticar, mesmo que sem embasamento para fundamenta-la. Por causa deste entendimento equivocado, as redações estão cheias desses “críticos”, que sempre utilizam lugares comuns e mal sabem fundamentar o que querem expressar.

  55. Roberval disse:
    Setembro 1st, 2008 at 7:11 pm

    Lucas, do comentário 37…”Obra em Progresso” não tem nada a ver com a nossa bandeira….(credo!). É apenas e tão somente a tradução de “work in progress” que significa uma obra, um trabalho que ainda não está terminado…

  56. Thiago Honório disse:
    Setembro 1st, 2008 at 8:58 pm

    Realmente é de doer o estômago ler algo assim. Tenho 18 anos, adoro MPB e não consigo entender o porque de tantas críticas em cima disto, sendo que a minha geração perde cada vez mais sua identidade,e perde cada vez mais a identidade do Brasil,e enquanto pessoas como Caetano e tantos outros não deixam essa identidade morrer, nos deparamos com absurdos escritos em jornais e revistas, tais como a de Luis Antonio Giron postada logo acima!
    Eu realmente gostaria de entender o motivo disso, precisamos dar continuidade para a cultura brasileira, e devemos SIM elevar pessoas como Tom, que contribuiram e contribuem tanto para nossa cultura, e não tentar derrubalos como se tem mostrado em tantas e tantas críticas!

    Abraços

  57. caio barros disse:
    Setembro 1st, 2008 at 11:36 pm

    Roberval,
    me parece que é o que contra é censurado: ou eu estava falando de outro assunto, que foi a entrevista sem graça com o sem graça do Jô, ou é porque aqui não se permite manifestação contra caetano. vai um poeminha meu pra não me censurarem:
    Conjugação

    Eu joãogilbertolizo

    Tu tomjobinas

    Ele caetaniza

    Nós chicoburcamos

    Vós viníciusdemoraes

    Eles pasmam

  58. fernando pawlow torres disse:
    Setembro 2nd, 2008 at 1:23 am

    acredito que os criticos que vc cita estao sendo postos no mapa por vc.Sao ,alem de mediocres e miopes esteticamente,pessoas de relaçoes diplomaticas rompidas com a Lingua Portuguesa.Para se ler hj em dia Pepe Escobar tem q se ir ao Asia Times,e Paulo Frtancis recorrer a arquivos(livros e seu site)e Olavo de Carvalho nao escreve sobre Cultura,lamentavelmente,o que significa que so tolos consumados dao razao ao que esses parasitas tentam escrever.Ja disse em post anterior que esse sera teu melhor disco desde Caetano de 87 e o reafirmo e sei que essas picadas de insetos so contribuem para tal.Pq vc nao escreve o sucessor de Verdade Tropical tratando dessas polemicas e de figuras como Paulo Francis,Diogo Mainardi e Olavo de Carvalho?Adoraria ler o que vc pensa sobre esses caras sempre relevantes.Que tua fome de guerra se mantenha exigente e furiosa,um abraço

  59. Antonio disse:
    Setembro 2nd, 2008 at 8:06 pm

    Quero ver quando não tivermos mais, os Caetanos, os Tons e os Miltons, o que será dos críticos de musicas, vou ficar com pena deles, ou melhor já tenho.

  60. Roberval disse:
    Setembro 3rd, 2008 at 4:32 am

    Antonio
    Nem tanto ao céu, nem tanto à terra…O dia em que ninguém criticar, é o dia em que nós iremos parar…Nada de novo irá acontecer…nada de diferente poderá ser contestado para que alguns possam pensar sobre o diferente. Não existe obra de arte se não existe alguém para assim classificá-la…

  61. Ana disse:
    Setembro 3rd, 2008 at 7:07 pm

    Me espanta sempre essa coisa de jornalistas (especializados ou não) comentarem arte. Os críticos de arte também me espantam, e os críticos literários ainda mais. A verdade é: a crítica brasileira é geralmente ostensiva e ofensiva. Se não, é aquela curriola de amigos falando de obra de amigos. Hoje em dia, no meio literário, se discute muito isso; quem é o crítico da vez. Que obras estão sendo lidas. E no caso da música, a crítica (entre aspas) é cruel demais. Porque a música, enquanto apresentação, não é uma obra estática. Nem enquanto mídia, veículo, mas enquanto apresentação ela, definitivamente, é uma obra em andamento, e pode se mostrar melhor num dia do que no outro. Mas me diga: quem está qualificado, hoje em dia, excetuando o Wisnik, para fazer realmente uma crítica imparcial, que fuja aos gostos próprios ou à antipatia pessoal do “crítico” em relação ao artista e/ou sua obra?

  62. Roberval disse:
    Setembro 4th, 2008 at 12:36 am

    Ana ..Ana…Você reparou que você está criticando…os críticos?
    O crítico não precisa ser um “especializado” como vc diz…Basta que ele QUEIRA criticar. Por outro lado, a crítica só é cruel se o criticado não tiver “espinhaço” para recebê-la. Pois a crítica é apenas uma visão sobre a obra, nada mais.

    Outra coisa…Não consigo entender bem essa frase “musica ENQUANTO apresentação…musica ENQUANTO mídia…” e assim por diante. Parece que é possível separar uma obra de arte em diferentes pedaços….Quando é apresentada, quando é “veiculada” nos diferentes canais etc. Não quero ser/parecer metido a besta, mas o “enquanto” me parece extremamente simplista.
    Finalmente, que história é essa de critica imparcial? Como é possível criticar alguma “coisa” sem recorrer aos “gostos próprios”? Me explica essa que eu te explico o sentido da vida!

  63. Ana disse:
    Setembro 4th, 2008 at 5:00 pm

    Roberval, me desculpe, mas discordo. Existe a crítica dita especializada, e existe o simples gostar e desgostar.

    Quanto à música enquanto apresentação, trata-se do óbvio. Uma apresentação, sendo, por supuesto, ao vivo, é totalmente diferente de algo gravado, quando se fica horas atrás da perfeição, ou em busca de. Me refiro à busca da perfeição dentro dos limites técnicos que um arranjo, por exemplo, pode chegar.

    Já a imparcialidade ao meu ver, aconteceria no caso de alguém apreciar o objeto da crítica totalmente fora dos seus gostos, totalmente desprovido de um reconhecimento anterior, mas atentando para a qualidade dessa em função de um conhecimento amplo a respeito do objeto analisado. No caso, e me desculpe a ironia, precisaríamos de críticos de shows ao vivo.

    Sobre o sentido da vida, nunca me explique. Eu acho que o mistério que o ronda é tão instigante… Por exemplo: eu jamais veria o seu comentário, se não entrasse no site pelo histórico do navegador. E se, justamente, não clicasse no link exato. Isso não tem preço!

  64. Ana disse:
    Setembro 4th, 2008 at 5:41 pm

    glauber, desculpe, desculpe - xi, já vi que vai ser um eterno pedido de desculpas - mas Elis, Milton, Fred Mercury, Waldick Soriano, Nelson Gonçalves, Amy Whinehouse e mais todos todos, somados aos primeiros dessas suas duas linhas semi-difusas- pró-separatistas (no final das contas) são mira da crítica. se é que há. a crítica.

  65. Ana disse:
    Setembro 4th, 2008 at 7:06 pm

    Roberval, entendo o que questionou.

    mas o que eu denomino como ‘andamento’ é o fato da música poder ser apresentada ao apreciador, ao vivo.

    um crítico literário não lê o livro no momento em que ele é escrito, nem um crítico de arte assiste os momentos de um quadro, ainda que eu acredite ser mais possível do que no caso do autor com o livro. mas se pode ouvir alguém no momento exato em que esse alguém canta. e mesmo que um crítico literário pudesse ler um livro por um segundo monitor acoplado num pc ou mac, não sai som… não se trata de onda (no sentido da física). é outra coisa… o que será que é… nossa, travou.

  66. Roberval disse:
    Setembro 5th, 2008 at 1:06 am

    Ana

    Obrigado pela resposta.

    Não quero polemizar muito, mas o que quer dizer “critica especializada”? Quer dizer apenas e tão somente, que esse ou aquele critico normalmente faz seus comentários sobre este ou aquele tipo de arte. NÃO quer dizer que o critico tenha que ser um artista ou que tenha um diploma universitário naquela área específica. Quer dizer simplesmente que aquela pessoa (um critico), desenvolveu um gosto por aquele tipo de arte e resolveu comentar o que os artistas fazem…É só isso..Gostar!

    Mais uma vez…O “enquanto” sugere que é possível (e desejável!) separar a obra em fatias! Só se você for um engenheiro de som (no caso da música)..Mas aí, duvido muito que você esteja analisando apreciativamente a música.

    Quanto à imparcialidade.. Se você está apreciando algo fora dos seus gostos, você deixou de ser um “especialista” e vai acabar dizendo bobagem, certo? Em suma, não existe imparcialidade.

    Concordo inteiramente quanto ao sentido da vida…Tá ótimo assim mesmo, sem saber o pq ou pra que!
    Abs.

  67. vivi norman disse:
    Setembro 5th, 2008 at 2:53 am

    Ana, gostei disso que você falou que existe a crítica especializada e o simples gostar e desgostar! E lhe digo uma coisa, procuro há tempos outro crítico imparcial, mas está difícil, parece mesmo é que a leva de críticos entrou na onda desse gosto/desgosto para discorrer! Oh coisa de criança mimada e alienada! E realmente, estupendos cantores foram/são alvo de críticas! Nesse caso, me lembrei de uma frase de Elis, citada por você e coincidentemente, meu grande ídolo, rebatendo numa entrevista de rádio, às críticas do pessoal que “pegava no pé” dela, porque tinha técnica demais…”a técnica é uma questão de know-how, o negócio é ter…a culpa não é minha, vá lá reclamar com D.Ercy e Seu Romeu, defeito de fábrica!”
    Espero que para os próximos anos, tenhamos críticas musicais… não diria a altura, porque seria muita pretensão e utopia de minha parte; que pelo menos estejam em um patamar mais próximo das músicas que são feitas por gênios, como Caetano, Tom e Roberto! Abs!

  68. Ana disse:
    Setembro 5th, 2008 at 8:42 pm

    Roberval, seria necessária aquela imparcialidade totalmente utópico, fora do contexto jurídico que a atrela justamente a um contexto. Ela existe, vai se expandir, e será, no final das contas a nossa salvação. O verbo compreensão passará a existir de fato quando isso acontecer. Sim, sou uma otimista.

    O enquanto não sugere fatiar obra alguma. Mas quando há vários formatos de veículos, o enquanto se torna a exatidão para o que eu me referi.

    Vivi: eu acho que não existe crítica comprometida com a arte (de forma imparcial) no Brasil. Existem as panelas, já mencionadas, e, de maneira mais obscura, o falar mal por não gostar. Isso não é crítica. O Hermano disse tudo. Releia o comentário dele no outro post sobre imprensa. É o primeiro de todos.

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