Caetano escreve: “João Cabral de Mello Neto me disse que podia ler mil textos dizendo que um poema seu era genial ou que ele era o maior poeta brasileiro, mas se lesse um só que dissesse qualquer coisa contra sua poesia, esse não lhe sairia da cabeça. Mesmo que fosse o texto menos inteligente. Lembrei disso ao notar que tendo a responder a quem discorda ou critica. Será a incomensurável vaidade dos artistas (não vou dizer “dos poetas”)? Há quem diga que é a sede de discussão. Também. Quando estou de bom humor, penso que é a vontade de ser compreendido. Mas Björk disse que querer ser entendido é uma forma de arrogância. Política é o fim? Lembro dessa música do “beijo na boca“. Muito boa. Em parte era uma conversa entre mim e Gil. E ele acabou entrando na política. Agora, acaba de sair do ministério. Minha resenha é mais para positiva. Tivemos grande visibilidade nacional e internacional para o ministério da cultura brasileiro; tivemos a sintonia desse ministério com o que se pensa de mais avançado a respeito de direitos na era da reprodutibilidade digital e da difusão pela internet (com Lessig saudando nominalmente Gil por ser o exemplo de atitude inovadora e libertária por parte de um governo); tivemos os pontos de cultura; tivemos a criação da casa do samba-de-roda, com restauração do solar de Araújo Pinho em Santo Amaro. Tivemos também os problemas: esboços de autoritarismo, como no projeto da Ancinav (que Lula cortou pela goela, que ele não é bobo), por exemplo. Não gosto muito de me imaginar tendo poder oficial. Ouvi o disco novo de Gil que me chegou pela Internet. Fiquei alegre com a animação dele em fazer coisas novas frescas, gostei de “Não gruda” (será isso mesmo?), adorei a menção a meu pai na música sobre minha mãe, chorei com a última estrofe de “Não tenho medo da morte” (aquela em que muda de “mas sim medo de morrer” para “mas medo de morrer, sim” - algo assim). Mas só ouvi uma vez, na viagem, e estou comentando de memória dessa única audição. MILTON Vi Milton e os Jobim em Milão. Já tinha visto no Mistura Fina. Mas lá foi ainda mais emocionante. Foi num lugar imenso, ao ar livre, e as pessoas todas ficavam hipnotizadas pela música. Principalmente pela voz de Milton. A musicalidade dele fica mais notável no mundo transparente e econômico dos Jobim. As decisões a respeito das notas de “Chega de Saudade”, em todas as suas passagens polêmicas, aparecem com uma clareza e uma naturalidade sobrehumanas. “Esperança perdida”, com aquela introdução deslumbrante, chega a doer no coração da gente. “Inútil paisagem”, lenta e em registro agudo, parece radiografada. Tudo isso (e tudo o mais) se deve em grande parte às relações peculiares de Milton com a bossa nova. Milton é um não-joãogilbertiano. É um gênio que se formou fora da zona de gravidade de João Gilberto. É como se ele fosse filho de Edu e Elis - e de Agostinho dos Santos - sem ter precisado passar por João. Paulinho da Viola (para citar outro gênio) é menos tributário da bossa nova do que Milton, mas é mais dependente da revolução joãogilbertiana, do minimalismo essencialista do mestre. Milton, ao contrário de Paulinho, tem tudo a ver com as relações da bossa nova com o jazz moderno, com a grande canção americana e com a música clássica impressionista, mas nada a ver com o canto íntimo e o violão enxuto de João. Seu canto pressupõe amplos espaços, cúpulas, céus. Ouvi-lo cantar Jobim com Daniel e Paulinho (e Paulinho Braga) é ser levado a estudar a música que há em Tom e no próprio Milton. A gente estuda sem pensar. E o vento de Caymmi entra como explicação de tudo. É a musicalidade caymmiana, tão amada por João Gilberto, que ressurge em sua grandiosidade e seus luxuosos mistérios, num pólo oposto às versões dos sambas de Caymmi que João apresentou ao longo da vida. Mas é também a única interpretação de um clássico caymmiano tão adequada e genial quanto as de João Gilberto. ISTAMBUL Comecei a ler o livro de Pamuk antes de sair da Itália. Chegamos a Istambul de noite. Um rapaz gentil e suave nos recebeu e outro nos acompanhou no carro. Falava inglês. O motorista, não. Era bom ver a estrada perto do mar, palmeiras, ciprestes, árvores altas. O asfalto era todo bom e a iluminação forte e sem falhas. Passamos por ruinas romanas: colunas, paredes, um aqüeduto. Logo a polícia nos parou. O motorista mostrou documentos. Dialogaram (quase discutiram) em turco. Giovana e eu ficamos quietos. Quando liberaram o carro, o rapaz que nos acompanhava nos disse que o país estava passando por um momento delicado. Ele se referia à tentativa dos secularistas de derrubarem judicialmente o governo e cassar o partido do primeiro ministro. A acusação era de terem agido em desacordo com o princípio de total separação entre religião e Estado, peça central da constituição republicana instaurada por Atatürk no início do Século 20. O atual presidente é religioso, sua mulher usa véu, e o governo conseguiu mudar uma lei que proibia as moças de usarem véu nas universidades. Sinam, o rapaz que falava inglês, completou dizendo que a tendência fundamentalista cresce na Turquia. Eu tinha lido na The Economist sobre isso (eu não disse que leio The Economist?) e, como um liberal inglês, concordava com a tese da revista de que não seria bom se se derrubasse esse governo religioso mas liberal. Sinam discordava docemente: um infiel, descrente e moderno, ele achava que os secularistas tinham razão. Eu não entendia bem o inglês dele (não entendo bem inglês) mas acho que, em suma, ele dizia que mais vale lutar diretamente pelas coisas que você acha certas do que buscar muita sutileza estratégica. Ele também dizia que a Turquia vai entrar na União Européia e que tanto os secularistas quanto o governo querem isso. Não insisti com a pergunta “e os fundamentalistas?”. Aprendi muito pouco sobre tudo isso com Sinam. Mas estávamos já no apartamento grande e luxuoso de um hotel com bossas orientais e visão ampla para o Bósforo. Ah, o Bósforo! Tínhamos atravessado uma ponte sobre o Chifre de Ouro. Perguntei a Sinam se tínhamos cruzado o Bósforo. Não. Era só o Chifre. Ele me disse que talvez do banheiro eu visse a ponte sobre o Bósforo. Fui ao banheiro e vi, através de uma parede-janela de vidro (que tentei abrir, iludido pelo reflexo do piso, pensando que ela dava para uma varanda, mas descobri no dia seguinte que ela dava para uma praça asfaltada 18 andares abaixo), o Bósforo. De noite, as luzes das margens, as embarcações iluminadas, a ponte. De dia, o azul profundo, as diferentes formas de a superfície da água se encrespar (segundo os ventos por cima e as correntes por baixo), as torres finas das mesquitas. É extraordinariamente bonito e também é emocionante pensar que esse estreito separa a Europa da Ásia, que Constatino quis chamar a cidade de Nova Roma, que os otomanos a tomaram e dali comandaram o mundo muçulmano por séculos. Lembrei de ter lido, há muitos anos, um livro sobre o Islã, escrito por um árabe, em que os turcos aparecem como um povo opressivo que desfigurou o espírito essencialmente tolerante dos muçulmanos, criando uma imagem que era o oposto do que ocorrera no Califado de Córdoba, quando cristãos e judeus viviam em paz num mundo islâmico. É um livro cujo título e autor gostaria de lembrar agora, pois foi escrito muito antes do Taliban e do 11 de setembro. A noite de Istambul é animada como a de Buenos Aires ou de Madri. Muita gente nas ruas pela madrugada. Nas praças, nos bares, nas calçadas. Muitos táxis. No dia da nossa chegada, alguns generais foram presos supostamente por planejarem um golpe contra o governo. Muitos militares são secularistas. Mas The Economist insinua que eles não são mais liberais do que o atual primeiro ministro. A equipe técnica e de produção do meu show saiu para passear enquanto eu dormia de manhã. Ao voltarem, Giovana estava nervosa porque, ao tirar fotos no Grand Bazaar, foi ameaçada por uma senhora de roupa preta e só com os olhos à mostra. Ela gritava e queria tomar a câmera da mão de Giovana. Giovana ficou em pânico, quis correr, foi difícil. André Botto, o nosso iluminador, tentou socorrê-la. Mas havia o risco de os homens que a cercavam reagirem e criar-se uma briga perigosa. Bahar, uma das moças da produção local, chegou a tempo de esclarecer para a mulher de véu negro que a foto podia ser apagada. No dia seguinte o consulado americano sofreu um ataque no qual 6 pessoas morreram. Mas nossos acompanhantes turcos estavam calmos e nos transmitiam calma. À noite, ouvi uma explosão que fez tremer o hotel. Fui olhar pela janela. Em pouco tempo vários carros de polícia evacuaram a imensa praça asfaltada em frente do hotel. Uma voz se ouvia por auto-falante. Um grupo de fotógrafos obteve permissão para entrar na àrea isolada e flashes explodiam, com as câmeras todas apontadas para um lugar no chão da praça. Do décimo oitavo andar não dava para eu ver nada. Parece que os policiais acharam outro explosivo ali e o desativaram. Liguei a televisão em busca de notícias mas só vi um programa de variedades em que se apresentava um rapper turco, com todos os trejeitos dos rappers americanos (e dos seus imitadores franceses, espanhóis, ingleses, italianos, portugueses…). A apresentadora super perua reproduzia os movimentos dos braços que todo rapper faz, e chamou alguém da platéia que soubesse a a letra toda. Veio um rapaz magro e feio, e, tal como se vê crianças brasileiras dizendo as rimas do “Diário de um detento”, repetiu toda aquela cascata de palavras em turco, para gargalhadas da apresentadora e de seus convidados - e ovação da platéia. O refrão com melodia era bem árabe (bem uma variante turca do canto melismático árabe), o que dava o tom local, mas, curiosamente, remetia a muitos raps americanos que fazem refrães com melodia árabe clichê. As voltas que o mundo dá. Voltei à janela e a praça ainda estava deserta e cercada de carros de polícia. O show em Istambul foi numa concha acústica parecida com a do Teatro Castro Alves em Salvador. Muito bom. Platéia turca. Reação admirada e quente. No quarto do hotel, segui lendo Orhan Pamuk e sua Istambul em preto e branco, triste de saudade do império otomano. Mas ao olhar pela janela ou ao andar pela praça em frente à Mesquita Azul, ao olhar incrédulo para a cúpula sobrenatural dentro de Santa Sofia (que foi catedral bizantina mas virou mesquita e hoje é museu), Istambul sempre se reafirmava intensamente colorida. Senti uma certa sensação de opressão em Moscou e mesmo um quase medo. Em Istambul, com toda essa tensão política, medo nenhum. Tenho de corrigir: o melhor show da turnê foi em Viena. Na Ópera de Viena. Não só a acústica era no mínimo tão boa quanto a de Luxemburgo: o espaço, a inteligência natural da platéia, o ar culto da sala - tudo fez com que eu cantasse melhor do que posso. Trouxe um taco do chão do palco: presente do diretor da instituição.” |
A proposito di Pamuk e della Turchia moderna,il libro che ne esprime tutte le condraddizioni è “Neve”, amaro, doloroso, e inquietantemente attuale per noi europei che assistiamo e viviamo le vicende di una Turchia geograficamente vicina, ma che si allontana in direzione di un passato cancellato da Ataturk.
O GIL NÃO DEVERIA TER SAIDO DO MIN. DA CULTURA. FOI O MELHOR MINISTRO QUE O PAÍS JÁ TEVE, SEM EXAGERO. O PAÍS NUNCA VIU TANTA COISA BOA NA CULTURA, NAERA LULA. FHC NUNCA FEZ UM INCENTIVO.SÓ FEZ LEIS.
Segue o texto:
“Mandala para o futuro certo e da Fortuna”
Ouvir uma canção sempre inspira!
Sempre faz dizer cantar, dizer sobre, expressar…
Caetano Veloso completou 66 anos. Seu Sol passeou mais uma vez por sobre Leão, passou por entre as selvas habitadas por Odé e iluminou as vestes brancas de Oxalá.
Em 66 anos foi assim e a Roda da Fortuna há de manter o baiano sempre no alto de sua geometria, desafiando a inevitabilidade da existência da Roda: Caetano não há nunca de estar embaixo.
Caetano não nasceu para a obscuridade. Sua presença está fadada ao aparecimento, ao brilho, à irrupçaõ de conceitos e desconstruções prévias. Caetano é a possibilidade máxima de surpresas. Surpresas esperadas pela certeza do novo e da mudança; mestre de seguidores fiéis, nada budistas, nada zen, nada assentados.
Os seguidores de Caetano fazem com que sua trajetória seja cada vez maior. Eu o sigo, e vou atrás de tanta gente: Ney, Gil, Chico, Adriana, Daniela…
Caetano Veloso é a força motriz da MPB desde que esta se possibilitou questionar sua vocação. Qual seria o destino desta fonte de manancial ilimitado? Continuar paixões, amores, arrebatamentos? Propor novas paixões, novos caminhos?
Caetano desafiou e propôs uma música para o futuro. Propôs e faz e fará e será e então,
Caetano!
Sua voz há de ecoar como suavidade que transita bem para a força.
Ouvi-lo é um estudo entre sentir e pensar.
Por que é assim?
Como faz o som ser mais perfeito?
Sua escrita é montanhosa e abissal, nunca linear.
Sua beleza é exponencialmente proporcional ao tempo: como disse Rita Lee, o homem-vinho.
Sua obra, na medida de sua inconstância criativa: instigante!
Pensei em como falar de Caetano…
Nem sei mais.
Cê saberia?
Cantiga vem do céu!
“Eu gosto de Caetano por que o cara é bonito”
Simples desta forma, eu trago Felipe Queiroga e sua belíssima canção (gravada por Carlos Barros) sobre Caetano.
Caetano,
venha ler o que este preto escreveu sobre você!
Embora você diga quem é Giovanna, o fato de ela ser reiteradamente citada e até mesmo protagonizar, como agora, cenas eletrizantes numa cidade exótica, confere à moça um certo ar de personagem literário, de rosto imaginado. Até porque, leitores, acompanhamos esse blog feito um romance interativo.
Fiquei até com vontade de arrumar uma discordância ou uma crítica - inteligente, de preferência - para ver se conseguia alguma resposta (ai, a vaidade! Não é preciso ser artista para sofrer desse mal). Mas não. No máximo posso concordar com alguma auto-crítica sua. O que ainda seria concordar…
o Gil como Ministro…
nunca se deu tanta atenção a um Ministro da Cultura, nunca se vigiou e cobrou tanto de um Ministro da Cultura, nunca se falou tanto em Ministro da Cultura, nunca se viu tanto a cara do Ministro da Cultura na imprensa.
Gil, além de ter sido um bom ministro, trouxe ao cargo, uma grande visibilidade. Visibilidade esta que, a partir de agora, será copiada.
não tivemos nada, mas temos Gil…não temos nem tivemos ministérios, mais de 150 milhões e menos de 1 por cento, não temos nada nem tivemos…Gil sonhou com a política, uma revanche e mais nada, não tem política, melhor assim…o que tem foi indo sem política, não dependeu da política senão não seria…Gil está entre nós e isso é o que importa, mas não tivemos nada. A política da cultura entre nós é anticultural, é contra política. O mais lindo de Gil no ministério foi o povo o saudando aos gritos de “ministro, ministro”…o reconhecimento de que ele chegou lá, seja onde isso for ou o que queira dizer. No fim não quer dizer mesmo nada. viva Gilberto Gil, porque sim, e só.
um forte abraço.
Eu gosto dessa música, “Ele me deu um beijo na boca”. Gostoso saber que se baseava numa conversa com o Gil. Eu, aos nove anos, olhava aquela foto do encarte do cd, e me perguntava quem era aquele cara beijando o Caetano. E sempre achei muita graça em dizer que a vida é oca como a touca de um bebê sem cabeça.
Será que a música “Não gruda” é a mesma “Não grude não”, do filme “O homem que desafiou o diabo”?
Hum… Aí, eu acordei… Hehehe.
Beijão.
Que bueno tu sueño Andre Yo particularmente soy una soñadora compulsiva que cada mañana se acuerda con lujo de detalles lo que sueña. A Caetano ya lo tuve de visitante en varios sueños pero… no los puedo contar.
Nem crítica nem elogio desmedido, apenas uma sugestão: gostei muito da sua parceria com Fiorella Mannoia no disco dela, há esperança de um dia ver você cantando com Paolo Conte?
Cante “Sparring partner”, cante, Caetano.
http://br.youtube.com/watch?v=ZUIeTJ3h_L0&feature=PlayList&p=9E42D7BFD081D121&index=0
PRA QUEM TE OUVIU A VIDA TODA, EU COM APENAS 23 ANOS DE IDADE, PODERIA POR INTUIÇÃO, REPRODUZIR À TUA MANEIRA, O PROBLEMA FILOSÓFICO DO HUMANO:
http://www.osonetista.blogspot.com
The Jimi Hendrix Experience
“Durante uma hora ele tocou e cantou lutando contra os amplificadores. O público permanecia entre frio e assustado: eles haviam gritado e aplaudido de pé quando o nome de Jimi Hendrix foi anunciado e agora nem sequer sabiam quando um número terminava, pois, além de não haver finais convencionados pelo conjunto, cada canção ao chegar ao fim transformava-se num novo teste de som e algumas foram interrompidas pela metade. No entanto, em todos os momentos, sem que nada ajudasse a percepção disso, estava presente a beleza do trabalho de um dos maiores artistas que já houve. ‘Vocês querem aquelas coisas velhos?’ - ‘Todas elas’ - eu respondi e ele me olhou com um sorriso sacana” (Caetano Veloso - 27/10/1970).
Ainda sonho em Caetano fazer um disco com Arto Lindsay.
Que pena o Arto não poder participar do Obra em Progresso…
Ele tem discos ótimos, como “Mundo Civilizado” e “Salt”.
cinematranscendental@hotmail.com
Bem perto de Gilberto, bem perto de Gilberto, bem perto de Gil. Lembra esta canção (Giló) da Rita Lee, no Refestança; Se tem alguma coisa que deu certo nos ministérios foi o Gil como ministro da cultura; mesmo que ele nada fizesse, tudo bem, pois o Gil (querido) sempre fez muito, desde o tempo do CPC da UNE, com o tropicalismo, então, nem se fala; e o “quanta” então? quanta espiritualidade, quanto Nous, quanta criatividade, quanto “deus que mora na proximidade do haver avencas”, quer mais política que o “Refavela”, cantar da África negra vitimizada; e no entanto, a política torta dos governantes com pensamentos ainda mais decadentes, de fato é o fim; a de Gil não, Quem foi que criou o patrimônio imaterial da humanidade?
o Gil fez um belo trabalho nos anos em que esteve no Minc. Achei muito bom a escolha do Juca para substituí-lo. Conheço o trabalho que o Juca fez na Bahia em tempo de verador e secretário do meio ambiente e tenho certeza que ele dará continuidade ao bom trabalho que o Minc obteve nesses anos Gil.
Vi Istambul pela lente de um filme, “O Outro Lado”. Apesar da projeção sofrível (acho que o projetista queria que eu e as 3 pessoas restantes da sala fossem embora)gostei muito do filme, que sublinhava como seria bom que a uniaõ européia atravessasse o bósforo triunfalmente, amalgamando cristãos e muçulmanos novamente.
Você confessa que começou a ler Orhan Parmuk, o escritor turco de quem li outro dia “A maleta do meu pai” comentado no meu site, mas não cita o título do livro.
Pamuk participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2005 e ganhou o Nobel de literatura no ano seguinte.
Dele eu já li, além a “Maleta”, ”Neve”, ”Istambul: Memórias e a Cidade” e “Meu Nome é Vermelho” que deu fama internacional ao escritor.
Um grande romancista, sem dúvida.
Muito bom seu blog, gosto do seu estilo jornalístico, fragmentado, desde a época do Pasquim.
Não deixem de assistir ao filme “O Outro Lado”, rodado na Turquia e na Alemanha.
Viva a Internet, que nos possibilita essa proximidade quase íntima, podermos trocar palavras com nosso querido Caetano, ‘ouvir de sua boca’ palavras frescas, diretamente, sem intermediação midiática.
Mestre, continuemos nos ensinando que “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” …
Escutei a música BEIJO NA BOCA pela primeira vez quando morava na França em 82. Me enviaram um cassetezinho com as canções de CORES E NOMES. Ouvi a canção centenas de vezes. Sempre a imaginei como um diálogo interno do Caetano com “ele” mesmo. Fazia um paralelo com a canção ABRE O OLHO de Gil, onde também temos a sensação de um diálogo com o espelho. O “bebê sem cabeça” de Caetano e o “a cabeça branca de Zagalo” de Gil. Não sou muito do estilo de escutar canções imaginando o que o autor pensou a fazê-las. Costumo afastar essa deliciosa tentação quase infantil pra não esvaziar as múltiplas possibilidades de sentido que elas carregam com autonomia. Mas BEIJO NA BOCA, assim como O CONTEÚDO são dessas músicas que vale a pena brincar de ser o autor. Uma coisa engraçada: o verso “por que forjar desprezo pelos vivos” era por mim entendido como “por que foi Jards preso pelos vivos?” E eu pensava “por que” Caetando fala de uma prisão de Macalé? Coisas de quem não tinha acesso ao encarte da capa. Agora, quando Caetano diz que o plot da canção é uma conversa com Gil, estou sendo convidado a escutar BEIJO NA BOCA novamente com mais esse dado investigativo. Uma canção dura uma eternidade quando gostamos dela e brincamos de entendê-la com um ponto de vista autoral. São poucas. Mas BEIJO NA BOCA, ABRE O OLHO e O CONTEÚDO são as minhas preferidas.
Adoro a canção O CONTEÚDO, especialmente os auto-elogios ao final da canção; aliás, o temporada de verão é um disco especial que sempre coloco para ouvir, no toca-discos mesmo, com direito a ruídos e tudo mais, tem aquela do Mautner interpretada pelo Gil, O RELÓGIO QUEBROU, que é muito legal, O CONTEÚDO é 10.
Caetano,
Voce tem a primeira gravação solo de João Gilberto de uma canção chamada MEIA LUZ do potiguar Hianto de Almeida? Se não tiver e quiser, lhe mando por email. Ele canta inspirado em Orlando Silva e remeteu-me ao seu comentário no show Fina Estampa.
Zé Dias 084-94145910