Mau gosto (05/03/2009)
MAU GOSTO |
5/03/2009 1:24 am |
Cordão é sinônimo de bloco. Só quem saía sem corda eram os trios elétricos. Das grandes sociedades às escolas de samba (como lembro dos Diplomatas de Amaralina!), dos Filhos de Gandhi aos Internacionais, do Crocodilo ao Ilê Aiyê - todos sempre saíram com cordão de isolamento. Isso nunca impediu os foliões de brincarem carnavais inteiros de graça. Ainda hoje é assim. Moreno, meu sábio filho, nunca entrou num camarote ou num cordão - nunca deixou de brincar mais do que eu, nunca reclamou. Quando nossa maior paixão era o Olodum, eu subia no caminhão com Paulinha Lavigne (Aloísio Mercadante era companheiro querido e animado), usava fantasia e dançava dentro da corda, Moreno brincava a noite toda na pipoca. A primeira vez que vi as escolas de samba do Rio foi na Avenida Presidente Vargas, com Dedé. Choramos de emoção: era 1965, o ano em que a Império Serrano saiu com os “Cinco bailes na história do Rio”. Estávamos na arquibancada. Naquele tempo havia uma arquibancada longa de um lado só da avenida: do outro lado era uma corda guardada pela polícia. Quem não tinha dinheiro para comprar lugar na arquibancada ficava de pé na rua, sambandinho, colado na corda. Os foliões que tentaram seguir as escolas foram repelidos a cacetetaas pela polícia montada. Dedé e eu ficamos chocados, mas ninguém sequer reclamava. Nem uma palavra nos jornais. Nós próprios terminávamos sempre sendo retomados pela beleza do espetáculo e desistíamos de implicar com a dureza da polícia.. Depois o Darcy Ribeiro construiu o Sambódromo. Paulinho da Viola era contra - acho que ainda hoje não se conforma com a ideia de “praça da apoteose”, muito menos com a exclusão do folião pobre, que olha por frestas, do alto de viadutos, pouco pode ver. Quero citar a obra-prima que é “Invocação”, do Quanta Ladeira, esse bloco recifense que canta espetaculares paródias obscenas de canções conhecidas. Nesse caso, a graça vem da ironia com o Recifolia, um carnaval pop abaianado (”resto de janta abaianada”) que se serviu ao povo daquela cidade por alguns anos. A última frase diz: “ai que saudade do cordão de isolamento”. Uma reação a essa intervenção no carnaval pernambucano fez muito bem à cidade: o carnaval de lá tem tanta força na tradição que pode viver quase só dela. O carnaval baiano que me apaixonou em 1960, quando fui de Santo Amaro pra Salvador, se pautou, desde 1950 pelo menos, pela invenção novidadeira. O trio elétrico serviu, antes, de inspiração e, depois, de argumento para os tropicalistas. Não tinha corda. Num frevo que escrevi sobre o assunto (”Um frevo novo”) digo “Todo mundo na praça e manda gente sem graça pro salão”. Só parte da juventude de alta classe média ia às ruas: ou eram comunistas, ou eram boêmios, ou eram veados, ou eram dos Internacionais. Minto: os velhos ainda saíam nas “grandes sociedades”. Na Avenida Sete, as famílias punham cadeiras na beira da calçada para assistir ao que passasse. Logo estavam cobrando para alugá-las. As cadeiras ficavam amarradas em cordas que iam de árvore a árvore e roubavam toda a calçada aos foliões. Bem, faz uns bons anos que os camarotes que avançavam sobre o espaço do folião em Ondina foram proibidos (no período Imbassahy?). No ano passado, acompanhei Brown e o Camarote Andante, a pé, da Barra a Ondina. Neste ano, fiz o mesmo percurso em cima do trio do Psirico. A generosidade dos espaços - e o aproveitamento que as multidões fazem deles - é empolgante. Daniela Mercury há anos não aluga seu trio a blocos: sai sem corda. Não é a única. Brown também. E há vários trios financiados pela prefeitura que saem sem corda. Feitas as contas, não houve piora, talvez tenha havido melhora na configuração topográfica do carnaval da Bahia. Antes de ver o de Salvador, já tinha, aos 13 anos, passado o carnaval no Rio. Ver a Avenida Rio Branco vazia e sem animação me cortou o coração nos anos 90. Estava tudo reduzido aos desfiles das escolas. Há 4 anos, passei os dias de carnaval no Rio, sem ir ao carnaval. Estava sofrendo, de luto por dentro, não queria ir ao Sambódromo. Fui com Antonio Cicero e Marcelo Pies ver uma exposição no CCBB. Isso fica no centro, perto da Candelária, que é onde a Rio Branco desagua na Presidente Vargas. Para minha surpresa, vi muita gente fantasiada por ali. Pedi licença a Cicero e Marcelo e fui olhar a avenida. Chorei de emoção: estava como quando eu tinha 13 anos: cheia de “clóvis”, blocos, famílias fantasiadas, tudo. No dia seguinte Hermano Vianna me chamou para ver um mini-bloco que Kassin tocava na Avenida Atlântica (eu estava num apart-hotel entre Copa e Ipanema). A Atlântica estava vazia. Mas, voltando de lá, vi burburinho no Arpoador. Fomos olhar e Ipanema estava apinhada de gente. Nos disseram que o Monobloco tinha passado horas antes. A turba remanecente estava pronta para um carnaval pernambucano, baiano, pronta para tudo. Não havia mais blocos. Sobretudo me impressionou a ausência total dos poderes públicos: os vendedores improvisados paravam no meio do safalto, em qualquer lugar. Lembrei-me de quanta coisa se fez na Bahia e no Recife nestes anos. Há regras para a distribuição dos vendedores. Há proibições, planejamento. O Rio oficial porta-se como se nada houvesse além do Sambódromo. Ouço que o número de blocos cresceu enormemente. Que o folião pipoca é multitudinário outra vez no meu Rio. Fico tão feliz que nem dá para explicar. E espero que surja o que surgiu na Bahia: repertório novo e forte - e presença da prefeitura. Todas essas coisas - e tantas mais - tomaram minha cabeça (além do que é mais forte: o samba do Psirico, a “viola” do Fantasmão, Daniela com o trio caprichadaço puxando milhares e milhares de pessoas, Ivete deixando o pano branco voar, Preta cantando bem um repertório massa na varanda do Camarote 2222, Xande cantando super bem, o Ilê em sua majestade, Armandinho agora com multidão atrás outra vez, Retrofoguetes homenageando Armandinho, Lucas Santana, Trio eletrônico arrebentando…) que não sobra muito espaço para reclamar do que nem tem modelo melhor no passado para comparação. Bem, eu teria muito do que reclamar - mas não seria de nada do que o pessoal reclama. Talvez começasse, como Zizek, a reclamar contra a existência do carnaval. Mas não penso como Zizek mesmo! Paro em constatar que, nos blocos convencionais (mas nunca no Chiclete), quem brinca mais é quem fica fora da corda: quem está dentro leva aquele “sem graça” do salão de que falava minha música. As roupas uniformes ficam muito feias quando essas pessoas estão cansadas e sem nenhuma outra emoção positiva além da certeza de que está dentro do bloco. Mas já falei demais sobre o mau gosto carnavalesco da classe média provinciana em Verdade Tropical. |
HERMANO, VOCÊ ME HIZO REIR. Desde que comencé a frecuentar esta OEP me estoy preguntando que quiere decir la gente cuando escribe RS RS o rs rs. No sabía que así se reían en la red los “intelectuales”.
Ja ja, Je je, ji ji !!. Me hizo gracia. Yo siempre me reí así. En un momento llegué a pensar que era algo relacionado con la letra r, ya que como empecé a frecuentar este lugar por la época en que caetano hablaba de la r “retronoseque” y la r “retronosequi” llegué a pensar que era algo relacionado con la “sonoridad” de esa letra o algo por el estilo, o una especie de contraseña o vaya una a saber que de los “caetanautas”.
Dada mi ignorancia en el lenguaje cibernético, no me atreví a preguntar y la dejé por esa, como otro misterio sin resolver, hasta que leí su explicación. MUCHAS GRACIAS.
BUENO, BUENO, vayamos a otro punto conflictivo como lo adelantó mi querida amiga Exequiela.
HELOISA!!!!. Menina, você confirmó lo que he estado comentando por acá más de una vez: MI PAÍS NO EXISTE !!!!. Somos ignorados onstantemente !!!. Cuando en un país extranjero alguien nos pregunta, where are you from y decimos uruguay, digamos que muchos dicen ¿PARAGUAY?, no repetimos nosotros, uruguay. Ah, dice el que pregunto primero con una expresión extraña, uruguay. ¿Y como es Paraguay? nos vuelven a preguntar. A esta altura ya no vale la pena aclarar nada más y nos convertimos en unos resignados Paraguayos. Exagero un poco pero no tanto. En Brasil más de una vez lo he comprobado. Pero bueno mi amiga, está disculpada por cierto, tampoco es tan grave el asunto. En definitiva su equívoco no hace sino confirmar lo que hubiera debido ser (quizás) nuestro destino “natural”, ser parte de Brasil o Argentina y no este estado tapón “inventado” por Lord Ponsomby. Tuvo suerte que se cruzó conmigo que no soy una “nacionalista” fanática y que no tengo antipatía por los Argentinos como sí la tienen muchísimos uruguayos, básicamente hacia el porteño, el de Buenos Aires. En fin, con las aclaraciones del caso, acordada la paz antes de que hubiera guerra y corriera sangre, te digo que me gustó tu propuesta de la “tesis” pero no se muy bien por donde empezar. Menina, você lo propuso y si puedo te sigo pero no lo aseguro. ¿Debemos seguir al pie de la letra los procedimientos para la elaboración de una tesis?. ¿Valen “experiencias” que no se pueden explicar adecuadamente con las palabras existentes hasta hoy ya sea en inglés, portugués, español o cualquier otro idioma?.
En fin, el tema es super interesante. Por lo pronto Exequiela habló del chocolate y creo que quizás se pueda comenzar a investigar por ese lado. Como dicen algunos, al parecer las mujeres son muy propensas a caer rendidas ante esta delicia tan dulce. Parece que consumir este alimento estimula la producción de ciertas sustancias vinculadas a la serotonina en nuestro cerebro que hacen que sirva tanto para cuando estamos tristes, deprimidas o alegres. Nuestras neuronas se activan, comienzan a trabajar y obtenemos placer por dicha activación. ¿No es fácil inferir de esto como dijo Exequiela que escuchar cantar a caetano podría producir lo mismo en nuestro cerebro?. Si, creo que sí.
Por lo pronto, ahora cada vez que veo un bombón Garoto me acuerdo de caetano. Por estos lados abundan y se venden también sueltos. Los “Serenata de Amor” son las más famosos, los más requeridos por los consumidores pero a mi no me gustan. Prefiero los de fruta, esos que nadie come y que quedan en la caja por los siglos de los siglos. O sea chocolate=dulce=bombón=serenata de amor =garoto= brasil= música= cerebro=caetano=chocolate =dulce …… Una línea puede ser esta sin duda y se puede combinar de varias maneras por cierto.
Otra línea interesante es la evolucionista pero para esta debo estudiar más. Por lo pronto voy a tratar de leer más sobre el tema (en serio) y ver que pasa. Una experiencia personal. De niña, cuando mi abuela me cantaba canciones antes de dormir me ponía a llorar horriblemente. Yo no me acuerdo mucho pero una vaga idea tengo de que me venía una tristeza horrible.. Era empezar a cantar que yo comenzaba a los gritos, llorando a mares y me preguntaban que me pasaba y no decía nada, solo lloraba. Hoy en día sigo siendo bastante llorona por cierto y basta escuchar los primeros acordes de algunos temas y me pongo a llorar a mares. Ej: el tema principal de la película “Cinema Paradiso” de Morricone. Me pasa una y otra vez cada vez que la escucho y también hay otras ¿Qué “strings” tocará en mi cerebro?. Ahora trataré de analizar mis reacciones antes ciertas canciones de caetano. veremos.
Por lo pronto ayer tuve otra experiencia “mágica” y no miento. No me puedo dormir sin leer algo antes, ya en la cama. Leí nuevamente el capítulo de A. Cândido y cuando nombra a los tropicalistas me asusté por cierto. Me subió la presión y me acordé de los disparates que escribo por acá, de quien es caetano y me dije, no escribo nunca más.
Luego miré una revista muy producida que viene de regalo con un diario. El tema principal era una producción fotográfica sobre Carmen Miranda, varias modelos “disfrazadas” como ella y un pequeño comentario escrito donde nuevamente nombran a caetano y nuevamente me vino el “terror”. Me acuerdo que me reí porque no decía los “tropicalistas” sino los “tropicales”. Si, decía algo como: “ los “tropicales” reivindicaron su figura y bla bla bla….”. Me hizo gracia.
Luego ( y juro por mi querida abuela que no estoy mintiendo) que luego de esto leí el diario de ayer, pero no el que viene con la revista sino otro, donde hablaban de una película de Carlos Saura sobre Fados y nuevamente lo nombran a caetano y creo que también a Chico Buarque. Por acá no la estrenaron pero la semana que vienen la van a dar en un lugar y quizás vaya. No me acuerdo el nombre y no tengo el diario para chequear. A esta altura ya me sentía una pulguita, me vino vergüenza y me juré que nunca más iba a aparecer por acá.¡Cómo para no soñar después con caetano!. Era “dios” nuevamente. Hoy me levanté y se me fueron todas las pavadas, nuevamente era un hombre “normal” , con dudas, contradictorio y confuso como el resto de los mortales, nuevamente me decidí a escribir y acá estoy.
pd: con respecto al lanzamiento del cd. un comentario. recuerdo que DB comentó que mucha gente le preguntaba por su disco con Brian Eno y cuando el les decía que todavía no existía físicamente, que no había nada tangible sino sólo los temas colgados en la red, al parecer muchos no quedaban muy convencidos. recién cuando apareció el “objeto” que uno puede tocar, la tapa, el librillo, etc, varios meses después, fue que el disco “nació” para muchos. recién en ese momento consideraron que el disco existía sin tener en cuenta que desde varios meses antes se podía acceder a los temas. ¿estamos tan “adelantados” y se va tan rápido a la desaparición del soporte físico como muchos dicen?. en mi caso yo compro cds.y también bajo alguno pero no soy una fanática porque luego no me da el tiempo de escuchar todo. lo que no hago es “mirar” videos, ni siquiera de caetano ¡Vero, 150 videos, por Dios!. me doy cuenta que prefiero escuchar a mirar (sin entrar en eso de que en realidad miramos y escuchamos con todo el cuerpo ¿no?). bueno, miro y escucho a veces por youtube algo pero jamás los bajo. tengo sólo 3 dvd originales y todos me los regalaron: uno de “morcheeba”, uno de peter gabriel y otro de drexler. nada más. prefiero así. por ej hoy estuve mirando un rato las fotos de caetano y cuando me empezó a dar “miedo” la corté. ya estaba pensando nuevamente en no escribir más y bla bla bla. si, si sólo escucho no me viene “miedo”, pero cuando lo “miro” me aterra, es dios y me asusta realmente. nadie está preparado para verle la cara a DIOS por cierto.
Caetanódromo
No Rio, um bloco de fãs de Roberto Carlos surpreendeu. Com a charanga tocanado a introdução de “Meu Amigo de Fé Meu Irmão Camarada”, todos de azul. O bloco temático chegou, além do horizonte, à janela do apê do Rei que saiu, sorriu e acenou. Lembrei de Maria Carnaval e Cinzas e me emocionei. Estrelas mudam de lugar. Gosto da palavra bloco, mais do que escola. A idéia de que pessoas amontoadas sacundindo formam um coletivo chamado bloco uno é bem bonita. Escola também é bonito, acadêmicos, unidos, mocidade, estação, tudo é bacana e muito grande. Mas a idéia de blocos espalhados desenha um mapa diverso. Não sei mais como é o carnaval, Nem do Rio. Nem do Recife. Nem de Salvador (o que conheci melhor no passado). As notícias e visões que me vêem por meio desse POST maravilhoso são alentadoras. Escuto os sambas-enredo de SR e RJ e pouco da Bahia, por conta desse blog. Do Recife, conheço a tradição dos frevos razoavelmente. Não sei brincar carnaval. E entendo quando Caetano aponta uma espécie de falso saudosismo de algo que na verdade nunca foi exatamente o que povoa nosso imaginário. Mais um texto surpreendente.
beijo na testa
Salem
grande coisa, a wired, no meu planeta. assinado ou não, o editorial é mais que pernicioso: é estrume de vaca mesmo. argh! mas vamo lá, gil, meu compadre. vamo em frente!
mas não se preocupem. dr. ricardo joaldo tem se alimentado duas vezes ao dia das marmitas passadas por debaixo da porta do banheiro dos fundos. está feliz…um pouco mais magro, mas feliz…aah, l’amour!
Não dá pra não dizer: lindo!!
Caetano,
Sou folião desde sempre. Assim como você – se bem entendi –, tenho memórias lúdicas da adolescência em relação ao carnaval do Rio, cidade em que vivo e na qual nasci há 32 anos. Costumava sair num bloco de piranhas e frequentar bailes de clubes, que até 15 anos atrás eram muito bons. O carnaval de rua, entretanto, estava morto, com raros espasmos de blocos pequenos, de amigos, um aqui outro ali. Foi justamente o fascínio da rua, do povo na avenida, que me levou a migrar para Salvador durante a folia. Minha sensação era a de estar presenciando uma catarse coletiva fora dos padrões oficiais, vinculados ao desfile das escolas de samba e aos bailes de clubes. Era a genuína zona do povo, pulando atrás daqueles trios enormes (os mais antigos que me vêm à memória eram o do Orlando Tapajós e um do Paes Mendonça, que tinha a logomarca do supermercado em neón – algo que eu na minha vã inocência achava o supra-sumo da modernidade).
Como tinha e ainda tenho muitos parentes em Salvador, passei a vivenciar, ano após ano, o carnaval de rua, sempre fora dos blocos. Parava no Clube de Engenharia, no início da Carlos Gomes, e sempre me arranjava por ali. Achava tudo ótimo, via tudo, mas a sensação de brincar de verdade só veio quando saí pela primeira vez num bloco (CocoBambu, 1996). Daí pra frente não larguei mais os abadás. Minha relação com os blocos pagos sempre foi a de poder usufruir da brincadeira da melhor forma possível, com um artista tocando pra mim do início ao fim e com a sensação (ainda que ilusória) de ter certa segurança. Saio sempre com o Chiclete, que funciona muitíssimo bem no caminhão (para que está dentro ou fora do bloco).
O renascimento do carnaval de rua do Rio me deixa feliz e ao mesmo tempo intrigado com o modelo desenvolvido em Salvador. Fico me perguntando se a coisa libertária que me atraía nos meus primeiros anos na folia em Salvador não está realmente embutida na brincadeira pressuposta na ausência de cordas, como ocorre nos trezentos e tantos blocos cariocas. Voltei a Salvador no carnaval deste ano e novamente brinquei à beça no Camaleão, como, da mesma forma, me encantei com a multiplicidade de situações maravilhosas proporcionadas na avenida (a exemplo dos lindos desfiles/apresentações do Cortejo Afro e do trio independente de Daniela Mercury e Margareth Menezes no sábado). Ou seja: não me arrependo de nada, mesmo sabendo que milhares(ões) de outras pessoas estão se esbaldando tanto quanto eu sem pagar um tostão furado.
Entretanto, como você disse, tenho visto cada vez mais nas transmissões de TV em Salvador alguns foliões de bloco, dentro do bloco, em pleno carnaval, na parte inicial do percurso, com cara de “gente sem graça no salão” ou coisa parecida, como se cumprisse uma obrigação em nome do status estar dentro de uma agremiação de cordas, paga e restrita. Ver esse tipo de imagem triste, desoladora, enfadonha, destrói em mim toda a alegria decorrente de manifestações espontâneas vistas em uma festa plural como o carnaval de Salvador. Vejo que muita gente recorre a abadás para satisfazer vontades que passam ao largo da curtição inerente àquela proporcionada por um bom bloco de carnaval. Foi justamente o aposto disso que acabou me atraindo para os blocos do Chiclete: quem tá ali tá é pra brincar todas, e dane-se o resto!
No mais, achei o carnaval desse ano lindo, com um aspecto hiper-grandioso (sentimento talvez atrelado à grandiosidade dos camarotes), moderno, atrativo não só para o folião, mas também para quem queria estar ali mais para ver e apreciar do que para brincar. Um grande carnaval, enfim – apesar do mau gosto. E me felicito em saber por amigos e pela mídia (a coluna do Joaquim Ferreira dos Santos desta semana é um primor) que o carnaval de rua do Rio realmente veio para ficar, de fato. Tomara que em 2010 seja melhor ainda, para quem fica dentro ou fora da corda, e também para quem passa ao largo de cordas.
Em tempo: tenho um amigo que trabalhou na coordenação de carnaval de rua do Rio este ano pela prefeitura. Pelo que ele me falou, a constatação é a de que realmente não haverá como fugir do estabelecimento de circuitos específicos para os blocos de rua no ano que vem, tamanha a reclamação da zorra em que se transforma toda a cidade com blocos pipocando por todos os cantos, engarrafando todo o trânsito, impedindo a circulação de pessoas alheias à festa etc. Veremos…
Abraços e parabéns pelo teu excelente blog,
Oldon (www.blogdooldon.blogspot.com)
Eu estava no interior de Minas, em casa de gente muito simples. Não se ouve falar em internet. Carnaval em Brasília não é lá essas coisas né…Então todo ano me mando daqui e vou brincar em outros cantos. Em Minas tem carnaval sim gente boa! Carnaval não é só no Nordeste não. Voltei no domingo.
Sobre o lançamento do disco, eu sugiro uma tiragem em vinil, com capa dupla! Vai ficar lindo. Misturar a modernidade da internet, que possibilitou uma votação para eleger uma das duas versões de Incompatibilidade de gênios e a coisa retrô do long play.
Labi Barrô, morrendo de medo da barrinha lá de cima!
Caetano,
Acompanho seu blog, mas me calo, por não ter nada a dizer. Mas desta quero te contar de como me emocionei neste carnaval. Ói, que eu sou meio metida à besta, detesto gente me relando pra imitar o Olodum – passei carnaval em Salvador uma vez pra nunca mais, valha-me Nosso Senhor do Bonfim. (Vejam bem, adoro Salvador e a Bahia toda, de Abrolhos a Mangue Seco, passando por Caixa-Prego. Mas não no carnaval.)
Então eu que achava que o melhor carnaval era o de Ouro Preto – mas quando e se a gente tem uns vinte e poucos anos. Aquela coisa de blocos, de marchinhas. Eu tocava alfaia no bloco Pirata e me esbaldava no bloco da Lama, até o dito ser proibido por lesar o patrimônio histórico universal, uma vez que os foliões não conseguiam se segurar em suas (lá deles) pernas, e deixavam suas (lá deles) mãozinhas marcarem de lama os casarões coloniais. Depois de uns 5 anos de lambança o padre Simões arretou, moveu mundos e fundos e acabou com o bloco da Lama! (Padre Simões, ele mesmo, o que disse no meio da Santa Missa que se peito fosse buzina ninguém conseguiria dormir uma noite em Ouro Preto. Eu adorava (r)ir na missa de padre Simões.) Sem contar minhas aparições no bloco das Lajes e no Mesclado.
Mas o tempo passa, a gente cansa de ficar com roxo na perna. E os vinte e poucos viram trinta. Mas – things get dirty as we get to thirty – e eu descobri que carnaval no ridijaneiro é bom demais! É o carnaval de Ouro Preto sem os pós-adolescentes! Esquece a Sapucay, a cobertura da Globo: aquilo devia ser gravado no Projac, Carnaval na Marquês só serve pra dificultar o trânsito pra Lapa. O bom mesmo é ir pros blocos.
E tem muitos, muitos. Tantos e pra tantos gostos! A beleza dos Gigantes da Lira, com suas fantasias de palhaço, muitos são palhaços de ofício! Tem fotos lindas no flickr, destaco as de http://www.flickr.com/photos/roberto_tumminelli/. E o Exalta Rei? Bloco já citado pelo Salem e que só cantava Roberto Carlos? Eu chorei de emoção muitas vezes, em vários blocos.
Mas uma coisa há de ser dita: não é um carnaval musical pra frente, não ouvi músicas novas. O carnaval de rua do Rio é um carnaval musical pra trás, de músicas de antanho. Pode ser que alguma renovação musical venha do resgate. Mas pode não ser.
Pensando bem, caetano, eu também não penso como Zizek contra a existência do carnaval. é que ele estava em “Paralaxe” e não viu o que a gente vê.
Passei o carnaval desse ano aqui no Rio (pra lembrar, sou de Salvador). Quando criança, ficava fascinado pelos desfiles das escolas de samba; achava aquele acontecimento no sambódromo (e o próprio sambódromo) uma coisa fantástica. Agora que moro aqui esperava ver isso tudo “in loco”. Mas não consegui, porque todos os ingressos foram vendidos, pelo telefone, em pouco mais de 30 minutos…!
Resultado: saí em alguns blocos, e achei muito massa; isso que você, Caetano, falou, é MUITO verdade: a ausência dos poderes públicos no sentido de dificultar a vida de vendedores e catadores de latinhas. No sentido de segurança, também: eu, acostumado a às vezes levar uns “cutucões” de cacetete quando vai passando aquela filinha de policiais no meio da pipoca (e dentro dos blocos também), fiquei surpeso ao sair no Cordão do Boitatá e não ver NENHUMA viatura, nenhum policial. Não tinha nem mesmo um folião sequer fantasiado de polícia! E o melhor de tudo: Não vi confusão, briga, nada desse tipo.
Mais um detalhe: as fantasias da galera deram shows de criatividade, esmero, alegria.
E os nomes dos blocos? “Se não quer me dar me empreste”, “Bata pra mim que eu tô cansado”, “Vem ni mim que sou facinha”, “Rola preguiçosa”, “Largo do Machado mas não largo do copo”… Sensacional.
Deixa, Caetano, que “o Rio oficial porte-se como se nada houvesse além do Sambódromo”. Vai que ele olhe pra esse outro carnaval, resolva intervir e fique tudo uma merda…
Abraços a todos.
Emerson Leal.
Zizek falou que não deveria existir carnaval? É complicado…
“O Brasil é o país do futebol e do carnaval”: isso é tão glória quanto vergonha, depende das razões de quem ouve. Eu sei que sem isso ia ser difícil pacaramba.
Zizek quer viver pra quê? Pra produzir ciência, ser reconhecido, ganhar dinheiro, mergulhar no estudo da macrossociabilidade, por assim dizer… Ótimo. Mas, aqui pra nós, aturar essa sisudez toda, essa fome toda, essa impossibilidade toda, essa vergonha toda, essa impunidade toda, essa porra toda sem “se vestir de rei” pelo menos uma vez por ano não dá. Zizek, viver pra quê? Ou então: nem todo mundo goza pensando, ou brigando… Deixa o carnaval onde ele está. O resto do ano (ou da vida) a gente briga.
Beijos,
Emerson.
Acho que está renascendo um carnaval mais forte, dialeticamente mais forte - transcarnaval. ninguém segura a energia intrísica de um povo. mesmo que desviem o cordão da alegria pra um salão qualquer, feito água, ele transbordará inundando a cidade com seu carnaval particular.
Olha Caetano tomara que a pipoca carioca cada vez mais estoure por todos os cantos do Rio e que seja bem independente da atuação e do estabelecido pela prefeitura.Quanto ao repertório novo e forte isso é só questão de tempo.Por enquanto tem-se que usar e abusar do repertório alheio que é o que se ouve ostensivamente por todo país mesmo quando não é carnaval.Durante todo o ano.E o tempo de cura,de assimilação transmutativa para criação e recriação é algo que o carioca deveria querer mais para si.Chega de tanta ansiedade e vigorexia despropositada.O carioca precisa relaxar mais.Menos pó e mais erva,talvez.Hermano brother que tanto admiro,cê me interditou lá em baixo e eu mereci aquilo!Tava maldoso!Mas óia eu só quiz dizê qui é pra nóis aqui qui é das eliti como ocê qui ocê dirige seus encantamento com o mundano.Claro qui ocê num tem qui tá aqui falando só trem qui é dus nossu mundinho e o qui nós qué ouvi,né?Mais aquele trem antigo das impreza de gravação vô ti contá qui nunca acreditei mesmo na ladainha fingida delas.Sempre puzeram os artista popular contra os de elite para seus próprio interesse financioso.E ói continuo “prestando muita atenção no que meu ‘Hermano’ ouve”!
“Se não quer me dar me empreste”
“Largo do Machado mas não largo do copo”
hahahahahahaahahahahaha…sensacionaaaaal!
Ah!Tem uma música linda do Caetano,Danilo Caymmi e Sérgio Fayne,muito linda mesmo.Digna de entrar pra lista das do lado b belíssimo obscuro e ainda não gravadas por ele e que bem podia ser:”O Penúltimo Cordão”.
Também fiquei surpresa com a maravilha que é o Carnaval no Rio, alegria e fantasias, coisa boa de ver e ouvir.. Adoro as marchinhas. O Boitatá foi mesmo um dos melhores acontecimentos de todos os dias. E outro charme da cidade no Carnaval, Rafael Rodrigues, se não me engano, disse no post anterior. Onde há dois ou três tocando um samba, junta-se uma turma e a festa está garantida.. Muito, muito bom!!
Eu, Moreno Veloso e os outros foliões pipoca precisamos agradecer aos integrantes do bloco pelo show que eles pagaram e nós estamos assistindo sem pagar. Ou será que é de graça?
A rua também não é de graça. O folião pipoca aluga a rua para os blocos e recebe em troca o show.
Os camarotes se pagam e os trios independentes tb. As variações se completam e se equilibram. É a lógica precisa do capital. Nada é de graça.
O estado deve moderar para que o aluguel da rua se faça valer.
Eu riu para não me aborrecer com a demagogia pseudo-intelectual de quem não sabe fazer uma conta de padaria quanto mais um projeto de viabilidade contra a corda e o camarote.
Gil, a violência vem decrescendo no Rio em números absolutos (pelo menos o indicador “número de homicídios” não pára de decrescer. Em São Paulo decresce mais ainda. Em Salvador, ao contrário, cresce. No entanto, a violência no carnaval vem decrescendo ali - e neste ano foi lá pra baixo. Não houve homicídios relacionaods ao carnaval. Mas o mais importante é saber que esse número sinistro DECRESCE em São Paulo e também no Rio. Alguém tem de pegar esse embalo e surfar nessa onda.
Barbara, you are bilingual? Maybe of Mexican descent? Or Puerto Rican? An American friend once told me your English comments read a little foreign, in her words “sometimes even more stilted than yours” (saying that to me). By the way, I read a long article in the New York Times Magazine about reactions of men and women, both gay and straight, to images of male and female nude bodies, sexual intercourse between man and woman, two women, two men etc., and the result was that straight men only get excited at the vision of women’s bodies, scenes of heterosexual sex, or between two women etc., while gay men only got aroused at the sight of man-man relation (or male nude); as for women, they seemed to be aroused by all kinds of sex combinations. Men were also very true to their reactions as detected by electronic devices (they all had electrodes adapted to their brains and sexual organs): that is, their spoken report often coincided with the resulting graphics. While women were often incoherent. I found the whole story a little weak, but at least I found it interesting to know that men who are more defined in their choices are more intensely sexual, while women who are more intensely sexual get horny at the most varied kinds of images. They didn’t say anything about voice.
Na região do pelourinho, centro histórico de Salvador, há um carnaval “à antiga”. Moreno levou Rosa este ano. Bandinhas de trompetes, saxes, trobones e tubas, batucadinhas, mascarados, tudo. Tem isso também. Já fui lá algumas vezes. É legal. Mas sofre do mal de só tocar “Olha a cabeleira do Zezé”, “Se a canoa não virar”, “Jardineira”, “Alalaô”, “Mulata bossa-nova” e “Bandeira branca”. Há umas 5 mais. No Rio é assim. No Recife são frevos mil, em geral sem letra, bem-tocadíssimos - e a turba dança com muita energia acrobática.
Gil com certeza você não saiu em nenhum bloco no Rio.
Guilerme, você estava no Cordão? Nossa! Meu terceiro ano de Cordão. Muito bom!
Para o Rio falta apenas que os governantes olhem para o carnaval de rua. Este ano o prefeito exigiu dos blocos uma contrapartida. Como assim, né!? Que outra contrapartida além de alegrar os foliões?
O Problema não é a pipoca carioca, são os políticos e empresários cariocas que ainda não miraram as possiblidades.
Hola, chicas (y chicos)!
Lo siento que no respondí antes. Estoy muy tarde. Gracias a Heloisa por recordarme.
Yo leí con mucho interés los comentarios de Lucre. Sus reacciones a la música son muy interesantes. ¿Pueden Vds. leer el inglés? Yo encontré un capítulo de un libro sobre las reacciones a la música — físicas y emocionales.
Espero que funcione este link: http://books.google.com/books?hl=en&lr=&id=RqNVshbRkmEC&oi=fnd&pg=PA141&ots=yjhUnx5HcI&sig=-GsNxNqB5ySIMMRXUA7uI_8DA1o
La autora dice que las reacciones emocionales pueden ser individuales. Por ejemplo, mi reacción a la tema de Cinema Paradiso es éxtasis en vez de tristeza. Pero ella dice también que los científicos creen que los oyentes pueden ter reacciones a la emoción de la música propia, no a las memorias individuales de los oyentes. Puede ser que nuestra Lucre es especialmente {empathetic – Yo no sé esa palabra en español.}
Yo sospecho que haya diferente con los hombres. Pero no he encontrado estudios científicos. Puede ser que hayan demasiados variables a medir.
Pero claro que sí, yo quiero participar en el estudio sugerido por los comentarios de eXequiela… Los científicos van a medir nuestros cerebros mientras que escuchamos a la música de Caetano y comemos el chocolate. Sign me up now!
Caetano, I hope you don’t mind our hijacking your blog for this discussion. I did enjoy your reminiscences about Carnaval, past and present, particularly your personal reactions. You are very affecting when you write about your experiences.
Acabei esquecendo, o ponto alto do carnaval em Quintino era o bloco do Flamengo, ficávamos lá esperando aquele time horroroso ( Zico, Adílio, Mozer, Nunes, Tita, Leandro, Raul, Andrade, Junior, etc…) dar algumas voltas na praça e voltar para casa dos pais de Zico. Quanta tristeza e ódio esse time causou a um pobre botafoguense.
Vellame,
pode rir ou se aborrecer. sou contra às cordas por princípio: é uma privatização do espaço público, ainda que de modo ambulante.
Acho que alguma coisa nós aqui de Salvador deveríamos aprender com o carnaval de Recife - que dá um show de descentralização e que permite que o folião brinque sem ter que pagar para estar dentro de um cordão de isolamento.
a, e, i, o u.
rolou bloco de tudo quanto é tipo aqui no Rio.
o gigantes da lira é uma graça!
Rancho Flor do Sereno. Empolga às 9. Mariocas. A Rocha da Gávea. Me Beija Que Sou Cineasta. Cacique de Ramos. Me Enterre na Quarta. Buda da Barra. Porre Certo. Songoro Cosongo. Bloco Se me Der eu Como. Me canta que Eu Canto. Mulheres de Chico. na cinelândia virginia lane e outras/outros das antigas. batuques em latinhas pela rio branco.
Há 3 anos que brinco o carnaval no Rio e vejo sempre a mesma felicidade.
“E tem muitos, muitos. Tantos e pra tantos gostos!”
É uma baita mentira essa história de que os blocos não divulgam horários. Sempre escuto falar isso, mas nunca vi acontecer. Os jornais divulgam em cadernos especiais a relação dos blocos e os horários de concentração.
Oi, Caetano e pessoal.
Zizek realmente disse no Roda Viva não gostar do carnaval e sim de ordem. E disse que Auschwitz e o Gulag foram também “carnavais”: inversões.
Foi uma provocação: parece que ele usou o conceito de carnavalização daquele livro do Bakhtin, mais do que pesquisou o carnaval brasileiro.
gil,
obrigado pela referência lá no outro post.
Meu velho cão morreu essa noite. Decidimos sacrifica-lo. Acreditamos que nosso apego era o que o mantinha vivo, a vida já não lhe interessava mais. Fica essa vontade de ter dito mais sem palavras, eu que sou ruim de afago. Mas acho que ele me compreendeu como acho que o compreendi também. Valeu. A vida é assim: é doce e dói.
O carnaval passou, estamos livres para renovar as tristezas.
A brasileira mineira Márcia Barros que casou com um português e vive em Portugal, gravou um disco singelo chamado Bossa Nossa que seria o melhor da pop portuguesa em ritmo de bossa nova, ou seja, canções portuguesas “embossadas” ( argh… eheh) …tem uma que toca no rádio e é tão bonitinha que mando a letra…
O Emerson Leal disse tudo. Gostaria apenas de ressaltar que têm música nova sempre em muitos blocos, porque têm escolha de samba, como nas escolas. Mas não têm sucesso de verão…é outra onda…É curtição mesmo! E deixa assim, porque assim é que é bom!
Sí al Carnaval de Brasil!!… que no tenga fin y guarde su encanto… que todavía no lo conozco! Además, no vaya a ser que la tristeza no tenga fin ni la alegría comienzo! Perdón por mi ignorancia: qué es un bloco??? (JAAAAAAAAAA-HAAAAAAAAAAAAAAAA)
LeAozinho, al final no entendí: quién tiene más in-tensidad sexual-sexualidad in-tensa… el hombre o la mujer? la mujer o el hombre?. Quién es más coherente?.. la mujer o el hombre?, el hombre o la mujer?….. Que sigan in-vestigando nomás… a ver si algún día se hace la LUZ!!!!!
Sí Glauber!!!!!!!!! Vos también recibiste un message in a bottle de esa suiza des-almada e in-sensible que tiene raptado a Joauudo?… El mío decía que está por des-nutrirse así que mejor que pronto vuelva a escribir alguito para nutrirse …o lo perdemos!!!!!!!
La simetría de la cara también es clave y según concluyeron investigadores británicos en un estudio publicado en la revista científica PLoS, esto sería una forma que tiene el ser humano de buscar la mejor pareja posible, ya que los rasgos simétricos sugieren que esa persona es portadora de mejores genes y que, por lo tanto, se trata de un buen compañero para reproducirse.
De hecho, una mala nutrición en la vida fetal dejaría rastros asimétricos e imborrables en el rostro.
En entrevista con “El Mercurio”, el profesor Gallup explica: “El sonido de la voz de una persona es un medio que entrega importante información biológica. Hemos descubierto que el sonido de la voz puede usarse para predecir la apariencia y el comportamiento de una persona”.
Hormonas sensuales
Parte de las investigaciones más llamativas de Gallup demuestran cómo el ciclo reproductivo influye en lo que se considera una voz sensual. “El sonido de la voz de la mujer cambia durante el ciclo menstrual. Cuando está ovulando, su voz es más atractiva. Esto pudo haber servido durante la evolución humana para sincronizar la inseminación con la ovulación, y así maximizar las posibilidades de reproducirse”, explica.
En la misma línea, otros expertos postulan que una voz masculina grave se relaciona con una alta cantidad de testosterona en la pubertad.
Pero eso no es todo. Incluso el olor que el cuerpo secreta es un arma para atraer al sexo opuesto, según explica desde Viena la doctora Elisabeth Oberzaucher, miembro del departamento de Antropolgía del Ludwig-Boltzmann Institute for Urban Ethology : “Hemos hecho experimentos con androstenona y copulina. La primera es una feromona masculina, la segunda es una mezcla con ácidos que produce el mismo efecto de las feromonas.
Cuando a las mujeres se les da a oler la androstenona, el olor les parece más atractivo cuando están ovulando. Por su parte, la copulina desencadena la testosterona en los hombres, y cuando están expuestos a este olor, pierden la habilidad de distinguir entre una mujer más o menos atractiva. Todas les parecen sexys”.
Las voces masculinas graves suelen llamar la atención por su tonalidad. Eso es lo que ocurre en nuestra sociedad occidental. Pero la antropóloga Coren Apicella, de la Universidad de Hardvare, ha estudiado a los Hadza, una población de cazadores y recolectores de Tanzania, y parece haber llegado a una conclusión mucho más interesante.
La voz de las mujeres experimenta cambios tonales según ésta esté atravesando un ciclo ovulatorio, según han descubierto científicos de la Universidad estadounidense de California. Aparentemente estos cambios en la tonalidad de las voces femeninas tienen un efecto de atracción para con los hombres, asegurando así la actividad sexual durante su ciclo más fértil.
Pidiéndole a 69 mujeres que grabaran sus voces en distintas partes de su ciclo ovulatorio, los científicos de la Unviersidad de California consiguieron ver que a medida que se acercaban a su ciclo menstrual, el tono de voz de las mujeres se iba incrementando, mientras que dos días antes de la ovulación éste alcanzaba su clímax, justo en el período en el que las probabilidades de quedar embarazadas son mayores.
Curiosamente, hace un tiempo se había descubierto que en lo que respecta al sexo masculino, las voces de los hombres que son más graves resultan más seductoras para las mujeres, y que los hombres con tonos de voces más bajos tienen más hijos, pues para las mujeres (inconscientemente, por supuesto) esta voz representa al hombre como un ser más agresivo, saludable y como un buen compañero sexual.
Una voz más viril
Según el otorrinolaringólogo Andrés Ortega, del Laboratorio de Voz de Clínica Las Condes, los chilenos tienden a perder aire al final de las frases, lo que hace que el tono se vuelva más agudo, y por lo tanto, menos atractivo.
Sin embargo, gracias a ejercicios es posible disminuir algunos tonos, e incluso hay pequeñas cirugías que permiten rejuvenecer la voz.
Yo siento, que mi “alma” tiene todas las edades, menos una: la de mi cuerpo. E a tua?…eu acho que…mmmhhh…..me iré de ti, por algunas horas?, pero tu no te vayas de mí. Porque me iré de ti como me voy de todo, sin que nada se vaya de mí. (Lee, imaginando en un “tono atractivo”…mmmh!,mmeeejoorr me voy).
Beso, sin tono. Vero Veriño.
Carnavais farão sempre,ela pipocar dentro do meu coração.
Ela que era uma adorável biruta.
Que outra mãe teria coragem de pegar o filho mais velho,e o filho mais novo (eu) ,agarrados na saia e carregar até a Praça Onze,pra curtir a folia dos anos 60 ?
Um dia – e há sempre um dia – irrompeu,sabe-se lá de onde ou por que,a cavalaria montada,no meio dos foliões.
E a Dona Maria,abraçada aos seus dois pintinhos,o coração pulando dentro da boca,encostada num muro,de uma daquelas ruas laterais,mal iluminadas,enquanto a multidão corria e gritava de um lado pro outro,sem destino.
E assim termina a história dos nossos carnavais na Praça Onze.
Como eu disse ; ela era uma adorável biruta,não uma irresponsável biruta.
Você me conhece?
Zii e Zie, estamos a espera do disco…
HERMAN- ESSE Q VALE
Luedy, my darling
Cordões de isolamento aborrecem alguns (como nós), mas não dá pra dizes que isso é lógica capitalista.
Os maiores cordões de isolamento são os que separam e isolam países inteiros do resto do mundo, uma lógica do comunismo. O Muro de Berlim foi o maior cordão de isolamento da História recente.
Há cordões, muralhas e paredes em todas as “lógicas” da humanidade. Entendo quando Caetano diz que isso vem de outros carnavais. O dilema é que o grande Carnaval de hoje se divide em folia e mega-espetáculo. Como espetáculo e evento ele não tem como escapar de uma logística (diferente de lógica), que inclui, custo, segurança e viabilidade operacional.
Também não é a minha vibe, por isso prefiro São Luiz do Paraitinga.
Recife parece um alento. Bacana co contraponto que Caetano faz entre a vocação “novidadeira” baiana e a folia waldorfiana de Recife. Acho que o Carnaval vai evoluir nessas duas frentes. Grande espetáculo com boa infra-estrutura e bagunça sadia de blocos temáticos e cidades do interior.
O interessante (e Caetano me fez pensar nisso) é que, mesmo na TV, o mau gosto dos concursos de fantasia dos salões e clubes está em franca decadência. Há menos interesse no Carnaval de baixarias também. O baixo IBOPE da Rede TV mostrou isso. Travecos siliconados dançando com Big Brothers não estão mais em alta.
Fora os interesses sociais e antropológicos, o que mais me magnetiza no carnaval ainda é a música popular ser o centro hormonal de tudo. E nesse aspecto, parece que está rolando uma diversidade maior. A volta das marchinhas e blocos. O frevo desbocado. Os grooves diversos.
Esse mix de ousadia e tradição é algo muito original do Brasil. Não somos adeptos do folclore. Somos pouco conservadores. Essa é a nossa maior virtude e o nosso maior vício. Uso aqui a expressão “conservador” sem ser pejorativo. Da mesma forma que somos atrevidos e adeptos da transformação (virtude), somos depredadores de patrimônio público e cultural (vício).
O Carnaval é a grande festa onde algo muda e algo se conserva. A construção do Sambódromo assustou porque foi uma mudança gigantesca. E foi criado por um comunista! Mas é claro que ele promoveu uma maior inclusão do carnaval e das pessoas (foliões e público) no espaço urbano.
Transformação eTradição . Novidadeiros do axé e molecada revendo velhos frevos. O Carnaval ainda é o elo trans-temporal mais atávico e sincero do Brasil.
O pior cordão é aquele que fazemos dentro da gente separando a vocação comercial, turística e grandiosa do Carnaval, de sua ligação atávica ao “passado de glórias”. Sem essas duas vertentes, parece que não há bom carnaval.
E, acredite, não há cordão que separe meus pensamentos dos teus nessa folia virtual. O resto, é “gente sem graça no salão”.
Grande abraço
Salem
Caetano,
O arremate final de Mau Gosto, ao refletir sobre o sentimento das pessoas de dentro do Bloco e justificar o forte argumento de “um frevo novo” posto lá do meio do texto, além de mandar a gente (nós – com exceção do Moreno e Júlio Vellame) sem graça pro salão, é perfeito no sentido de se pensar a complexa sociologia da maior festa de rua da Bahia.
Conheci já tarde o carnaval em Salvador. Por isso, sempre que me aproximo da multidão tenho uma sensação sindrômica de pânico e a idéia de que vou cair do 5º andar do apto. na Avenida Sete onde fico, suo morno, me arrependo de ter ido e depois fico feliz. Algumas coisas em Salvador me irritaram este ano, quer sejam: 1) a especulação arbitrária do grande público para o fato de “Dalila” significar cocaína e ouvir, sempre que o trio da Ivete passava, piadas do tipo: “já prenderam quem pegou Dalila, comé que eu vou buscar? (RISOS, RISOS e RISOS)”, é impossível imaginar que o Brown que é um príncipe, muito solícito quando o entrevistei para a Revista Dorotéia, fosse capaz de tamanha grosseria; 2) a presença de um pacífico Filho de Gandhi que,sem prerrogativas, descarregou sobre as costas de um rapaz (este sim em paz) toda a força do seu braço banto e 3)O comentário da apresentadora da Noite da Beleza Negra do Ilê Ayê onde se elege a Deusa do Ébano (pouco antes do carnaval, mas no contexto). O fato é que a apresentadora chamou ao palco as impressionantes Deusas do Ébano desde 1978 (acho que foi) até 2008 e justificou a ausência de muitas delas por razões diversas, dentre as quais, a mais grave delas, segundo a própria: tratava-se de mulheres convertidas ao protestantismo cristão – fato considerado pela apresentadora como “um surto desgraçado que assola o Brasil”.
Não gostei. Fui iniciado no candomblé e assumo o posto de Assobá, mesmo cargo do Mestre Didi no Ilê axé Opô Afonjá, mas venho de uma família tradicional da Assembléia de Deus que me deu subsídios para que eu pensasse o mundo do modo integrador como o penso hoje. O ortodoxismo de minha avó, mãe e tias me põe ladeado com a realidade da hierarquia matriarcal tão comum no Axé. Por isso, quando aquela apresentadora disparou a dura afirmação, senti a mesma profunda melancolia de quando ouço um pastor da Igreja Universal dizer que Xangô, Oxóssi e Iansã são espíritos demoníacos. Ao final do desfile, procurei a mulher e quis fazer a observação para o perigo de sua fala. Ela me interrompeu: O sistema é bruto pro nosso lado, negão! Eu já não podia dizer mais nada, aquela mulher mal sabia que lutando contra este “ sistema” equivocado e gratuito sobre o qual me falava com convicção, ela é que se embrutecera a custo de sustentar a visão, muitas vezes deturpada e unilateral, característica de alguns movimentos sociais que alimentam a segregação em lugar da coletividade, a guerra em lugar do diálogo e o instinto bélico em lugar da comunhão.
Gey Espinheira dizia em suas aulas que o carnaval carioca é contemplativo, o da Bahia é mais participativo e o de Recife localiza-se na linha tênue onde os dois se encontram. Humilharam muito Preta Gil quando ela foi madrinha de bateria da Mangueira (?) - empurravam-na no sambódromo: “Samba, porra!” Nosso samba é de roda, é mais pisado.
Léo Santana, do Parangolé, é sensacional, além de ser belíssimo é o mais energizado de todos, acenou pra mim do trio, eu lá no 5º andar: Negão, você é pagodeiro que eu tô ligado! Balacubaco mexer balacubaco…
Júlio Vellame, Paulo Tabatinga, Emerson Leal e Luedy,
Não interpretem mal: sou apaixonado pelo Ilê. Mas aquela mulher me deixou confuso. Vai a música Agô, Ilê que eu fiz para o Mais belo dos belos . Daniela gostou da canção ( eu detesto ouvir minha voz), Margareth falou que era o seu tom:
http://www.youtube.com/watch?v=FHvzkdiKVTY
Té breve,
Wesley
Luedy,
Acabando com a corda como vc propõe, quem vai pagar os artistas, som técnicos etc etc etc?
Repito: o folião pipoca recebe de graça a rebarba do que o folião do bloco pagou. (estou reduzindo algo mais complexo como falei em meu coment anterior)
Oi, Caetano e pessoal.
Labi Barrô: gostei demais do seu post, realmente vc é uma personalidade! KKK
Me fez lembrar uma professora da faculdade, Jeanne Marie Gagnebin, que comentou que as mulheres na Europa podem ter cabelo debaixo do braço, mas aqui isso é considerado mau gosto.
Depois que ela falou, reparei isso em fotos e filmes. No filme Carmen, por exemplo, com frequência quando as dançarinas levantavam o braço…tava lá aquele tufo.
E fiquei imaginando o diálogo de Labi com José Fernandes Sobrinho, o Grande Inquisidor:
Zé:–Labi, você me excomunga? Me excomunga, vai!
Labi:–Já te excomungay.
Estou tb animado para ver o resultado do dia sem corda do Olodum ano que vem.
O que será que vai dar?
E aí, Gil, ficou impactado novamente? Aliás, com o que você ficou impactado mesmo no meu relato de um dos comments, do post anterior do Caetano?
Rafael, adorei saber alguns nomes de blocos do Rio. Se algumas amigas toparem, tenho vontade de lançar aqui algo semelhante às Mulheres do Chico, só que, aqui, o nosso bloco seria em homenagem ao Caetano. Cadê a Claudinha que não apareceu mais?
Maria
No Rio de Janeiro
Os Cordões, assim como os Ranchos, Blocos, Clubes e Sociedades, eram formados por grupos de foliões que invadiam as ruas do Rio de Janeiro durante o carnaval a partir da segunda metade do século XIX.
O nome parece derivar de um grupo de pessoas que se sucedem e não do fato de haver uma corda circundando os componentes. Entre a principal característica dos cordões estava o fato de ser formado por grupos de foliões mascarados com feições de velhos, palhaços, diabos, reis, rainhas, índios, baianas, entre outros, conduzidos por um mestre obedecendo a um apito de comando. Seu conjunto instrumental costumava ser excusivamete de percussão.
Os primeiros registros de cordões datam de 1886, quando é fundado o Estrela da Aurora, e 1895, com o Teimosos Carnavalescos. Em 1902 começa a Era dos Cordões na cidade do Rio de Janeiro, quando 200 cordões são licensiados pela polícia. Datam dessa época os cordões Estrela de Dois Diamantes, Filhos da Primavera, Filhos do Poder de Ouro, Destemidos do Catete, Maçãs de Ouro, Rainha das Chamas e Triunfo da Glória. Em 1906, o jornal Gazeta de Notícias organiza o primeiro concurso de cordões.
Porém, já em 1911, os ranchos começam a substituir os cordões no Carnaval carioca. Em 1918, surge o Cordão do Bola Preta, que na verdade nunca foi um cordão, mas sim um bloco que desejava, segundo seu próprio estatuto, “reviver as tradições dos antigos cordões”, uma mostra de que já àquela época os cordões já estavam praticamente extintos no Rio de Janeiro. Com a satanização dos cordões promovida pela elite intelectual do país, bem como pela imprensa, estes começaram a se denominar blocos, ou se transformaram em ranchos. Ironicamente, o primeiro concurso do qual participou o Ameno Resedá, o maior dos ranchos cariocas, foi a “Festa dos Cordões”.
Fonte: Wikipédia
que lindo Castelão…que lindo…somos da mesma turma mesmo. nós também fazíamos assim, as fotos amareladas ainda comprovam, éramos apenas como todo mundo era, naquele tempo as diferenças a gente conhecia de longe ou nem conhecia, outros tempos. Ficamos assim, sempre com o coração na mão. Viva dona Maria! Sua e Nossa pra Sempre! Viva!
Ricardo de Alcântara, poxa, meus sentimentos pelo seu cão. Estamos livres pra renovar alegrias também…força aí… ( pipoca aqui, ali, desanoitece e amanhã tudo mudou.)
valeu Her mano…obrigado pela deferência, foi melhor assim.
e pra não perder o ponto, olha os suecos aí:
The following statements were issued today:
Caetano, de fato, o carnaval é como diz sua linda Frevo Novo “…mete o cotovelo e vai abrindo caminho…”. Eu nunca havia passado um carnaval no Rio de Janeiro. Sou do interior, Angra dos Reis, lá as coisas acontecem num ritmo diferente. Dessa vez, estava aqui. Assisti a um ensaio técnico - sem exuberância, porém gratuito - no sambódromo, mas me “joguei” nos blocos. Tive a sorte de pegar um ano especial neste sentido. Não disposto a pagar algumas dezenas de reais pelo ingressos para a Sapucaí, segui diversos blocos na Cidade Maravilhosa. O encerramento foi apoteótico! Monobloco no último domingo, da Praça Mauá à Cinelândia. Milhares de pessoas pintando o asfalto da Rio Branco. “Tambor de todos os ritmos” em cima do trio elétrico, e muita animação de quem seguia, em paz. A estrutura do poder público ainda é inexistente, visto que tudo fica por conta da Apoteose, mas oc omentário que mais ouvi nos dias de folia de quem já brincou muito por aqui foi que, definitivamente, o Carnaval de rua do Rio voltou para ficar. O desfile oficial das escolas de samba agora tem concorrência. Um pouquinho mais de organização, que pode ser aprendida junto aos baianos, e mandaremos toda gente sem graça direto para o salão, porque a rua é do sorriso.
Marcos Lacerda, tenho de repetir que meu sonho é fazer um disco de antologia da axé music. É uma tradição que não deve nada à das marchinhas e sambas de carnaval do Rio dos anos 40 e 50. Amo o renascimento dos blocos, torcia por isso. Espero que o repertório que virá seja tão vital quanto o que se desenvolveu em Salvador dos anos 70 até agora. Boa sorte para nós todos.
Luedy, o espaço para o folião pipoca de Salvador NÃO está ficando cada vez mais reduzido: eis exatamente a essência do meu post. Quanto a ser contra as cordas: você pode, mas cordas sempre houve. Cordão é sinônimo de bloco. Perguntei a um amigo no Recife se ali os cordões tinham sido proibidos. Ele me disse que não. Prefiro assim.
Asa Branca… Quando eu cantei agora com Naná, lembrei que, ao cantá-la no Recife quando voltei de Londres, fui vaiado pela imensa platéia do ginásio de esportes onde me apresentava.
Bueno. Yo creo que Viro nos proveyó la información definitiva sobre la voz y atracción. Muchas gracias por hacer tanto trabajo. I’m blown away! Pero yo sospecho que los chilenos no vayan a aceptar las conclusiones. Yo viajé por Chile en 1978. Todavía me recuerdo de un hombre muy atractivo. (Pero no me recuerdo de su voz.)
Caetano, estoy de acuerdo con Vd. Todo esto me parece un poco dudable. Al fin, es posíble que hayan demasiados variables (sociales, físicos, emocionales, e individuales) para deducir conclusiones. Yo noto que los científicos no se mencionaron nada de los efectos atractivos de hablar de los libros… No estoy convencida de nada ahora.
Caetano, I was very amused by your friend’s observation that my English is a little foreign and stilted. What a hoot! Perhaps she isn’t fluent in Okie. Or she doesn’t fully appreciate Academe-speak. (Who does?!?)
I’m used to it actually. Up until my current job, I spent most of my working life in international organizations. On more than one occasion, people from other countries told me they were sure I must not be American. Perhaps I shouldn’t have, but I took that as a compliment.
Or perhaps your friend is picking up on the extreme measures I take here to NOT offend. When you live in the United States, you get used to offending practically everyone. You just wake up in the morning and figure you’ve probably already offended someone. I’VE even been offended by my country in the last 8 years. Glauber noted once the anti-american undercurrent in many of the comments people post on this blog. I’ve certainly noticed it. I don’t take any particular joy in offending people, so in a situation like this where I may be the only native U.S.ian posting comments (in English, even!), I bend myself into pretzels to avoid saying anything offensive.
Or maybe … I just can’t write English!!
Caetano, então Zii e Zie nasce em abril. E o lançamento será mesmo em São Paulo? Por que não em BH…? Just kidding. Minha irmã, que é mais esperta do que eu, disse que você não gosta muito de minha cidade. Estranhei, mas depois me lembrei de um comentário pouco lisonjeiro que você escreveu aqui, e foi preciso concordar. Que pena. E nós que te amamos tanto!
Você reparou que chegamos a um consenso em nossa última discussão? Inacreditável, se tudo é neblina sem claridade entre nós. Um descalabro.
P.s. A menina da ria existe?
Lucre, desculpe-me pela troca de sua nacionalidade. É que, infelizmente, não sei diferenciar as várias formas do espanhol. Uruguaia sim, como minha querida algoz. E com orgulho, moça!
Ah, e Zizek: ele diz sim que Stalin é carnaval, inversão, de fato refere-se a Bakhtin, pouco deve conhecer do carnaval brasileiro. Li o livrão dele defendendo “causas perdidas”, que, aliás, são as mesmas de milhares de jovens desavisados que falam comigo. Zizek gosta de Robespierre, Stalin e Mao, contra a sociedade liberal moderna. Ele também diz que a mulher de véu e vida limitadíssima do mundo muçulmano está protegida contra virar “objeto”. Ele também, no mesmo livrão que li (”In Defense Of Lost Causes”), diz que, ao contrário de Toni Negri, prefere Chávez a Lula. Eu, nesse caso, prefiro Negri. Brigando com a esquerda brasileira, sinto-me à esquerda de Zizek.
Sim, mas… e Paglia? Nenhuma palavra sobre? Fale, algo, homi!
Chegamos no Brasil dia 22 e fomos passear por ai, toma rum pouco de sol para ver se o gelo derretia, fiquei sem internet e sem celular também, aos poucos vamos voltando ao normal.
A primeira vez que o Franco veio ao Brasil ele somente falava em ir ver o carnaval do Rio de Janeiro, na época a sensação que tinha é que o Rio era o único lugar que existia por aqui. A este ponto devo confessar que fiquei com um pouco de medo de leva-lo ao Rio, embora morasse em São Paulo que também era bem violenta, o Rio me provocava um medo diverso, talvez por não conhecer suas artimanhas, o que para mim era familiar em São Paulo. Para minha sorte, naquele ano, estava quase uma epidemia de dengue no Rio e saiu ate uma material num jornal virtual sobre o pronunciamento do ministro da saúde que pedia para que os turistas tomassem muito cuidado, como o Franco é medico e europeu (ou seja morrem de medo dos nossos mosquitos) não foi difícil convence-lo a não irmos ao Rio. De qualquer forma, me senti culpada então reservei uma mesa no sambódromo de São Paulo, assim nem tudo estaria perdido. O interessante em São Paulo é que atrás das nossas mesas e também na frente estavam as arquibancadas e a vibração popular, o que ao meu entender é o que da a autenticidade ao carnaval, podia ser sentida em toda a sua plenitude. O Franco ficou mudo, e eu me preocupei, pensei que talvez não estivesse agradando, mais quando perguntei se ele estava cansado, afinal tinha praticamente chegado de uma viagem de quase 15 horas, se queria ir embora, isso as 3 da madrugada, ele foi taxativo: não de jeito algum estou tão maravilhado que não tenho nem palavras por isso estou quieto (ele parecia uma coruja).
E eu que sabia que o carnaval no Rio era muito superior em termos de apresentação de escolas de samba, me senti ainda mais culpada, imaginando ter furtado dele o espetáculo ainda maior. Mais ele estava feliz, e no final ficou tudo bem.
No ano seguinte, não tinha como não leva-lo ao Rio, na semana que ia chegar o exercito ocupou as ruas do Rio, eu nem falei nada para ele porque não queria mais me sentir culpada, venci o medo e lá fomos. Sempre pensando no que seria o melhor para ele comprei ingressos num setor que me disseram que era especial para turistas, pensei que fosse mais seguro e achei que estava no caminho certo. O carnaval das escolas de samba do Rio é um espetáculo inigualável, o Franco acho lindíssimo mais ao mesmo tempo me disse que ele sentiu que o de São Paulo era mais legal por causa da participação popular. O problema nesse caso foi que este tal setor turístico fica longe das arquibancadas e ali estava um monte de turistas “corujas” que somente ficavam olhando sentados em suas confortáveis e acolchoadas cadeiras vermelhas. Mais tudo bem, depois fomos andando por ali ao lado do sambódromo e ele viu algumas coisas que nunca tinha visto na vida, que é um comercio de tudo, com pessoas muito simples, alguns sambistas com meias fantasias, enfim, um mundo muito diferente, então ele gostou também.
Estou ensaiando leva-lo para Salvador faz anos, mais não sei se ele iria suportar uma multidao junto com o calor. Estivemos em recife e Olinda em setembro do ano passado e ele gostou muito, tambem tenho curiosidade de passar um carnaval no frevo.
Eu qeria muito mostrar um carnaval de salao ou um bloco de rua mais aqui na cidade que temos nossa casa no interior de São Paulo isso já não existe mais, o que é uma pena.
Labi carissima e eu que pensava que este negocio ai era so para talianos… hehehe… mais te falo uma coisa, tenho a impressao que este negocio de assoar o nariz seja encarado como uma necessidade fisiologica por isso tenha esta conotaçao de coisa normal. Mais a gente se assusta mesmo.
Beijos a todos
Boa Noite blogueiros de plantão…
Noticia de ultima hora no link abaixo:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u530759.shtml
Lancamento do cd novo de Caetano Zie and Zie, ou algo do gênero.
Em maro tereos novidades…
Abraços a todos,
Carias.
Vai ver foi preso outra vez.
Oi, Caetano.
Uma sugestão: quem sabe o disco não muda de nome e vira:
Zii & Zek?
kkk
Caetano, preciso esclarecer e corrigir a minha postagem:
Camille Paglia acenou para mim do alto do trio de Daniela. Ela tinha escrito um texto forte sobre a cantora baiana. Vocês lembram da paixão intlectual que ela nutria por Madonna. Pois, ao ver Daniela (creio que num DVD), Paglia decidiu que esta representa muito melhor o que ela vira em Madonna no início da carreira. É um elogio entusiástico e firme. Depois de surgir sob a luz de Harold Bloom, Camille caiu sob a mofa da esquerda acadêmica americana - desconfio que mais pelo que tem de realmente interessante do que pelas suas falhas. Seu texto de glorificação de Daniela só ganhou da imprensa brasileira uma nota grossa da neo-conservadora revista Veja. Se ela tivesse escrito sobre o apartheid racial que representam os camarotes e blocos do carnaval soteropolitano teria encontrado espaço amplo na Caros Amigos, na Folha, na Piauí e na Veja. Mas eu sempre me irritei com o gosto que Paglia tinha em desrespeitar minha amiga Susan Sontag - uma intelectual muito superior a ela. Ela é legal assim mesmo. Prefiro Paglia destratando Sontag do que o reacionário Tom Wolfe fazendo o mesmo. Gosot do que Paglia escreveu sobre a promiscuidade entre os homossexuais masculinos. Gosto do que Paglia escreveu sobre as feministas quererem a nova mulher, independente, mais protegida do que as puritanas que não falavam “fuck” o tempo todo. Gostou, Tomas Baraldi?
Ah ! Os descaminhos da filosofia …
Sócrates,cujo Oráculo de Delfos,apontou como o mais sábio dos homens,fazia filosofia,caminhando pelo grande mercado da Grécia,e simplesmente,interrogando as pessoas ; políticos,médicos,mas principalmente,o homem comum.
Quanta diferença,para os contemporâneos filósofos de gabinete – ao estilo Zizek - sempre defendendo teses de mestrado e invencionices,em oposição à outros filósofos de gabinete.
Academia virou sinônimo de estruturas burocratizadas,distanciando-se da sua fonte de inspiração inicial,nos “Jardins de Academo”,que era onde Platão e sua turma,se reunia pra bater um papo,igual aos que a gente faz no quintal da nossa casa,com nossos amigos.
Aristóteles e sua galera,pegavam qualquer coisa – uma poesia,um texto,um post – liam-no,e simplesmente saiam passeando pelas ruas da Grécia,discutindo,com quem pintasse pela frente,num jogo rico e participativo,que ficou conhecido,pelo pomposo nome de “Peripatética”.
Nada de salinhas fechadas,onde a população agora aparece no máximo,na condição de,campo de pesquisa,ratos de laboratório,prontos à legitimar teses de doutorado,esdrúxulas,na maioria dos casos.
À quem interessa saber se Zizek gosta de Robespierre, Stalin e Mao,ou se não gosta de carnaval ?
Certamente à ele mesmo,que dessa maneira justifica,ou melhor,mistifica,sua “profissão de filósofo” dando munição,à quem se deleita com disputas intelectuais.
Se é pra jogar,prefiro os games irados que tem na net.
Elitizaram a feijoada,a lagosta e a filosofia.
Pergunte ao seu vizinho o que ele pensa sobre a justiça,política,futebol,tudo enfim,e deixe ele desenrolar,contradizer,refazer,desmontar,pensar.
Era assim que o mais sábio dos homens fazia,e refazia com humildade ,à ponto de contestar o próprio oráculo,dizendo “como posso ser o mais sábio,se tudo que sei,é que nada sei ?”.
Tirar a filosofia desse contexto,é desperdiçar a mais poderosa ferramenta que o ser humano possui para transformar o mundo em si mesmo.
Castello.
Luedy, Wesley e Salém: relí meu comment inicial e ele está mesmo ruim demais. Desculpem. Desculpe Caetano tb pela outra comunicação.
Penso aquilo mesmo contudo escrevo como um oficial da SS.
Eu pulei Carnaval 99% das vezes na pipoca. Desde pequeno quando minha mãe levava agente. Ela levava agente para tudo.
Depois com os colegas desde uns 12 anos. Detalhe: eu tenho 1.60m (às vezes falo 1.62) ou seja “um frevo novo” é o meu carnaval.
Já saí no bloco tb algumas vezes. Só é chato quando vc tá em momentos de pausa e tem que marchar. Na pipoca vc se encosta e vai conversar. Paquerar no tempo de solteiro. Na pipoca a dinâmica é bem melhor.
Nunca nem pensei a favor ou contra as cordas. Elas sempre existiram no meu carnaval e nunca me atrapalharam. (talvez somente por que já estavam lá desde o começo…)
O bom mesmo é de Ghandy na pipoca….
Contudo isso nada tem a ver com o que eu escreví:
Alguém tem que viabilizar (olha como estou mais light) o MEU carnaval de graça. Lí o livro “seminários de carnaval” editado pela UFBA e não tinha uma linha explicando como vai ser a viabilidade desse carnaval 100% pipoca.
não há nada certo sobre o lançamento de zzi e zie. quando houver, aviso. já disse que vai ter post só sobre isso. aguardem. não é infundada a notícia da folha: hermano nos pôs em contato com alê do studio sp e eu adorei a ideia. mas nem ele nem nós sabemos se será viável. esperemos.
eXequiela,
“a música é a única arte que nos ataca pelas costas”, escreveu Millor Fernandes, grande desenhista, humorista e escritor brasileiro.
Gente, as cordas nos blocos nunca foram exclusividade da Bahia. Sempre as houve em toda parte. Na Bahia também tem blocos sem corda. Há também, em áreas mil da cidade (mas concentrados no centro), com ou sem corda, blocos improvisados, foliões inventivos solitários, grupos de violão, tudo. Comento os blocos de “abadá” e os camarotes porque quero ajudar a quem fala sobre o assunto a pensar. Dar um simancol na demagogia.
é, glauber, também tenho medo de controle da rede. acho que o partido comunista da china ia adorar esse esquema. mas prefiro auguso de campos que se diz feliz com a existência da net: pode-se ver/ouvir poemas de pound e cenas de erika badu no youtube.
“…indústrias da música, vídeo e livros querem que o Governo acorde com os operadores de telecomunicações (ISP) o corte do acesso à Internet aos utilizadores que disponibilizam (fazem upload) ilegalmente conteúdos na rede, bem como aos que façam download em larga escala…”
não te dá uma sensação de déjà vu? uma arbitrariedade pior que colocar um guarda em cada esquina…e ainda há quem dê pulos de alegria quando se trata de reprimir, proibir, espionar, amedrontar, enfim…certamente, é mais fácil reprimir que usar a criatividade [se é que ela existe] para superar obstáculos. tô cansado do poder da grana dos bigshots e seus exércitos. libertas quae sera tamen.
mas tem grilo, não. o tropicalista raul seixas [sobre isso falo depois] já dizia: “cê mata uma, vem outra em meu lugar”. querem reprimir a esse ponto? nada que um boicote organizado mundialmente na rede e a invenção de outros métodos de democratização não resolvam. importante é lutar a guerra que vale a pena, não?!
se for possível, seria legal que a gente soubesse com certa antecedência sobre a data do show de lançamento em sampa. quero ir lá te ver. baci!
Gil,meu amigão gente fina
Guardarei os “Vivas”que voce enviou à Dona Maria,como uma das grandes emoções sentidas aqui na OeP.
Obrigado,de coração,meu irmãozinho!
Heloisa, gosto de Belo Horizonte. Lembro de quando comecei a conhecer as capitasi brasileiras: só não gostei de Curitiba e Cuiabá. Estranhei Fortaleza. Depois aprendi. Preferi Recife e Belém a tudo o mais. Nos anos 70, passei a adorar Curitiba. E nos 90, Cuiabá. Aquela tinha mudado de modo espetacular com Jaime ALerner, esta mudou de modo ainda mais impactante com o crescimento econômico das últimas décadas (e sou louco pela Chapada dos Guimarãzes, que fica ali pegado). BH sempre foi nobre e rica e interessante. As ladeiras, o parque em frente ao hotel, as ruas com nomes de estados brasileiros, A COMIDA!!!!! Definitivamente sou louco por Belo Horizonte e pela hospitalidade mineira. Falo da doméstica. A pública: tenho dito, desde os anos 70, que o melhro público brasileiro oara shows é o de BH. Com o Cê não foi assim. Mas nada mudou para mim.
Deus meu, a mulher era fã de Madonna e agora descobriu que Daniela Mercury existe, graças a um DVD! Fico com o não-fato.
Mas Caetano, “só uma nota grossa” não. A revista é bem ruim mesmo, mas ela tava lá nas amarelas da Veja e falou o tempo todo (bem) de Daniela Mercury (e muito mal de Madonna). Ela (Paglia) parece ter dormido uns dez anos e acordado só agora. Se vir a Cláudia Leitte ou Ivete é capaz de dar cambalhotas triplas de costas rsrs
Coibir troca de arquivos P2P é impossível, arrumem outra bandeira pela qual lutar. Para muitos adolescentes “comprar disco” ou música nunca fez parte das suas vidas - nem nunca fará. Eles podem receber de bom grado música (através de senhas, por exemplo) junto com um ingresso de show, com um celular ou notebook novo etc. Comprar? Esqueçam. Estranham o que seja um CD (gravado) e mais ainda um LP, infelizmente.
Saudações!
Nos enseñan a hablar…. nos enseñan a leer…. pero se pusieron a pensar que no nos enseñan a oír? El oído (o el tacto?) es el primer sentido que se desarrolla en un feto y no es el que último muere? Hay estudios que confirman que los enfermos en coma reaccionan al escuchar su música predilecta y aún a sonidos a los que estaban habituados (por ej: un canario). Lo último que hacemos con un ser querido que está muriendo es hablarle y acariciarlo… Probablemente el olfato sea un sentido igual de potente pero el poder (positivo y negativo) que tiene lo que entra por nuestros oídos es inigualable.
Podemos cerrar los ojos, cerrar la boca, taparnos la nariz pero…alguna vez no tuvieron el deseo urgente de no escuchar lo que otra persona les decía y además de taparse los oídos tuvieron que empezar a cantar o a decir “LALALALALALALAAAAAAAA” a los gritos para no escuchar de veras?!
¡Qué difícil es taparnos los oídos! No hay nada que entre por un oído y salga por el otro.
zii e zek
parece eu e meu ex marido tentando encontrar os nomes das gêmeas: branca e clara, amor! ops, acho que não
Caetano: tendo a concordar que a nova “gente sem graça do salão” está dentro dos cordões dos blocos tradicionais. Mas cabe uma reflexão: não seria este um comentário elitista `as avessas? Dito assim, parece que o monopólio do bom gosto é de quem é pobre ou local.
Abraço,
Vitor
Moro no rio há pouco tempo, vim para cá na metade do ano passado para começar a faculdade de cinema na PUC. Morava em Vitória, e o engraçado é que apesar de ser uma cidade proporcionalmente tão violenta quanto o rio, as pessoas, não por culpa delas - acredito eu - enxergam o Rio como um lugar sinistro, uma espécie de “Gotham City ” abrasileirada, e no entanto me surpreendeu muuuuuito o carnaval de rua daqui. O clima da cidade, é uma coisa indescritível. Em vários cantos, nas ruas, era samba e marchinha; crianças, adolescentes e senhoras que dançavam e cantavam as músicas. É algo bonito de ser ver… poético as vezes. E eu fico pensando, é paradoxal essa coisa do medo da violência no RJ, por que não me lembro de ter visto nem um pingo de preocupação no rosto das pessoas, via só uma exaltação muito democrática da felicidade. A neorose carioca do “medo”, estava bem distante dali… a semana do carnaval também me mostrou uma coisa muito especial do Rio de Janeiro, nas ruas de ipanema, que é onde eu moro, por uma semana deixou de existir uma separação social óbvia, até os moradores de rua da Visconde estava se esbaldando nos blocos daqui, junto com eles, os muleques do morro, o pessoal da Viera Souto, os intelectuais da livraria da travessa, enfim tudo junto. Foi uma semana enriquecedora… ou talvez tenha sido uma ilusão enriquecedora. Hoje já está tudo como antes, “cada um no seu lugar”…
Certa vez, e isso foi no ano passado, estava almoçando na casa de uma pessoa, e Caetano apareceu por lá, para minha surpresa… e me deu aquela vontade enorme de ir lá, conversar com ele, assuntos como o desse post por exemplo, e poder discutir sobre coisas… me arrpendi de não ter o feito. E é por isso que eu gosto de Blogs, principalmente esse… esse assunto me interessou muito depois do meu primeiro carnaval aqui no Rio.
Abraço pra vocês !
Castello meu bróder:
Oráculo de Delfos é conversa para boi dormir.
Sócrates foi o invertor do construtivismo (isso é minha opnião, não leve a sério) ele já tinha tudo pronto na cabeça e ficava conduzindo o diálogo. Assim como Zizek acreditava mesmo nos pontos nos ii. Inclusive crítico da democracia Ateniense e ficava tirando onda de Espartano (só onda claro).
Para eles existe a verdade. Ainda bem que existe gente assim com pontos e contrapontos. Se todos fossem como eu, relativizando tudo, mudando de opnião toda hora e fazendo perguntas sinceras sem ter a resposta na cabeça o mundo não andava para frente. (tou falando sério, não é ironia)
Eu já gostei mais do carnaval de Salvador. Mas devo confessar que já faz um tempão que não me animo muito a sair. Fico vendo pela tevê. Mas sei que sem a grana dos blocos de trio, não teríamos tanta música. Concordo com Vellame, sim. Mas não posso deixar de observar que os trios ganham uma dinheirama danada. Não foi Imbassahy (ex-prefeito de Salvador) que no apagar das luzes de sua última admnistração perdoou uma dívida enorme do trio do Chiclete com Banana? Me contaram isso, ou saiu publicado em algum lugar, que haveria ocorrudo esse “perdão” das dívidas do trio. Ou seja, se eles ganham tanto dinheiro, poderiam fazer um pouquinho mais pelo bem social comum.
Wesley: lindo seu comentário. Adorei o fato de vc também percer a importância da religiosidade evangélica - ao contrário de muitos militantes negros que tentam desconsiderar o que há de positivo neste movimento. Lembrei do Mano Brown que no programa Roda vIva demonstrou ser um evangélico de mentalidade aberta - inclusive condenando os ataques ao candomble por parte de certos setores neo-pentecostais.
abs a todo@s
luedy
faço coro com o marcos lacerda.
!Meu Rio!
“A Menina da Ria” já cantava em Noites do Norte. Que beleza! Anteontem (re)escutei essa canção e fiquei admirado com a suavidade e beleza.
bjs.
Luedy, seu texto é a sequência do meu DNA.
Mas…
Ainda sobre as cordas, dúvidas recorrem e recorrem:
- O ser humano é bom ou mau, sendo que a cultura civilizatória o transforma em mau ou bom?
- Considerando a natureza do homem como fica o sistema de regulação do grupo de humanos na Terra?
- Está claro para mim que Kant não explica tudo quando disse que a “nossa liberdade termina quando começa a do outro” (não foi bem isso que ele disse). Então, qual algorítimo explica tudo?
- O que é Deus para além da Física?
Cheguei de SAMPA e só deu pra ler o post de Caetano e mais nada, ressalvo.
Abs a todos.
Meu filho adolescente está dizendo que não é o Caetano que nos responde aqui.Ele não acredita que isto seja possível.
E considero que estou falando de liberdade também.
Fora isso, o pau quebra porque faz parte, mas com honestidade, respeito e coragem…e aguardando com ansiedade Zii e Zie.
Sorry for my writing. I try my best, though I barely write anything but scientific stuff in English. Maybe that’s why I like reading you.
BARBARA,
De nada, no me tomó ningún trabajo, lo hice con mucho gusto. Estoy de acuedo contigo, en NO generalizar la “afirmación” que declara el Dr. Andrés Ortega, pero fíjate que el propio doctor es “chileno”. Y si él lo dice…me pregunto que “voz” tendrá.
A veces, acostumbro mirar un programa que trasmite TV Chile, donde el “conductor” me parece de lo más “atractivo”, en orden de…”físico y VOZ”, y también como persona, me parece un ser encantador. Al menos, a mí me encanta!, sabés quién es?, no sé si lo tendrás en vista?, es el que condujo este año el Festival de Viña del Mar, te confieso que me gusta asistir su programa sólo por verlo a él, me “aníma” cuando lo “veo y oigo”, aaahhh! pero, NO MÁS! que mí “Caemío”…eeeehhhh!…en fin, dijo Pichín.
EXEQUIELA,
No sólo la música “entra pelos sete buracos da minha cabeça/……/é a coisa mais bonita em toda natureza”/….a “sua presença”…/ (Me acordé de A Tua Presença Morena del tema de “Caemío”).
Creo que también “entra” atraves de muchos “buraquinhos más…llamados POROS”. Pienso que es por esa razón que cuando algo nos impresiona bastante o profundamente llegamos muchas veces hasta “erizarnos”…no lo sé muy bien, se me ocurre, porque hallé que ésto fuera servir como buen argumento para…(”a música é a única arte que nos ataca pelas costas”).
Me parece que el “poder” (positivo y negativo), se encuentre en nuestra “piel”, y quienes al final nos terminan diciendo:
“LALALALALALALAAAAAAAA” a los gritos para no escuchar de veras?!, serían pues….. entonces culpables,….nuestras glándulas sudoríparas?!.
Difícil, pero no tan improvable eh!. En definitiva!… no te parece que todo es una “cuestión de piel”!.
Besos “porosos”. Veriño.
mas é claro que caetano sabe que raul foi muito, muito mais que isso. e que ele faz falta, ôoo se faz…
pra mim, não há nada mais tropicalista fora da tropicália, que raul seixas. nem chico science. nem rita lee, nem alceu valença, nem los hermanos.
entre 1970 e 1975, raul entendeu tudo e devolveu o presente. e quando se fala em raul seixas, tem-se que falar em paulo coelho também.
aquele disco com miriam batucada e sergio sampaio ["sessão das 10"] é um barato. caetano pode falar um pouco sobre isso, se não for um aborrecimento, claro.
adoro aquele “por que nãaaao?…” cantado por raul fazendo uma referência e tirando um sarro dos tropicalistas também [não lembro agora em que música. obra-prima. por que não?
acho engraçado pacas quando miriam fala “o franco”. parece uma entidade, algo metafísico, um ser que nos observa, mas que não sabemos se existe mesmo ou se é fruto de nossa imaginação…
não meu amigo, vá ao banheiro enquanto é tempo, porque Ele está em todos os lugares: franco, a mulher inesquecível!
será que o franco é franco? será que o franco é fraco? será que o franco é freak? o franco é atirador? ó, fratelloso franco, iluminai nossas mentes blogueiras com sua onisciência!
francofrancofrancofrancofranco…hmmm, há algo na palavra que quando repetida assume características de mantra…deveras revelador…viva o franco!
[brincadeirinha miriam e franco! hahahaha]
Recebi de um amigo por e-mail,essa jóia escrita pela nossa primeira dama do rock,e no Dia Internacional da Mulher,nada melhor que dar vez e voz à uma inspirada e inteligente artista,que admiro desde os tempos dos Mutantes.
Depoimento de RITA LEE
Texto: Rita Lee
(Castello manda um beijo carinhoso à todas as mulheres da OeP)
Glauber, penso o mesmo sore Raul. Ele conversava comigo nesses termos. Conto em Verdade Tropical. Mas não quero chamá-lo de “tropicalista” porque podem pensar que sugo tudo para dentro da turma que TomZé rejeitou. Marcelo Nova poderia chiar. E seria talvez mal interpretado: o aspecto principal, isto é, que Raul, por ser roqueiro (entre outras coisas), nadou mais e melhor do que qualquer um nas águas tropicalistas, poderia sumir na cabeça coletiva. Seria injusto. Até porque ele era muito mais do que isso.
Gil, não estou tão inteirado quanto seu xará. Falei aqui somente porque temo controle da net por países fechados. Mas considero sua luta e seus argumentos oportunos e importantes (por isso pedi que me ajudassem a entender e, caso usássemos algo no lançamento de zii e zie, saber o que seria melhor). Tenho horror da vocação brasileira de ficar de fora, atrasado, mesmo que seja pelos mais simpáticos motivos. Sinto que você não responde aos pontos fortes dos seus oponentes nem estes aos seus. Mas discussões são assim. Até parirem algo. Continuo firme e forte na campanha pelo respeito ao sinal de trânsito. É uma lei simples e deveria ser modelo para a obediência às leis em geral. Legislar sobre uso da inetrnet é difícil. Li Lessig, ouço Hermano, Gil, Ronaldo - e, por outro lado, Brant, Bastos e você. Nada me enche as medidas. E resta muita coisa que não entendo. Sou burro pra isso. Às vezes a discussão entre você e Glauber não é sobre legislar, mas sobre criar uma cultura ética a respeito. Parece que você diz que os investidores de países habituados a prosperar vêm criando bases de rentabilidade no mundo digital/informático que sugerem legislação adequada - e que nós estamos só no romantismo. Parece que Glauber diz que os garotos que cresceram baixando (e uploading) coisas na internet não devem ser criminalizados, mesmo porque foi essa cultura que criou o Youtube onde se vê John Cage e Fantasmão. Vamos avançando devagar.
Barbara and Heloisa, forgive me for telling you the joke my American friend made. She knows I love Barbara’s English and style. The point was to annoy me, saying MY English is stilted. She was also pretending to be jealous. I understand it may have sounded rude, but that was not her intention. Nor mine. I - as Bess would say to Porgy - loves you.
Gente, eu leio a Veja só quando viajo de avião. Vi a “nota grossa” mas não vi as amarelas com Camille. Eu adoro o que ela diz sobre Daniela em geral. Adoro o interesse dela pela brasileira. Que bem o merece.
Luedy, Luedy… eu queria que você visse os cordeiros do Psirico. Achar trabalho já não é coisa ruim. Divertir-se no trabalho então… E detesto esse papo de discrimanação racial pelos blocos. Não é visível. Quando eu era moço, preto não entrava no Baiano de Tênis. Não era oficial (felizmente não somos americanos nem sulafricanos) mas era sabido e dito pelos sócios do clube. No final dos anos 80, a Festa da Beleza Negra foi no Baiano de Tênis. Vejo todas as multidões de todos os blocos da Bahia. Procuro o racismo de que os demagogos falam e não encontro. Quanto aos gulags, o que é conservador é repetir sempre as queixas contra os EUA, o capitalismo, Israel e nunca reclamar dos horrores de países comunistas ou muçulmanos. Hordas de garotos e garotas me repetem o que você escreveu aí - e o mesmo fazia o pessoal da minha geração. Surgiu uma fresta crítica contra os regimes fechados - mas isso nunca se tornou dominante nem na imprensa, nem na academia, nem no folklore jovem. É chato. A utopia socialista é bonita? É o que as utopias têm de ser. E eu detesto pensamentos reacionários. Mas é muito ruim cegar-se. O interessante de Zizek é que ele afirma os descalabros, não fecha os olhos para eles. Mas o resultado é igual: apóia os regimes ditatoriais “de esquerda”, o apedrejamento de adúlteras, a execução de homossexuais em praça pública e o terror. Um homem público (que era do PT) me contou que em Porto Alegre algumas autoridades brindaram COM CHAMPAGNE a derrubada das torres do World Trade Center e, portanto, a morte de milhares de civis inocentes. O que há de bom nisso? Só Zizek explica. Bush foi o pior representante da fase iniciada por Reagan. Mas os EUA são um país revolucionário que ainda vive sua revolução. Eu fiz uma canção contra a prisão de Gantánamo. Sempre fui contra. Mas a gente não se deve fingir de bobo.
HERMANITO. ESSE Q VAI.
Luedy, amigo
A sua frase “Ainda acho que a utopia socialista é uma utopia bonita.” é praticamente um pleonasmo. Toda utopia é uma quimera e como tal, tem beleza. Nunca ouvi a expressão “utopia feia”. A “utopia capitalista” também é bonita. A realidade capitalista é a um só tempo, perversa, excitante e humana. A realidade socialista também. Ambas têm cordões.
Não falei de “utopia” quando citei muros,grades, paredes e cordas. Falei de realidade. Presente nos mundos capitalista e socialista. A idéia de contenção compulsória não é desejável em qualquer utopia.
Acho que é disso que Gil fala também quando se refere à web e cita o exemplo clássico de Caetano do “sinal vermelho”, uma contenção civilizada do fluxo viário. Não imagino o que seria uma contenção ética e democrática na web. No carnaval há logística. Se essa logística segue um modelo perverso e elitista, não tenho clareza. A indústria do Carnaval carioca, claro que capitalista, integra o povo que você gosta de chamar de oprimido e gera empregos, um aspecto bom da “lógica capitalista”. Embora haja aberrações. Não imagino um carnaval socialista, nos moldes da realidade. Cuba ainda divide sua população dos visitantes. Pior corda impossível.
Não sou um anti-comunista. Aliás, nem acho essa expressão suficientemente atual pra definir ninguém ideologicamente. Também amo as premissas da “utopia” socialista. Assim como gosto da aventura capitalista no sentido da liberdade da invenção e do escambo.
Glauber
Caetanet é um trocadilho espetacular. Podreria ser o nome de um site de fãs do Caetano na web. Adorei.
Caetano
SP está bem parecida com você. Talvez mais agora do que nos anos 80 e 90. A mente continua apavorando o que ainda não é mesmo velho. A SP de Caetano e Dedé está mais presente agora, embora seja passado. O Studio SP é uma bela “utopia” para o lançamento de zii e zie. Seria maravilhoso. Mas disputaríamos lugares a tapa. Uma “festa” de lançamento por lá não é impossível. Seria uma farra. Uma temporada o Studio SP, só se você ficasse uns 3 meses no mínimo por aqui de quinta à domingo. O que, pra mim, seria um sonho vitorioso. Por quê não o Tuca, onde tudo começou? Gosto muito de música no espaço cênico teatral, com quarta parede e platéia inclinada ou arena (como é o caso do belo Tuquinha). Quando vi Arnaldo Antunes no Teatro Fecap fiquei extasiado.
Será que zii e zie é show pra se ver de pé? Não gosto de ficar de pé, mas prefiro do que sentar nas mesinhas das big-houses com nome de patrocinador. São mesmo deploráveis, anti-anatômicas e colocam uma platéia inteira de perfil torcendo o pescoço por 90 minutos. A gente assiste aos shows de lado, entre a circulação de garçons e, se estiver só, ou em dupla, tem que dividir a mesa com razoável constrangimento com desconhecidos. “Quer um pouco do meu amendoinzinho?” é frase mais empática que se consegue dizer ao estranho no meio do tumulto.
Vou estar na estréia de zii e zie. E acho que já estou produzindo alguns sentimentos que jamais levei à uma casa de shows. Isso por conta da aventura histórica que experimentamos por aqui.
Há algo bem bonito e estranho no ar. Durante esse tempão, o povo daqui (”povo” do jeito que Hermano usa) inventou uma nova forma de intimidade com um artista. Algo diferente do fanatismo e da bajulação, e também diferente da amizade presencial. Isso é de arrepiar. Só de pensar que tantos amigos virtuosos e virtuais estarão lá, e que tantos viajarão pra isso, já é de emocionar mesmo.
zii e zie tem muito a ver com o Rio, Ria, Lapa, Perdeu. E foi no Rio que os shows de gestação se deram. Não poderia ser melhor. Agora, São Paulo vai ser a sala de parto. É em São Paulo que a obra se ergue.
Muitos amigos músicos defendem a idéia de que uma temporada deve percorrer todas as capitais e praças pra se encerrar amadurecida em SP. Que aqui o público é mais exigente e coisa e tal. Balela. O público de São Paulo é de fato bem atento, mas não menos caloroso e não tão chato tecnicamente quanto se propaga. Essa história de que o público paulista é perfeccionista é um mito.
Os críticos, sim. Mas isso, suponho, seja excitante pra você e pra todos nós que aguardamos a estréia com felicidade e apreensão.
Tô bem contente.
beijo na testa
salem
Me esqueci de dizer uma coisinha. Se zii e zie nascer no Studio SP na Rua Augusta teremos outra beleza. Quem também nasceu na Rua Augusta número 25 foi Orlando Silva, o cantor das multidões. Embora o Studio SP, não seja propriamente um local pra multidões, como havia dito, é bonito lembrar da grandeza da região.
Há desde sempre um mix de sub-mundo e arte nesse pedaço do centro de São Paulo. Tudo é perto. Os restaurantes dos velhos atores, as putas, o velho Teatro Paramount na Brigadeiro, a vanguarda teatral satyrica.
Há fósseis vivos Sampa verdadeira em todo entorno do local. As novas casas de show, na sua grande maioria, estão nos bairros para onde o dinheiro migrou: Moema e Vila Olímpia, onde se concentram também os bares, as pajeros, as putas de classe, as casas de massagem tailandeza, os restaurantes japoneses de boa aparência e cardápio duvidoso, os meninos que bebem vodka-ice e as meninas que se fantasiam de Amy com roupas de grife. É bem diferente. Mas tudo isso é bobagem, depois que o show começa. O chato é o whiskie caro e a histeria burra. Na estréia do último show do Chico me sentei com Fernanda e Bebel em uma mesinha. Uma mulher sozinha ocupou a qurta cadeira. Bastou Chico entrar cantando Lamartine “voltei a cantar porque senti saudades”, pra mulher se levantar e gritar:
-A Bandaaaaaa!
Hermano, favor postar esse comentário, ao invés do que enviei há pouco. Obrigada!
Caetano,
Mais um post lindamente sentimental, para o meu deleite que estou longe e não vi o Carnaval. Me senti consolada pela sua visão íntima, cristalina e tão sem conflitos, me ajudando a refletir em pontos, para mim, ainda muito contraditórios.
Tenho escutado, emocionada, que o carnaval do Rio se renovou através dos blocos e tanto o seu post quanto vários comentários aqui testemunham isso. Alguem aí em cima falou da aura sinistra que se formou em torno do Rio por causa da violência e eu vislumbro, na inocência desse tipo de carnaval low profile, gostoso, miudinho, aberto, um contraponto não somente à inacessibilidade do sambódromo, como tambem à crueldade do crime… Como um tipo de resistência sensível, que vai se formando na cidade…
O Carnaval de Salvador é uma coisa gigantesca, questionável pela fúria comercial, não pelo seu formato clássico. Concordo com Luedy sobre os super-poderes (com ou sem hífem?) dos trios (e dos camarotes), inviabilizando qualquer possibilidade de democracia. É tudo infinitamente contraditório pois há momentos sublimes nesse mesmo Carnaval que, de tão massivo e catártico, tornou-se um mito entre os mais jovens (vivo na Europa e aqui realizei que, quase que da mesma forma que os jovens muçulmanos sonham em ir à Meca, os jovens brasileiros de todas as partes do país, hoje, sonham em ir ao Carnaval da Bahia… não estou exagerando).
Eu era garota qdo fui pela primeira vez à praça Castro Alves e, para meu encanto, lá estava Caetano, no chão, entre nós, naquelas madrugadas incríveis. O Carnaval, então, já era imenso e trazia uma promessa no ar (que eu lia como uma promessa de prazer e delicadeza misturados, eu acho. Pois isso é o que eram aquelas noites da praça: poesia, novidade e êxtase, com o apoteótico encontro dos trios, com Novos Baianos e com Caetano, sempre dando canja na madrugada da quarta feira de Cinzas. Mas, rapidamente, tudo tornou-se grande demais e essa grandeza tambem suprimiu a promessa de prazer que os trios haviam sugerido.
Com a chegada da Axé music e a profusão das novas estrelas, veio tambem um jeito novo de fazer carnaval influenciado por Caetano, Moraes Moreira, Armandinho, Dodô e Osmar, no entanto cru até o osso, radicalizando nos aspectos menos lúdicos e cordiais, no “mete o cotovelo” (que na música de Caetano era anárquico e alegre), no “sai do chão”, nos gritos e pulos e coreografias, a rudeza se generalizou e a poesia se inibiu. Meu carnaval se tornou o Olodum na sexta, o Ilê no sábado, o Gandhi no domingo e mais recentemente, a Mudança do Garcia na segunda (a Mudança me deu a dimensão da quantidade de bandinhas querendo ir prá rua fazer seu carnavalzinho e e eu espero que haja mais e mais mudanças para que isso se torne possível). Esse Carnaval alternativo era (e ainda é) uma nova vertente do Carnaval da Bahia, parte da sua grandeza, mas nunca chegou a ser hegemônico e nunca conquistou, como disse Luedy, nem mesmo horários melhores para se apresentar no Campo Grande.
Minha única experiência dentro da corda foi no Araketu qdo aquilo, nos anos 90, com Tatau puxando, era lindo – eu não gostava de blocos mas uma amiga me arrastou. Mas, na avenida 7, o bloco se estreitava e a luta dos “cordeiros” para afastar a massa era um espetáculo melancólico, a segregação viva, alí frente a frente; eu tive medo e tristeza e nunca mais quis saber daquilo.
Uma outra questão é com relação à cidade em si. No ano passado, com a polêmica da tirada das pedrinhas portuguesas do Porto da Barra e com a difusão de uma notícia ainda mais horrorosa de que queriam ampliar o calçadão do Farol, entrando pela areia da praia, para dar mais conforto aos que alí correm todas as manhãs, me veio um pânico… ao mesmo me veio uma consciência clara da feiura daquela área da Barra e da subordinção da parte mais linda da cidade ao carnaval: prédios velhos, mal ajambrados, quase em ruínas que, durante o ano inteiro, só servem de especulação imobiliária e, finalmente, de camarote, durante o Carnaval. Camarotes que, diga-se de passagem, destroem o próprio calçadão para se instalarem e não têm a obrigacão de restaurá-lo, ao final da festa.
Pensei que se as coisas fossem como deveriam ser, para ampliar o calçadão, o mais justo seria desapropriar esses prédios e, mais sensato e mais correto ainda seria não ampliar coisa nenhuma (pois aquilo - a balaustrada, a praia, o farol - é um local histórico e, eu diria, sagrado) mas obrigar os proprietários a restaurar suas feiuras e cuidar das fachadas da Barra pois o Carnaval dura apenas uma semana e a vida dura muito mais. Assim como os “abadás” padronizados e anti-fantasia, aqueles prédios, os paredões dos camarotes, a luta das cordas e a exploração dos “cordeiros”, querido Caetano, são mau gusto.
Luiz Castello, que linda que devia ser essa sua mãe carnavalesca!
Labi, que história hilária… conheço a cena… haha!
Barbara, all the anti American mentions are references to the hegemonic empire and its devastating international policies. Never against the American people, my darling!
Caetano, um beijo!
P.S. Eu tbem quero ir junto com todos aqui para o lançamento do Zii e Zie em São Paulo!!!
rápido e rasteiro…o filme da Patty Smith Dream of Life, é um poema, deslumbrante, um escândalo, a melhor coisa do mundo…fiquem ligados, é totalmente caetano, é bethânia, é tropicalista eheheh…é o máximo!
beleza Caetano, vc é sempre beleza.
salemzinho, escambo é pré pré capitalista, vem das origens das relações econômicas…o capitalismo passa por cima, é economia de massas…mas ó, tá lindo. E democracia se faz com leis, uma não existe sem a outra, são os controles que legitimam a liberdade de cada um…e isso tem a ver com a ética social…
e eu tô com Glauber nessa, quem baixou baixou, quem comeu comeu, quem bebeu bebeu, mas daqui pra frente os meninos devem ser avisados, educados, informados: pode não, tira o pão da padaria, diminui, restringe…tem que fazer direitinho, pagar um tantinho porque a água tá cara, pra viver todo mundo junto tem que ter …ordem, pode ser chato mas é o único meio de proteger a todos, inclusive a quem “baixa”. E viva o Youtube! Mais Youtube pra nós ! Tudo no Youtube! Desde que seja legal e que o DIREITO das pessoas sejam respeitados…é esse o novo mundo, vamos a ele devagarzinho porque o amor não é pra já…mas vamos…ou não…
Revista BRAVO! | Março/2009
O grupo Radiohead, que vem neste mês ao Brasil, abriu a temporada de previsões sobre as mudanças na arte de compor e veicular canções. Das ideias levantadas, saiba o que faz sentido e o que é só especulação
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/musica/qual-futuro-musica-424977.shtml
Luedy, eu tinha me programado hoje de manhã para ligar para um amigo que já trabalhou em corda para balizar um texto sobre os motivos da galera ADORAR trabalhar de cordeiro (coisa totalmente improvável num subemprego) e Caetano saiu na frente….
Eu não acredito em racismo mas que ele existe existe.
Glauber, você alegra os meus dias com seu senso de humor sui generis. Obrigada!
Caetano, vou perguntar de outra forma: a menina de Niterói existe?
os discos eram muito bem gravados. aquele som de bateria, a gente passa maus bocados num estúdio, tentando refazer. e aquela banda dele? ninguém fala muito nos caras, eu mesmo não lembro os nomes. peço desculpas. eram capazes de tocar absolutamente quase tudo com uma puta sensibilidade e muito “punch”. das melhores bandas de apoio já formadas no brasil [refiro ao período 70/75, principalmente].
A palavra “cordeiro”, na sua acepção mais comum, remete às características do animal homônimo: pacífico, submisso, obediente. Mas ela comporta um outro significado, quando se refere às pessoas, homens e mulheres, na sua maioria negras, moradoras dos subúrbios da cidade, que durante o carnaval de Salvador sustentam as cordas que delimitam o espaço a ser ocupado pelos blocos nas ruas. É trabalho do cordeiro empurrar de volta à calçada qualquer um que, sem ter pago a fantasia do bloco, tente brincar num espaço que é público, mas que durante o carnaval é comercializado pelos blocos carnavalescos. Assim, os cordeiros encontram-se nas trincheiras da luta pelo exíguo território das avenidas, cuja organização reflete a divisão e a desigualdade que caracterizam a geografia e a estrutura social da cidade de Salvador.
Nas longas e inúmeras transmissões televisivas da maior festa popular do mundo, não há imagens dos cordeiros. Vista de cima, através das lentes da televisão, as cordas do carnaval de Salvador formam uma fronteira invisível, camuflada entre os corpos.
Composto por imagens, sons e entrevistas captados durante três carnavais (2004, 2005 e 2007), « Cordeiros » é um documentário que, de maneira inédita, lança um olhar sobre os cerca de 80 mil homens e mulheres que trabalham como cordeiros no carnaval de Salvador. O documentário pretende tornar visíveis as condições deste trabalho e as fronteiras que os blocos desenham nas ruas. Através das imagens e das vozes dos cordeiros, a corda torna-se um objeto estranho, perturbador, violento; uma metáfora explícita das tensões entre incluídos e excluídos, brancos e negros, ricos e pobres. Nesse processo, o próprio ato de filmar torna-se objeto de reflexões e tensões.
HERMAÓIDE. ESSE Q VALE QTO PESA
Luedy
Só pra deixar claro: quando escrevi no meu comentário anterior que sua frase sobre utopia era “praticamente um pleonasmo” (pois toda utopia é uma quimera e como tal, tem beleza) não havia lido o comentário acima de Caetano. Embora ele apareça depois, ainda não estava publicado.
Fico contente ao ver que as reflexões de Caetano batem com o que penso. Não há canção mais clara sobre o racismo do que Haiti. Caetano sabe tudo. Mas há de fato uma insistência teimosa em não ver avanços na questão racial brasileira.
Gil
Você tá certo ao apontar os avanços do cyber-mercado artístico nos países da linha de frente. Mas, assim como outros comentaristas diversos daqui, apoiar-se apenas na comparação que nos apequena, é um tanto broxante. Embora, você tenha características de “potência sexual” no teu discurso. Não sei o que Fernando Brandt diz agora. Há um ano atrás dizia coisas conservadoras e completamente dessintonizadas com a revolução que já se dava no mundo inteiro.
Simplesmente manter o modelo (que é uma conquista) de arrecadação de direitos que sustenta alguns poucos autores brasileiros é anacrônico. Liberar geral? Pouca gente fala isso. O que vejo é muita gente refletindo sobre o assunto para que o Brasil conquiste parâmetros legais e éticos condizentes com as suas características.
Basicamente temos por aqui uma decadência da indústria e a manutenção desesperada do monopólio da distribuição. Ora, gravar ficou bem mais barato e acessível (o que é a boa novidade). Resta para as majors o poder de distribuir e afunilar o mercado.
O retrato atual: um enorme contraste entre a efervecência da produção musical refletida na web e as lojas de CD repletas de antologias, compilações e remasterizações. Pouca ousadia como plataforma de lançamentos e novidades. Nada de correr riscos. Quem produz música como eu, não pode ficar esperando a indústria e os distribuidores terem um improvável surto de inteligência. Reclamar? Eu reclamo. Mas a melhor contribuição que dou (penso) é ainda encontrar frestas pra continuar fazendo o meu trabalho e tentar esgarçar o espaço de entrada dele no mundo real.
Grandes artistas como Caetano têm um papel nesse papo? Lógico que têm. Caetano já faz boa parte mantendo-se ligado à novidades, tanto quanto à tradição. Gil também, ao seu modo, quando ministro, mirou bem na questão do software. Mas concordo que não podemos nos contentar com uma produção viral, à margem.
Meu Disco (que se chama “Dissco”, lançado em 2001, teve uma tiragem de 10 mil. 1.500 foram comercializados no Brasil (nada). O resto, pelo mundo. 5000 (metade) no Japão. Ressalto que nunca estive no Japão e nem imagino quem sejam os doidos orientais que clicaram em “comprar” nos sites. Mas, pra mim, é um dado relevante e esquisitíssimo.
Lobão apostou suas fichas no mecado paralelo, nas bancas de jornais e acabou voltando para o colo do mainstream. Mas temos que saber de uma coisa: o disco que ele lançou pela OUTRACOISA (Canções Dentro da Noite Escura) era estranho e escuro. E o Acústico MTV, que é muito bom, é um disco de sucessos proposital (MESMACOISA). Por quê ele não lançou um disco de sucessos pela OUTRACOISA? Será que ele ainda sucumbiu ao preconceito de que há música para OUTRAGENTE (entendidos) e música para o grande público?
O desafio é atingir um número maior de escutantes e compradores com maior diversidade no cardápio. Começamos pela repressão? Acho um mal começo. Por enquanto as minhas canções (todas disponibilizadas para download) não competem com o meu CD que se esgotou. Fico feliz cada vez que alguém baixa com liberdade (e anuência minha) uma música pela net. Ficaria infeliz se esse sujeito fosse criminalizado. Você pode dizer, “ah! salem, mas você “pequeno”. Sou. Mas, assim como Tom Hanks, “quero ser grande”. E se para mim, o prejuízo com o download é zero, muitos grandes já provaram que para eles também. Tropa de Elite é um fenômeno comercial calçado no marketing espontâneo e viral da pirataria. Esse é um modelo? Não. Essa é a situação que servirá de base para a dinâmica de construção de um modelo brasileiro.
Nunca escutei tanta música na minha vida, graças à web. Mas nunca baixo. Não gosto de colecionar arquivos. Vou às lojas de CD que hoje mais parecem memoriais e museus. Comprei o último álbum de Nelson Sargento que acabou de sair. É maravilhoso. Comprei com gosto.
Zii e Zie poderia ter já no seu lançamento alguma iniciativa resultante de todo esse papo. Não o prejudicaria nas lojas. Pelo contrário, vitaminaria a sua divulgação. Era de você que eu esperava alguma idéia nessa direção.
beijo na testa
salem
snapshots:
Toda esta caetanidade expressa em um html ideológico-musical, me faz lembrar que o povo brasileiro é lindo. Viva mamàe africa, viva zumbi, viva zapata! Hoje acordei mais herbocinético do que nunca, um beijo caê!
Vamos legalizar tudo, a maconha, a cocaina, o casamento gay, o aborto, só não podemos legalizar a pirataria, esta é imoral,
mas admito que não tenho dados mais precisos acerca dessa realidade. Seria interessante saber, por exemplo, se todos os cordeiros (e não só os do psirico ou do chiclete) estão “agradecidos” por conseguirem uma oportunidade de emprego no estado que tem um dos piores índices sociais do país. Acho que a Bahia fica apenas na frente do Piauí (apesar de termos uma arrecadaçao muito maior). Seria interessante saber se as condições de trabalho são sempre indignas e humilhantes - pode ser que não.
Vale a pena dar uma conferida. Queria saber mais do documentário que Glauber indicou aqui.
De resto, concordo com Caetano: o racismo daqui não é visível. Mas ele existe sim. Pode ser menor ou menos ruim do que já foi no passado. Os dados de algumas ongs, no entanto, apontam para uma leitura oposta: são rapazes negros e mestiços as vítimas preferenciais da polícia baiana - algo que para estas ongs poderia muito bem configurar extermínio. Mas esse é um outro papo.
abs
luedy
Raul era um fake de si mesmo. Kika Seixas, sua última esposa, disse-lhe: “Que sociedade alternativa, cara, você não cuida nem de sua vida”, no que Raulzito aceitou resignado e tristonho. No final da vida, sem dentes e sem conseguir sequer urinar sozinho, segundo Kika o melhor que Raul poderia ter feito era morrer.
Gosto do Raul, gosto do seu humor, de suas tiradas. Muita coisa alheia afanada e com fama de originalidade atribuída ao velho canceriano sem lar. Um grande ventilador de idéias alheias e de idéias próprias toscas e sem desenvolvimento.
Ainda assim, Raulzito, uma mosca inconveniente, barulhenta, incômoda, louca por rock’n roll.
O que Glauber Guimarães falou sobre o som da banda é verdadeiro, grande som, acho que o baixista era o Paulo César Barros, muito bom mesmo, aquela levada de ‘Como Vovó Já Dizia’ é fabulosa.
Saudações!