Mulato, Maçã, Candé, 80%, aleijão, RC e CV CD DVD ACJ (10/11/2008)
MULATO, MAÇÃ, CANDÉ, 80%, ALEIJÃO, RC E CV CD DVD ACJ |
10/11/2008 10:44 pm |
A hipótese de “mulato” vir daquela palavra árabe sempre me convence mais do que a de que vem de “mula”. Mas o Houaiss dá “jumento” como o primeiro significado da palavra. Segue-se “burro pequeno, ainda novo”. O.K. Mais crível que SEJA burrico do que que VENHA DE mula. Para “vir de mula” seria preciso uma formação de palavra italiana (em inglês tem dois tês), como “frutato” (ou será “frutatto”?): era assim que eu pensava até ler o Houaiss. Seja como for - além de jumentos serem bonitos (e jumentinhos novos, lindíssimos, parecidos com Brigitte Bardot) - “mulato” é uma palavra com conotação positiva no português brasileiro que aprendi em casa e na rua. Mais: no segundo verso da canção que é o Hino Nacional Brasileiro não-oficial, “Aquarela do Brasil”, o país é chamado, orgulhosa e carinhosamente, de “meu mulato” (aliás o Houaiss dá “inzoneiro” como sinônimo de “mulato”, quando este tem valor adjetivo). By the way, a “Aquarela do Brasil” foi eleita em votação popular (popular mesmo: a audiência do Fantástico) como a primeira dentre as “maiores músicas brasileiras de todos os tempos”. Seguida, se não me engano, de “Águas de março”, “O bêbado e a equilibrista” e “Carinhoso”. Glauber, lembro do Stained Glass. Depois eu falo. Ricardo Pereira, conheço Júpiter Maçã (ou Apple). Depois eu falo. Gravataí Merengue, concordo totalmente com você: afro-isso, afro-aquilo (e a forma americana “African- American” é ainda pior) é um modo racista de falar. Um egípcio é africano. Um bôer da África do Sul também. O mesmo para tunisinos, marroquinos e argelinos. “Africano” não quer dizer “negro”. Mas mesmo que todos os africanos fossem pretos, seria racismo designar povos tão variados (inclusive fenotipicamente), oriundos do maior continente da Terra, por uma só palavra. Iorubanos não são bantos, malineses não são bundos, haussás não são gege. São povos com histórias diferentes e muitas vezes tingidas de inimizades milenares. Chamar um mulato filho de uma branca americana com um preto do Quênia de “African-American” é uma grosseria histórica. Essas expressões são “muito piores do que qualquer outra adotada espontaneamente pelas pessoas”, como você diz. Usá-las é adotar o olhar do traficante de escravos. Contei que conheci Portishead há uns dez anos através de um elenco fascinante que entrou na casa de Milton Nascimento, numa festa. Disse que não foi lá que, através de Marininha, Karola, Candé, Luísa e Natália, tomei contato com o grupo inglês. Foi quando, dias depois, liguei para um deles, que ouvi uma gravação fantástica na secretária eletrônica. Perguntando, me informaram que a banda se chamava Portishead. Bem, todos os envolvidos me dizem que escrevo tão mal que ficou parecendo que conheci Portishead ligando pro Milton Nascimento. Se pareceu isso, corrijo: foi ligando para Candé que ouvi Portishead pela primeira vez. Ele (e as meninas bonitas) adoravam esse grupo. Até apelidei Candé de Portishead, já que muitas vezes era a banda que atendia quando eu ligava para ele. E, além de me dizerem que escrevo mal, Candé chiou por ter passado de protagonista a mero figurante na história. Este blog é da obra em progresso, a feitura do “zii e zie”. Quando o disco estiver pronto para sair, acaba. Mas não se avexem não que vai demorar a sair. Já está todo gravado, embora não todo mixado. Falta também eu ir lá na Universal falar com Gê e Pedro (não Sá) para fazermos a capa (já tenho as fotos e as idéias de tipos). De todo modo, o disco só deve sair no ano que vem: Roberto Carlos e eu lançamos neste fim de ano o CD e o DVD do show com as músicas de Jobim. Aqui vocês vão ouvir “Incompatibilidade de gênios” nas duas versões para eleger uma. Isso, amanhã ou depois. Heloísa, você ficou de mal comigo. Minha resposta sobre o “aleijão” foi pura e doce, mesmo que parecesse teimosa e cruel. Justamente por não haver nada mau em mim em relação ao erre retroflexo é que nem lembrei do que você falava quando voltou ao assunto. Sabia que tinha lido algo assim da primeira vez mas, entre tantos comments, não me liguei em “Verdade tropical” (embora ali estivesse explícita a referência). Creio ser o único artista de fora da região do erre líqüido a usá-lo na composição (e gravação) de uma música não cômica nem folclórica, com profundo amor de identificação. Je t’embrasse. Tendrement. Rafael, prefiro GABEIRA PRESIDENTE do que questionar o resultado da eleição. Embora, é claro, ache erradíssimo o cara que, no Globo, comparou a Zona Sul a um “curral eleitoral”. |
“sour times” do portishead, aliás, o “dummy” todo eh perfeito.
êee, vida boa!
Ué, ninguém comentou ainda?
¿Que passa?
Menino, estou apaixonada pelo Zambujo! Baixei os dois CDs dele que encontrei no e-music (às vezes eu baixo na legalidade) e descobri a mesma coisa que você, um fadista que emociona. Muito bom — embora com isso vá pro brejo a minha fantasia musical predileta, a de que todos os problemas da dor-de-corno incontrolável estariam resolvidos no dia em que as fadistas portuguesas, eternamente apaixonadas e abandonadas pelos seus homens vis, se encontrassem com os argentinos do tango, traídos por aquelas a quem deram casa, comida e carinho (e umas facadas ocasionais, mas tango é tango). Agora vou ter que repensar isso. Tsk.
E nessa me lembrei da Libertad Lamarque cantando Fumando Espero: como é bom.
Beijos!
Querido Cae:
Es increible cómo te brindas a todos y cada uno de los que aqui escriben. Admiro mucho eso de ti.
y esperaré felizmente la posibilidad de optar por una de las dos versiones de “Incompatibilidad de genios”….no demore, ya no resisto por escuchar!
Laurene:no es necesario hablar del color de la piel para que un término sea racista.
saludos. besos.-
Ju.-
Ah, sobre essa questão do afro-americano: não adianta mudar a terminologia enquanto não se muda a atitude. A maioria das palavras que caiu na malha do politicamente incorreto não era pejorativa na origem; o que as fez odiosas foi o preconceito que estava, e em muitos casos ainda está, por trás do que é dito; em como se diz o que é dito.
Independentemente do absurdo geo-político que representa, African-American já começa a ser considerada uma expressão pejorativa por muita gente nos Estados Unidos. Daqui a pouco, cairá em desgraça, substituída por Black-American ou lá o que se invente. Vai adiantar tanto quanto acabar com a lepra por decreto.
Não são as palavras que definem o racismo, é o racismo que contamina as palavras.
Obama ainda não se auto-classificou como mulato, mas disse explicitamente: “mutts like me” ( http://www.youtube.com/watch?v=Rk_uGSBn__c ), falando do tipo de cachorro que quer levar para a Casa Branca - mutt pode ser traduzido sim como vira-lata, mas fui procurar no dicionário e pode significar também: “pessoa ignorante”, “mulher pouco atraente”… tudo pejorativo (como dizem que é o mulato vindo de mula)… bem interessante ele se dizer mutt logo na sua primeira entrevista depois de eleito…
Oi, Caetano e pessoal. Sobre ser afro-americano: o afro indica a origem num continente. Seria racismo se falasse explicitamente da cor da pele num sentido pejorativo: nigger-american.
Foram os brancos quem primeiro, por orgulho, se disseram WASP. Olha, Caetas, pode ser poético dizer mulato, mas na prática as pessoas usam para não assumir que são negras ou mestiços negros.
Poxavida! Agora foi pra morrer do coração! Eu não sou tiete! Eu nasci pra ser rebeldezinho! Eu chorei agora, que legal isso da gente ficar bobo só de ser citado ali no texto! Nunca senti isso com coisa alguma, com ninguém, com nada.
Caro Senhor,
o maior continente da terra não será, digamos, a Ásia?
Pois…
NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Pensé que no iba a terminar este blog pero… “todo concluye al fin, nada puede escapar”. Laureano conoce seguro esta canción de fogón. Siempre la odié, es una depresión y te la hacen cantar en los momentos de despedida, cuando terminas el colegio por ejemplo y pensás que ya no vas a ver más a tus compañeritos del alma, a los llantos y con el corazón estrujado…. Lo único que falta es que haya que cantarla en los funerales.
Bueno, entonces quiero decirles que AME este blog y a todos sus participantes. A algunos los amé más pero no quiero dar nombres porque es feo dejar a gente afuera. Incluso me gustó el mensaje que decía que iban a regalar los discos de CAetano a los sordos, me reí mucho!
De corazón les digo que les tomé mucho cariño. Siempre me sentí muy atraída por Brasil y ahora mucho más. Son muy bonitinhos!!
LeAozinho: Me en-cantó conocerte un poquito más y leer todo lo que sale de esa cabecita inquieta que nunca se quiere ir a dormir. (pero voy a seguir diciendo estadounidense jeje).
Si alguno viene a Bs. As. me escriben (egoldini@gmail.com) y les hago (o al menos intento hacerles) una “magical mystery tour” de mi querida ciudad.
Não compreendo muito essas coisas de política, mas quero entender. Nunca estive tão motivado para tal ação. Foram vários os agentes que me instigaram; principalmente os vários tópicos e comentários postados por aqui. Tenho ficado mais “calado” e lendo do que comentando.
Vários amigos do Orkut e que fazem parte do movimento estão sendo ameaçados de morte, estamos mostrando as línguas feridas do Rio de Janeiro e estamos querendo ir fundo.
bjs.
Caetano Veloso na Academia Brasileira de Letras…o que falta pra isso? Caetano querer. Seria lindo de fardão, teria gente que chiaria…o imortal Caetano Veloso…demorou.
Há não muito tempo uma associação formada por anões estava tentando proibir o uso do termo “anão”. Sugeriam em troca algo como “pessoas não favorecidas pela alta estatura”. Onde será que vamos parar.
&
“Coitado” vem de coito e “recuar” é colocar o cu de ré (segundo o genial professor Jayme Barros). Devemos então deixar de dizer coisas como “A viúva, coitada, chorava muito” ou “O padre recuou diante da multidão”?
Acho que o importante é, como disse o Caetano, a “conotação positiva no português brasileiro que aprendi em casa e na rua”.
&
Apesar de clássica, não dá para votar como maior canção brasileira numa que diz: “Ah… esse coqueiro que dá côco”. Imagine isso num Hino Nacional, ecoando mundo afora. Depois reclamam porque dão risada do Brasil.
Em meu comentário anterior saíram uns estão, estamos, estamos… Eu escrevo bonitinho, infelizmente acabei não revisando esse último.
Poxa! Queria tanto o “zii e zie” para logo, mas é bom também que fique para longe, assim o blog demorará para acabar.
Existe alguma possibilidade de votar nas duas versões para “Incompatibilidade de Gênio”? (risos) A que foi executada durante os shows no Vivo Rio não seria a junção das duas idéias (efeitos de quitarra e base pura)?
bjs.
Vou trabalhar com tristeza no coracao com “Quando o disco estiver pronto para sair, acaba.”
Já precisei confessar que um dos meus defeitos é a inveja (instada a isso em um programa de TV, o Saia Justa). Este blog a desperta do sono leve: queria escrever bem como vcs (Caetano, Cora), queria ter o repertório de vocês (tb Hermano), queria ser capaz de manter um blog tão vivo e dinâmico, queria conseguir responder a todos os meus comentários também… Sobre “afro-americanos”; se for para ser bem pentelho com as palavras, vamos questionar também o “americano”. Que nome os nativos davam às suas terras, antes de os gringos batizarem-na de “América”? E se os americanos podem generalizar tudo continentalmente, eles que não se esqueçam de uma coisa: somos todos americanos. Tudo “American people”.
êee, brasilzão véio sem porteira!
Pro rapaz do post 12: gostei do estilo em & amarrando os textos; adorei os comentários sobre a associação dos “meninos (as) de baixa estatura”, e quanto ao:
“Coitado” vem de coito e “recuar” é colocar o cu de ré (segundo o genial professor Jayme Barros). Devemos então deixar de dizer coisas como “A viúva, coitada, chorava muito” ou “O padre recuou diante da multidão”?
Devemos ler Marques de Sade!
CAETANO
Encontrei mesmo uma forma de reler Verdade Tropical de uma forma que eu não precise ficar relendo-o para sempre, para ficar de vez em minha memória - é um livro impossível de se resumir e de se esgotar numa releitura. Eu já disse em outra página aqui que, e isso se revela desde o tom explícito de sua Introdução, lá você parece um Pero Vaz que nos desencaminha. Parece que você está reescrevendo a famigerada Carta, sim. Mas como é que eu sinto que você nos desencaminha? Sinto porque o seu livro transporta o Brasil e a nós de uma forma não oficial para algo mais além, para uma outra esfera de realidade e grandeza. Ora, isto parece-me estar assentado no conceito jurídico do (crime de) descaminho! Veja-se:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descaminho
Mas uma modalidade enviesada, diversa da do descaminho penal. Por quê? Porque, na realidade, o que você pega do Brasil e nos devolve ou exporta-nos por vias extraordinárias é algo da brisa do Brasil que como ninguém você transforma em flâmula aos povos: a nossa ambrosia.
Para mim, na literatura, você faz par mais ao lado de Guimarães Rosa do que de Gregório de Matos. No seu cancioneiro (um conceito hoje “autocomplacente”?), tão permeado pela palavra enredada no romance da poesia, em primeiro lugar para mim estará - até quando eu viver - Outras Palavras. E, em segundo lugar - Cores Nomes. Depois do que há nesses dois álbuns, vem o resto: seja o seu, seja o resto de todos os outros, o resto do resto.
Não sei se, por isso, te amo mais ou se te odeio. Mas declaro que, nas vésperas de meus 44 anos no próximo dia 28, por causa de muito do que - antropofagicamente & adrianacalcanhotamente - venho devorando de você… ainda me sinto feliz e um: Peter Pão!
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WALLINMEDIA
Olá pessoal, sei que há recursos nessa plataforma Wordpress, usada na concepção deste espaço, para o caso da gente querer revisitar as demais antigas postagens de Caetano e lá fazer comentários que a gente gostaria de ter feito e eles passarem a estar visíveis, ao menos em parte, na página principal - desta forma possibilitando que outros se interessem por um outro dado momento desta obraemprogresso. Acho que, pelo tempo que nos resta, que eu prefiro não seja um tempo preciso, anunciado, pro final inexorável desta horrível seta, seria ótima pedida pra muitos infocaetanautas, que como eu pegaram o bonde andando, se rolasse algo parecido.
Vejam, no blog a seguir, montado na mesma plataforma, de um estudante de cinema daqui na Bahia, e em que já tive o prazer de fazer o comentário que encontrarão, uma funcionalidade ao final da página, numa tarja com destaque gráfico (cor) interessante, e onde, além de outro itens, há justamente um menu de “comentários recentes”, o qual nos leva não só para lê-los na íntegra, como para dentro das postagens de que se derivaram - e que podem não estar mais na página principal do blogue:
http://www.sobaminhalente.com/iv-semcine-a-celebracao-do-tango
HERMANO
Soube por um amigo aqui da Bahia, que tem proximidade com Caetano, que ele nem queria saber de internet e, por isso, você é o maior culpado dessa maravilha que foi e está sendo esta infocaetanave, insuflando-lhe esse vírus que se adquire e mais facilmente se propaga nas camadas mais altas da blogosfera. Queira considerar com carinho a idéia acima! Grato por tudo!
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Especialmente para Exequiela, Heloísa, Miriam Lúcia, Salem, Gilliatt, Marcos Lacerda e Nando, estou escolhendo uma canção, que eu postarei aqui em breve, como um presente de coração, e como a minha despedida antecipada - pois vou ficar aqui até o cisco! - de ter estado nesta nave viajando em vossa companhia com muito maior empatia: uma canção pela qual amaria ser lembrado. Queria contar com vocês e com quem mais se interessar para a idéia da “Impertinácia - uma revista web viva”, inspirada no que eu encontrei aqui: informação, conhecimento misturado com delírio, e com afetos nem sempre tão açucarados. Uma fusão de blog com fórum de discussões & rede social de relacionamentos virtuais. Espaço para trocarmos links, batermos papos e comentarmos postagens sobre todas as coisas: principalmente música, poesia, literatura, política, artes visuais, cinema… ufologia!
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Gente, vi que alguém postou aqui o link para o blogue dele, que eu ainda não conhecia: vamos invadir então a webosfera e passar a “comer” também o Tom Zé?
P.S.: Escrevo muito porque também não tenho tempo para editar meus pensamentos!
Pro Caetano:
Aprendi, especialmente contigo, mas não somente contigo, mais uma vez no V.T, que o termo gay, no ápice da contracultura não trazia conotação de homossexualismo, mas sim de alegria; se for por aí, o cara poderia ser hétero (ia dizer homem como se homossexuais não fossem homens, veja só que bobagem) e ser gay; e quanto a expressão viado a partir do porte altivo do animal “veado” como o Gil muito bem refletiu na canção, você pensa que ela foi amenizada e não soa mais como xingamento, ou está no mesmo padrão de preconceitos sexuais que a terminologia “gay”?
Exequiela,
Besos
Não vou negar o meu desapontamento, e vou insistir, quem sabe alguém ai me escuta, ou melhor me lê. Falei no post anterior, mensagem 210 para ser precisa, da morte da Miriam Makeba uma negra nascida em Joanesburgo maior cidade da África do Sul e que em 1963 (Obana tinha 2 anos na época), depois de um testemunho veemente sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, os seus discos foram banidos do país pelo governo racista; o seu direito de regresso ao lar e a sua nacionalidade sul-africana foram cassados, tornando-se apátrida. Os problemas nos Estados Unidos começaram em 1968, quando se casou com o ativista político Stokely Carmichael, um dos idealizadores do chamado Black Power e porta-voz dos Panteras Negras, levando ao cancelamento dos seus contratos de gravação e das suas digressões artísticas. Por este motivo, o casal mudou-se para a Guiné, onde se tornaram amigos do presidente Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba chegou a servir como delegada da Guiné junto da ONU, que lhe atribuiu o Prêmio da Paz Dag Hammarskjöld. Separada de Carmichael em 1973, continuou a vender discos e a fazer espetáculos em África, América do Sul e Europa. A morte da sua filha única em 1985 levou-a a mudar-se para a Bélgica, onde se estabeleceu. Dois anos depois, voltaria triunfalmente ao mercado norte-americano, participando no disco de Paul Simon Graceland e na digressão que se lhe seguiu. Com o fim do apartheid e a revogação das respectivas leis, Miriam Makeba regressou finalmente à sua pátria em 1990, a pedido do presidente Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente à chegada. Na África do Sul, participou em dois filmes de sucesso sobre a época do apartheid e do levantamento de Soweto, ocorrido em 1976. Agraciada em 2001 com a Medalha de Ouro da Paz Otto Hahn, outorgada pela Associação da Alemanha nas Nações Unidas “por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento mundial”, Miriam continuou a fazer shows em todo mundo e anunciou uma digressão de despedida, com dezoito meses de duração. (biografia Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Miriam_Makeba)
Pois é, e morreu aqui na Itália dia 9 de novembro, domingo passado, dia em que se comemora a queda do muro de Berlin, após um show a favor do escritor Roberto Saviano, ameaçado de morte pela máfia, na região de Nápoles, e também em defesa de alguns africanos que foram executados pela mafia recentemente.
Desculpem-me pela ignorância e pela insistência, mas foram muitos africanos que fizeram a historia dos negros, pretos, mulatos, black, black-white, mulattos, afros.
E não me esqueço dos milhares de africanos que morrem todos os dias nas costas européias tentando alcançar o continente, são crianças, são gestantes, são rapazes, e são mulheres, e são homens aos montes, naufragados por ai fugindo da miséria, das guerras intermináveis, isso em pleno século 21. Acredito muito que Obama não vai deixar o povo do seu pai na mão como foi feito ate agora, quem sabe chegou “a hora e a vez” da África, da raça, isso sim é um bom motivo para se comemorar.
http://www.youtube.com/watch?v=yLVhjdzEszU
Paul Simon - Under African Skies - Para quem quiser acompanhar a musica:
Beijos pra todos!
Eu também adorei mutt. Vira o complexo de vira-latas pelo avesso.
Salem,
Assim não vale. Se o Hino Nacional Oficial fosse QUALQUER MÚSICA cantada pelo João Gilberto eu colocaria a mão no peito e só escutaria. Taí: poderia ser “Águas de Março” na versão (insuperável, um milhão de vezes insuperável!!!) do album branco do João.
Abração,
Robertissimo, obrigada pela dica, adoro encurtar caminhos! E também agora pelo que senti por aqui a coisa esta meio que em ritmo de despedida, embora o Caetano tenha dito para não nos desesperarmos que isso ainda tem ai pelo menos um mês e meio, ate a chegada de 2009, então vamos indo, nós na verdade já estamos lá seguros no orkuto-circuito (por falar nisso a Exequiela com aquela carinha meiga e seu gatinho são uma gracinha, vero? E para atiçar ai a curiosidade a Heloisa é especial, não é? Eu acho que a Rosana tem tbm o orkut ela tem que achar a gente… alooouu Rosana, E o Nelson não conseguiu ainda? Fiquei de postar o textinho dele se ele ainda quiser me avisa). Vejo que algumas pessoas estão colocando seus sites alguns já estão nos meus favoritos, e também seus e-mails, mas, como já foi sugerido nos posts anteriores, quem sabe se no blog se poderia criar um apêndice, um local onde as pessoas possam continuar se falando, como num fórum talvez, onde inclusive o Caetano possa passar quando tiver um “tempinho” para matar a saudades dos seus “caetanetes”, que segundo minha busca no google “caetanetes gotejantes” já virou uma realidade.
E, por falar nisso vamos gotejar: - Do que posso dizer é que este daqui é o maior show que Caetano tenha feito durante toda sua carreira, aqui temos musica, temos vídeos, exposições de fotos e o principal o artista que esta sempre ai interagindo com as pessoas, respeitando a todos nós, todas as opiniões ate as mais contraditórias foram colocadas ai. Obra Monumental! É assim que defino Obra em Progresso, a qual não existirá outra igual no planeta, pode ter certeza.
Beijos a todos
Mundo, mundo, vasto mundo. O Mulato, de Aluísio, se chamava Raimundo.Tinha olhos azuis e cabelo pixaim. Aluísio não aguentou o rojão: trocou a literatura pela carreira diplomática. Curiosamente, mais tarde, Vinicius, o branco mais preto do Brasil, na linhagem de Xangô, preferiu a música à carreira diplomática e, graças a essa decisão, surgiu a Bossa Nova e todas as maravilhas que vieram depois, inclusive este blog. Raimundo significa protetor. Barack, o abençoado. E, no mais: branco é branco, preto é preto, mas o mulato é o tal, é o tal.
O acervo de Hermínio Bello de Carvalho acabou de ser digitalizado. Olha que maravilha a Elizeth Cardoso cantando “Como dois e dois”:
http://www.acervohbc.com.br/player.htm
minha tendência inicial era dar menos importância à cor da pele de obama, pra tentar ultrapassar essa discussão - tipo o que cony escreveu na folha no último domingo.
mas quando o berlusconi disse que obama era bronzeado… bom, revi meu posicionamento. agora entendo, como nunca, a importância da vitória de obama nesse aspecto.
em relação ao fim do blog… bom, quando começou esse negócio de internet na minha vida, no final doa anos noventa, muitos diziam: o mundo nunca mais será o mesmo e blablabla.
mas o mundo continuava igual e de fato nunca vi tudo isso que as pessoas vêem na internet. tá, é legal, as pessoas se falam, trocam correspondência, as informações trafegam livremente, etc etc.
mas esse blog me faz mudar de opinião (mudo de opinião toda hora - não me vexo de repenssar, e em segundos, já estar pensando diferente…)
a obra em progresso realizou um sonho antigo que eu tinha: encontrar caetano veloso. na minha adolescência cheguei a sonhar algumas vezes que estava conversando com ele, tomando um chope, numa mesa animada, etc etc. com o tempo, percebi que tudo não passaria mesmo de um sonho. então veio esse blog: parece que estamos de fato conversando com o caetano. é engraçado. caetano, de repente, ficou uma figura próxima, como salém, teteco, exiquiela, heloísa, e toda a galera. um dia sonhei que a gente aqui do blog estava conversando num boteco do leblon (acho que era leblon, não sei bem - essas coisas de sonhos…)
mas enquanto a obra não termina, aproveitemos, ao som da nova canção que acabei de fazer (um amigo meu colocou a música pq de música eu nada entendo):
um outro ceatano
Querido Nando
Se o Hino Nacional Oficial fosse Aquarela do Brasil cantada por João Gilberto colocaria a mão no peito e só escutaria.
Não gosto quando criticam o verso genial do Ary Barroso: “esse coqueiro que dá coco”. Seus críticos “mas todo coqueiro da coco”. Mentira. Só o coqueiro do Ary na voz do João é que dá o coco que “amarra a minha rede nas noites claras de luar”.
abraços
salem
Viví “mais devagar” en carne propia.
Nobre Leão Mulato
Daqui do Blog.Caetano Veloso para a Academia Brasileira de Letras.E Fernando Gabeira para Presidente.Por que não….???
Acompanho a sua obra, plural, há muitos anos.E sou extremamente crítico em relação à ela.Com ela nunca me decepcionei.Muito menos com a trajetória política do Deputado Federal Fernando Gabeira.
Da sua obra literária,fiz a leitura atenta de Verdade Tropical e O Mundo Não é Chato.Não por decorrência dessas leituras também fiz,antes, a de Avant Garde na Bahia,de Antônio Risério.Faz sentido.
Por fim…porque não???
Saudações artísticas e políticas.
Affonso Leitão
PS2:As exposições no MAM/RJ,em comemoração aos seus 60 anos,estão imperdíveis.Uma aula magna de história recente da Arte “Visual” Brasileira.
Rafael: sí es verdad, pero quiero a un Caetano más sincopado… Me gusta así eh… pero soy viciosa.
(Tan viciosa que me comí un chocolate enorme sabiendo que me da migraña (qué he hecho yo para merecer esto?) y ahora no sé cuántas píldoras de Migral voy a tener que tomar para que me quiten este dolor pulsante. Ya veo por qué el chocolate era pecado)
Não entendo quando alguém se ofende, ou acha ofensivo, falar que alguém é preto. Logo mandam um “fulano não é preto, é negro, porque preto é cor, não raça”.
Ora bolas, a raça é humana, preto é cor sim. Cor da pele. Assim como eu sou branquelinha tem gente que é pretinha. Ou trigueirinha, como dizia uma professora lá de Minas…
E o cúmulo do preconceito é a definição: “preto de alma branca”.
A cor da pele só faz diferença pelo passado negro (sombrio) da escravidão, que até hoje persiste na nossa sociedade.
Também acha curioso quando alguém se ofende quando chamado de gay. Se não tem nada demais (e não tem), se não é crime (e não é), qual o problema?? não deveria ser a mesma coisa que ser chamado de feio ou cara-de-mamão?
Pena que o blog vai acabar. Mas tudo acaba mesmo, nós inclusive.
E Caetano, não fica bravo comigo, mas vc é um ídolo pra mim, principalmente no excelente uso e propaganda da nossa mal tratada língua. Então, não prefira “do que”. VocÊ não.
Beijos e abraços, Lilu
Mulato Bamba e Mulata Assanhada são grandes sambas. Dizem que o primeiro, Noel compôs para Madame Satã, que além de preto+branco era gay. A letra diz:
A letra do samba, em contraponto, com a saudável polêmica sobre o racismo de Feitiço da Vila, no comecinho deste blog, mostra um Noel ousado e com uma posição claramente anti-homofóbica e anti-racista.
Isso não o redime de ter caído em tentação na sua polêmica com Wilson Baptista.
Gosto muito quando Caetano diz:
“O que queremos? Que passe a ser como era nos EUA, levando à conclusão de que a História é a americana e que estamos apenas atrasados? Que nossa história particular não conta em sua originalidade?”
De fato, a questão racial no Brasil tem aspectos muito originais e específicos. E a música popular é a melhor fonte pra gente entender essa história preta, pretinha. Me atreveria a dizer que os sambas, marchinhas e rap brasileiros vão além dos textos de Darcy e Freyre (ambos com um belo ipissilone nos nomes).
O Escurinho de Geraldo Pereira é um clássico. Imaginem o que os politicamente-corretos diriam se a gente usasse o termo “escurinho” pra designar os tais “afro-descendentes”. O mais intragável dessa terminologia é a associação de “cor” a descendência. Ora, eu tenho a pele branca, mas sou afro-descendente também. “Descendência” é uma palavra associada a genealogia e não ao cromatismo epidérmico.
Não gosto de falar de racismo no Brasil sem falar de música popular. Não faz sentido algum. Nosso repertório de canções, bem estudado, é a melhor bússola pra que a gente entenda a nossa originalidade. É preto no branco. O resto é beje.
Dizem que a população de cães vira-latas no Brasil é percentualmente majoritária. Infinitamente maior do que a soma de todos aqueles que tem a raça “pura”, com pedigree e que hoje têm que ser fabricados pelos comerciantes de pet-shops. O futuro é vira-lata! Os cães vira-lata não costumam ter dono. Tem uma incrível autonomia. Não comem ração. Não tem casa. Estão “aqui de passagem” como diz a letra de Branco Mello. Gosto de projetar essa idéia para o imaginário humano. Não quero dono. Não quero ração prescrita por nutricionista. Eu cuido do meu banho e da minha tosa. O tal “complexo de vira-lata” que Nelson Rodrigues anteviu é verdadeiro. Mas a senha não foi bem interpretada. O problema não está em SER vira-lata, mas em ter complexo por sê-lo.
Exequiela: Gracinha você pela tua atenção, obrigada! Tem coisas que eu penso que não podem passar despercebidas. Beijinhos!
Nobile José gostei muito desta estória de sonhos que você falou, na verdade, as vezes tenho a sensação de que a gente esta num show de Caetano e aquelas coisas enquanto a gente espera fica conversando, corre aquele papo paralelo, um zumzumzum, risadas, se pode ate tomar uma cervejinha, ou um vinho nacional meu (caso… risos), dai chega o Caetano e a gente fica extasiado gotejando… mas sabe que eu já pensei que um dia o Caetano durante um show normal poderia descer do palco e ir passeando pelas mesas, com certeza ele iria viver mais ou menos isso mesmo, claro que pessoalmente as emoções aumentam e as dificuldades desta realização também. Ah podemos combinar uma festa de encerramento, com brindes e tudo, cada qual no seu PC munidos de alguma bebida que goste, pode ser legal. Olha este negocio do Berlusconi foi considerado mais uma gafe para sua coleção, ele é famoso por falar assim, sabe o cara que quer ser engraçado? Eu o compreendo assim, talvez ele tenha achado que se falasse negro, afro, preto iria ficar parecendo preconceito, mas o cara fala, muitas vezes sem pensar, imagina você que depois de ser criticado pela oposição em direta na tv chamou os opositores de bando de imbecil, tem hora que ele se esquece que é chefe de governo.
Robertissimo por falar em idéias gostei muito esta sua idéia da musica, mas você já esta marcado em nós com as tuas belas poesias e teu Centauro, podemos fazer uma grande festa virtual no bolg, com direito a choradeira e tudo (rindo muito, no momento), e eu já fui passear lá no blog do Tom Zé, mas gostei dessa idéia de invasão tipo “doces bárbaros”? O Gravatai Merengue também tem um blog e já colocou o endereço no outro post e já fui xeretar por la também, quem sabe a gente possa ir assim visitando todo mundo… cuidados caetanetes gotejantes na área. Adorei!!!
Lucia Alves: “Quem quer que conheça um pouco de história, sabe que sempre existiram preconceitos nefastos e que mesmo quando alguns deles chegam a ser superados, outros tantos surgem quase que imediatamente. Apenas posso dizer que os preconceitos nascem na cabeça dos homens. Por isso, é preciso combatê-los na cabeça dos homens, isto é, com o desenvolvimento das consciências e, portanto, com a educação, mediante a luta incessante contra toda forma de sectarismo. Existem homens que se matam por uma partida de futebol. Onde nasce esta paixão senão na cabeça deles? Não é uma panacéia, mas creio que a democracia pode servir também para isto: a democracia, vale dizer, uma sociedade em que as opiniões são livres e portanto são forçadas a se chocar e, ao se chocarem, acabam por se depurar. Para se libertarem dos preconceitos, os homens precisam antes de tudo viver numa sociedade livre.” (Norberto Bobbio, jurista e filosofo Italiano)
Saludos e beijinhos
Desculpem tantos coments seguidos. Até agora não levei nenhum pito virtual.
É que fiquei 2 dias ausente pro conta de um mergulho profissional. E fiquei pasmo! Basta um dia sem acessar o blog, que a gente se sente completamente fora do ritmo.
O blog pegou mesmo. E o mais bacana é que o número de coments não é assim tão gigantesco que nem os blogs das celebridades e dos jornalistas. Leio tudo, porque a regularidade e a qualidade de quem passeia por aqui são a marca dessa espaço progressivo.
Me sinto amigo de muita gente! Vira-latas gotejantes!
Oi, pessoal. O problema dos negros é preocupante, mas ainda mais o das gordas. Envio aí o blog de uma amiga. E não sou gorda. As gordas são as malditas entre as mulheres! O futuro será uma luta entre as gordas e as magras, não entre os comunas e as bichas, que aliás tem muito em comum. Tenho um amigo escritor, Fernando Gonzaga, o Groza, que tem um personagem que vivia entre “comunistas, bichas e drogas”. Achei essa tríade do livro dele, Amanda, muito legal.
abs
Em relação ao Caetano sincopado. Não sou muito bom em analisar a estruturas musicais. Mas acho que este novo trabalho será marcado por músicas que caminham por essa vereda.
Beijão.
Às vezes parece que essa discussão das terminologias é chatice ou velhacaria, mas ela é urgente aqui no Brasil, sobretudo em tempos de ações afirmativas e políticas de cotas.
Independentemente da questão étnica, por exemplo, houve uma tentativa desastrada de criar um glossário politicamente-correto por parte da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, acho que em 2005 (vocês se lembram disso?).
O Casseta e Planeta, na época, brincou com a música “O Bêbado e o Equilibrista”, traduzindo a letra para o que deveria ser a forma ‘correta’ ( algo como: “caía a tarde como um viaduto, e um dependende de álcool trajando vestimentas de quem recentemente perdeu um ente querido…” ou algo assim).
Caetano tocou num ponto importante, que não pode ser apenas uma figura de retórica em seu texto: “qual o problema em ‘nigger’? QUAL O PROBLEMA NA PALAVRA NEGRO, afinal?
Uma vez, ouvi que os pretos preferiam ser chamados de pretos porque ‘negro’ era a forma como os Senhores de Engenho a eles se referiam. Agora, não sei, parece que já preferem ‘negro’ pois houve uma série de debates de conscientização.
Sou neto de espanhóis, italianos, portugueses e, segundo dizem os de minha família, também de ciganos oriundos do Marrocos, o que faz de mim um inusitado “afro-americano” (é mole?) ou até mesmo “afro-euro-americano”.
Acho que deveríamos chamarmo-nos uns aos outros por apelidos carinhosos, mesmo. Ou até depreciativos, mas sempre invidudializados e sem menções étnicas. É mais seguro.
De todas as ditaduras que já vislumbraram para o futuro, acho que nunca imaginaram um Autoritarismo Lingüístico como esse - no máximo, aquela coisa de ‘novilíngua’.
Caetano:
Se gostou de Portishead tem que ouvir Massive Attack; aliás os primeiros são “discipulos” dos segundos.
E para quando uma edição de colecionador das músicas inéditas de Caetano? Você gostou daquela em 4 cd’s??
Salem
Bom dia Caetano, bom dia pessoas — como é que a gente tá aqui falando em música e em mulatos, e ninguém lembrou de “Salve a mulatada brasileira”, do Martinho da Vila? É tão bonito!
Beijos, vocês estão com a vida ganha, mas eu ainda tenho que trabalhar.
jeeezziisss, eh como salem falou: a gente passa umas dez horas fora e tudo acontece aqui…sensacional!
gravatai merengue mandou bem no lance das terminologias.
oscarito para todos! viva miriam makeba! salem rocks!
Para mim, o fim deste blog pode representar exatamente o avesso do fim. É a expectativa do que virá. É bom. É leve. O que tem amanhã? Talvez um outro espaço? Talvez não. A dúvida abre mais portas que qualquer certeza.
Blogs/redes sociais são legais, mas consomem muito a energia da gente. Sem perceber, você troca o disco na vitrola e o descanso no sofá com olho fechado pelo vídeo no youtube com som ruim. Ambos valem, mas são experiências diferentes também. E a vida é boa quando há liberdade para o novo, de novo, novamente.
Enquanto durar, o blog é gostoso demais. É divertido, inteligente, com poesia, ritmo, alegria e uma troca intensa. Para Caetano, que traz o seu lado delícia nas idéias, interações com tantas pessoas, que reúne gatos, gatas, bruxos de Salém, ratos, erres e patas Patrícias.
Meu lado antropóloga social (acho tão sexy quanto o lado lingüista de outros - hoho) vê toda gente louca para dividir, aplaudir, acompanhar. Todos querem contar baixinho que também são demasiadamente sensíveis. E somos. É divertido ler os comentários. E Caetano fica como anfitrião, mediador, cantor, sedutor, ímã e parabólica.
Em 2009, fique, vá e sempre volte. Resgato Antonio Cícero e Guardar que Caetano dividiu uma vez aqui:
Em outras, mesmo com a beleza da cantoria de Assum Preto, quero Caetano com as duas asas, choro de paloma, mente solta e olhos de leão. Muito assim: assum mulato!
Gravatai Merengue - ciganos oriundos do Marrocos! Fumavam haxixe e andavam de camelô; se seus parentes ciganos em país árabe no norte da África estavam Casablanca na época da II Guerra, ouso imaginar que pediram pro Sam tocar mais uma vez. Tu és, por fim, um quase marroquino-francês, também, se quiseres. Tu és Rosa e Salsa. Tu és Merengue.
“DEUS-SUED”
docemente bárbaro!
mas a palavra “mula”, citada no post principal, é também usada no árabe. para os sufis ( vertente mística do islam, mais comum na Turquia) um “mula” é um grande sábio. diferente e mesmo “oposto” ao seu significado em português.
“nutridos e nutrientes cérebros ao meu redor, sob lâmpadas incandescentes, pingentes com filamentos pulsando desmaiados”
A questão do concurso público dizer que “Roda Viva” não fez parte da Tropicália - assim no todo - é de uma estupidez limítrofe assustadora.
É ridicularizar e ao mesmo tempo transcrever para a linguagem jurídica e das repartiççoes toda a Tropicália, justamente o movimento que viria - e veio - para acabar com todos os outros movimentos.
Será que “Roda Viva” foi uma canção tropicalista? Será que era a peça? Será que era Zé Celso? O que é ser “tropicalista”? O concurso inteiro deveria ser anulado. O elaboradores talvez sejam muito simpáticos, mas…
Enfim, Gil fundiu a cuca deles!
ERRATA: camelô = quis escrever camelo, dromedário
Fiquei aqui cismado com a questão da “maior música brasileira” de todos os tempos. Sem prejuízo dos outros temas do tópico, quais seriam os votos de vocês? Votem aí quando forem postar; a maior brasileira e, se não for do Caetano, também a dele, só pra gente ter uma idéia.
Tô aqui bem dividido mas já-já posto minhas escolhidas.
Denise tem razão, isso da cor varia, mesmo, de acordo com o país. Na Itália, segundo Berlusconi, Obama é apenas “bronzeado”.
Agora, a sério, e se montássemos um blog para quando acabar o trabalho internético do Obra em Progresso?
“o verdadeiro tadeu é o rei das criancinhas”
“joão, meu cuncunhado”
“racistas, nos deixem!”
“chupa, caetano!”
haaaaaaaaaaaaaaahahahahahahahaahaha, eh muito engraçado e inteligente, cara
a ultima, pra quem nao eh daqui, eu explico: se o sujeito passa na rua e vê outro beijando escandalosamente a namorada, grita: “chupa, caetano!”. nao sei se isso surgiu antes ou depois do caetano, alguem sabe?
salvador eh sensacional!
[recebi aquela mensagem “vc está publicando comentarios rapido demais…”. no exterior, eles colocam “easy, cowboy!”
Lembrei, o “Asdrubal Trouxe o Trombone” tem uma canção linda sobre Bardot, que o Caetano canta junto;
Mas, enfim, gosto de “Último Desejo”, “Tabuleiro da Baiana”, “Ave Maria no Morro”, “É de Manhã”, “Primavera”, “Mãe Menininha..”, “Eu sei Que Vou te Amar”, “Soy Loco Por Ti América”, “Tropicália”, “Brasil Pandeiro” e todas do velho “Lua”.
quis dizer que NÃO adianta usar sinônimo…
aah, caetano, se eu só pudesse te mostrar um único videoclipe aqui, sería esse. por favor, veja. eh de uma banda chamada manic street preachers. a canção eh “so why so sad”. emocionantes, video e música.
http://www.youtube.com/watch?v=hSMklt5i614
Vi que tem outra Patricia…n quis nmais usar o apelido…cismei…então os dois comentarios logo acima são de Patricia 1…ta bom?
Quando eu tinha entre dez e 15 anos, não lembro bem, minha mãe branquinha de cabelo pixaim respondeu brava a uma vizinha que me chamou de negra que eu era morena de traços finos.E acho que me disse uma vez que eu tinha saído o pior dela (o cabelo) e o pior do meu pai (a cor), preto mais pra índio de cabelos muito lisos, linda mistura preto/branco/índio. Parece um comentário cruel, o da minha mãe, então não sei se disse mesmo ou se sonhei. E ela é ótima, só pra registrar! O fato é que por muito tempo preenchi o espaço da cor, em formulários, com a palavra morena. Demorei alguns anos para entender que sim era negra, a única das três irmãs que poderia ser identificada como tal. E a partir daí o sou, em formulários, palavras e ouvidos. Acho que o preconceito é muito mais sutil, muito além das definições. Nas impressões dos encontros nas esquinas, nas primeiras leituras de pessoas que fazemos. Fazemos, eu inclusive. Hoje acho engraçado e um pouco constrangedor quando alguém ao se referir a um negro/a diz aquele moreninho/moreninha. E depois do auto-reconhecimento, tentei e tento entender o que o fato de eu ser preta e viver num país cheio de preconceitos escondidos tem a ver com os encontros e desencontros que tive até então.
Pulando do divã para a literatura, como bloomsdayana que sou, sempre quis ler Ulysses. Iniciei a viagem, mas fui parando nas estações literárias que Joyce indicava. A mais recente “Os anos de Aprendizado de Wilhelm Meister. Por causa do “Obra em Progresso”, fui ler Verdade Tropical e achei curioso alguém ter dito ser ele também um “romance de formação”. Os comentários sobre Gil e sua negritude foram luz sobre as sutilezas que tento entender sobre raça, cor e preconceitos. Amo Gil, Caetano e Chico e estou gostando muito de muitas coisas que ouço por aqui.
Pronto, Nando! Agora vem o dilema: fico sem dormir dias e dias pensando na sua enquete (e mudando de voto) ou respondo logo.
Amo e odeio essas coisas.. rsrs
Vamos lá!
Vou escolher primeiro uma que não é do Caetano, assim posso votar em duas:
SÓ LOUCO (dorival caymmi)
ERRÁTICA (caetano veloso)
PS: Caetano, me ajuda, por favor, a lembrar de uma música sua que é linda linda linda e não consigo recordar quem gravou, pra recuperar. a melodia tá inteira na minha cabeça, mas a letra…. tem uma momento que diz “violão, deita em minha mão, acordar algumas notas, colocar com exatidão na sombra o clarão sem fim”. Essa é es-pe-ta-cu-lar!
Cora Rónai, que bom ler você aqui!
Adoro os posts da Patrícia.
MIRIAM MAKEBA merece homenagem especial. Nunca a esqueceremos.
Adoro o “coqueiro que dá coco”, com ou sem João. Salem tem razão (mesmo).
Nando e Glauber arrasam em rock culture. Sou fã antigo e apaixonado do (ex-Dr.) Cascadura. A melhor defesa da axé music seria recapitular a história do rock na Bahia: de Raul a Pitty, passando pelo Camisa de Vênus (que nome espetacular), o rock baiano tem criatividade e vitalidade insessante e muitas vezes pioneira. Além, é claro, do diálogo entre o trio elétrico e o rock, que nunca se interrompeu. Nnao digo dos dois grupos de criadores (aí não há muito diálogo) mas da música em si. Tipo Dodô “inventa” a guitarra elétrica maciça, Armandinho soma solos meio prog meio heavy, Moraes vem dos Novos Baianos - os mais atrevidos misturadores do amor ao choro com o amor ao rock -, Pepeu “glitter”, Daniela pop-rock e também eletrônica (aqui é bom lembrar o quanto eletrônica, reggae, rap, tantas linhagens vêm do rock - e eram classificadas no começo como ramos do rock), o reggae no samba de Neguinho, etc. etc. etc.
Será que Heloísa me respondeu lá nos comments do post anterior? (Isso já aconteceu antes…)
Uma canção não é “tropicalista”. Ela fica. Claro que as canções emblemáticas daquilo que a posteriori se denominou Tropicalismo, como Galéia Geral, Tropicália e Bat Macumba, são definidas como “tropicalistas” na sua gênese. Mas e “Coração Materno”? Nasceu tropicalista ou ficou depois da interpretação de Caetano? Canções ficam com um tom tropicalista por questões diversas. Algumas bem subjetivas.
Roda Viva mostra um momento inquieto do Chico. O belo jovem de olhos verde-azuis era capa da revista Capricho. Frequentava programas populares da TV Record. Mas queria “dar um chute no lirismo”, como dia a letra de “Agora falando Sério”.
Caetano tropicalizou Carolina e foi mal entendido por isso. Zé Celso entendeu Roda Viva e também tropicalizou-a. Colocou a canção no contexto em que deveria estar.
Chico não usava batas, nem era cabeludo. Não vestia a camisa da Tropicália. Nada nele, visualmente, nos remeteria ao movimento. Mas Roda Viva foi o plot-point de uma encenação com inúmeros signos tropicalistas.
Quando Caetano reencontrou Chico no Castro Alves, aí sim tivemos cenas de tropicalismo explícitas.
Muitos negros no Brasil sofrem do auto-preconceito, é muito comum, sobretudo nas classes mais pobres, que eles se digam “moreninhos”. Para esses a palavra “negro” tem um caráter pejorativo. Talvez Barack Obama venha lhes redimir dessa culpa, já que nossos (grandes) heróis negros, que se resumem a cultura e ao esporte, não lhes são de grande valia.
Segue a obra de um grande negro brasileiro;
Caetano cantado Rosa de PIXINGUINHA:
http://www.youtube.com/watch?v=lPLPSgJaMmk
sobre a palavra ‘mulato”: perfeito o comentário sobre o caráter positivo da palavra. Ora, língua é isso mesmo, é corpo-vivo: o sentido de um signifante não é a sua etimologia.
puxa vida, o resto do brasil precisa mesmo conhecer melhor toda a loucura que foi o rock baiano de 1990 pra cá.
“úteros em fúria”, “cascadura”, “crac!”, “meio-homem”, “brincando de deus”, “dead billies” [da qual fiz parte e acabou em 2001], “alex pochat & os 5 elementos”, “nancyta viegas”, “ronei jorge & os ladrões de bicicleta” e tantos outros. são muitos, muitos mesmo!
caetano, que bacana que vc eh fan antigo do “casca”. tmb sou fan, desde mil novecentos e antigamente! se vc acha que saco de rock culture, música americana, c tem que conversar com fábio magalhães do cascadura. um arquivo vivo, loucura…
tenho um razoável conhecimento de música brasileira, graças a meu querido pai, lula carvalho, que vc sabe, eh compositor [compôs com batatinha "pra todo efeito"], e tinha pilhas de discos em casa.
êee, vidão!
Lembrei de uma expressão que quando ouço não gosto: “um negro lindo” por que não somente lindo como falamos de qualquer pessoa bonita?
- presente inclusive na lírica do afoxé… -
Acho que descaracteriza o negro como ser humano, pois se preciso definir a espécie antes do adjetivo é por que não quero confundir com o que seria subentendido (no caso ser-humano).
Aliás vc observa a palavra negro antes dos nomes próprios na literatura Brasileira do sec 19. Não deve ser por acaso….
E eu me queixando dessa conversa de expressões racistas e entrei nessa tb
putz, como pude esquecer dos inimitáveis, extraordinarios, “retrofoguetes”!!! meus irmaos para toda a eternidade. ando meio desligado…hahaha
Caro Nobile
Sou suspeito pra falar de música pra criança. No CD do Castelom Rá Tim Bum (que recomendo sem modéstia) há 12 canções minhas e outras do Arnaldo Antunes, Helio Ziskind e André Abujamra. Nesse Cd eu também canto 2. Fiz tbm todas do CD do Disney Club… esse é + difícil de achar, mas é bem divertido. Tem Paulo Miklos e André Abujamra cantando bem a beça.
A nova temporada do Cocoricó (na cidade) terá trilha minha.
Uma dica boa são os CDS do Palavra Cantada do Paulo Tatit e Sandra Perez. Belíssimo trabalho que as crianças adoram.
Mas põe Leãozinho pro teu filho escutar e vê a reação. É o maior hit infantil da história da nossa música popular!
Miriam Lúcia: topo de cara um encontro virtù com o pessoal do blog. já botei a cerveja pra gelar (rs)… quanto ao cometário do berlusconi, acho que é um pouco mais que uma gafe: é uma denuncia… hehehehe. acho que é o tipo do ato falho no qual ele revela o que realemnte pensa - não podemos esquecer que ele é facista!
nando: não sei responder qual é a maior música brasileira de todos os tempos. se fosse do século vinte, arriscaria “faroente caboclo”, que tem mais de nove minutos…
caetano: vou tentar mais uma vez conseguir de vc uma resposta. o que vc acha desse movimento que vem ganhando força atualmente no brasil, de se buscar a condenação criminal dos militares que toturaram no período da ditadura?
salem: vc tem dicas de músicas pra crianças? tenho um filho de seis anos e uma filha de dois. dia desses “apliquei” na menor a turma do cocoricó, do hélio ziskind - ela adorou. aguardo suas dicas…
pessoal, não sei se vcs perceberam mas quem deu uma pinta por aqui foi a soninha…
Como um intruso atrasado, abomino essa denominação de afro-americano. Mas, ao que parece, este termo é o politicamente correto, embora racista. Que diabos é ser politicamente correto?
De certa forma, percebo isso onde vivo. Caxias do Sul. Colonizada predominantemente por italianos. Aqui, como em cidades vizinhas, é comum a exaltação da descendência italiana ou alemã. “Sou Italiano, graças a Deus”, é adesivo comum em carros. Tais ítalos-brasileiros, por vezes, não se consideram brasileiros e acreditam que a sua descendência os difere, os eleva, os distancia.
Para mim, isto é repugnante.
Sou mulato como Obama!!
O termo mulato vem de mestiço ou mula mesmo, animal híbrido que é o resultado do cruzamento entre cavalo ou égua com o jumento.
A etimologia das palavras remete à conceitos históricos obviamente, porém existem aquelas em que à època de sua criação ou surgimento de variáveis, tiveram como única opção ou inspiração aquelas já existentes dentro do contexto aplicável à espécie.
Se justiça fosse feita nosso continente se chamaria Índia ou pelo menos Colômbia.
Originais somos nós do Brasil. Embora meu próprio nome seja importado. Fui batizado Nassau Alves Santiago, filho de um baiano de Caém, próximo à Jacobina. Meu pai, negro e neto de escravos, ouvia desde menino as estórias do alemão e não holandês, como muitos pensam, Maurício de Nassau em Pernambuco, próximo dali e na Bahia mesmo, já que Nassau chegou a invadir Salvador. Levado à Minas Gerais pelas rotas dos tropeiros, junto de meu avô fixou-se em Rubim, Vale do Jequitinhonha. Ali conheceu minha mãe, branca e filha de fazendeiro tradicional.
Obama e eu somos mulatos, americanos, advogados. Me orgulhei da sua eleição, como se eleitor dele fosse!!
abraço sincero a todos!
A word that everyone else is afraid to define except in utter seriousness, for fear of being branded a rascist, in total ignorance of the colloquial usage of the word, its characterization in popular culture, and the populations of people it is used most by.
Um exemplo:
You shouldn’t ever say the n-word, you rascist cracker asshole.
Caetano, vejo o elogio da mestiçagem nesse blog do francês Pierre Doury, chamado Zoreilles en Coin, tratando da mudança dele de Toulouse para a ilha de Réunion. Fiquei comovida quando li a referência ao Brasil:
Sur la route, les paysages sont comme sur les photos : ça monte vite depuis la mer, et les pentes sont verdoyantes, lorsque les falaises noires ne sont pas à nu. Impressionnant : les immenses filets métalliques sur les parois sensés empêcher les éboulis sur