New York Times (19/09/2008)
NEW YORK TIMES |
12/09/2008 6:47 am |
Robson, acho, pensou que creio que os grandes jornais americanos não permitiriam críticas negativas a medalhões. Eu não disse isso. De fato, se fosse assim a imprensa de lá seria o oposto de uma imprensa livre. E o desenvolvimento técnico dos artistas estaria estagnado. Mas não é assim. Citei dois ídolos de geração anterior à minha porque eram os exemplos que eu dava quando comecei a falar no assunto. Mas não seria muito diferente se se tratasse de Dylan, Prince ou Al Green. Mesmo Iggy Pop. Um tratamento grosseiro e de antemão desqualificador não fica bem em jornais como NYT ou o Washington Post, eis tudo. Citei o caso extremo da crítica a Chico na Ilustrada: poderia lembrar que lá também li que o cello de Jaques Morelenbaum é “assassino” (sendo ele um cellista de quem o grandes músicos, críticos e produtores do mundo todo dizem tirar o mais belo som daquele instrumento - além de ter uma capacidade de improvisar e entender os meandros da harmonia com uma sensibilidade sem competidores) - e que os músicos da Timbalada deveriam estar numa jaula. Não é isso, no entando, o que interessa. O caso é que, na crítica ao show de Roberto comigo cantando Jobim, não chegou a haver uma patada desse tipo (embora “naftalínico” e “necrófilo” tivessem aparecido no Estadão e, sei lá, “modorrento” ou algo assim na Folha). Eu apenas identifiquei que, por trás disso, havia o folclore de soar desabusado - coisa que vem manchando a crítica de música popular no Brasil há anos. E quis informar a quem não sabe que isso não é normal no mundo todo. Escrevi que a crítica de música popular é “o lixão” do jornalismo porque é o que observo desde sempre (e isso é assim em todo o mundo, diferentemente do hábito de escrever de modo forçadamente iconoclasta, que só vejo acontecer aqui; digo, na grande imprensa, pois nos tablóides pós-punk - sobretudo ingleses, mas com imitações francesas, italianas, portuguesas etc. - isso é a norma). Mas ressalvei que, com a virada dos Beatles, uma confusão interessante se deu - e ela é visível sobretudo nos citados tablóides e revistas roqueiras, a um tempo esnobes e chulas. A imprensa neo-conservadora tende a ser grosseira (a Veja é exemplo gritante, mas vemos isso na Fox News, até na Newsweek e na Time, com seus “ele está errado”) e, com isso, adotou algo do linguajar desses tablóides. Mas vê-se que mesmo aí há exigência e cuidado quando se trata de crítica de cinema: alguém pode imaginar Isabela Boscov escrevendo absurdos como os que o Martins da música pop escreve? Alguma matéria sobre cinema é, de longe, irresponsável, errada, cínica, grotesca como a que li em Veja sobre supostos seguidores do Los Hermanos? Não. A Boscov mostra que estuda, que faz o dever de casa. Martins põe que Zé Miguel é “pior do que Moby“. Mas eu, eu mesmo, não sou vítima desses malucos. Recebo mais elogios do que mereço. Claro, os ódios contra mim são espalhafatosos. As mesmas razão que me protegem contra uma desqualificação unânime serve para deixar meus detratores espumando: minhas relações decisivas com o rock, que me levam a ter um certo protagonismo na história do gênero no país e, ao mesmo tempo, minha independência de - e mesmo relativa desatençao a - ele. Quando a Ilustrada abriu o gosto para uma perspectiva internacional e anti-provinciana, eu era do cânone - enquanto Bethânia, Chico e Milton, por exemplo, estavam no Index. Chiei muito contra isso. Milton, naquela época, era o músico brasileiro com maior prestígio internacional. Bethânia e Chico eram as duas mais sólidas reputações do mundo da música no Brasil. Era desproporcional um caderno de cultura e entretenimento reservar-lhes espaço pequeno e palavras de leve desprezo. Roqueiros dos 80 mais Gil, Caetano e Gal - fora, é claro, toda a inglesada e alguns americanos - me parecia programa estreito. Disse isso a Marcos Augusto e a Matinas. Ouvi pessoas próximas a mim dizerem, em tom de piada violenta, que não-sei-quem ou não-sei-quem deveriam ser despedidos. Sempre desmereci essas piadas, mesmo como piadas. Mas já li até na Caros Amigos, contado por um jornalista que está em plena e brilhante atividade, que destruí a carreira de jovem e promissor repórter por ele ter se negado a namorar comigo (eu teria recusado dar-lhe entrevista em Londres por ele não se entregar a mim - quando, na verdade, a entrevista foi feita, publicada e tudo, sem que ninguém tenha forçado ninguém a fazer nada com ninguém). Nessa mesma entrevista foi lançada a expressão “máfia do dendê” para caraterizar-nos a mim e a Gil - a aos baianos em geral - como manipuladores dos meios de comunicação. Unanimidade? Nunca, em nenhum período da minha vida, experimentei tal status. Não estou preocupado com isso: nem a desejo nem a temo, a unanimidade. E, pensando bem, até Machado de Assis recebe reiteradas estocadas (às vezes bem violentas e injustas) de Millor Fernandes. Colombo e Jotabê, no entanto, não parece que miravam em mim. Miravam institivamente no ambiente celebratório que cerca os eventos dos 50 anos da bossa nova. E ainda por cima com antipatia pela evidente ligação com o Rio que esses eventos fatalmente teriam. Houve um descompasso suspeito, sintomático, que foi flagrado por Bárbara Gância, colega e amiga dos dois críticos. Eu não me sinto impedido de me manifestar (com o desleixo que o assunto merece, mas não sem o esforço de precisão que a luta contra as consequências nefastas desses gestos exige). Finalmente, só tinha lido o trecho do Jotabê que Robson citara - e tinha achado forte (embora não me escapasse a falsidade da visão de meus poderes de cortador de cabeças). Fui ler hoje o texto inteiro. Achei bem menos forte do que o trecho fazia esperar. Mas o português está melhor (será que há um antropólogo copidescando o lance dele?). Hermano aqui só conserta coisas como Pasquali, Zizec… Aquele maravilhoso ato falho de, contando que trocara um “s” por um “z” num texto criticando o português (e a ética) do Xexéo, eu ter escrito “veses” ele deixou. E o “trexo” foi só uma vez, num texto que tinha a palavra grafada corretamente várias outras. Mas já confessei que me atrapalho em ortografia. F. Scott Fitzgerald dizem que era bem pior. E ninguém escreveu nada como “O Grande Gatsby”. Mas num blog, escrito nas migalhas das madrugadas, “typos” abundam. (”Typos”, para quem não sabe, pronuncia-se “táipôs”, com tônica na primeira sílaba, e é expressão inglesa para dizer “erro de digitação” ou “troca de uma letra por outra na gráfica”). Chega desse papo. Como crítico, adoro os versos que chegam nos orgasmos mútiplos em “Homem“. E os de “Lapa”, então, com Lula e FH, nem vou falar. Mas hoje gravei violão e voz em “Lobão tem razão“. Ficou “pronta” pela primeira vez. Ia gravar mais, mas as relações da lendária mesa (que também foi onde se gravou todo o “Clube da Esquina“) com a outra mesa maior, e dessas com Moreno e Daniel, não foram harmônicas: eles perderam horas com os técnicos do estúdio AR tentando desvendar o mistério de um problema que pintou. Amanhã ouvimos como ficou gravada hoje e, a depender do que achemos do resultado, gravamos de novo. E, com fé em Billy Wilder, gravamos outras duas. Estou com pressa? Kind of. Aliás, falando em inglês, eu queria responder a um americano que escreveu duas vezes faz tempo: acho que vai ser legal um post bem curtinho em inglês. Mas será que eu sei escrever posts bem curtinhos? Comecei com vergonha de tocar volão. Depois relaxei mais. Daí fui cantar e perdi todo o entusiasmo com o disco. Me achei sem graça, chato, com essa trava que aparece no estúdio (em show isso é bem melhor). Mas depois de cantar umas cinco vezes a canção toda (até para Daniel e Moreno chegarem à captação de som que queriam) comecei a me animar com as possibilidades. E terminei gostando de algo ali. E voltou à toda meu entusiasmo pelo disco. A escolha da primeira música a ser gravada obedeceu a um critério apenas prático: era a primeira música que estava na fita em que só tem uma versão de cada arranjo e, portanto, não precisa de Daniel fazer reduções complicadas nem de nós todos elegermos qual das versões se presta mais à adição do violão e do canto. |
Ainda bem que essas críticas não incomodaram o Caetano…. Imagina se o tivessem feito…
Axé, axé!
caetano, meu comentário não tem exatamente a ver com o conteúdo deste post, mas eu não podia deixar de dizer que você cantando os versos “coou meu café na CALÇOLA/pra me segurar” em “Incompatibilidade de gênios” é simplesmente sensacional: modifica a letra original, adequando-a (creio eu) ao significado inicialmente querido pelos autores, e com humor, safadeza e argúcia. 1.000.000 de pontos pra você.
um abraço meu.
A Mesa de Som que se refere o Caetano como lendária, faz jus ao adjetivo. Se não me engano, quando li “Os Sonhos Não Envelhecem” de Márcio Borges, cujo prefácio é do ilustre filho de Dona Canô, a referida Mesa é citada no livro que relata as estórias do Clube da Esquina. Gostaria de saber de Ti, Caetano, como descobriu a ligação da Mesa com a gravação do álbum de Lô e Milton? Bom, já sendo um pouco pretencioso, aproveito e faço um pedido também. Inclua alguma canção do álbum Clube da Esquina em seu disco, como forma de homenagear Milton, Lô, Márcio, a Mesa, a Mim, Minas…tem coisas sensacionais lá!! Beijão!!
Uma pergunta pra ti caetano.quando vc fala sobre preferencias entre Rio ou SP, vc não acha que fica muito vago o conhecimento de artistas em geral sobre as duas cidades, ja que frequentam praticamente apenas partes nobres dessas cidades, mais especificamente SP, pois a verdadeira cidade que é a periferia e onde esta a maior parte de sua população.Vc citou a ponte próximo a Globo, lugar em si previlegiado, outros artistas citam avenida paulista, centro, bixiga , jardins, Ibirapuera, lugares onde a maioria das pessoas que moram em bairros nem conhece,não frequenta, é essencialmente um mundo paralelo.Vc conhece bem essas cidades?
Caetano: Y si pasás el corrector de ortografía? Digo… para los typos.
(Orgasmos múltiples + mujer: interesante esa letra.. me gustaría explayarme pero no sé si da…mm)
1B
Antes, as letrinhas montadas pelo avesso nos caixilhos. Hoje com a digitação. O texto de Monteiro Lobato é atual.
Caetano, o problema de ortografia tem origem na fase da alfabetizacao durante a aprendizagem do som da palavra e sua manifestacao escrita.Se o professor nao enfatizou e corrigiu a ortografia do pequeno aprendiz nas primeiras letras, o estudante memoriza o erro - ou a duvida - e fica com tendencia a comete-lo para o resto da vida. E nao ha remedio para o problema.Conheco doutores de lingua inglesa que padecem do mal, mas que nao os impediu de evoluirem em outros aspectos da area, inclusive serem excelentes professores (que ensinam pedindo aos alunos para soletrar certas palavras).
A crítica é mesmo uma forma de Arte e Caetano obviamente sabe disso [aliás, acho o complemento estético perfeito da obra de arte, embora seja geralmente muito mal exercida; os críticos (salvo raras e honrosas exceções) estão aquém da beleza da sua profissão] - senão, por que reagiria de modo tão inflamado? Talvez pela oportunidade (valiosa!) de lidar externamente com aquilo que ele denominou de “dor vaidosa”. A mim soa como se ele dissesse: “EU posso me desaprovar; você(s) não!”. Enviei um link a respeito, mas não passou na censura
Nas minhas audições do “Cê”, andei pensando e estou confessando aqui (espero que meu post passe pela moderação)que ao ouvir a canção Homem (que é uma levantada de astral para as mulheres e para os homens) quando o Caê, pronuncia eu sou homem, este pronunciar soa em determinado momento como eu sou huomem mutando-se (na minha viagem auditiva) como eu sou womem; não sei se tem alguma coisa a ver, mas me pareceu uma possibilidade desta polaridade masculino/feminino… aquele lance bastante discutido, mesmo pelo Caetano em Verdade tropical, aquele lance meio Lacan sobre a sexualidade (Caetano cita Lacan no V.T) um papo meio sexo equívoco… Muito louco isso.
ihhh….a família toda descobriu o blog…minha nossa…o acontecimento cultural mais importante do ano é o blog do Caetano, que será secundado pelo disco, ou complementado…o blog já é o disco, o blog é Caetano na letra…que o disco voador Madonna desça e cante pra subir logo e que o barulho não seja ensurdecedor…música não é barulho…nesse canto daqui o batuque é bom…como será Caetano como é bom tocar um instrumento com vergonha de tocar violão?
A Heloísa tocou no assunto que você afirmou que é melhor que Gil, Chico e Milton… acho que você ter falado isso é muito improvável pela sua coerência e conhecida modéstia.
Quanto ao fato de ser melhor ou pior todos sabemos: isso é muito relativo. podemos falar apenas de nossa predileção.
Você é meu cantor e compositor prefirido em esfera mundial. Caetano, Gil, Chico, Djavan, Miltom, Tom e seus dons geniais (RSRS) são grandezas incalculáveis e incomparáveis.
esse comentário é um tanto inútil só quis registrar porque me chamou atenção o comentário da Heloísa.
A verdadeira verdade verdadeira é que cê é maravilhoso. Escutei Circuladô de Fulô na voz de Haroldo e na sua versão musical a tarde inteira. Só por essa música, por Livros, por Tropicália e por Panis et Circense cê já é pode ser considerado um grande nome da música mundial. Esse meu elogio ignorante a ti não te ajuda em nada, mas pelo menos me ajuda a falar na sua cara que cê é o cara.
HELOÍSA,
Caetano disse que o pessoal da geração dele, e mesmo os que vieram depois, como Ivan e Bosco são melhores músicos que ele. Mas para OUTRAS COISAS, ele [Caetano] se acha melhor que Milton, Chico, Edu, …
A TVE em 2002 fez um programa de 1 semana com Caetano, que era apresentado pelo filho do IVAN LINS… onde havia uma entrevista muito grande, e clipes musicais [ como trechos do show VELÔ, de 85, que a TV GLOBO E TVE têm ].
E foi nessa entrevista que eu vi Caetano dizendo: EU SOU MELHOR QUE TODOS ELES…
mas tá explicado acima.
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=57403281
Espero ansiosamente tu respuesta. Obrigadinha.
1B
PD: Cuando vino Bjork a Arg trabaje para ella y la escuchaba vocalizar (a los gritos pelados!) desde mi habitacion… Ella viajaba con su coach vocal en ese tour.
Caetano:
Encontrei uma dissertação de mestrado acerca do seu disco Araçá Azul (USP). Não sei se você tem conhecimento dela.
Leia é muito interessante.
Acessar: http://www.teses.usp.br/
(basta escrever Caetano Veloso na pesquisa)
Um beijo.
Heloísa talvez a referência a Bill Wilder seja do fato que ele era Ateu,ou assim o dizia,como Caetano afirma ser.Além disso existe uma brincadeira,fato ou lenda que ouvi falar que um cineasta americano havia ganho um oscar e na hora do agradecimento,disse que não acreditava em Deus e iria agradecer a Bill Wilder.no dia seguinte Bill Wilder já com seus 81 anos,teria ligado pro cineasta e brincado ao telefone disse ao mesmo que era Deus falando com ele.Deve ser isso,pois Caetano é bem humorado e gosta de brincar,e os chatos tomam isso com pedantismo,mas é só conhecimento e não ofende a ninguém,somente aos tolos de cadernos 2,mais ou b.ou coisa que o valha.abraços pra você e pro caetano tb.
Hermano, considere a possibilidade de criar um tópico para assuntos, digamos, diversos (naturalmente que sem qualquer compromisso de resposta por parte de Caetano; mas ao menos sabemos que ele se interessa, a priori); tudo bem, a proposta do blog é a criação do disco blablabla, mas é injusto limitar um canal como este (e lamento só porque trata-se de Caetano Veloso) a censura temática. A propósito, “obra em progresso” é um nome muito feio, desagradável, “trabalho em curso” ficaria bem melhor. Atenciosamente,
Renato, “obra en progresso” né feio nao, nem desagradavel ! é um nome instigante e cheio de nove horas e segundos sentidos, ou entao, mesmo que tenha sido uma traduçao na marra de “working in progress”, diz tudo o que tem que ser dito sobre o momento de caetano e sua…obra ! nao responda que eu lhe dou tapa ! :-))
A propósito do papo sobre a crítica, aí vai um trecho de uma das minhas favoritas do Caetano (Ele Me deu Um Beijo Na Boca):
caetano, eu lhe curto teclando na madrugada, alimentando o blog pras feras devorarem, também na calada da noite….
Clarice Lispector escreveu certa vez numa carta endereçada a uma amiga: “não repare na acentuação, quem acentua para mim é o tipógrafo”.
Nunca esqueci disso porque achei lindamente humano e verídico que uma escritora tão gigantescamente genial como ela pudesse admitir isso com tamanha naturalidade, ou melhor, humildade.
É necessário que aprendamos algumas muitas coisas com Clarice.
… e o Grande Gatsby, que lindo é mesmo.
Se tu leres ele em inglês, encontrarás várias passagens que o Dylan aproveitou em algumas de suas canções. Sem tirar nem pôr. Love and Theft!
Caetano, sobre a letra de ”Lobão tem razão”: acredito que é a primeira canção da MPB que tem a palavra ‘’sêmem”.
Inspirado pelo comentário de Jorge reivindico a Caetano que grave Incompatilibidade de Gênios no novo disco. Creio que ela não destoa do projeto original: há coisa mai autoral do que a versão apresentada no show?
Márcio M muito boa a sua sacação vou averiguar se o uso da palvra sêmem já foi usada, se sim, penso que foi pelo próprio Caetano, visto que, não conheço também alguém na moderna MPB usar mésóclises. Eh! Caetano Eh baianinho danado
Caetano,
(eu sei que é muita pretensão minha perguntar assim, achando que vc vai responder! Mas sempre tive curiosidade de saber como é e foi sua relação com as ciências…)
Abraço!!
Caetano:
A propósito, você já lhe fiz alguma cançâo em homenagem pra ela?, gostarias de lhe fazer?; acho que ELA MERECE!; adoraria saber. Conta um poquinho no blog, claro! -sempre que você ACHAR PERTINENTE- mais acho que ela ia gostar!?, nao todos temos a BENDIÇÂO, de possuir MAMAE IGUAL!, e de tamanha longevidade!. Parabéns pela sua LINDA familia.
Beijos muitos carinhosos no coraçâo pra você e em especial para Dona Canô, no dia do seu aniversário mandados desde Montevideo.
Vero.
As circunstâncias que conspiram de época em época para um gênio dessa estirpe ser engendrado, afora a mão nunca casual de Deus, só poderiam encontrar ambiente propício para sua cultura – pelo menos da forma como se agregaram - no massapê lubrificado de universos de Santo Amaro, na alquimia dos temperos e canções de D. Canô, na coincidência - nem tão coincidência assim - da vontade de Biju de ouvir um disco e nas transfusões de Rodrigo, seu Zezinho e “Minha Daia”.
Com se todas essas aparentes casualidades não bastassem - essa conjunção de fatores impossíveis a nos assombrar - esse mesmo homem, gênio de uma raça, da qual tenho orgulho de fazer parte, sai de seus afazeres, de suas múltiplas e imensas responsabilidades, para nos brindar com o que talvez, seja a manifestação mais generosa com que a sua verve e criatividade únicas já tenham nos contemplado ao longo desses quase 40 anos em que revolve as entranhas da cultura do País.
Obrigado, Caetano. Muito obrigado!
Márcio M, há uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant chamada “Sêmen”, que diz: “minha canção é o sêmen de vida que jogo no ar.” Mas o lance de encontrar nos versos de Caetano palavras que até então não tenham aparecido em letras de música pode render uma lista e tanto.
Marcelo, na minha opinião a fala que vc cita de Clarice não quer dizer que ela não sabia acentuar. Porque, pense bem, se ela pede desculpas por possíveis erros e diz que isso pode ocorrer por não ter sido ela a colocar os acentos, também pode querer dizer que se fosse ela, tais erros não ocorreriam. Agora, estranho mesmo é´um tipográfo para uma carta pessoal a uma amiga. Aliás, será que ela se referia a acentuação da carta ou de um livro que ela possa ter encaminhado junto.Bom, enfim, a escrita prega peças…
Caetano,
Li no New York Times uma crítica excelente a respeito do seu show, portanto não posso concordar com o comentário de Nobile José.Queria discutir vários tópicos que me chamaram a atenção, mas como tenho medo do Hermano, não vou falar muito. Ao comentar sobre a inclusão da música “Nine out of ten” no show, Nate Chinen diz: “But Mr. Veloso seemed to be pursuing something other than reminiscence with the song. “I’m alive,” (…) “And I know that one day I must die.” He sounded fairly satisfied at that thought, though maybe not as blithe as he did all those years ago.” E depois, ao comentar a justaposição das músicas “Homem Velho” e “Homem”, ele escreve: “Of course there was stealthy sadness in the chorus, (…) ‘I am a man/Loose skin over muscle…’(…) Somehow this was just the right complement to the last few lines of “Homem Velho,” written more than 20 years ago and possibly truer now than ever: ‘But he hurts and shines/Unique, individual…’” O meu desejo era destrinchar o artigo todo, mas como não é possível, queria pelo menos saber se a tristeza furtiva que o jornalista sentiu perpassa mesmo essas músicas e a sua vida agora. É pedir muito? Só mais uma coisa: quase chorei de emoção quando ele disse que alguns versos de “Coração Vagabundo” eram dignos de Walt Whitman. Beijão, Caetano. Obrigada por você existir!
caetano,
acredito que os críticos de cinema sejam mais “qualificados”, para dar divulgação de “qualidade” aos produtos de roliúdi. para a mpb colocam o foca, que nunca ouviu falar em tinhorão. já o new york times, como vc mesmo pontuou ironicamente em 1993 como um “jornalzinho bacana” (no programa do jô quando do lançamento do tropicália 2), relega ao brasil o precário larry rother, que naquela época sugeriu que vc e gil, ao usarem um pareô na entrega do premio sharp, reafirmavam a condição de bissexuais. não me espantei quando, dez anos depois, o mesmo tosco jornalista disse que lula tinha problemas com álcool, numa recortagem de vomitar no chapéu. imprensa de má quailidade tem existe em qualquer lugar.
ps: o que é feito na base de guantánamo pouco se difere daquilo que foi feito no período da ditadura no brasil. é o que as pessoas da minha área vêm chamando de direito penal do inimigo…
Caetano
Caetano a revista culural paulista “Bravo!”,elegendo as 100 maiores músicas da MPB,não destacou nenhuma do Bituca.E ainda o colocou como parceiro em uma canção sem que o seja de verdade.Voce não fique aborrecido pelo fato de talvez ter parecido cruel com a provincia que patricinou seu movimento tropical.Não quero forjar animosidades.Aliás não me interessa muito a aprovação de meus comentários mas apenas que pelo menos chegue até a ti.
Caetano,
não subestima o teu leitor. Pára com essa mania de ficar linkando nomes à wikipedia. Nós sabemos quem são Billy Wilder, F. Scott Fitzgerald e Moby. É deselegante e chato, para ser sincero.
Caetano, aqui eh o Ericson…nos trocamos umas ideias no Leblon com Arnaldo B. sobre Guantanamo…eu te disse que tinha um poema…demorou mas olha ele ai…beijo.
SOB O CEU DE GUANTANAMO
Eu amo o corpo magro dos jovens presos de Guantánamo. O risco, a listra, o traço, a linha. Sob o céu de Guantánamo, a luz. As leves siluetas tristes dos jovens de Guantánamo. O passeio rasteiro dos gestos. Os joelhos limpos. As mãos limpas. O rosto olhando Deus nas mãos limpas dos jovens de Guantánamo. As cabeças lisas. Os queixos agudos. Os olhos vendo o branco dos olhos de Deus em Guantánamo. As pequenas falas. Os gritos cantados. A dor. Os pulsos e os tornozelos torneados pela estadia amarga dos jovens de Guantánamo. Eu quero o corpo fino dos jovens de Guantánamo. Eu quero a linha linda, tênue, triste dos jovens de Guantánamo. A tâmara doce, o azeitonado cândido, o riso contido dos jovens de Guantánamo. Eu quero. Toda a juventude perdida de Guantánamo escorre pro céu. O céu azul índigo é a terra prometida aos corpos lisos dos jovens de Guantánamo. Nunca ninguém jamais esteve tão perto do céu de Guantánamo. Eu quero o céu dos corpos lindos dos jovens esguios das areias de Guantánamo. Eu quero o céu. E todo o amor livre dos presos laranja. E toda a nota solta das rezas tesas. E toda palavra negada aos jovens lindos do deserto em Guantánamo. Lá me torno outro. Inteiro outro. Lá. Meu céu.
Peter, eu adoro os links do Caetano, pra wiki, site, youtube, fotos etc. Adoro dicas pra cá e pra lá. Se você é muito sabido e nao gosta de link, imprime e vai ler o blog no sofá.
alô Peter - Caetano não linka, eu linko - coloco a wikipedia mais como incentivo aos leitores que conhecem a irem lá melhorar os verbetes - e coloco outros links menos ortodoxos… o do Al Green, por exemplo, é sensacional…