Notas de Caetano (01/08/2008)
Notas de Caetano |
1/08/2008 4:08 pm |
Caetano, ainda voltando da Europa, nos manda estas notas: “TRANSROCK Vi uma ótima Joana nos dando adeus porque acha que perdemos o gume do “Cê”. Vamos ver o que o repertório posto junto (em CD?) nos dirá. Gozado é que vi a palavra “anamnese” com um “i” no meio. Fui ver no meu texto, já estava lá. Será que estou “píssico”, como dizia o pessoal de Guadalupe quando morei no Rio em 1956? NÃO É TRANSAMBA: É TRANSROCK, STUPID. Será que é mesmo a economia que vai pôr as coisas no lugar? Antes eram os Marxistas que diziam isso, depois os neo-liberais. AGORA É NÓS. Transrock: novo passo dado pelo velho Caetano e os jovens Pedro, Ricardo e Marcelo da Banda Cê, depois do ousado e refinado CD “Cê”. Que tal? Uma boa chamada para a Downbeat! POLÍTICA: Os eleitores cariocas temos de nos encontrar em torno do nome de FERNANDO GABEIRA. É isso aí: GABEIRA para prefeito do Rio deve tornar-se a decisão das pessoas lúcidas e honradas dessa cidade, vivam elas no Complexo do Alemão ou na Gávea, na Barra ou em Parada de Lucas, em Santa Teresa ou no Vidigal, na Ilha do Governador ou no Leblon. GABEIRA: não podemos perder essa oportunidade de dizer algo nítido. ACORDA, RIO DE JANEIRO, AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS ESTÃO AÍ. Ouvi elogios de luxemburguenses e alemães à Cidade da Música do Rio. Fiz questão de divulgar. O arquiteto é bom de acústica. Cesar Maia ainda está aí. Mas o candidato a prefeito é FERNANDO GABEIRA. Nenhuma dúvida quanto a isso. Obra em Progresso: fiz duas músicas na Europa (até agora). Uma cita nominalmente Lobão, a outra diz os nomes de Lula e FH. Tudo com amor. As opiniões políticas aqui expressas são minhas, assino Caetano Veloso, não são necessariamente do blog nem da equipe, liderada por Hermano Vianna, que o projetou e toca.” |
também vou votar no Gabeira - afinal o Rio é uma Obra, e tem que haver algum Progresso na cidade
inclusive o Gabeira, que merece o Rio.
eu não vou votar no gabeira…..não sei em quem vou votar …..acho que a democracia representativa faliu….com gabeira sem gabeira…
Afinal o rio é uma obra do descaso reinante….e tem que haver antes de qualquer obra (alias a cidade esta cheia delas e de pessima qualidade)um resgate da dignidade humana para assim haver algum progresso na cidade.
assim vai parecer a vanguarda da retarguada da anticultura!
emfim o que cae quiz dizer com transrock stupid!
Pro Caetano:
Cê sabe quantas canções terão o CD? “Sem Cais” e “A cor amarela” entrarão? E o DVD, vai sair também? Beijos.
lamento pela conjugação errada do verbo, putz.
to pegando carona aqui pra mandar um beijo pra Giovana. Espero reve-la no Rio. O almoço na minha casa tá de pé, ok Giovana?
aproveito pra mandar abraço ao Joao e dizer(também) que gosto do fato de que Caetano lê o que escrevem para/sobre ele. Achei bacana ter mandado recado pra Joana e prestado atençao no que ela disse. E viva o Gabeira, é claro.
comentário de Caetano com respostas para o Nelson:
“É tudo comedy. Estou em Toulouse, indo para Mônaco. A história é que uma autoridade americana disse a outra autoridade americana: “it’s the economy, stupid!” (”é a economia, estúpido!”) e a frase é repetida na imprensa mundial toda vez que se quer mostrar que o que decide a cabeça do eleitorado é a economia. A graça das notas que mandei está na velocidade: dizer “é transrock, estúpido” - e emendar uma frase sobre a economia sendo a razão de tudo - tem a ver com esta virada audaciosa: em vez de ser “transamba”, isto é, a transvaloração do samba por um tratamento rock, o nosso trabalho mesmo é fazer o rock se superar pela infusão nele do mistério do samba; o que, por sua vez, tem a ver com a crescente presença do Brasil na economia mundial. Uma língua é um dialeto com um exército.”
no seria bueno que ponga el signo de pregunta?… Era una pregunta lo mio no seria bueno que uses “estadounidense” para referirte a los ciudadanos o autoridades de EEUU???
caramba eu ri muito agora com as explicaçãoes de cae……
e a ideia cerne e magistral contida na frase”fazer o rock se superar pela infusão nele do misterio do samba”
o misterio do samba está pra mim como o misterio da vida….vida doce misterio…vida doce misterio….
me sinto honrado em ter um post do cae dirigido a mim….só a web como uma rede de comunicação global capaz de conectar pessoas ideias e emoções….sem querer ser piegas apenas devo dizer obrigado hermano por esta possibilidade de dialogo “muito chique” entre um brasileiro que esta a caminho de monaco e que responde a um outro brasileiro e carioca de botafogo…
alias esta frase da um tremendo transamba heheheheheh….
Já eu diria : transamba is stupid!
Acho que a certa estupidez que se exige de trio de rock para tocar samba é que faz a coisa genial.
A estupidez, bien entendu, não é dos geniais músicos que lêem Octavio Paz, mas da necessidade de simplificar estúpidamente as complexidades rítmicas do samba.
Pena que não voto no Rio, a propaganda eleitoral por aqui será bem mais animada do que na minha cidade (Cabo Frio). Lá é um ou outro, e qualquer um é nenhum…
bj.
acho que me empolguei…
Acabei de sair do banho pensando:
rocksubversamba
Subverter, subúrbio; o rock (carioca) que começou na zona norte para depois ir para a Record, o samba que deu nos subúrbios (mangueira, estacio, na época a central também não era tão central) e depois foi garimpado pela classe média, novas bossas e afins…
“palavra aportuguesada do inglês suburb, literalmente sub-cidade”
Penso no rock do caetano mais como um rocks, um outro rock, assim como o samba, um outro samba; um “samba transado” (que remete ao “transa” que é muito rock).
bj.
que viagem, que puxa-saquismo. eu também sou tarada ni caetano, mas me recuso a esse tipo de viagem. nos shows ano passado ele sempre repetia: “in brasile dicono che caetano veloso parla troppo”. forse è vero.
Curioso acharem que “obra em progresso” nada tem a ver com “Cê”. A mim parece que é mais “Cê” do que o próprio. A bem da verdade, o ambiente intimista das músicas me dá a impressão de que o “obra em progresso” é a fruta que existe entre a jaboticaba branca e o araça azul.
o RIO é GABEIRA.
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sobre o título do disco, poderia ser a palavra italiana “AUGURI”.
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Caetano, quando estiver ensaiando o show, faça um esforço de incluir: Eu sou neguinha, O estrangeiro, Peter Gast, Ele me deu um beijo na boca….
Canções que você não faz em shows ha um tempo.
Abração.
Q luxo…Caê respondendo quase que online aos comentários!!! E para aqueles que insistem em classificar Caetano como um em cima do muro quando o assunto é política…está aí o recado…o pedido de alerta para o Rio de Janeiro. Tô contigo e não abro: GABEIRA já…o Rio precisa!!!
“depois do ousado e refinado CD “Cê””. Ousado e refinado? Discordo dessa colocação. Essa coisa de transamba é querer estreitar as coisas e dar a elas uma explicação gramaticalmente bacana. Samba é samba, transamba virou transgênico (à base de farinha). Eu nunca concordei com essa virada que Caetano deu no disco Cê. Claro que ele tem todo o direito de modificar completamente os caminhos que sua obra segue. Mas logo na primeira faixa do disco Cê a guitarra faz uma linha tão repetitiva e que vai se conservando no decorrer da música de tal forma que eu não entendo se é pra fazer alusão ao rock mais banal que a juventude tem escutado ou se a simplificação foi a agressividade “inovadora” do processo. Também a banalização das letras, proximidade com gírias modernas “você foi mô rata comigo”. Quer dizer, se uma banda atual de rock fizer isso ela é completamente massacrada por não ter um diálogo próprio pra canções ou qualquer coisa. Só que, ao se tratar de Caetano, tudo pode. Eu concordo efusivamente com um texto que dizia que os fãs de Caetano teriam dificuldade pra encontrar algum samba nesse projeto e que foram raros os momentos de samba aí presente, como a participação da fantástica Teresa Cristina.
“Obra em Progresso” no TEATRO OI CASA GRANDE:
vendas começam dia 11/08.
shows dias 18 19 e 20 de agosto.
Obrigado, Caetano! Abraços, Fernando Gabeira.
Progresso? Como o de Comte? ou como o de Cristo?
Que felicidade Caetano !!! Eu que tenho vc como parâmetro maior das artes, e como um “brasileiro ideal” que encarna as melhores qualidades do que é o Brasil, um artista que é um verdadeiro medium da nossa terra em transe, sempre discordei das suas opiniões e gostos em matéria de política. E agora comemoro o fato de, enfim, estarmos juntos no desejo de eleger Gabeira para prefeito do RJ. Nunca concordei com seus elogios a visão política de Brizola, porque o desinteresse deste sobre o dia-a-dia da administração pública acabou por se revelar uma incompetência para lidar com os problemas práticos da população que superaram em muito as promessas de um novo país que os projetos de educação, em especial, poderiam realizar. Ainda hoje penso que os CIEPs são a nossa ponte para o futuro, que poderiam repetir aqui o milagre coreano de transformar num curto espaço de poucas gerações os filhos de antigos lavradores analfabetos em cidadãos do mundo. Ao invés de estarmos falando em cotas raciais, hoje poderíamos estar celebrando a chegada da democracia racial aos substratos mais pobres do povo. Seria este enfim a realização de um socialismo moreno (???), invenção máxima do engenheiro Leonel de Moura Brizola (???)
Tão pouco me entusiasmei com a sua defesa de Mangabeira Unger como luminar de um novo projeto político para o Brasil, a ser executado por Ciro Gomes. Eu que sou Mangaba por herança familiar, posso ousar falar que deste Mangabeira, assim como de outras tantas famílias ilustres, não vai nascer o fruto que possa saciar aquilo que nosso povo tanto precisa para abrir seu próprio caminho ante os desafios do mundo atual. Qual seja, um líder egresso da elite, mas enraízado com a alma das tradições populares, conectado de maneira visceral com nossa ancestralidade, mas visionário dos caminhos e atalhos que possam nos levar ao nosso lugar de direito: uma nação multi-racial que enfim emerge em pleno Ocidente, após descobrir como integrar sua diversidade racial ao luxo de riquezas naturais e culturais que estão disponíveis, mas que preferimos deixar apodrecer por um misto de ignorância, má fé e preguiça em saber se inventar.
Mas o que eu queria lhe dizer mesmo, Caetano, é que estamos juntos, agora também na política, por causa do Gabeira. Realmente será um ato de coragem para os cariocas, elegerem um cidadão como ele. E o Brasil está precisando que o Rio de Janeiro volte a ter inspiração, volte a ser o farol. Falo isto como um carioca exilado em São Paulo, terra de muita acumulação de capital, mas de um dia a dia sem brilho, sem idéias e sem gosto para transformar tanta riqueza em um jeito nobre de saber viver. Sem querer promover nenhum tipo de rivalidade com os paulistas, São Paulo não tem como tomar a liderança intelectual do RJ pelo bem do Brasil, assim como um banqueiro não pode querer ser um gênio criativo das artes, sob pena de ver a sua fortuna diminuir. E torço para que o Gabeira possa ser o político que vai ajudar a reconduzir o RJ a este lugar de destaque na política nacional.
Viva Gabeira !!! Viva Caetano - e parabéns pelo aniversário !!!
Gabeira é sem dúvida a melhor opção para o Rio. Sempre teve o meu voto.