Obama, Lobato, Geny, McCain, Rio/Sampa?: Gil (27/09/2008)
OBAMA, LOBATO, GENY, MCCAIN, RIO/SAMPA?: GIL |
27/09/2008 1:52 am |
O New York Times de 25 de setembro publicou artigo sobre show de Gil no Joe’s Pub em que se faz justiça à grandeza dele. Quem quiser ler um texto bom de crítica musical e aprender em que reside a superioridade de Gil, procure essa resenha escrita por Jon Pareles. É de desintegrar a pretensão iconoclasta brasileira de criticá-lo sem reconhecer seu peso. Sobre drogas proibidas penso exatamente como Chico Buarque: deviam ser legalizadas. Sem sombra de dúvida. Tenho idéias íntimas sobre por que o álcool é livre (pelo menos em países não-teocráticos) mas não vejo argumentos fortes sobre isso em parte alguma. Aceito dicas. Drogas proibidas estimulam o nascimento de uma economia paralela monstra. Só não temos uma decisão adulta a esse respeito porque os americanos não querem. Mas um país declarar “guerra contra as drogas” é a idéia mais idiota que se pode conceber. A “guerra contra o terrorismo” (declarada por um país) é uma idéia até menos idiota. Esse lance de todo o mundo queimar um baseado ao mesmo tempo não me sugere paz de jeito nenhum: eu também teria de fumar e, pelo menos dentro da minha cabeça, não haveria paz. Quando Gabeira falou sobre drogas, disse coisas certas. Apenas isso não é tema da alçada de prefeituras. Nem deve pesar na escolha de um candidato a prefeito. Eu odeio maconha pessoalmente. Digo: assim como odeio pepino. Mas odeio a cocaína com mais furor: ela trouxe pessoas excitadas e chatas para perto de mim. Foi ela (e não Brizola), ela, a cocaína, que decidiu a virada do crime no Rio. Gabeira é bom e é forte porque ele tem valor simbólico coincidente com o do Rio. Ele está crescendo porque coisa simplesmente pequena não pode sair de sua decisão em aceitar a candidatura. Veremos. teteco dos anjos, que comment maravilhoso o seu! Você é dos anjos mesmo. Genny Marcondes e Monteiro Lobato! Sim, o presidente negro e o petróleo. Quando eu era menino, antes de ler os livros de Lobato (que li ainda menino mas não tão menino), ouvia meu pai dizer que admirava Lobato por sua coragem de desmentir os técnicos americanos que diziam não haver petróleo no Brasil. A vitória empresarial da Petrobrás (não consigo escrever esse nome sem o acento agudo), a descoberta de Tupi, talvez mais no pré-sal, tudo o que acontece nesse setor me vem com um sabor afetivo ligado ao respeito de meu pai pelo nome de Lobato. O Sítio (encenado por Adroaldo Ribeiro Costa na Salvador do final dos anos 40) veio depois. Taubaté. E Genny, que beleza! Ela radiografou “Alegria, alegria”. Pode pôr flores aos pés da torre na Rua do Petróleo. E, se puder, diga a Geny que eu a adoro. Suíços? Hmmmmm. As mulheres só ganharam o direito de votar na Suíça em 1972!!!!! Eu já estava exilado na Inglaterra. Nos EUA foi nos anos 20. Na França foi em 1945 (!!!!!). Na Suíça só em 1972. Melhor não contar muito com suíços quando se trata de eleições. Ou será que não permitir o voto às mulheres foi uma demonstração de sabedoria suíça que resistiu o quanto pôde à decadência do ocidente? Exequiela, no Brasil usamos a palavra “negócio” num amplo e sugestivo espectro semântico. Me dou conta de que isso não acontece em espanhol (será que ajuda ou atrapalha no caso de Espanha ser muito mais rica que Portugal - e mais afeita aos grandes negócios?). No Brasil usamos a palavra negócio como sinônimo de “coisa”: - “Menina, pegue esse negócio aí em cima da cômoda pra mim, por favor”. Mas há sempre um certo pendor semântico para coisas de mais importância: - “Eu tinha um negócio para te contar mas agora não lembro o que é”. A letra de “Chega de Saudade”, a canção nave-mãe da bossa nova, termina repetindo muitas vezes a palavra: “Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim/ Não quero mais esse negócio de você tão longe assim/ Não quero mais esse negócio de você longe de mim”… E, last but not least, é um dos modos de mencionar o órgão genital masculino: - “Ele botou o negócio dele pra fora e mostrou à moça”. Ou: “Deixa eu pegar no seu negócio?” Bem, pelo menos era assim que se dizia quando as moças ainda não falavam palavrão. Acabei de ver o debate Obama/ McCain. Acho difícil entender inglês falado. A parte dita “passiva” da apreensão de uma língua estrangeira é sempre um problema para mim. Já pensei que se tratasse de eu querer falar e não ouvir, ou que fosse conseqüência do zumbido eterno que levo no lado direito da cabeça desde os 13 anos, nunca cheguei a uma conclusão que me desinibisse os ouvidos e deixasse entrar o que é dito em língua que minha mãe não fala. Inglês então, com aquele monte de monossílabos, aquelas vogais sempre indefinidas (sem falar no “u” breve, como em “blush”, que é um som sem vogal, o qual, aliás, se assemelha ao que se ouve em palavras em que qualquer das vogais é seguida de um “r”, como “skirt” ou “Burt”, ou “jerk”), aquela tendência a fazer da frase uma palavra, me deixa perdidaço. Uma vez liguei a TV na Europa e vi um cara falando de algum desatre, ferimentos, e julguei ter entendido o nome de Madonna: era McDonald’s: tinha havido um protesto não sei onde e tinham tocado fogo num Mc Donald’s. Só depois de ouvir umas 4 ou 5 vezes a palavra é que percebi o “l” e o “s”. Mas já tinha perdido mil coisas que o cara dizia. Assim perco a piada nos filmes sem legenda, nas conversas com mais de uma pessoa de língua inglesa etc. Pois bem. Ouvi o que pude do debate. Fiquei até surpreso por entender tanto. Achei que os dois tentaram não falar muito diretamente sobre a crise financeira. Obama gaguejava um pouco. Não senti aquela naturalidade pretendida quando ele chamava McCain de “John”. Este não olhava para ele. A maneira de pronunciar as palavras e entoar as frases é sempre muito mais bonita em Obama. McCain tem sotaque de pig. Ele não olhar para Obama me deu uma má impressão do ponto de vista racial. Eu pensei que fosse esquecer totalmente esse quesito. McCain não deixou. O “John” de Obama não ajudava muito. Talvez a americanos, a mim, não. Foi bacana quando Obama mencionou o vice dele. Sentiu-se a crítica calada à mulher do Alasca, aquela que vê a Rússia da janela. Depois os comentaristas da CNN (uns muito louros e um moreno com um sotaque inglês muito forte - ou será australiano e eu sou mesmo surdo?) disseram coisas sensatas e variadas, à espera das primeiras pesquisas (além da leitura daquelas linhas que sinalizavam a “reação” de democratas, republicanos e independentes). Quando as primeiras pesquisas saíram, Obama ganhava. Aí eu vim pro computador ler e postar. Vamos ver o que os próximos dias dizem sobre quem venceu o debate (ouvi que quem vence ganha logo uns bons 3 pontos nas pesquisas). Escrevi um texto sobre Rio/ São Paulo. Mas estava quase do tamanho de “Verdade Tropical”. Guardei para resumir e postar. E quero contar coisas da gravação. Mas agora vou dormir porque tenho de curar a gripe. |
Caetano.
Espere que fique bom da gripe logo!
Realmente no Brasil, qualquer discussão legislativa séria a respeito das drogas, acaba esbarrando em questões da pseudo moral religiosa que impede o aprofundamento sobre o tema, e desta forma cresce a criminalidade que fomenta este lucrativo mercado paralelo dos entopecentes, e o violência que está em sua volta.
Parece mais interessante fazer de conta que o problema não existe. Para mim a liberação das drogas, por mais perigosa que possa parecer, asseguraria ao usuário o consumo mais seguro (digo isso pois se mistura de tudo nas drogas vendidas, conforme relatado em jornais, os traficantes estão misturando até crack na maconha, para viciar mais os usuários), e do ponto de vista do governo este poderia arrecadar impostos sobre as vendas, o que não deixa de ser interessante para o País.
Derrubando a barreira da ilegalidade, acredito que toda a estrutura de guerra que gira em torno da venda e distribuição das drogas perderia o sentido de existir, então de certa forma, se trata de uma questão de segurança nacional.
Mas como dizia Roberto Carlos “todos estão surdos” e acrescento cegos e mudos, e fazem de conta que o problema é dos outros e não merece aprofundamento.
Forte abraço!
Cadu Sabbag
Caetano
Sobre Obama e o ‘boneco de cera’, imagina… Com essa quebradeira “emergencial” (no final das contas), como ele poderia chamar o cara de John, e se sair totalmente bem? O cenário político (ou econômico) ficou exatamente como os republicanos pedem, e a janela para a Russia se tornou mais janela do que nunca. Enfim, ciladas e mais ciladas, na política dita civilizada. Ou civilizatória, o que é pior.
Sobre os votos e as mulheres: hoje falamos muitos palavrões, sim, mas continuamos com o lado péssimo do negócio. Mulheres só deveriam votar quando tivessem seus salários equiparados aos dos homens. Feminismo? Não me fale nisso. Humanismo. Direitos iguais para cidadãos iguais. Sem diferenças, apesar da genitália, e toda essa bagagem complicada que a mulher carrega, e por outro lado, o frio enigma no qual o homem se torna para se proteger. Humanismo e a complementaridade, bem ao estilo Niels Bohr, apenas. Já sobre a sabedoria suíça, por favor… Se o fato da mulher votar no ocidente, demonstra sua (do ocidente) decadência, eu não compreendo a/onde você quer chegar. Portanto, se possível, explique.
No mais, se sua gripe for daquelas de peito, cuide para que alguém lhe prepare um xarope de guaco com mel. Em menos de 24horas vc está livre de boa parte dos sintomas da gripe. Coisinhas de mulher, bastante distante de uma possível decadência, graças a algum deus simpatizante das mulheres.
Bjs
sobre a cana:
o alcool gera grana pros bares e botecos do rio - que gera uma vendinha pequena pro menino pobre que vende amendoim, pro mais pobre ainda que pede esmola pro bebado…
o alcool une as pessoas no carnaval, no futebol, e estimula o desejo inconsciente - que estimula o sexo, a venda da camisinha, que ajuda os moteis, que favorece as prostitutas, que ajuda a venda da comida com carboidrato depois da ingestao excessiva do liquido, que gera a venda de agua mineral …
que gera que gera que gera…
Outro dia escutei “Domingo no Parque” e achei lindo como um filme(ó paió).Faz 2 ou 3 anos estive no camarote Expresso 2222 e pensei “Bob Marley não ia gostar disso”.Mas eu achei bonito ver vc cantando baixinho o “Bonde do Tigrão”.
ps:O prefeito de Salvador João Henrique está com um projeto que se chama Transalvador.Eu achei que vc ia gostar disso.
Disse Alexander Pope: “A little knowledge is a dangerous thing”
Antes de tentarem convecer a si mesmos e aos outros a respeito da necessidade de descriminalização das drogas ilícitas, por favor informem-se a respeito da sua atuação no organismo humano. Não é simplesmente porque alguém usou e passou mal, ou usou e suicidou, ou usou por “recreação” e não houve nada, ou porque Amy Winehouse é talentosa e está se destruindo em público. Tenham mais respeito pela humanidade, nós não somos mera estatística. A coisa é mais grave do que “acho” ou “não acho”.
A “paz” que a maconha traz pode ser sentida e vivenciada através da meditação, por exemplo, sem que seja preciso matar ou morrer gente por causa do seu uso. A droga seduz porque é um atalho àquilo que deve ser desenvolvido por conta própria. A dor é uma iniciação e se a droga anestesia essa dor, todo o propósito se perde e se deforma, transmutando-se e seguindo outro rumo.
Comparar pepino e maconha é de uma inconseqüência cruel. Maconha é uma substância alucinógena cujo uso contínuo ajuda a descolar o corpo etérico do corpo físico, prejudicando sobretudo a memória e a força de vontade e trazendo como conseqüência prostração e alheamento - o que é aliás muito conveniente em termos políticos, assim como o álcool. Mas de boas intenções…
Adorei rever o pronunciamento de Leonel Brizola através da Tv Globo.Hm…também pude reafirmar a ligação das coisas. esse negócio é um negócio que acaba com a vida da gente.
Também acho essa associação MACONHA/PAZ um tanto folclórica. Já vi amigos desencadearem surtos depressivos ou psicóticos por conta da cannabis. São pessoas que já tinham uma tendência a esse tipo desequilíbrio e não sabiam. Eu mesmo, que fumava eventualmente unzinho pra tocar, já me vi encimesmado num escuro vazio chato e emburrecedor. Suo 100% favorável à liberação do uso das drogas, mas não por motivos transcendentes. Acho isso uma bobagem. Sou favorável, porque a proibição é um atraso político, social e econômico. Também tenho amigos que fumam diariamente e se dão muito bem com o bagulho. São responsáveis, criativos e produtivos.
A cocaína é um outro caso. Quando escuto a fala de um amigo cheirado é como se ele estivesse jogando tênis com o paredão. Eu me sinto o paredão. Tanto faz o interlocutor. Se eu sair e entrar outro, o cara continua. Está falando com ele mesmo. Parece uma dízima periódica! Não acaba! Os raciocínios em loop me deixam ansioso. A cocaína e o crack são problemas de saúde pública. A maconha ao que tudo indica não.
Contudo, sou a favor da liberação de tudo.
O Brasil sempre teve horror a negar o ócio e talvez por isso tenha subvertido o sentido da palavra desse jeitinho tão divertido.
Muito do nosso negócio (business) está ligado ao ócio. Aí sim a maconha entra nesse negócio. Não como um elemento de PAZ. Mas como um cachimbo do ócio.
Não fumo. Mas trago comigo o fumacê do ócio, dos cafusos brasileiros recém libertos, dos rastafaris poeticamente engajados.
A maconha é personagem marcante na história do samba e do rock and roll, embora ela não tenha sido o motivo de suas criações. é um personagem mítico. E assim como os escravos, tem que ser liberada.
Não sei se Obama está nessa.
Caetano:
Uma sugestão de música Trans-. Esta canção não é minha, não conheço seu compositor, não tenho nada a ver com ela no que se refere a “negócio”.
A canção se chama “Belém. Pará. Brasil.” É um rock paraense que é muito lindo e muito original. A canção mistura Rock com o Carmbó de Pinduca. Eu, como o acompanho há muitos anos, já tive vários pressentimos de músicas que deveriam ser cantadas por você. Um desses pressntimentos, foi a canção “À flor da Idade” do Chico. Essa canção é a sua cara.
Até hoje, estou em dívida com minha alma, pois sempre quiz mandar um presente para Giovana, depois que a conheci aqui em Belém do Pará, junto com com você. Ela é uma pessoa muito maravilhosa e altamente profissional.
Irei mandar o presente dela e um CD com a gravação da canção Belém. Pará. Brasil. É um Rock/Carimbó muito lindo.
Mandarei um CD dos “Mestres das Guitarradas”. Você vai ficar maluco ao escutá-los. Também não tenho nada a ver com eles.
Um beijooo….
Caetano, você é maravilhoso. Ah, “se não é Bossa Nova não está pra mim”. Você é tudo que se pode querer ser como artista. Um beijo.
P.S. Me manda um beijo de volta, por favor! Já citei a lindinha Clever Boys Samba duas vezes!
recebi ontem, dos meus amigos do rio, um mail com esse material sobre uma passeata pró gabeira. então, repasso pra vcs. só não verifiquei se vem mesmo do Du e da Cyntia, mas os cariocas podem conferir. melhoras, e descanso.
Passeata Pró-Gabeira 28/09
Du Moscovis e Cynthia Howlett”
A EUTROPIO SOUZA.
Meu caro amigo:
Quando se diz que uma coisa não tem jeito, assume-se, implicitamente, um compromisso individual em nada fazer para que tal coisa tenha jeito.
A opinião pública se forma da congregação de opiniões individuais. Desta forma, se muita gente pensar como você, estamos ferrados ( e eu sei que pensa).
Faça a sua parte: não ofereça dinheiro a um guarda com este for lhe multar; Não minta acerca das informações do Imposto de Renda; Não fure o sinal vermelho; Não jogue no bicho; Não use drogas; Não tome álcool; Comprometa-se com a verdade; Não mate aula; Não fume… (Não estou dizendo que você faça alguma dessas coisas).
Quero lembrar que um grande mundo decorre de pequenas ações.
Um abraço…
p.s.: apesar de jornalista adorar matar o portuga e de estar muitíssimo distante de Drummond, a vírgula que falta é por querer querendo.
p.p.s: o texto nasceu das críticas bobas ao show junto ao Rei e também de “Lobão tem razão”, além, é claro, de toda a alcatéia que vem atrás.
Obrigada pela dica sobre a critica do John Pareles com relação ao Gil, fiquei maravilhada ao ver como este profissional, crítico de música, antes de qualquer coisa entra na alma do artista, o compreende e, posteriormente, faz a alusão a sua obra. Perfeito, porque, pelo menos para mim, Gilberto Gil transcende a própria alma quando canta, contagia a gente com alegria, com amor, com poesia, com magia, nunca senti o Gil sozinho no palco, muito pelo contrario ele leva sempre consigo todos os lugares e pessoas que ama e faz com que a gente o ame da mesma forma, com a mesma intensidade.
Para quem gostaria de ler a critica em inglês posto aqui o link do NY Times.
http://www.nytimes.com/2008/09/25/arts/music/25gil.html?_r=1&scp=1&sq=gilberto%20gil&st=cse&oref=slogin
Realmente concordo plenamente com você que o critico de musica que se preocupa mais em destruir a imagem do artista, para que de alguma forma possa exercer um poder sobre o próprio artista, principalmente os famosos, cai totalmente por terra e ainda tem muito que aprender para se tornarem críticos de alguma forma existente de arte.
Extasiada me despeço. Bárbaro!!! Beijos
a noite no vestiário do clube perguntava-se quanto tempo para o debate…parecia debate pra presidente…e era. todo mundo ligado, políticafinançasguerra, quem domina o mundo? é natural que a gente torça e torcer para o Obama, com aquele sorriso quando ele abre os dentes…aquele jeito de andar cheio de bossa, o negão é o seguinte…mas tem uma coisa terrível, todo discurso quando ele se refere a necessidade de ampliar a guerra no Afeganistão ele chega a Bin Laden e , ele diz com a sua boca e suas palavras que é preciso matar Bin Laden…na hora eu vejo o negão bacana puxando o revólver e atirando no Bin Laden…é terrível. Ninguém pode falar uma coisa dessas, muito menos Obama. Quem disse a ele que ele fica mais macho falando em assassinar Osama? Está lá: não matar. Mata-se, mas…é uma decorrência terrível. Não é hipocrisia coisa nenhuma querer que um presidente não se comunique dessa maneira, e as crianças na sala e o coração da gente? No ato cai a ficha do que representa nesses dias ser presidente dos EUA, cuidar do império desse mundo. É bala pra todo lado, ontem voava bala pelo mundo todo no debate. O velho espumava quando o assunto era a guerra, Obama mais elegante escorregava quando previa o assassinato do inimigo número um…espirrou sangue no debate…e pior, nunca foi assim, nestes termos…foi terrível aquele debate.
Caetano,
certas coisas me arrebatam de uma felicidade diferente que não sei dizer nem explicar e essa frase (”Já pensei que se tratasse de eu querer falar e não ouvir, ou que fosse conseqüência do zumbido eterno que levo no lado direito da cabeça desde os 13 anos, nunca cheguei a uma conclusão que me desinibisse os ouvidos e deixasse entrar o que é dito em língua que minha mãe não fala”) é certamente uma delas.
Caetano, eu e outros dois amigos estamos editando uma revista de poesia - que vai se chamar Bliss - sei que você não deve poder, que está muito ocupado com as gravações, etc. mas não tava a fim de escrever nada pra gente?
ps: Hermano, sei que convite não vale, mas se não deixar o comentário, passa o recado, por favor?
Espero que esteja melhor, Caetano.
Então quero ver o Dois…
Morei na Suiça 4 meses. Tocava num teatrinho de Geneve chamado Roi Ubu (Ubu Rei), uma simpática arenazinha onde havia tempradas de violão e voz de gente de todo mundo. Quebec, folks americanos e bossa-nova, que era o meu caso.
Nos primeiros dias fiquei encantado com a paisagem. Mas aos poucos, me sentia aplicado dentro de um chroma-key. Solidão. O esquisito é que as pessoas não eram tristes, não. Mas também não eram alegres. Neutralidade. Para a minha brasileirice bipolar isso foi se tornando torturante. Feitiço do Tempo. Dias iguais, avareza de Deus, como diria Chico.
O tempo que se levou para que a mulheres votassem na Suiça é bem emblemático desse andamento moroso e indiferente.
Certa vez perdi a alça de um violão no trenzinho. Achei-a dias depois no “achados e perdidos” da cidade. Algo um tanto improvável em outros países.
Andava muito. Não havia troca de olhares nem flerte. As meninas eram bem bonitas, mas raramente me excitavam.
Até que um dia entrei em um inferninho chamado Havana, onde os latinos se encontravam pra dançar e escutar boa salsa.
Era 82, e no Brasil, nem mulheres, nem homens votavam pra Presidente.
Hoje, parece que é bem melhor ser brasileiro do que suiço. Um grande amigo meu que toca bandolim maravilhosamente ainda mora lá. Está tudo igualzinho.
Nem esquerda, nem direita, nem fome, nem encarnação, nem Mangabeira, nem Gil, nem Caetano, nem John, nem Obama.
O tempo está andando e em alguns lugares do mundo ele não dá sinais de erosão cultural.
Não gostaria de ser mulher. Mas se fosse, não queria ser suiça. Como Caymmi disse, gostaria de ser “dadeira” e na por lá os hormônios descansam.
Caetano, discordo de você em relação às drogas!!
Legalizar algo que sabidamente é nocivo, seria mais um passo, e desta feita longo, ao fim de tudo. Fazer uma comparação com álcool não é cabida, porquanto este é legalizado e as drogas não. Penso que deveria ser criminalizado também, não podemos nivelar por baixo. Fico imaginando quão deprimente seria ver um cidadão passando é um local autorizado a comercializar cocaína, maconha, crack, e semelhantes, encher seu carrinho e se dirigir à sua residência para ficar “louco-legal” junto de seus familiares. Quão bizarro seria ver no Jornal Nacional que o Governo aumentou a alíquota do imposto sobre as Drogas ou que as ações de determinada Cia. de Drogas subiram na Bovespa essa semana. Vocês podem pensar que fiquei maluco ao imaginar isso tudo, mas qualquer legalização das drogas levaria a isso mais cedo ou mais tarde. Penso que a coisa evoluiu bastante no tocante ao tema Drogas, vez que ocorreram mudança significativas na lei penal sobre o tema e hoje em dia aquele garoto de vinte e poucos anos que é pego com seu “baseado” é tratado com mais dignidade, na condição de alguém que precisa de tratamento, recebendo como pena, cursos sobre a ação nefasta das drogas, bem como trabalho comunitário, diferentemente daquela vez que Gilberto Gil foi preso e internado em Florianópolis, durante a turnê dos Doces Bárbaros.
Tenho até arrepios, só de pensar na legalização das Drogas. Lembrando que legalização é diferente de discriminalização da conduta do usuário, talvez seja à isso que o Caetano se refira. Legalização remete ao que falei, principalmente no tocante ao comércio, já a discrimialização da conduta do usuário diz respeito à forma como este é tratado pelo Estado e isso já melhorou muito, conforme já informei também.
Para maiores detalhes, procurem ler a Lei n.° 11.343 que é nova lei sobre drogas e façam uma comparação com a antiga, Lei n.° 6.368 de 1976.
Forte abraço!!
Nassau
Gil é um oceano de delicadeza, um gênio luminoso da raçã humana. Não sabia que o Bem estava tocando com ele. Que blz. Gil é família. Gil fez outra música sobre a morte. Ele diz que não tem medo dela. Eu tenho medo da morte dele. Quero que ele seja eterno. Será que não é? “Meu amor, meu nunca se ausente de mim, para que eu viva em paz, para que eu não sofra mais, tanta mágoa assima num mundo sem vc”
PS! Me disseram que uma certa vez o Gil disse em tom de brincadeira que “a Bossa Nova é o melhor sub-produto da maconha”. Não sei se é verdade que ele tenha dito isso, mas achei engraçada a frase.
Concordo com vc na questão da liberaçào das das drogas…toda essa violência que estamos vivendo por causa do tráfico poderia melhorar…se bem que bandido desempregado tbem é preocupante…é aquela do ’se correr o bicho pega, se ficar o bicho come’…Caetano, ja li muitos blogs e assunto é o que não falta…mas o seu…que energia é essa rapaz? So pode ser cabeça limpa mesmo…legal.
Um abraço.Beije seus filhos!
Caetano e outros,
Na verdade a discussão legislativa da liberação das drogas não esbarra apenas em moral ou religião, mas esbarra numa questão muito maior, na dignidade da pessoa humana. Uma coisa é o fato, a realidade, o que está acontecendo. É fato que a clandestinidade fomenta o tráfico, que fomenta a violência, que causa toda essa desgraça. Agora, uma não adianta nada ficar sendo a favor da legalização, assim como do Chico Buarque, porque isso é uma coisa impossível de acontecer no Brasil, não vai acontecer e ponto final, e não é por moral, nem religião nem por interesse de poderosos, mais por questão constitucional. O Brasil é signatário de tratados internacionais, em que se compromete a combater as drogas, tratados esses que segundo a constituição ingressam em nosso ordenamento com força de lei, e para o STF hoje tem força até mesmo supralegal. Do ponto de vista constitucional, qualquer lei autorizando a venda de drogas seria inconstitucional por ferir a dignidade da pessoa humana, todos sabem que droga faz mal pra saúde, e é dever do estado cuidar da sáude. E a violência gerada pelas drogas como fica? Não é dever do estado dar segurança também? não é melhor legalizar? Não, não é porque uma coisa está errada que vamos cometer outro erro pra corrigir, os fins não justificam os meios, o estado tem que promover politicas públicar pra diminuira a desigualdade e melhorar a questão da segurança que estão intimamente ligadas.
Aurélio Bouret
Caetano:
Antes que nada te recomiendo un Chá de gengibre com mel, para la gripe, é muito bon, 3 vezes ao día pelo menos e você fica como novo, por FAVOR SE CUIDA MUITO, MUITO…e melhoras JÁ!!!!
Ya hay aquí comentários muy interesantes, no tengo mucho más para aportar, pero de igual manera me gustaría dar mi humilde opiñon.
Estoy de acuerdo con la legalización de las drogas, reduciria la criminalidad, porque quizás perderia interés económico(desvalorizarla) y seria una forma de terminar con su tráfico. Hay gentes cada vez más enferma en el mundo por su causa, destruye lo más preciado (el cerebro),individuos cada vez más idiotas; y por supuesto que a ayudado en una u otra forma con la propagación también del SIDA, (que es un grande flagelo para la sociedad)y sobre todo padecerla… e ainda mais.
Me encanto lo que dijiste sobre el idioma inglés, me identifiqué contigo, sera qué me resulta un poco difícil porque las palabras contienen pocas vocales y cuestan en la pronunciacíon?, sei lá…nao gosto do inglês!!.
Obama/McCain ,debate ,ainda me dejan que desear!.
Gostei da palestra do “negocio”, muito bon, fuiste muito gráfico (rsrs), você é demais ,Danadinho..imaginaçao muito frondosa eheheheh!!. Clarísimo!.
“O preto que você gosta” Gilberto Gil (adoro ele tamben, outro mestre como você), lembro o que você declarou…Gil crei em Deus e eu creio em Gil…é assim!!.
Caetano querido, tuas músicas vao mais além de todas as formas(redondas),sao ETÉREAS, DIVINAMENTE ETÉREAS…EXTRATERRITORIALES… si desde los 13 años cantas y compones así ¿qué serias sem zumbido?!!!eheheh!?, eu te quero sempre mais.
Grande Caetano Veloso, é muito bom ler, ouvir suas filosofias de vida, seu estilo de ser! Você fala o que nós pensamos mas não conseguimos verbalizar! Foi bom saber que vc tem dificuldades com a Língua Inglesa, isso me aproxima mais ainda dos seus pensamentos(vc é humano),rsrssrs!!! Isso só aumentou a minha admiração por vc, pois mais uma vez me identifiquei com a sua maneira de SER CAETANO VELOSO!!! VITAMINA “C” E CAMA!!! BOA RECUPERAÇÃO!!!
Melhoras, em primeiro lugar. E o frio no Rio nem ajuda muito.
Mas hoje saiu na primeira página: “Gabeira sobe e agita reta final da eleição”. Gostei.
Não vou repetir tudo o que já foi dito aqui, mas liberar as drogas seria “uma”. Pior do que está, duvido que ficaria. Sou a favor.
Magabeira sem Gabeira. Na Folha, hoje:
vc é do rio cidade quase maravilhosa?
Não gosto muito de debates tão polêmicos como este sobre liberação ou não de drogas, ainda mais quando temos a venda de algumas drogas que somos habituamos como no caso do álcool. Não penso que a liberação ira acabar com o contrabando, ou misturas de uma droga com outra, o submundo da droga é particular e muito complexo. Penso nessas crianças drogadas, prostituídas e abandonadas que estão espalhadas pelo mundo e, seguramente a liberação não mudaria este quadro. No meu entender o debate parte de uma ótica equivocada, precisaríamos entender que existe uma distância muito grande entre um “cara cabeça” fumar seu baseado e um milhão de “cabeças desestruturadas” querendo fazer o mesmo, não são todas as pessoas que tem condições de administrar este “negocio” sobre drogas, ou dar uma orientação adequada aos seus filhos, o que torna o assunto extremamente delicado.
Dentro do tema o que mais mexe comigo é ver os jovens se matando e matando pessoas pelas ruas e estradas, e isso é uma questão de ordem mundial. Preocupados com isso, aqui na Itália recentemente, na província de Verona, em Peschiera del Garda, foi feito um controle “teste” para o uso de álcool e droga nas ruas e estradas locais, na primeira noite das 80 pessoas que se submeteram aos testes 37 foram positivo, 11 positivas para uso de drogas, 17 para o álcool e 9 para o uso de drogas e álcool juntos. Acompanho as noticias da mídia brasileira pela internet e tenho visto os números de redução de acidentes com o controle que aconteceu com o tal de “tolerância zero” para o álcool. Estou também sempre atenta as noticias sobre jovens de 13, 14, 15, 16 anos que morrem por usos de drogas, em alguns casos estavam apenas experimentando, nem eram usuários de drogas. Sinto muita pena destes pais que ficaram órfãos de seus filhos mortos prematuramente e, por favor, não me venham falar que isso daí foi um problema de falta educação deste pai ou ainda falta de dialogo e querer puni-lo por isso, porque este tipo de critica não cola mais, porque os jovens estão nas ruas, nas escolas, nas balada e a droga rola mesmo, e eles provam mesmo, independentes de terem ou não educação, problemas em casa, grana, e por ai vai, e na verdade hoje em dia a gente só se toca quando este tipo de problema acontece na “vizinhança” ou dentro da nossa própria casa.
Não sou favorável com a repressão de forma alguma, apenas penso que este é um debate muito extenso que me trás a memória o livro “Um Comedor de Ópio” de Baudelaire ou ainda a estória de Cristiane F, que voltou inclusive a primeira pagina dos noticiários recentes por uma recaída.
Beijos
PS: tentei enxugar o texto o máximo que pude, mesmo assim acho que ficou grande
Que mané benegripe.
1 dente de alho, 1 limão cortado em cruz, com casca e tudo, ferver numa vasilha com água suficiente e cozinhar. Adoçar com mel. Acordar zero bala.
Negócio! Sí! No se me había ocurrido que uds. usan aún más esa palabra (y eso que ya canté tantas veces Chega de S). Y así se lo llama al pene? (Caetano, me extrañó la formalidad con la que lo llamaste… muy acorde a la lección de un profesor). Qué sugestivo! Y… a ver… a ver: quién no ha negociado alguna vez con “o negócio”? Ya veo el problema que tenemos en todos los idiomas para llamar pene al pene y vagina a la vagina. Deben ser las palabras con más sinónimos.
A mí el ingles me fascina: esa forma concisa y breve de expresión. En español utilizamos 20 o 30% más palabras para expresar la misma idea (en portugués también me imagino). Por ejemplo, si queremos traducir “Last but not least”, cuántas palabras tenemos que utilizar? Sonoramente prefiero el inglés británico a ese inglés americano tan nasal y definitivamente el idioma que más me gusta escuchar es el portugués brasilero: parece que cantan cuando están hablando. Mhm.
“..ou que fosse conseqüência do zumbido eterno que levo no lado direito da cabeça desde os 13 anos,” Lado derecho de la cabeza u oído derecho?? Por favor, la diferencia!!! Un zumbido justo en el hemisferio derecho del cerebro? Ojo que esas palabras pueden ser utilizadas como flechas por los anti-Caetano. Cuando era chiquitita (hace mucho y poco) tenia otitis crónica y el médico llego a la conclusión de que me tenían que hacer escuchar música para niños porque en mi casa solo se escuchaba música clásica y rock (x mis hermanos mayores). Esto (más la maduración de mis tímpanos) fue la solución. Qué te hará falta escuchar o no escuchar Leozinho?
Pseudo-guerras.
Ah! Me acordé de otras palabras que usan en EEUU y que demuestran otra voracidad: la carrera al éxito desde que nacen: Winner y looser. Diría que se usa más looser (perdedor) para calificar a las personas despectivamente. Claro que es así como de pronto entra algún psicótico en una escuela a los tiros para agujerear esa “realidad” que se presenta en términos absolutos.