OeP (Saudades) ZeZ (14/04/2009)

OeP (SAUDADES) ZeZ
14/04/2009 2:53 pm

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O show vai ser no Canecão. Eu quis muito São Paulo para começar matando as saudades, mas o Rio tá mandando em mim. Fico feliz que seja no Canecão. O Canecão é a casa de show real do Brasil. As outras, com todo o respeito, são imitações. Não se pode imitar um boteco que atrai gente há muito tempo e não é pelo conforto nem pelo luxo nem mesmo pela qualidade do serviço. Pode-se imitar um bar bem feito e “bom”. Mas o Canecão é um boteco afavelado cheio de magia. Não adianta fazer um “melhor”.

Espero todos os internautas que ficaram amigos meus e amigos uns dos outros através de obraemprogresso. com.br. Os que puderem vir ao Rio, venham. Vamos se falar no camarim depois do show. Os que não puderem vir ao Rio falam comigo em BH ou Sampa ou Brasília ou Slavador ou Recife ou PoA ou Floripa ou Cuiabá ou Belém ou Curitiba (será que eu vou a Curitiba e Floripa este ano?: o “Cê” não foi) ou Fortaleza ou Campinas ou Campina Grande ou Goiânia ou Palmas (nunca fui a Palmas) ou em Buenos Aires ou em Montevideo ou em Roma ou em Florença ou em Amsterdam ou em Ann Arbor ou em Santiago ou em Minneapolis ou em New York ou em Paris ou em Londres ou em Tucson ou na Cidade do México ou em Bogotá ou em Madri ou em Piracicaba. Onde será que esse show vai?

Hoje passei o dia dando entrevistas. Me perguntaram várias vezes se eu não sentiria saudade do blog. Claro que vou sentir muitas saudades deste blog. Hoje ele pára – com acento agudo (finalmente li o “Acordo”: achei cheio de inconsistências, com todos aqueles pontos facultativos e com menos acentos diferenciais ainda; sou favorável a uma combinação entre os países lusófonos a respeito das regras ortográficas do português – e acho natural que desta vez o peso brasileiro seja maior do que nunca – mas penso que um acordo tal como o que foi formulado não vai ajudar muito nisso: a história futura poderá inspirar outras soluções – se enriquecermos e passarmos a dar as cartas e as coordenadas de um mundo melhor – e não vi nada sobre “camião” e “caminhão”, assim como nada encontrei sobre “porque”, “por que”, “porquê”, “por quê” – digo: se se decide pelas formas portuguesas ou brasileiras – mas entendo que esses não são casos de regra ortográfica propriamente). Sentirei saudades de todos os que se habituaram a escrever aqui. Sentirei falta de vir olhar os comments. Nunca vou esquecer as discussões sobre sotaques e microgramática com Heloisa, ou de sociolingüística e política com Luedy. A insistência de Gil em cobrar alguma solução brasileira para o dilema dos piratas tem de dar frutos para além do blog. Agradeço a aproximação de Possenti. Ele foi gentil em chegar perto e ajudar a mostrar a dignidade que há na empreitada dos lingüistas lulistas.

Eu adoraria falar de todos e de cada um que escreveu aqui. É das pessoas que sentirei saudades. Posso vir a conhecer de perto muitos deles, mas ainda assim sentirei saudade das personalidades virtuais que conheci aqui. Exequiela, Vero e Lucre, sempre mais sexuais do que as discretas brasileiras. Paloma que me cortou o coração ao sumir como que zangada, depois de ter feito aquela versão adorável de “Incompatibilidade de gênios”. Barbara, a quem eu precisava explicar por que eu ser baiano explica em parte eu gostar assim de São Paulo (remember my telling about Paulo Leminski’s idea of a link between Bahia and São Paulo: how these two, when put together, tend to be the most inventive team). Labi, tão inteligente e tão boa. Salem, Carias, Glauber, Joaldo (vou olhar a Impertinácia e de repente dou uma canja, de improviso), Paulo Osório (depois de São Paulo, minha preferência seria estrear em Lisboa), Teteco dos Anjos, esse anjo lírico do interior de Taubaté e da Sardenha, vianna vana caravana, Miriam Lucia, guto guimarães, bruno gumarães, Lucesar, Rafael, Luiz Castello, Tabatinga, Wesley Correia, Marcio Juqueira, Neyde L., Mara, Siboney, Kauim, Nando, ju, Lícia, Maria, Maria e Erica, Marcos Lacerda, Julio Vellame, Enzio Andrade, Emerson Leal, Guido Spolti, Miki Kawashima, Rea Silvia, Rosana Tiburcio, tanta gente de que não lembrei o nome agora – mas que não deve se sentir preterida por eu ter escrito tantos outros: era vontade de chegar até o seu. Minha idéia era não citar ninguém. Mas não resisti.

Hermano, cadê você? Gente, escrevi para Hermano faz uma hora e esperei que ele estivesse lá (ou chegasse lá) mas ele, que não tem celular (eu também não), não atende telefone em casa. Eu queria que ele escrevesse hoje também. Viesse para esta despedida. Para postar junto comigo este tchau. Para mim, Hermano é um dos maiores heróis do Brasil. Gosto muito do pesamento dele, da inteligência, mas acho que ele é um homem de ação, um herói moral e intelectual, que sente a força e o peso prático dos atos e das idéias. João Gilberto é um gênio, Antonio Cicero é um pensador, José Miguel Wisnik é um santo – Hermano Vianna é um herói. Não é a primeira vez que digo isso. Mas ao repeti-lo agora sei que ele e os outros todos vão saber quão seriamente eu o disse quando o disse pela primeira vez. Penso muito nisso. Penso muito em Hermano nesses termos. Sei que alguns de vocês sabem: Hermano é uma das pessoas mais importantes de nossas vidas.

Vellame: “Slumdog Millionaire” é uma fábula sobre o destino. É assim que o filme gostaria de se apresentar. Mas não é. É uma confusão sentimental e divertida utilizando-se de material humano grave. Não é bom. Mas é quase. Diverte um tanto e parece se redimir na dança final na plataforma do trem: Bollywood quase salva a alma de Hollywood. Por que tantos prêmios?

Jary comentou que escrevi “ascenção” , com “ç” e não com “s”. É o tipo do erro que cometo. Ou será que, como diriam os sociolingüistas de Luedy, é errado dizer-se que algo é um erro?

“zii e zie” é o título condizente com as cenas do Rio de hoje: “tios e tias” somos todos diante dos garotos que fazem malabarismo no sinal. Mas em italiano fica mais perto de São Paulo, que é o que desejo agora.

Já encontrei Glauber, Rafael, Mara, Joaldo, quem mais? Acho que já conheço Gil de longa data. Pretendo encontrar tantos que nunca vi pessoalmente.

Gil: “entro na velhice”, foi o que escrevi. Não “entro para a velhice”. Sua troca de preposição parece revelar que tipo de inquietação a frase lhe causou. Mas é apenas uma constatação. Se Ricardo e Marcelo se aproximam da idade adulta, se Moreno e Pedro estão no seu auge, eu entro na velhice. Ou, dito de outro modo, igualmente objetivo: os primeiros têm 27 anos, os outros dois têm 36 e eu tenho 66 (faço 67 em agosto). Mas, veja bem, é “entro”. Isso dura. E hoje em dia 66 é infância da velhice. Não estou demasiadamente preocupado. Aliás, não estava nada preocupado quando escrevi: se estivesse, acho que não escreveria.

Foi bom à beça este blog. Agora é concentrar para ensaiar e fazer um show todo interessante para quem quiser ver. E para todos nós, muitas boas conseqüências (além de boas lembranças) desse período aqui.

“zii e zie” dia 8 de maio no Canecão. Depois, para outras datas, consultem meu site oficial. E leiam os jornais. Felicidades.

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