Pretubom Psirico Fantasmão Parangolé (29/01/2009)

PRETUBOM PSIRICO FANTASMÃO PARANGOLÉ
29/01/2009 4:45 am

A melhor coisa do mundo é pagode baiano. Eu sempre achei que o Tchan ia dar em riquezas. Harmonia do Samba. O ensaio do Psirico. Um ensaio do Psirico é sempre o bicho. Colagem de performances com percussão preciosa. Aquela música do “cabelo fica massa, êta, fica massa”, do Pretubom é o que há de bom. Kuduros de Fantasmão e Márcio Vítor: sempra a volta à chula. Quem diria que a chula do Recôncavo seria revitalizada pelo carnaval criticamente desprezado das ruas da Bahia? “Pretos da nova geração”. “Empurra, Piatã!”. As mil variedades de tratamento de uma mesma célula ritmo-harmônica, como nos blues. Uma evidência de energia crescente. E Márcio Vítor ainda canta “Samba da Bênção” e “O que é que a baiana tem?” pra deixar claro que tem consciência da linhagem a que pertence sua música.

Jorge Luis Borges escreveu que a piedade que o padre Bartolomeu de las Casas teve dos índios levou à escravização de negros africanos, o que nos deu os blues, Louis Armstrong, a habanera (avó do tango) e “a deplorável rumba ‘El manicero‘”. Sem sequer referir-se ao Brasil na sua lista do legado africano às Américas (o que é, em si mesmo, um escândalo), Borges exibe seu ódio pela canção que inspirou Caymmi em “O que é que a baiana tem” (onde Dorival mais expõe o parentesco com a música cubana que ele sempre disse que o samba da Bahia tem). Eu, que sempre adorei “El manicero” (mesmo antes de ouvi-la com Bola de Nieve), gozo ao ouvir as chulas estilizadas dos novos grupos de transpagode soteropolitano.

Amada Exequiela, para que brasileiros e argentinos entendamos esse desprezo de Borges pelo Brasil, transcrevo aqui trecho do romance “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto - escritor brasileiro do iniciozinho (eu amava quando se escrevia inìciozinho) do século 20:
“Nascera a questão dos sapatos obrigatórios de um projeto do Conselho Municipal, que foi aprovado e sancionado, determinando que todos os transeuntes da cidade, todos que saíssem à rua seriam obrigados a vir calçados. Nós passávamos então por uma dessas crises de elegância, que, de quando em quando, nos visita. Estávamos fatigados da nossa mediania, do nosso relaxamento; a visão de Buenos Aires, muito limpa, catita, elegante, provocava-nos e enchia-nos de loucos desejos de igualá-la. Havia nisso uma grande questão de amor-próprio nacional e um estulto desejo de não permitir que os estrangeiros, ao voltarem, enchessem de críticas a nossa cidade e a nossa civilização. Nós invejávamos Buenos Aires imbecilmente. Era como se um literato tivesse inveja dos carros e dos cavalos de um banqueiro. Era o argumento apresentado logo contra os adversários das leis voluptuárias que aparecem pelo tempo. A Argentina não nos devia vencer; o Rio de Janeiro não podia continuar a ser uma estação de carvão enquanto Buenos Aires era uma verdadeira capital européia. Como é que não tínhamos largas avenidas, passeios de carruagens, hotéis de casaca, clubes de jogo?”

Lima Barreto era mulato e é o mesmo autor da obra-prima “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, que entrou na quase-discussão entre Gil e Heloisa.

Alexei Bueno está errado quanto aos concretistas.

Será que Luedy não leva em conta minha afirmação de que as regras também são criadas pela multidão, pela necessidade prática de se comunicar? E: o sucesso do professor Pasquale (que, aliás, diferentemente dos linguistas que o agridem, nunca disse mal de nenhum deles) e da professora Maria de Lourdes (a da Tarde) não é prova de que “eles, sim, é que jogam para a platéia”, mas de que “a platéia” está sedenta de saber sobre a engrenagem da língua. É um sucesso legítimo. O insucesso (popular!) dos linguistas é que nos leva a pensar quão esnobe é o igualitarismo deles.

Adoro “Lígia” e creio que João canta a letra que Tom escreveu sozinho. Depois é que ele chamou Chico para refazê-la. Amo de qualquer jeito. E também acho legal a negação (”denegação”, diriam os freudianos). Acredito no que a irmã dele contou. Quando esses discos mais “sinfônicos” sairam, eu não fiquei muito atraído: era um ardoroso fã de “Brigas nunca mais”, “Saudade fez um samba”, “Outra vez”, “Se é tarde, me perdoa” - sentia pena de ver Tom parecer considerar menores essas maravilhas e querer ser Villa Lobos. Depois envelheci e até esse senão desapareceu. Mas ainda gosto mais desses sambinhas perfeitos. Embora neste momento goste mais ainda dos sambinhas imperfeitos ou mais-que-perfeitos dos grupos de transpagode baiano.



251 Comentários sobre o Post “PRETUBOM PSIRICO FANTASMÃO PARANGOLÉ”

  1. Luiz Castello disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 8:30 am

    De novo, axé music,e em caixa alta.
    Tchans Harmonias (repetitivas) Psiricos…

    Com essa divulgação fantástica,e em todos os níveis,à disposição,fica difícil esses subprodutos da riquíssima cultura musical bahiana evoluírem,ou pelo menos melhorarem um pouquinho.

    Sempre considerei esses nomes que eu citei,grupos de dança,em que a música (???) aparece como pano de fundo,para o desfile de bundas (maravilhosas) e cópulas coreografadas.
    Quem diria,que eu viveria o bastante, para ver a música ser rebaixada à essa posição !
    Sem falar nos outros estímulos mecânicos – luzes,telões,a bela percussão bahiana,usada como estímulo…

    E o motivo é óbvio ; com letras de rimas miseráveis,melodias paupérrimas,e harmonias de primeiras lições de violão,o enorme vazio deve ser preenchido de alguma maneira.
    Recuso-me a aceitar essas discrepâncias como “pagode bahiano”.
    Se assim for …

    A melhor coisa do mundo é pagode carioca.

    Zeca,meus irmãozinhos do Fundo de Quintal,Leci (e uma fantástica geração que tem batido ponto na Lapa) que o digam.
    Eles não tem bunda bonita pra mostrar,nem necessidade de copular no palco.
    O que eles fazem é,samba com cara de samba,letra de samba,melodia de samba,história de samba,e aqui no Rio de Janeiro,pagode é sinônimo de “roda de samba”.
    Neste terreiro,Dona Edith e seu prato (pra mim,isto sim é pagode bahiano) tem vez e voz.

    E Viva outra grande dama dos terreiros bahiano-cariocas :
    Dona Ivone Lara !

    Abraços partideiros,
    Do Castello.

  2. Romeiro disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:32 am

    Ih, Caetano, mas “Se é tarde, me perdoa” não é do Lyra e do Bôscoli?… Adoro esse blog (posts e comentários). Abraços.

  3. Rogério Grillo disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:42 am

    Parafraseando um velho comercial da TV ( ei, pq ninguém falou nisso ainda? os “jingles” são uma fonte interessante… ) :
    o tempo passa, o tempo voa..e o culto a Caymmi continua numa boa….

    Sempre ele, nossa fonte e nossa foz.. o mestres dos mestres.

  4. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:11 am

    Gente eu tento e não vai de jeito nenhum! Que bug chato esse do OeP.
    Um aviso aos navegantes: quando vocês escreverem tudo na janelinha, clicarem em “comentar”, e a coisa não aparecer, para não entrar em desespero e recuperar o que escreveram, basta apertar o botão, no navegador, que faz a página voltar. Foi isso o que eu acabei de fazer para salvar o meu precioso comment.
    Daí eu seleciono tudo o que escrevi, faço um ctr-c, abro o bloco de notas do windos e faço ctr-v. Pronto.
    Agora, conseguir enviar que é bom…
    Vou tentar ir por partes:

    Caetano, eu não vou entrar na briga deles (Bagno contra Pasquale - e, sim, Bagno costuma ser muito duro com ele -, e Possenti contra Sacconi), mas o fato é que as críticas que ambos fazem aos gramáticos me parece muito bem fundamentada. E, além do mais, o bordão do Pasquale, ao encerrar suas considerações sobre acerca dos usos da língua, é sempre muito redutor (pelo menos para quem não aceita de bom grado que possam existir “erros” nos usos que fazemos de nossa própria língua). Você lembra do bordão? “É isso”, nos diz ele com toda a certeza do mundo. Eu prefiro o seu “ou não” que alguns humoristas pescam para brincar de te imitar.

    luedy, parte I

  5. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:12 am

    A parte II, eu tento e não vai! Simplesmente assim. Que coisa chata!!

  6. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:17 am

    Bem, o que eu queria dizer é que se uma gramática normativa (dessas mais tradicionais) fosse um compêndio musical, o pagode seria um “barbarismo”. Será que vc não percebe que o problema todo está na acepção de “cultura” da chamada “norma culta”?

    luedy

  7. Julio Vellame disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:53 am

    João canta Lígia que Tom escreveu sozinho.
    Quem (Caetano, Tom, João) sabe, sabe.
    Que bom que eu sei ouvir.

    Joaldo é um cara de coragem e me disse claramente: Eu odeio pagode!
    Qual outro blogueiro incubado vai seguir a coragem da nossa lenda urbana e confessar que não se rende ao apelo muvuqueiro do imperativo biológico da reprodução?! héin?

  8. Julio Vellame disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:59 am

    Rafael, tou com uma gravação de Menina da Ria bem melhor. Áudio bom.
    Só que tem 127Mb e não consigo carregar no youtube….

  9. Alemão disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 12:26 pm

    Seguindo a receita de Salem pra ver se dá certo.

    Fecho o Safari e envio pelo Firefox, no Mac.

    Lima Barrreto era mulato, como Machado. Escritor, como Machado. Jornalista, como Machado. Mas, ao contrário de Machado, era boêmio e alcoólatra. E falava Javanês!

    Se for, voltei.

    Abraços!

  10. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 12:30 pm

    Eu adoro o harmonia do samba.
    Não é tudo o que eu gosto, claro, no pagode baiano. Mas jamais usaria esses critérios moralistas para desautorizá-lo esteticamente. Muitos amigos meus roqueiros têm a mesma atitude contra o pagode - logo eles! Logo eles que gostam de Cramps, que vibram com Prince, com Madonna.
    Outro dia vi um vídeo da Beyonce com a Shakira: qual é a diferença daquilo para o É o Tchan? Por mim, eu quero é mais bundas dançando.

  11. Lucesar disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 1:09 pm

    Julio Vellame, o programinha “Format Factory”, que inclusive é gratuito, resolve esse problema. Pode Converter para “WMV - Alta Qualidade e Tamanho”.
    Um Abraço.
    .
    Aliás, eu gosto do Zeca mas não gosto de pagode, fazer o quê !!!
    .
    Caetano “Poema dos Olhos da Amada” & Bethânia “Soneto Do Amor Total”:
    http://br.youtube.com/watch?v=sBfEIzU41nw

  12. glauber guimarães disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 1:16 pm

    caetano,
    quanto ao primeiro parágrafo, já dei minha opinião aqui, não vou me repetir. respeito a tua, claro.

    alexei errou feio ao patrulhar os concretistas. errou feio ao patrulhar. period.

    mas quero mesmo é falar sobre “triste fim…”:

    lima barreto me parece poupar apenas “ricardo coração dos outros” de sua crítica mordaz. o próprio policarpo [embora na voz de seus amigos mais chegados, seja visto como um patriota herói quixotesco] é exposto em suas “delusions of grandeur”, falta de bom senso e ingenuidade.

    minha pergunta:
    pra você, barreto poupa ricardo, o trovador dos subúrbios? se poupa, por que?
    heloísa, e você, o que acha?
    gostaria muito de saber a opinião de vocês [e quem mais]. inté!

  13. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 1:36 pm

    Gente,
    o importante é fazer romance.

    Quero ver o que a Labi dirá sobre isso tudo, tenho certeza que concordarei.
    Me assusta ler as pedradas. É tudo muito simples, é só mudar a estação do rádio, procurar outros cantos. O que não pode é atrapalhar o carnaval dos outros.
    Não façamos como os moradores de Ipanema que proibiram a festa de reveillon na praia; alegaram que haveria muitos jovens e esses são sempre baderneiros. Água no chope dos outros é refresco.

    Transafados. Transvergonhados. Transtudo de bom!

    Viva os axés, os psiricos, os rocks, os sambas, os transrocks, os transambas, os transpagodes, os transfados, os transexuais, os travestidos! As saias rodadas, o calor forte, o short curto, o sorriso no rosto!

    Precocidade está nos olhos de quem vê.

    Não lembro agora a letra, mas adoro um samba de roda que canta o pau. Pede para pegar o pau, beijar o pau, etc.

    Já rebolei bastante na laje com o tchan, costumo ir até o chão com o funk. Glauber, são manifestações das pernas e cinturas e não somente do braço esquerdo.

    Dona Teté canta um cacuriá assim:

    “Eu tenho a junta do meu corpo toda mole
    Eu tenho a junta do meu corpo toda mole
    Aaaai, tu não me bole
    tu não me bole”

    Eu quero é poder dançar e fazer amor. E amor com todas as suas derivações. Amor de amigo. Amor de amante. Amor distante. Amor para entender política. Amor para argumentar sem desprezar o outro.

    Cada um com seu cada um, cada um com seu myspace.
    ——————-

    Apaixonei por “Lígia” na primeira escutada, lembro de ter visto umas imagens do Roberto e do Jobim num especial (acho que no final de 2007, eram imagens de arquivo). Corri para o pc, tinha que escutar novamente. Aí escutei, escutei, ela grudou em meus ouvidos. Toda vez que vou a praia lembro. Costumo caminhar sozinho pela beira do mar, o vendo batendo na cara, e as ondas cantando “Lígia, Lígia”.
    ——————-

    Este meu comentário saiu assim, um pouquinho sem nexo e meio que jogado ao léu. Estou ansioso, amanhã pegarei um avião e descobrirei novos mundos.

    bjs.

    *********************************

    Ao terminar de escrever, a Céu cantou em meu player:

    Miopia

    Qual o grau de miopia
    necessário pra esse dia
    acabar de jeito bom?
    Apenas um ao menos
    que me impeça
    de seguir nesta coleta
    de acidentes e paixão.

    Qual o grau de fantasia
    necessário pra que
    invistas neste amor?
    Quase ideal seria
    se não fosse verdadeiro,
    dentre poucos
    o primeiro que conforta
    ao amor.

    —————-

    Lá no myspace deles tem a “Carta aberta aos ouvidos fechados”:
    http://www.myspace.com/sonantes

  14. Romeiro disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 1:37 pm

    Ué.. “Saudade fez um samba” também é do Carlos Lyra… Foi mal, eu devo ter entendido tudo errado nesse post.
    Rafael, obrigado pela “Menina da Ria” no youtube e Salem, obrigado pela riqueza de seus coments.
    Abraços

  15. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 1:45 pm

    Licença.
    —————————-

    Português cria música sobre o acordo

    “A primeira frase do samba é repetida três vezes, mas de maneira a enfatizar a diferença entre o português falado respectivamente no Brasil, em Portugal e na África: “Cadê minha morena?”, “Onde é que estás, miúda?” e “Nina, eu quero te encontrar”.”

    http://www.bemparana.com.br/index.php?n=95172&t=portugues-cria-musica-sobre-o-acordo

  16. Nando disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 2:06 pm

    E aí, galerinha! Impossível ler tudo, viajei nas férias e vocês mandaram bem demais.

    Ao contrário do Caetano, que adora esses refinamentos, continuo ouvindo só porcaria. Stephen Stills, Peter Gabriel, Sérgio Sampaio. E Richard Buckner. Não é nenhum Fantasmão, mas me põe pra chorar. Verdade que me incomoda ver tantas crianças rebolando e despertando precocemente uma sexualidade que deveria ainda estar dormindo, mas é cisma minha. Peço para a baiana caprichar na pimenta do acarajé, o que ela faz com um ar de satisfação evidente, visto que a provoquei dizendo: “Ó, disseram que essa pimenta sua é bem fraquinha, é mesmo?”. Quase morro.

    Passei uns dias em Mar Grande. Lá, dizem que nossa casa é “a casa dos mórmons”, por causa deste tipo de porcaria que ouço. Meu velho gosta de José Augusto, Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo e Pholhas. Chorinho e Românticos de Cuba. Aí os vizinhos dão um pouco de crédito. Arrisquei um Sinatra com “I Will Drink the Wine”. E vou dormir ouvindo Albert King gemer “As The Years Go Passing By”, um proto-Psirico. Mas bem baixinho, sem incomodar.

    Glauber, gostei demais daquele album dos Pretty Things, não o conhecia; super valeu, man!

    Cadê Joaldo com a lenda urbana chamada “Viagem a Santo Amaro”? Depois da mulher de branco, a loira do banheiro, agora temos “Joaldo em Santo Amaro”! Vãobora, homem.

    Abraços!

  17. gil disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 2:31 pm

    o melhor lugar do mundo e aqui e agora dizia gilberto gil ensinando pra gente perceber a sensibilidade. se o melhor do mundo é a música da rua de Salvador quando vc está em Salvador, o melhor do mundo é a música do Rio de Janeiro quando vc está lá. O melhor do mundo é o fado, vc ouve e chora…eheheh…
    o melhor do mundo é aqui e agora e a imagem da Bolha Azul do castelão é show que nem ele. Salém, diz aí porque vc diz bonito. Onde anda Astrobaldo taradão nosso blogpersonagem?…quem sabe nos ouvidos da BondGirl portenha que viciada em sonhar caiu nos sussurros dele…cadê eles? hummm…não consigo imaginar cheiros mineirinhos da boa comida, estou cercado pela melhor comida do mundo, pelos melhores cheiros, embriagado pelo melhor vinho do mundo. mátria.

  18. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 2:34 pm

    Oi, Caetano e pessoal.

    Eu tenho o CD Nossa Língua Portuguesa do Pasquale. Nele há um recadinho dele assim:

    “Cuidado com as muletas linguísticas, vc pode quebrar a cara na gramática”.

    Ele não cita os nomes de seus adversários intelectuais, o que é muito diferente…

  19. Luiz Castello disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 2:37 pm

    Filosofia do Samba.

    Pra cantar samba
    Não preciso de razão
    Pois a razão
    Está sempre com os dois lados

    Amor é tema tão falado
    Mas ninguém seguiu
    Nem cumpriu a grande lei
    Cada qual ama a si próprio
    Liberdade e Igualdade
    Aonde estão não sei

    Mora na filosofia
    Morou, Maria!
    Morou, Maria?
    Morou, Maria!

    Pra cantar samba
    Veja o tema na lembrança
    Cego é quem vê só aonde a vista alcança
    Mandei meu dicionário às favas
    Mudo é quem só se comunica com palavras
    Se o dia nasce, renasce o samba
    Se o dia morre, revive o samba.

    Quem souber de algum desses “sambinhas imperfeitos” da Bahia,que seja uno com esse do mestre Candeia,por favor me mostre.
    Eu quero ouvir.

    _____x_____

    Com todo o respeito ao Tchan,Psirico,Harmonia – ninguém conquista nada na vida sem méritos – mas devo dizer que,no “sambinha” deles,é onde a Bahia é menos carioca.

    _____x_____

    Parece que,os critérios foram mesmo para o espaço sideral.
    Ou então os meus 14 neurônios foram para o limbo,junto com alguns comments,que tenho tentado enviar.

    Castello.

  20. Fernando Salem disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 3:42 pm

    HERMANO CORRIGJO ERROS DE DIGITAÇÃO:

    Caetaníssimo

    Eu gravei Brigas, Nunca Mais. ‘Tá no CD que ainda não saiu e eu te enviei a pré-mix pelo Marcelo. O arranjo é em compasso ternário.

    Também fui abduzido pelos sambas de Tom cantados pelo João no início de tudo. Os 3 primeiros álbuns e Esperança Perdida no álbum mexicano, fazem um songbook da obra básica de Tom.

    Em Matita Perê, Tom mostrou sua coragem sinfônica e seu desejo de mudar. Corria riscos fazendo isso. Embora, muito se tenha dito sobre a sua aproximação à obra e ao estilo de Villa, vejo mais a linhagem de Radames nesse mergulho estético ousado.

    Radames, como Tom, ao contrário de Villa, não foi um sujeito do universo erudito que descrobiu a música popular. Era um maestro trabalhador, arranjador de canções, rato de estúdios, rádios e próximo aos cantores populares. Como Tom. Como Nazareth. Como Morelembaum. Um tipo de músico bem brasileiro, que pode a um só tempo, se debruçar nos complexos grides das partituras e ser visto em um boteco numa roda de samba.

    Tom era assim.

    Gosto muito mais de Lígia do que de Borzeguim. As canções do período pós-bossa-nova de Tom tem múltiplos estilos. Lígia é prima-irmã de Retrato em Branco e Preto (mais antiga e com a letra do Chico, que sabe lá Deus como, conseguiu fazer aquilo tão moleque). Fotografia é um blues.

    É bonito ver que Tom ganhou o apelido de Maestro, e mais tarde Maestro Soberano, numa espécie de reconhecimento que a sua obra e ele mesmo reivindicavam.

    Nunca vi Tom com uma batuta regendo e mesmo assim ele é o nosso Maestro, no sentido mais amplo da expressão. Não é bonito que seja assim?

    No disco Tom e Elis há a tensão entre esse velho-novo Tom de Brigas Nunca Mais e o novo-velho Tom de Águas de Março. O piano elétrico de Cesar e o piano de cauda de Tom conviveram no estúdio. E ali nascia um som único e inimitável.

    Depois desse maravilhoso marco fonográfico, a obra do bossa-sambista se uniu à obra do Mastro formando uma coisa só.

    João Gilberto cantando Lígia também amarra os nós desses dois períodos.

    No final, tudo se misturou e o piano subiu à Mangueira.

    Aliás, “Piano na Mangueira” é um samba irmão de “Onde o Rio é Mais Baiano”. Outro dia aqui em casa cantei as duas canções no mesmo Tom (A+). E elas ficara uma coisa só.

    Hoje, os “sambinhas imperfeitos” da Bahia estão unos aos sambinhas-mais-que-perfeitos do Rio. Só não ouve quem não quer.

    O outro “mito surgiu dessa maneira”.

    Que alegria!

    beijos imperfeitos

    salem

  21. vonaldo mota disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 4:17 pm

    cae, quando voce coloca o pagode baiano como filho da chula do reconcavo redime o mesmo da vulgaridade e banalidade que é tão explicita, eles tem sua força, mas um pouquinho de bom senso não faz mal.

  22. glauber guimarães disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 4:21 pm

    vellame,
    nem precisaria dizer: não acho as manifestações da música de mercado baiana [axé, pagode, arrocha] nem bonitas, nem sensuais, nem engraçadas. podem até ser singelas em sua ingenuidade e mediocridade, mas simplesmente, não fazem meu braço esquerdo se arrepiar. meu braço esquerdo é a medida do que é PHoda pra mim. e ele não falha.

    esta é a diferença existente entre eu e caetano. eu e ele temos muito mais coisas em comum que divergências, apenas esta toca num ponto, pra mim e pra ele, nevrálgico.

    a música baiana de mercado hoje tem muito a ver com necessidade de catarse. não confio em catarse e pra mim felicidade tem mais a ver com calma que com o oba-oba [que muitas vezes não passa de histeria] e nunca me visita sem antes ser revistada, hahaha. abraço procê, compadre.
    ………………
    salem,
    só ouve quem quer. abraço procê também.

  23. glauber guimarães disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 4:28 pm

    luedy,
    cramps e psirico fazem parte da mesma coisa??? jeeezzz, que loucura! os critérios foram todos pro espaço sideral. pega uma lupa e observa os cramps com mais acuidade e você entenderá. espero…

  24. Nando disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 4:29 pm

    “letras de rimas miseráveis, melodias paupérrimas e harmonias de primeiras lições de violão”.

    Você pulou essa parte do texto do Castello, Luedy? Estão aí resumidos três “critérios objetivos”.

    “(sim, para eles a poética do corpo é algo no mínimo desprezível e desconectado de qualquer atividade cognoscente-racional). Ou então, o argumento é baseado apenas no gosto pessoal”.

    Rapaz, você não está debatendo com idiotas. Poética do corpo desprezível? O que lhe autoriza a concluir isso? E o que é que Prince está fazendo na sua listinha? É preciso sair em defesa de Prince para criticar essa bobajada toda? Se você não consegue ver nada que diferencie Prince de Parangolé, a deficiência é sua. Prince gravou com Miles Davis, rapaz.

    “Porque põe em risco a vida secreta da sexualidade das crianças”.

    Isto é coisa muito séria; a não ser que você considere estudos que tratam de distúrbios emocionais e/ou psicológicos decorrentes de precocidade/imaturidade sexual como algo meramente fundamentado em “moralismo”.

    Isso aqui está parecendo o Show de Truman.

    A grande defesa do Caetano com relação a tudo isso eu encontrei nas páginas do Verdade Tropical, no relato do episódio da sua prisão. Tudo me parece uma justificativa disso (e de ter, aqui, declarado “desejo ser solar”) - apesar da elegância do post do Caetano e da necessidade de que tudo isso seja, sim, discutido de forma adulta, buscando origens e confluências culturais.

    Acho que Caetano pesou um pouco a mão na relação com o blues, mas essencialmente ele está correto. Poderia ter citado o reggae também. Está correto, embora estejam longe de apresentar tantas nuances quanto as desenvolvidas por estes outros estilos.

    “A melhor coisa do mundo é pagode baiano”. Obviamente um impulso legítimo ditado por uma série de razões - dele. Fico com medo de perguntar qual seria a pior coisa do mundo.

    Sinto alívio em ver Caetano se divertindo, porque ele se atormenta com muita coisa, leva a sério muita coisa. E não dorme direito (e também não se alimentava direito, não sei se melhorou). Pelo menos a frigideira de maturi eu sei que ele não dispensa.

    Abraço,

  25. Rafael Rodriguez disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 4:42 pm

    Glauber,
    mas o que eu disse também tem a ver com sexo. Você pode usar apenas uma mão ou o corpo todo. Sinestesia.
    Eu escuto música com o corpo. Seja ela qual for, meu corpo dançará e cantarei junto.

    Canção é que nem amigo, temos os próximos, os distantes, aqueles que passam, aqueles que ficam - mesmo distantes.

    Ia escrever umas outras coisas, mas acabei esquecendo…
    Ah! Lembrei. Era algo mais ou menos assim:

    Essa confusão gerada entre o que é dança, o que é música… Essas manifestações estão além desses conceitos. São brincadeiras. São brincantes.

    Tá tudo aqui:
    “Colagem de performances com percussão preciosa.”

    bjs.

  26. glauber guimarães disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 5:06 pm

    hermano,
    só pra ilustrar, pra quem não conhece, the cramps:

    http://br.youtube.com/watch?v=E5mH38AhOHI

    http://br.youtube.com/watch?v=rVLpaiH2hbQ&feature=related

    a banda que com todo romantismo [sério] uniu ed wood, thomas mann, filmes B, elvis e inventou um estilo: psychobilly.

  27. Gilliatt disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 5:50 pm

    Revi isso agora e não posso deixar de linkar. Marina e Caetano juntos cantando Fullgas! Como é possível tanto charme, beleza e talento??!! Uma canção genial, superatual, um clássico. Muito oportuno esse vídeo! Luxo para todos!

    http://www.youtube.com/watch?v=TkK9t86B2iY&feature=PlayList&p=3C732BD57D5573E7&playnext=1&index=6

  28. Fernando Salem disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 5:59 pm

    Luedyssimo

    ‘Cê disse assim ó:

    “se uma gramática normativa (dessas mais tradicionais) fosse um compêndio musical, o pagode seria um “barbarismo”.

    Mais uma vez você deu a deixa. Dentro do que seria uma “norma” musical o pagode da Bahia é impecável.

    Os acordes estão no lugar. A melodia é consonante com a harmonia. A quadratura ritmica é complexa e não atravessa.

    Isso sim seria uma comparação normativa.

    Se usarmos a música como a “metáfora da vez” pra gente discutir gramática, temos que saber o seguinte:

    Toda música pré-moderna e pós Bach se apóia em um conjunto de regras super-rigoroso: o que se convecionou chamar de Sistema Tonal. Ele é baseado na polarização de tensões (provada pela série harmônica de Pitágoras) de notas que já estão na natureza. E defendido no Cravo Bem Temperado. O momento em que o piano ganhou teclas pretas para que todas as tonalidades fossem análogas à escala de Dó. (Antes a música era “modal” e o modo dórico era apenas um dos modos).

    Pois bem. O Sistema Tonal baseado na escala de Dó virou uma espécie de norma durante 2 séculos, que rendeu pencas de obras-primas até seu suposto esgotamento no início do Século XX.

    A música popular apenas “empresta” esse código complexo e o mixa a outros códigos, visuais, corporais e entoativos.

    Quando no início do século passado o Sistema Tonal parecia ter se esgotado para os eruditos. A Escola de Viena propôs um novo sistema batizado de “dodecafonismo” ou “serialismo”. Uma nova gramática ou conjunto de normas que pretendia evitar a repetição de tensões tonais (atonalismo). Tudo através de séries de 12 notas calculadas de forma cerebral pra evitar os “sentimentos” de tensão e relaxamento do tonalismo.

    A música popular pouco usou dessa contribuição atonal.

    Ao contrário da Escola de Viena, os impressionistas, como Debussy ou Eric Satie, propuseram outro caminho. A tonalidade continua, mas pode ser transgredida, com dissonâncias, modulações evitadas e acordes esquisitões. Essa sim foi uma aventura dos eruditos que bateu forte na música popular influenciando o jazz e mais tarde a nossa Bossa Nova.

    O que se faz hoje (tanto de bom ou ruim) está dentro desse espectro da gramática moderna e pós-moderna, ainda tonal.

    Usando a palavra “barbarismo” o que você fez foi um juizo de valor (o tal preconceito) usando o que achava ser regra em música. Errou. Não há normas assim na gramática musical. Há, usando palavras corriqueiras: desafinação, atravessação e desarmonia.

    Assim como a gramática, a música também vem construindo um conjunto de regras a partir da sua história, que você parece desconhecer.

    E esse conjunto pode sim ser transgredido. Mas isso não significa que “vale tudo”. Músicos afinam seus instrumentos e ensaiam pra que o som não se desarranje. Quando fazem isso, mesmo sem saber, estão usando normas e conquistas do tempo e da história. Quando um coro de Pagode Baioano divide as vozes usa conceitos de contraponto e harmonia que são conquistas da humanidade!

    Se é pra colocar a música dentro desse saco, podemos falar mais da gramática e do alfabeto musical, que não passa de um conjunto de regras e códigos.

    Conhecer o sistema tonal na teoria ou saber “escrever” música e solfejar não é necessário pra se produzir boa música popular. Assim como um belo poema de cordel pode ser criado e entoado por um analfabeto. Mas isso não quer dizer que não haja regra. Há.

    Uma confusão deve ser desfeita: já disse aqui que não acho que altos índices de escolaridade fazem um povo mais criativo quando o papo é música popular. Do contrário, a Jamaica seria pobre e a França rica em criatividade.

    Mas não acho o contrário. O acesso às normas vigentes NÃO é opressor, nem reprime a criatividade dos falantes e cantantes.

    Djavan não sabe escrever música, mas faz arranjos sofisticados e os passa “de boca” pra seus músicos. Neles, também há sofisticadas regras de contraponto e harmoniazação.

    Na sua maioria, os músicos da Bahia são inquestionáveis nesses atributos gramaticais.

    Agora, se você quer criticar usando parâmetros de natureza cultural, okay. Faça-o. Glauber fez. E está okay. Apesar de não entender a sua contraditória oposição à catarse, que é a base do seu jeitão bonito de gostar das coisas.

    Mas imaginar que na música nova da Bahia há erros de ortografia musical, é barca furada.

    beijo dissonante na sua testa incansável

    Salem

  29. Fernando Salem disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 6:04 pm

    Pessoal. Desculpem o extenso comentário sobre a gramática e a música, mas me pareceu necessário.

    beijos nas testas

    salem

  30. glauber guimarães disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 6:40 pm

    dom de iludir.

    quer dizer que é só fazer uns covers de caymmi [assassinando-o] e tá tudo resolvido? qualquer um pode fazer isso, principalmente se for instruído a fazê-lo.

    faça para glauberovsky uma garapa atômica, caetanovsky…abraço sincero nocê.
    ……………….
    rafael,
    tenho nada contra o movimento dos quadris. só que minha cintura é um pouco mais exigente, haha. além disso, o arrepiar de meu braço esquerdo tem a ver com sexo. também.
    não quero proibir nada, nem teria como. não sou um reacionário. não gostar de pagode baiano é ser reacionário? quero crer que não…
    mais do mesmo, tô fora! seja pagode, axé, mpb, o que for. aah, boa viagem, compadre!
    ……………
    castello levantou um lance interessante: alguém se habilita a citar um exemplo que valha?

  31. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 6:41 pm

    Ah tá, Glauber, então o Cramps é “melhor” do que o Psirico por causa de seu arrepiômetro, né? Sim, porque os critérios de validação estética, digamos mais “objetivos”, você ainda nos os deu: nem em relação ao Psirico (para os deslegitimar, é claro), nem em relação ao Cramps. Só não vale, no final de tudo, vir com aquela velha máxima, “ah, eu não gosto e pronto, tenho o direito de desgostar do que quiser”.
    Quando as pessoas “informadas” manifestam seu desgostar em relação ao funk carioca, ao pagode, enfim aos “kudiros e calypsos da vida”, elas costumam se valer de argumentos de fundo moral - a música é ruim porque é obscena, porque põe em risco a vida secreta da sexualidade das crianças, porque não há nada que estimule a vida da razão (sim, para eles a poética do corpo é algo no mínimo desprezível e desconectado de qualquer atividade cognoscente-racional). Ou então, o argumento é baseado apenas no gosto pessoal, no arrepiômetro - tomado como critério último de validação estética.
    Glauber, eu espero mais de você, viu?

  32. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 6:45 pm

    E eu ainda quero saber o que vem a ser esta “música baiana de mercado”. Glauber, vc tá psicografando Adorno?
    Se não for o caso, eu quero saber que outra música é essa que “não é de mercado”, quem são esses músicos diletantes, amadores, tão desapegados, tão desinteressados?

  33. Fernando Salem disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 6:46 pm

    COMENTÁRIO CULTO E GROSSO

    NORMA é Bengell.

    Luiz MELODIA e
    HARMONIA do Samba

    Possentimentos e pós-sentimentos. O “É isso” de Pasquale não “é aquilo” que disseram. Pra que tanto zumzum. Erro de gramática em música é não ter molho, ritmo nem nada.

    Estou feliz por Lígia ter mobilizado tantos comentários, até do Caetaníssimo.

  34. caetano veloso disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 7:34 pm

    “Saudade fez um samba” e “Se tarde me perdoa” são de Lyra e Bôscoli, claro. Eu ia botar lista maior, com Menescal e Donato e tudo o mais. Adorei o coment de Salem. Tom Maestro, unidade entre pré e pós bossa nova. “Águas de março” é João improvisando “na beira do rio” em “Você e eu”. “Lígia” tem a ver com o Tom pré. O que eu meio recusei ao ouvir foram as peças mais sinfônicas. Mas não recuso mais. Há um press release que escrevi sobre o último disco de Tom de que ele gostou muito: foi a única vez que o ouvi falar sem nem uma gota de ironia na voz. Ele me telefonou para dizer que tinha gostado. Foi pra Nova Iorque no dia seguinte. E morreu. Vinícius tinha morrido uns anos antes, quando Tom estava em Nova Iorque. Ao voltar, Tom comentou: “Vinicius é um cara em quem não se pode confiar: a gente vai a Nova Iorque e ele morre”. Foi Chico quem chamou Tom de Maestro Soberano, em “Paratodos”. Não sou o maior fã do disco Tom e Elis. Gosto de “Águas de março” com João, no album branco. Tom Jobim é o maior compositor popular brasileiro de todos os tempos. Só ele pode sobrevoar Pixinguinha, Caymmi, Herivelto, Noel, Ary e Carlos Lyra.

    Glauber, “a música baiana de mercado hoje tem muito a ver com necessidade de catarse. não confio em catarse e pra mim felicidade tem mais a ver com calma que com o oba-oba [que muitas vezes não passa de histeria]” é uma declaração curiosa para vir de um amante do rock (Elvis, Queen, Beatles, Stones, The Who, Metallica… a lista é infindável). Catarse, primarismo, histeria: eis os pilares da história do rock. Também respeito sua opinião e seu gosto. Eu amo Psirico e você detesta. Mas aqui se trata de ilógica apreciação dos motivos.

    Mesmo que Pasquale respondesse agressivamente aos linguistas que o agridem, isso em nada mudaria o fato de que as regras nasceram da necessidade de comunicação dos falantes comuns. E continuam mudando. Os gramáticos só podem registrar em que pé estão. Dizer que tudo é igual é negar à maioria uma série coerente de regras que possibilitam a universalização do saber sobre o uso da língua. Psirico é pior do que barbarismo entre nossos amigos cultos ou roqueiros, moralistas ou revolucionários. Para mim é a cultura do recôncavo com vitalidade - e o comércio da música subjugado a ela. A gramática é útil e, para mim, agradável (não estudo: só lembro e observo, mas quero voltar a estudar). Os linguistas contribuem com sugestões utilizáveis quando se fizer um bom projeto de educação básica no Brasil. Mas no momento esses militantes fazem também um pouco de demagogia nociva, provavelmente sem o saber.

  35. Rosana Tibúrcio disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 7:40 pm

    Olá, minhas gentes.
    Estava eu aqui, há uns 3 dias com catapora preta de tanta curiosidade para saber o que rolava no Obra.

    Ufa, graças ao Rafael consigo agora ler o que gosto, graças ao Rafael e a um tal Mozilla. Inda bem, inda bem. Rafael além de ser lindo por demais ainda é super atencioso. Grata, Rafael.

    Salem, não fui indiferente ao beijo que me mandou lá no outro post (aliás, fiquei assim, um tanto feliz), mas é que só hoje eu o vi/recebi. Beijos mais.

    Eu gostava do Tchan, na época em que Carla Perez dançava. O que era aquilo, meu Deus!! Hoje nem sei se ainda existe o Tchan.
    Pagodinho, forrozinho, axezinho me irritam profundamente. Um ou outro eu topo ouvir. Esporadicamente e olhe lá.
    O mais fascinante do tal “gosto” é isso: cada um tem o seu e ainda bem que as pessoas são diferentes, senão ia ser o caos.
    O importante é respeitar o gosto do outro e, também, respeitar que o outro não goste do seu gosto, né não?
    Vejo muito isso das pessoas (e não digo daqui do blog, digo da vida por aí mesmo) esculhambarem o outro porque os gostos não se identificam e, muitas vezes, usando a expressão “fulano não me respeita”, se esquecendo, contudo, que essa indignação pode também ser falta de respeito por uma opinião diversa.

    Queria tanto ter o nome de Lígia ou quem sabe Iolanda, só pra ser nome de música. E amo essas duas músicas. Ah, queria tanto ter meu nome numa música. Minhas duas filhas têm: a grandona é Marina e a pititinha é Laura.

    Glauber, já disse que sou sua fã? Não? Eu sou.
    Heloisa, o que é aquilo do seu post lá no outro dia? Genteeeeeeeeeee! Muito, muito bom.

    Beijocas a todos.

  36. Heloisa falando de amor disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 7:53 pm

    “Os linguistas contribuem com sugestões utilizáveis quando se fizer um bom projeto de educação básica no Brasil. Mas no momento esses militantes fazem também um pouco de demagogia nociva, provavelmente sem o saber.”

    Caetano, gostei da forma cuidadosa e moderada desse comentário. Isso me basta, por enquanto.
    Gosto de tudo de Tom, mas atualmente estou encantada com ‘Falando de amor’. Talvez eu goste tanto porque os versos:

    Quando passas tão bonita
    Nessa rua banhada de sol
    Minha alma segue aflita

    me lembrem:

    Você me deixa a rua deserta
    Quando atravessa
    E não olha para trás

    Quem vai saber? Só sei que as duas me deixam os olhos molhados. Adorei suas escolhas para gravar Tom, mas da próxima vez inclua ‘Falando de amor’: na sua voz, ela com certeza vai arrepiar o braço esquerdo do Glauber. E os meus dois.

  37. gil disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 8:06 pm

    não maltrata Castelão…Candeia é o seguinte…lembra aquele que fala..mulher…como é? houve um encontro pra lembrar dele num fim de semana no centro, eu contei aqui, tinha uma música que eu fiquei doido…CANDEIÃO imenso parente do gajo lá do Lima Barreto bem lembrado pela Heloísa querendo me agradar…e nosso caetano é tudo e sem contrariá-lo a gente tem que concordar: o samba carioca é o seguinte…viva a Bahia!!!!Viva Caetano Veloso e Gilberto Gil! Viva João Gilberto e Maria Bethânia! Viva Gal Costa, nossa musa eterna. salve o samba brasileiro Heloísa!

  38. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 8:14 pm

    Caetaníssimo,

    Você sabe e todos sabem, adoro seu trabalho artístico, sua personalidade forte de leão do Recôncavo. Mas sendo sincero comigo mesmo concordo é com o Glauber; também não gosto do Psirico e nem do pagode baiano, do pagode carioca e do paulista etc e tal feito hoje em dia.
    Não desmereço jamais a qualidade dessa galera enquanto músicos e dançarinos e, como Luedy, também adoro as maravilhosas bundas rebolantes. No entanto, é uma música que não me toca, não me empolga. Uma coisa paradoxal em mim, pois amo “marchinhas carnavalescas”, que, em critério de letra e harmonia não se distanciam do pagode baiano.
    E quando me refiro ao pagode carioca, falo sobre as coisas mais atuais, pois adoro Zeca Pagodinho,. Fundo de Quintal, entre outros.

    “Felicidade tem mais a ver com calma que com oba-oba”….sim, você está certíssimo Caetano. Talvez Glauber não tenha sido tão claro nessa ligação que fez entre “catarse, oba-oba, felicidade” e pagode, axé. Porém, acho que a música de carnaval da Bahia hoje está plenamente ligada à catarse, ao oba-oba e à alegria. Alegria sim tem muito de oba-oba. A felicidade é como um lindo lago sereno. Sim Caetano, “aqui se trata de ilógica apreciação dos motivos”. Beijos!!!

    O Jobim não é somente o maior compositor popular do Brasil, mas também um dos nossos maiores filósofos: “O homem nasceu com duas doses a menos” ou “O Brasil não é para iniciantes”..são coisas fantásticas. Também adoro “Lígia” e vou dizer uma coisa; também não curto o disco Tom/Elis. Pra ser sincero novamente, eu não sou muito fã da Elis Regina não. Sei que vão me detonar por isso. Mas a figura dela e suas interpretações nunca me causaram entusiasmo geral, não como o que senti e sinto em Gal, Bethânia, Elza Soares, Clementina, Marisa Monte, entre outras.

    Eu curto paca o “Cramps”. Aquele “Bad music for bad people” é genial. Tá frio aqui em Campos do Jordão, onde estou agora, vou botar pra rolar o Cramps e ficar olhando as montanhas enevoadas estampadas além da minha janela.

    Eu tenho uma única inveja de Buenos Aires. Eles têm a Exequiela. Outra coisa, digo sem medo algum de que o Corcovado é muito mais bonito que o Obelisco.
    É, eu também acho que o Borges desafinou ao desconsiderar o Brasil. Eu conhecia essa história. Continuo adorando-o como escritor, assim como o Julio Cortazar.
    E que belo texto do Lima Barreto. Adoro o “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Piro também em Machado de Assis e José Lins do Rego.

    Acho que foi a Cristina que disse no post “Transtudo” que a proibição da maconha foi imposição da maioria puritana dos EUA na época da “lei seca”. Nunca tinha me ocorrido isso antes, vou pesquisar. Interessante.

    beijos a todos!!!

  39. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:02 pm

    desconfio que nem bagno e nem possenti aprovariam meu “mau-gosto” musical. o engraçado é que eu não consigo me aproximar de caetano em assuntos de linguistica e gramática e provavelmente me afaste de possenti e bagno em assuntos de estética.

    eu, no entanto, continuo tentando juntar as pontas: uma gramática normativa (pelo menos as que eu conheço) desautoriza os usos populares da língua como “vícios de linguagem”, “barbarismos” entre eles. Definem a norma culta ou padrão como “língua exemplar”. Mas exemplar de quem? De que grupo social? Se há normas, no plural, por que outras normas não são consideradas?

    Sua defesa da melhoria da educação, Caetano, me é algo nobre, mas sua defesa incondicional da gramática normativa parece decorre da crença de que o “padrão” resultaria de uma negociação democrática, travada entre grupos sociais em posição de igualdade política. Assim, fica parecendo que a “norma padrão”, caso essa igualdade fosse possível, seria neutra, ou que pairaria acima de qualquer disputa por representação.

    Se não, como não deixar de notar que Lucesar ao afirmar que o “menas” de Lula “é mesmo uma lástima”, algo que lhe faz “corar” (de vergonha, certamente), está, em última análise, manifestando seu desagravo para algo que lhe parece profundamente “errado” e “feio”? [E que, não por coincidência, decorre de uma modalidade desprestigiada de falar?]

    Enfim, se o padrão resultasse de um acordo para que todos se entendessem, o “menas” (que não é só de Lula; aliás, tanto quanto o “meia chateada” das amigas de Licia) deveria ser consagrado como regra válida. Ou não?

  40. Nando disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:11 pm

    Rosana, você é nome de música: “Rosanna”, do Toto.

  41. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:43 pm

    Ricardo Pedrecal,

    Eu li o que vc escreveu. Não concordo com nada, mas não esou em condições, neste momento, de rebater seus argumentos.

    Preocupa-me o forte logocentrismo de suas assertivas, mas é só o que eu posso dizer por enquanto.
    Volto depois, ok?
    abs
    luedy

  42. tyrone medeiros disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:45 pm

    .
    eu gosto dos discos de carlinhos brown, daniela mercury…e alguns da margareth [ quando ele fica menos pop ]…
    .

    prefiro ivete ao vivo, do que em estudio.
    claudia leite não trouxe diferencial ate agora.
    .

    alias, um tempo atrás a claudia deu uma declaração, junto ao seu marido, nada bacana, e muito preconceituosa sobre os gays.
    .

    psirico é legal.
    .
    EL MANICERO teve uma gravaçao excelente em 1993 pelo Ney Matogrosso. Muito boa mesmo!

  43. Missionario Jose disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 9:53 pm

    Eu sempre tive essa dúvida em relação à letra de “Lígia”, e durante muito tempo eu achava que era eu que estava ficando doido. Muito obrigado.

  44. Labi Barrô disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 10:20 pm

    BOA NOITE GENTE BOA!
    Com licença Caetano. Posso mostrar essa entrevista pro povo? Saiu na CAPA. (www.acapa.com.br)

    “A mídia só mostra o lado da prostituição”, diz trans Lili Anderson, vice-presidente da ABGLT
    Por Marcelo Hailer 29/1/2009 - 18:15

    No dia Nacional da Visibilidade Trans nada mais justo do que dar voz àquelas que tanto têm se articulado na busca pelos seus direitos, reconhecimento e inserção social. Hoje, o Brasil inteiro comemora tal data.

    Para tanto, conversamos com Lili Anderson, 34, vice-presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) e presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Espírito Santo (ATES).

    Há oito anos atuando com o ativismo político, Lili iniciou a sua trajetória em uma vila de pescador em Itaúna. “Foi onde assumi esse papel político”, conta. Na entrevista, ela analisa a postura da mídia a respeito das trans, que considera “hipócrita” e fala ainda sobre o movimento LBGT, ensino público e nome social.

    Desde quando você atua com política?
    Atuo há oito anos.

    Por que resolveu entrar no meio do ativismo?

    Entrei através de uma vila de pescador onde eu morava no estado do Espírito Santo, lá comecei a assumir esse papel político, na Vila de Itaúna. Comecei pela Ong do Betinho e passei por outras ONGs, e assim fui me empodeirando politicamente.

    Como é possível fazer com que as(os) transexuais e travestis permaneçam na escola?

    Isso varia de região para região. Nós lutamos contra a questão da discriminação e o que faz a gente tocar esse trabalho é uma conscientização: a partir do momento que nós temos trans no cenário nacional político e nos estados e municípios, isso já faz com que as outras tenham uma forma de pensar não só de rua. Começam a socializar a vivência, estar mais presente dentro da sociedade.

    Recentemente tivemos notícias de duas transexuais: uma cursa mestrado e a outra doutorado. O que você acha disso?

    É uma posição maravilhosa, para nós da uma visibilidade muito legal. Porque temos uma vereadora em Nova Venécea, que é a Moa. No ano passado, ela era a presidente da Câmara, esse ano ela é novamente. Temos também professoras aqui no Estado do Espírito Santo que são travestis. A partir do momento que a gente vê e as outras começam a enxergar que tem alguém ocupando aquele espaço e lutando por ele, elas [travestis e transexuais] começam também a buscar isso na vida.

    Ainda falta visibilidade para essas outras histórias das travestis e transexuais?

    Sim. Infelizmente a mídia é muito perversa, ela não da espaço para falar quem está hoje no quadro político, no quadro nacional, dentro da área de trabalho. Quando a gente pega esses programas de televisão, eles mostram apenas o lado da rua, o lado da prostituição, mas não mostram o lado que a garota pode estar em outro mercado de trabalho. A mídia contribui muito com essa visão, por exemplo: o dia da Visibilidade Nacional Trans, poucos jornais colocam essa visibilidade, não coloca o porquê dessa marginalidade, que é uma questão de política pública, pois elas não tem uma assistência direcionada. Se você pegar o trabalho de assistência social, eles vão para a rua conversar com os meninos de rua, mas não analisam a questão da travestir menor de idade, que está na rua sendo usada pela prostituição. Isso é uma coisa no quadro nacional muito crítica e que passa despercebido pela sociedade o tempo todo e também da área acadêmica.

    Por que existir o Dia Nacional da Visibilidade Trans?

    Foi através da ANTRA (Articulação Nacional de Travestis e Transexuais) com o programa nacional de prevenção, onde aconteceu a primeira campanha e deu uma visibilidade muito grande para as travestis e transexuais. Então, no dia 29 de janeiro, foi lançada a campanha em um workshop, que foi levada para vários estados com a cara das meninas. Lançamos a campanha na área da saúde e da educação. Na época, discutimos a questão dos banheiros, do nome social dentro das escolas na área da saúde. Porque antigamente as pessoas da saúde não chamavam as meninas pelo nome social, hoje eles têm esse compromisso social. Na [área] de educação também.

    O que é ser trans no Brasil?

    É muita coragem, muita luta, dar a cara a tapa para essa sociedade que é medíocre. Infelizmente, na época de campanha política, todos percebem que nós somos cidadãos, mas depois que passa essas questões as pessoas esquecem da gente. Matamos bicho todos os dias, que é diferente dos gays né? Não desmerecendo os homens gays, mas a partir do momento que nós [transexuais e travestis] levantamos e temos um compromisso com o dia-a-dia, já sabemos o leão que temos que engolir em cada esquina e em que cada rua.

    Tem aquela história de que as trans não têm como se esconder no armário…
    Não mesmo, porque a nossa identidade está na cara. Ela pode estar barbuda, mas está com o peito dela, com a prótese… e aí por diante. Então, ela tem uma visibilidade e identidade muito grande. E isso já traz um preconceito. O assassinato ligado à transfobia ainda é muito grande.

    Acredita que ainda nesse governo a homofobia será criminalizada?
    É um sonho, mas eu não acredito. Existe uma bancada evangélica muito forte, eu faço muita crítica a isso. Tem o Magno Malta, é assustador pra mim, ele fica contra o PLC 122 [projeto que criminaliza a homofobia] e aqui no Estado as representantes do partido dele são as travestis! Não da para entender. A Moa, por exemplo, ela é presidente do partido (PRB) dele, nós temos a Linhares que também é do partido dele e a Vitória que é presidente também. Elas acabam sendo usadas e não percebem. Eles misturam a questão da cidadania com fundamentalismo religioso, isso é um problema grave.

    Você é vice-presidente da ABGLT, qual a sua opinião em relação ao movimento LGBT brasileiro?
    O movimento tem alcançado muitas vitórias. Quando a gente compara com algumas décadas passadas, vimos que hoje avançamos em muitas questões, por exemplo, a Conferência Nacional GLBT, os congressos que a ABGLT tem realizado e até mesmo a ANTRA com o ENCLAIDS, pois estamos no 15º ENCLAIDS e hoje as meninas tem uma discussão política. O movimento tem a sua fragilidade, mas também tem os seus méritos como qualquer outro movimento.

    Qual fragilidade você apontaria?

    Não posso falar pelo movimento nacional, mas no meu Estado vejo uma fragilidade: são poucas pessoas que estão a fim de discutir e que são da luta. Cada um fica na sua, querendo fazer o seu papel particular, falta união para todo mundo sentar e conversar questões em conjunto para ficarmos fortalecidos. Agora, se cada um começa a falar de forma diferenciada, a política se enfraquece.
    Recentemente, o Governo do Estado do Pará baixou portaria onde permite as escolas públicas matricularem as trans com os seus nomes sociais.

    Acredita que essa medida será aplicada?
    Acredito.

    As escolas e os educadores estão preparados para essa demanda?

    Acredito que sim. Depende de algumas escolas, porque hoje nós temos grupos universitários que estão discutindo a diversidade sexual.

    Mas e o colégio público, na periferia do seu Estado, está preparado?

    A periferia está mais sensível do que as escolas particulares, por incrível que pareça. Temos parceiros na periferia que é o movimento da juventude e temos o pessoal do hip hop, que era um grupo muito fechado e hoje ele também está discutindo as questões da diversidade sexual.

    Labi Barrô, assinando embaixo!

  45. Julio Vellame disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 10:28 pm

    Salem, excepcional seu comment #20.

    Meu problema todo é idolatria a João. Vc falou um negócio que eu não gostei no primeiro comment sobre Lígia e fiquei puxando briga…

  46. Julio Vellame disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 10:29 pm

    Salém, excepcional seu comment #20.

    Meu problema todo é idolatria a João. Vc falou um negócio que eu não gostei no primeiro comment sobre Lígia e fiquei puxando briga…

    Chupe meu braço!

  47. glauber guimarães disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 10:39 pm

    caetano,
    você está certo quanto ao lance rock e catarse, claro. só que rock n’ roll é um mix de um monte de coisas. a catarse é só mais uma delas. a minha relação com o rock nunca foi nesse sentido. pra mim, sempre foi melodia. mesmo elvis, berry e richard. depois, melodia e letra. esse é um dos motivos pelo qual venho dele, mas não faço mais rock n’roll [o clássico]. eu busco melodia e letra. e invenção.
    quanto aos gostos é isso: eu detesto, você gosta. cê não curte o erre retroflexo, eu curto. porque gosto de música caipira e moda de viola. dentre muitas coisas em que concordamos está sua frase sobre tom:
    “tom jobim é o maior compositor popular brasileiro de todos os tempos”. valeu sua eterna atenção. não tenho como entrar em contato contigo, além daqui. como faço? hermano tem meu e-mail.
    ……………..
    luedy,
    falo do que tá rolando aqui. esse monte de gente querendo se dar bem. e o batucajé é o que menos importa. vamos parar de fingir que isso não existe, que ninguém aqui é mary poppins.

    existem mais e melhores artistas fora do mainstream que dentro, no mundo todo [salvo medalhões como caetano]. sim, porque PRETUBOMPSIRICOFANTASMÃOPARANGOLÉ é o status quo, amigo.

    você quer uma argumentação além do arrepiômetro? ok. os cramps não fazem o que se espera deles. quando o “artista” age de má fé e faz exatamente o que se espera dele, a arte está morta, como disse sartre. e o que fica é o kinder ovo de zizek/lacan. além disso, há coisas que são inexplicáveis mesmo…a gente sente. mas é preciso exercitar a sensibilidade. faço isso desde criança. o resto, nando falou.

    não estou psicografando adorno.

    faço música pela música. difícil pra você acreditar nisso? não estou só, não. somos muitos.

    repito: mais do mesmo, tô fora. seja axé light, pagodenejo, rock, mpb, o que for.

    aleijão, o fantasmão da neutralização. “a cabeça explode, irmão”. abraço procê e pro alemão! bom, agora vou pra análise…não é mole não! aah, o filme dos titãs tá aí. filmão!

  48. Julio Vellame disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 10:49 pm

    Glauber, maravilhosa essa coisa do braço.

    Maria Helena, minha mulher, disse que rola isso com ela tb e sugeriu a letra que transcrevo abaixo da saudosa banda “Kao do Samba” para transdecorar isso tudo:

    Você gosta de mim?
    Eu acho…
    Você gosta de mim?
    Eu acho…

    Então prove aí meu bem, chupe meu braço!

    Você diz que gosta de mim,
    Mexe gostosinho assim.

    Essa menina está me dando mole
    Bate no meu braço quase toda hora…

    Você gosta de mim
    Eu acho

    Você gosta de mim
    Eu acho

    Então prove aí meu bem
    Chupe meu braço

    Essa menina gosta do Kao
    Kao do Samba é do meu amor

    Essa menina manda um abraço

    Você gosta de mim
    Eu acho

    Então prove aí meu bem
    Chupe meu braço

  49. gil disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:00 pm

    tem mesmo muita muita gente que faz música pela música, tem gente que canta no banheiro, outros publicam na internet ou seja, sopram ao vento…mas levar a música ao mercado são outras palavras. Cultivar uma alface no quintal era uma coisa, alimentar uma cidade é outra bem diferente. Que cantem no banheiro, why not? Mas a música brasileira pode e quer muito mais e já é hora de acordar, enquanto nossa BondGirl vai ao estádio ver Los Fabulosos, nossos estádios servem ao que? Nossos Ipods tocam o que? em 2008 somente 6 discos venderam mais de 50 mil unidades! Quase todos evangélicos. E ainda estamos deslumbrados com maiespeices e o escambau…eu quero meu itunes brasileiro! eu quero que todo mundo se comporte como o povo evangélico do Brasil que decidiu não roubar música, compram suas músicas e fazem riquezas…cadê?

  50. Fab Palladino disse:
    Janeiro 29th, 2009 at 11:47 pm

    Caetano dos meus pensamentos: durante a adolescência acompanhei entrevistas de Borges, seja com Roberto Dávila, seja na Veja dos idos de 79/80, seja na folha. Aliás fiquei de cara quando vc falou que a Veja era uma porcaria quando da morte de Elis. Hoje entendo. Eu queria gostar de Borges, e acho que esse translumbramento que a Amada fala, penso que a imprensa paulista, se pretendendo primeiro mundo, também queria e idolatrava Borges. Ao que Paulo Francis (sorry) também se regozijou quando um crítico americano, ao ser perguntado sobre Borges, o ignorou.

    Também adoro o Tchan, acho genial o que eles fizeram e acho que tem muito ressentimento (da burritsia, como diria o Tom) contra eles Brasil afora. O Marcos Mion já sacou isso e volta e meia faz a dança do Tchan no programa dele.

    Tinha curiosidade pra saber o que vc achava do Woody Allen, pois não entendia aquele sentimento do Bressane em relação a ele.

    Queria que vc me dissesse qual é o maior disco da década de 90 pra vc? Pra mim é ´Sobrevivendo no Inferno’ dos Racionais MCs. Beijo,

  51. Rosana Tibúrcio disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 12:05 am

    Nando,
    não conheço a canção com meu momito, gostei de saber. Vou procurar.

    Labi, Labi…
    Eu morei em Nova Venécia por mais de 6 anos e me causou uma boa surpresa quando li na Veja do ano passado sobre três vereadores travestis que foram eleitos no Brasil, sendo que um deles era de lá.
    http://veja.abril.com.br/291008/radar.shtml

    Eu digo isso porque os venecianos eram um tanto recatados, ou tradicionais, não sei bem que palavra mais adequada eu poderia usar aqui, sem ser imbecil ou parecer preconceituosa.
    Mas então… eu gostei de saber isso. E os outros dois de onde eram? Um de Salvador e o outro - Isaías Martins de Oliveira - da minha querida terra natal: Patos de Minas. Não votei nele, porque já tinha meu candidato, mas adorei quando soube que ele foi eleito. Gente fina, educada, centrada, inteligente e hiper, super, mega respeitado por todos os patentes, como todo mundo de bem deve ser, não importando se é trans, bi, homo, tra, hetereo, seja lá o que for.

    Competência afinal, tá no campo das ideias, da ética, do bom trabalho e não do sexo.

    Bom, rola ser bem interessante e prazeroso o sexo competente, mas isso é papo pra outro tema… hehe

    Beijos, moçada.

  52. Paulo Osório disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 12:45 am

    Heloisa, nossa musa inspiradora,
    Esta é para todos, mas especialmente procê…

    “A tua presença…transborda pelas portas e pela janelas…a tua presença…silência os automóveis e as motocicletas…” (A Tua Presença Morena)

    “Não me amarra dinheiro não, mas formosura…mas os mistérios” (Beleza Pura)

    “ Eu vou fazer uma canção pra ela, uma canção singela, brasileira…para gravar um disco voador…” (Não identificado)

    “…Toma essa canção como um beijo…” (Menino do Rio)

    “ …Você é linda, e sabe viver… esta canção é só para dizer… e diz” (Você é Linda)

    “… Tropeçavas nos astros desastrada, mas para mim foste a Estrela entre as estrelas” (Livros)

    “…meu canto não tem nada a ver…com a Lua…” (Lua, Lua, Lua, Lua)

    “…se o Amor escravisa…mas é a única libertação….” (Minha Voz Minha Vida)

    “Com amor no coração, preparamos a invasão; cheios de felicidade, entramos na cidade amada…” (Os Mais Doces Bárbaros)

    “… meu Rio…te amei no meu coração…te amo, em silêncio” (Meu Rio)

    “…Quanto tempo pode durar um espanto?…” (Como um Samba de Adeus)

    “…Tudo em Copacabana, Copacabana…vou sonhando até explodir colorido…” (Superbacana)

    “…e o céu de um azul celeste, celestial” (Trem das Cores)

    “ E eu, menos a conhecera, mais a amara… Sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela…” (O Estrangeiro)

    “Uma moça,de lá do outro lado da poça…me encheu de elegante alegria…” (Menina da Ria)

    “ …meu coração vagabundo, quer guardar o mundo em mim…” (Coração Vagabundo)

    “Enquanto os homens exercem seus podres poderes…” (Podres Poderes)

    “…da força da grana que ergue e destroi coisa belas…” (Sampa)

    “…Americanos sentem que algo se perdeu, algo se quebrou, está se quebrando” (Americanos)

    “…Gente é pra brilhar não pra morrer de fome…” (Gente)

    “ Um Índio descerá de uma estrela colorida, brilhante…Virá…que eu vi…” (Um Indio)

    “ …você virá do coração do Brasil, e trará o meu sonho na mão…” (Miragem de Carnaval)

    “..Terra,Terra…quem jamais te esqueceria?…” (Terra)

    “ …Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista. O tempo não pára e no entanto ele nunca envelhece…” (Força Estranha)

    “… é preciso estar atento e forte, não temos de temer a morte…” (Divino Maravilhoso)

    “ …Com fé em Deus, eu não vou morrer tão cedo…” (Araçá Azul)

    bjs/abr

  53. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 12:52 am

    Oi, Caetano e pessoal.

    Será que algum dia eu disse aqui que quero escrever e falar “nós foi” e “nós vai” em qualquer lugar e achar isso benéfico? Relativismo total, vale tudo, bundalelê radiante e total?

    Os deuses devem estar loucos. Deve ser a tal latinha.

    O negócio é o seguinte: quero ver a seguinte cena:

    Tia Anastácia chega para Caetano Veloso e diz:
    você me agarante que entrega a chave?

    Caetas: eu agarântio.

    Anastácia sai satisfeita.

  54. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:01 am

    Vellamíssimo

    Refrescando a memória aí está o que eu disse no primeiro comentário a respeito de João e Lígia:

    “Não sei se as mudanças dessa segunda versão (a primeira é de Chico em Sinal Fechado) são do João ou do próprio Tom. ”

    Aí Caetano esclareceu:

    “creio que João canta a letra que Tom escreveu sozinho.”

    Então você festejou:

    “João canta Lígia que Tom escreveu sozinho.
    Quem (Caetano, Tom, João) sabe, sabe.
    Que bom que eu sei ouvir.”

    Foi esse o ruído? Onde está a idolatria a João que te irritou?

    Se bem que se você me conhecer de perto pode até sentir mesmo um pouco de irritação.

    Idolatro João Gilberto sem medo do verbo. Ele é meu ídolo, oras.

    Muita gente se irrita com essa minha faceta. Mas não tem jeito. João é o artista mais artista que conheci.

    Mas vamos nos entendendo.

    Beijo amoroso

    salem

  55. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:02 am

    Bacana lembrar SMETAK como um protagonista da histria da música na Bahia.

    Castello está atento.

    beijo na testa

    salem

  56. Wesley Correia disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:12 am

    Rafael (Comments cada vez melhores!)

    Foi um menino de 13 anos quem me apresentou o álbum antológico dos Beach Boys, dizendo que o Pet sempre aparecia na lista dos melhores do mundo ao lado de Beatles e Rollig Stones. Ao final, me dizia: “Não dou bola pra essas listas. São pessoas que pretendem se mostrar superiores às outras.”

    Também gostei do Pet Sounds porque o que me arrebata na música é o produto de muitas coisas: paixão, técnica, originalidade… mas é tudo isso junto, sacou! Isso é catarse - quem sou eu para desautorizar Aristóteles?

    Enfim, ouço Nina Simone e a considero surpreendente, mas o que Elizete, Bethânia e Elis fazem não parece humano. Não lembro se é o Gil, no DVD em homenagem aos Doces Bárbaros quem comenta, citando Andy Warhol, que a gente aprende a gostar de gostar das coisas… Comigo é assim: gosto do Arrocha, mas meus amigos não acreditam.

    Tive de cantar outro dia, na íntegra: “Ela é rampeira/Mas me da de tudo/ Ela banca todo mês a minha feira/Ela é rampeira/De terça a domingo/ Mas tá de boa pra me amar segunda - feira” e eles acharam que eu tava de sacanagem, ms era sério. Gosto de gostar do Bonde do Malandro e gosto de gostar de ouvir Callas, também! Sou testemunho vivo desta catarse.

    Confiram Rampeira no link:

    http://br.youtube.com/watch?v=9rZdUp4_ryU

    Té breve!

    Wesley

  57. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:20 am

    Glaubito mon amour

    Vamos de catarse:

    A palavra CATARSE (do grego”kátharsis”) é usada em situações diversas.

    Na tragédia, na medicina ou na psicanálise, ela significa purificação ou purgação.

    Pra Aristóteles, a catarse tá ligada à purificação das almas através de uma descarga emocional.

    Pra rolar catarse era preciso que o herói passasse da graça ara a desgraça. E mais: não pode ser por acaso, tem que ser por uma ação ou escolha mal feita do herói.

    No conceito do grego a catarse de fato está bem ligada ao rock and roll. Onde a felicidade e o drama convivem. Como em Romeu e Julieta ou em Édipo Rei.

    Na celebração musical baiana há mais felicidade do que tragédia grega. Pouca catarse e muita chuva, suor e cerveja (diferente de sexo, drogas e rock and roll).

    Repare que na trilogia do rock há drama e drugs.

    Festa, celebração e dança não é necessariamente catarse. Pode ser felicidade mesmo.

    beijo catártico

    salem

  58. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 2:16 am

    a catarse nos beach boys é outra onda, wesley. não tome o que eu disse ao pé-da-letra. aí é outro tipo de catarse. ela se dá através das melodias e pra quem saca o inglês, das letras. mas principalmente através das melodias. é uma conversa entre quem ouve e o brian wilson. uma conversa, enfim…
    o que eu acho é que a música baiana de mercado hoje é muito ruim, mesmo para os padrões da música descartável. mas há coisas piores. sempre pode piorar. lei de murphy, haha. pra falar a verdade, prefiro conversar sobre coisas mais interessantes, do ponto de vista estético [sei que essa é apenas minha opinião, mas é que eu só tenho ela, né? sou a minoria menos representativa de salvadorcity] abração nocê.
    ………………
    rosana,
    sou seu fã também!

  59. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 3:01 am

    labi,
    valeu pela entrevista no seu último comment. informação é passo importantíssimo pra demolir preconceitos.
    tem um pastor chamado silas malafaia que tem falado um monte de absurdos na tv. me dá nos nervos. confesso que tenho até medo de falar isto aqui, esse pessoal é fanático e violento. uma banana pra eles…
    é um disparate que o “estado laico” permita que esses sujeitos usem a tv pra disseminar ódio, preconceito e ignorância.

  60. Luiz Castello disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 3:06 am

    Criticar quem trata a poética do corpo,como atividade mercantilista,e lucrativa,transformando-a em cópulas grosseiramente coreografadas,é ser moralista ?

    Existe na dança tradicional da India,ligada à cultura tantrica,representações do ato sexual.
    São feitas com graciosidade,harmonia,unidade entre os opostos.
    Nelas está presente a ideia de que,o universo se manifesta sexualmente à todo momento.

    Que cada um tire suas conclusões.

    Castello,
    bunda mole.

  61. Luiz Castello disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 4:00 am

    Walter Smetak faz parte da riquíssima cultura musical baiana.
    Violoncelista,compositor,escultor,e inventor de instrumentos.

    Este suíço que,adotou a Bahia como pátria,conhecia os segredos da música.
    Ele sabia que através da música,pode-se modificar a sensibilidade de um povo,e melhorando a sensibilidade das pessoas,elas passam a exigir mudanças para melhor,no mundo objetivo.
    Esse sabia das coisas.
    Ele,sim,merecia um destaque em caixa alta.

    Castello,
    em caixa baixa.

  62. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 5:40 am

    o itunes vai processar gil por fazer a molecada brasileira odiar a marca.
    ……………………
    grande SMETAK!
    ……………….
    meu banheiro é sensacional. acústica perfeita, boa música e o que é melhor: é muito bem frequentado! hahaha

  63. Flávio Mendes disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 6:08 am

    Maravilhoso, como sempre, os coments do Salém, de quem sou fã desde o Vexame (faz muito tempo, né?).

    Muito boa a sua comparação (aproximação?) de Jobim com Radamés, a relação deles (sendo arranjadores de canções populares, como ofício em uma época da vida) em contraponto a o que Caetano quis dizer (e eu entendo) quando citou que o Tom quis ser Villa-lobos. Não seria, nunca, e eu confesso que gosto mais de Tom do que de Villa. Eu adoro Matita perê e Urubu mais do que tudo, mais até do que Amoroso.

    Eu acho (de achar e de conviver com quem conviveu com ele) que o Tom nunca foi um revolucionário. Não era a onda dele estar avant-garde. Aconteceu, com ele, de ele estar na frente de uns acontecimentos (que o Lyra, e eu concordo, renega como um “movimento”) que vieram a desembocar nesse fragoroso sucesso a quem chamamos “bossa nova”. Há um livro, maravilhoso, de autoria de Marcelo Câmara, que diz que Tom só foi “bossa nova” nas parcerias com Newton Mendonça. Não chego a concordar, mas chego perto, até porque as duas do Tom que Caetano cita - e são super bossa nova - não são da parceria dos dois. Mas pra mim Tom excedia, em muito, o rótulo bossa nova. E acho que ele lutou pra se livrar dele. (é só ver o maravilhoso trabalho dos 5 volumes Cancioneiro Jobim: 40% das músicas podem ser consideradas BN). E duvido que o Tom as achasse menores por isso. Quando passou a minissérie da Maysa eu reli o livro do Bôscoli e fiquei emocionado quando ele disse que parou de fazer letras quando chegaram Chico e Caetano e citava que o Caetano adorava o verso “Se é tarde me perdoa”.

    E é importante que se diga que, a princípio, o Tom não queria o César como arranjador e seu piano elétrico no disco com a Elis. E não é por isso que o disco soa “meio torto”: a verdade é que as almas artistas dos dois não se bicaram muito. É pena, nem sempre dá certo. (Mas esse disco tem coisas sensacionais). Gil e Jorge é magnífico, mas Gil e Milton (reunião que eu esperava muito) é aquém. Acontece.

  64. Nuno Oliveira Dias disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 8:00 am

    “O melhor do mundo são as crianças” Fernando Pessoa, Obra Poética 189

    “[Risos.] Há um texto final em que Pascoaes fala
    dos poucos encontros que teve directamente com Pessoa.
    Ia num eléctrico em Lisboa, Pessoa entrou e perguntou-lhe,
    abrupto: “Eu vinha a pensar, Pascoaes, você acha que são
    mais importantes os livros de que toda a gente fala e ninguém
    lê ou os livros que toda a gente lê e de que ninguém
    fala?” Ao que Pascoaes respondeu: “Eu acho que são muito
    mais importantes os livros de que toda a gente fala, mas
    ninguém lê.” E Pessoa responde: “É exactamente o que eu
    penso.”
    Vi isto numa bela exposição sobre poesia na Fundação Gulbenkian, em Lisboa (http://www.gulbenkian.pt/media/files/agenda/exposicoes2008/newsletterSet08-Welt.pdf)

    Estes poetas são um bocado passados (como quem passa para o inimigo quando perde o pé…), mas não deixam de ser criativos e divertidos…

    Samba, samba… Eu gosto muito do “Desde que o samba é samba” de Caetano Veloso

    A tristeza é senhora,
    Desde que o samba é samba é assim
    A lágrima clara sobre a pele escura,
    a noite e a chuva que cai lá fora
    Solidão apavora,
    tudo demorando em ser tão ruim
    Mas alguma coisa acontece,
    no quando agora em mim
    Cantando eu mando a tristeza embora

    A tristeza é senhora,
    Desde que o samba é samba é assim
    A lágrima clara sobre a pele escura,
    a noite e a chuva que cai lá fora
    Solidão apavora,
    tudo demorando em ser tão ruim
    Mas alguma coisa acontece,
    no quando agora em mim
    Cantando eu mando a tristeza embora

    O samba ainda vai nascer,
    O samba ainda não chegou

    O samba não vai morrer,
    veja o dia ainda não raiou

    O samba é o pai do prazer,
    o samba é o filho da dor

    O grande poder transformador

    Eu gosto imenso, imenso deste samba; como gostei de ver Caetano e Gil a canta-lo no Coliseu em Lisboa!… Como agradecer?

  65. Heloisa disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 8:22 am

    Acabei de assistir ‘Noites do norte’ em dvd. Depois tentei ver alguns vídeos de Psirico, Fantasmão, Parangolé. Meus neurônios trabalham, trabalham, mas não me respondem: o que faz alguém criar um show deslumbrante como o primeiro e achar pagode baiano a melhor coisa do mundo? Vida, doce mistério!

    Paulo Osório, muito obrigada. Adorei a homenagem!

    Ricardo, ainda não consegui assistir ‘Viva São João’, mas quero muito.

    Marcelo Porciúncula, minha escrita acompanha meu humor, que varia muito em pouquíssimas situações - aqui é uma delas. Mais solta? Talvez. Doce, nem tanto. Bittersweet - mais provável. Obrigada pelo carinho.

    Gil Quaresma,onde você está que não sente o cheirinho da comida que eu nunca faço? Em Portugal?

  66. Julio Vellame disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:32 am

    Menina da Ria com Áudio melhor. Obrigado Lucesar.

    http://www.youtube.com/watch?v=WUu9vPW81xc

  67. Julio Vellame disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:41 am

    Salém, eu não ia te contar por vergonha, mas acho que já passei piores:

    Foi simplesmente porque vc chamou João Gilberto de “Joãogibas” e eu não gostei.

    Eu preciso me tratar. Amanhã tem Psirico no festival de verão, já comprei minha pista, vou fazer a catarse e ver se volto melhor… ;-)

  68. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:35 am

    Olá Flávio Mendes

    Também li os livros de Bôscoli e da Regina Echeverria e conheço um pouco dos bastidores e fofocas de Elis & Tom.

    Tem a célebre frase de Tom alfinetando Cesar ao dizer que piano elétrico era igual tomar banho de chuveiro elétrico. Mas Tom já havia usado um Fender Rhodes em velhos discos gravados nos States. Tom estava irônico e desconfiado ao ver Elis chegar com sua banda e seu staf. Ele queria mesmo era ela. Cesar teve que ser firme e foi.

    Tudo era um belo jogo masculino de provocações que resultou em um encontro.

    Ao contrário de Caetano e Teteco, acho Elis & Tom um super-disco. Sou bem insuspeito pra fazer essa declaração, pois nunca tive grandes paixões por Elis.

    Hoje, reescutei muito de que Elis gravou e é inegável a sua grandeza. Bastava o take de Atrás da Porta para justifica-la como uma das maiores cantoras do planeta. O canto emocionado, quase piegas, anti-bossa-nova de Elis é coisa pra poucos.

    A verdade é que Elis & Tom é uma conquista de Andre Midani na comemoração dos 10 anos de carreira de Elis. Ele conseguiu e forçou o encontro que Elis tanto desejava. Aloysio de Oliveira, como um terapeuta, administrou o clima no estúdio. E essa atmosfera tensa só valorizou o resultado.

    O álbum gravado na Califórnia é algo diferente de Tom sozinho e de Elis sozinha. Houve ali um encontro de almas e as tensões entre Tom e Cesar eram amorosas. Estavam brigando por Elis. Mas depois do álbum sair, Brigas Nunca Mais.

    O resultado é que os arranjos de orquestra (Bill Hitckock + Tom) e os arranjos de base (Cesar) fizeram um corpo uno.

    A gravação de Brigas Nunca Mais é belíssima. Elis está enxuta, sem firulas. Em O que Tinha de Ser se emociona de forma contida. E a gravação de Águas de Março (embora a de João no álbum branco seja a minha preferida) se tornou uma espécie de versão oficial nacional.

    Só Tinha de Ser Com Você introduziu uma levada (um groove sincopado com baixo/batera/piano e guitarra grudadinhos) que se tornou popular e está na nova versão de Incompatibilidade de Gênios de Caetano.

    beijo na testa

    salem

  69. César Miranda disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:35 am

    Tem uma música da Carmen Miranda cujo refrão diz “quiriquiri quiri qui” chama-se “Manuelo” (Jack Yellen e Sam E. Fain) está no disco Carmen Miranda On Broadway e é purinho um desses pagodes baianos. Carmen pagodeira avant la lettre…

  70. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:49 am

    Castello:
    “Criticar quem trata a poética do corpo,como atividade mercantilista e lucrativa, transformando-a em cópulas grosseiramente coreografadas,é ser moralista?”

    A última parte da sentença lembra Ruy Barbosa: era o mesmo pânico moral que o levava a condenar o maxixe.
    Da primeira parte, apenas considerações subjetivas - o que não quer dizer que sejam irrelevantes, muito pelo contrário. Mas está distante de uma justificativa mais fundamentada acerca do que é repulsivo nestas danças “grosseiramente coreografadas”. Eu não vejo diferença nenhuma entre as coreografias do axé e do pagode para as que eu vejo em Madonna, em Beyoncè, em Shakira. E mesmo no samba de roda, para quem ama a “tradição”, o buliço, a bolinagem, tá tudo lá: “quando você se requebrar, caia por cima de mim”, já dizia o libidinoso Caymmi. Enfim, eu queria entender o que está por trás do pânico moral de vocês.

    E Glauber capitulou: “prefiro conversar sobre outras coisas”. O que é um direito, inalienável, dele.

  71. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:49 am

    Aê Glaubito

    Óia só o Gil provocando a gente consciente ou inconscientemente:

    “tem mesmo muita muita gente que faz música pela música, tem gente que canta no banheiro”.

    Essa eu acho que foi procê.

    “outros publicam na internet”

    Essa parece que foi pra mim.

    E aí, pra nós dois:

    “ou seja, sopram ao vento… mas levar a música ao mercado são outras palavras.”

    Gil, queridão, pegue um violão, afine, coloque os dedões da mão esquerda sobre algumas cordas do braço e com a direita faça uma levada. Chame a mim e ao Glaubito. Vamos fazer um trio e procurar uma gravadora. Vamos ficar famosos. Vamos comprar um jatinho. Vamos comer todas as meninas. Vamos ter um site dotrio com a agenda de shows nas Festas de Peão. Vamos gravar o Arquivo Confidencial do Faustão e fazer o Glaubito chorar com alguém lembrando das frases da vó dele. Vamos convidar a Ana Carolina pra fazer uma faixa no disco. Vamos comprar uns carrões e sair bêbados das boates passando nos sinais vermelhos. Vamos gravar o Reveillon da Globo. Vamos responder às perguntas dos garotos no Altas Horas. Vamos nos casar com uma atriz global. Vamos convidar o Padre Marcelo pra entregar o disco de ouro. Vamos coroar esse mercado maravilhoso do disco que está em franca ascensão. Vamos botar metais, backing e um DJ na banda e pagar uma tabela da OMB pra eles. Vamos esnobar os amigos que não fizeram sucesso. Vamos usar playback se o cachê for baixo e recuperar a grana nas eleições apoiando algum candidato. Que tal?

    beijo na testa

    salem

  72. César Lacerda disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:23 am

    ih… O Gil não para de viajar; fala aí Glauber!…
    Deixe o mundo girar, Gil. Senão você rodopia…

    ——————————————————————————————-

    Salem,

    Eu penso que o conceito plástico de colagem, numa concepção mais ampla e mais vanguardista, e a relação textural proposta desde os impressionistas franceses e do pós-romantismo alemão que viria desembocar, sobretudo, na obra de Webern, foram ideias muito bem-vindas na música popular do século XX.
    Esta manifestação musical (pop), sobretudo a partir da década de 60, sofre influências fortíssimas da música ‘experimental’ –erudita- européia. Inclusive, a relação etno-musical dos Beatles com o oriente e depois de todo o rock-progressivo europeu com o mundo Celta e etc; tem profundas raízes na pesquisa musical de Bártok, Debussy, Ravel e Stravinsky.

    —————————————————————————————–

    Caetano,

    Acho que o Tom, mais do que deixando os sambinhas de lado e se aproximando do universo sinfônico de Villa, deixava as ‘praias’ e o Antonio’s do Rio e caminhava pra lugares da música brasileira menos ‘cariocas’. A Suíte Mateira e o Urubu (e o Stone Flower), no sentido trovadoresco, são discos Sertanejos.

  73. Nando disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:25 am

    Entre o Tom sinfônico e o cancionista, há também o jazzista: o pouco lembrado (e absurdamente genial) “Stone Flower” é frequentemente citado entre os grandes albuns de jazz de todos os tempos pela crítica especializada.

    *

    [Na celebração musical baiana há mais felicidade do que tragédia grega. Pouca catarse e muita chuva, suor e cerveja (diferente de sexo, drogas e rock and roll)].

    Salem, na celebração musical baiana há também sexo e drogas - além de violência. Há tempos que chuva, suor e cerveja ficaram para trás. Perdi um colega de ginásio em 1985 no carnaval de Salvador, morto a facadas por questionar o fato de sua namorada ter sido bolinada. Uma colega de trabalho, dez anos depois, quase teve fim idêntico. Não é coisa para crianças. Muita gente acha que o que se vê na tv é o que ocorre no asfalto. Obviamente que nada disso está restrito nem a Salvador nem a eventos ligados à música baiana.

    A alegria de Salvador se parece com aqueles quadros que vendem no Pelourinho, de arte näif, com aquelas casinhas coloridas - é incrível que um lugar que tenha sido palco de tanto sofrimento possa transmitir cores tão vivas.

    Nenhuma alegria que ignore o sofrimento pode ser autêntica - exceto a das crianças. Quando a dor for compreendida e transcendida, terá sido dado um passo adiante. Batatinha era mestre nisso e aprendi com Bethania que “o Batata fazia músicas de carnaval, mas todas tristíssimas”. Até lá, fica um clima meio Bozo, meio autista. Talvez por isso o blues esteja sempre presente na cidade; e sem dúvida alguns blocos afros sabem bem o que significa extrair beleza e alegria da dor.

    Os baianos, ao contrário dos mineiros, ouviram pouco Beatles. Lennon cantava coisas tristes ou mesmo desesperadas e o povo todo dançava: “This happened once before/I came to your door/No reply” ou “Help!/I need somebody/help!”

  74. Luiz Castello disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 12:45 pm

    1.Glauberóvsky,
    Você sabia que o Waldir Azevedo – músico virtuose,que inventou o cavaquinho,como instrumento solista – gravou “pedacinhos de céu”,no banheiro do stúdio,aproveitando a reverberação,que na época ele não tinha disponível,nem em caixinhas ?
    Ta registrado na gravação original.

    2.Tom queria ser Villa-Lobos.Villa-Lobos queria ser seresteiro.
    É o inconformismo dos gênios…

    3.Wesley,
    Pet Sounds foi um disco tão incrível para a época,que Paul McCartney declarou na antologia,que foi influenciado por ele na elaboração do Sgt.Pepper.
    Coisa do tipo,reunir os outros 3 Beatles e dizer “depois desse disco dos Beachs,a gente vai ter que inventar um troço diferente”.

    4.Salem Maifrém,
    Eu soube que,Walter Smetak,inventava instrumentos para tocar especificamente,música do tipo microtonal.
    Quando li,sua sua bela exposição,sobre música pré-moderna,sistema tonal e outras mumunhas,fiquei imaginando vocês dois conversando,e eu quietinho ouvindo e aprendendo tudo.
    Como se eu fosse um broto de bambu,absorvendo as águas da chuva.

    Castello zen.

  75. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:18 pm

    salem,
    seu comentário tá correto, claro. conheço a definição da palavra catarse, sua origem grega e aristóteles. mas me permita dizer que há catarse sim, na música de rádio da bahia. há expurgo porque há tragédia [social]. não é aparente num show, mas está ali, sacodindo junto com a poeira.

    principalmente no carnaval que é onde anjos e demônios se chocam. é a festa da carne, num país católico, numa cidade que cultiva o sincretismo religioso, onde o número de evangélicos cresce a cada ano, injustiça social…boooom! aí desce o chicletão…catarse.

    mas cê sacou que meu comentário foi um lance pessoal. é a forma em que a catarse se manifesta por aqui, que não é a minha. minha onda é mais o tipo de catarse que se dá através do pet sounds, dos beach boys. ou das canções de caetano. ou de “lígia” com jobim.

    chega um ponto em que a conversa emperra. porque é gosto mesmo. uns gostam, outros não. tem coisa indiscutivelmente boa que não gosto. há que se respeitar, mesmo não compreendendo muito bem, o gosto de cada um. os “porques” de cada um. as relações afetivas de cada um.
    por isso agradeço a caetano por citar o pagode baiano e elogiá-lo e colocá-lo no título do post, porque isso nos dá a oportunidade de fazer-lhe o contraponto, se for o caso.

    um exemplo curioso:
    eu sou fã do “dalto”. lembra dele? o cara que compôs “pessoa”, “muito estranho”, “leão ferido” [aquela que o "biafra" gravou] dentre outros megahits. acho o cara um puta compositor, um dos maiores cantores da música pop brasileira. já gosto dele a priori, devido à influência da música dos beatles na música dele e na minha. é um elo forte [o lulu santos também tá nessa]. quando criança, nos 80s, via dalto no chacrinha e pedia pra todo mundo na sala fazer silêncio. ficava na frente da tv ouvindo a voz daquele cara, achava o máximo. isso não é comum no circuito cult de rock. alguns ririam, até. eu não ligo.

    se alguém se interessar, recomendo o disco “guru”, acústico gravado em 94, mais bem cuidado que os álbums dos anos 80.

    sempre muito bom conversar com vocês todos. só mesmo aqui neste blog TRANS-lúcido…abraço, irmão.

  76. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:29 pm

    Gosto do pagode baiano. Não me arrepia nada, mas goto da farra. Os músicos são excelentes, o som é bom e a sacanagem é de primeira. Acho duvidoso esse argumento de que a sexualidade despertada nas crianças por essas músicas é uma tragédia social, que desqualifica a música. Os pais têm mais interferência na educação sexual dos filhos que o pagode baiano. As crianças mal-criadas não são fruto do pagode baiano. Vi minha irmã mais jovem se acabar de dançar desde criança nos pagodes e caranavais ao som do axé. Isso não afetou sua “carreira sexual”. Agora que a dança é exagerada é. As danças sexuais do oriente tem uma história, um sentido e um objetivo tão diferente da dança festiva dos pagodes baianos que, na minha opinião, não cabe a comparação.

    Entendo os argumentos do Glauber, principalmente por ele ser músico, sobre a indústria musical movimentada por esses grupos. Mas acho que os músicos dos pagodes fazem música por paixão também, paixão e sacanagem. E, na verdade, acho é muito interessante que se tenha formado uma indústria disso. Pode ser miopia minha, se quiserem pensar assim, mas vejo renovação nos pagodes baianos.

  77. paloma, meio sem rumo disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 1:45 pm

    caro salem: ‘norma’, culta, é a de bellini; a outra é só ‘enorme’.

    caro glauber: pagode, axé, funk, e esses outros nomes citados aqui, pra mim é tudo quarup.

    caro rafael, seu video-bomba caseiro detonou minha edificante pretensão de gerar uma espécie de workshop online de criação musical coletiva, tendo como motivação a letra, até então sem música, da “menina da ria”. magoou.

    de qq forma, percebi na gravação publicada no youtube que o problema não está na qualidade do som, mas da platéia.

    bj paloma

  78. Luiz Carias disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 2:15 pm

    Poxa que está havendo que não consigo mais postar aqui???
    O site fica sempre instável quando entro..fica carregando a página e não dá chance de ver os posts nem de escrever, por favor arrumem isso logo!!!

  79. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 2:39 pm

    um lance interessante sobre os cramps. acho que caetano, hermano e salem vão curtir:

    the cramps ["os câimbras". câimbra aí é uma gíria para ereção] são um grupo sui generis no cenário rocker. surgiram junto com dead kennedys e ramones no clube CBGB’s em nova york em meados dos 70s. você pode se divertir a valer com eles e/ou estudá-los. na letra de “garbageman” ["lixeiro". lixeiro aí é o cara que lida com lixo no seu trabalho, a música] eles auto-referenciam seu som e sua filosofia. é complicado traduzir, mas vou tentar uma tradução livre:

    GARBAGEMAN [CRAMPS]

    you ain’t no punk, you punk
    you wanna talk about the real junk?
    if i ever slip, i’ll be banned
    ’cause i’m your garbageman

    well you can’t dig me, you can’t dig nothin’
    do you want the real thing or are you just talkin’?
    do you understand?
    i’m your garbageman

    yeah, somethin’ from the garage and down the driveway
    now get outta your mind and get outta my way
    now do you understand?
    do you understand??

    louie, louie, louie, lou-i
    the bird’s the word and do you know why?
    you gotta beat it with a stick
    you gotta beat it ’til it’s thick
    you gotta live until you’re dead
    you gotta rock ’til you see red
    now do you understand?
    do you understand??
    i’m a garbageman

    yeah it’s just what you need when you’re down in the dumps
    one half hillbilly and one half punk
    big long legs and one big mouth
    the hottest thing from the north to come out of the south
    do you understand?
    do you understand??

    woo, i can’t lose with the stuff i use
    and you don’t choose no substitutes
    so stick out your can
    ’cause i’m your garbageman

    now do you understand?
    do you understand??
    do you understand???
    all right, hop off.

    LIXEIRO [CRAMPS] - TRADUÇÃO MEIA-BOCA, haha

    cê não é punk, seu vagabundo
    cê quer falar do bagulho de verdade?
    se eu vacilar, tô ferrado
    porque eu sou o lixeiro

    cê não me saca, cê não saca nada
    cê quer a coisa real ou só tá de bla bla blá?
    você compreende?
    eu sou o lixeiro

    um lance de garagem descendo pela estrada
    agora pire aí e sai do meu caminho
    você compreende?
    você compreende??

    louie, louie, louie, lou-i
    a palavra é “bird” e cê sabe por que?

    –[aqui duas referências a clássicos do rock de garagem: "loiue, louie" e "surfin' bird"]–

    cê tem que cutucar
    cê tem que cutucar até ficar idiota
    cê tem que viver até morrer
    cê tem que “rockar” até ficar vermelho
    agora você compreende?
    você compreende??
    eu sou o lixeiro

    isso é tudo que cê precisa quando tá na merda
    metade caipira e metade punk
    pernas longas e uma boca suja
    a coisa mais foda do norte saída do sul
    você compreende?
    você compreende??

    woo, não dá pra se dar mal com esse troço
    e você, não escolha nenhum substituto
    me dá a lata de lixo
    eu sou o lixeiro

    você compreende?
    você compreende??
    você compreende???
    tá legal, se manda

    …………………..

    o video de garbageman, caso alguém queira ver para entender melhor o universo d’os câimbras/ereções:

    http://br.youtube.com/watch?v=rVLpaiH2hbQ&feature=related

    esta canção está no primeiro álbum dos cramps, “songs the lord taught us” ["canções que deus nos ensinou"]

  80. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 2:40 pm

    Bons argumentos de Nando e Glauber à respeito de tragédia e catarse no carnaval da Bahia. Faz todo sentido.

    beijos nas testas

    salem

  81. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 2:55 pm

    salem,
    você é PHoda, velho. eu te i love you, cara.
    …………..
    paloma,
    “quarup”. hahaha. cê é terrível, palomina.
    ………….
    os últimos comments tão sensacionais, moçada inspirada…

  82. Nando disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 2:57 pm

    [Acho duvidoso esse argumento de que a sexualidade despertada nas crianças por essas músicas é uma tragédia social, que desqualifica a música. Os pais têm mais interferência na educação sexual dos filhos que o pagode baiano]

    Ninguém usou esse argumento, Ricardo. Não nesses termos. Leia direito. O que eu disse foi o seguinte:

    “Verdade que ME incomoda ver tantas crianças rebolando e despertando precocemente uma sexualidade que deveria ainda estar dormindo, mas é cisma MINHA”.

    Abraço,

  83. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 3:41 pm

    alemão,
    tenho o dvd “elis - na batucada da vida”. sen-sa-cio-nal. as bandas comandadas por césar camargo mariano são o suprassumo da coisa toda, rapaz…arranjos incríveis, ela recita um poema extraordinário de augusto frederico schmidt e nos extras, um depoimento incrível de joão marcelo bôscoli.

  84. Flávio Mendes disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 4:16 pm

    Salem,

    tem também o telefonema da Elis pro Menescal depois do primeiro dia de gravação, em que ela começou dizendo que estava tudo horrível, que o Tom isso, que o Aloysio aquilo, que tudo tinha ficado uma porcaria… e ele perguntou: mas não tem nada legal? aí ela começou a dizer que uma faixa tinha ficado legal, outra também, enfim, terminou o telefonema dizendo que estava tudo ficando maravilhoso, que o Tom era sensacional, que ela estava adorando o disco. Coisas de artista.

    Nando,

    pertinente lembrança do Stone Flower (incluo o Tide nessa), que foram os discos citados pelo Salem em que o Tom tocou Fender Rhodes. (o Marcos Valle tocou Fender Rhodes pela primeira vez na trilha de Vila Sésamo, gravada em 2 canais, quem se lembra?). Mas acho que o Tom não se considerava um jazzista, e acho também que o disco está na lista de ‘jazz” porque cabe muita coisa nesse balaio. Tom nunca foi um improvisador, fazia belíssimos solos escritos, e um deles em Wave ficou tão bom que virou outra música, Tide.

    Abs

  85. Ricardo de Alcântara disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 4:52 pm

    Grande Nando,
    bom ve-lo aqui novamente.

    Eu li com bastante atenção o que você disse. Eu não me referi a essa frase específica que você destacou, mas a toda uma visão que existe da dança da música baiana de carnaval que eu achei (e posso ter errado) que estava dentro de coisas que você e Castello disseram, como esse trecho teu ao Luedy:

    “Porque põe em risco a vida secreta da sexualidade das crianças”.

    “Isto é coisa muito séria; a não ser que você considere estudos que tratam de distúrbios emocionais e/ou psicológicos decorrentes de precocidade/imaturidade sexual como algo meramente fundamentado em “moralismo”.”

    Você foi claro e, como o Glauber, expôs que a visão é sua, é particular, é embasada em conceitos que você considera importantes, e por isso, eu considero importante também e respeito.

    Sobre a música em si, é questão de gosto mesmo. O Glauber já avisou: a discussão emperra quando entra nesse aspecto.

    Alguns rocks não me entusiasmam, como é o caso de The Cramps. É questão de gosto. No meu caso, não consigo não me divertir quando ouço o pagode baiano, o axé e essa coisa toda. Houve um tempo em que eu torcia o nariz. Eu descobrira Chico, Caetano, Led Zeppelin, Tom Jobim, Lou Reed, Leonard Cohen, Bob Dylan, Toquinho, Vinícius, Bob Marley, Chet Baker, Coltrane e muitos outros e achava o axé muito distante e abaixo disso tudo.

    Hoje as coisas se acomodaram. Gosto sem precisar pensar para gostar, naturalmente, desperta no corpo um prazer (que é diferente do arrepio no braço mesmo). No meu caso era implicância e passou.

    Abração,
    Ricardo.

  86. Cristina disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 5:04 pm

    Não podemos tirar a liberdade do outro e ao mesmo tempo com a nossa liberdade não podemos incomodar os outros. O problema não é o pagode, o problema é quem ouve o pagode muito alto. Não sei o que é pior, pagode baiano ou carioca, música sertaneja ou a batida eletrônica. Eu quero a liberdade do silêncio!
    Se quero a liberdade de poder estar em silêncio, afasto-me da multidão, mas ela me invade, de vez em quando, com estas músicas horrorosas.
    Quando eu era adolescente o meu ídolo era o Vinícius de Moraes. Eu me lembro de ter ido a um show do Caetano em Salvador bastante intimista, era ele e o violão, não me lembro se havia algum outro acompanhamento, talvez em 1973. Agora aos 50 anos fico pensando como é que o Vinícius fazia tanto sucesso com as adolescentes, seu show era intimista com acompanhamento, tinha o Toquinho, a Clara Nunes, ele sentava em frente a uma mesa,sempre com o copo de uísque, cantava e conversava com o público. Não sei se Vinícius existiria como popstar hoje em dia, ele era daquele tempo. Hoje é tudo muito careta e mega profissional, não há espontaneidade, mesmo a Amy Winehouse, ela é consumida pela indústria cultural. Com a democratização da internet, pode ser que surjam artistas não tão voltados para o mercado de consumo de massa, mais intimistas.

  87. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 5:58 pm

    Oi, Caetano e pessoal.

    Eu não posso falar enquanto linguista, sou apenas um professor de português eventual,tenho aplicado as sugestões deles em aulas e palestras e elas mostram resultado. São científicas. A gramática é tradição. Na língua nada é por acaso. O sucesso não acontece por acaso (tem a cumplicidade de uma mídia conservadora e tradicional). Li um texto de Evanildo Bechara sobre o acordo que me decepcionou muito: é um português rebuscado, barroco, inadequado para um artigo jornalístico que deveria ser claro e didático. Ficamos com a lábia de Vieira, mesmo…

    Sobre a demagogia, populismo, coisa e tal. É preciso sempre analisar quem é que usa essas palavras e em que sentido.

    A teoria da dependência e do populismo são anfibológicas.

    Bagno fala no prefácio de Preconceito Linguístico que o livro possui opção política clara e assumida. Radicalizar contra ela seria cantar somente: “deixe-me cantar para seu corpo ficar Odara…” ou: “eu que sou vou amar-te, por toda minha vida eu sei que te vou amar…”

  88. Alemão disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 6:50 pm

    Teteco,

    Da série porque invejo argentinos:

    http://www.youtube.com/watch?v=n3FBLV6GYwU&feature=related

    Talvez não seja a melhor versão disponível, mas é a que tá face a face com o mito.

    Salem,

    E por falar em Elis contida, você tem o MPB Especial que a Trama lançou em DVD?

    Acho que é disso que estamos falando:
    http://www.youtube.com/watch?v=02VJ-Y1IXzI

    Abraço!

  89. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 7:06 pm

    pessoal,
    isso já me aconteceu com alguma frequência. corro os principais canais de tv aberta [band, globo, record, sbt] às 19, 20, 21h e o que eu vejo: novela, programa evangélico, programa de auditório sensacionalista, telejornais suspeitíssimos.
    daí eu penso “vou por na tv cultura e ver o que róla por lá”. e na tv cultura tá passando tipo “a vida sexual dos coalas albinos do norte da nova zelândia”!
    pô, passa “a vida sexual dos coalas albinos do norte da nova zelândia” meia-noite, uma da manhã. e no horário em que o povão pode ver, porque está acordado, passa os programas de entrevista, documentários sobre a história do brasil, filmes brasileiros…algo assim, útil.
    esse negócio não entra em minha cabeça, saca? parece excludente. alguém me explica isso, please!

  90. Flavio Alves disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 7:20 pm

    A “popularidade” dos gramáticos tem motivações pragmáticas. Não se passa num concurso, numa entrevista de emprego e etc., cometendo erros, ainda mais se forem grosseiros, de português.

  91. Réa Silvia disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 7:26 pm

    Tom Jobim Caetano Veloso e Roberto Carlos.
    Porque esta insensatez de não dizer nada?
    Essa interação mística de dois titãs olhando duas estrelas e as fazendo transparecer com o brilho divino..Mistura de céu e terra.Tom e Vinícios também se deleitam juntos neste momento transcendente e único .
    Tom
    Vinícios
    Roberto Carlos
    Caetano Veloso
    Aqui dois e dois são Quatro.
    Pra que tanto céu,pra que tanto mar !Quanta luz quanta paz e quanta beleza que existe!

    Toca fundo no coração da gente e mais e mais sentimos o quão distante/perto estamos e esta ambiguidade me faz chorar e digo que esperei muito por este show que foi além de minha expectativa.Re encontrei Caetano e senti tanta ternura neste ser mitológico tão transgressor e tão coerente!

    O dvd está agora para todos.
    .
    E Caetano tem algo a dizer ainda ou quer outras palavras?
    Queria muito saber a opinião da deusa Bethânea.

    Mestre Salem como viu Roberto interpretando Lígia?
    Vellame por que será que “Se Todos fossem iguais a você “ficou de fora?Na época tinha no You Tube um muito lindo (não está mais,acho que o “rei” censurou…uma pena)mas restou um sim.Lindo!

    Zii e Zie
    O esboço do desenho está aí.Estou ouvindo sempre.Algumas gosto mais,outras nem tanto,ainda.Um certo Miguel com seu único comment,visto por mim, disse:”Adoro Sem Cais e todas.”Passou pela minha cabeça que pudesse ser o José Miguel Wisnik,pessoa linda que conheci em uma palestra sobre Machado de Assis,e a quem me dirigi depois durante um coquetel para falar mais de Machado.Pessoa linda!Eu não sabia que era famoso e na sua doçura e simplicidade conversou comigo tranquilamente e falou entre outras coisas de sua paixão pela música.Fiquei intrigada e o achei ótimo.Mais tarde,lendo verdade tropical deparo com este mesmo nome citado por Caetano,logo no início.Então entendi quem era a pessoa que tinha encontrado.O mundo não é chato!
    Zii e Zie
    Sem Cais (linda)

    Pessoal que aprendi a gostar,são tantos,Miriam, Teteco. Glauber. Ezequiela,Hermano,Nando Gil,Maria,Nelson,Castello,Luédy,Joana,Carolina,Joaldo,Márcio,Vellame,Labi, Cláudia, Lucesar.,Rosana,Joaldo ,Suely, Roberto ,Marília e muitos que de cabeça não lembro.

    Obra em progresso educa faz bem à saúde.Não precisamos de antidepressivos.É catarse!

    Não me esqueci dos grandes mestre Salem e a musa Heloísa!
    Beijos Réa Silvia

    Beijos em todos

    Não me esqueci dos grandes é claro mestre Salem e a musa Heloisa!

    Rafael ,obrigado!

  92. Luiz Carias disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 8:13 pm

    Me envolvendo em desastres tecnológicos como sites, blogs e fóruns em qual opinamos, discutimos, brigamos e colocamos nossa idéias, este é o mais completo e complexo de todos.
    Tratamos de um determinado assunto e temos respostas inovadoras e de uma forma arrojada, tocam sobre assuntos ao qual jamais imaginaria, como canções e filmes de Felini, etc.
    Cinema, música e língua italiana me encantam de4 tal modo, que não sei explicar, embora seja descendente de italianos, mais desde pequeno esta língua me fascina de tal jeito que amo este dialeto e canções em italiano.
    Amo a língua portuguesa por sua riqueza e complexidade, e por ser uma das línguas mais difíceis do mundo, amo o meu país.

  93. Luiz Carias disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 8:18 pm

    Cortei meu pensamento último pela metade, pois não consigo ficar 1 minuto nesta página sem que ela fique se atualizando.com isso fica difícil e´por as ideias que habitam minha cabeca maluca…

  94. Duda Almeida disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 8:53 pm

    Estava pensando em escrever neste blog sobre a viabilidade de Caetano lançar um CD com músicas do Roberto Carlos, com o melhor da Jovem Guarda e com um arranjo próprio, dai, navegando entrei em um site que me interessou pois falava de Rock e Tropicalia. Achei o texto superbacana, muito bem redigido e que tras coisas muito interessantes, como :
    “Você está por fora, Caetano. Veja o programa do Roberto Carlos. Ele é que é forte. O resto está ficando um negócio chato, tão chato que prefiro cantar músicas antigas. Largue esse violão e cante com uma guitarra. O violão é muito pouco para você! Escolha um instrumento que tenha o mesmo grito, que tenha o seu gesto. De Maria Bethânia para seu irmão Caetano Veloso… Ano de 1967.”

    O texto LUNIK 9 foi escrito por Durval Mazzei Nogueira Filho, em 15/12/2003. Quem não leu, vale à pena ler no seguinte link:

    http://www.omelete.com.br/conteudo_colunas.aspx?id=100001726&secao=colunas

    Vejam só um trecho de um artigo articulado, inteligente e que diz muito:
    Você sabe por que está aqui, não é? Vocês estavam pisando em um terreno perigoso. Incitar a juventude, num momento tão difícil para o país, com esses guerrilheiros por aí, é uma coisa muito perigosa. Vocês não imaginam o que estavam promovendo. De um oficial da Inteligência Militar para Gilberto Gil. Gil encontrava-se preso pela ditadura militar no quartel da Polícia do Exército, na Tijuca, Rio de Janeiro. Sua prisão e a de Caetano Veloso teve lances similares a passagens d’O processo e d’O castelo de Kafka. Prisão sem acusação formal, prisão sem envolvimento dos presos com a revolução socialista. E ninguém entendeu nada. Nem a esquerda musical nem os militares… Ano de 1968.
    O militar discorreu sobre a rebeldia da juventude naquela época e como a música pop e o rock poderiam funcionar como elementos desagregadores dos valores tradicionais da família. Uma força que, no Brasil, estaria sendo usada pela esquerda para destruir a estabilidade social e política… junto a Freud e a Marcuse. De outro militar a Caetano Veloso preso. De fato, nada entendeu nada… Ano de 1968.”

    Mas eu adorei o que a irmã de Caetano disse pra ele e era exatamente isso que eu gostaria de dizer a ele que é chegada a hora dele sacudir o povo, inovar, botar pra quebrar. Muita gente pode reagir, mas chegou a hora dele pegar uma guitarra, com um repertório de músicas dele, ou não, mas que sejam músicas que agitem. Algo como um concerto de Rock. Paralelo a isso imaginei ele gravando um CD com músicas românticas de Roberto Carlos, dos tempos da Jovem Guarda. Bem, é hora dele re-ouvir sua irmã MARIA, simplesmente MARIA. É só… Fui !

  95. Heloisa disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:04 pm

    Glauber, é mesmo, o Dalto! Um dia desses ouvi umas músicas dele com minha irmã, daí me perguntei por que eu o achava brega. Ela, mais esperta do que eu, sabe das coisas. Não é que eu gostei?
    Sua tradução não tem nada de meia-boca. Quer trabalhar comigo? Tenho que traduzir para o inglês um livro sobre irrigação na agricultura. hehe…

    Lúcio Jr, o que você disse sobre Bagno é o que as pessoas insistem em não ver. Pelo menos Caetano já parece vislumbrar alguma coisa na neblina.

    Nando, você é baiano e mora em BH, é isso? Você está certíssimo sobre os mineiros e os Beatles.
    ‘The girl that’s driving me mad/Is going away’; ‘Here I stand with head in hand / Turn my face to the wall’;'Please don’t wake me, no/ Don’t shake me, leave me where I am’: Lennon sofria e a gente dançava.

    A inspiração anda solta aqui. E eu fico como o grande Castello:

    ‘Como se eu fosse um broto de bambu, absorvendo as águas da chuva.’

  96. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:23 pm

    Nando,

    “letras de rimas miseráveis” - e isso é lá critério de julgamento estético? Se for, coloquem por favor Sex Machine de James Brown, coloquem o tutti frutti de Little Richard e tanas outras coisas mais que muitos de nós adoramos.

    Eu espero não estar debatendo com idiotas. Por isso mesmo, espero argumentos menos inflamados e mais bem fundamentados.

    Prince é tão sacana e fala tanto de sexo quanto o É o Tchan - não vejo problema nenhum nisso. Adoro os dois. Só não entendo porque Prince pode e o pagode baiano não.

    Quanto às crianças, concordo contigo: isso é muito sério. Precisamos de estudos que nos apresentem dados acerca dos sérios distúrbios psicológicos provocados nas crinaças pelo pagode baiano. Mas quais são mesmo os estudos nos quais você se baseia?

    Não entendi a parte que fala que a justificativa de tudo isso - isso o quê? - residiria em sua prisão. Ele ficou revoltado por causa da prisão e passou a gostar do psirico? Ele é um atormentado que não dorme direito e por isso gosta desses gêneros “desprezíveis”. Esta última parte de seu comment eu realmente não consigo entender.

  97. Alemão disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:39 pm

    É isso aí, Glauber.

    Na batucada da vida é demais.

    O acompanhamento da banda neste MPB Especial também está incrível.

    Eu pago o maior pau pro Fernando Faro, com a sua direção e as perguntas sem som no MPB Especial e no Ensaio.

    Nuvens negras carregadas sobre o céu de Santo Amaro, o bairro aqui de Sampa.

    Beijos nas frestas.

  98. Fernando Salem disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:43 pm

    Oi Duda

    Arnaldo Antunes está mixando um disco de iê-iê-iê. Tem inéditas. Também acho que a Jovem Guarda deixou um rastro. Na minha modesta opinião o melhor dele está nas letras de Roger Moreira do Ultraje.

    Caetano faria um bonito discos com canções da Jovem Guarda. Mas ele hoje é um super-trans-jovem-guarda. “Odeio Você” e “que tudo mais vá pro inferno”.

    É muito corajoso que Caetano continue a jorrar canções inéditas e tão diferentes.

    Quando ganhei o Stone Flower do Jobim, meus amigos adolescentes se entusiasmaram dizendo que Tom fumava um baseado na capa.

    Tom bebia whiskie e não acho que Stone Flower era exatamente um disco de jazz. Mas era assim que os americanos o entendiam e foi assim que Jobim ficou com cara de standart.

    As caixas com aro, o baixo de Ron Carter, as texturas das cordas de Claus Orgemann, o pandeiro meio latino, tudo aquilo contribuia como uma tecla SAP pros gringos escutarem a música de Jobim.

    Não há mal nenhum em dizer que aquilo era jazz. Mas não era. Era a música do Brasil vestindo black-tie pra entrar na festa. E entrou.

    Glauber. Que bacana The Cramps. “viver até morrer”. rockar até ficar vermelho”. Isso é pura catarse.

    O que Nando me disse sobre festa e violência. Celebração e miséria. Tudo issp me fez pensar de modo diferente sobre a catarse no carnaval. E a clássica deprê da quarta-feira de cinzas da canção de Carlos Lyra.

    Dá até pra pensar que o carnaval não é a causa de tanta confusão e brutalidade. Talvez sem ele teríamos um surto de violência muito mais intenso.

    Lá vem o Homem-Bomba!

    Viva Caetano, Mautner, as lourinhas e as morenas desse Brasil faceiro.

    beijo na testa

    salem

  99. Alemão disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 9:58 pm

    Enquanto modera me acorrégio: “sobre Santo Amaro, o bairro…”

    E por falar em acorrégio, vai aqui minha singela homenagem a Luedy, o “romântico da língua”, a quem tenho grande admiração e respeito por suas opiniões:

    Não tenho nada com isso nem vem falar
    Eu não consigo entender sua lógica
    Minha palavra cantada pode espantar
    E a seus ouvidos parecer exótica

    Mas acontece que eu não posso me deixar
    Levar por um papo que já não deu
    Acho que nada restou pra guardar
    Do muito ou pouco que houve entre você e eu

    Nenhuma força virá me fazer calar
    Faço no tempo soar minha sílaba
    Canto somente o que pede pra se cantar
    Sou o que soa eu não douro a pílula

    Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
    Com todo o mundo podendo brilhar no cântico
    Canto somente o que não pode mais se calar
    Noutras palavras sou muito romântico

    Abraço!

  100. Gabriel (de Salvador) disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:06 pm

    Nando,

    Prazer em conhece-lo no mundo virtual. São muitos os comentários e fui esbarrar logo no seu comentário de n. 73 em função da lentidão de carregamento da página do blog, não sei se por uma deficiência em meu micro, ou por outro motivo qualquer.

    Fico fora de Tom e mergulho na catarse carnavalesca soteropolitana. Parece que você contesta
    o eloqüente Salem e fez uma “advertência” muito boa aos incautos sobre o outro lado, do lado,
    do outro lado do lado de lá, que é o lado da violência. Uma violência que tende a aumentar, com
    “direito” a arrastão e tudo mais. A PM baiana, tem se revelado eficiente, trabalha bastante e consegue prender muitos baderneiros, arruaceiros e muitos brigões. O carnaval tem toda sorte de covardia, também. Tem agressões gratuitas e totalmente injustificaveis. Tais agressões, muitas vezes, acontece mediante ações de grupos destituidos de razão.

    Tem gangs que cercam um turista displicente pra levar o que ele(a) tem de bom.

    Tem muitas drogas, sim. tem muita gente cheirando tudo, dentro, ou fora dos blocos e dos camarotes luxuosos. Faz anos que não vejo ninguém com um RODOURO argentina, dourada e cheirosa. Curiosamente anunciada nas páginas do “mercado livre pelo valor de 250,00 reais. Talvez por ser “cheirosa” ela tenha sido posta para escanteio. Já a maconha todo mundo sente o cheiro, mas é uma droga das mais leves e das mais discriminadas. Quem é apanhado fumando “unzinho”, dança, ou sofre humilhação.
    Com relação ao Pelourinho, fica em nossas cabeças a idéia de que alí, em razão da colocação de um pelourinho no largo de mesmo nome. Em 1835, mais ou menos por ai, a sociedade libertadora 7 de setembro, chefiada por José Luiz d´Almeida Couto, este instrumento de suplicio foi tirado dali. Não existe registro histórico algum que revele “padecimentos” mediante açoites ou qualquer tipo de castigo no Largo do Pelô. Cid Teixeira até faz um desafio a quem achar um único registro que demonstre ter ali acontecido no pelourinho. Creio que este instrumento ficava em frente - mais ou menos - da Fundação Casa de Jorge Amado, aonde ainda se pode observar , no chão, a pedra em cantaria destoando das “cabeças de negro” (pedras em tom escuro e por isso assim chamadas. Há quem fale “coração de negro, erradamente). Aquela região pertencia à primeira freguesia da cidade - A SÉ - e era residência de aristocratas. Área residencial de bacanas. Ali, pelo contrario, era habitual os proprietários sairem com seus escravos, muito bem vestidos e portando até jóias, numa demonstração e ostentação do poderio econômico. É aquela coisa bem burguesa de nosso vizinho, ao nos enxergar com um carrão importado, sair e comprar um que seja considerado melhor e mais caro.
    P nosso primei pelourinho foi posto na Pç Municipal (centro administrativo) até que um certo governador, lá pelos idos de 1630 ( +ou - ) , por ter sido castigado em um desses instrumentos de tortura, mandou retira-lo dali e por muitos anos ficamos sem ter um. Depois resolveram coloca-los no Terreiro de Jesus, próximo ao Colégio e Casa Professa dos Jesuítas (aonde fica hoje a antiga Fac. de Medicina). Os jesuítas reclamaram e o instrumento foi deslocado para as proximidades do Mosteiro de São Bento e dai foi levado para o PELÔ, único local em que não se tem registro de qualquer padecimento público. É bom lembrar que desde a revolução dos Alfaiates que as idéias libertarias, incluindo a libertação de escravos, já acontecia e muito antes da chamada inconfidência mineira, TIRADENTES já andava pela nossa soteropolis. Não se prova, mas tudo indica que ele foi iniciado aqui. Há na Igreja da Santa Casa de Misericórdia uma forte evidência da existência de uma loja maçonica em Salvador, por volta de 1730. Está lá, pra quem quiser ver, o DELTA LUMINOSO, o triangulo com o olho que tudo vê e seus raios cintilantes, pintado em painel na parede de estuque que fica ao lado do coro da Igreja mencionada. Alonguei um pouco…

    Quanto a ouvir Beatles eu escuto eles desde que aqui chegou a primeira leva de LP´s, que chegavam muito tempo depois, com o devido atraso. A primeira vez que ouvi os Beatles tocar foi através da vitrola de um antigo vizinho. Conheci uma geração que ouvia muito os quatro cabeludos e que até buscava imita-los. Assisti ao primeiro filme deles no Cine Guarani, hoje UNIBANCO. Foi uma loucura ! Eles provocavam a platéia feminina de um modo que não consigo explicar. Parecia que os caras estavam ali, naquela sala de cinema grande.

    Um histeria, gritos um negócio inesquecível. Não deu pra ouvir eles cantarem por conta
    dos gritos femininos da platéia. As meninas pareciam estar em uma espécie de transe sexual
    e doidas pra comer os caras que apareciam apenas na tela grande do cinema. Parece que só houve agito parecido quando, na mesma casa de cinema,final dos anos 50, foi projetado “AO BALANÇO DAS HORAS” (era com este título que o filme foi divulgado, mas se diz NO Balanço da Horas).

    Caetano deve ter presenciado. Raul Seixas e outras tantas pessoas disseram que o Rock foi parar nas ruas e, cheguei a ver, fotos muito interessantes do que ali se passou por ocasião daquele filme com Bill Halley (desculpe meu inglês horrível). O filme também provocava reações por onde ia sendo exibido.

    É algo que contagiava (Caetano parece que não gostou), mas não sei explicar essas coisas.

    Certa feita, na antiga Feira de Água de Meninos, promoveram um show de Roberto Carlos. O lacal era improvisado e eu estava lá. Gostava de Samba, Bossa Nova, Rock, enfim, de todo tipo de música que agrada meus ouvido e me conforta, me agita, me tranqüiliza… Em dado momento uma garota me agarrava, me apertava, gritava, beijava, enquanto gritava Roberto Carlos!!
    Eu quis tirar proveito da situação, mas não deu, só dava se fosse pro Roberto. Coisa de maluco, mas eu gostei dos amassos dela e das minhas tentativas inúteis de,,, Tirei um certo proveito com a “mão boba”. Coisa juvenil. Deixar pra lá!

    Foi bom você prestar seu depoimento sobre o que é o carnaval saindo daquela idéia que passam que é tudo mil maravilhas. Nos CAMAROTES a coisa deve ser muito melhor, mas na rua, na ida pra casa, nos caminhos fora do circuito, tudo é perigoso, mas não deixa de ser “divino maravilhoso” E estão prometendo mais espaço para o folião pipoca. Já é alguma coisa.

    É isso ai, companheiro, escrevi muito pois a gente manda algo e as coisas somem (rs) !

    Gosto dos seus comentários!

  101. Gabriel (de Salvador) disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:21 pm

    Ah, esqueci,lí um livro de autores baianos que informam que Caetano foi ator de cinema. Esta eu não sabia. Fez papel de Lamartine Babo? Agora esqueci o nome da personagem. Será que o filme ainda pode ser achado em DVD?
    Foi na re-inauguração do Cine Nazaré.

  102. Paulo Osório disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:24 pm

    Definitivamente não gosto desse(s) Pagode(s).
    Quando o Tchan chegou a Portugal, fazendo um sucesso danado, mudava logo de estação de rádio, irritado. Ainda hoje não suporto o Tchan. Nem Kuduro nem Kumole.
    Caetano gosta (e não gosta) de muuuiiita coisa…
    Já em relação a Tom ser “o maior compositor brasileiro de todos os tempos” mantenho o que disse no comentário 421 do post Edith.

    Nando, gostei da sua pequena lição de Pedagogia…E o que diria Freud disso?

  103. Nando disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:30 pm

    Ricardo,

    Para entrar no mérito daquilo que citei teríamos que nos aprofundar em pedagogia - mais especificamente na pedagogia Waldorf, que é na qual me embaso para fazer essas afirmações. Nela o ser humano é cuidado, observado, acompanhado e tratado de acordo com o desenvolvimento dos setênios, de acordo com um modelo quadrimembrado e de acordo com os sistemas metabólico-motor, rítmico-circulatório e neuro-sensorial.

    A criança exposta precocemente a estímulos eróticos desenvolve a imitação de uma atividade que para ela ainda é sem sentido. Esta atividade sem sentido ocupará o espaço que seria de desenvolvimento de outras forças, adequadas à sua idade. Isto pode causar ansiedade, irritabilidade e insegurança.

    A criança que é exposta a imagens de tv ou de computador excessivamente, tende a turvar a fantasia; na pedagogia Waldorf as bonecas e bonecos não possuem expressão facial definida, apenas pontinhos fazendo as vezes de boca e olhos - para que a fantasia da criança imagine as expressões da boneca. Esta fantasia, devidamente preservada, mais na frente será convertida em força de vontade. Crianças que assistem muito a televisão tendem a ser adultos com menor disposição e força de vontade. Quando ujma criança fica boquiaberta vendo tv é um sinal de que ela está toda na tv, é como se ela saísse de si mesma e entrasse na fantasia, numa fantasia que não é dela, numa fantasia pronta.

    A preservação e o cuidado com as crianças é responsabilidade de toda a sociedade, não apenas dos pais; ainda mais quando os pais são ausentes ou despreparados a ponto de permitir às crianças o acesso a coisas para as quais elas ainda não estão preparadas. Como declarar guerra à pedofilia oferecendo estímulos eróticos às crianças?

    É mais ou menos por aí que eu penso.

    Grande abraço,

  104. gil disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:52 pm

    desculpa gente mas eu preciso ser franco, cramps é simplesmente uma merda…po francamente…na boíssima…é uma porcaria…retro por fora, nem punk é, posudo por fora, não tem nada ali, absolutamente nada a não ser o nosso colega que entrou numa e está vendo sei lá o que ali, mas dizer pra gente que aquilo é alguma coisa, francamente, é zero…assim como ele tem o direito de achar aquilo o máximo eu acho aquilo zero…nada de nada…francamente…tudo ali é ruim e não presta, por isso mesmo nunca foi nada em parte alguma, nem lá…lixeiros, poxa, os lixeiros são tão bacanas…

  105. gil disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 10:57 pm

    e cafona…totalmente cafona esse cramps…salém, agora sou que digo, sem amiguismo com cramps por favor, é muito ruim…as vezes a gente quer descobrir alguma coisa no meio do lixo, eu sei bem como é, e a gente procura, procura, e de repente acha que achou…é uma curtição…mas tem que ter critério quando vai apresentar para os amigos…ninguém é trouxa, CRamps é o lixo, não é o lixeiro não…e o punk já era há muito tempo, apesar de que aquilo nem punk é, longe…aquela informação já foi, nem passou…francamente…e soory…me dói o coração mas é preciso…vamos lá…alo alo…oi skindô oi skindô

  106. glauber guimarães disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:00 pm

    olha, deixo claro que não teria nada contra a vida sexual dos coalas albinos do norte da nova zelândia, se eles existissem.

    aah, zizek no “roda viva” da tv cultura, próxima segunda-feira, dia 2 de fevereiro.

  107. gil disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:01 pm

    Dalto foi legal, mas nunca foi um dos maiores cantores…francamente…

  108. gil disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:06 pm

    Milk é o filme e Sean Penn é o máximo. Se há algum antiamericanismo perdido por aí, que veja Milk e vai ver do que os americanos são capazes, como fazem pra mudar a história e adiantar com tudo ( e como são loucos também).

  109. Gilliatt disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:29 pm

    Discos “coletivos” quase sempre me deixam frustrado. Normalmente soam burocráticos, sem vigor, como se a personalidade de cada artista tivesse de ser contida para evitar que um engula o outro. Elis & Tom soa triste, sem vida. Nem é Elis, nem é Tom. Só Águas de Março ficou à altura dos dois. Mesmo problema eu vejo em Gil & Milton. Mas exitem alguns casos em que a mistura dá certo: Tom & Edu é um discaço. Tão bem feito que parece que todas aquelas canções e harmonias são a coisa mais simples do mundo. Tom e Miúcha (o primeiro) é uma delícia. O segundo já não decola. “Gil & Jorge” e “Chico e Bethânia” têm personalidade própria. Doces Bárbaros, com seus altos e baixos, tem momentos antológicos. Agora, pra mim, o único disco que realmente uniu talentos de uma forma absolutamente criativa, inovadora para todos os envolvidos e com resultados excepcionais é o “Brasil”, do João com Gil, Caetano e Bethânia. Esse é o melhor disco do mundo!

  110. gil disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:36 pm

    Salém!!!Salém!!! meu querido Salém…vou lendo de baixo pra cima e só vi seu comentário depois e claro, não poderia deixar passar sem refletir com vc. Eu não quis consciente nem inconscientemente, eu espero, provocar. Eu fui direto ao ponto, tratei de forma clara e transparente a perspectiva de cada um no fazer música. Houve um questionamento sobre a veracidade de alguém fazer música sem pretensões comerciais se referindo ao comentário do nosso Glauber que declarou suas intenções, a meu ver legítimas e verdadeiras. Comentei a seguir, corroborando com o Glauber, que de fato muita gente faz música como se joga uma pelada. Nem todo mundo quer ser jogador profissional…normal. Vc Salém é que pode estar vendo provocação, são as letrinhas, se estivéssemos numa mesa vc entenderia. Mas não deixa de provocar , eu admito…aqui tudo provoca.
    A questão da internet vc já sabe meu ponto de vista e eu não vou deixar de colocá-lo sempre que puder, é como se fosse uma campanha entende, é uma luta que não acaba…a Heloísa quer que eu relaxe…ahahaha…que bonitinho…aquela comidinha mineirinha lembrando policarpo quaresma…que lindinho…mas o bagulho é doido, é um corrupio…eheheh…
    na falta de ideologia a gente pode desqualificar quem as tem, é uma política, eu compreendo…mas o Itunes Brasileiro interessa e é um absurdo que não tenha, nossa exclusão do comércio da música não se justifica a não ser por uma preguiça subserviente de segunda ( olha ela aí de novo) e evidentemente pela disfaçatez de achar que “baixando” temos alguma solução. Não temos Salémzinho do meu coração, não temos. É um desastre colossal e eu preciso que vc compreenda isso de uma vez. Lançar ao vento companheiro, pode ser o que estou fazendo aqui agora…normal…se o que temos é o vento, combateremos no vento caminhando contra o vento…mas a gente tem que combater junto nessa. Tô te esperando…te quero bem Salém…kiss my ass

  111. Heloisa disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:50 pm

    Neyde, falei em Noites do Norte porque tinha acabado de assistir pela primeira vez ao dvd - fiquei emocionada, coisas de fã. Então, vi no youtube o que o Caetano citou, aquela barulheira, som horrível - aí a comparação foi inevitável. Nunca estive no carnaval da Bahia. Só conheço trio elétrico em praias baianas no verão, mas nunca desgostei. Pensando bem, você deve estar certa: talvez em Salvador eu até gostasse. Um abraço.

  112. gil disse:
    Janeiro 30th, 2009 at 11:55 pm

    Heloísa…que nome lindo…eu adoro Cores e Nomes…Heloísa, grande tradutora, sabe de tudo, tem intuição…que lindo…incrível ver na TV o cozinheiro negro do Cabo Verde ensinado sua prática e irradiando sua cozinha e sua mesa…um escândalo…e na língua, a gente tem a mesma língua. Teremos o mesmo paladar? Magnífico…e eu penso em vc Heloísa…obrigado pelo vosso carinho ele diz se despedindo sobre o fundo musical da música do Cabo Verde ( que Gal Costa devia cantar um dia)…lindo demais, e nós queremos aprender a fazer comida com quem? E ai?… a melhor comida do mundo fala a nossa língua Heloísa e ela tem endereço sim. Estamos juntos nessa conexão Heloísa, a gente é relaxado demais Heloísa, como vai ser seu Carnaval Heloísa.

  113. Neyde L. disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 12:45 am

    É a minha primeira vez no blog do Caetano, que já se parece com um clube de amigos (eu costumo ler calada, curtindo, como quem teme entrar na sala e interromper alguma coisa). Bem, mas hoje me deu vontade de entrar na polêmica do pagode baiano, ao sentir a vibração de Caetano e entendê-la perfeitamente…
    Nessa época do ano, o banquete musical de Salvador é mesmo emocionante. Para quem desconhece isso ao vivo, gosta de música e viu algo em programas de televisão, eu posso compreender muito bem a dificuldade de gostar (é mais ou menos como o que eu sentia quando não conseguia gostar de samba enredo, até que fui ao meu primeiro ensaio de escola de samba no Rio de Janeiro e pirei). Alguns ritmos do carnaval de Salvador, necessita-se experimentar in loco…
    Essa onda de samba em Salvador, o mesmo samba que, com a explosão do axé (e tambem do samba reggae) passou um bom tempo existindo mais nas rodas tradicionais (Batatinha, Maestro Vivaldo da Conceição, Ederaldo Gentil, etc) do que no grande carnaval, na última década explodiu pelos cantos da cidade e acontece que, durante o ano inteiro, nas esquinas ou quintais do Vale das Muriçocas, itapoan ou Garcia, os grupos de pagode explodem todos os finais de semana, culminando no sábado de carnaval, que é a grande noite do samba no Campo Grande e na avenida.
    Numa das vezes em que estive em Salvador (sou baiana; moro fora), um amigo me levou na Vasco da Gama, num lugar chamado Bêco da Gal - que eu, aliás, passei algum tempo pensando que era Buraco da Gal - e era um quintal lotado de gente dançando um samba tão vibrante, tão gostoso, tão honesto… Foi uma noite sensacional!
    Aliás, eu tambem falo que não gosto de axé e, realmente, o que eu menos gosto no carnaval da Bahia são os trios eletricos impondo seus decibéis e uma mesma forma histérica de dançar, para o meu gosto, desagradável. Mas que, as vezes, quando os trios tocam certas canções de melodias iluminadas, a coisa é delirante, é. Por exemplo, quando o Chiclete toca “Foi por esse amor/
    seu corpo é tudo que brilha/
    é a única olha no oceano do meu desejo…/
    foi por esse amor/
    tão bela flor de laranjeira/
    seu corpo é tudo que cheira ah ah ah…/”. Ohhh…! Aliás, aproveitando que alguem aí em cima citou “Noites do Norte” justamente para dizer que quem fez coisa tão bela não poderia gostar de Psirico, é justamente no dvd de Noites do Norte que Caetano diz, depois de cantar um axé: ” Há tantas canções lindas no carnaval da Bahia que se fosse para fazer uma antologia, daria uns 5 cds”. Amo isso em Caetano, essa sintonia, esse amor, essa capacidade de se emocionar.
    Beijos para todos e um especial para Caetano!

  114. gil disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 1:07 am

    aquela daniela mercury quando apareceu foi realmente uma coisa e tanto, ninguém parecia melhor aquilo e foi como tinha de ser, um tremendo sucesso por todo lado, pelo mundo todo. Depois parecia que aquilo não ia mais e ela gritava o tempo todo: Brasil!…e cantava e gritava Brasil!…ai foi ficando estranho…e veio um grito pior ainda: Tira o Pé do Chão!…no meio música: Tira o Pé do Chão!…e Alegria!…enfim, cheia de interjeições as músicas viraram outra coisa…não tem nada pior no show do que o baixista ficar lá de trás incentivando o público a se manifestar…ou jogador de futebol querer manifestação da torcida com gestos…ninguém precisa “acordar” a torcida, ela sabe de tudo. Assim como é abominável ver jogador fazendo careta e se lamentando com gestos ao perder uma jogada, Pelé nunca fez isso, de onde vem isso?…a manifestação é no gol! e ela vem naturalmente…todas as grandes cantoras populares que vieram depois de daniela mercury não a superaram musicalmente, ao contrário, trouxeram novos “ingrediente” como a beleza arrazadora de Ivete…mas nada, nada se compara ao que nos trouxeram Bethânia , Simone e Gal Costa, essas sim as grandes e ainda insuperáveis cantoras da Bahia e da sua melhor música.

  115. Tiago Mesquita disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 1:48 am

    Eu acho o samba baiano sempre cheio de novidades. Sem um pingo de caretice tanto nos arranjos como para novas sonoridades. E o Psirico, repito, tem a melhor percussão desse país de percussionistas

  116. Fábia disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 3:02 am

    Eu troco o transpagode baiano (não sei bem o que significa) por “É D’Oxum”. Será que Caetano já gravou? Queria estar em Salvador numa terça só para ouvir essa música no Pelourinho. Me disseram que o autor faz shows gratuitos lá com frequencia. Achei tão bonito, nobre. Essa música exerce uma força estranha sobre meus movimentos..

  117. caetano veloso disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 3:10 am

    Wesley: adorei Rampeira.

    Adoro Dalto.

    Glauber: eu curto o erre retroflexo. Repito que fiz “A Outra Banda da Terra” para exibir meu amor por ele, sem caricatura nem sombra de ironia - my crazy talk with Heloisa notwithstanding.
    Adoro teclaspretas. Mas Berry disse que fazia música pelo dinheiro. Alguém soprou pra Márcio Vítor cantar Caymmi: terá sido o Coronel Parker?

    Salem: há drama em músicas do Chiclete com Banana (…a fila andou), do Olodum, do Negracor (…tum, tum, tum, meu coração, quem mandou se apaixonar?), do Ilê, da Margareth, da Ivete e da Daniela. E há luta social e racial explícita em Fantasmão. Os sambas antigos do carnaval carioca (nacional) eram todos de amores perdidos - e o pessoal dançava. As marchinhas eram mais de humor e sacanagem, mas às vezes (”Lancha nova”, “Ta-hí”, “Mal-me-quer”, “Dama das Camélias”…) faziam chorar na quarta-feira. E o pessoal dançava. Na Bahia, embora já tenhamos superado a fase em que canção brasileira era sempre de amor malsucedido (ao contrário da canção americana, em que o amor successful predomina), há lamentos de toda ordem espalhados pela festa. Nem uma gota menos do que no carnaval dos anos 50 ou no rock’n'roll dos anos 50 (e 60 e 70 e 80 e até hoje). Além, é claro, da tristeza das canções alegres, da própria legria, do carnaval, da necessidade do carnaval; da tristeza do sexo (que tenho tanta dificuldade em reconhecer, mas não sou burro). Glauber pode não gostar de transpagode, mas a razão não é essa.

    E: Salem: acho que Vellame fala da idolatria a João por parte dele mesmo Vellame.

    Heloisa, não sinto antipatia nenhuma pela pessoa de Bagno (nunca vi foto ou ele mesmo, falo da personalidade que entrevi na entrevista): vejo ilusão nos argumentos que ele apresenta. E, claro, não gosto do tom agressivo que assume em relação aos gramáticos. Vou ler o(s) livro(s). Possenti, por sua vez, foi agressivo comigo (”de onde menos se espera daí mesmo é que não vem nada”) e mentiu sobre o que eu tinha escrito. Mas acolhi seu (dele) comment aqui com simpatia. Acho todo esse assunto excitante, importante e, para mim, divertido.

  118. glauber guimarães disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 3:46 am

    salem,
    os cramps são um mix de todos os arquétipos e clichés do rock [no melhor dos sentidos]. catarse kitch total, sem dúvida. são uma lenda. a banda continua tocando, já há mais de 30 anos. e seus líderes, lux interior e poison ivy, são casados desde meados dos 70s. também são fãs dos mutantes e josé mojica, o zé do caixão. dá uma olhada no youtube, cê vai rir muito.
    …………….
    heloisa,
    dá pra traduzir letra de música, algo assim. mas coisas mais complexas e específicas, não me sinto apto não. eu te atrapalharia. beijo procê.
    …………….
    césar miranda,
    “manuelo” com carmem miranda não parece com os pagodes baianos não. parece é carmem miranda mesmo.
    ……………..
    gosto de tudo em jobim. absolutamente tudo. seus discos, suas frases, seu humor, sua birra com o rock, tudo. jobim rocks.

  119. caetano veloso disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 3:49 am

    Ah, Márcio Vítor tocou muito tempo comigo; produzi o primeiro disco de Smetak.

  120. paloma, ex-frenética, pós-absurdete disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:15 am

    rafael, o anjo mau : como em 1975 você nem tinha nascido, ainda não podia elaborar formas de estragar o prazer de ninguém. mas desta época vem a poesia que traduz um pouco da minh’alma ferida. direto do túnel do tempo, a versão ‘tpm’ de ‘incompatibilidade de gênios’:

    “Você me trata como um ser qualquer
    Ah! Não me quer bem! Não me tem amor!
    Não me faz carinho! Não me dá uma flor!

    Você fez de mim uma hipócrita
    Você fez de mim uma cínica
    Você fez de mim uma mulher sem lar, uma marvada!

    Por isso eu sou vingativa, vingativa, vingativa
    Por isso eu sou vingativa,
    tenho até asco de você …”

    mas não esquenta … você não corre nenhum risco : já vinguei minha menina na ligia do tom ! ;-)

    bj paloma

  121. Vero (Uruguay) disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:43 am

    CAETANO MIO E PESSOAL,

    A mi me gusta mucho, mucho el “pagode baiano”, como también el “samba”, en todas sus manisfestaciones. Como será! que esto que les cuento es de verdad, hace unos añitos atrás formé parte de uma GRES(por supuesto que aquí en mi país). Pero, con muchas ganas, algún día…por qué no?! también, sambar! Na passarela do samba Marqués do Sampucaí!!!….logo mais arriba e chegar até na Bahia, até lá não páro…eeehhhh!!!.

    La escola se llamaba “Aquarela”, y yo formaba parte del cuerpo de la “batería”, tocaba “chucalho”, ( melhor lugar que há, no mundo! é desfilar no “bate, bate” do “coraçao” da escola), para mí es el mejor lugar, para desfilar dentro de una escola, aunque lo “importante es desfilar y sentir esa “única” emoción en “cualquiera” de sus alas.

    Yo “amo” la percusión demais!…(cuento el como) que uma noite el director de esa escola, frecuentó el mismo “boliche”(barzinho) donde yo me encontraba con muchos amigos…muito divertido! pá caramba!, y descargaba mis “dépres”, todas as sextas, sábados e algunos días a mais…rs y tocando (o haciendo) con unos amigos músicos, música, (ponía lo mejor de mí para que se pareciera,(no soy “música” mais amo ela e quando se “ama” o que for ….todo é posível)… entao, ese boliche era “especial” porque allí se tocaba como música central todooooo!!! de Brasil!!. También se interpretaba música de aquí claro!,(el candombe y otras cositas más….(http://www.candombe.com/portuguese.html).

    Pero, ese “boliche” llamado “Clave de Fu”, me a dado muchas alegrías….y en ese filantrópico habitar…yo “tocaba ganzá, chucalho, y hasta algumas veces zurdo, tamborim, pandeiro e ainda mais….de atrevida nomás!. Y por gostar muito, muito…pero por ser “habitué” me integraron al grupo y a todos los grupos musicales (que interpretaban música do Brasil) que pasaban por allí, fue por ese motivo que fui a parar a la escola de samba “Aquarela”.…o diretor” da escola en mención, ficou “apaixonado por mim”…serio!…pelo meu “batuque com o ganzá!!”… eu acho…rsrs… creo que fue por la animación, entusiasmo, alegría, “pasión” que le ponía cuando “eu caigo na fulia, brasileira…na gandalia gente! ….rsrs….vocês nao sabem do meu “revolado gente!”, parezco una auténtica “Brasileira” dançando,….eu tenho samba no pé!!!!simmmm!!, adoro sambarrrrr, pagodiarrrr!!!, bossa novarrr e…..Caetanearrrrr ….e tudo que termine com “ar”…¡no bom sentido gente!..rsrs.

    Admiro em vocês….esos “pagodes e rodas de sambas”, com “sambinhas imperfeitos ou perfeitos”, (gosto dos dois)..,quando exponen em sus músicas um canto “triste” a todo “batuque”, eso para mi es la exaltación del “alma” al máximo nível, tal vez como um grande “grito”, como desahogo e alivio. Hallo bonito y de una gran “sabiduría” esa manisfestación cultural que ustedes poseen. Para una tristeza “muda” no se oyese sus palabras, las cantan…por aquello de “cantando eu mando a tristeza embora”…y a mi la “Música de Brasil” me llega por más “trágica”que sea su “letra” y su melódia en un tom “solbemol”…o el que sea… tienen siempre su porcíon de alegría).

    “Por más oscura la nube, siempre tiene su porción de luz”. Así percibo yo sus “sentires”.

    HELOISA,

    Por supuesto que “a melhor coisa do mundo é pagode baiano”,…ahí voy, HELOISA… acabas de “ver” unos de los más “deslumbrantes shows” de Caemío”, que es “Noites do Norte”,(adoro ese disco y más aun la grabación “ao vivo” tiene una fuerza!, una energíaaaa!, que sólo vem da Bahia, da Bahia de quem?, do “Caetano”!!!…. e você ainda…. questionas no que disse “Caemío”, do que o “pagode baiano” nao sería a coisa melhor do mundoooo!!!???….por qué não?…você que viu?!!. Então…aí vou eu de novo, “Helô mia”: Banda do “Noites do Norte”: Percussao: MARCIO VICTOR, ANDRÉ JUNIOR, os gêmeos EDUARDO JOSINO e JOSINO EDUARDO e ainda mais…”percussão de aquelas” de aonde???…(DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS)….COMO LÁ QUE TEM, TAMBEN, EM “PRENDA MINHA”….”FLOR DE PERCUSSAO!!!!….

    ….adoro isso em “Caemio”, como todo nele!…eclecticísmo total!!, yo pregunto entonces, que es lo que les “atrae” do “Caetano”?, pues a mi su eclecticísmo, autenticidad y “sabiduría”…bom y outras mumunhas mais….rsrs…que me voy a guardar aaahhhh!!!, solo para mi jê-je!.
    Heloisa mia!, você viu o DVD com seu broto de bambu “quebrado” e com á água da chuva escorregando quem sabe aonde?…rsrs…brincaderinha eeehhh!!. Beijos.

    MARCELO PORCIÚNCULA,

    Gracias por el “mimo” y la atención prestada a mis “humildes” corazonadas palabritas. Un beso grande, para ti.

    SALEM,

    Gostei do que você contou, sobre os bastidores da gravação de Tom&Elis, eu já sabia um poquinho dessa história…historias que só o “grande Mestre Tom” vivencio!. Eu tenho o cd Tom&Elis, e umas das tantas músicas que eu adoro desse cd é “Chovendo na Roseira”, Tom, sempre gostou da natureza, e ele compus esta “obra divina” com uma capacidade comtemplativa absoluta …pra mim essa música é belíssima e adoraria ouvir essa música por “Caetano mio”, algum dia se ele gravara, ela ficaria muito bonita, na “voz” do nosso “Caetaníssimo”, você acha que pode?,

    Olha! Está chovendo na roseira
    Que só dá rosas mas não cheira
    A frescura das gotas úmidas
    Que é de Luiza, que é de Paulhinho,
    que é de Joao
    Que é de ninguém

    Pétalas de rosa carregadas pelo vento
    Um amor tão puro carregou meu pensamento

    Olha! Um tico-tico mora ao lado
    E passeando no molhado
    Adivinhou a primavera
    Olha! Que chuva boa, prazenteira
    Que vem molhar minha roseira

    Chuva boa, criadeira
    Que molha a terra, que enche o rio,
    que limpa o céu
    Que traz o azul

    Olha! O jasmineiro está florido
    E o riachinho de água esperta
    Se lança em vasto rio de águas calmas

    Ah! Você é de ninguém…

    Aquí agora ,está chovendo… e como eu tenho um rosal no jardim da minha casa, lembrei dessa música e mando com um “testa roseiro beijo”, para ti.

    CAEMÍO,

    Viste!(abreviadito), cada vez más mío, será por eso?, enfim….tú recuerdas la orquesta instrumental de Xavier Cugat?, mis papis, todavía conservan un disco con sus mejores éxitos!…claro, de ese tiempo…gracias a Cugat, descubrí la rumba “El Manisero”,(con “s” Caemío!) como también “Cumbanchero”, “Siboney”, una versión fantástica de “Brasil” y “Tico-Tico”, y muchas otras más….”El manisero”, siempre me gustó y después de algunos “añitos” vengo a oírla… si mal no recuerdo tú gravaste una música junto a Joice?, en donde “mechabas o enganchabas” , El manisero, cantando lindo así!!….un cucurrucho (lease cucurrruyo), de maní; en vez de cucuruchito.

    Me causaba mucha gracia y ternura el oírte “pronunciar de ese jeito”…y adoraba tanto…que esa cinta cassette se me quebró, de tanto pasararla. No me acuerdo exactamente cual fue la música gravada junto con Joice ,en donde incluías ese trecho, del El Manisero, tal vez tú recuerdes mejor y me desasnes.

    También tengo unos discos, LP,de “pasta” o “vinilo”….(bueno,estou com 40! no lo parace! si me vieras personalmente!!, acreditarías!! en serio, lo que te digo,…estoy bastante bién conservada (cuerpo y alma)…rsrs)….bueno está bien…prosigo,te decía que guardo unos, LPs de las orquestas de Andre Kostelanetz y de Vicent Morocco, con “hits” como el “Bolero”(Ravel), “Contigo en la distancia”, “Serenata a la luz de la luna”, etc. Adoro temas de otro “tiempo”, me parecen que fueron “creados” en un “pasado de una época más romántica, que la actual, y que me traen junto con ellos la saudade de mis abuelos, cuando me contaban alguna de sus “historias” de bailes, me encantaba oírlos…hallaba y hallo tan romántica sus costumbres, contándome aquello de “se usaba así, en esa época”, me decían mis abuelos…qué lindo!. No hay como vivirlo, para poderlo contar, verdad?.
    Beijo muito romántico no teu coraçao. Veriño.

  122. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:29 am

    Salem, claro que tecnicamente a voz de Elis foi um primor, uma obra dos deuses. Mas o que fazer quando a coisa não te toca?? E o Tom Jobim da pré-bossa, da bossa, da pós-bossa eu adoro.
    Por falar em voz, Dylan tem uma voz estrangulada e golpeante que eu amo. Ele disse certa vez que cantava melhor que o João Gilberto. O João é um dos caras mais loucos e talentosos do mundo..meu ídolo. Tô louco pra ver o iê-iê-iê do Arnaldo Antunes.

    Castello, o “Pet Sounds” é um trabalho simplesmente maravilhoso. Estupendo. Sim, foi esse disco que influenciou os Beatles, principalmente o Paul, para que eles fizessem o espetacular “Sgt Peppers”.
    Eu sou bem eclético, penso, e meus discos de rock preferidos são: Revólver, Sgt Peppers e Magical Mistery Tour (Beatles), Pet Sounds (Beach Boys), Morrison Hotel (Doors), Exile on Main Street (Stones), Ziggy Stardust (Bowie), Nevermind the Bollocks (Pistols), London Calling (Crash), Rock to Russia (Ramones), Volume 4 (Black Sabbath) e Sing on the Times (Prince).
    Dos brasileiros eu amo; Chega de Saudade (João), Urubu (Tom), Transa (Caetano), Caetano Veloso (Londres 71), Gil ao vivo no Tuca 74, Gil e Jorge, Os Alquimistas (Jorge Benjor), Jorge Mautner 1974, Acabou Chorare (Novos Baianos), Refazenda (Gil), Jóia (Caetano), Gal Canta Caymmi, Mel (Bethânia), Cabeça Dinossauro (Titãs), Mutantes no país dos Baureths, Estudando o Samba (Tom Zé), Cinema Transcendental (Caetano), Revolver (Walter Franco), Caetano e Bethânia, e todos da Clementina, Clara Nunes e Elza Soares.

    Parangolé. Eu sei mesmo dos Parangolés do Hélio Oiticica, Conheço uma canção; “Se Parangolé de Hélio é ferro no teu souflê, vem que aqui tem Paranga olê olê..”
    Eu amei aquela frase do Oiticica; “Seja marginal, seja herói”.

    Quando Caetano diz que a chula do Reconcavo vem sendo agora reinventada no carnaval de rua de Salvador eu entendo, eu sei muito bem o que ele tá falando. E é verdade. Parece que a maioria aqui não curte o som do carnaval de rua da Bahia e Caetano continua sendo a voz destoante. Mas ele sempre foi assim. E tem o direito de ser assim e de gostar do que bem entender. Caetano defendeu a Jovem Guarda no momento em que essa era tratada como sub-música pela tal “elite” cultural do país. Depois, o Odair José. Os Sertanejos. E por aí vai. E eu acho legal que ele tenha essa postura.

    Eu, por exemplo, já disse que amo o Ramones. E sei que o som deles é muito simples, pobre até harmonicamente e na questão melódica, nos arranjos. Enfim. Mas, pra mim, tem aquele punch que me pega na veia.
    Talvez seja assim com Caetano em relação ao som do carnaval da Bahia. Falar de longe é complicado, quem sabe no meio da turba em Salvador existam outros sabores especiais?! Eu nunca fui a Salvador no período do carnaval, gostaria de ir e sentir, de fato, essa energia baiana. Axé babá!!!

  123. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:44 am

    Prezados moderadores, por favor descartem o meu útimo comment e considerem o que ora envio (tive problemas com a formatação). Segue o comment “a vera”:

    Como sempre, escrevi rápido e cometi uma porção de erros. Relevem. Espero que compreendam que estava me referindo à menção à prisão de Caetano no comment de Nando.

    Salém,

    Eu não sei de onde vc tirou isso:
    “Toda música pré-moderna e pós Bach se apóia em um conjunto de regras super-rigoroso: o que se convecionou chamar de Sistema Tonal. Ele é baseado na polarização de tensões (provada pela série harmônica de Pitágoras) de notas que já estão na natureza. E defendido no Cravo Bem Temperado.”

    Sou músico de formação acadêmica, não transito muito pela área da composição e análise, mas fiz disciplinas, em minha pós-graduação, devotadas à teoria da música ocidental. Discordo da assunção de que a harmonia tonal advém da série harmônica de pitágoras. Como disse, não é a minha especialidade, mas sei que as propriedades físicas dos sons (a série harmônica, por exemplo) não podem ser tomadas como uma espécie de substrato universal dentre culturas musicais. O que chamamos de “música” pertence muito mais ao mundo da cultura do que ao da física. Se o que chamamos de música tem como material básico os sons, não é todo som que pode ser tomado como música. Em outros termos, fazemos música a partir de sons, mas não é porque é som que é música. Música é decorrente de comportamento humano. As regras não decorrem de propriedades físicas (tal como a série harmônica - cujos sons aliás não correspondem à maneira como “temperamos” as alturas em nossa cultura “tonal” ocidental. Os intervalos de terça, por exemplo, costumam ser afinados de modo diferente aos harmônicos de terça de uma série harmônica.

    Mas você estava dizendo: “Assim como a gramática, a música também vem construindo um conjunto de regras a partir da sua história, que você parece desconhecer”.

    Hmmm… apesar de estudar, a gente nunca sabe “tudo”, minha área é a da educação musical. Mas ainda que não seja especialista em teoria da música, arrisco dizer que há alguma imprecisão em parte de suas assertivas aqui.
    Discordaria do pressuposto de que a música popular seria sempre derrisória dos desenvolvimentos da chamada música erudita. Esta é, aliás, uma assetiva que precisa ser melhor discutida.

    Ora, nem sempre a música popular é devedora de uma tradição erudita pre-existente a ela. Há também o oposto - as sarabandas que tanto inspiraram Bach têm origem popular, por exemplo. Mais contemporaneamente, poderia citar certos gêneros do chamado metal como algo que não decorre de práticas “eruditas” [A maneira de estruturar harmonicamente os acompanhamentos no chamado death metal ou no trash metal decorrem de desenvolvimentos muito singulares forjados no interior de uma tradição que, apenas muito remotamente, pode ser classificada como "tonal" (naquele sentido do sistema tonal tradicional)]. Ou seja, o trash metal não é nem tonal-tradicional e nem derivado de práticas “eruditas” (claro que nada surge do nada, mas acho que vc entende o que estou querendo dizer). Desdobramentos da chamada música eletrônica (aquelas das danceterias, das raves, dos clubs, bem entendido) também obedecem a outros parâmetros, estes muito distintos daqueles que ocorremna chamada música “erudita” ocidental.

    Há mais exemplos, mas depois de um dia cansativo eu tô com os neurônios batendo pino.

    O mais importante, contudo, é que a analogia entre música e linguagem (e daí para uma ‘gramática” da música) é muito problemática. Uma analogia que não se sustenta ou não se justifica na maioria das vezes. Por exemplo, não há correspondência entre fonemas e sons musicais. [Há um musicólogo inglês, Philip Tagg, que faz uso do termo “musemas”, mas ele desenvolve uma teoria semiótica bem complexa para justificar sua analogia - que é, além de tudo, bastante situada a certos gêneros e a certos modos de recepção, ambos localizados em certos contextos culturais e não a qualquer situaçaõ cultural).

    abs
    luedy

    ps. alemão, obrigado pela homenagem, eu adoro aquela canção.

  124. Teteco dos Anjos disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:50 am

    Salem, só uma correçãozinha.

    O disco que tu fala é o “Caetano e Chico”, creio que de 72, gravado na Bahia, com “A Rita”, “Tropicália”, “Os Argonautas”, “Ana de Amsterdam”, “Janelas Abertas 2″ e um dos primeiros samplers de nossa música pop “Você não Entende Nada ( de Caetano) com Cotidiano (de Chico). Disco lindo mesmo.
    O “Chico e Caetano” é um outro disco. Daquele encontro dos dois promovido pela Globo, em 86. Eu era moleque e fiquei extasiado com Caetano cantando “Gente Humilde” (não tá no disco) e dizendo que tinha dedicado essa canção ao “Josimar” bem no dia em que o Brasil perdera para a França nos pênaltis, na copa do México em 86.

    Glaubito: “A Outra Banda da Terra”, do “Uns”, cantada com o “erre retroflexo” é entendida por nós, do interior paulista, como uma super e sincera homenagem do Caetano. Grazie!!!

  125. Fernando Salem disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:58 am

    Gilliat

    Nem posso falar de Elis & Tom com você. Ficaria horas tentando mostrar a beleza desse encontro, mas não faço esse tipo de coisa com música popular. Elis & Tom é um dos maiores discos da história e até meus argumentos seriam raquíticos perto de tanta grandeza.

    Agora, você se esqueceu de Chico e Caetano, e citou Gil e Jorge, e aí esse negócio de frustração em disco coletivo parece mais um deslize do que uma constatação eficiente.

    Gil e Jorge, assim como Elis & Tom são desses discos da Poligram de Andre Midani que não dá pra gente esquecer.

    Chico e Caetano então, nem se fala. Além de marcar o final da falsa polêmica o disco antecipa as canções de Calabar, tem Morena dos Olhos D’água na sua mais bela interpretação e tem o encontro magnético de Cotidiano e Você Não Entende Nada.

    Não dá pra entender a música brasileira sem passar por esse LP.

    Eu tinha 12 anos quando a bolacha preta saiu. Estava em Ubatuba e meu vizinho era o cineasta Luiz Sergio Person. Ele bebia cachaça e escutava esse disco o dia inteiro. Eu gostava de ouvir a voz de Caetano cantando A Rita. E ficava na espreita, na cerca que dividia nossos terrenos, olhando aquele homem barbudo que fazia cinema com os olhos esbugalhados.

    Um dia o Person disse:

    -Venha cá menino. Escute Chico Buarque com Caetano. Um dia você vai mostrar esse disco pros seus filhos.

    A profecia aconteceu.

    Mautner e Caetano também fizeram um disco que adoro.

    Chico fez “Vai Levando” com Caetano que fez “A Outra Margem do Rio” com Milton que cantou “O que Será” de Chico que gravou “Com Açúcar Com Afeto” com Bethânia que cantou “Adeus Meu Santo Amaro” com Caetano que compôs “Haiti” com Gil que fez “Cálice” com Chico que fez “Sobre Todas As Coisas” com Edu que gravou Luiza de Tom que gravou “Vai Levando”.

    Como dizer que a nossa música popular também não é feita de encontros e discos coletivos?

    O que seria dela sem eles?

    beijo na testa

    salem

  126. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 6:14 am

    Caetano,

    Note que os mesmos - os mesmíssimos! - críticos da Gramática Normativa são aqueles que defendem uma normatização da música (algo inconcebível lógica e filosoficamente).

    Em suma: são contra o regramento das normas gramaticais, e igualmente contra a liberdade da proliferação musical.

    Desta feita, a música baiana, que da chula foi ao que se hoje denomina “axé”, é considerada um ‘lixo comercial’; mas as aulas de gramática de Pasquale são consideradas desprezíveis pois a língua seria ‘obra do povo’.

    Dois equívocos ao mesmo tempo: a) é o ‘povo’ que vai atrás desse saber, procurando por Pasquale (como você aponta); e é povo, afinal, quem vai atrás do ‘Axé’.

    Mas, como sempre, o ‘povo’ é um conceito maleável. Ele significa isso e aquilo, a depender do interesse de quem rabisca a tese.

    Abraço

    Fernando/Gravataí Merengue

  127. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 9:02 am

    Gravatái,

    Você disse:
    “Note que os mesmos - os mesmíssimos! - críticos da Gramática Normativa são aqueles que defendem uma normatização da música (algo inconcebível lógica e filosoficamente)”.

    E, logo em seguida, complementou:
    “Em suma: são contra o regramento das normas gramaticais, e igualmente contra a liberdade da proliferação musical.”

    Se você estava se referindo ao que andei escrevendo aqui, sobre pagode e gramática, acho que compreendeu tudo errado. Jamais defendi a normatização da música (de onde você tirou isso?) e muito menos fui contra a “liberdade da proliferação da música”!
    Se você não percebeu, eu estava afirmando a todo instante aqui a legitimidade do pagode, do axé, enfim, dos kuduros e calypsos da vida - o que aliás tem sido um dos meus cavalos de batalha favoritos, não só por aqui mas em outros “lugares” virtuais também onde se discute música.

    Era a mim mesmo a quem você se referia?

  128. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 9:24 am

    Olha, Nando e cia, eu queria reforçar algo de minha crítica aqui ao que enxergo como um contra-senso, uma ilogicidade (pegando carona em caetano) e, acima de tudo, preconceito:
    “letras de rimas miseráveis, melodias paupérrimas e harmonias de primeiras lições de violão”.

    Tudo isso ocorre no rock que muitos de nós amamos aqui (eu inclusive). Mas, além de tudo, percebo uma visão/escuta muito prejudicada: se tiverem interesse, se não for agredir demais seus ouvidos, escutem o Harmonia do Samba com Luiz Caldas cantando “o que essa nega quer”. Não tem nada ali de letras e melodias paupérrimas, ou de harmonias incipientes (é curioso como sempre se hierarquize a melodia e a harmonia em relação ao aspecto rítmico).

    Luedy

  129. Nando disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 10:17 am

    Heloísa: é iss’mêss, ôxe! =]

    *

    Gabriel, que beleza de comentário o seu (#100), rapaz. Aprendi muita coisa ali. Abraço afetuoso pra ti. Quanto ao filme com o Caetano, não é o “Pagu”?

    *

    Luedy, por que mesmo sem entender você se dá ao direito de ironizar o que os outros falam? É ou não é para eu me inflamar contigo? Quanto às crianças, respondi ao Ricardo, veja aí em cima.

    Quanto à prisão do Caetano, veja o que você me pergunta:

    “Não entendi a parte que fala que a justificativa de tudo isso - isso o quê? - residiria em sua prisão. Ele ficou revoltado por causa da prisão e passou a gostar do psirico? Ele é um atormentado que não dorme direito e por isso gosta desses gêneros “desprezíveis”. Esta última parte de seu comment eu realmente não consigo entender”.

    Entender, você não entende. Mas para ironizar e fazer perguntas cretinas você não precisa entender nada, não é mesmo? Pois continue sem entender.

    *

    Salem, você já lecionou ou já pensou em lecionar? Leva mó jeitão. Abraço.

  130. lisandro disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 10:23 am

    Olá Salem,
    você disse quase tudo: o disco “Chico e Caetano”, de 1972, é maravilhoso. A gravação ficou a desejar (parte técnica). Foi a única vez que Caetano cantou com o MPB4 (que ele cita em Verdade Tropical de forma bela: ele viu os rapazes do MPB4 em Ipanema, quando voltou do exílio. De dentro do carro da polícia. Ali sentiu um emoção muito forte e um sentimento enorme pelo Brasil). Gosto muito de trecho do livro. Mostra a vitalidade e o amor do nome MPB.

  131. Flávio Mendes disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 12:04 pm

    A música (vida) é feita de encontros, sem dúvida. Os discos podem se tornar bons ou ruins, mas não importa, são bonitas as canções.

    Quando eu era criança, e durante muito tempo, eu achei que Você não entende nada e Cotidiano eram a mesma música, ou pelo menos mais ou menos o que é Construção e Deus lhe pague. Até hoje, se eu pegar o violão pra cantar, no final de Você não entende nada eu vou mandar uns “todo dia, todo dia”.

    Li outro dia em algum lugar, por coincidência, o Caetano falando que não se lembra de nada da conversa que teve com Chico no avião indo pra Salvador gravar aquele disco. E me lembro, pequeno, de não entender porque uma parte de Bárbara (o momento do poço escuro de nós duas) era abafada por palmas fora de hora.

    E no show de tropicália 2 foi a primeira vez que eu vi a platéia de um show deles ser formada em grande maioria por pessoas mais novas que eu, foi a primeira vez que senti a renovação (ampliação) de público do Gil e Caetano.

    E quando o Tom gravou Vai levando acho que ele mudou umas coisas, acrescentou uma nova harmonia e melodia. É verdade, Caetano? Foi ele?

  132. Gilliatt disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 12:10 pm

    É verdade, Salem! Concordo com tudo que você falou sobre Chico e Caetano! E ainda destacaria a importância desse encontro em face da suposta rivalidade que se acreditava haver entre os dois. Que nossa música também é feita de encontros e discos coletivos, não há dúvida. E de parcerias, sim, é claro. Você citou várias canções que provam isso. Eu poderia citar zilhões de participações especiais de artistas em discos de outros, que nunca esqueceremos. Tem até quem cante melhor no disco dos outros do que nos seus próprios discos, rs. Quando falo da minha frustração com discos feitos em parceria é justamente porque, para mim, muitas vezes o resultado musical desses discos está aquém do valor histórico do encontro.
    Um beijo, amigo.

  133. Gilliatt disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 12:15 pm

    É verdade, Salem! Concordo com tudo que você falou sobre Chico e Caetano, sobretudo pela importância desse encontro em face da suposta rivalidade que se acreditava haver entre os dois. Que a história da nossa música também é feita de encontros e discos coletivos, não há dúvida. E de parcerias, sim, é claro. Você citou várias canções que provam isso. Eu poderia citar zilhões de participações especiais de artistas em discos de outros, que nunca esqueceremos. Tem até quem cante melhor no disco dos outros do que nos seus próprios discos, rs. Quando falo da minha frustração com discos feitos em parceria é justamente porque, para mim, muitas vezes o resultado musical desses discos está aquém do valor histórico do encontro.
    Um beijo, amigo.

  134. glauber guimarães disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 1:13 pm

    caetano,
    foi mal quanto ao erre retroflexo. acho que me confundi no meio dos assuntos todos. tico e teco tão fazendo hora extra todos os dias.
    fico muito, muito feliz mesmo que você goste do teclas, que é meu xodó.

    chuck berry é um malandro, faz parte do charme do rock dizer essas coisas, cê sabe. os stones falavam que era por causa das garotas. mas todos nós sabemos do amor de todos eles pelos blues. o que o blues significou na vida deles. eles se sentiam como “tieta” e o blues trouxe a epifania. o mesmo aconteceu comigo.

    quanto aos covers de caymmi, tá legal, que tenha vindo deles a idéia ou não [o lance do coronel parker me fez rir muito, saquei o joguete], mas isso não muda o que eu disse. qualquer um pode fazer covers de caymmi. isso não demonstra ligação alguma. nem os toques de música cubana, que é mais uma influência das jam sessions de jazz [afro jazz e latin jazz] do MAM, no solar do unhão. muitos músicos que tocam nas bandas de axé são músicos de jazz, música brasileira instrumental, cê sabe. os caras têm que sobreviver…tito bahiense [backing vocal de ivete] é um cantor e compositor extraordinário, tá ali matando o chachê dele, o leite das crianças. nada contra isso, claro.
    acho massa que os pagodeiros se utilizem da salsa e caymmi, mas não gosto do resultado dos covers caymescos, pessoalmente. a moçada se sai bem melhor com os rítmos latinos. abraço, conterrâneo.
    ………………….
    vero,
    gosto muito de xavier cugat. a versão das andrew sisters de “tico-tico no fubá” é muito legal, conhece? beijo brasileño.
    …………………..
    gil,
    os cramps são gênios absolutos do huff n’ puff rock n’roll/big beat do romantismo L.A./ glamour do submundo/voodoo hoodoo à la liberace on acid. meu disco preferido é o “psychedelic jungle”. recomendo.
    ………………….
    fábia,
    “dandá” de ricardo luedy e gerônimo é lindíssima. acho que é a música mais bonita dele. já fui a algumas apresentações dele no pelourinho, sempre muito boas. e as coisas que ele diz no microfone, sensacionais. gerônimo tem um humor irônico maravilhoso. viva o rei mômo!
    ………………….
    luedy,
    eu acho muito oportuno que os artistas voltem a dar atenção ao que diziam os pensadores do iniciozinho do século xx, neste início de século [ao menos, os artistas que se interessam por essas bobagens da alma humana, haha].

    mas por que exatamente, cê me perguntou se eu estaria psicografando theodor adorno? você vê semelhanças demais entre o que digo e as idéias dele?

    aah, ricardo luedy é seu parente?
    ………………….
    gravata,
    e eu? sou a favor da gramática normativa. gosto de lixo. reciclado, haha. não quero normatizar a música, nem proibir nada, só estou emitindo uma opinião…abraço procê, compadre. bom que voltou.

  135. Heloisa disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 1:15 pm

    Gravataí, releia os comentários. Acho que você se equivocou, porque Salem disse algo sobre a existência de uma gramática na música,fato que Luedy negou. E os dois não são contra a manifestação de proliferação musical. Nando e Glauber já se posicionaram várias vezes contra o pagode baiano, mas nunca foram críticos da Gramática Normativa. A quem você se refere, então?

  136. glauber guimarães disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 1:18 pm

    godbless saravá pé-de-pato mangalô treis veiz! [reza pra conseguir postar, haha]
    ……………….
    luedy,
    eu nem sei o que dizer sobre o que você falou da sexualidade precoce imposta às crianças…achei um absurdo seu comentário a esse respeito. o que você defende afinal? cara, somos seres humanos, vamos o quê, viver num estábulo? voltaremos à barbárie, no pior dos sentidos? há que se ter alguma regulação, senão, estamos feitos. assista 3 dias de tv aratu no horário do almoço e veja a que ponto se chegou. tenho certeza que nando responderá com excelência, porque pra mim, não há o que discutir sobre esse aspecto. crianças e pré-adolescentes não devem assistir nem a novela das 8!
    ……………
    gil,
    respeito que você não tenha gostado dos cramps. só um esclarecimento: eles não fazem punk rock, fazem psychobilly. é primo do punk mas é outra coisa. sério mesmo. talvez essa música deles lhe agrade mais [sem querer convencer, sinceramente]:

    http://br.youtube.com/watch?v=IvemMG5bgQA&feature=related

    se cê não gostar dessa, beleza, cê não vai gostar de nada deles mesmo. inté.

  137. Luiz Castello disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 2:22 pm

    Querido Luedy.

    Eu estava aqui tão quietinho,absorvendo a chuva de sabedoria que nossos inspirados obreiros tem feito cair sobre a nossa horta OeP (o Nando, então, tá demais) e vem você me arrancar do meu retiro,com o papo manjado de,moralismo.
    E logo tu,que abriste horizontes lingüísticos,novos e fascinanantes na minha vida..

    Eu tive o cuidado de colocar entre parêntesis,pós-bunda (maravilhosas) pra deixar claro que,nada tenho contra.
    Porém…o piloto automático ta sempre ligado.
    Parece que,você resolveu bater o martelo,e sentenciar-me,de vez,como moralista.Fazer o que ?
    Voce sequer,considerou meu parágrafo sobre a dança indiana,no contexto da tantra yoga,que propõe (resumir é preciso) a auto-realização pelo uso consciente das energias sexuais.

    Outra coisa,querido ; o meu comentário (1) é acima de tudo,uma desmedida e apaixonada defesa da música.
    A música é o meu barato,o meu Deus,minha mãe,minha escritura sagrada,o começo meio e fim,minha bússola,o meu amor.
    Vê-la rebaixada `a essa posição “pano de fundo,para o desfile de bundas (maravilhosas) e cópulas grosseiramente coreografadas” (estou me repetindo,sem necessidade) causa-me tempestades psicológicas reativas.

    Quanto `a lhe dar “critério de julgamento estético(?) voce me dá a impressão de querer usar aquilo que as elites escolhem e determinam políticamente, como critério de julgamento,na arte das musas.
    Se o fizesse,abundariam (olha a bunda aí )os tais critérios que voce julga moralistas.
    Eu sigo o meu faro,que modéstia à parte tem pedigree.

    Cordialmente,se minha posição ainda deixa dúvidas,serei obrigado a fazer como você disse,em relação `a Glauber ; “capitular “.

    _____x_____

    Fico imaginando Ruy Barbosa tendo ataques de pânico moral,diante dos requebros do maxixe,que depois,como gênero musical,atraiu a colaboração de nomes como,Chiquinha Gonzaga,e Zéquinha de Abreu.
    Zequinha, que é autor de tico tico no fubá,uma das músicas brasileiras mais conhecidas no mundo.
    O que aconteceria com o “Águia de Haia” diante de um pagode baiano…

    Em tempo : no dia em que o Tchan compor algo parecido com o tico tico no fubá,eu estarei correndo atrás do trio életrico dêles,e nem vou me importar se os bailarinos estiverem peladões.

    Um abraço maxixado,
    Do Castello.

  138. Wesley Correia disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 2:51 pm

    Glauber,

    Não gosto muito de reincidivas catárticas, mas vamos lá: quem e como se define o que é estética na arte? o que faz com que uma obra de arte, qualquer delas, seja considerada esteticamente boa e outra esteticamente ruim? e o que se descarta, se descarta até quando? Ivete e Gil resgataram o “Chupa toda” considerada descartável quando do seu lançamento. Certamente que minha filha, Sophia, agora com 1 ano e quatro meses, cantar-lhe-á daqui a 20 anos. Chupa toda será descartável e VIVA. De vez em quando, ouço o álbum dos Mamonas Assassinas, que perfeição é aquela? Não sei se são esteticamente bons ou ruins, mas são eternos. Há tempos, tento imprimir menos juízo de valor sobre as coisas e conferí-las algum crédito de confiançal, o resultado é quase sempre surpreendente. Na verdade, usei, com alguma ironia, o termo catarse me referindo a Salem no Post anterior.
    Me lembre, tenho uma coisa interessante pra te contar.

    Nando, jazz?!

    Heloísa,

    ainda em tempo: achei seu commnet coletivo uma das maiores provas de amor virtual que já vi na vida.

    Rafael, kd vc?

    Té brevfe,

    Wesley

  139. Wesley Correia disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 3:02 pm

    Glauber,

    esqueci de dizer: em Caretagena de Índias, comprei um pulseira artesanal porque para que eu a comprasse, sua fabricante, gorda e preta, me declamou um poema de Raul Gomes Jatín.

    Mas não é essa a coisa interessante que tenho a lhe dizer.

    Ai, catarse sem fim!

    Té breve,

    Wesley

  140. Wesley Correia disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 3:16 pm

    Luedy,

    Seu comment em resposta a Salem é PERFEITOOOO: soa como um tapa no centro do pandeiro.

    Té breve,

    Wesley

  141. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:12 pm

    Salém, “erros” de digitação, que me fez cometer erros de ortografia, sim. Olha, tá uma confusão danada aqui: vcs confundem os registros da língua escrita com língua falada. São problemas diferentes!
    Isso a gente vê muito na grande imprensa, um monte de gente preocupada com o acordo ortográfico, como se isso fosse mudar nossa língua, ou seja nossa maneira de falar. Gente, são registros diferentes.

  142. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:25 pm

    Salémzito,

    “Repare que os escritos de Possenti e Bagno serão pouco aplicáveis quando você tiver que explicar o que é uma quinta aumentada. Sem as regras da música, você não explicaria.”

    O que me interessa na socio-linguistica é a discussão cultural. O paralelo interessante que encontro entre a discussão epistemológica empreendida por eles, desconstruindo as noções arraigadas de “norma” e “cultura” (que se aproxima muito das discussões educacionais animadas pelo reconhecimento da diversidade cultural) e a abordagem relativista, por exemplo, da etnomusicologia, que têm nos feito enxergar padrões, teorias, em outras culturas para além, muito além, da cultura de tradição européia ocidental me anima muito. Então, discordo de você. Colegas meus de formação acadêmica, aqueles mais canônicos, não conseguem aceitar, por exemplo, a música de rabequeiros de lá do interior de Recife e da Paraíba. Acham que as quintas estão “desafinadas”, portanto “erradas”. Ao contrário do que você imagina, então, o paralelo com os socio-linguistas é, para mim, bastante evidente. As quintas desafinadas da música dos rabequeiros é como o “menas” da língua estropiada dos falantes pouco escolarizados.

    obrigado por me fazer teorizar sobre isso.
    luedy

  143. Lucesar disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:41 pm

    Alemão,
    da série porque eu invejo os argentinos:
    http://br.youtube.com/watch?v=LGAovrh0o-0
    .
    Ah, e o fato de Fito, Maradona, Charly, Aznar, Piazzolla, Mercedes, Messi e Exequiela terem nascidos lá e não aqui! rsrsrs

  144. Fernando Salem disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:43 pm

    Gravataqui

    Não. Luedy, por exemplo, não defendeu uma normatização da música. Pelo contrário. Usou seus argumentos para tembém flexibilizar e relativizar os parêmetros. Com isso, se atrapalhou um pouco. Foi quanfotentei mostrar que a analogia era frágil, pois as normas e regras na música também existem, mas têm outra nartureza cognitiva.

    Eu aproveito pra dizer que gosto bastante do Luedy e da sua insistência tão verdadeira. Com ela ou em oposição a ela, muitos pensamentos bacanas foram produzidos por aqui.

    Se os sócio-linguistas exportarem as suas teses pra música, vão se empepinar. Os parâmetros são outros.

    A palavra “norma” tem sido fuzilada por aqui. É verdade. Mas ela nunca me incomodou. Aliás, não é palavra do cotidiano, nem entra em letra de samba. É palavra do gosto dos acadêmicos.

    Mas como os Acadêmicos do Salgueiro é que aquecem agora seu discurso ritmico. Prefiro entrar nessa onda.

    Reparem como os juizes das escolas de samba tem norma e parâmetros próprios e rígidos. Os chamados quesitos.

    Harmonia, Alegoria, Evolução etc. Essa é a gramática da avenida.

    beijos sintáticos e sintéticos na sua testa

    salem

  145. ju disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:47 pm

    Rafael e Judith,

    muito obrigada pelo “link” e pelo esclarecimento…

    aliás, “lobao tem razao” tb é da hora…

    eu consigo ler muito pouco de tudo o quanto vcs escrevem. mas este diálogo a respeito da língua, que envolve a contribuicao (a meu ver rica)do prof. Pascoale, e as distintas posicoes possíveis dos línguistas, além claro, de todas as discussoes de botequim ou nao…me remetem aos escritos de hegel, nancy Fraser, axel honneth. estes pensadores dedicam parte de seu tempo a estudar e compor uma “teoria do reconhecimento”.

    eu suponho, que, as entrelinhas deste diálogo traduzam, de certa forma, esta questao… em minha opiniao, onipresente a cada instante, no incessante compor de nossa riquíssima cultura.

    a todos um belíssimo, livre e cheio de vida final de semana…

  146. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:56 pm

    Castello,
    Carece de ficar chateado, ou capitular não. Sei que eu sou obsessivo-obcecado pelos meus cavalos de batalha. Meus colegas de departamento (sou professor) me olham enviesado quando eu faço essa mesma defesa veemente de gêneros populares como o pagode, o arrocha, o funk carioca.
    Acho que os debates devem ser francos. de vez em quando a gente se chateia, porque não dá para separar nossas idéias de nós mesmos. Criticar alguém é sempre correr o risco de agredir alguém.
    No meio dos nossos debates, falo dos que tenho com Nando, Glauber e vc, eu acabo me exaltando também. Vá desculpando por isso.
    No entanto, não abro mão de lhes exortar a emitir juizos de valor mais bem fundamentados e mais auto-reflexivos. Se não, é melhor admitir de uma vez, “não gosto e pronto”.

    Abraços,
    luedy

    ps. em tempo, eu não tenho dúvidas que o maxixe era o arrocha de então.

  147. Nando disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 4:57 pm

    Caetano, no Verdade Tropical, se refere à Banda de Pífanos de Caruaru como “tosca” e “primitiva”, sem oferecer argumentos que justifiquem tais assertivas.

    Já quem não gosta de axé deve compreender que há uma derivação da chula, do samba-de-roda etc, sob pena de ser considerado preconceituoso e elitista.

    Why? Axé music é ainda mais tosca e primitiva - perto dela, a Banda de Pífanos soa como Brahms.

  148. Fernando Salem disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:10 pm

    GIL

    eu já conhecia Cramps. apena fiz questão de REconhecê-los através dos ouvidos do meu querido Glaubito. Só isso. E nunca achei uma merda.

    LUEDY

    Na tua introdução eu li de cara: “Como sempre, escrevi rápido e cometi uma porção de ERROS. ”

    Gostei de ver a palavra ERROS no início do teu comentário.

    Sobre Pitágoras:

    Sugiro que leia um livrinho fininho e belo chamado “Sopros, Cordas e Harmonia” (sorry, mas de cabeça não me lembro do autor).

    Quando o Sistema Tonal foi proposto como norma generalizante, muitos músicos achara a medida “opressora” e “arbitrária” (alguma semelhança?). Os físicos envolvidos na discussão mostravam que a série harmônica (presente como fenômeno natural) se assemelhava (com a quinta do primeiro grau, a oitava e a terça tão audíveis) à escala do modo dórico.

    A questão era: nossos sentimento de tensão e relaxamento provocado pelos trítonos era um fenômeno natural ou cultural? Alguns músicos defendiam que o sentimento era adquirido. E alguns físicos defendiam como algo da natureza. Um lindo debate que persiste. Da minha parte, acho que há um pouco de cada.

    Cê disse:

    “Discordaria do pressuposto de que a música popular seria sempre derrisória dos desenvolvimentos da chamada música erudita.”

    Eu não acho isso também. Disse apenas que o Sistema Tonal como norma foi apenas “emprestado” à música popular, que criou seus próprios parâmetros. Benjor faz melodias complexas com dois acordes. Jobim faz harmonias complexas com uma melodia “de uma nota só”. A entoação e a letra na música popular trouxeram parêmetros específicos (ler Luiz Tatit).

    E a sua evolução se dá à margem da história da música erudita, embora elas ainda dialoguem.

    E finalmente, que propôs uma analogia(que agora você diz “problemática” foi o teu comentário:

    “se uma gramática normativa (dessas mais tradicionais) fosse um compêndio musical, o pagode seria um “barbarismo”.

    Foi ele quem me inspirou a evitar que o debate musical descambasse. Pois (de forma política) você usou a música pra defender suas idéias sobre gramática.

    Fico feliz que você seja da área de educação musical. Repare que os escritos de Possenti e Bagno serão pouco aplicáveis quando você tiver que explicar o que é uma quinta aumentada. Sem as regras da música, você não explicaria.

    E repare que defendi a transgressão das regras na música, assim como defendo na fala e na escrita. Mas só há transgressão porque existe a regra.

    beijo com quinta aumentada

    salem

  149. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:17 pm

    “crianças e pré-adolescentes não devem assistir nem a novela das 8!”
    Surpreendentemente, isso veio de Glauber, de quem eu acebei de descobrir que já tocou na maravilhosa e finada banda soteropolitana, The Dead Billies. Mosca-Billy, eu te conheço véi! Temos muitos amigos em comum e, de certo modo, me considero meio que amigo seu também, apesar de a gente não se bater há muito tenmpo por aí.
    Mas eu não imaginava mesmo que era você o tal Glauber! Muito boa essa!
    Mas, bicho, logo vcs que fizeram shows antológicos no Calypso (reduto de roqueiros soteropolitanos). Lembro de um show que vcs fizeram quase desnudos. Então, eu fico me perguntando: por que a putaria lá no Calypso era bacana e nas festas de pagode não?

    Outra coisa Mosca-Glauber: vc falar de catarse, logo vc!! Puxa, as apresentações dos Dead Billies eram uma grande catarse! E esse é o melhor elogio que posso fazer a vcs -aliás, de quem era fã.

    Bem, voltando à tv. Olha, eu fui uma criança de apartamento. Formada intelectualmente em grande medida pela sessão da tarde, pelas novelas da globo, pelos trapalhões, pela mini-série “Raízes” (que me aguçou o sentido de raça e de racismo), etc etc. Se nao for muita cabotinagem minha, apesar disso tudo, e apesar de continuar a ver muito tv, sou hj professor doutor.

    [vixe, para alguns devo estar prestando um desserviço à universidade e a seus programas de pós-graduação. Um doutor que gosta de arrocha, que não acha errado que se fale "menas", que não vê problemas na sexualidade precoce...]

    abs
    luedy [aquele mesmo que tocava com paquito]

  150. Fernando Salem disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:22 pm

    Caetaníssimo

    Há de fato muito drama nas músicas que você citou e em mais uma centena de canções da música de rua e de rádio da Bahia.

    Nando e Glaubito me mostraram como eu estava apaixonado e equivocado na minha apreciação.

    Esse papo me remete de volta a um comentário que fiz sobre João Valentão de Caymmi e os bofetões e a violência no carnaval.

    Mas você foi além. Negro segura a cabeça com a mão e chora. Talvez, sem querer, eu reproduzi o maior preconceito que existe contra o axé e o pagode baianos. O mito da alegria e do entusiasmo “tira o pé do chão”. Da felicidade barata. Da não-Catarse pela ausência do sofrimento. Errei.

    Há catarse. Há sofrimento. Há desrecalque da pobreza. E sso mais enriquece a produção musical da Bahia.

    VELLAME

    Chamo João Gilberto de Joãogibas desde adolescente. Gosto de pensar que sou íntimo. Assim a gente faz com os heróis. Com os bonecos apaches. Com um Cavaleiro do Zodíaco. João Gilberto é a figurinha mais difícil e carimbada do meu álbum imaginário.

    VERO

    Da janela do meu estúdio em SP posso ver: nesse momento está chovendo na roseira.

    beijos nas testas

    salem

  151. Maria disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:23 pm

    quando fala em música baiana eu só lembro de Ivete. Uma fofa.
    e também da timbalada, especialmente cantada por caetano:

    Mimar Você
    Timbalada

    Eu te quero só pra mim
    Você mora em meu coração
    Não me deixe só aqui
    Esperando mais um verão
    Espero meu bem pra gente se amar de novo

    Mimar você
    nas quatro estações
    Relembrar, relembrar
    O tempo que passamos juntos
    Que bom viver
    Andar de mãos dadas na beira da praia
    Por esse momento eu sempre esperei.

    beijinhos a todos e todas

    Heloísa, querida, eu sou a Maria, do orkut, mas parece que nao está tendo outra não. Quanto ao fato da música da bahia ter um gostinho todo especial ouvida lá em salvador, isso não resta a menor dúvida. Não sei por que, acho que os deuses ajudam um pouquinho.

    Maria

  152. Fernando Salem disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:29 pm

    Luedyssimo

    SOPROS CORDAS E HARMONIA
    a ciência dos sons agradáveis

    Autor: Arthur Henry
    EDART - São Paulo

  153. Roberto - estrelas no chão! - Joaldo disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:30 pm

    - “Existe algo mais bonito do que gostar de alguém?”
    (Vero pergunta-nos. Eu respondo: Não!) -

    Céu de Santo Amaro

    (letra de Flávio Venturini, tecida sobre
    o Arioso da Cantata BWV
    156 de Bach)

    Olho para o céu
    Tantas estrelas dizendo da imensidão
    Do universo em nós
    A força desse amor nos invadiu
    Com ela veio a paz, toda a beleza de sentir
    Que para sempre uma estrela vai dizer
    Simplesmente amo você

    Meu amor

    Vou lhe dizer

    Quero você

    Com a alegria de um pássaro

    Em busca de outro verão

    Na noite do sertão
    Meu coração só quer bater por ti
    Eu me coloco em tuas mãos
    Para sentir todo o carinho que sonhei
    Nós somos rainha e rei
    Olho para o céu
    Tantas estrelas dizendo da imensidão
    do universo em nós
    A força desse amor nos invadiu
    Então veio a certeza de amar você

    __________________

    INENARRANDO SANTO AMARO-OOOH!

    Dedicado especialmente aos infocaetanautas que ansiavam pelo relato. De Salem até…. Lenartei, sem deixar de mencionar Carolina - pra que ela não sinta nenhuma paranóia!

    -Reentretecendo, enfim, a viagem à cidade-exclamação, pra participar do Terno de Reis de Dona Canô. Não mais um comment-dromedário, mas um comment-constelário.

    ***

    Estimado Luiz Castello, meu dromedário não sucumbiu nas areias do deserto: éramos vários dromedários e ficamos todo este tempo degustando o sabor de termos estado - realmente, ou através do universo astral - num oásis!

    Uma bela parte dos links musicais e vídeos a seguir frutificou da sugestão e curadoria de Gilliatt and Exequiela.

    As fotos, exceto a única creditada no texto, são de Julio Vellame.

    O vídeo da cena antológica do Cinema Falado, com Rodrigo Veloso dançando numa rua da cidade e na varanda da casa de sua mãe, é um presente de Lucesar.

    Meus agradecimentos aos meus amados cúmplices!

    ***

    [Sempre com o botão direito do mouse, tirem maior proveito clicando em cada link a seguir abrindo-o em outra aba ou janela]

    Céu de Santo Amaro - pelo Youtube - Bethânia, durante Prêmio Shell

    Eu conhecia a canção na gravação de Flavio e Caetano, pra trilha da novela Cabocla, da TV Globo. Mas jamais atentara pro título e, a partir daí, pro fato dela ser um tributo a Santo Amaro!

    I

    Antes da saída, por todo o dia desfilavam em mim lembranças da primeira ida à cidade, há três anos, justamente pra essa mesma festa em que é celebrada a adoração do menino Jesus pelos Reis Magos, ainda muito tradicional no interior nordestino. Uma lembrança que mais me povoava era a da comunicação, silenciosa, que a intervalos insuspeitados de tempo se estabelecia e restabelecia, desde o local de concentração pra saída do cortejo, a Lira dos Artistas, entre mim e alguém que, empunhando sempre uma câmera digital, filmava tudo ali, por todo o percurso do Terno nas ruas, e durante os shows no “Terreno” após o termino do cortejo. Era uma bela, parecida com a cantora Marina Lima, de tez moreníssima e um ar dulcíssimo!

    Comporto duas naturezas - tímida e atrevida -, hiperbolicamente. Sou capaz de chegar de vez em alguém, pro amor, a amizade, e o que der e vier: em segundos! E posso ficar partindo, e partindo… e partindo: em câmera lenta! Geralmente, tudo se dá de um modo baldeado, sem que eu me fixe em um desses dois extremos, como acontece com quase todo mundo. Naquela noite, não!

    Parecia uma reedição de Eros and Psiquê! Ela percebia que eu a “via”. Eu era “visto” por ela. Mas só emitíamos isto: uns sorrisos. Quando, afinal, por minha iniciativa, trocamos algo parecido com palavras, na saída do “Terreno”, no finzinho dos shows - juntos, enternecidos, um tocando na mão do outro e por alguns segundinhos seguindo com os dedos entrelaçados! - somente instantes antes ela deixara de empunhar a câmera, e partia acompanhada da mãe, pra cuja presença eu não atentara antes -, não é que eu era já “arrastado” por algum braço pra dentro da Topic, fretada por José Carlos, nosso embaixador, pois era hora de retornar a Salvador?

    -Estandarte do Terno de Reis: foto

    II

    Este ano, pouco antes de sair de casa, imprimi um e-email com um poema de Judith, que ela me pediu pra entregar pessoalmente ao Caetanino, e também o comment-críptico de Joana, publicado nesta OeP páginas atrás, que aludia à viagem que eu faria, e me transmitia uma misteriosa energia - pra eu ler no caminho! Salem já havia antes me enviado uma marola quântica do maior alto astral! Saí e parei no primeiro Rei do Mate que encontrei pela frente pra tomar uma “bomba atômica”: a única coisa que bebi antes de chegarmos e aportarmos na Lira dos Artistas. Pra quem não sabe, uma mistura de chá mate, açaí, guaraná natural e guaraná em pó. Eu queria estar vitaminado!

    Já passando da hora marcada, saída inicialmente prevista pras 18:30 hs., percebi que eu poderia atrasar a viagem. Peguei um táxi e saí tão apressado que esqueci o envelope plástico sobre o balcão com o poema e o comment!

    Quando cheguei ao Campo Grande, ao lado do Hotel da Bahia, local de onde zarpamos, surpreendi-me com que a embaixada tivesse aumentado tanto de tamanho, pois desta vez o veículo era um ônibus, e percebi, pela expressão de José Carlos, que este ano sairíamos bem mais tarde, com vários e vários atrasados. Tão mais tarde que, quando aportamos na Lira dos Artistas em Santo Amaro, em 25 minutos já saía o cortejo. Não deu tempo, como da outra vez, de no local bebermos cerveja mais deliciosa ou pausadamente, nem de experimentarmos alguns pratos típicos, como a maniçoba. Aliás, este ano não comi nada, nem mesmo no “Terreno”, espaço dos shows musicais, onde esses pratos são igualmente servidos: em compensação, leve, dancei muito, muito mais do que da outra vez, embalado sobretudo no sambalanço de arrasar salão e quarteirão de Sandra Simões!

    III

    Durante o percurso da ida, deparei-me em nosso ônibus com uma fauna de terneiros mais multifacetada do que a da outra vez. Logo ao ingressarmos na BR 324, que dá acesso à estrada estadual pra Santo Amaro, o nosso embaixador José Carlos assumiu a animação da viagem e intentou fazer um mapeamento sexual dos passageiros por algumas aglutinações no interior do veículo: mapeamento - em parte - carnavalescamente erodido na volta!

    Eu ia viajar sozinho numa das poltronas mais frontais atrás do motorista: preferi a do corredor - de onde eu podia mirar a todos e reconhecer pessoas da outra viagem que embarcaram por último. Eis que alguém, buscando uma poltrona livre que ficasse ao lado da janela, veio sentar-se ao meu lado. Era Sávio: nomeado pelo governo baiano para dirigir o recém-estruturado Centro Técnico-Profissional do Estado, que oferecerá aqui ainda neste ano o primeiro curso regular profissionalizante de nível médio na área de produção audiovisual. O papo sobre cinema e sua articulação com educação, fomento ao surgimento e renovação de platéias, dentre outros relacionados, incendiou-se num estalo!

    E que bela satisfação: boa parte dos passageiros era de educadores da Universidade Estadual da Bahia-UNEB, com vários deles experimentando iniciativas muito vivas na promoção de núcleos de cineclubismo em várias unidades dessa instituição universitária, como a situada em Itaberaba, alavancadas dentre outros pela professora Carla Patrícia Santana. E o papo se alastrou em boa parte do ônibus: transformando-se, durante um bom tempo, num vívido debate.

    Quando o debate deu lugar ao burburinho cúmplice das várias patotas que dentro do ônibus já iam se formando e que permaneceriam juntas na festa, Sávio, pela sua posição ao lado da janela, maravilhava-se com a bela noite estrelada, passando a narrar-me e aos mais próximos o que via. Do lado oposto, adivinhávamos pelo clarão uma lua branca inteira. Eu não queria saber de ficar olhando pro céu: exceto no retorno a Salvador, após o desembarque, fui levado a isso.

    O ônibus seguia. Vez ou outra, eu cantarolava Mora na Filosofia - e Sávio passou também a cantarolá-la! Eu vou lhe dar a decisão/botei na balança e você não pesou/botei na peneira e você não passou/Mora na Filosofia/pra que rimar amor e dor…

    Quando saímos da rodovia federal e passamos pra estadual, Sávio nos alertou que a maior estrela no céu, na verdade, neste período, o planeta Vênus, passava a ser vista não mais lateralmente, pela parte em que estávamos do veículo, mas exatamente à frente de nós. Quando chegávamos perto de Santo Amaro, ele nos comunicou que e estrela como que planava sobre a cidade, nos recepcionando. Eu continuava sem dar maior atenção ao céu e assim persisti por toda a festa: embora por todo o trajeto tivesse apreciado ouvir-lhe as descrições!

    IV

    -Ala primeira do Terno de Reis : foto (atrás, fora da foto, a banda - a Filarmônica - e a população)

    Chegamos e desembarcamos nas proximidades da Lira do Artistas, pra onde seguimos de imediato.

    Entramos, e subimos, três dentre todas as patotas formadas, para o mezanino. Sedento por refrescar-me do calor, nem bem tomo o primeiro copo de cerveja, eis que aparece no recinto Caetano. Fui até ele e exclamei: -Caetanino! Ele fez uma carinha de espanto e eu soletrei: -Jo-au-do! Abracei-o, desferi un besito em seu rosto dizendo-lhe que era a pedido de Eksezequiela (pois é, pronunciei assim o nome da bela, e ele nem me corrigiu). Em seguida, com a palma de minha mão direita, toquei e massageei-lhe o peito do lado esquerdo por alguns segundos: gesto com que eu transmitia-lhe o beijo no coração enviado por Vero.

    Ele me apresentou aos seus filhos Zeca e Tom, à sua irmã Mabel, a um amigo de infância, que aparece ao meu lado na foto abaixo, e, minutos depois, após conversarmos, retornou especialmente trazendo até mim seu irmão Rodrigo, atual secretário de cultura local, pra um pré-contato rápido sobre a implantação de um ou mais circuitos cineclubistas no município a partir de meu trabalho como produtor cultural na área. Reencontrei Caetano depois na passagem do cortejo de Reis pela casa de sua mãe, e ainda cheguei a vê-lo ao longe passando pelo “Terreno”, acompanhando creio que Tom, no início dos shows.

    Conversamos amenamente na Lira dos Artistas sobre vários assuntos. Ele, e seu amigo de infância, lembraram de alguém do círculo pessoal deles que era proveniente de família de Araci, minha terra natal, ou que lá residira. Falei-lhe do prazer inenarrável em estar com ele e representando a turma desta OeP. Ele desde logo me agradeceu a visita à cidade. E afirmou-me que alguém de seu círculo local lembrava-se de mim, quando eu passara o ano passado visitando a cidade, a pretexto de saber do interesse dos agentes culturais e educacionais locais na implementação de circuitos de Cineclube.

    Durante a conversa, não percebi que ele tivesse estado atento, ante todo o barulho no recinto, ao meu acento diferenti araciense. Perigoso and dengoso, esse mano, ao inferir mesmo assim o meu modo de roçagar a língua no palato pra proferir meus “dis” e “tis” - fechados! Ao revê-lo depois desta noite, uma semana após, e antes do show que fez na praça principal de Santo Amaro, em casa de Dona Canô, afirmou-me que meu sotaque era mesclado com o soteropolitano.

    -Caetanino e eu. Instantes depois de cumprimentá-lo. -Quem é mais Peter Pão? - foto: Rita Cliff

    Diversamente do Caetano tietado, amado e sonhado com idolatria pelas hermanas Judith, Vero, Lucre and a atéia Exequiela, e do Caetano distante das platonias e epifanias de Nando, tive acesso a um homem direto, simples, comum, nem por isso menos apreciável. Mas, como ele mesmo diz em Peter Gast, “ninguém é comum”. Encontrei-me com o profeta em sua morada e meio cultural de origem! E adorei, pela segunda vez, desde a forma como ele próprio me recepcionou, a hospitalidade santo-amarense!

    Antes de nos despedirmos na Lira, falei-lhe do convite pra que escrevesse especialmente na edição 1 da Impertinácia (volto a grafar com acento - havíamos retirado pelo fato de que a revista web viva de nosotros todos circulará internacionalmente -, agora por conta do que disse-me o professor Pasquale Cipro Neto, que vibrou com o neologismo: conheci-o uma semana após, voltando a Santo Amaro pro show de Caetano). E, como um bom impertinaz, pedi a Caetano pra esse fim o texto por ele anunciado há tempos que postaria nesta OeP, sobre o paralelo entre Rio e São Paulo. Ele riu e comentou rapidamente algo assim sobre dificuldades com a conclusão ou edição do texto. Não disse sim, nem não. Portanto, não me proibiu de voltar ao assunto!

    V

    Eis que a Filarmônica, que ensaiava no salão abaixo do mezanino, projetou-se para fora do recinto - e todos fomos imantados em acompanhá-la. Minha patota - constituída por mim, Sávio, Carla, as professoras americanas visitantes da UNEB, Bárbara (que não falava quase nada de português) e Morgana (que falava quase tudo: uma loiríssima de San Francisco, de cabelos curtos, que desde a saída em Salvador furtivamente me despejava uns olhares capitulindos, desses de lado, com seus olhos de esmeralda, e que só fui encará-los de frente no espaço apinhado de gente diante do palco dos shows no “Terreno” ), e a fotógrafa Rita Cliff - posicionou-se logo atrás da banda, da qual aos poucos se afastou, mesclando-se com a população, e saltimbancando pelas ruas.

    Entre os da nossa patota, eu era o mais animado e fazia alguns passos que aprendi em cortejos populares pelo interior (e era imitado por Barbara, dentre as americanas a mais maravilhada com os folguedos dos populares dançando na rua), organizava uma correntinha com mãos um na cintura do outro, com mãos nos ombros, um cordão lateral com as mãos dadas entre nós - até que chegamos na primeira das duas paradas do cortejo do Terno: a parada defronte da casa da dona ou inspiradora da festa, a Dona Canô.

    -Caetano, Tom e um amigo deste, na porta da casa de Dona Canô - observando o cortejo passar: foto

    -Bethânia e Dona Canô - também observando o cortejo: foto

    -Bethânia dengando a Rainha da festa de Reis: foto

    Avistei Rodrigo que logo já me conduzia pela mão por entre a multidão em frente da casa pra que eu pudesse cumprimentar, como diz Miriam Lucia, essa que é “uma personagem-símbolo do Brasil”, a sua mãe. Pedi-lhe a benção, e ela agradeceu-me a presença com uma voz matizada por uma ternura ainda mais indescritível do que a da vez de minha outra ida há três anos. Se eu não posso descrever-lhe a ternura, faço uma pausa pra através do vídeo a seguir dar uma idéia, e revelar algo do universo cultural desta matriarca:

    Dona Canô na TV Cidade - pelo YouTube

    Assim que terminei de cumprimentar e de receber a benção da Rainha, quando olho pra porta da casa, vejo de um lado Caetano e do outro Bethânia. Quando a vi, fiquei mesmerizado. Caetano acenou para mim e fez um gesto de aproximação e me apresentou à mana dizendo-lhe que eu escrevia no seu blog. Com o barulho, ela não o ouvia bem, e eu reforcei, com as minhas mãos suspensas, dedilhando um teclado imaginário e repetindo o que o mano dizia. E fui chegando perto e…. tasquei-lhe um beijo no rosto, que ela recebeu com aquele sorriso largo - um dos mais belos que existe! - como o sorriso que se vê no vídeo bem mais acima.

    VI

    Falar com Caetano não me emocionou tanto quanto ver de perto a sua mana. Eu já o devoro antropofagicamente em meus altares estéticos há tempos, desde muito cedo, e dele adquiri características que por vezes me geram ambivalência. É para mim um universo em parte bem conhecido, e em outra parte que eu tenho uma propensão enorme em conhecer porque é um universo em expansão. Já Bethânia, para mim é um universo que quase sempre beira o insondável, para o qual eu necessito de outro tipo de esforço e aproximação, a fim de penetrar no magma de sua arte. Um desafio supremo and delicado.

    Nesse outro momento, acabei conversando mais um pouco com Caetano, e, tentando deduzir que quem tinha falado a meu respeito pra alguém do círculo dele bem podia ser algum integrante da Fundação José Silveira, mantenedora de uma importante Biblioteca na cidade, falei-lhe que doei a esta quando passara no ano passado pela cidade, a pretexto de promover a implantação de circuito cineclubista, um exemplar de Por que ler os clássicos, do Ítalo Calvino.

    Acenei ao Caetanino, em despedida, e fui reencontrar a minha patota que ficara na rua.

    -Pausa pro universo cultural interiorano dos manos e da mãe, com um vídeo de uma seresta no quintal da casa dela em Santo Amaro:

    Pedrinha de Aruanda (documentário) - Exemplo/Lua Bonita: pelo Maricotinhaa

    VII

    E retornei pra minha patota acompanhando o cortejo até a praça principal, onde fica a Igreja da Purificação, até a parada após a Igreja, que sinaliza o final do Terno, em casa vizinha ao “Terreno”, onde estava montado um presépio vivo: com um bebê no papel no Jesus e várias das personagens bíblicas presentes.

    -Igreja da Nossa Senhora da Purificação na noite de Reis - antes do cortejo: foto

    Em frente à Igreja, nos demos as mãos e improvisamos, por uns breves e parecia que ao mesmo tempo intermináveis momentos, uma pequena ciranda… que foi encorpando e se encorpando com a participação da juventude da cidade - e reencenamos ao nosso modo essa linda abertura do último seriado televisivo baseado em Ariano Suassuna:

    Pedra do Reino: Ciranda de Abertura - pelo YouTube

    Após a passagem nas proximidades diante do presépio vivo, a Filarmônica entra para o “Terreno”, chamando a todos para os shows musicias, e o cortejo do Terno finda-se.

    VIII

    Ingressamos no “Terreno” praticamente nos misturando com os músicos da Filarmônica e - dromedários sedentos! - corremos pra beber cerveja. No mesmo instante, o primeiro grupo musical deu partida pra seqüência de shows. Senti desde logo a falta no local de alguém que faltou durante todo o transcorrer da festa: Rodrigo Veloso. Ausentou-se, por certo, sentido com a morte recente de Edith do Prato. -Uma pausa pra se ter uma medida da falta de sua presença e alegria:

    A alegria de Rodrigo Veloso estampada no Cinema Falado: pelo YouTube

    No “Terreno”, algumas das patotas formadas ainda no interior de nosso ônibus, começaram a - timidamente ainda - se freqüentar. Carla, que se postou como minha sentinela amorosa, a fim de permitir que só saqueasse - sem violência! - o meu ser dengoso and carinhoso quem ela consentisse, a exemplo da capitulinda Morgana, apresentou-me a uma trupe incrível de pessoas. Como eu gosto de divisar outros eus, deliciei-me com as histórias de vários dentre os nossos companheiros de viagem, que ela com avidez me relatava, e fui nutrindo as minhas simpatias por uns bem, por outros mais.

    Eu já havia conhecido da viagem anterior o, sempre sorridente, Osvaldo Fernandez. Ele é um dos educadores vinculados à UNEB e dedicados a estudos e pesquisas de gênero e sexualidade, o NUGSEX DIADORIM. Já haviamos nos falado durante a noite desde a Lira dos Artistas, onde começamos a beber cerveja juntos em companhia de nosso embaixador José Carlos.

    Mas quando Sandra Simões pipocou no palco e eu vi Morgana sambalançando com uma graça de fazer amolecer as pernas de um baiano do sertão como eu, encontrei o par ideal pra esbaldar-me na dança. Em segundos, eu já sussurava-lhe no ouvido, exclamando: -San Francisco! E ela me retribuía: -Bahia! Dançamos soltos com os outros várias vezes, mas sempre voltávamos e, bem apertados, corpos transpirados, formamos um par de arrasar, que deixava Carla e outros das patotas que, enfim, misturavam-se, elétricos!

    Foi assim, durante esses embalos, que encontrei e cumprimentei de imediato o Flávio Venturini, que flanava ali entre nós, e em cuja voz, desde a época do 14 BIS, e quando o projeto Pixinguinha durava uma semana, eu já voei e voei.

    Nos intervalos para tomar cerveja e nos refrescarmos pra voltar à dança, fui apresentado à pessoa com o astral maior que encontrei no local, o Daniel Mã, que integra o Na Roda, de quem fiquei amigo instantaneamente, e dias após, via internet, o apresentei à nossa metamorformosa mutante, a garota Impertinácia, Ana Cláudia Lomelino, e eles se conheceram recentemente no Rio de Janeiro.

    Encontrei, em seguida, Jota Velloso, sobrinho de Caetano, um compositor e intérprete com uma carreira em franca expansão, e um modelo como promotor de novas carreiras, por atrair ao palco de seus shows uma miríade de intérpretes e músicos que sai das platéias. Falei com Jota sobre as duas noites dos shows inesquecíveis, no ano passado, de Gereba e Tuzé de Abreu no Teatro Gamboa, a que compareci e que ele e Armandinho encerraram na segunda apresentação.

    (Já escrevei aqui na OeP sobre estes shows!)

    Através de Jota, fui apresentado a Jorge Vercillo, que estava lá, transpirando como nós, no “Terreno” apinhado de gente. Conversamos sobre a revista web viva que lançarei em companhia de alguns de nossos mais queridos companheiros desta OeP, e o chamei pra uma futura entrevista em nossa publicação online. Ainda perguntei-lhe se conhecia a carreira de Marina de la Riva.

    -Jorge Vercillo, Jota Velloso e eu - no “Terreno”: foto

    No auge da festa, por volta das 3:30, nosso embaixador, José Carlos, veio nos chamar a todos dizendo que este ano precisávamos voltar mais cedo pra Salvador. Saímos proferindo todo tipo de protestos. E zarpamos de volta.

    Desembarcamos no mesmo local da partida, no Campo Grande. A minha patota praticamente se desfez. Morgana e Barbara precisavam ir pra onde se encontravam hospedas. Rita, Sávio foram de imediato pra suas casas. Ficamos somente eu e Carla e nos misturamos com os restos de outras patotas.

    Caminhamos na direção do Passeio Público e nos deparamos, na lateral sobre o viaduto da Avenida Contorno, com uma visão do mar da Baía de Todos os Santos que nos fez a todos parar: uma lua branca inteira prateando inteiramente as águas em frente à Ilha de Itaparica! Seguimos do Passeio Público pros Aflitos, e dos Aflitos pro Largo Dois de Julho - sempre mirando o luar: que esbranquiçava-se, esbranquiçava-se, ficando cada vez mais esquálido com a chegada iminente do dia. Não vi, ou não quis ver, durante toda a noite, nem após a chegada acompanhando o luar, qualquer estrela no céu - contentara-me com as descrições de Sávio durante o trajeto da ida.

    -Pra quê? Éramos estrelas no chão!

    __________________

    Há coisas em Santo Amaro que não precisam mudar, como a nobreza gentil dos Veloso. E há lá famílias com desvãos psicossociais sérios como em todo lugar. Uma realidade a transformar.

    Atravessando a cidade de Amaro-oooh! pela madrugada, no retorno do Terno de Reis, eu não sabia ainda como dar expressão a um sentimento e percepção que se impregnavam em mim. Somente depois, somente depois. Vendo e ouvindo o seguinte:

    Across The Universe (Lennon/McCartney), por Fiona Apple: pelo YouTube

    letra em inglês & letra em português

    Reino Antigo - Adeus Santo Amaro: pela Rádio Uol
    __________________

    Quem me acompanha por outras bandas virtuais, sabe que, dentre outros motivos também da maior importância (a par dos bugs que às vezes nos empacam de acessar bem este blog nos últmos tempos), sobreutudo por conta dos preparativos pra começar a feitura do piloto da Impertinácia não tenho tido muito tempo de embarcar na infocaetanave. Mas quanta saudade de vocês!

    -Um beliscão na bochecha de todos os que me mencionaram desde a antepenúltima página desta OeP, seja ansiando pelo meu retorno, seja lendo-me retrospectivamente (como Clarinha), apreciando-me o sabor, a dor e o prazer de escreviver!

  154. Fernando Salem disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 5:43 pm

    Gil meu amiguito

    A confusão é achar que o “mercado” de música é apenas o mainstream e as gravadoras.

    Eu vivo de música há algum tempo. Faço trilhas pra TV, cinema, desenho animado e faço meus disquinhos com humildade.

    Durante décadas vivemos o abismo entre o broadcasting e o anonimato. Ou você era famoso e vendia discos, ou era alternativo reclamão.

    Hoje, isso muda bem rapidamente. Assim como nos Estados Unidos e na Europa, um cara pode produzir boa música e viver dela, sem ter que rebolar na TV.

    A mudança já tá rolando e o iTunes é só um detalhe. Quando a loja virtual se viabilizar no Brasil, os CDs disponibilizados serão os mesmos de sempre e o carinha vai ter que ter cartão de crédito internacional. Apoio. Mas não é essa a minha bandeira. Aliá nem tenho uma bandeira. Sou um fazedor de música meio metido a discutir outras coisas.

    Nos EUA há um circuito de bares e inferninhos onde muitas bandas tocam com bons equipamentos e cachês decentes. Na França, qualquer escola do Ensino Médio tem um teatro equipado com som e luz. É disso que eu falo. iTunes é pouco.

    Defendo a idéia de se produzir música sem a necessidade de virar uma celebridade. E se rolar de virar celebridade, acho o máximo.

    beijo na testa

    salm

  155. Eduardo Luedy disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 6:05 pm

    Nando,
    Please, leia o que escrevi a Castello, diria o mesmo a vc. Vá desculpando esse seu colega empedernido.
    luedy

  156. glauber guimarães disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 6:07 pm

    vish! “menina da ria” já entrou pra lista de minhas preferidas. acabo de ouvi-la uma 3, 4 vezes aqui…o cromatismo no “menina da ria…menina da ria…menina da riaaaa” é irresistível. o final com aquela doce nota mais aguda.
    o disco não poderia passar sem ela, falo isso muito sinceramente. se eu não curtisse diria ou não diria nada. a canção já nasce um clássico, sem exageros. caetano, muito obrigado, cara.

  157. glauber guimarães disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 6:10 pm

    carolina,
    a babá de minha filha tem orkut. ela entrou e eu dei uma fuçada rápida. curiosidade matou o gato.
    ……………….
    wesley,
    perceba que eu falei “ruim até para os padrões da música descartável”. o que é descartável ou não, cada um que sabe. cada um tem seu critério. mas que existe música descartável e que se quer descartável, isso há. boa e ruim.
    aah, essa música que se quer descartável também pode durar. garrafas pet e pilhas alcalinas duram milhões de anos. e poluem pacas. espero que eu tenha sido mais claro agora. a coisa tá animada aqui, que beleza, que maravilha…
    …………….
    gil,
    boa sorte nas suas campanhas. os cramps são lindos. e coloridos. informe-se.
    ………………..
    hermano,
    você é o santo padroeiro dos botecos virtuais!
    …………….
    réa, comenta mais que é legal!
    ……………..
    acho que foi teteco que citou uns discos aqui, vou no embalo.

    10 discos extraordinários da “mpb iso 9000″ que eu lembro agora. vou escolher apenas um do mesmo artista, o que é muito difícil:

    ivan lins - nos dias de hoje

    milton nascimento - sentinela

    moraes moreira - moraes moreira [75]

    caetano veloso - caetano veloso [67]

    gilberto gil - refazenda

    edu lobo & tom jobim - edu & tom/tom & edu

    elis regina - falso brilhante

    joão bosco - galos de briga

    guinga - casa de villa

    chico buarque - construção

    sem ordem!

  158. carolina disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 6:30 pm

    Povo:
    Eu fui barrada pelo Internet explorer e durante dias perdi nossos encontros…
    Rosana e Rafa partilharam comigo as angústias do bug no orkut.

    Pra colocar em dia:
    Glauber: bem que eu te procurei no orkut! Te vi no Myspace… Vc tem a maior cara de músico!
    Se vc naum tem orkut como viu as minhas comunidades???
    Ai que meda!

    Salém,
    Eu vou te mandar mesmo o material sobre meu trabalho com a loucura, lembrando que “de perto ninguém é normal”. Ontem passei na porta da Eca, me lembre que vc foi aluno do Tatit, logo pensei que vc deve ter andado por lá…

    Agora eu vou terminar de ler os comentários desse post.

    PS: Rosanna, Rosanna, Rosanna!!! (que bom que voltamos!)

  159. Renato Pedrecal disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 6:44 pm

    Olá, Eduardo Luedy;

    Nem mesmo com relação a nomes próprios temos “erros”? Porque é RENATO, não “Ricardo” ;)

    Deixa eu dar minha opinião com relação ao que você disse “(…)’letras de rimas miseráveis, melodias paupérrimas e harmonias de primeiras lições de violão’. Tudo isso ocorre no rock que muitos de nós amamos aqui (eu inclusive)(…)”.

    Eu teria a dizer que acho uma comparação bem infeliz porque no rock há uma série de excelentes compositores, comparáveis aos nossos (aqui no Brasil) melhores. Tanto mais se pensarmos que o termo “rock” comporta figursa díspares (mas igualmente geniais) como Paul Simon, Warren Zevon, Jim Morrison, Ian Curtis, Joni Mitchell, Laura Nyro, Paul Weller, Leonard Cohen, Marc Bolan, Morrissey, Jackson Browne, Lou Reed, Bruce Springsteen, Lennon (com ou sem McCartney e vice-versa) etc. As composições ligadas à axé music não me parecem à altura dos melhores compositores daqui (que dispensam maiores apresentações) nem de fora.

    Rock, em termos de letras, não é só “Tutti Frutti” desde mil novecentos e bolinha, porque houve um esforço e um empenho para que assim não o fosse (além de talento, naturalmente). E a crítica teve um papel importante nisso também; cabe ao público e à crítica que vivencia e acompanha a música feita na Bahia (e em qualquer parte) exigir critérios mínimos de qualidade para que possamos ter um panorama sempre melhor. E, como o Glauber Guimarães falou em algum lugar, é preciso que o povo possa escolher, isto me parece fundamental.

    Vocês são jóia!

    Um abraço,

    Renato Ricardo

  160. Flávio Mendes disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 7:28 pm

    Gil,

    a grande revolução no mercado de música não é a internet, não é a venda digital de música. A grande revolução é o acesso fácil às ferramentas de produção de um disco. Nos anos 70 mesmo um milionário que quisesse gravar um disco teria dificuldades. Aqui no Rio existiam 6 estúdios de gravação, todos vinculados às gravadoras e com os horários tomados pelos artistas das companhias, só quem fosse contratado de uma delas conseuiria gravar um disco. Hoje com uns R$ 10 mil se pode montar um estúdio no seu quarto e gravar discos com excelente qualidade, eu garanto. Isso é A revolução.

    E trabalhar com música, viver de música, ter uma carreira no mercado de música é muito mais do que aparecer rebolando na TV, ter um jatinho e comer todas as pessoas que quiser. Há outras e diversas e honestas e recompensadoras formas de estar no mercado, talvez você não saiba.

  161. Gravataí Merengue disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 7:45 pm

    Desculpa, gente, não quis melindrar ninguém do OeP. Estou falando do Brasil, da imprensa e de tudo. Honestamente, sendo bem franco, não conheço a filosofia nem o pensamento vivo de cada um dos presentes. Peço desculpas por isso.

    Falo dos articulistas, ensaístas e afins - de modo geral. Sobretudo esses da “Caros Amigos”, que são extremamente contrários ao regramento lingüístico na pessoa de Pasquale, e ao mesmo tempo favoráveis a uma música popular que não comporte manifestações populares legítimas.

    Não sei o que foi discutido aqui e minha opinião foi emitida baseada no que leio na imprensa, não nos comentários.

    Mais uma vez, portanto, peço desculpas se por algum motivo feri os brios da rapaziada. Abração para todos etc.

    :)

  162. gil disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 7:57 pm

    Glauber tem mesmo de tudo nesse mundo…uma vez no Mexico sob um sol intenso e escorrendo de calor me vi numa esquina cercado de uma moçada toda de preto, pintados, com casacões e chapéus…eu olhava praquilo e não fazia sentido…e daí?…era uma galera…eles acham que deve ser assim e pronto…o Cramps acha que deve ser assim e tem gente que os segue…normal. Mas aquilo não presta Glauber, eu te juro que aquilo não presta, é muito ruim e não faz sentido, é anacrônico…tem coisa melhor, avance Glauber, avance…enfim, me permita ter mais esparanças com vc, ouvindo seu som e olhando pra rapaziada, poxa, vamos mais adiante. Esqueça o Cramps quando der, aquilo não presta mesmo…ou não.
    É importante por outro lado responder com força a essa irradiação, é muito sério isso. Levo tão a sério que comentei violentamente a essa proposta cultural. Cramps não deve passar na porta, é só confusão e cafonice, não é extrato de nada…mas quem quiser que vista a camisa, normal.

  163. gil disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 8:24 pm

    SALÉM MEU QUERIDO
    O MERCADO DA MÚSICA É ONDE SE COMERCIALIZA A MÚSICA SALÉM, FICARMOS SOMENTE COM AS TRILHAS DE TV CINEMA DESENHO E DISQUINHOS HUMILDES PORQUE? PORQUE VAMOS DEIXAR O MERCADO DE MÃO BEIJADA PRA MADONNA? SÓ ELA PODE TER JATINHO PORQUE? SÓ ELA PODE COMER OS MENINOS E MENINAS PORQUE? SÓ ELA O QUE VC QUISER PORQUE? E NÓS FICAMOS COM OS DISQUINHOS HUMILDES…PORQUE SALÉM??? SÓ ELA PODE SER CELEBRIDADE? OK PARA TODOS QUE NÃO QUEREM, MAS COM UM PAÍS CONTINENTAL COMO O NOSSO PODEMOS SER MAIS AMBICIOSOS COM O MERCADO QUE DISPOMOS. A CONFUSÃO É ACHAR QUE TEMOS QUE NOS CONTENTAR COM AS MIGALHAS EM NOSSO PRÓPRIO MERCADO, É MUITO RELAXAMENTO HELOÍSA!
    TEM MUITA GENTE QUE VENDE DISCOS E NÃO É FAMOSO SALÉM, QUASE TODOS ATUALMENTE. OS POUCOS QUE VENDEM SÃO CONHECIDOS NAS SUAS IGREJAS. MAS A MADONNA É FAMOSA E PASSA NA CARA NOSSOS GAROTOS.
    ESSA HISTÓRIA DE REBOLAR NA TV É RELATIVA, TOMAR ISSO COMO SINTOMA DO QUE É PRECISO FAZER PARA TER SUCESSO É DESQUALIFICAR E REDUZIR A DISCUSSÃO. ( VC TEM ALGUMA COISA CONTRA O REBOLADO QUE EU AINDA NÃO ENTENDI HEIN…)
    A MUDANÇA JÁ ESTÁ ROLANDO E NÃO ESTAMOS PARTICIPANDO DELA. O ITUNES NÃO É UM DETALHE COISA NENHUMA, É A PLATAFORMA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL DA MÚSICA, A ÚNICA POR ENQUANTO QUE ESTÁ CRESCENDO. O ITUNES BRASILEIRO TEM QUE TER TODA PRODUÇÃO DA NOSSA MÚSICA, EXATAMENTE COMO FUNCIONA PARA A MÚSICA DE LÁ. TEM QUE TER PSIRICOS SALÉM. SEM CONFUSÕES SALÉM, OS INFERNINHOS DO MUNDO INTEIRO CONTINUAM COMO SEMPRE, NÃO É AÍ QUE ESTÁ A NOVIDADE.
    EXPERIMENTE BAIXAR OU ATUALIZAR SEU ITUNES, ESCOLHA EM PORTUGUÊS E OBSERVE O QUE VEM ALI…DIZ TUDO E AINDA, QUE VC PODERÁ COMPRAR SUA MÚSICA E AMPLIAR SUA BIBLIOTECA DE MÚSICA… NÃO É VERDADE, SÓ ESTÁ DISPONÍVEL A MÚSICA ANGLO AMERICANA…É POUCO.
    VAMOS SALÉM, ANDA COM ESSA CARROÇA MEU BRÓDER.
    KISS KISS BANG BANG

  164. Lúcio Jr disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 8:34 pm

    Oi, Caetano e pessoal.

    Só para não deixar a peteca cair: a norma culta já foi, segundo as pesquisas dos linguistas, apenas um dialeto entre outros, o dialeto dos cultos e letrados. Todos os dialetos se igualam, não existe alguns mais ricos e outros pobres. No entanto, esse dialeto dos cultos e letrados foi registrado e tornado o padrão (o que era necessário, permitiu a comuicação grupal, concordo com vc).

    Não quero acabar com o pp (português padrão), quero apenas tentar impedir que quem domina apenas essa variante de desprezar e ridicularizar os demais dialetos.

    No mais, não conheço aqui ninguém pessoalmente (Bagno, Possenti, Caetano, etc.) E me desculpem se algum dia eu e minha esposa Laurene fomos agressivos… A Laurene achou vc agressivo, Caetano, quando disse que o papo do r retroflexo era só seu e da Heloísa, ela sentiu-se excluída publicamente.

  165. Murilo disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 8:51 pm

    Aos que gostam de debater a nossa língua tem um interessante dicionário intitulado LINGUAGEM POPULAR NO BRASIL, do Dr. Fernando São Paulo, médico baiano, professor catedrático da Fac. de Medicina (primaz do Brasil). São dois volumes. É bom pra que gosta de falar a “língua dos anjos” e pra quem gosta de falar a língua do povo, ou para quem gosta de ficar no “limbo”, esperando o resultado: céu, ou inferno?

    Gostaria de escrevr algo fora do Tom, das normas, mas é preciso paciência e um juizo condescendente de quem lê o que escrevemos. O Blog quando fica transtudo, fica legal. Ontem eu gostei das bandas que se apresentaram no Festival de Verão. Gosto mais de Ivete do que de Daniela, mas gosto das duas ao mesmo tempo. Muda apenas a intensidade do gostar. Durval e Bel são dois astros. Acho que após observar que o negócio aqui não era ROCK, mas o AXÉ (perdeu o ingles “music”). Eles têm um “axé” especial. Eu não gosto de certas bandas de pagode porque passei da idade. Esses pagodes são excelentes terrenos pra quem busca sensualidade e sexo através da dança. Muita birita, muitos juízos fora de lugar, cabeças loucas, catarse e muita “mina” soltando as frangas” É a nação da esbornia. Respeito todos os tons musicais, mas fico com outros tons. Eu não sei dançar, senão eu, mesmo sem gostar, iria pra o mundo onde a vergonha cede espaço para a alegria.
    Agora, na questão sexual, não fico com Nando. Prefiro Freud.

  166. Murilo disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 8:59 pm

    Bôscoli disse na minisserie Maysa que a aproximação dele com Maysa seria interesseira e disse algo assim: ” a Bossa nova precisa deixar de ser música da patota de Ipanema” e Maisa seria a ponte para que a Bossa Nova ganhasse o Brasil. Será que isso é verdadeiro?

  167. jota disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 9:28 pm

    Teteco dos Anjos

    Até, pelo menos, os anos 20 do século passado, Luke Strick era um misto de tabaco e canabis sativa que rolava no Brasil. A onda de histéria, norte-americana, foi foi propagada e foi responsável pelo que ainda resta de ignorância, em nosso pais, sobre a marijuana. A palavra “marijuana” soava pejorativamente no México e tinha a mesma conotação que se empresta, aqui, à palavra “maconheiro”. Também é útil observar que o usuário de outras drogas são chamados de “maconheiros”. Prefiro usar a palavra “marijuaneiro” ou “canabiano”. Nos anos 60, Erasmo cantava uma música bonita, intitulada Maria Joana. Foi proibida a radiodifusão, mas pode ser encontrada na grande rede, via emule, ou similar.

    Sobre João Gilberto, consta em um livro de Ruy Castro (fantastico escritor) que o mesmo usava marijuana, antes da bossa nova. Dizem que a “canabis” abre os horizontes. Será ?!

    Gabeira tem um site que trata desses tema e o http://www.growroom.com, também. Não são sites apologeticos, mas que pregam a legalização, que só não acontece porque usuário de drogas não gosta de se expor e, por isso mesmo, não são capazes de se organizar. Organizados podem desorganizar e normatizar a legalização. O alcool é uma droga pesadissima e é legal. Não vejo porque não legalizar, já, a marijuana, que, segundo fui informado, não provoca overdose, ao contrario do alcool. Se faz algum mal, esse mal é único e exclusivo do usuário.

    Lança Perfume era legal até que Jânio proibiu. Conhecia Loló e derivados e a universitária (de vidro)…não usei Kelene, um anestésico, em vidro, que foi proibido. A primeira vez que usei Lança - faz tanto tempo - foi uma rodouro (dourada e metalica). Me disseram ponha no lenço, cheire e prenda a respiração. Eu exagerei a dose. E, felizmente, não prendi tanto a respiração. Foi um porradão. Depois que se aprende vc pula que nem pipoca. É um negócio interessante. Mas não uso pois pode provocar parada cardiaca. Cheirar farinha de trigo, misturada com bicarbonato, e achar que cheirou cocaína (, vasoconstrictora, inodora, branca [bem processada] e cristalina) é comum aqui na Bahia. Não entendo de drogas, mas procuro saber para não permanecer no rol dos ignorantes e preconceituosos.

    Também digo que o rol de famosos que usaram marijuana é interminável e que na classe alta quase todo mundo usou. É preciso ser muito caretão pra não ter o minimo de curiosidade. Reina, sobre o tema, muita hipocrisia e muita mentira e não é legalizada porque desmontaria toda uma estrutura criminosa que existe em volta do mundo das drogas.
    Agora é sempre bom lembrar que a diferença existente entre o remédio e o veneno está na dose. Os médicos sabem disso perfeitamente bem. Só os imbecis não querem ver. Outra coisa, não é bicho de 7 cabeças e é muito melhor ter seus filhos perto de você do que dos meios em que se processa o comercio de drogas. É outro detalhe que a imbecilidade impede ver. Vejo a legalização com bons olhos, mas deve ser bem planejada, com campanha educativa e tudo mais necessário para proteger o usuário de riscos e danos possiveis.

    “hoje eu vou tomar um porre/ ninguém socorre que eu tô feliz” (de um samba enrredo)

    “Vou apertar/ mas não vou acender agora/ se segura malandro/ pra fazer a cabeça tem hora” (B. da Silva)

    Agora vá dar um 2 a procura da batida perfeita !

    “Cidades Maravilhosas/Cheias de encantos mil… Os pulmões do meu Brasil” (CV - que eu interpretava do meu modo.

    “Há quem diga/que eu dormi de toca/ que eu perdi a briga/que cai do galho/que não vi saida”…+ ou - (S.Sampaio)

    Desaconselho o uso de drogas e se usar, use com moderação.

  168. Roque Barreto disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 10:04 pm

    Oh, que crueldade Caetano não explicar “existirmos a que será que se destina”? Não quero tomar Cajuína, gosto de Teresina e de coisas cristalinas. Da doce menina com sotaque interessante e diferente do meu. Gosto do meu baianês. Gosto dos meus LP´s, mas já não tenho radiola para ouvi-los. A tecnologia avança assustadoramente e eu entro numa de tropicalista. Minha estética é diferente da bostética das elites. Não debato inutilidades. Não quero falar latim. Eu quero falar brasileiro. Cansei da língua portuguesa. Quero o Brasil do Brasil, sem as normas consensuais e estrangeiras. Gosto de raparigas no sentido brasileiro. Agora não desgosto de Portugal nem dos portugueses. Gosto de Nova York, do blue jeans e das megalopolis. Do transtudo das cidades.Gosto do comércio, do escambo, do movimento das ruas, da atmosfera, das vitrines e de bailarinas. Adoro teatro e cinema e de viajar. De olhar o que ainda resta da mata atlântica que vai ser devastada e que vai deixar a terra careca. Londres me seduz, mas ganho pouco pra ir e vir; Penso como Hamlet, deprimo-me como ele e sei que é inútil dormir “porque a dor não passa”. A dor do querer e não poder. Quero OUTROS OLHARES, outras regras, outras normas. Quero sair da mesmice, da caretice, da babaquice e de todas as tolices. Marx e Freud não foram esquecidos. Não surgiu nenhuma filosofia nova, agradável, revolucionária para o bem estar comum. Nada de novo e tudo me parece antigo. O mundo ainda terá muitas guerras e todos somos responsáveis por elas. Gosto de ler Pessoa e de ouvir Caetano cantar. Acho que ele tem muito de Pessoa, um pouco de Godard e gosta de Psirico porque ele é a TERRA EM TRANSE. Cansei da Gramática e não curto matemática e essa é a minha burrice. Eu devia saber de tudo, inclusive da manteiga. Sinto falta dos bares com o ar espanhol. Os velhos armazéns e as quitandas onde comprava minha rapadura puxa, da boa. A prefeitura acabou a minha feira que era muito boa, mas era anti-estética. O mar foi melhorado e os canos de merda foram redirecionados para alto mar e o clima do mundo muda, nos mudamos o clima, nos tocamos e ferimos a natureza e ela sempre vai responder com maremotos, raios, trovões, ventos, tempestades, inundações e com furacões em Santa Catarina. Nos mexemos aqui e a coisa vai arrebentar em algum lugar. Nosso planeta é azul e eu adoro o azul do blues, gosto da produção musical e de tudo que eles criaram, inclusive o rock. Gosto da música do mundo, não quero ser regional. Quero pensar vasto e pensar o que ninguém pensou. Preciso de uma ideologia que tenha tudo de bom e nada de ruim, mas nós somos do gênero do homem e sempre o homem vai ser o lobo do homem. Acho bom assistir a entrega do Oscar. Não gosto da política de Israel, nem de homens bomba. Acho que o mundo seria melhor sem drogas e sem violência, mas a desigualdade é um fosso que parece não ter mais fim. Sou otimista quando imagino as “gantanamos” do mundo fechadas e eu sei que se fossemos o Haiti, teríamos libertados nossos escravos muito antes. Queria ver a Africa sendo salva. Não quero que o homem seja o bicho de Manuel Bandeira. Nada de catar detrito nos lixos. Acredito que a verdade e os valores do meu juízo continuem honestos e desejo honestidade pra todo mundo. Quero a verdade sempre, sem soro da verdade. Desejo paz e amor e acho que quero o paraíso, mas eu quero mais. Quero a juventude de volta pra que eu possa retocar desejos e arrependimentos, acabar com a culpa e outros sentimentos que meu ser social incutiu. Não quero discutir com a minha consciência e não acho bom que o super ego me torne neurótico. Doenças, até quando? EU QUERO È SEGUIR VIVENDO, tomando minha coca-cola e olhando vitrines e bancas de revistas. Preciso de leitura que não seja produzida pelo mundo virtual, mas o papel tornou-se inviável. Precisamos de sustentabilidade, da biodiversidade de um mundo ecologicamente correto. Somos nós, brasileiros, que temos a obrigação de conhecer a Amazônia; as algas são o pulmão do mundo! Fechar o buraco na camada de ozônio, descobrir o novo mundo dentro do buraco negro, descobrir os fenômenos que ocorrem no tiangulo das bermudas e, quando criarmos alguém, a nossa imagem e semelhança, estaremos diante de DEUS e game is over!

  169. César Lacerda disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 10:31 pm

    No início do livro “Capitães da Areia” (1937), Jorge Amado descreve as múltiplas sensações dos meninos de rua dormindo e convivendo num trapiche a beira do cais.
    “Ele queria uma coisa imediata, uma coisa que pusesse seu rosto sorridente e alegre, que o livrasse da necessidade de rir de todos e de rir de tudo.(…)”

    ;…

    Vivendo numa ex-capital, sinto toda a deformação no brio nas pessoas pela perda do honrado título -mesmo que elas estejam desavisadas disso-. No Rio, como em Salvador, a alegria sempre me cheirou a tristeza. Só que o Rio é mais dramático, Salvador é mais “desleixada”.

    ;…

    Carnaval (que odeio profundamente, mais que natal e aniversário) tem gosto de lama. E, muitas vezes, ouvindo as músicas que tocam no carnaval sinto gosto de lama.
    Adoro a tradição de samba de roda, da chula, da xiba, do terreiro. E adoro Ivete high-tech-com-berimbau-metalizado (acho a Mercury muito pós-80, muito vibrato, tudo demais e de menos, e a Leite muito Vercilo…). E amo É D’Oxum (É a única coisa que conheço do Gerônimo). Mas Jammil e Chiclete, PRA MIM, tem gosto de lama.
    Nasci numa cidade do interior de Minas (Diamantina), que pessoas do Brasil e do mundo iam para o carnaval fazer xixi na rua, comer as “jecas” do interior, sujar toda cidade e todas as cachoeiras, beber e se drogar até cair, roubar as pequenas vendas e ouvir música pop-rock-samba bahiana, ou seja, axé. Lama.

    Não acho o carnaval bonito.
    Acho desprezível numa cidade pobre como Salvador vender-se abadas a preços como aqueles. Acho desprezível aqui no Rio a estória toda do sambódromo, dos preços, da prostituição. Acho desprezível que no Brasil-carnavalesco a questão do machismo seja regulamentar o papel da mulher como objeto de compra. Acho desprezível que o pobre tenha sua felicidade de pouco menos de uma semana.

    ;…

    Não consigo dissociar samba-enredo e axé do carnaval. E talvez por isso goste de Ivete-pop. É mais limpinho.
    O pop tem esse valor capitalista de homogeneização dos produtos. Tudo fica mais ou menos livre de bactérias.
    Quando Glauber fala de uma manifestação catártica não posso deixar de concordar. Tudo que é pop vende porque é catártico. Até mesmo a idéia catártica de meditação. A grandiosidade é o princípio básico da produção capitalista.
    Carnaval é pop. Como Madonna é pop. Um fede a lama, a outra (deve) fede(r) a glitter.

  170. gil disse:
    Janeiro 31st, 2009 at 11:53 pm

    Flávio Mendes bacana seu Blackboard, não falei em revolução ( mas poderia), fui bem simples, falei no mercado da música, na feira, um troço antigo. Notei que na feira não tem do nosso, só isso. Feito de todo jeito, não tem nenhum na feira. Voltamos ao pré mercantilismo, simples, não tem feira.
    Há quem não se importe, quem não note, enfim…eu notei e não gostei disso. Só isso. Todo o resto é confusão.
    Outra coisa é o avanço tecnológico, bacana, queremos, mas temos que ter atenção porque ele tem dono e tem projeto. Temos que procurar entender pra que serve o avanço e rapidamente nos colocarmos de forma a que ele também nos favoreça.
    Eu acompanho tudo isso que vc relatou, pode crer, estou querendo agora perceber qual o fim do que está sendo gravado nos quartos com excelente qualidade. O que fazemos com o produto da revolução.
    Concordo, de novo, mais uma vez, que trabalhar com música é tudo que vc disse, aliás, foi o que eu disse. O que não concordo é que abdiquemos das outras formas também honestas, recompensadoras e diversas daquelas. E novamente, a questão singela é a feira, ou a padaria…tô sabendo.
    E de novo, bonito seu violão.

  171. gil disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 12:09 am

    Bird! BlackBird!!! fly…muito bacana mesmo…fui ouvir de novo e percebi o erro…tá consertado…valeu

  172. DIMAS ROQUE disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 12:17 am

    Fui chamado a uma conversa de pé de ouvido pelos sábios que teimam em permanecer incomunicáveis a grande população. Eles me disseram que “há algo errado que teima em permanecer entre a população e que com seus feitiços andam ludibriando até os insuspeitos”.
    Como sou uma pessoa de polca cultura, visto que não consegui ver o que Caetano vê no pagode baiano (perdão pela citação), não pude entender a profundidade do que eles me chamavam a atenção. Mas agora com esse texto de Emanuel a ficha caiu!
    Os sábios estão convocando uma reunião entre todos os seres iluminados para tentarem entender como isto aconteceu. Uns falam que chegou a hora da aposentadoria outros que precisam fazer uma OrkShop, tal o estado em que se encontram ao sabem que Viana afirmou, “A melhor coisa do mundo é pagode baiano”.
    Antes o É o Tchan era conhecido como Gera Samba. Nesta época o som que eles executam tinha um que de qualidade sonora e de letras, mas hoje o que psirico e seus irmãos siameses regurgitam está mais para barulho do que para música.

    As letras: é melhor não falar sobre para não contribuir com tamanha excrescência.

    Mas uma coisa é certa nisto tudo que vem perdurando na Bahia. Não é a falta de bons compositores que está fazendo a música baiana descer a ladeira da cultura, são os administradores de empresas de promoção que pouco entendem de música que tomaram conta das rádios através de jabás. Para eles o que importa é o lucro rápido e fácil. Nisto eles acertaram. Estão conseguindo vender m–da como se fosse ouro em pó.

  173. Gilliatt disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 12:32 am

    Jo-Au-Do! Que texto lindo! É cinema, é poético! É pra ler várias vezes! Coisa de quem sabe amar, sabe contar, sabe viver! Como te agradecer por nos ter levado até lá?!

    Um abraço imenso!

    PS: agora é preciso encontrar a menina da câmera!!!!

  174. Luiz Carias disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 1:43 am

    Ola enfil voltando a postar com alegria e sem preocupação com a página do site que enfim parou de ficar se atualizando.
    Caro Salém, me paarto de rir seus posts e respostas aos demais blogueiros deste canal, e adoro quando tu da tapa de luva ou expõe pensamentos claros e construtivos é demais.

    Sentoi o post último de CAetano um certo searcasmo em cima de quem o criticou ou falou que ele escreveu o que duz não ter escrito. Show!!!

    Luedy, tu é mais maluco que eu na questão de posts malucos…to adorando le-lo também.

    Muito bom este blog quando está funcionando.

    Até mais, bjus de fim de semana a todos…Luizao;

  175. daneil disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 1:57 am

    falta você contar a historia de menina da ria

  176. Igor Lucas Adorno Santos disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 2:42 am

    Rapaz, q eu me lembre, foi justamente com danças sensuais, catarse e letras ingênuas q o rock n’ roll se popularizou entre a classe média branca dos estados unidos, na década de 50, com o Elvis Presley.
    Aqui no Brasil, é justamente essa classe média branca (nem tanto), q se arroga ao direito de patrulhar as músicas, nesse caso a baiana, com argumentos de cunho técnico (teoria músical não serve pra isso) usados com a ingênua certeza de q um olhar pragmático (pretendendo-se científico, digamos a verdade) resolve a questão.
    Ouvir música é uma questão de Gestalt. A parte não é o todo. Porra, não é possível que só se possa ouvir música reparando na “pobreza dos acordes”, nas “rimas sofríveis” etc. Música tem algo em sua realida mais íntima q é inseparável de sua execução.Já ouviram falar em suingue (não, não é troca de casais)?. E por q colocar a harmonização (tonal, pra piorar, por q essa galera nem deve sacar o Schoenberg) como critério fundamental pra avaliar uma canção? E o ritmo?
    Quem entende minimamente de ritmo sabe q a percussão do Psirico é muito foda. A percussão baiana é do nível das melhores do mundo, se não for a melhor.
    Encher a música de sétima e nonas pra q? Pra q os críticos (de ouvidos sujos) possam se sentir em casa?
    Parecem remanescentes daquela ala saudosista da MPB (música pedante brasileira), não da MPB (música popular brasileira).
    Quanto as letras, na moral, duvido q vcs entendam muito do q o Caetano escreve. Ou acham q ele gostar do Psirico é gratuito, q não tem a ver com a própria abertura propiciada pelo tropícalismo?
    Poetas de verdade não ficam nessa de críticas superficiais e elitistas.
    Acho a sexualizção precoce um problema, mas não há retorno. Temos q munir as crianças de informações sobre seus próprios corpos, jogar aberto, mas paulatinamente, pra q não hajam traumas. Odeio essa disposição de manter crianças num limbo, supostamente protegidos e obviamente negligenciados, por q o corpo grita mais alto do q o comodismo dos pais q só querem lidar com a sexualidade dos guris depois q nestes crescem os pentelhos.
    Essa ortodoxia rock n’ roll é coisa de gente q não sabe dançar e não arruma namorada. Coisa de meninos de condomínio sem suingue, q não vão a praia.
    A música daqui da Bahia tem seus equívocos, mas não aceito argumentos com esse teor de babaquice.
    Infelizmente, a fase das bundas passou, agora estamos numa de traduzir o Hip Hop (adoro essa nova fase, ainda q traga seus cacoetes, seus discursos prontos).
    Lembrei agora dum lance. Rapaz, q mania é essa de passar responsabilidades a diante? Quer dizer q se sua filha ouve pagode não é por q ela gosta de dançar e interagir com gente da idade dela, e sim, exclusivamente por q a indústria empurra? Quer dizer q se a indústria empurrasse Mozart dava no mesmo? Expor crianças ao q elas não tem repertório pra compreender é irresponsabilidade, mas dos pais.
    Só falta agora querer proibir o beijo em publico.
    Fui, mas eu volto. Pra despatrulhar vcs.

  177. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 2:55 am

    Renato Pedrecal,

    Eu havia ficado de te responder aquele seu último comment.
    Você disse, ainda nos comentários do penúltimo post:
    [1] “O sentido de norma é o gramatical, então não tem nada de eu gostar ou não, está errado e pronto”.

    [2] “Não é passando a mão na cabeça de quem fala errado que as coisas vão melhorar”

    [3] “Em algumas tribos indígenas só se conta até quatro, depois é uma mão, uma mão e um pé, duas mãos, por aí vai. Não preciso dizer que os índios são dignos, preciso? Mas se não houvesse um “poder” ou uma “norma”, como ficaria o cálculo infinitesimal? A Física? A Astronomia?”

    Eu escutei recentemente uma crítica muito abalizada acerca de minha disposição para os debates em que me envolvo: eu costumo assumnir uma atitude propedêutica que é típica de uma postura iluminista - a mesma que eu me esforço tanto a criticar e a tentar superar. Ou seja, ainda que ciente de todas as implicações limitadoras do pensamento moderno, para se pensar cultura e sociedade, eu mesmo tenho uma postura “iluminista”. Ou seja, no fundo, o que eu procuro é situar a razão a partir de uma perspectiva que, creio eu, é a mais correta.

    Dêem um desconto então a este colega contraditório que vcs têm aqui.

    Renato, o que eu tenho tentado demonstrar aqui, de maneira muito incipiente, a partir de umas poucas leituras que eu tenho sobre o assunto, não sendo eu, portanto, um especialista sobre questões linguisticas, é que a noção de erro em língua é algo problemático. E é uma noção problemática porque parte do pressuposto que (a) a língua não muda, ou se muda, chegamos a sua “melhor forma”; (b) a língua é língua no singular, ou seja, não se concebe modos e padrões distintos dentro de uma mesma língua, a não ser como “desvio”, a não ser como “erro”; (c) essa noção de “erro” assume de maneira não-problemática a crença de que há uma maneira mais correta e elegante, sem que se leve em conta que tais atributos decorrem não de propriedades intrísecas à língua, mas, ao contrário, tais atributos são construtos sociais que decorrem de uma “verdade” sobre seus usos que é estabelecida por um determinado grupo social.

    “Passar a mão na cabeça” é uma maneira de “tolerar” a diferença, né? Se a gente assumir que não há erros em língua tal atitude tolerante deixa de fazer sentido. Lembre que quem se acha em condições de “tolerar” é quem se crê numa posição epistemológica superior. Você defende que não tenhamos tal atitude tolerante, mas parte do mesmo pressuposto: as coisas têm que melhorar. Ou seja, não falar de acordo com a norma é “não melhorar” as coisas.

    Sobre índios que só contam até quatro, eu não posso discutir contigo. Mas desconfio que um maior conhecimento de antropologia nos ajudaria muito a relativizar essa crença na razão como um atributo que não se encontra em povos não civilizados ou “primitivos”.

    abraço,

    luedy

  178. Neyde L. disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 3:09 am

    Moderador, por favor, poste esse comentário ao invés do anterior. Obrigada!

    Oi Heloisa,
    Um abraço para vc tbem. Sim, tenho certeza de que lá, no meio do povo (no meio do delírio), vc iria amar. É inexplicável… ou não…rs. É que qdo vc experimenta, vc se torna capaz de explicar, nem que seja apenas naquele momento…
    Aliás, para quem falou que ” É d’Oxum” é melhor que axé, eu diria que “É d’Oxum” é axé e que, nesse caso, vc gosta de axé! Mas não se preocupe, é apenas uma dessas coisas inexplicáveis que acontecem qdo é verão na Bahia e faltam apenas duas semanas para o carnaval…
    Beijos!

  179. Igor Lucas Adorno Santos disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 3:16 am

    Lembro q li no “Verdade Tropical” q Bethania alertou o Caetano para a vitalidade da Jovem Guarda, algo fundamental pra eclosão da Tropicália.
    A Jovem (Avant?) Guarda, hoje, está na Bahia.
    Psirico, Parangolé, Fantasmão: vitalidade!!!

    “Banho de pipoca!!!
    Banho de pipoca!!
    Sai olhado!!
    Sai olhado!!
    Sai olhado!!”

  180. carolina disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 3:17 am

    Joaldo, ainda bem que fui citada no comment dromedário!
    E eu que tenho lido muitos livros sobre políticas públicas de saúde sem tempo pra me debruçar sobre contos e romances me sinto agraciada pela sua escrevivencia!
    Foi um gole de água pra quem estava com sede.

  181. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:30 am

    joaldão,
    seu comment lerei amanhã pela manhã com toda calma, pelo tamanho. e que bom que voltou.
    …………..
    luedy,
    claro que eu sabia me utilizar da catarse, dos arquétipos e clichés do rock n’roll. não sou burro. num primeiro momento, intuitivamente, num segundo, mais conscientemente. porém, para mim, muito mais importante era MELODIA. depois MELODIA e letra. hoje, coloco LETRA em caixa alta.

    os dead billies duraram de 1993 a 2001. estamos em 2009. eu envelheci [não o quanto gostaria. adoro a frase ironica do nelson rodrigues "jovens, envelheçam!"].

    note que eu disse “crianças e pré-adolescentes”, que não têm estrutura psiquica e/ou emocional para discernir. além disso, crianças não estão escolhendo gostar de pagode baiano. estão sendo induzidas, o novo pagode baiano [como outras manifestações similares] está sendo empurrado guela abaixo. sem vasilina.

    os cramps defendem que lixo cultural, drogas e insanidade podem e devem fazer parte do cardápio do rock clássico. mas não para crianças, compadre. há coisas que minha filha pode ver, há coisas que não. isso não é moralismo, é bom senso.

    dá um abração em paquito se o encontrar, gosto muito dele. abraço procê também.

  182. Teteco dos Anjos disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:49 am

    Jota

    Se “a maconha abre os horizontes?” Bem, certa vez o Gilberto Gil disse que a erva o ajudava na introspecção mística, na meditação. Para Bob Marley, o seu uso era uma prática religiosa, que vem do termo “religar”. Ou seja mano, para os Rastafaris o uso da maconha é uma das formas de se religar com Deus, com o sublime, o iniludível. Para os “Daimistas”, ela é Santa Maria. Manu Chao é deliberadamente um ativista a favor de sua legalização plena.
    O que eu posso afirmar, por experiência própria, é que o THC abre um canal de percepção mais introspecto mesmo. Em muitos, essa dimensão perceptiva gera prazer e creio que pode sim ser usada para uma comunhão com a própria essência divina da pessoa. É uma questão de concentração, de silêncio, de meditação. Em muitos também, aí incluo o Caetano, ocorre justamente o contrário disso tudo; pensamentos disperssivos, náuseas, ansiedade e até pânico.
    No seu livro “Naked Lunch”, o escritor William Burroughs conta que conheceu muitos “junkies”(viciados em drogas pesadas; heroína, cocaína, morfina etc.) que tinham aversão total ao uso da maconha. É muito complexo. Mas pode ser resumido assim; em muitos gera prazer, em muitos não!!!

    Joaldo, seu enorme texto sobre Santo Amaro é um barato. Curti pacas !!! Você tem fôlego de romancista.

    A poesia é preguiçosa sim. Muitos escritores se tornaram poetas simplesmente pela preguiça de se lançarem num romance, ou em contos. Essa preguiça passa a ser virtude.

    Concordo contigo Salem, o universo da música não é tão somente o estrelato, o mainstream. Na Europa e mesmo no Brasil - tenho estado bastante na musicalíssima Campos do Jordão - conheço muitos músicos fora dos grandes circuítos que vivem bem e satisfeitos com o trabalho. Discordo com o Gil, que escreveu em CAIXA ALTA aqui sobre “DISQUINHOS HUMILDES”, o que me pareceu pejorativo da parte dele e deselegante com tantos aqui. Ei..mano Gil..(que não é o Gilberto Gil)..cada macaco no seu galho né!!!

    Glauber,
    O Cramps é demais. A Banda de Pìfanos de Caruaru é demais. Elomar é demais. Caetano é demais. Ozzy Ousborne é demais!!! Beijos!!!

  183. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:51 am

    luedy,
    outra coisa:
    o maxixe é o maxixe. outra coisa é outra coisa. essas analogias me dão nos nervos. não é por aí, moçada. o diabo mora nos detalhes.
    mar vamo lá: quer dizer que o que está aí é o neo-maxixe ou a versão moderna do maxixe ou que ocupa o mesmo espaço do maxixe? então o maxixe piorou assustadoramente…

    mas é como nando fala: se você não percebe a diferença entre o que os billies faziam em palco e o que o psirico faz, é realmente uma dificuldade sua. não posso lhe ajudar nisso. perceba as sutilezas [que nem são tão sutis assim]. se neguinho não vê diferença entre gerônimo e fantasmão, o que posso eu dizer? os critérios foram todos pro espaço sideral.

  184. Luiz Castello disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 7:24 am

    1.Gravatai Merengue.
    Voce é um autentico cavalheiro,e seu nome (Nick) é sensacional.
    Sua consultoria sentimental feminina é hilária.Pode não resolver os galhos,mas com certeza deixa as meninas bem humoradas pra encarar os malas sem alça,hehehe.

    2.Querido Luedy.
    Estou capitulando.
    Quer dizer,escrevendo mais um capítulo do nosso saudável diálogo,hehe.

    Voce disse :“No entanto, não abro mão de lhes exortar a emitir juizos de valor mais bem fundamentados e mais auto-reflexivos”.
    Sempre sou auto-reflexivo nas minhas opiniões.
    Emitir juizos de valor mais bem fundamentados ? hmm…sei não.
    Eu sustento a opinião emitida no outro comment,de que você quer introduzir no universo da música,as mesmas posições que defende,sôbre a gramática normativa.E dessa vez, do lado das elites que definem as regras.
    De qualquer maneira,eu acho uma furada.As “linguagens“são diferentes.

    Ah,eu toco alguns maxixes,e não percebo uma ligação com o tal “pagode baiano “.
    Os terminais continuam abertos,afinal, não sou dono da verdade.
    Gosto de voce.

    3.Augusto,Teteco dos Anjos.
    Revólver – que eu na intimidade pronuncio Revolver,como oxítona,de revirar ou mover em várias direções musicais - é um disco que eu ouço ininterruptamente há mais de 40 anos,na íntegra ou no varejo.
    Como é possível,Eleanor Rigby,Here There and Everywhere e For no one, pintarem no mesmo disco ?
    Fiz colagem com a introdução de “Love you to“ no meu samba avatarizado,linkado aí encima no meu nome.Era pra dar um clima,mas aconteceu uma “coincidência” ;
    No dia em que eu coloquei a voz na gravação,George Harrison fez a passagem pro andar de cima.A emoção ta registrada no meu tímido cantar.
    Resolvi deixar a introdução com a cítara,como tributo ao beatle,que podia não ser o mais talentoso do grupo,mas era o que eu mais amava.
    Sua lista de álbuns,inter e nacionais,eu colocaria tranquilamente no meu playlist.

    Epílogo.
    Que bom, a mocidade independente do OeP botar na avenida,Black Sabbath,Pet Sounds,Urubu,Noel,Mutantes,Dalto,Clementina,Jovem Guarda,Sgt. Pepper,Bob Dylan,Elis,Nelson Cavaquinho,e tantos outros, que eu pensava habitarem sómente o mundo perdido de meus contemporâneos.
    Voces enchem meu coração de alegria.

    Beijos ternos e fraternos,
    Do Castellossauro.

  185. Wesley Correia disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 8:54 am

    Heloísa,

    Veja que pecado, querida: imaginei que Menina da Ria fosse uma levada axé, ritmada com d’jimbê, timabau, atabaques e distorções de guitarra. Mas vi no último show do Caetaninho, em Sto Amaro, que a música soou samba e bossa e intimista e maravilhosa! Mas o que desejo te dizer é outra coisa - a versão de “Tempo de estio” que o Caetano gravou com Jamil, recente, é muito mais bonita e alegre do que a gravada no álbum Muito de 78, que me traz alguma aguda melancolia.

    Glauber,

    Não saberia periodicizar, do ponto de vista físico-químico-biológico,o tempo de degradação da barracha e seus derivados. Mas tenho dúvida se há química ou física quântica no mundo capaz de determinar o tempo de uma música, ainda que descartável. Me lembre de lhe falar algo interantíssimo. Um beijo no seu coração.

    Ju,

    Pasquale e Jorge Portugal estavam na festa em Santo Amaro. Perguntei ao primeiro se ele considerava necessário o acordo ortográfico, do ponto de vista didático, para o ensino de língua no Brasil. Ele me respondeu, de modo muito ameno, que era professor de língua portuguesa e não gostava dessa política. O termo “política” soou ambíguo para mim porque eu não soube ( e também não perguntei)se se referia à possível polêmica que o acordo teria criado ou à gestão política administrativa responsável pela implementação do mesmo.

    Por hora, vou de Gil: “Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar!”

    Té breve,

    Wesley

  186. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 10:36 am

    Mas Glauber,

    Através da música popular nós já desconstruimos tantos destes critérios pelos quais legitimariamos esteticamente a “boa arte”, ou a “boa música”. Melodia? Qual é a sofisticação melódica de Tutti Frutti? De Sex Machine? Tá, vocês querem exemplos mais contemporâneos?. Eu citaria Madonna (”Justify my love”, “Music”). Qual é a sofisticação melódica do Cramps? Ontem tava vendo a Alanis MOrrissete cantando. Puxa, qual é a sofisticação melódica da belíssima canção “thank you”? Veja, eu tô pensando em critérios de sofisticação formal. Nada destes artistas se pode equiparar à sofisticação melódica e harmônica do lieder romântico e ultra-romântico de compositores da chamada “alta cultura” européia. E o que falar do rap? Ou você vai me dizer que o rap é “menos” porque o aspecto melódico é praticamente inexistente ou incipiente.

    O mesmo vale para o critério de avaliação estética que se baseia na sofisticação do texto cantados. Enfim, eu acho que a gente precisa discutir isso daí melhor. Falar em “letras de rimas paupérrimas” só pode ser compreendido a partir de posturas formalmente conservadoras, como se não houvesse todos aqueles desdobramentos poéticos que buscaram se libertar do rigor formal-métrico.

    abs
    luedy

    ps. eu queria dizer a Heloisa que estou atento ao que ela escreve.
    ps2: queria agradecer às pessoas que se manifestaram positivamente às minhas imertinências por aqui.

  187. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:09 am

    Gilzão

    Câ disse assim ó:

    “O MERCADO DA MÚSICA É ONDE SE COMERCIALIZA A MÚSICA SALÉM, FICARMOS SOMENTE COM AS TRILHAS DE TV CINEMA DESENHO E DISQUINHOS HUMILDES PORQUE?”

    Foi um ato falho seu. Quem disse que trilhas de TV e cinema não são comercializadas? Eu ganho dim-dim com isso. E com muito orgulho.

    Quanto aos “disquinhos humildes” foi apenas uma expressão pra que eu não parecesse metido à besta. Gosto muito dos meus discos. E o Do Castelo Ra Tim Bum vende feito pipca até hoje.

    Eu não sou a Madonna. E gosto que ela exista. Mas odeio a idéia de que preciso ser Madonna pra viver de música.

    Não sou militante. Sou cantante.

    beijo na testa do mercado

    salem

  188. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:16 am

    Oi Dimas

    Ó só o ‘cê disse:

    “Não é a falta de bons compositores que está fazendo a música baiana descer a ladeira da cultura”

    Prefiro Moraes

    “Quem desce do morro não morre no asfalto, lá vem o Brasil descendo a ladeira”

    Sem querer você usou uma imagem mítica pra desqualificar a música da Bahia.

    beijo descendo a ladeira

    salem

  189. Maria disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:16 am

    E do Tom Jobim, lembro agora de Samba do Soho, que ouvi num show dele aqui no Recife,mas que foi cantada pelo filho dele, se não me engano,ele me disse que o nome era Paulo Jobim.
    Antes desse show, acho que em 92 ou 93, eu que trabalhava no teatro, tentei uma entrevista com o Maestro, mas o fato que ele não respondia nenhuma pergunta e só me perguntava coisas. Até hoje sinto aquela alegria em lembrar que passei alguns minutinhos ao lado de Tom Jobim, embora tivesse ficado sem uma palavra dele para escrever no jornal do Centro de Convenções. Ele fez um show ao piano com um coral integrado só por mulheres. Como disse Caetano numa música, “Pletora de alegria o Show de Tom Jobim”, quer dizer, o Caetano disse: Pletora de alegria o show de Jorge Ben jor.

    aí vai a música:

    Samba do Soho:
    Quando ando pelo Soho
    eu me lembro da Gamboa
    ai, ai, ai que coisa louca
    ah meu deus que coisa boa

    lá por trás do Cais do Porto
    na ladeira da Preguiça
    onde otário nasce morto
    onde só dá gente boa

    quem não sabe o que é saudade
    não conhece esse dilema
    não provou desse veneno
    nunca teve uma morena

    ah meu deus que bom
    te encontrar nessa cidade
    quando dobro a esquina
    dou de cara com a saudade

    ai, ai ai que coisa louca
    ai meu deus que coisa boa
    ai, ai ai que coisa louca
    ai meu deus que coisa boa

    beijos a vocês queridos

    Maria

  190. paloma, na portinha disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:21 am

    ola todos. abro um parêntesis no meio dessa discussão para contar mais uma, talvez a última, historinha de vida, um daqueles momentos marcantes na formatação da personalidade da indivídua aqui.

    eu tinha uns 11 anos, 1967. durante uma aula sobre regras de trânsito eu discordei da professora quando ela ensinava que o sinal vermelho significava ‘pare’ e o verde ’siga’. todo mundo me olhou esquisito. eu disse que não era bem assim e que iria provar.

    foi quando tudo começou : rotulada de “chata” por aqueles com preguiça de pensar, e de “polemista” pelos que tem tempo para gastar.

    acontecia que, para chegar na escola, eu precisava atravessar algumas ruas movimentadas. na maioria destes cruzamentos haviam sinais luminosos. mas apenas para os automóveis. é óbvio que, nesse caso, o pedestre só deveria atravessar a rua no sinal vermelho! então, ali, o vermelho significava ’siga’. simples assim.

    chata para cacete, mas sempre com alguma razão. essa ânsia quase psicótica de desmascarar, no bom sentido, um possível outro lado de qualquer coisa nessa vida é a energia que abastece meu espírito. não preciso nem ir muito longe : a novidade pode estar bem ali, do lado avesso !

    minhas cutucadas no caetano são ou foram isso. pura curiosidade, mais uma pitadinha de candinha. tipo quando pedi que comentasse sobre suas variações de sotaque. do carioquês/paulistês ’sem dôcumento, dêzembro’, passando pelo bahianês cardiológico ‘córação isso, córação aquilo’ até o retorno ao circunflexo na ‘pôça’.

    “claro que a pronúncia é pôça”, disse me ele irritadiço, sem citar meu nome. querido caetano, o claro é que em são paulo, na ria, e em portugal todo a pronúncia é póça. (mas isso se diz para um gê(é)nio ?

    penso que caetano me acha uma chata, se não for arrogância imaginar que ele acha alguma coisa de mim. afinal eu suprimi da biografia de warhol uma risada perdida na bahia.

    mas uma vitória eu consegui : o remix de incompatibilidade ganhou 5 estrelas na página de audio-visual. acho que foi dele. naquele momento até desenhei (de design) uma via de acesso ao blog, personalizada, querendo ir além do batepapo, maior interatividade musical e totalmente experimental, e sem qq fim lucrativo que não fosse pura diversão. sonhar é preciso.

    não estou a fim de pesquisar outra situações. e vou encurtar este cmt antes que fique fora das minhas próprias especificações de etiqueta.

    bom. no post anterior, qdo caetano publicou a letra de ‘menina da ria’ e disse, ou eu entendi, que a música não estava composta ainda, achei que era uma possibilidade de continuar brincando de customizar o ídolo. como no caso do remix quando até se cogitou um “concurso”, pensei que para a ‘menina’ algo parecido fosse viável. afinal a obra está em progresso (ou agora não mais?). foi apenas delírio.

    uma puxada de assunto, pois afinal a música estava pronta. mas o que me ‘desnorteou’ foi que a ‘revelação’ não veio do próprio caetano. surgiu, out of the blue, via email, num “video-pirata”!?

    quer dizer : a última “faixa” que falta(va) para fechar o disco, tema de post super comentado, foi apresentada em santo amaro. mas em pleno 2009, ninguém tinha uma boa câmera para gravar a ‘premiere mundial’ da menina da ria. uma atitude portuguesa, com certeza.

    mais estranho: mesmo com o link divulgado, ninguém comentou, criticou ou elogiou a menina. exceção para o glauber, 250 comentários depois. não há mais dúvidas : amiguismo saiu de férias.

    mas ler caetano - e é esse o motivo de estarmos aqui - elogiar ritmos canibalistas não dá. já basta constatar o triste destino da mpb nas paradisosfm, rádio-ação entre amigos, paraíso do jabá e do retrocesso, codinome flashback. com a morte prematura - deus sabe o que faz - dos gays cazuza, russo e eller, e o sumiço da voz de marina, a autenticidade foi literalmente para o espaço. do que ficou acho quase todos posers ou cretinos.

    por falar em canibalismo, alguém viu o festival de salvador? eu vi, como eu posso ser quem eu sou sem conhecer o “inimigo”?

    antes de falar do quarups aeróbicos bahianos, preciso desabafar sobre o nando reis. coitado. parecia um ney matogrosso num modelito ‘doce bárbaro’. adoro o nando reis, desde quando ele era meio apagadinho na trupe do ‘the clash’, digo, dos ‘titãs’. é um gênio que deveria manter-se firme na sua timidez, e não aparecer em público. foi triste vê-lo alterado saltitante com um coral cafona ao fundo. lamentável. senti meu córação aprétado e dérliguei a tv.

    qto à ev e à iv, meias palavras bastam.

    hermano, vc emana vibrações muito boas. estar aqui foi uma terapia. bem me aconselhou meu homeopata. muita grata. a todos foi um prazer. um pessoal divertido mesmo. continuo amando o caetano que idealizo, menos global, menos capital. por mencionar a globo : roberto carlos é o ó. enganou muito trouxas comprando canções da ‘conceição’, e fez fortuna com as versões de rossini pinto. como diz uma amiga : o roberto conseguiu tudo na vida, menos dar um jeito no seu penteado patético. tsk, tsk.

    vou sair do rio e para onde eu vou a internet está engatinhando, mas se der volto para encher o saquinho de quem merecer.

    bjs paloma

  191. Maria disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:27 am

    Que coisa esquisita, todos os sites que abri agora tem a letra de Samba de Soho que colei acima, mas eu lembro de uma parte que diz: lá por trás do cais do porto “……” fez um samba na batida do morro, de angola de luanda, quem não sabe o que é saudade.
    Alguém lembra disso?
    Maria

  192. Julio Vellame disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:31 am

    Glauber meu velho, lembrei pra caramba de vc ontem no festival de verão.

    Depois do show da atração internacional, que não cito o nome com medo da propriedade intelectual, fazer aquela coisa igual ao que agente vê no Multishow, zero de saber onde está, para quem está tocando e vice versa, me deram uma tal de pulseirinha do backstage (logo eu que só tinha ingresso de pista e meia sem carteirinha!): Aquilo é que é universo otário, Lobão não tem razão, uma galera super besta na porta de camarim….

    Pois bem, findado o show fui para um palco menor onde tava rolando um negócio massa: Moinho tocando junto com Tony Costa! e CH e os retrofoguetes.

    Muito, muito contagiante mesmo. Depois rolou um esquema de entrevista tipo Serginho Grosmam onde tinham VÁRIOS fãs de rock de Salvador perguntando para eles com mediação de Margarete Menezes e um cara da TV chamado Timbó.

    Lance muito Glauber mesmo, vc perdeu.

  193. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:40 am

    HERMANO. ESSE É O QUE VALE

    Joaldíssimo

    Logo que vi a página carregando notei negritos, itálicos e links laranjinhas no meio da bagunça.

    E pensei assim: o homem voltou com suas foto-palavras pra dar sentido a tudo.

    De primeira, bastou o olhar o catatau que você escreveu. Como um quadro acalentador. Bastava apenas que ele existisse. Sem ler. Pensei em imprimir pra ler depois. Aí, achei bobagem dar a ele um status diferente. Ele tinha que ser lido como todos os comentários. Como mais um.

    Calibrei a íris e entrei no busão com você. E fui até o final na carona do teu relato emocionante e cheio de detalhes apetitosos.

    Olhar o mundo através da tua lente se tornou um ponto de equilíbrio nesse blog tão pendular.

    Quando você não está, as polêmicas se perpetuam. A página não vira. Até tentei fazê-lo trazendo a canção Lígia pra berlinda. Deu certo, mas nada se compara à sua re-entrada triunfal.

    Estou mais sossegado agora. O modo que você escreve torna as discussões sobre gramática, direitos autorais ou pagode baiano um tanto pequenas pra mim.

    Você faz a moçada se lembrar de que aqui não há comentaristas. Há protagonistas.

    Seu olhar panorâmico e seu zoom atômico têm um efeito vitalizante. Você raramente está em oposição. Vê tudo do alto da sua cabeça voadora.

    beijo na tua testa sensível

  194. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 12:08 pm

    Luedão

    Pra dizer que aos seus amigos canônicos que os rabequeiros do interior Nordeste não estão tocando “errado”, nem precisa evocar a sócio-linguística.

    Cacilds! Eu já falei trocentas vezes aqui sobre o respeito que tenho ao sazonal, aos dialetos, aos modos, à diversidade, à transgressão, aos regionalismos, à beleza das conjugações diferentes, aos sotaques, às etnias e à beleza da música brasileira nos seus mais diferentes matizes.

    Pra mim você dizer que segundo a tal da “norma” uma letra (você generalizou) de pagode baiano seria um “barbarismo”, foi uma forma de impor seu racicínio sobre gramática.

    Um paralelo infeliz. Não usaria jamais o Sistema Tonal como exemplo se estivessemos falando sobre os rabequeiros. Estávamos falando de músicos pop-baianos que fazem canções apoiadas em códigos musicais, gestuais e culturais. E que se fosse pra usar alguma norma exclusivamente musical avaliativa (coisa que eu não faria) a música produzida por esse pessoal é SIM apoiada no Sistema Tonal.

    Foi uma ironia, já que pouco se pode dizer sobre a música baiana usando o Tonalismo como parâmetro. Assim como pouco se pode dizer sobre música baiana usando a “norma” da gramática. Estava dizendo em resumo que ao usar a palavra “barbarismo”, você roubou no jogo.

    O que de melhor se disse (contra ou a favor) sobre a música popular da Bahia, por aqui, estava apoiado em argumentos culturais consistentes.

    Foi Nando, Glauber, Gil e Caetano quem mais mexeu com a minha cabeça sobre o tema. E eles pouco usaram de teorias gramaticais ou musicais pra isso.

    Usaram suas sensibilidades e vivências. É disso que gosto. Não posso ficar pegando carona em qualquer conversa pra defender politicamente posições sobre gramática. Isso é redutor. É chato.

    Foi por isso que falei de Tatit, Weber, Debussy e o escambau. Pra mostrar o quão distante seria usar uma sintaxe musical pra qualificar ou desqualificar a música da Bahia.

    Estou olulando. Não ouço música popular pensando em gramática e nem em tonalismo ou atonalismo. Quando ouço música popular penso no meu bisavô.

    beijo na rabeca

    salem

  195. Gilliatt disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 1:15 pm

    Maria, você tem razão.

    o Samba do Soho tem um verso que diz:

    Por ali no Peu
    Donga fez o samba
    na batida do povo
    de Angola, de Luanda

    São versos que, na segunda vez em que a música é cantada (pelo menos no disco Passarim), substituem aqueles que dizem:

    Lá por trás do Cais do Porto
    Na Ladeira da Preguiça
    Onde otário nasce morto
    Onde só dá gente boa

    Essa canção, que é do próprio Paulo Jobim com o Ronaldo Bastos, tem uma deliciosa versão em inglês, que diz assim:

    When I walk around Soho
    I remember Gamboa
    There’s a feeling there’s a beat
    That hugs me like a boa

    Walking by the docks
    Where Donga made the Samba
    In the rhythm of the people
    From Angola, from Luanda

    Suffering the longing the wonderful dilemma
    Falling in the trap of the beautiful morena
    Oh it feels so good kissing you in the cinema
    With this God’given love
    Who would dare to condemn us?

    Ai, ai, ai, que coisa louca
    Ai meu Deus, que coisa boa

    Suffering the longing the wonderful dilemma
    Falling in the trap of the beautiful morena
    Oh it feels so good kissing you in the cinema
    Now we’re getting down in Soho
    Sandals, beads and diadem

    Eu adoro o verso “falling in the trap of the beautiful morena”. Que esperto! Não sei se o Ronaldo Bastos fez primeiro a versão em inglês ou em português. Elas foram gravadas na mesma época.

  196. Nando disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 1:44 pm

    Igor,

    Todo mundo aqui sabe o que é swing ou suíngue. Muitos conhecem Schoenberg. Você não está entre otários, como parece acreditar.

    “A percussão baiana é do nível das melhores do mundo, se não for a melhor”.

    É mesmo? É melhor do que a percussão mineira ou a indiana, por exemplo? Em quê? Em “fazer dançar”?

    “Quanto as letras, na moral, duvido q vcs entendam muito do q o Caetano escreve”.

    Seguramente só você entende.

    “Essa ortodoxia rock n’ roll é coisa de gente q não sabe dançar e não arruma namorada. Coisa de meninos de condomínio sem suingue, q não vão a praia”.

    Só você arruma namorada e vai à praia, certamente. Nem mora em condomínio.

    “A música da Bahia tem seus equívocos, mas não aceito argumentos com esse teor de babaquice”.

    Pois é, você deve ter argumentos sem teor de “babaquice” para nos mostrar os equívocos. Por favor, nos ensine quais são.

    ***

    Joaldo, que belo relato. Demorou mas super valeu a pena!!!

  197. Lucas Jorio disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 2:43 pm

    Teteco dos Anjos e moderador,
    postei esse comentário para Teteco no post anterior, quero repetí-lo aqui porque a fila já andou.
    Por sugestão sua fui olhar “búdico” no dicionário, não associei logo que seria de “buda”. Achei interessante, quando se fala em buda não me vem deus ou religião ou oriente na cabeça, vem antes de mais nada a imagem, um gordo sentado fazendo nada, ou meditando. Essa imagem para London London, em que a gente tem um sujeito magro cantando maravilhosamente desanimado enquanto perambula e vê mas não vê as coisas, tipo uma serpente meio sem força para seguir o som da flauta quase alegre, achei interessante misturar essa imagem à percepção que eu tinha da música.

  198. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 2:58 pm

    Salém,
    A gente não tá se entendendo: eu não pretendi jamais contrapor a gramática normativa (com suas regras) às letras dos pagodes (ou de qualquer outra música popular). Fiz uma analogia entre as normas gramaticais para o uso “correto” da língua com os cânones musicais estabelecidos, os quais desautorizariam musicalmente nao só o pagode mas um monte de coisa bacana. Se você acompanha o que muitos aqui falam acerca da “pobreza” musical desses gêneros, você vai ter uma idéia melhor do que estou querendo dizer.

    Pra mim você dizer que segundo a tal da “norma” uma letra (você generalizou) de pagode baiano seria um “barbarismo”, foi uma forma de impor seu racicínio sobre gramática.

  199. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 2:59 pm

    Ops, eu deixei no meu último comment o trecho que eu havia copiado de Salém para poder melhor comentá-lo.

  200. Miriam Lucia disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 3:32 pm

    Quem ler um pouco da biografia de Pasquale ira compreender que sua intenção sempre foi a de ensinar, e é assim que o vejo, como um grande professor. Sua preocupação em manter algumas “tradições” referente a língua portuguesa esta exatamente ligada a sua paixão pela nossa língua, não creio que possamos dizer que ele seja um radical com relação a mesma, penso que sua compreensão vai muito alem das normas gramaticais, as quais ele se utiliza para que possamos ter uma visão mais ampla das deformidades da mesma. Seu entusiasmo pela língua como sendo a verdadeira identidade de uma nação, o Brasil, chega a ser contagiante. Um estudioso incansável, que esta sempre ligado em todas as formas de comunicação, jamais desprezou qualquer forma mesmo que seja “disforme”. Ao contrario da visão, muita vezes restrita, que algumas pessoas tem do professor Pasquale, o vejo como uma pessoa que denuncia as deformidades gramaticais, nos dando uma dimensão da flexibilidade da própria língua, seja ela a tradução através da criatividade popular, das musicas, poesias, literatura, etc. Quem dera, tivéssemos em nosso país mais, e mais, professores que tivessem esta mesma responsabilidade e preocupação no ensinamento da língua portuguesa brasileira (agora “meio” unificada), a tia Regininha tem, isso sou bem segura.

    Para completar o que disse coloco o link sobre o acordo ortográfico que seria o samba que o Rafael postou ai muito legal.

    http://it.youtube.com/watch?v=l3zzn4k9dRE

    Labi é demais mesmo, adorei seu comentário reportagem, realmente tem coisas que a gente nem imagina, não tinha pensado neste aspecto que foi apontado na entrevista, muito interessante. Aqui na Itália temos um trans muito famoso Vladimir Luxuria que foi o único deputado trans na historia de seu pais. Pessoalmente eu adoro Vladimir, é de uma inteligência e delicadeza que cativa a gente, mais sei bem que durante toda campanha foi vitima de ataques de todos os lados, depois também foi agredido na Rússia por sua condição sexual. A igreja católica condena com veemência o homossexualismo. Acho engraçado quando vejo uma matéria na TV falando dos trans brasileiros e os chamam de “viados brasilianos” e quando escuto me parece que dizem veados e sempre acho que existe ai um certo preconceito, mais saiba que por aqui a tal carne do “veado brasiliano” é bem apreciada. (risos). Aproveitando que estou falando com ti, escrevi faz tempo alguma coisa sobre o negocio do “elemento mulher” mais não consegui postar, você é fantástica.

    Glauber eu conheci o Dalto por causa de um namorado, adoro escuta-lo, é um CD dos meus favoritos.

    Então eu me ausentei 1 dia do blog e quando vi eram muitas mensagens para ler, daí passei o dia lendo e quando fui postar tinha dobrado, daí fui ler novamente, e hoje pela manhã quando vi o lindo comentário do Joaldo pensei agora as pessoas param um pouco pra ler e daí eu consigo me atualizar, que nada, como este povo fala!!! Vamos la que tinha tantas coisas para falar e fico aqui “comendo bronha”.

    Beijos e voltando

  201. Robertão (do Recife) disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 3:55 pm

    Rapazes e Mocinhas,

    Tem muito debate esteril que não leva a lugar nenhum, salvo a desentendimentos. Dizem que política, religião e futebol não se discute, parece que é chegada a hora de se colocar o gosto musical de cada um. Eu gosto de tudo o que agrada os meus ouvidos. Quando a música é boa, não troco de estação. Meu estado de espirito muda e tem música que ontem eu não gostava e que hoje gosto e amanhã posso voltar a não gostar.
    Entender o que Caetano diz, tudo o que ele diz, e outras tantas que ele não chegou a dizer, não é pra qualquer um não. Caetano tem arte e manhas.
    Eu prefiro entender as coisas do meu jeito e foi assim que eu comecei a gostar do rock. Não entendia as letras, mas elas me diziam algo e eu traduzia as letras e fazia a minha própria versão. Caralho, eu não sei falar e muito menos ler em ingles e gosto de rock. Gosto de Axé e de Pagode, de música clássica e vai de acordo com o momento. Tem horas que é bom ouvir música com o volume no máximo e noutras é bom quando se ouve baixinho. Cada um com seus valores, seus critérios, seus argumentos e tudo mais. Não sei dançar e dai? Não sei, mas ganho muitas gatinhas. Se eu tocasse violão e soubesse dançar eu ia ser mais que demais e Deus não dá asa a cobra. Só deu asa a Caetano porque ele é um anjo e pra todo um elenco de cantores-compositores que não preciso elencar.
    Outra sandice é essa coisa de debater quem mora, ou não em Condomínio. Acho a moradia vertical um cortiço vertical, mas as ruas da cidade são retalhos desse cortiço. Também se fala muito em “esquerdas’ e tem gente aqui que já leu toda a obra de Marx, menos eu. Tem gente que não é otario e não gosta de ser tirado como tal, mas a vida é uma escola e vai ter sempre sabidos e otários e quem nunca foi, um dia var ser. Sabido demais se atrapalha e eu não gosto de discutir sexo de anjos. Igor e Nando tem suas razões de discutir e eu não tenho nenhuma razão em me meter nesse papo deles, mas acho que não leva a nada. Prifiro ficar na minha, com meus gostos, com meus valores e seguir vivendo com a minha pluri-polaridade e independência no livre pensar de Millôr.
    Cazuza estava certo no destilar terceiras intenções, desperdiçando meu mel.
    Ninguém fala em Geraldo Azevedo?! Bom, foi Chico quem disse que Deus permite a todo mundo uma loucura. Já passei da conta e mereço perdão. Fico aqui mesmo, parado no ponto esperando o tempo chegar, ou então saiu correndo pra não perder tempo. Não esqueçam do arroz doce e segurem o lelê. Fui, banda mel!

  202. Nando disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:29 pm

    O que está faltando na música baiana é o “fator Roupa Nova”: música popular feita com qualidade, cuidado, sofisticação.

    Esta noite eu sonhei com um antigo guitarrista da Cheiro de Amor chamado Boca; Boca tocava pra caralho, onde andará Boca? Boca nunca pôde mostrar o que sabe, sempre naqueles dois acordes, lá menor e sol maior, bragadá bragadá bragadá, mãozinha pra cá, mãozinha pra lá; Roseval morava em Brotas e tocou no primeiro disco de Brown; Roseval é(era) o Hendrix de Brotas; Brown sabe das coisas, Brown é mestre; hoje é a maldição do cavaquinho; e pensar que Paulinho da Viola deu um cavaquinho a Pepeu e os Novos Baianos fizeram todas aquelas coisas maravilhosas. Quem são hoje os bons guitarristas da música baiana?

    Fazer o quê.

    Você vai assim, você vai assim, você vai assim, vai, ordinária!

    Ps: Glauber, amei saber do Clube da Guitarra Baiana, existente em Salvador; gostei mais ainda de saber que seu chapa dos Retrofoguetes participa dele. Daí, sim, pode vir coisa boa.

  203. Igor Lucas Adorno Santos disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:30 pm

    Nando, vc só se concentrou na parte intencionalmente mais frágil de meus argumentos, minhas provocações.
    Pelo próprio teor de algumas delas, deveriam ser encaradas com um olhar mais bem humorado. Vc é um chato.
    A percussão baiana deve estar entre as melhores do mundo não somente pela competência técnica, mas por uma identidade rítmica. Questão de Forma.
    Saber q o Schoenberg existiu é um mérito de vcs, sinal q sabem consultar a Wikipedia. Mas se entendessem um pouco de indústria cultural, liberdade criativa, deglutição antropofágica, esses papos todos, não ficariam com essa bundamolisse elitista de criticar o pagode baiano por q este “não tem boas letras”, “tem harmonias pobres”, “melodias sofríveis”, como se algum de vcs
    soubesse algo além dos lugares comuns erigidos pela crítica. Me mostrem aí um argumento sólido. Alguém parou pra tirar as harmonias?
    As críticas as letras são pautadas em q? Na construção formal ou na temática, com narrativas de peripécias sexuais e afins? É catolicismo?
    As melodias tem q ser montanhas russas?
    Porra, o elitismo abestalhado fica escancarado.
    É só uma classe média letrada com medo de q seus tótens sejam lançados ao chão.
    O pior é q a propaganda ideológica é tão forte q até quem ouve pagode fica receioso de admitir q gosta, temendo ser tachado de “inculto”.
    Duvido q o Chico Buarque (cito ele por q é um dos Tótens máximos desse perfil de gosto. Mas sou fã do Chico) tenha afirmações tão vagas a respeito do “não-canonizado”.
    Vcs são velhas banguelas maldizendo as liberdades q não se dão a si mesmos.
    Se a indústria cultural massifica, não adianta culpar os músicos. Patrulhamento ideológico, querendo obrigar todo mundo a ser “politizado”, “engajado” era pra ter ficado com a esquerda estudantil lá nos 60s.
    Em contrapartida, é uma indústria cultural forte o q nos mantém minimamente distantes de uma invasão de Beyonce’s e Fifth Cent’s. Prefiro, Glauber, o pagode ao “ranço social” de muitos grupos de RAP. Não há revolução sem riso.
    Vcs são tão desinformados q, de pagode, só conhecem o Tchan, q figurou na grande mídia.
    Desconsideram q, depois de Xandy e do Harmonia, tudo mudou em Salvador. Um amigo meu, Gibran, comentou uma vez q Xandy instaurou uma revolução sexual na cidade. Deu liberdade pra q homens dançassem, sem traumas machistas. Hoje, em Salvador, é raro achar uma mulher dançando no palco com as bandas. O Psirico meteu a percussão na frente de tudo. Outro amigo meu, Jemes Martins, disse q a ponte entre as periferias , de São Paulo à Salvador, foi feito pelo Psirico, graças ao Márcio Victor e seu canto falado, como o de quem recita um RAP. O Fantasmão assimilou muito da retórica dos grupos de RAP, tendo em suas letras mensagens de cunho social. São porta-vozes das periferias, com erros e acertos.
    Que critiquem, mas q não fiquem no papo furado.
    Rock n’ roll é legal, mas começou como música de preto pobre da periferia. Até a classe média traduzí-lo e colocá-lo no “âmbito das coisas respeitáveis”, como disse uma vez o Caetano.
    Temos q esperar, agora, uma outra classe média traduzir o pagode. Colocá-lo no patamar do bom gosto atrasado de vcs.
    A questão não é só conflito de classes, mas não se pode negligenciar esse aspecto.
    Sigam-me os bons!!!

  204. Lúcio Jr disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:41 pm

    Oi, Caetano e pessoal.

    Glauber: o ç em “canso” foi uma contaminação surgida a partir da presença dele em “cansaço”, posso supor.

    Mas como disse, não sou linguista e não tenho como debater as idéias de Possenti sobre imagem acústica, significado e significante, fonema, etc. Sou da literatura, tb. O que digo é que, para o especialista, desconhecer é melhor do que tentar impor uma visão senso comum ou um entendimento parcial de maneira insistente. Quanto á fala dele para o Caetano, acho que ele tentou dar um toque de humor a um assunto onde acabam entrando temos técnicos e a discussão se fecha, ficando um pouco árdua e demandando estudo.

    Eu vi Pasquale falando sobre o acordo na TV e ele me pareceu bem favorável, só se opôs a absurdos propostos parece que por gramáticos que gostariam que “de repente” virasse agora “derrepente”. Quem será que propôs isso?

    Eu entendo a agressividade das críticas políticas que são feitas a Caetano. Dentro do contexto do governo FHC, por exemplo. Eu acho que o Gilberto Vasconcellos, que o Caetano provavelmente conheceu no Colégio Equipe, pois Caets já tocou lá e Giba era professor de História lá no final dos anos 70, é muito lúcido em algumas críticas, querendo trazer a parte boa dos varguistas para a imprensa. Ao mesmo tempo, quando ele associa macheza ao nacionalismo e feminilidade/travesti/ homossexualidade ao internacionalismo o resultado é hilário, mas compromete a imagem dele e dá um tom retrógrado e homofóbico: ele avança num ponto e retrocede em outro. Eu também já peguei alguns equívocos dele, por exemplo ele falou que não existe folclore do automóvel e citou Cascudo. Fui ao Dicionário do Folclore do Cascudo e vi um verbete sobre automóvel dizendo justamente o contrário.

    O grande acerto dele é ter visto que no cinema de Glauber existe uma resposta às críticas adornianas ao cinema. Isso foi genial. Mas, Giba, embora gênio, é mistura de seda e péssimo, como disse Drummond…

  205. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 4:59 pm

    igor disse,

    “Essa ortodoxia rock n’ roll é coisa de gente q não sabe dançar e não arruma namorada. Coisa de meninos de condomínio sem suingue, q não vão a praia[...]A Jovem (Avant?) Guarda, hoje, está na Bahia. Psirico, Parangolé, Fantasmão: vitalidade!!!”

    hahahahahahahahaha. velhão, cê não me conhece. sou o maior pé de valsa. the hottest hip shaker you ever done met”. só não sou melhor que o jackie wilson. aah, de novo a neutralização e analogias duvidosas. pergunta ao bob carlos o que ele acha disso…os ensinamentos da tropicália não devem ser tomados como dogmas, isso é matá-la.

    como cê pode afirmar que não entendemos o que caetano escreve? pois é isso que defendo: que mais e mais pessoas possam fazê-lo. schoenberg? jogo dominó com ele, meu camarada. é meu bróder.

    olha, cê parte do principio que roqueiros são recalcados, ortodoxos e até desinformados. deve até achar que só usamos preto…ledo engano. coloca a questão como luta de classes entre clásse média e classe “c”, o que é redução da conversa. mais confortável para alguns.

    corra atrás do prejuízo, releia uns 2.987 comentários pra trás, depois volta.

    cê não tá entendendo nada, cara. não há patrulha, nem ortodoxia. resumindo: que exista o pagodenejo, o axé light, arrocha. o problema é que, para a maioria, é 90% disso e 10% de todas as outras coisas [da vida!!!]. isso não é diversidade, velho.

    o hip-hop têm lutado e muito, contra a imbecilização de todas as coisas neste país. canço de ouvir gente insuspeita e importante na cultura do rap dizer que esses parangolés todos são mantenedores da mediocridade [do que é mediano, se preferir]. artistas fisiológicos são vítimas de si mesmos e/ou oportunistas cretinos.

    respeito sua opinião, mas não me venha com cajus que cê acabou de colher. eu e nando estamos nas castanhas. vitalidade, sim. kuarup, não. abraço sincero procê.
    ……………….
    maria,
    eu simplesmente adoro “samba do soho”. a alma de jobim está impressa muito claramente nessa música. vou ouvir agora. aah, lembro da parte que cê falou. a net tem dessas coisasss…
    ………………..
    vellame,
    que massa o que cê contou do festival de verão. adorei saber disso. essas iniciativas são sempre importantes.
    ……………….
    salem,
    sua carreira, sua trajetória é o que considero perfeição. cê tem a melhor das vidas e merece isso. e virá mais coisas boas por aí…que tal cê falar aqui sobre o filme dos titãs e sobre eles, enfim?
    …………………
    joaldo,
    seu texto sobre santo amaro é muito jóia, cara. tão legal que ao final, nem achei longo. grande poeta. nas palavras e na vida. heheeiiii…

  206. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:02 pm

    poo, canso com “ç”, foi foda. snif…foi mal, seu aurélio.

  207. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:20 pm

    Salém, continuando:
    “Estávamos falando de músicos pop-baianos que fazem canções apoiadas em códigos musicais, gestuais e culturais.”

    Eu citei exemplos de música pop - da chamada música eletrônica ao Death-Trash Metal - que nao podem ser avaliadas por estes critérios tonais tradicionais, relativamente à estruturação melódica, harmônica e formal. Citei o rap também. O gênero canção tem sido esgraçado há muito tempo. Escuto racionais mc’s com o mesmo prazer que escuto uma canção popular. E são lances diferentes.

    “Foi uma ironia, já que pouco se pode dizer sobre a música baiana usando o Tonalismo como parâmetro.”

    Não foi isso o que eu quis dizer. Até porque acho que o idioma harmônico do pagide é sim decorrente da harmonia tradicional européia. Mas se a gente for considerar a sintaxe canônica, ou seja, os procedimentos composicionais típicos da chamada música erudita, o pagode poderá, a depender de quão conservadores nós formos, ser tido como um “barbarismo” - basta vc relembrar o que alguém aqui disse acerca das harmonias “pobres” dessas músicas.
    Consegui me fazer mais claro? Ainda estou roubando no jogo?
    [Salém, me diga uma coisa: se há jogo há política, não? Qual o problema em assumirmos isso? Todo discurso busca fazer valer suas verdades. Por isso, não há como escaparmos do jogo do poder e, portanto, da política. Não vejo nada de mal nisso.]

    Estamos lendo rápido demais e escreendo rápido demais. Pode ser por isso que eu falo A e você entende B.

    abraço
    luedy

  208. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:20 pm

    vixe, faltou dizer uma coisa importante no meu “protagontário” [salem, genial]:

    as justificativas sociológicas a favor do neo-pagode me fazem pensar. e eu concordo ou não. frequentemente, não. mas elas não me causam muita espécie. eu apenas ouço e sinto. muito. ou sinto muito.
    …………….
    não me conformo em ter colocado “ç” em canso. dammit! heloísa, me perdoa…

  209. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:23 pm

    errata, errata!
    onde se lê, no meu último comment, esgraçada (que poderia ser confundida com “desgraçada”), leia-se “esgarçada” - de esgraçamento. Ou seja, o que eu quis dizer foi: “O gênero canção tem sido esgarçado há muito tempo”.

    Ufa!

  210. Eduardo Luedy disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:24 pm

    ai meu deus, não era pra ser “esgraçamento”, mas “ergarçamento” - não tem jeito, eu sou um péssimo datilógrafo!!

  211. gil disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:28 pm

    Salém, fala sério, vc entendeu…fala sério…
    EU DISSE, REPETINDO:
    “O MERCADO DA MÚSICA É ONDE SE COMERCIALIZA A MÚSICA SALÉM, FICARMOS SOMENTE COM AS TRILHAS DE TV CINEMA DESENHO E DISQUINHOS HUMILDES PORQUE?”
    VC DISSE:
    Foi um ato falho seu. Quem disse que trilhas de TV e cinema não são comercializadas? Eu ganho dim-dim com isso. E com muito orgulho.

    POIS, EU DISSE EXATAMENTE ISSO, QUE AS TRILHAS ETC TAMBÉM FAZEM PARTE DO MERCADO, PORQ ESTE É TUDO QUE SE COMERCIALIZA…FUI CLARO, NÃO HOUVE ATO FALHO ALGUM SALÉM, E EU LOUVO SEU DINDIM…E SEU ORGULHO. MINHA QUESTÃO NO CASO É QUE NÃO SÓ ISSO É O MERCADO E PORTANTO TEMOS QUE QUERER CUIDAR DO RESTO.
    VC DIZ:
    Quanto aos “disquinhos humildes” foi apenas uma expressão pra que eu não parecesse metido à besta. Gosto muito dos meus discos. E o Do Castelo Ra Tim Bum vende feito pipca até hoje.
    NÃO FUI EU QUEM USOU A EXPRESSÃO, TETECO SE ENGANOU PORTANTO, EU ASSINALEI OS DISQUINHOS HUMILDES QUE VC FALOU, ENTENDI O SENTIDO E MAIS UMA VEZ: PORQUE TRATAR SOMENTE DESTES? QUE SÃO TUDO PARA ALGUNS EU SEI, ÓTIMO, MAS TEMOS QUE QUERER MAIS QUE DISQUINHOS HUMILDES TAMBÉM…TEMOS QUE ENTRAR NA FEIRA, É ISSO. DA QUAL ESTAMOS EXCLUÍDOS.
    VC DIZ:
    Eu não sou a Madonna. E gosto que ela exista. Mas odeio a idéia de que preciso ser Madonna pra viver de música.
    NÃO PRECISA MESMO, ÓTIMO…MAS NÃO PODEMOS ABDICAR DESSE PROJETO MADONNA…NO SENTIDO DE QUE SÓ A ELA É PERMITIDO SONHAR TÃO ALTO PORQUE PARTICIPA DA FEIRA, TEM SEUS PRODUTOS COLOCADOS LÁ…PORQUE NÃO PODEMOS TAMBÉM?

    Não sou militante. Sou cantante.
    VC É UM CANTANTE MILITANTE SALÉMZINHO E PORTANTO DEVIA TER SEUS DISQUINHOS DISPONIBILIZADOS E À VENDA NO COMÉRCIO VIRTUAL QUE É A PLATAFORMA DO FUTURO…E QUE NÃO CONTEMPLA A MÚSICA BRASILEIRA.

    EM RESUMO, REINVIDICAMOS ROTINEIRAMENTE O DIREITO AO BEM ESTAR, AO CRESCIMENTO, À REDISTRIBUIÇÃO, ETC.., MAS AS NOSSAS BELAS ALMAS NÃO QUEREM SABER NEM OUVIR FALAR DAS FONTES QUE DEVEM PROVIR AS RIQUEZAS A DISTRIBUIR, REMETEM O ASSUNTO PARA UM SILÊNCIO HIPÓCRITA E CONSTRANGEM QUEM SE DEDICA A CONFRONTAÇÃO…SALÉM, QUE DUREZA…E O OUTRO VEM ME FALAR DE CAMPANHA…FRANCAMENTE…QUANTAS VEZES FOI CITADO AQUI ESSA HISTÓRIA ( COLOQUEI PORCARIA MAS SUBSTITUÍ A TEMPO) DE CRAMPS? VAMOS CONTAR? E ONDE ESTÁ A CAMPANHA?…FRANCAMENTE…

  212. gil disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 5:44 pm

    Apesar dos números altos de pirataria, o relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica afirma que houve também um aumento de 25% nos downloads legais, que agora correspondem a um quinto de todas as vendas de música.

    Segundo a IFPI, foram baixados legalmente 1,4 bilhão de singles em 2008. O single que ficou em primeiro lugar em vendas pela internet foi Lollipop, de Lil Wayne, com 9,1 milhões de cópias baixadas.

    A federação revelou em seu relatório que os negócios em música digital vêm registrando um crescimento constante nos últimos seis anos e agora o seu valor estimado é de US$ 3,7 bilhões.

  213. Dimas Roque disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 6:25 pm

    Salem não para desqualificar a música da Bahia que amo muito. Mas para dizer a Caetano que o que está posto no mercado é puro consumismo. É a busca do imediato. Que para quem é um investidor, falo dos donos de produtoras, e compra letras de músicas no Calabar, Vala das Pedrinhas, Nordeste de Amaralina e vira compositor deve estar valendo. Claro, sei que este movimento arregimente multidões e move o vil metal. Mas entendo isto como subcultura.

    Hip Hop: O primo pobre do repentista nordestino. Um matuto amigo meu disse isto a Luiz Melodia o cara ficou paralisado em sua frente. É que um dos filhos do indivíduo é cantor deste estilo no Rio. E lá meu amigo iria saber. Acho que ele esqueceu da critica depois que comeu a feijoada que foi preparada para depois do Show. Detalhe; feita no corredor do décimo andar do Hotel Vitória Marina em Salvador, já que os apartamentos são minúsculos. Uma hora da manhã todos na suíte do cara degustando feijoada com “cunhão de boi”.

  214. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 6:45 pm

    Querido Igor Straguinste

    Legal saber que só você aqui sabe quem é Schoenberg, só você entende o que Caetano escreve, só você arruma namorada, só você sabe dançar e só você detém argumentos sem teor de babaquice.

    Não se preocupe com a proibição do beijo em público, não. Afinal, só você sabe beijar também.

    Glaubito e Nando. Como eu adoro vocês! Como gosto de respeitar a dissonância. Como eu gosto de discordar do Luedy. Como eu gosto do Luedy. Como fico contente com as histórias da Paloma.

    Por hoje, deu. Vou dançar Schoenberg e tentar arrumar uma namorada que entenda o que Caetano escreve pra me explicar tudinho.

    Glaubito.
    Você não precisa de justificativas sociológicas pra nada. Você tem hormônios poderosos e coloca aonde quiser.

    Nandeleza.

    Você é o swing!

    não beijo a testa de vocês, porque não sei beijar

    salem

  215. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 6:59 pm

    Putz, Straguinste

    Me esqueci de dizer uma coisa. Ó só:

    Faz um tempão que não escutava a expressão “classe média branca”. Como acho que sou de classe média e tenho a pele branca (a despeito dos meus ancestrais índios e negros) me incluí nesse quadrado.

    Cê fez uma baita confusão quando disse que

    “essa tal classe média branca se arroga ao direito de patrulhar as músicas, nesse caso a baiana, com argumentos de cunho técnico (teoria músical não serve pra isso)”

    Da minha parte usei a teoria pra falar justamente o avesso dessa frase que você escreveu em braile e eu demorei um bom tempo pra entender.

    Disse , e já tô cansado de explicar, que as normas da gramática não servem pra avaliar música popular. E que a música tem os seus parâmetros. E que mesmo esses parâmetros eram ineficientes. Pior, disse esse monte de tranqueira pra defender a música da Bahia.

    Eu posso não entender o que Caetano escreve. Mas você não entendeu metade do que foi aqui escrito por mim, Luedy, Glaubito e Nando.

    abraços do MSN
    Movimento dos Sem Namorada

    salem

  216. Cristina disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 7:21 pm

    Não há problema nenhum na música despertar sexualidade, o problema são os programas infantis. Como diria Noel Rosa “ o cinema falado é o grande culpado da transformação…”, hoje a TV é a grande culpada, e num futuro que já estamos vivendo, a internet será a grande culpada. Não é só no Brasil que há uma música dançante e sexualizante, as letras de música brasileiras são ingênuas, e continuando com Noel Rosa “o amor lá no morro é amor prá chuchu, as rimas do samba não são I love you”.

    Adoro voz e violão, e o Caetano Veloso canta maravilhosamente, seu violão é lindo.

    Já faz tempo vi um programa da Regina Casé sobre a fruta pão, eu me lembro porque tenho duas árvores aqui em casa, e fiquei encantada com o pomar da Dona Canô, as árvores na areia fina e branca, e a casa original em autêntico estilo brasileiro. Quando eu ficar velha queria ficar igual a ela, é claro que não a conheço, mas ela passa uma serenidade de quem soube envelhecer. E vou além o Caetano fica cada dia mais distinto, envelhecendo com dignidade. Caetano é lindo!

  217. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 7:43 pm

    salem, hermano e caetano,
    não sou um ultra-radical, cês sabem. acho que tudo deve existir, acredito na verdadeira diversidade.

    pesquisando aqui, achei um lance perfeito para o repertório da banda vexame. acho que salem vai curtir pacas. a banda chama-se “bonde do malandro” e a música chama-se “ela é rampeira”. uma parte da letra:

    “ela faz faculdade
    mas já é doutora
    formada em sacanagi
    faz serviços gerais”

    me parece ser um arrocha. acho que tem qualidade acima da média do estilo. a letra tem umas partes um tanto ingênuas, mas no todo é bastante interessante. creio que com a banda vexame ficaria jóia. não é minha viagem, mas acredito ser um exemplo de que existem formas e formas de se fazer a mesma coisa e que pode haver melhora, desde que seja incentivada. o link:

    http://br.youtube.com/watch?v=9rZdUp4_ryU

    inté!

  218. Siboney Zabaleta disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 8:55 pm

    Agora sim, máquina nova ferrari-turbo-sem-bug-on-line!

    Abracadraba!
    Eis Roberto Joaldo batendo um bolão, roteirizando webnema para a Impertinácia.
    Caetano estará lá Joaldo pode crer.Quando ele diz nem sim nem não…é sim. Igual em música, onde ele é melômano pantagruélico mas que no final só digere e traduz o que é bom.

    Salem,
    sonhei com você beijando o Beijoqueiro.

    Siboney

  219. Maria disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 9:53 pm

    Obrigadíssima Gilliat, não conhecia a versão de Samba do Soho em inglês e não lembrava também que é de Paulo Jobim e não do pai dele, embora eu tivesse por algum tempo o disco passarim. Você sabe onde posso ouvir a vesão em inglês.?

    Glauber, eu também. adoro Samba do Soho. É uma das minhas preferidas, além de passarim. Embora seja um tanto triste, traz aquele lado ecológico do Tom Jobim.
    E relaxa quanto aos errinhos, de vez em quando, de português. O interessante é que aqui no Obra em Progresso a gente se liga mais em como vai escrever. Não acho isso ruim não.Acho ótimo. Prá mim, o Caetano está sempre ensinando com o seu português prá lá de bacana.

    beijinhos a todos.
    Maria

  220. Roberto - desmedido no amor - Joaldo disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 10:05 pm

    Amar
    Dar tudo
    Não ter medo
    Tocar
    Cantar
    No mundo
    Pôr o dedo
    No lá
    Lugar
    Ligar gente
    Lançar sentido
    Onda branda da guerra
    Beira do ar
    Serra, vale, mar
    Face oculta, azul do araçá
    Falar verdade
    Ter vontade
    Topar
    Entrar
    Na vida
    Com a música
    Obá
    Olá
    Gozar
    A lida
    Indefinidamente
    Amar

    (Caetano Veloso, em A Outra Banda da Terra)
    ________________

    Nando, Glauber, Carolina and Teteco, muito obrigado pela consideração!

    Gilliatt, não há o que me agradecer. Eu é que tenho de te agradecer o fato de, com tuas sugestões e curadoria, com o teu conhecimento e vivência, ter podido acrescentar mais possibilidades de estesia ao meu relato. Olha, a menina da câmera é um fato de 3 anos atrás, da minha primeira ida. Foi um “encontro” num plano ou dimensão de delicadeza. Eu nem podia pedir endereço, telefone: não teria sabido, como não soube, falar uma linguagem humana, gregária, inteligível. Há energias que são atrativas, por exemplo, para o sexo, para a amizade, para esse amor que faz uma pessoa ansiar e querer se realizar aliando-se a uma outra, vivendo a dois. Há outras energias que são de uma graça e gratuidade inconcebíveis - acontecem sem precisar de finalidade.

    Salem, você me deixa sem verbo! Vou ter de saquear Vinícius Cantuária e Chico Buarque pra te dar um troco: Que nobreza você tem! Seu olhos são reais e vão mais além. Você salta de sonho em sonho sem quebrar telha. Passa através do amor e não se atrapalha. Cruza o rio e não se molha!

    _______________

    Vero, há algo não melhor, mas tão bom quanto amar. É ser amado por alguém! Rosana Tibúrcio nos ama e a vários daqui também! Confiramos em:

    Outras Trilhas: Dos becos sem saída à luz no fim do túnel.

    _______________

    Conheci aqui hoje em Salvador, numa feijoada em casa de Julio Vellame, mais um infocaetanauta, o diadorindo Rafael Rodriguez, pela primeira vez na capital baiana. Chamei-o pro show de Bethânia amanhã em Santo Amaro, onde estará nos aguardando o Marcio Junqueira. Quero aproveitar e “testar”, conversando com eles, algumas idéias, conceitos e o modelo prioritário de publicação de contéudo que estarão em pauta na discussão do piloto da Impertinácia.

    Por falar na Impertinacia, em breve a nossa sócia, a queridíssima Miriam Lucia, comparecerá com o e-mail oficial pra quem quiser nos escrever, o quanto antes, solicitando ser avisado do dia e instante exatos em que a nave da revista será lançada na webosfera!

    -Estamos a um passo de definir a equipe que montará o site e o patrocinador que bancará seus custos. Definição após a qual o pré-piloto seguirá por e-mail prum grupo de impertinazes (cuja estrela maior sempre anseio que seja o diamantino Salem) soltar seus verbos e nos ajudar a fazer dessa revista web viva uma obra aberta, ou de nós todos, desde o início!

  221. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 10:32 pm

    o que achei interessante no arrocha da “rampeira”:

    a letra é uma espécie de jingle que o gigolô da garota de programa universitária fez, para enaltecer as qualidades de rampeira da mesma. e o cara teve umas sacadas, tipo

    “na boca do povo ela é a pior
    na boca do lixo ela é a melhor”

    “ela faz faculdade mas já é doutora
    formada em sacanagi, faz serviços gerais”

    “ela é rampeira de terça a domingo
    mas tá de folga pra me amar segunda-feira”

    “ela é rampeira, mas que dá de tudo
    ela banca todo mês, a minha feira”

    é interessante. como exceção, ok mesmo. como regra é que é um problema. além disso, repito: não é coisa pra criança.

  222. Renato Pedrecal disse:
    Fevereiro 1st, 2009 at 11:21 pm

    Eduardo Luedy,

    Você disse que:

    “essa noção de “erro” assume de maneira não-problemática a crença de que há uma maneira mais correta e elegante, sem que se leve em conta que tais atributos decorrem não de propriedades intrísecas à língua, mas, ao contrário, tais atributos são construtos sociais que decorrem de uma “verdade” sobre seus usos que é estabelecida por um determinado grupo social”.

    Mas tudo isso aí também não é um construto social decorrente de uma verdade (no caso, dos defensores da tese)?

  223. Lucesar disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 12:16 am

    Atualizei minhas favoritas no Winamp, já definitivamente influenciado pelo OeP.:
    .
    Caetano…………..Sem Cais
    Caetano…………..Minhas Lágrimas
    Beatles…………..Rocky Raccoon
    Beatles…………..Good Night
    Teclas Pretas……..Ataque das Pessoas Marionetes
    Exequiela…………You´ve Changed
    Jorge Drexler……..Disneylandia
    Jorge Drexler……..La Infidelidad en la era…
    XTC………………Dear God
    Milton Nascimento….Clube da Esquina nº2
    Beck……………..Modern Guilt
    Fernando Salém…….A Mesma Canção
    Fito páez…………Carabelas Nada
    Fito Páez…………La Verónica
    Fleet Foxes……….White Winter Hymnal
    .
    .
    Viajei no comentário de Joaldo, show!

  224. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 12:44 am

    lucesar,
    cê colocou “ataque das pessoas marionetes” ao lado de coisas tão incríveis, canções que eu adoro. “minhas lágrimas”, “rocky racoon”, “modern guilt”…muito obrigado, cara. fiquei lisonjeado com isso. abraço, irmão.
    …………..
    joaldo,
    o “francisco” de chico é demaisss…
    ……………
    igor, igor, igor…cê deixou o maynard no chinelo. faço 33 anos, este ano. cruxifique-me! hahaha
    olha, procura um comentário meu num post bem lá pra trás em que eu cito schoenberg. usa o google. aproveita, procura um outro comentário em que cito stan kenton. google. minha namorada me disse que você tá viajando. se cuida e use filtro solar, por favor.
    ………….
    êee, vidão. glauberovsky na batucada da vida! cadê labi barro[so]? haha

  225. Gilliatt disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 1:02 am

    Maria, a versão em inglês do Samba do Soho está na edição americana do CD Passarim e no disco Rio Revisited, que registra um show do Tom, gravado em Los Angeles, com participação da Gal Costa em algumas faixas. É mais fácil você encontrar esse disco ao vivo, pois ele foi remasterizado e reeditado aqui no Brasil há pouco tempo. Um beijo.

    Jo-Au-Do!, enquanto você explicava a história da menina da câmera, a minha rádio-cabeça tocava “A Moça do Sonho”, de Chico e Edu: “Um lugar deve existir / uma espécie de bazar / onde os sonhos extraviados vão parar. / Entre escadas que fogem dos pés / e relógios que rodam pra trás /
    se eu pudesse encontrar meu amor / não voltava jamais.”

    Aquele beliscão!!!

  226. Hermano Vianna disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 1:34 am

    o texto do Cury sobre Luiz Caldas, publicado no Overmundo, está muito bom:

    http://www.overmundo.com.br/overblog/o-processo-da-criacao-vai-de-100-ate-dez-mil

    aliás tudo que o Cury escreve merece ser lido:

    http://www.portalrockpress.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=2744

  227. gil disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 1:35 am

    Castelão, procurei procurei mas nada…uma música do Candeia que no refrão repete mulher…mulher…eu só me lembro disso…conheces?
    a história dele é terrível, foi trabalhar na polícia, um dia na Marques de Sapucaí em frente a Apoteose onde se desfila no carnaval esvaziou a tiros os pneus de um caminhão e quando foi falar com o motorista foi fulminado com 5 tiros, sobreviveu mas um o deixou na cadeira de rodas, morreu novo aos 40 e poucos anos, é um dos baluartes da Portela e um dos maiores sambistas carioca e do mundo, merece ser sempre lembrado no Carnaval. Fale aí do Candeia pra gente Castelão…mostra uma bonita dele pra gente, pode ser?

  228. joana disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 1:37 am

    caetano!

    já tou te procurando no rio faz dois dias e ainda não achei. pô…
    já procurei na gávea, copa, leblon
    qd voltar sigo pela barra, lapa, arpoador, ipanema
    mas ainda vou expandir, e incrementar o bairro peixoto ao repertório.

    pôxa! difícil de te encontrar, hein!
    (gente, tudo desculpa pra poder dar um beliscão a la Joaldo)

    bjs

    Rafa

    que a Bahia esteja te levando…

  229. Hermano Vianna disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 1:45 am

    e pra mim, hoje, musica boa, além da de Fantasmão, é a desta banda aqui:

    http://br.youtube.com/watch?v=v7BDZ7KyNRE

    (olhem o público em plena micareta/pipoca indie)

    tem a desta outra banda tambem:

    http://br.youtube.com/watch?v=VUl-aBv889M

    (escutem o baixão feito pela tuba)

    mas aí já é harmonia demais…

    tem dia que o melhor é harmonia “sofisticada” nenhuma…

  230. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 2:03 am

    LUEDY

    Entendi tudo que você disse. No duro. Mas nós estamos patinando. Ó só: gosto de você e gosto de quase tudo da música popular da Bahia. Pelo jeito ‘cê gosta também. Entonce… por que estamos falando tão complicado? Mão no timbau e ferro na boneca!

    IGOR ADORNO STRAGUINSTE

    Eu amo a música da Bahia. Mas,você atravessou feio! O Nando ser chamado de chato soa feio. Você defende a música da Bahia sem a mínima alegria. Soa falso e destonante. Aqui, entre beats e bytes aprendemos a nos entende e desentender com afeto. Isso não é pouco. É uma conquista suada. Você entrou com o pé na porta. Se aquiete. Se aconchegue. Leia. Ouça. Pondere. Ria. E quando discordar, pode ligar o pedal de distorção. Mas toque direito essa porra, meu!

    GLAUBER

    Adorei Ela é Rampeira. Levada da brega! Vou mandar o link pra Marisa Orth que é fez faculdade e é doutora no assunto!

    GIL

    Caixa alta cobre o bumbo. O que pra você é uma luta digitada em caixa alta, é o meu dia-a-dia. Todos os dias, no estúdio, nos botecos com amigos músicos ou num camarim, eu estou discutindo, falando e realizando coisas numa direção bem afinada com o que você diz. Só não aprendi a escrever panfletos e distribuir santinhos.

    SIBONEY

    O Beijoqueiro é um herói do Brasil. Único. Não há nenhum personagem semelhante em qualquer canto do planeta. O beijo é uma arma poderosa. Amorosa e agressiva. Violenta e dócil.

    O Straguinste acha que a gente quer proibir o beijo. Ele é de outro partido. Eu sou do Beijo Partido. Do Partido Alto. Do Beija Eu. Codinome Beija-Flor. Banda Beijo. Que bebe garapa que come beiju. Lábios que eu beijei na boca de Orlando Silva.

    beijos nas testas

  231. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 2:08 am

    CORRIGINDO TUDO:

    LUEDY

    Entendi tudo que você disse. No duro. Mas nós estamos patinando. Ó só: gosto de você e gosto de quase tudo da música popular da Bahia. Pelo jeito ‘cê gosta também. Entonce… por que estamos falando tão complicado? Mão no timbau e ferro na boneca!

    IGOR ADORNO STRAGUINSTE

    Eu amo a música da Bahia. Mas,você atravessou! O Nando ser chamado de chato soa feio. Você defende a música da Bahia sem a mínima alegria. Soa falso e destonante. Aqui, entre beats e bytes aprendemos a nos entender e desentender com afeto e respeito. Isso não é pouco, não. É uma conquista suada. Você entrou com o pé na porta. Se aquiete. Se aconchegue. Leia. Ouça. Pondere. Ria. E quando discordar, pode ligar o pedal de distorção. Mas toque direito essa porra, meu!

    GLAUBER

    Adorei do “Ela é Rampeira”. Levada da brega! Vou mandar o link pra Marisa Orth que fez faculdade e é doutora no assunto!

    GIL

    Caixa alta cobre o bumbo. O que pra você é uma luta digitada em caixa alta, é o meu dia-a-dia. Todos os dias, no estúdio, nos botecos com amigos músicos ou num camarim, eu estou discutindo, falando e realizando coisas numa direção bem afinada com o que você diz. Só não aprendi a escrever panfletos e distribuir santinhos.

    SIBONEY

    O Beijoqueiro é um herói do Brasil. Único. Não há nenhum personagem semelhante em qualquer canto do planeta. O beijo é uma arma poderosa. Amorosa e agressiva. Violenta e dócil. O cara era um franco atirador!

    O Straguinste acha que a gente quer proibir o beijo. Ele é de outro partido. Eu sou do Beijo Partido. Do Partido Alto. Do Beija Eu. Do Codinome Beija-Flor. Da Banda Beijo. Que bebe garapa que come beiju.

    Adoro “Lábios que eu beijei” na boca de Orlando Silva.

    beijos nas testas

    salem

  232. Brunopaula disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 2:34 am

    Um pouco atrasados agradecemos pelo show em Sto.Amaro. O dia foi lindo: conhecer Dona Canô, passar a tarde em Sto.Amaro e vê-lo na varandinha da casa de sua mãe. Paula, minha namorada, lhe deu um “oi ca-ê-ta-no”. O qual respondeu com um: A-looo.
    Belo cabelo prata, e belas músicas cantou naquela noite.Uma noite muito agradável e que nos sentimos muito próximos à você não só fisicamente, vimos o show colados ao palco, mas talvez espiritualmente.Era um uma praça muito espiritualizada….
    Beijos de São Paulo
    Bruno e Paula

  233. Labi Barrô disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 2:43 am

    BOA NOITE GENTE BOA!

    Este blog é bom demais! Eu leio tudo viu?
    Só acho que o Hermaninho devia participar mais, falar as coisas pra gente saber ué.

    Os artistas brasileiros famosos são uns tolos. Caetano abre uma oportunidade dessas, de participarmos de sua obra em progresso e ninguém (nehum artista famoso) aparece. Ou quase ninguém aparece. Achei um pouco arrogante isso… Na TV um monte de gente famosa diz que é fã de Caetano. Poucos passaram por aqui para dar um alô. Será que é porque eles tem contato direto com Caetano? Mas a OeP tá rolando aqui, lá fora é outro esquema. A Preta Gil tinha que aparecer… Bethânia então, nem se fala. Eu acho um absurdo beta, beta, beta, Betá não vir aqui. Bethânia, send a letter pro Caetano. A música foi lançada em 71 e até hoje ninguém sabe dessa resposta! Conta pra gente.
    E Marina? Marina, querida, longe de mim querer sugar todo o seu leite. Que você se deleite seja com quem for fofa. Apenas te peço que respeite o meu louco querer de vê-la escrevendo aqui.
    E nossa doce irmã que já arranhou a garganta toda atrás de alguma paz? Cadê? Não vai aparecer?
    A barrinha já tá em oitenta e os lekes da banda nada. Não postaram nem um comment sequer. Eu sei que o nosso OeP é pra fã, mas quem não é fã de Caetano? Lobão eu sei que anda louco pra falar (escrever) alguma coisa. Não sei porque se segura.
    Adriana apareceu. Foi bom vê-la aqui! Volta Dri!

    http://br.youtube.com/watch?v=RjnQ3J3ScHw

    Gente boa, participar de blog não queima ninguém não. A gente aprende muito.

    E olha aí, depois que Velô chmamou o blog de nosso blog, estou me sentindo dona de uma parte de um pedaço. A outra parte do pedaço eu divido com minha amiga Rosana Tibúrcio. Rô, adorei o que você escreveu sobre a gente aqui do blog lá no seu blog! Tentei colocar um recado, mas não consegui. Depois vou tentar novamente. Um beijo procê e pras suas filhas, linda. Se você não tiver preconceito, podemos combinar de ver o próximo show de Caetano aqui em Brasília juntos. Sua cidade é perto da minha. Depois do show vamos lá no camarim dar uns beijos no Caetano. A gente diz pros seguranças que somos amigas de blog do Caetano.

    E a tchurma que só lê? Se não escreve, depois não pode patrulhar. Outro dia eu estava em um bar chamado Beirute, aqui em Brasília, e vieram reclamar comigo de algumas coisas que eu escrevi aqui, pode? E era gente que não escreve aqui. Assim não dá, né? Quer reclamar, reclama aqui.

    Querida Miriam Lucia muito obrigada pelo carinho!
    Eu não sou tão fantástica assim não, sou só um pouco, um pouquinho eu sou né? Mas, assim, totalmente fantástica ainda não sou não. Mas um dia serei. Obrigada Miriam, aprendo muito com seus comentários.

    Lindíssimo o comment de Roberto Joaldo. Adorei. As fotos, as músicas, os vídeos. Que maravilha. Que vontade de ter estado naquela cidade, naqueles momentos. Parece rasgação de seda mas não é não. O que é legal, bonito e bom deve ser elogiado sim. Este blog tem sido muito bom pra mim.

    Caetano,

    Será que o sentimento que você tem em relação ao som de PRETUBOM, PSIRICO, FANTASMÃO E PARANGOLÉ não é o mesmo de um linguísta com relação ao uso da língua? Será que quem rejeita o som dessa moçada não tem o mesmo sentimento de um gramático com relação ao uso da língua? Ou será que já passa da hora do jantar, a noite segue seu caminho e Labi precisa ir dormir porque já está falando mais besteira que o normal?
    Na verdade, Caetano, eu não sou deputada baiana e, como dizia o outro, eu não sou de reclamar. Mas se estamos nesse cano, não consigo me calar. É um papo de pelicano romântico aberto pro bico de quem alçançar. Se os artistas não querem participar, azar o deles!

    Labi Barrô, descobrindo uma possível baianidade Nagô!

  234. Vero (Uruguay) disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 4:11 am

    Joaldo, meu zefirocentáuro!

    “A gente recebe o que dá”. (Uno recibe lo que entrega). En esta vida todo gira como el movimiento de un bumerán o bumerang.
    Al ser lanzado con movimiento giratorio…(POR NÓS HABITAR ESTE PLANETA TIERRA)…redondito…(Terra, Terra,Terra),…TODO puede volver al punto de partida.

    Así es,… que cuando (a gente)entrega AMOR, recibirá AMOR…y así también “marcha”…o avesso do amor….(con lo que es su opuesto, contrário)….E SEMPRE UM “REGRESSO”…DE TUDO.

    Es por esa ineludible e inexorable “razón de ser” que YO te confirmo…”QUE NO EXISTE NADA MÁS BONITO QUE AMAR(GOSTAR) A ALGUIEN”(PORQUE GOSTAR, YA ES UN “MODO” (ENTIÉNDASE MANIFESTARSE)DENTRO DEL mismíssimo “AMOR”,QUE LO CONFORMAN).El amor es un producto del hábito. AMOR es(É)… toda “amplitud”.

    “AMAR E SER AMADO”,(ES ESMERO),… en mi “corazoncito” significa: “Afecto por el cual busca el ánimo, el bien “verdadero” o imaginado, y que apetece ser gozado…SEMPRE…CLARO ESTÁ!!…(por un “outro alguém”).Mi “BUMERÁN”…

    William Blake decia que “el amor no busca agradar a sí mismo, ni por sí mismo siente preocupación, más a otro procura su bienestar, y crea un “cielo” en la desolación”.

    Me cosidero AMAR DEMAIS, y todo ,lo que yo entiendo, lo entiendo sólo porque ¡AMO!…Caemío sabe muito bem das “coisas” y mais ainda do que é, e significa na sua vida e obra o sentimento “AMOR”…. saben vocês la razón de ser puro sentimento…. ¡EU! sinto “amor” muito gostoso sim!!! por ele ser “ele” “CAETANO MÍO”…agora….a la pregunta que todos se estén imaginando! gente!, yo, les respondo:

    “Para mí la “música” no produce en el “corazón” nada que no esté ahí previamente(AMOR). La música despierta el deseo sensual en “alguien” cuyo ser interior está “enamorado”(apaixonado) de algo distinto a Dios, pero alguien que está interiormente enamorado del “AMOR” de Dios…(Deus)….o FUERZA mayor…o lo que cada cual entienda subjetivamente por el término DIOS(DEUS) y se VE MOVIDO, al escuchar “música” a hacer su voluntad”.

    CAEMÍO, “pensaba en TI tan a menudo que en TI me convertí por completo. Poco a poco TÚ te acercabas y lentamente, muy lentamente desaparecí…”transtudorada” en tus pentagramas.”

    y TE ASEGURO, “QUE NAO HÁ, NEM EXISTE NESTE “MUNDO”, NADA MAIS BONITO QUE “GUSTAMAR” mais …DE “UM ALGUÉM” y saber por “mi propia ley”, que es así…(suave risinho)….quien puede imponer una ley a los “apaixonados”?, el amor es la mayor de las leyes para sí mismo. (Consolación de la filosofía).

    Con “muito” amor. Vero.

  235. Vero (Uruguay) disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 4:27 am

    Glauber,

    Nao conheço, a versao das Andrew Sisters de Tico-Tico no fubá, mais perguntei para meus pais sobre elas e me disseram que eles chegarom até a ver algums films aonde as A. Sisters cantaram e gostarom demais!!.
    Mas eu vou ver se pesquiso e acho alguma cançao delas pra conhecer-as e poder escutar a versao de Tico-Tico no fubá. Obrigada pela dica. Beijao.

  236. caetano veloso disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 5:52 am

    Glauber,entendo muito bem quando você rejeita o paralelo suspeito entre atitudes tomadas no passado e gestos feitos hoje; quando desconfia da equação transpagode = maxixe, louvar arrocha em 2007 = louvar Jovem Guarda em 1967, primarismo do axé = primarismo do rock; entendo quando se recusa a ser auto-indulgente imitando as tiradas tropicalistas só que com material de hoje. Entendo e admiro. Vejo nisso a marca do criador genuíno. Acho profunda sua observação de que imitar os tropicalistas seria traí-los de alguma forma. Eu adoraria ter visto shows dos Deadbillies, ter visto Moscabilly em ação. Curiosíssimo é que sua atitude me lembra exatamente a dos tropicalistas que acharam que não fazer o mesmo que os bossanovistas é que era reafirmar a ruptura levada a cabo por João Gilberto. E psirico não é maxixe mas o paralelo entre a rejeição que este sofreu e a que aquele sofre continua pertinente. Axé pode não gerar o que o rockabilly gerou, gerassamba pode não dominar o mundo - mas em grande parte isso se deve a que o Brasil não se impôs como potência sobre os outros países. Mas é o ovo ou a galinha? Ninguém poderá dizer agora se rock-jazz-blues domina porque os Estados Unidos são o poder ou se essa música é, como tudo americano, intrinsicamente melhor - ou, no mínimo, tem o mesmo DNA do poderio bélico, da inventividade industrial-tecnológica, do cinema de Hollywood. Mas eu vivo num mundo onde essas coisas são contingentes: se o Brasil crescer economicamente (continuar a crescer) e as relações de poder mudarem no mundo (e os deuses nos livrem de repetirmos o modelo conhecido), a humanidade fará apreciação diferente de Euclides da Cunha, Dom João Sexto, Jorge Furtado e Psirico.
    Bem, seu xará Glauber Rocha já esboçou em tom de quase farsa desesperada; Camille Paglia escreveu ensaio pondo Daniela Mercury acima de Madonna; Zé do Caixão (de quem, nos 60, nem o pré-tropicalista Torquato Neto acreditou que eu gostasse de verdade) é cult entre gente cool nos States - sem falar na parte nobre (ainda subdesenvolvida): Tom Jobim, Milton Nascimento, João Gilberto. O prestígio dos Mutantes entre a crítica inglesa metida é uma façanha tropicalista e já é algo (parente do culto a Mojica Marins) novo. Meu amigo David Linger, de San Francisco, me diz que, hoje, quanto mais novo o grupo brasileiro, mais conhecido entre os descolados: CSS, Kassin+2, Bonde do Rolê… O profeta dessa nova fase - fase perigosa, de transe, de passagem - foi David Byrne. E o caso Tom Zé é o nó da viragem. Volto a falar em David depois da festa de Iemanjá. Desculpe as palavras serem tantas. Mas tenho vontade de excitar sua mente de artista honesto. E só mais uma: sempre achei que é preciso desprezar totalmente um repertório de coisas para se construir algo reconhecível. Quando Marcelo D2 teve uma briga comigo, louvei sua sincera afirmação de que nunca tinha se interssado pelo meu som: esse natural afastamento o fez chegar aos brilhantes discos de samba/rap (dos quais, aliás, minha “Língua” tinha sido uma canhestra profecia). Tropicalistas não preconizaram vale-tudo do gosto: era uma provocação bem direcionada a quem detinha a hegemonia crítica na fase pós-bossa nova.

    Paloma, eu amo seu remix de “Incompatibilidade”. É gênio. E eu disse “claro que é pôça” porque todos sabem que sou baiano vivendo no Rio: ninguém diz póça pelo Brasilonde moro. Sei que o fazem em Sampa (e, segundo uma regra que aprendi na escola primária - que diz que se o “o” fechado abre no plural, abre também no feminino - seria talvez mais correto, já que dizemos “Póços de Caldas” - se bem que ouvi também que o certo seria “pôços”, possivelmente por causa de dizermos “pôça”; mas regras… pergunte ao Luedy, que, aliás, não conseguiu escrever “esgarçamento” nem uma só vez - o que me fez morrer de rir aqui sozinho, na Bahia. Mas, puxa vida, você nem vai ler isso. E parece que tá com raiva de mim. Sua estória do sinal vermelho é bem de uma menina implicante. Mas eu adoro essa pessoa que fez de minha lenta e monótona faixa algo tão vivo e engraçado (adoro minha gravação, não me entenda mal - mas é que, mesmo não tendo sido eu a dar estrelas não-sei-onde, sou apaixonado por seu lance: só ouvi aqui no blog).

  237. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 6:11 am

    hermano,
    pirei no hypnotic brass ensemble. não conhecia. saca a dirty dozen brass band? é massa. cê me fez rir muito com o lightning bolt, hahah

    rapaz, meus amigos são PHoda mermo. cury, sensacional.

    ouvi pequenas partes do disco de luiz caldas. falei logo de cara “tem muita coisa de prog aí”. gostei. rex, que tocou batera no disco [e nos billies comigo] é meu primo. quero muito ouvir esse projeto audacioso do luiz, que é um sujeito sensacional e toca piano que é uma barbaridade! [é o que falei pra caetano: quem tá fazendo coisas incríveis com luiz, armandinho e haroldo macedo e rumpilezz são os retrofoguetes].

    lembro de uma vez num show de blues, chego no balcão e quem tá lá? luiz. conversamos rapidamente, falei que lembrava do tempo em que ele gravava jingles, porque ele é amigo do meu pai, lula. tomamos uma cachacinha, que ele me ofereceu, elegante. ele deu uma canja. chegou minha vez de cantar. foi num lugar bem “copo sujo”, chamado “nhô caldos”. caldas no caldos! hahaha. não sei se ele vai lembrar disso…

    outra coisa bacana: jorge solovera, que toca comigo no teclas, tá produzindo o disco novo de lazzo. e tá bem diferente, viu? mais soul music, black music, coisa muito boa, como sempre.

  238. Roberto - transcentauro dromedáurico - Joaldo disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 7:00 am

    Metade mim
    é escultura
    esculpida pelo tempo

    A outra metade

    brilha errante

    pelo céu

    Inteiro

    sou mito

    mistério

    antigo

    Que virou estrela
    depois de sofrer
    as dores humanas

    (Solange Firmino escreveu-o pra mim)
    _____________

    Obrigado, Lucesar, gênio da lâmpada, digo, do YouTube, e companheiro de viagem!

    _____________

    Gilliatt, encontrei um vídeo da canção de Chico e Edu interpretada por Bethânia:

    <a href=”A Moça do Sonho - abertura do Show Maricotinha - pelo YouTube

    Sabe, o trecho que você destaca da letra, tocou-me tão pronfundamente que beirei as lágrimas. Não por uma nostalgia de um amor que não pedia confirmação, e que deve continuar pra sempre habitando o país da delicadeza, mas porque é um trecho que pode ser adaptado pra falar de um outro amor, um aMor tão maior - porque devoraz -, que, sim, reclama ser realizado, pois, quando habita nosso peito, dificilmente é arrancado.

    Que vontade de mexer nessa letra e baldear-lhe os sentidos!

    Não me sinto capaz, mas com tua ajuda… vamos entrevistar Bethânia pra uma da primeiras edições da Impertinácia? Impertinazmente, já vou convidá-la!
    _____________

    Para vocês ficarem curtindo o MP4 virtual, montado pelo Rafael Diadorindo Rodriguez, com o repertório de Zii e Zie, cliquem abaixo:

    Vídeos da Obra em Progresso - pelo blog A Escada

    _____________

    Eu tenho febre e a minha febre nunca é um fogo leve. Eu tenho sede e acordo quase sempre no momento do dia amanhecer pra saciá-la feito um centauro-dromedário. Levantei e vim aqui conferir mais uma dobra desta obra.

    (É impressão minha, ou os bugs que dificultavam acessar esta OeP nos últimos dias foram sanados? Consegui acessar agora pelo Internet Explorer sem que a página ficasse infinitamente se carregando!)

    p.s.: Volto esta semana pra falar do (cosmopolita) Borges. Cosmopolita literário.

  239. Wesley Correia disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 7:04 am

    Mirian Lucia,

    Bom tê-la de volta, querida!

    Igor,

    Entendi perfeitamente o que vc quis dizer e achei de uma coragem singular (você, caetano e eu estamos antenados!), mas é preciso temperança. relativizemos, relativizemos. Acho que tão armando pra você.

    Glauber,

    A coisa interessante no arrocha da “rampeira” não é, ainda, a coisa interesasnte que tenho a lhe dizer (me lembre!). Você fez uma análise muitíssimo precisa da rampeira, no sentido informativo. Agora, explica melhor em que momento ela é uma exceção (eu poderia citar o mesmo impulso criativo em cetenas de outros arrochas:”faz do jeitinho que ele gosta, arocha, arrocha, arrocha” ou “ô juliana, bote uma caixa de cerveja que eu bebo, eu bebo!”)e que tipo de regra a faz um problema? Ela própria?

    Na minha infância, assistia à Xuxa ,na casa de uma vizinha tão criança quanto eu: “Bom dia amiguinhos já estou aqui…” De repente, eu falava ao seu ouvido: “vamo fazer ousadia?” Enquanto aos 8, 9 anos, a vizinha e eu “fazíamos ousadia”, a Xuxa nos assistia comovida. “Quero ouvir vocês vão contar até três…”

    Hermano,

    O texto do Cury é maraaaaa! Luiz Caldas: interpósmusical…

    Joaldo,

    Estarei em Sto Amaro, amanhã. Preciso te passar o livro: Pausa para um beijo e outros poemas. Manda telefone.

    Té breve,

    Wesley

  240. Roberto - transcentauro dromedáurico - Joaldo disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 7:06 am

    Ops, o link pro vídeo com Bethânia não seguiu acima corretamente postado. Ei-lo:

    A Moça do Sonho - abertura do show Maricotinha: pelo YouTube

  241. Fernando Salem disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 11:07 am

    CAETANO FALOU DE MOJICA E EU ME LEMBREI DO MEU FILHO

    Foi assim. Felipe, meu filho, é louco por Mojica. Louco a ponto de estudá-lo osso por osso. Seu trabalho de conclusão de Ensino Médio foi um mergulho singular na obra e na pessoa de Mojica. O orientador da bela monografia do Felipe foi o historiador Raymundo Campos, que também foi meu professor no Equipe.

    Felipe teve longas e lindas conversas com Mojica e na semana da apresentação da monografia telefonou para convida-lo. Mojica perguntou se poderia fazer a apresentação ao lado do meu filho. Felipe se entusiasmou, pois iria apresentar alguns trechos emblemáticos dos filmes do Zé do Caixão e Mojica poderia acrescentar dados concretos e testemunhais ao seu trabalho.

    Assim foi feito. A monografia do Felipe foi uma das 3 escolhidas para uma apresentação pública. O teatro estava lotado. Mojica e Felipe faziam tabelinhas como velhos amigos. Meu filho tinha só 16 anos! Foram 2 horas de beleza, causos, antropologia e risos. Mojica e meu filho ficaram amigos.

    Ser amigo do Mojica é uma experiência singular. Certa vez (outra história legal), meu amigo Marcelo Tas entrevistou o Mojica para o programa Vitrine, lá na Boca do Lixo.

    Mojica perguntou se Tas gostava de” mennnnta”. “Menta”, assim mesmo, com o “n” prolongado do Mojica. Tas perguntou o que era. Mojica então apresentou-lhe àquela bebida verde fuleira que a gente vê exposta nos botecos.

    Tas degustou a bebida de marca Dubar, doce pra cacete e bem alcoólica. Me disse que era enjoativa, mas bebeu pra ficar em sintonia. Mojica bebeu muita “mennnta” durante a entrevista. Tas ficou bêbado.

    Ao terminar o papo. Tas saiu do bar e um amigo e dublê de empresário do Mojica perguntou-lhe:

    -O Mojica te ofereceu menta?

    Tas disse que sim e o cara mandou essa:

    -Ah! Então o Mojica gostou de você. E você? Gostou da menta?

    Tas, educado:

    -Muito!

    Então, o cara chamou o Mojica e disse:

    -Olha aí… o menino gostou da menta!

    Mojica não titubeou:

    -Gostou? Então vamos tomar outra!

    Mojica encheu de menta um daqueles copões de requeijão e Tas, já cambaleante, virou.

    Tas também, batizado pela mennnta, ficou amigo do Mojica.

    A história do Tas é anterior à do Felipe. Por isso, Tas foi convidado a abrir a apresentação pública da tal monografia.

    Felipe foi estudar cinema em Curitiba e hoje tá na FAAP. Ele gosta do disco Tropicália, mas seu repertório é muito próximo ao de Galuber. Rock, rock and rock, mesclado com achados e pescados em latas de lixo. Pura mennnta.

    Gosto de pensar que, mesmo sem saber e dar trela pra isso, Felipe colhe os frutos do Tropicalismo. Entre filmes trash, rock, Duchamp e muitos livros, Felipe tem uma lógica bem menos binária do que a da maioria de nós que vivemos a Tropicália in loco.

    Ele não gosta de pagode baiano, não. Mas jamais diria que as letras e harmonias são pobres. Seus critérios estéticos caminham num outro registro. Nem precisou de Byrn pra admirar Tom Zé. Descobriu antes do boom. Hoje, até acha que Tom Zé descambou um pouco.

    Eu sou u filho do Tropicalismo. Mas vi um neto dele crescer na minha casa. E posso assegurar: os netos do Tropicalismo colhem frutos mais sofisticados ainda.

    E Caetano ainda trabalha por isso. Felipe vê mais rock em Transa do que em Cê. Mojica não precisou o embebedar de mennnta.

    À meia noite beijarei tua testa

    salem

  242. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 11:40 am

    caetano,
    gostei demais do que você escreveu. calou fundo. e concordei com absolutamente tudo o que disse. sua clareza me impressiona. acho que nunca vai deixar de impressionar.

    acho que existe sim, a crítica preconceituosa, cega e tacanha. quero crer que gente como eu e nando fazemos uma crítica construtiva.

    acho o “alfagamabetizado” e o “omelete man” de carlinhos brown, discos excelentes. sinto ali influências dos beatles psicodélicos e peter gabriel, além da música brasileira. viagem minha?

    labi falou um lance que eu penso [e tava sem coragem pra falar] da não-participação dos artistas famosos. não coloco nisso gente como maria bethânia ou chico buarque, porque sei que eles são mais reservados e eu respeito isso. mas muita gente bacana e inteligente e importante poderia passar aqui, sim. iriam contribuir muito. acho uma pena. mas é um lance novo, enfim…

    obrigado pelo seu comentário, tô pensando e pensando e pensando…
    ………………
    wesley,
    conta aí, cara. tô curioso. por que a demora?

    ói, expliquei no comment seguinte porque achei mais interessante o arrocha da “rampeira”. as frases são mais bem construídas, o cara faz umas inflexões bacanas. percebí no “bonde do malandro” [só ouvi duas músicas: "rampeira" e "doce mel"] uma influência do kid abelha. sério mesmo. e eles procuram variar de música pra música.

    o que eu quis dizer no lance da exceção é que precisa haver diversidade. mas diversidade mesmo. estamos falando do neo-pagode baiano, mas é claro que vejo problemas na música pop mundial também. 80% do que ouço não faz parte do mainstream, uma pena, porque o grande público só conhece uma pequena porcentagem do que é produzido. há muita bobagem no universo indie, no underground também, cabe a cada um exercitar a sensibilidade e separar joio de trigo. joio é importante, mas estamos jogando o trigo fora.

    aí vai “doce mel”, que tem um refrão com melodia matadora, hit total. percebam se não tem kid abelha [ou pop brazuca 80s] nisso:

    http://br.youtube.com/watch?v=ismMoHnflr0&feature=related

    inté, moçada!

  243. glauber guimarães disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 11:43 am

    corrigindo:
    quero crer que gente como eu e nando FAZ uma crítica construtiva. heloísa, nem mereço perdão depois dessa…good grief…hahaha

  244. Marcos Lacerda disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 11:57 am

    Bonito o último comentário do Caetano. bonito e coerente. Se o Tropicalismo foi de fato importante para o campo cultural brasileiro, e depois para algumas discussões ( ainda que bem restritas)em algumas metrópoles do mundo “desenvolvido”, ele o foi por conta de ter a coragem de ser o avesso da Bossa-Nova, e desse modo ser mais Bossa-Nova do que os que se consideravam como seus continuadores mais profundos.E, de fato,hoje ser mais profundamente “tropicalista” é ser o avesso da tropicália,é procurar ser aquilo que justamente músicos brsileiros de hoje não têm sido, já que todos prestam, consciente ou inconscientemente, loas desnecessárias ao tropicalismo e a Caetano e Gil.
    Tenho muitas desconfianças com os círculos de artistas que ficam elogiando uns aos outros. Alexei Bueno errou em relação aos concretistas, mas não errou em relação ao fato de que artistas fazem conchavos para favorecer seus pares, por interesses de amizade, favores sexuais, ou interesses de “mercado” mesmo. Há uns outros que monopolizam e manipulam os recursos simbólicos e econômicos do meio, isso é uma coisa que deveria ser discutida, porque dá a impressão de que se trata de “gostos” sinceros, quase encantamentos misteriosos, e assim por diante.
    Eu insisto: o discurso da “diversidade cultural” favorece a poucos, muito poucos, diferentemente do que se imagina. E o Tropicalismo foi e é um vale-tudo generalizado do gosto, e não uma pretensa ( e primária ) crítica ao gosto “crítico”
    Rubinho Jacobina e Força bruta é muito ruim, se isso é alternativo, então estamos fritos! O quie se vê é um nivelamente tacanho, uma homogeneização, tudo parece tudo, Rubinho Jacobina e sua turminha de “alternativos” não diferem em nada da turma que frequenta micaretas e trios elétricos e ouve PSIRICO ou Ivete Sangalo, eu me pergunto: cadê a diversidade?
    Aos Censores de plantão: Sejam mais coerentes na censura dos comentários…

  245. Quito Ribeiro disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 12:00 pm

    Estive neste fim de semana em Tiradentes participando de uma mostra de cinema bem interessante que acontece por lá. Muitos longas e curtas de diretores estreantes ou não. Tudo muito contemporâneo, antenado, classe média. Classe média informada, descolada, formada em grande parte por admiradores, realizadores e críticos vindos de revistas eletrônicas.
    Mas não havia ninguém da Bahia apresentando filmes. A bem dizer tinha José Eduardo Belmonte(homenageado do festival) que é “meio baiano”, embora seja de Brasília; João Carlos Sampaio como critico e eu(que moro no Rio) como montador também estávamos lá. Mas os filmes dos quais fiz parte e que passaram por lá eram praticamente mainstream naquele cenário.rsrsrs Nas mostras de curtas, que seriam um espaço ainda mais propício para as novas idéias e os novos realizadores, não tinha nada da Bahia.

    E eu fiquei pensando por que? Me perguntaram isto e eu não soube responder. O curador da mostra que estava comigo neste momento também não soube.

    Por que não há intercâmbio da nova classe cinematográfica baiana com a do resto do Brasil? Não há nenhuma espécie de axé music audiovisual que impeça este pessoal de aparecer, de florescer, mas eles não aparecem. Sei que um curta esteve em Cannes em 2008; Sei que há um novo curso de cinema numa faculdade particular, mas nada que interesse aos seus pares do resto do pais?. Por que será? Alguém aqui pode me explicar?

    Sou editor do programa de TV conexões urbanas e através dele assisti um curta realizado por Joselito Crispim do projeto Bagunssaço de Alagados. Sou também jurado do prêmio Hutuz de hiphop há alguns anos. Já tem uns três anos que aparecem clipes de bandas de hip hop baiano neste festival. Este ano um deles(muito bom) entrou na lista de cinco finalistas ao prêmio de melhor clipe do ano . Era produzido por gente da periferia de Salvador, se não me engano eram de Periperi. Estes foram meus últimos contatos com audiovisual produzido por gente nova da Bahia em contato com gente nova de outras partes do Brasil.
    Será que estou desinformado? Alguém por aqui pode me ajudar?

  246. Nando disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 12:48 pm

    Ok, Igor, estamos todos impressionados com sua arrogância. Só faltaram os argumentos sem babaquice quanto aos equívocos da música baiana.

    Agora, de lascar é “Alguém parou pra tirar as harmonias?”. Eu tiro Nick Drake e Tavinho Moura, vou lá perder meu tempo com porcaria.

    Pra quem fala em lugares-comuns, coisas como “com medo de q seus tótens sejam lançados ao chão” são de uma originalidade gritante.

    “Prefiro, Glauber, o pagode ao “ranço social” de muitos grupos de RAP. Não há revolução sem riso(…) Outro amigo meu, Jemes Martins, disse q a ponte entre as periferias , de São Paulo à Salvador, foi feito pelo Psirico, graças ao Márcio Victor e seu canto falado, como o de quem recita um RAP. O Fantasmão assimilou muito da retórica dos grupos de RAP, tendo em suas letras mensagens de cunho social(…)”.

    Ou seja, para atestar qualidade aos grupos baianos o rap serve, caso contrário é puro “ranço social”.

    O canto falado existe desde sempre; tire a parte instrumental de “Like a Rolling Stone” e você terá um rap.

    Tchau, Igor.

  247. Julio Vellame disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 12:56 pm

    Corrigindo sobre o festival de verão: onde lê-se Margareth entende-se Vanda Chase.

    Ontem estava conversando com um colega sobre as (antigas do Olodum tipo faraó) X (Pisirico) e ele me veio com a cara de pau de dizer que
    - essas “antigas do Olodum são clássicos”

    Ele esquece que conheço ele faz tempo e na época dos “clássicos” ele tb reclamava com esses argumentos otários de classe média que torce pelo Vitória.

    Por que o chulo vira clássico depois de determinado intervalo de tempo??? Não entendo isso…

    Madame diz que a raça não melhora
    Que a vida piora por causa do samba,
    Madame diz o que samba tem pecado
    Que o samba é coitado e devia acabar,
    Madame diz que o samba tem cachaça, mistura de raça mistura de cor,
    Madame diz que o samba democrata, é música barata sem nenhum valor,
    Vamos acabar com o samba, madame não gosta que ninguém sambe
    Vive dizendo que samba é vexame
    Pra que discutir com madame.

    No carnaval que vem também concorro
    Meu bloco de morro vai cantar ópera
    E na Avenida entre mil apertos
    Vocês vão ver gente cantando concerto
    Madame tem um parafuso a menos
    Só fala veneno meu Deus que horror
    O samba brasileiro democrata
    Brasileiro na batata é que tem valor.

  248. Nando disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 2:27 pm

    Pequena amostra dos Dead Billies em movimento (cadê os vídeos da banda, Glauber??? DVD já, pô. Não salvaram nada dos shows?):

    http://br.youtube.com/watch?v=TukftR-P4MY

    Salem, se você não existisse a gente ia ter que te inventar. Nem que fosse juntando acordes. Só você mesmo, cara. Beijo.

  249. gil disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 2:44 pm

    beleza Salém, desculpe a caixa alta sobre o bumbo, adorei…é que digito no word com o texto ao qual me refiro e pra diferenciar uso a kxalta…daí trago e não sei mudar…enfim, sorry bróder.
    eu vi nos anos 80 a MTV chegar nos eua, american express e warner juntos fundaram, e com ela todo aquele papo e jeito juvenil que tomou conta, a indústria da música que estava estagnada deu um salto de vendas espetacular, e os grupos e bandas se multiplicaram, era questão de tempo aquilo chegar por aqui e por toda parte…no fim dos 80 chegou, estávamos no auge do Brock, o videoclip chegou e tomou conta. blitz, documentos, novo ciclo…michael jackson com clip de 8 minutos dirigido por scorcese, era demais, bad total…guns, tudo…e a gente engatinhando sem clips, e nossos clips não davam nem pro começo, fomos massacrados pelo novo veículo, pelo avanço tecnológico…corremos, fizemos de tudo, chama o cacá diegues, o waltinho, vamos inventar, pega a câmera, sampa, enfim…fizemos, chegamos, encostamos, e…acabou o video clip, agora?…bem agora muda tudo de novo, não é mais CD nem vídeo clip agora é …pela internet…avanço tecnológico…chegaram? mudou! e assim vamos, não temos como esperar pela hegemonia, temos que correr atrás. Se nos atrasamos muito o desastre é colossal, temos que encurtar caminhos. é preciso querer e mudar.
    Também sou como vc, não distribuo santinhos, sou descrente da maioria dos políticos, tenho a tendência a não crer, duvido muito, hummm…será?…sou bem assim, mas acredito em caetano veloso por exemplo, nunca o vi mentir, isso é muito. então venho aqui e faço banzé, ao mesmo tempo passo a acreditar em tudo, acredito em vc, no glauber, no joaldo ( bonitão ele né?), gravataí, nelson, heloísa, castello, luedy, teteco, a turma toda…e de repente, acredito até em passar de um simples canal de transmissão para ser o interruptor da informação e provocar uma nova epidemia…uma ilusão de soberania? talvez…vamos Salém, vamos nessa!…kiss kiss bang bang, oi skindô

  250. Roberto - dormedáurico doceamaro - Joaldo disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 3:13 pm

    Sibonei, Labi, Miriam Lucia and Vero, como agradecer suas palavras? Fiquei sem verbo. E que boa essa sensação de mudez! Wesley, ache-me pelo (71) 9974-4014.

  251. Luiz Castello disse:
    Fevereiro 2nd, 2009 at 4:24 pm

    1.Salem Maifrém.
    Só pra te deixar feliz,transcrevo a letra de um sambinha que fala nas “regras”da arte.

    QUEM DÁ MAIS.
    Quem dá mais por uma mulata que é diplomada
    Em matéria de samba e de batucada
    Com as qualidades de moça formosa
    Fiteira, vaidosa e muito mentirosa?
    Cinco mil réis, duzentos mil réis, um conto de réis!

    Ninguém dá mais de um conto de réis?
    O Vasco paga o lote na batata
    E em vez de barata
    Oferece ao Russinho uma mulata

    Quem dá mais por um violão que toca em falsete
    Que só não tem braço, fundo e cavalete
    Pertenceu a Dom Pedro, morou no palácio
    Foi posto no prego por José Bonifácio?
    Vinte mil réis, vinte e um e quinhentos, cinqüenta mil réis!

    Ninguém dá mais de cinqüenta mil réis?
    Quem arremata o lote é um judeu
    Quem garante sou eu
    Pra vendê-lo pelo dobro no museu.

    “Quem dá mais por um samba feito nas regras da arte”
    Sem introdução e sem segunda parte
    Só tem estribilho, nasceu no Salgueiro
    E exprime dois terços do Rio de Janeiro

    Quem dá mais? Quem é que dá mais de um conto de réis?
    (Quem dá mais? Quem dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três!)

    Quanto é que vai ganhar o leiloeiro
    Que é também brasileiro
    E em três lotes vendeu o Brasil inteiro?
    Quem dá mais?

    (Composição: Noel Rosa)
    Eduardo Dusek gravou com arranjo moderno.Disponivel no eMule.

    “Defendo a idéia de se produzir música sem a necessidade de virar uma celebridade”.
    Eu visto essa camisa,Saleníssimo.

    2.Gil disse :
    “…uma vez no Mexico sob um sol intenso e escorrendo de calor me vi numa esquina cercado de uma moçada toda de preto, pintados, com casacões e chapéus…eu olhava praquilo e não fazia sentido…” hahahahahaha !
    Parece o começo de um filme do Zé do Caixão,Irmãos Max,um conto de Edgard Allan Poe,Kafka sei lá…hahaha
    E tem mais ;

    (…)“Glauber, eu te juro que aquilo não presta, é muito ruim e não faz sentido, é anacrônico…tem coisa melhor, avance Glauber, avance…enfim, me permita ter mais esperanças com vc”(…) hahahahaha !
    Glauber, meu mosqueteiro,eu já perdi as esperanças que tinha com você. Hahahahaha…

    Será que alguém ainda tem coragem de se chatear com essa gente finíssima que é o Gil ?
    Eu me divirto – no bom sentido hein Gil.Não vá perder as esperanças em mim. Hehehe.

    3.Igor Lucas,
    Eu consulto o Google e a Wikipédia de montão.São excelentes ferramentas pra quem não possui uma memória privilegiada,e nem a arrogancia de tudo saber.Mas vou te dar um toque ; use a Wikipédia com moderação,porque eu já vi informações equivocadas por lá.Tão equivocadas quanto a forma deselegante e grosseira como você resolveu entrar nos nossos diálogos.

    Meu abraço fraterno à todos.
    Castello.

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