Pretubom Psirico Fantasmão Parangolé (29/01/2009)
PRETUBOM PSIRICO FANTASMÃO PARANGOLÉ |
29/01/2009 4:45 am |
A melhor coisa do mundo é pagode baiano. Eu sempre achei que o Tchan ia dar em riquezas. Harmonia do Samba. O ensaio do Psirico. Um ensaio do Psirico é sempre o bicho. Colagem de performances com percussão preciosa. Aquela música do “cabelo fica massa, êta, fica massa”, do Pretubom é o que há de bom. Kuduros de Fantasmão e Márcio Vítor: sempra a volta à chula. Quem diria que a chula do Recôncavo seria revitalizada pelo carnaval criticamente desprezado das ruas da Bahia? “Pretos da nova geração”. “Empurra, Piatã!”. As mil variedades de tratamento de uma mesma célula ritmo-harmônica, como nos blues. Uma evidência de energia crescente. E Márcio Vítor ainda canta “Samba da Bênção” e “O que é que a baiana tem?” pra deixar claro que tem consciência da linhagem a que pertence sua música. Jorge Luis Borges escreveu que a piedade que o padre Bartolomeu de las Casas teve dos índios levou à escravização de negros africanos, o que nos deu os blues, Louis Armstrong, a habanera (avó do tango) e “a deplorável rumba ‘El manicero‘”. Sem sequer referir-se ao Brasil na sua lista do legado africano às Américas (o que é, em si mesmo, um escândalo), Borges exibe seu ódio pela canção que inspirou Caymmi em “O que é que a baiana tem” (onde Dorival mais expõe o parentesco com a música cubana que ele sempre disse que o samba da Bahia tem). Eu, que sempre adorei “El manicero” (mesmo antes de ouvi-la com Bola de Nieve), gozo ao ouvir as chulas estilizadas dos novos grupos de transpagode soteropolitano. Amada Exequiela, para que brasileiros e argentinos entendamos esse desprezo de Borges pelo Brasil, transcrevo aqui trecho do romance “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto - escritor brasileiro do iniciozinho (eu amava quando se escrevia inìciozinho) do século 20: Lima Barreto era mulato e é o mesmo autor da obra-prima “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, que entrou na quase-discussão entre Gil e Heloisa. Alexei Bueno está errado quanto aos concretistas. Será que Luedy não leva em conta minha afirmação de que as regras também são criadas pela multidão, pela necessidade prática de se comunicar? E: o sucesso do professor Pasquale (que, aliás, diferentemente dos linguistas que o agridem, nunca disse mal de nenhum deles) e da professora Maria de Lourdes (a da Tarde) não é prova de que “eles, sim, é que jogam para a platéia”, mas de que “a platéia” está sedenta de saber sobre a engrenagem da língua. É um sucesso legítimo. O insucesso (popular!) dos linguistas é que nos leva a pensar quão esnobe é o igualitarismo deles. Adoro “Lígia” e creio que João canta a letra que Tom escreveu sozinho. Depois é que ele chamou Chico para refazê-la. Amo de qualquer jeito. E também acho legal a negação (”denegação”, diriam os freudianos). Acredito no que a irmã dele contou. Quando esses discos mais “sinfônicos” sairam, eu não fiquei muito atraído: era um ardoroso fã de “Brigas nunca mais”, “Saudade fez um samba”, “Outra vez”, “Se é tarde, me perdoa” - sentia pena de ver Tom parecer considerar menores essas maravilhas e querer ser Villa Lobos. Depois envelheci e até esse senão desapareceu. Mas ainda gosto mais desses sambinhas perfeitos. Embora neste momento goste mais ainda dos sambinhas imperfeitos ou mais-que-perfeitos dos grupos de transpagode baiano. |
Com essa divulgação fantástica,e em todos os níveis,à disposição,fica difícil esses subprodutos da riquíssima cultura musical bahiana evoluírem,ou pelo menos melhorarem um pouquinho.
A melhor coisa do mundo é pagode carioca.
Ih, Caetano, mas “Se é tarde, me perdoa” não é do Lyra e do Bôscoli?… Adoro esse blog (posts e comentários). Abraços.
Sempre ele, nossa fonte e nossa foz.. o mestres dos mestres.
Caetano, eu não vou entrar na briga deles (Bagno contra Pasquale - e, sim, Bagno costuma ser muito duro com ele -, e Possenti contra Sacconi), mas o fato é que as críticas que ambos fazem aos gramáticos me parece muito bem fundamentada. E, além do mais, o bordão do Pasquale, ao encerrar suas considerações sobre acerca dos usos da língua, é sempre muito redutor (pelo menos para quem não aceita de bom grado que possam existir “erros” nos usos que fazemos de nossa própria língua). Você lembra do bordão? “É isso”, nos diz ele com toda a certeza do mundo. Eu prefiro o seu “ou não” que alguns humoristas pescam para brincar de te imitar.
luedy, parte I
A parte II, eu tento e não vai! Simplesmente assim. Que coisa chata!!
Bem, o que eu queria dizer é que se uma gramática normativa (dessas mais tradicionais) fosse um compêndio musical, o pagode seria um “barbarismo”. Será que vc não percebe que o problema todo está na acepção de “cultura” da chamada “norma culta”?
luedy
Seguindo a receita de Salem pra ver se dá certo.
Fecho o Safari e envio pelo Firefox, no Mac.
Lima Barrreto era mulato, como Machado. Escritor, como Machado. Jornalista, como Machado. Mas, ao contrário de Machado, era boêmio e alcoólatra. E falava Javanês!
Se for, voltei.
Abraços!
alexei errou feio ao patrulhar os concretistas. errou feio ao patrulhar. period.
mas quero mesmo é falar sobre “triste fim…”:
lima barreto me parece poupar apenas “ricardo coração dos outros” de sua crítica mordaz. o próprio policarpo [embora na voz de seus amigos mais chegados, seja visto como um patriota herói quixotesco] é exposto em suas “delusions of grandeur”, falta de bom senso e ingenuidade.
Transafados. Transvergonhados. Transtudo de bom!
Viva os axés, os psiricos, os rocks, os sambas, os transrocks, os transambas, os transpagodes, os transfados, os transexuais, os travestidos! As saias rodadas, o calor forte, o short curto, o sorriso no rosto!
Precocidade está nos olhos de quem vê.
Não lembro agora a letra, mas adoro um samba de roda que canta o pau. Pede para pegar o pau, beijar o pau, etc.
Já rebolei bastante na laje com o tchan, costumo ir até o chão com o funk. Glauber, são manifestações das pernas e cinturas e não somente do braço esquerdo.
Dona Teté canta um cacuriá assim:
Eu quero é poder dançar e fazer amor. E amor com todas as suas derivações. Amor de amigo. Amor de amante. Amor distante. Amor para entender política. Amor para argumentar sem desprezar o outro.
Este meu comentário saiu assim, um pouquinho sem nexo e meio que jogado ao léu. Estou ansioso, amanhã pegarei um avião e descobrirei novos mundos.
bjs.
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Ao terminar de escrever, a Céu cantou em meu player:
Miopia
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Português cria música sobre o acordo
“A primeira frase do samba é repetida três vezes, mas de maneira a enfatizar a diferença entre o português falado respectivamente no Brasil, em Portugal e na África: “Cadê minha morena?”, “Onde é que estás, miúda?” e “Nina, eu quero te encontrar”.”
http://www.bemparana.com.br/index.php?n=95172&t=portugues-cria-musica-sobre-o-acordo
E aí, galerinha! Impossível ler tudo, viajei nas férias e vocês mandaram bem demais.
Ao contrário do Caetano, que adora esses refinamentos, continuo ouvindo só porcaria. Stephen Stills, Peter Gabriel, Sérgio Sampaio. E Richard Buckner. Não é nenhum Fantasmão, mas me põe pra chorar. Verdade que me incomoda ver tantas crianças rebolando e despertando precocemente uma sexualidade que deveria ainda estar dormindo, mas é cisma minha. Peço para a baiana caprichar na pimenta do acarajé, o que ela faz com um ar de satisfação evidente, visto que a provoquei dizendo: “Ó, disseram que essa pimenta sua é bem fraquinha, é mesmo?”. Quase morro.
Passei uns dias em Mar Grande. Lá, dizem que nossa casa é “a casa dos mórmons”, por causa deste tipo de porcaria que ouço. Meu velho gosta de José Augusto, Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo e Pholhas. Chorinho e Românticos de Cuba. Aí os vizinhos dão um pouco de crédito. Arrisquei um Sinatra com “I Will Drink the Wine”. E vou dormir ouvindo Albert King gemer “As The Years Go Passing By”, um proto-Psirico. Mas bem baixinho, sem incomodar.
Glauber, gostei demais daquele album dos Pretty Things, não o conhecia; super valeu, man!
Cadê Joaldo com a lenda urbana chamada “Viagem a Santo Amaro”? Depois da mulher de branco, a loira do banheiro, agora temos “Joaldo em Santo Amaro”! Vãobora, homem.
Abraços!
Oi, Caetano e pessoal.
Eu tenho o CD Nossa Língua Portuguesa do Pasquale. Nele há um recadinho dele assim:
“Cuidado com as muletas linguísticas, vc pode quebrar a cara na gramática”.
Ele não cita os nomes de seus adversários intelectuais, o que é muito diferente…
Filosofia do Samba.
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Com todo o respeito ao Tchan,Psirico,Harmonia – ninguém conquista nada na vida sem méritos – mas devo dizer que,no “sambinha” deles,é onde a Bahia é menos carioca.
_____x_____
Castello.
HERMANO CORRIGJO ERROS DE DIGITAÇÃO:
Caetaníssimo
Eu gravei Brigas, Nunca Mais. ‘Tá no CD que ainda não saiu e eu te enviei a pré-mix pelo Marcelo. O arranjo é em compasso ternário.
Também fui abduzido pelos sambas de Tom cantados pelo João no início de tudo. Os 3 primeiros álbuns e Esperança Perdida no álbum mexicano, fazem um songbook da obra básica de Tom.
Em Matita Perê, Tom mostrou sua coragem sinfônica e seu desejo de mudar. Corria riscos fazendo isso. Embora, muito se tenha dito sobre a sua aproximação à obra e ao estilo de Villa, vejo mais a linhagem de Radames nesse mergulho estético ousado.
Radames, como Tom, ao contrário de Villa, não foi um sujeito do universo erudito que descrobiu a música popular. Era um maestro trabalhador, arranjador de canções, rato de estúdios, rádios e próximo aos cantores populares. Como Tom. Como Nazareth. Como Morelembaum. Um tipo de músico bem brasileiro, que pode a um só tempo, se debruçar nos complexos grides das partituras e ser visto em um boteco numa roda de samba.
Tom era assim.
Gosto muito mais de Lígia do que de Borzeguim. As canções do período pós-bossa-nova de Tom tem múltiplos estilos. Lígia é prima-irmã de Retrato em Branco e Preto (mais antiga e com a letra do Chico, que sabe lá Deus como, conseguiu fazer aquilo tão moleque). Fotografia é um blues.
É bonito ver que Tom ganhou o apelido de Maestro, e mais tarde Maestro Soberano, numa espécie de reconhecimento que a sua obra e ele mesmo reivindicavam.
Nunca vi Tom com uma batuta regendo e mesmo assim ele é o nosso Maestro, no sentido mais amplo da expressão. Não é bonito que seja assim?
No disco Tom e Elis há a tensão entre esse velho-novo Tom de Brigas Nunca Mais e o novo-velho Tom de Águas de Março. O piano elétrico de Cesar e o piano de cauda de Tom conviveram no estúdio. E ali nascia um som único e inimitável.
Depois desse maravilhoso marco fonográfico, a obra do bossa-sambista se uniu à obra do Mastro formando uma coisa só.
João Gilberto cantando Lígia também amarra os nós desses dois períodos.
No final, tudo se misturou e o piano subiu à Mangueira.
Aliás, “Piano na Mangueira” é um samba irmão de “Onde o Rio é Mais Baiano”. Outro dia aqui em casa cantei as duas canções no mesmo Tom (A+). E elas ficara uma coisa só.
Hoje, os “sambinhas imperfeitos” da Bahia estão unos aos sambinhas-mais-que-perfeitos do Rio. Só não ouve quem não quer.
O outro “mito surgiu dessa maneira”.
Que alegria!
beijos imperfeitos
salem
cae, quando voce coloca o pagode baiano como filho da chula do reconcavo redime o mesmo da vulgaridade e banalidade que é tão explicita, eles tem sua força, mas um pouquinho de bom senso não faz mal.
esta é a diferença existente entre eu e caetano. eu e ele temos muito mais coisas em comum que divergências, apenas esta toca num ponto, pra mim e pra ele, nevrálgico.
“letras de rimas miseráveis, melodias paupérrimas e harmonias de primeiras lições de violão”.
Você pulou essa parte do texto do Castello, Luedy? Estão aí resumidos três “critérios objetivos”.
“(sim, para eles a poética do corpo é algo no mínimo desprezível e desconectado de qualquer atividade cognoscente-racional). Ou então, o argumento é baseado apenas no gosto pessoal”.
Rapaz, você não está debatendo com idiotas. Poética do corpo desprezível? O que lhe autoriza a concluir isso? E o que é que Prince está fazendo na sua listinha? É preciso sair em defesa de Prince para criticar essa bobajada toda? Se você não consegue ver nada que diferencie Prince de Parangolé, a deficiência é sua. Prince gravou com Miles Davis, rapaz.
“Porque põe em risco a vida secreta da sexualidade das crianças”.
Isto é coisa muito séria; a não ser que você considere estudos que tratam de distúrbios emocionais e/ou psicológicos decorrentes de precocidade/imaturidade sexual como algo meramente fundamentado em “moralismo”.
Isso aqui está parecendo o Show de Truman.
A grande defesa do Caetano com relação a tudo isso eu encontrei nas páginas do Verdade Tropical, no relato do episódio da sua prisão. Tudo me parece uma justificativa disso (e de ter, aqui, declarado “desejo ser solar”) - apesar da elegância do post do Caetano e da necessidade de que tudo isso seja, sim, discutido de forma adulta, buscando origens e confluências culturais.
Acho que Caetano pesou um pouco a mão na relação com o blues, mas essencialmente ele está correto. Poderia ter citado o reggae também. Está correto, embora estejam longe de apresentar tantas nuances quanto as desenvolvidas por estes outros estilos.
“A melhor coisa do mundo é pagode baiano”. Obviamente um impulso legítimo ditado por uma série de razões - dele. Fico com medo de perguntar qual seria a pior coisa do mundo.
Sinto alívio em ver Caetano se divertindo, porque ele se atormenta com muita coisa, leva a sério muita coisa. E não dorme direito (e também não se alimentava direito, não sei se melhorou). Pelo menos a frigideira de maturi eu sei que ele não dispensa.
Abraço,
Canção é que nem amigo, temos os próximos, os distantes, aqueles que passam, aqueles que ficam - mesmo distantes.
Essa confusão gerada entre o que é dança, o que é música… Essas manifestações estão além desses conceitos. São brincadeiras. São brincantes.
bjs.
http://br.youtube.com/watch?v=E5mH38AhOHI
http://br.youtube.com/watch?v=rVLpaiH2hbQ&feature=related
a banda que com todo romantismo [sério] uniu ed wood, thomas mann, filmes B, elvis e inventou um estilo: psychobilly.
Revi isso agora e não posso deixar de linkar. Marina e Caetano juntos cantando Fullgas! Como é possível tanto charme, beleza e talento??!! Uma canção genial, superatual, um clássico. Muito oportuno esse vídeo! Luxo para todos!
http://www.youtube.com/watch?v=TkK9t86B2iY&feature=PlayList&p=3C732BD57D5573E7&playnext=1&index=6
Luedyssimo
‘Cê disse assim ó:
“se uma gramática normativa (dessas mais tradicionais) fosse um compêndio musical, o pagode seria um “barbarismo”.
Mais uma vez você deu a deixa. Dentro do que seria uma “norma” musical o pagode da Bahia é impecável.
Os acordes estão no lugar. A melodia é consonante com a harmonia. A quadratura ritmica é complexa e não atravessa.
Isso sim seria uma comparação normativa.
Se usarmos a música como a “metáfora da vez” pra gente discutir gramática, temos que saber o seguinte:
Toda música pré-moderna e pós Bach se apóia em um conjunto de regras super-rigoroso: o que se convecionou chamar de Sistema Tonal. Ele é baseado na polarização de tensões (provada pela série harmônica de Pitágoras) de notas que já estão na natureza. E defendido no Cravo Bem Temperado. O momento em que o piano ganhou teclas pretas para que todas as tonalidades fossem análogas à escala de Dó. (Antes a música era “modal” e o modo dórico era apenas um dos modos).
Pois bem. O Sistema Tonal baseado na escala de Dó virou uma espécie de norma durante 2 séculos, que rendeu pencas de obras-primas até seu suposto esgotamento no início do Século XX.
A música popular apenas “empresta” esse código complexo e o mixa a outros códigos, visuais, corporais e entoativos.
Quando no início do século passado o Sistema Tonal parecia ter se esgotado para os eruditos. A Escola de Viena propôs um novo sistema batizado de “dodecafonismo” ou “serialismo”. Uma nova gramática ou conjunto de normas que pretendia evitar a repetição de tensões tonais (atonalismo). Tudo através de séries de 12 notas calculadas de forma cerebral pra evitar os “sentimentos” de tensão e relaxamento do tonalismo.
A música popular pouco usou dessa contribuição atonal.
Ao contrário da Escola de Viena, os impressionistas, como Debussy ou Eric Satie, propuseram outro caminho. A tonalidade continua, mas pode ser transgredida, com dissonâncias, modulações evitadas e acordes esquisitões. Essa sim foi uma aventura dos eruditos que bateu forte na música popular influenciando o jazz e mais tarde a nossa Bossa Nova.
O que se faz hoje (tanto de bom ou ruim) está dentro desse espectro da gramática moderna e pós-moderna, ainda tonal.
Usando a palavra “barbarismo” o que você fez foi um juizo de valor (o tal preconceito) usando o que achava ser regra em música. Errou. Não há normas assim na gramática musical. Há, usando palavras corriqueiras: desafinação, atravessação e desarmonia.
Assim como a gramática, a música também vem construindo um conjunto de regras a partir da sua história, que você parece desconhecer.
E esse conjunto pode sim ser transgredido. Mas isso não significa que “vale tudo”. Músicos afinam seus instrumentos e ensaiam pra que o som não se desarranje. Quando fazem isso, mesmo sem saber, estão usando normas e conquistas do tempo e da história. Quando um coro de Pagode Baioano divide as vozes usa conceitos de contraponto e harmonia que são conquistas da humanidade!
Se é pra colocar a música dentro desse saco, podemos falar mais da gramática e do alfabeto musical, que não passa de um conjunto de regras e códigos.
Conhecer o sistema tonal na teoria ou saber “escrever” música e solfejar não é necessário pra se produzir boa música popular. Assim como um belo poema de cordel pode ser criado e entoado por um analfabeto. Mas isso não quer dizer que não haja regra. Há.
Uma confusão deve ser desfeita: já disse aqui que não acho que altos índices de escolaridade fazem um povo mais criativo quando o papo é música popular. Do contrário, a Jamaica seria pobre e a França rica em criatividade.
Mas não acho o contrário. O acesso às normas vigentes NÃO é opressor, nem reprime a criatividade dos falantes e cantantes.
Djavan não sabe escrever música, mas faz arranjos sofisticados e os passa “de boca” pra seus músicos. Neles, também há sofisticadas regras de contraponto e harmoniazação.
Na sua maioria, os músicos da Bahia são inquestionáveis nesses atributos gramaticais.
Agora, se você quer criticar usando parâmetros de natureza cultural, okay. Faça-o. Glauber fez. E está okay. Apesar de não entender a sua contraditória oposição à catarse, que é a base do seu jeitão bonito de gostar das coisas.
Mas imaginar que na música nova da Bahia há erros de ortografia musical, é barca furada.
beijo dissonante na sua testa incansável
Salem
Pessoal. Desculpem o extenso comentário sobre a gramática e a música, mas me pareceu necessário.
beijos nas testas
salem
dom de iludir.
quer dizer que é só fazer uns covers de caymmi [assassinando-o] e tá tudo resolvido? qualquer um pode fazer isso, principalmente se for instruído a fazê-lo.
COMENTÁRIO CULTO E GROSSO
NORMA é Bengell.
Possentimentos e pós-sentimentos. O “É isso” de Pasquale não “é aquilo” que disseram. Pra que tanto zumzum. Erro de gramática em música é não ter molho, ritmo nem nada.
Estou feliz por Lígia ter mobilizado tantos comentários, até do Caetaníssimo.
“Saudade fez um samba” e “Se tarde me perdoa” são de Lyra e Bôscoli, claro. Eu ia botar lista maior, com Menescal e Donato e tudo o mais. Adorei o coment de Salem. Tom Maestro, unidade entre pré e pós bossa nova. “Águas de março” é João improvisando “na beira do rio” em “Você e eu”. “Lígia” tem a ver com o Tom pré. O que eu meio recusei ao ouvir foram as peças mais sinfônicas. Mas não recuso mais. Há um press release que escrevi sobre o último disco de Tom de que ele gostou muito: foi a única vez que o ouvi falar sem nem uma gota de ironia na voz. Ele me telefonou para dizer que tinha gostado. Foi pra Nova Iorque no dia seguinte. E morreu. Vinícius tinha morrido uns anos antes, quando Tom estava em Nova Iorque. Ao voltar, Tom comentou: “Vinicius é um cara em quem não se pode confiar: a gente vai a Nova Iorque e ele morre”. Foi Chico quem chamou Tom de Maestro Soberano, em “Paratodos”. Não sou o maior fã do disco Tom e Elis. Gosto de “Águas de março” com João, no album branco. Tom Jobim é o maior compositor popular brasileiro de todos os tempos. Só ele pode sobrevoar Pixinguinha, Caymmi, Herivelto, Noel, Ary e Carlos Lyra.
Glauber, “a música baiana de mercado hoje tem muito a ver com necessidade de catarse. não confio em catarse e pra mim felicidade tem mais a ver com calma que com o oba-oba [que muitas vezes não passa de histeria]” é uma declaração curiosa para vir de um amante do rock (Elvis, Queen, Beatles, Stones, The Who, Metallica… a lista é infindável). Catarse, primarismo, histeria: eis os pilares da história do rock. Também respeito sua opinião e seu gosto. Eu amo Psirico e você detesta. Mas aqui se trata de ilógica apreciação dos motivos.
Mesmo que Pasquale respondesse agressivamente aos linguistas que o agridem, isso em nada mudaria o fato de que as regras nasceram da necessidade de comunicação dos falantes comuns. E continuam mudando. Os gramáticos só podem registrar em que pé estão. Dizer que tudo é igual é negar à maioria uma série coerente de regras que possibilitam a universalização do saber sobre o uso da língua. Psirico é pior do que barbarismo entre nossos amigos cultos ou roqueiros, moralistas ou revolucionários. Para mim é a cultura do recôncavo com vitalidade - e o comércio da música subjugado a ela. A gramática é útil e, para mim, agradável (não estudo: só lembro e observo, mas quero voltar a estudar). Os linguistas contribuem com sugestões utilizáveis quando se fizer um bom projeto de educação básica no Brasil. Mas no momento esses militantes fazem também um pouco de demagogia nociva, provavelmente sem o saber.
Ufa, graças ao Rafael consigo agora ler o que gosto, graças ao Rafael e a um tal Mozilla. Inda bem, inda bem. Rafael além de ser lindo por demais ainda é super atencioso. Grata, Rafael.
Salem, não fui indiferente ao beijo que me mandou lá no outro post (aliás, fiquei assim, um tanto feliz), mas é que só hoje eu o vi/recebi. Beijos mais.
Queria tanto ter o nome de Lígia ou quem sabe Iolanda, só pra ser nome de música. E amo essas duas músicas. Ah, queria tanto ter meu nome numa música. Minhas duas filhas têm: a grandona é Marina e a pititinha é Laura.
Beijocas a todos.
“Os linguistas contribuem com sugestões utilizáveis quando se fizer um bom projeto de educação básica no Brasil. Mas no momento esses militantes fazem também um pouco de demagogia nociva, provavelmente sem o saber.”
me lembrem:
Quem vai saber? Só sei que as duas me deixam os olhos molhados. Adorei suas escolhas para gravar Tom, mas da próxima vez inclua ‘Falando de amor’: na sua voz, ela com certeza vai arrepiar o braço esquerdo do Glauber. E os meus dois.
não maltrata Castelão…Candeia é o seguinte…lembra aquele que fala..mulher…como é? houve um encontro pra lembrar dele num fim de semana no centro, eu contei aqui, tinha uma música que eu fiquei doido…CANDEIÃO imenso parente do gajo lá do Lima Barreto bem lembrado pela Heloísa querendo me agradar…e nosso caetano é tudo e sem contrariá-lo a gente tem que concordar: o samba carioca é o seguinte…viva a Bahia!!!!Viva Caetano Veloso e Gilberto Gil! Viva João Gilberto e Maria Bethânia! Viva Gal Costa, nossa musa eterna. salve o samba brasileiro Heloísa!
Caetaníssimo,
“Felicidade tem mais a ver com calma que com oba-oba”….sim, você está certíssimo Caetano. Talvez Glauber não tenha sido tão claro nessa ligação que fez entre “catarse, oba-oba, felicidade” e pagode, axé. Porém, acho que a música de carnaval da Bahia hoje está plenamente ligada à catarse, ao oba-oba e à alegria. Alegria sim tem muito de oba-oba. A felicidade é como um lindo lago sereno. Sim Caetano, “aqui se trata de ilógica apreciação dos motivos”. Beijos!!!
O Jobim não é somente o maior compositor popular do Brasil, mas também um dos nossos maiores filósofos: “O homem nasceu com duas doses a menos” ou “O Brasil não é para iniciantes”..são coisas fantásticas. Também adoro “Lígia” e vou dizer uma coisa; também não curto o disco Tom/Elis. Pra ser sincero novamente, eu não sou muito fã da Elis Regina não. Sei que vão me detonar por isso. Mas a figura dela e suas interpretações nunca me causaram entusiasmo geral, não como o que senti e sinto em Gal, Bethânia, Elza Soares, Clementina, Marisa Monte, entre outras.
Eu curto paca o “Cramps”. Aquele “Bad music for bad people” é genial. Tá frio aqui em Campos do Jordão, onde estou agora, vou botar pra rolar o Cramps e ficar olhando as montanhas enevoadas estampadas além da minha janela.
Acho que foi a Cristina que disse no post “Transtudo” que a proibição da maconha foi imposição da maioria puritana dos EUA na época da “lei seca”. Nunca tinha me ocorrido isso antes, vou pesquisar. Interessante.
beijos a todos!!!
desconfio que nem bagno e nem possenti aprovariam meu “mau-gosto” musical. o engraçado é que eu não consigo me aproximar de caetano em assuntos de linguistica e gramática e provavelmente me afaste de possenti e bagno em assuntos de estética.
eu, no entanto, continuo tentando juntar as pontas: uma gramática normativa (pelo menos as que eu conheço) desautoriza os usos populares da língua como “vícios de linguagem”, “barbarismos” entre eles. Definem a norma culta ou padrão como “língua exemplar”. Mas exemplar de quem? De que grupo social? Se há normas, no plural, por que outras normas não são consideradas?
Sua defesa da melhoria da educação, Caetano, me é algo nobre, mas sua defesa incondicional da gramática normativa parece decorre da crença de que o “padrão” resultaria de uma negociação democrática, travada entre grupos sociais em posição de igualdade política. Assim, fica parecendo que a “norma padrão”, caso essa igualdade fosse possível, seria neutra, ou que pairaria acima de qualquer disputa por representação.
Se não, como não deixar de notar que Lucesar ao afirmar que o “menas” de Lula “é mesmo uma lástima”, algo que lhe faz “corar” (de vergonha, certamente), está, em última análise, manifestando seu desagravo para algo que lhe parece profundamente “errado” e “feio”? [E que, não por coincidência, decorre de uma modalidade desprestigiada de falar?]
Enfim, se o padrão resultasse de um acordo para que todos se entendessem, o “menas” (que não é só de Lula; aliás, tanto quanto o “meia chateada” das amigas de Licia) deveria ser consagrado como regra válida. Ou não?
Rosana, você é nome de música: “Rosanna”, do Toto.
Ricardo Pedrecal,
Eu li o que vc escreveu. Não concordo com nada, mas não esou em condições, neste momento, de rebater seus argumentos.
Eu sempre tive essa dúvida em relação à letra de “Lígia”, e durante muito tempo eu achava que era eu que estava ficando doido. Muito obrigado.
No dia Nacional da Visibilidade Trans nada mais justo do que dar voz àquelas que tanto têm se articulado na busca pelos seus direitos, reconhecimento e inserção social. Hoje, o Brasil inteiro comemora tal data.
Para tanto, conversamos com Lili Anderson, 34, vice-presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) e presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Espírito Santo (ATES).
Há oito anos atuando com o ativismo político, Lili iniciou a sua trajetória em uma vila de pescador em Itaúna. “Foi onde assumi esse papel político”, conta. Na entrevista, ela analisa a postura da mídia a respeito das trans, que considera “hipócrita” e fala ainda sobre o movimento LBGT, ensino público e nome social.
Por que resolveu entrar no meio do ativismo?
Entrei através de uma vila de pescador onde eu morava no estado do Espírito Santo, lá comecei a assumir esse papel político, na Vila de Itaúna. Comecei pela Ong do Betinho e passei por outras ONGs, e assim fui me empodeirando politicamente.
Como é possível fazer com que as(os) transexuais e travestis permaneçam na escola?
Isso varia de região para região. Nós lutamos contra a questão da discriminação e o que faz a gente tocar esse trabalho é uma conscientização: a partir do momento que nós temos trans no cenário nacional político e nos estados e municípios, isso já faz com que as outras tenham uma forma de pensar não só de rua. Começam a socializar a vivência, estar mais presente dentro da sociedade.
Recentemente tivemos notícias de duas transexuais: uma cursa mestrado e a outra doutorado. O que você acha disso?
É uma posição maravilhosa, para nós da uma visibilidade muito legal. Porque temos uma vereadora em Nova Venécea, que é a Moa. No ano passado, ela era a presidente da Câmara, esse ano ela é novamente. Temos também professoras aqui no Estado do Espírito Santo que são travestis. A partir do momento que a gente vê e as outras começam a enxergar que tem alguém ocupando aquele espaço e lutando por ele, elas [travestis e transexuais] começam também a buscar isso na vida.
Ainda falta visibilidade para essas outras histórias das travestis e transexuais?
Sim. Infelizmente a mídia é muito perversa, ela não da espaço para falar quem está hoje no quadro político, no quadro nacional, dentro da área de trabalho. Quando a gente pega esses programas de televisão, eles mostram apenas o lado da rua, o lado da prostituição, mas não mostram o lado que a garota pode estar em outro mercado de trabalho. A mídia contribui muito com essa visão, por exemplo: o dia da Visibilidade Nacional Trans, poucos jornais colocam essa visibilidade, não coloca o porquê dessa marginalidade, que é uma questão de política pública, pois elas não tem uma assistência direcionada. Se você pegar o trabalho de assistência social, eles vão para a rua conversar com os meninos de rua, mas não analisam a questão da travestir menor de idade, que está na rua sendo usada pela prostituição. Isso é uma coisa no quadro nacional muito crítica e que passa despercebido pela sociedade o tempo todo e também da área acadêmica.
Por que existir o Dia Nacional da Visibilidade Trans?
Foi através da ANTRA (Articulação Nacional de Travestis e Transexuais) com o programa nacional de prevenção, onde aconteceu a primeira campanha e deu uma visibilidade muito grande para as travestis e transexuais. Então, no dia 29 de janeiro, foi lançada a campanha em um workshop, que foi levada para vários estados com a cara das meninas. Lançamos a campanha na área da saúde e da educação. Na época, discutimos a questão dos banheiros, do nome social dentro das escolas na área da saúde. Porque antigamente as pessoas da saúde não chamavam as meninas pelo nome social, hoje eles têm esse compromisso social. Na [área] de educação também.
O que é ser trans no Brasil?
É muita coragem, muita luta, dar a cara a tapa para essa sociedade que é medíocre. Infelizmente, na época de campanha política, todos percebem que nós somos cidadãos, mas depois que passa essas questões as pessoas esquecem da gente. Matamos bicho todos os dias, que é diferente dos gays né? Não desmerecendo os homens gays, mas a partir do momento que nós [transexuais e travestis] levantamos e temos um compromisso com o dia-a-dia, já sabemos o leão que temos que engolir em cada esquina e em que cada rua.
Qual fragilidade você apontaria?
As escolas e os educadores estão preparados para essa demanda?
Acredito que sim. Depende de algumas escolas, porque hoje nós temos grupos universitários que estão discutindo a diversidade sexual.
Mas e o colégio público, na periferia do seu Estado, está preparado?
A periferia está mais sensível do que as escolas particulares, por incrível que pareça. Temos parceiros na periferia que é o movimento da juventude e temos o pessoal do hip hop, que era um grupo muito fechado e hoje ele também está discutindo as questões da diversidade sexual.
Labi Barrô, assinando embaixo!
Salem, excepcional seu comment #20.
Meu problema todo é idolatria a João. Vc falou um negócio que eu não gostei no primeiro comment sobre Lígia e fiquei puxando briga…
Salém, excepcional seu comment #20.
Meu problema todo é idolatria a João. Vc falou um negócio que eu não gostei no primeiro comment sobre Lígia e fiquei puxando briga…
Chupe meu braço!
existem mais e melhores artistas fora do mainstream que dentro, no mundo todo [salvo medalhões como caetano]. sim, porque PRETUBOMPSIRICOFANTASMÃOPARANGOLÉ é o status quo, amigo.
você quer uma argumentação além do arrepiômetro? ok. os cramps não fazem o que se espera deles. quando o “artista” age de má fé e faz exatamente o que se espera dele, a arte está morta, como disse sartre. e o que fica é o kinder ovo de zizek/lacan. além disso, há coisas que são inexplicáveis mesmo…a gente sente. mas é preciso exercitar a sensibilidade. faço isso desde criança. o resto, nando falou.
não estou psicografando adorno.
faço música pela música. difícil pra você acreditar nisso? não estou só, não. somos muitos.
repito: mais do mesmo, tô fora. seja axé light, pagodenejo, rock, mpb, o que for.
aleijão, o fantasmão da neutralização. “a cabeça explode, irmão”. abraço procê e pro alemão! bom, agora vou pra análise…não é mole não! aah, o filme dos titãs tá aí. filmão!
Glauber, maravilhosa essa coisa do braço.
Maria Helena, minha mulher, disse que rola isso com ela tb e sugeriu a letra que transcrevo abaixo da saudosa banda “Kao do Samba” para transdecorar isso tudo:
Então prove aí meu bem, chupe meu braço!
Essa menina manda um abraço
tem mesmo muita muita gente que faz música pela música, tem gente que canta no banheiro, outros publicam na internet ou seja, sopram ao vento…mas levar a música ao mercado são outras palavras. Cultivar uma alface no quintal era uma coisa, alimentar uma cidade é outra bem diferente. Que cantem no banheiro, why not? Mas a música brasileira pode e quer muito mais e já é hora de acordar, enquanto nossa BondGirl vai ao estádio ver Los Fabulosos, nossos estádios servem ao que? Nossos Ipods tocam o que? em 2008 somente 6 discos venderam mais de 50 mil unidades! Quase todos evangélicos. E ainda estamos deslumbrados com maiespeices e o escambau…eu quero meu itunes brasileiro! eu quero que todo mundo se comporte como o povo evangélico do Brasil que decidiu não roubar música, compram suas músicas e fazem riquezas…cadê?
Caetano dos meus pensamentos: durante a adolescência acompanhei entrevistas de Borges, seja com Roberto Dávila, seja na Veja dos idos de 79/80, seja na folha. Aliás fiquei de cara quando vc falou que a Veja era uma porcaria quando da morte de Elis. Hoje entendo. Eu queria gostar de Borges, e acho que esse translumbramento que a Amada fala, penso que a imprensa paulista, se pretendendo primeiro mundo, também queria e idolatrava Borges. Ao que Paulo Francis (sorry) também se regozijou quando um crítico americano, ao ser perguntado sobre Borges, o ignorou.
Também adoro o Tchan, acho genial o que eles fizeram e acho que tem muito ressentimento (da burritsia, como diria o Tom) contra eles Brasil afora. O Marcos Mion já sacou isso e volta e meia faz a dança do Tchan no programa dele.
Tinha curiosidade pra saber o que vc achava do Woody Allen, pois não entendia aquele sentimento do Bressane em relação a ele.
Queria que vc me dissesse qual é o maior disco da década de 90 pra vc? Pra mim é ´Sobrevivendo no Inferno’ dos Racionais MCs. Beijo,
Competência afinal, tá no campo das ideias, da ética, do bom trabalho e não do sexo.
Bom, rola ser bem interessante e prazeroso o sexo competente, mas isso é papo pra outro tema… hehe
Beijos, moçada.
“A tua presença…transborda pelas portas e pela janelas…a tua presença…silência os automóveis e as motocicletas…” (A Tua Presença Morena)
“Não me amarra dinheiro não, mas formosura…mas os mistérios” (Beleza Pura)
“ Eu vou fazer uma canção pra ela, uma canção singela, brasileira…para gravar um disco voador…” (Não identificado)
“…Toma essa canção como um beijo…” (Menino do Rio)
“ …Você é linda, e sabe viver… esta canção é só para dizer… e diz” (Você é Linda)
“… Tropeçavas nos astros desastrada, mas para mim foste a Estrela entre as estrelas” (Livros)
“…meu canto não tem nada a ver…com a Lua…” (Lua, Lua, Lua, Lua)
“…se o Amor escravisa…mas é a única libertação….” (Minha Voz Minha Vida)
“Com amor no coração, preparamos a invasão; cheios de felicidade, entramos na cidade amada…” (Os Mais Doces Bárbaros)
“… meu Rio…te amei no meu coração…te amo, em silêncio” (Meu Rio)
“…Quanto tempo pode durar um espanto?…” (Como um Samba de Adeus)
“…Tudo em Copacabana, Copacabana…vou sonhando até explodir colorido…” (Superbacana)
“…e o céu de um azul celeste, celestial” (Trem das Cores)
“ E eu, menos a conhecera, mais a amara… Sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela…” (O Estrangeiro)
“Uma moça,de lá do outro lado da poça…me encheu de elegante alegria…” (Menina da Ria)
“ …meu coração vagabundo, quer guardar o mundo em mim…” (Coração Vagabundo)
“Enquanto os homens exercem seus podres poderes…” (Podres Poderes)
“…da força da grana que ergue e destroi coisa belas…” (Sampa)
“…Americanos sentem que algo se perdeu, algo se quebrou, está se quebrando” (Americanos)
“…Gente é pra brilhar não pra morrer de fome…” (Gente)
“ Um Índio descerá de uma estrela colorida, brilhante…Virá…que eu vi…” (Um Indio)
“ …você virá do coração do Brasil, e trará o meu sonho na mão…” (Miragem de Carnaval)
“..Terra,Terra…quem jamais te esqueceria?…” (Terra)
“ …Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista. O tempo não pára e no entanto ele nunca envelhece…” (Força Estranha)
“… é preciso estar atento e forte, não temos de temer a morte…” (Divino Maravilhoso)
“ …Com fé em Deus, eu não vou morrer tão cedo…” (Araçá Azul)
bjs/abr
Oi, Caetano e pessoal.
Será que algum dia eu disse aqui que quero escrever e falar “nós foi” e “nós vai” em qualquer lugar e achar isso benéfico? Relativismo total, vale tudo, bundalelê radiante e total?
Os deuses devem estar loucos. Deve ser a tal latinha.
O negócio é o seguinte: quero ver a seguinte cena:
Caetas: eu agarântio.
Anastácia sai satisfeita.
Vellamíssimo
Refrescando a memória aí está o que eu disse no primeiro comentário a respeito de João e Lígia:
“Não sei se as mudanças dessa segunda versão (a primeira é de Chico em Sinal Fechado) são do João ou do próprio Tom. ”
Aí Caetano esclareceu:
“creio que João canta a letra que Tom escreveu sozinho.”
Então você festejou:
Foi esse o ruído? Onde está a idolatria a João que te irritou?
Se bem que se você me conhecer de perto pode até sentir mesmo um pouco de irritação.
Idolatro João Gilberto sem medo do verbo. Ele é meu ídolo, oras.
Muita gente se irrita com essa minha faceta. Mas não tem jeito. João é o artista mais artista que conheci.
Mas vamos nos entendendo.
Beijo amoroso
salem
Bacana lembrar SMETAK como um protagonista da histria da música na Bahia.
Castello está atento.
beijo na testa
salem
Rafael (Comments cada vez melhores!)
Foi um menino de 13 anos quem me apresentou o álbum antológico dos Beach Boys, dizendo que o Pet sempre aparecia na lista dos melhores do mundo ao lado de Beatles e Rollig Stones. Ao final, me dizia: “Não dou bola pra essas listas. São pessoas que pretendem se mostrar superiores às outras.”
Também gostei do Pet Sounds porque o que me arrebata na música é o produto de muitas coisas: paixão, técnica, originalidade… mas é tudo isso junto, sacou! Isso é catarse - quem sou eu para desautorizar Aristóteles?
Enfim, ouço Nina Simone e a considero surpreendente, mas o que Elizete, Bethânia e Elis fazem não parece humano. Não lembro se é o Gil, no DVD em homenagem aos Doces Bárbaros quem comenta, citando Andy Warhol, que a gente aprende a gostar de gostar das coisas… Comigo é assim: gosto do Arrocha, mas meus amigos não acreditam.
Tive de cantar outro dia, na íntegra: “Ela é rampeira/Mas me da de tudo/ Ela banca todo mês a minha feira/Ela é rampeira/De terça a domingo/ Mas tá de boa pra me amar segunda - feira” e eles acharam que eu tava de sacanagem, ms era sério. Gosto de gostar do Bonde do Malandro e gosto de gostar de ouvir Callas, também! Sou testemunho vivo desta catarse.
Confiram Rampeira no link:
http://br.youtube.com/watch?v=9rZdUp4_ryU
Té breve!
Wesley
Glaubito mon amour
Vamos de catarse:
A palavra CATARSE (do grego”kátharsis”) é usada em situações diversas.
Na tragédia, na medicina ou na psicanálise, ela significa purificação ou purgação.
Pra Aristóteles, a catarse tá ligada à purificação das almas através de uma descarga emocional.
Pra rolar catarse era preciso que o herói passasse da graça ara a desgraça. E mais: não pode ser por acaso, tem que ser por uma ação ou escolha mal feita do herói.
No conceito do grego a catarse de fato está bem ligada ao rock and roll. Onde a felicidade e o drama convivem. Como em Romeu e Julieta ou em Édipo Rei.
Na celebração musical baiana há mais felicidade do que tragédia grega. Pouca catarse e muita chuva, suor e cerveja (diferente de sexo, drogas e rock and roll).
Repare que na trilogia do rock há drama e drugs.
Festa, celebração e dança não é necessariamente catarse. Pode ser felicidade mesmo.
beijo catártico
salem
Criticar quem trata a poética do corpo,como atividade mercantilista,e lucrativa,transformando-a em cópulas grosseiramente coreografadas,é ser moralista ?
Que cada um tire suas conclusões.
Maravilhoso, como sempre, os coments do Salém, de quem sou fã desde o Vexame (faz muito tempo, né?).
Muito boa a sua comparação (aproximação?) de Jobim com Radamés, a relação deles (sendo arranjadores de canções populares, como ofício em uma época da vida) em contraponto a o que Caetano quis dizer (e eu entendo) quando citou que o Tom quis ser Villa-lobos. Não seria, nunca, e eu confesso que gosto mais de Tom do que de Villa. Eu adoro Matita perê e Urubu mais do que tudo, mais até do que Amoroso.
Eu acho (de achar e de conviver com quem conviveu com ele) que o Tom nunca foi um revolucionário. Não era a onda dele estar avant-garde. Aconteceu, com ele, de ele estar na frente de uns acontecimentos (que o Lyra, e eu concordo, renega como um “movimento”) que vieram a desembocar nesse fragoroso sucesso a quem chamamos “bossa nova”. Há um livro, maravilhoso, de autoria de Marcelo Câmara, que diz que Tom só foi “bossa nova” nas parcerias com Newton Mendonça. Não chego a concordar, mas chego perto, até porque as duas do Tom que Caetano cita - e são super bossa nova - não são da parceria dos dois. Mas pra mim Tom excedia, em muito, o rótulo bossa nova. E acho que ele lutou pra se livrar dele. (é só ver o maravilhoso trabalho dos 5 volumes Cancioneiro Jobim: 40% das músicas podem ser consideradas BN). E duvido que o Tom as achasse menores por isso. Quando passou a minissérie da Maysa eu reli o livro do Bôscoli e fiquei emocionado quando ele disse que parou de fazer letras quando chegaram Chico e Caetano e citava que o Caetano adorava o verso “Se é tarde me perdoa”.
E é importante que se diga que, a princípio, o Tom não queria o César como arranjador e seu piano elétrico no disco com a Elis. E não é por isso que o disco soa “meio torto”: a verdade é que as almas artistas dos dois não se bicaram muito. É pena, nem sempre dá certo. (Mas esse disco tem coisas sensacionais). Gil e Jorge é magnífico, mas Gil e Milton (reunião que eu esperava muito) é aquém. Acontece.
“O melhor do mundo são as crianças” Fernando Pessoa, Obra Poética 189
Estes poetas são um bocado passados (como quem passa para o inimigo quando perde o pé…), mas não deixam de ser criativos e divertidos…
Samba, samba… Eu gosto muito do “Desde que o samba é samba” de Caetano Veloso
O grande poder transformador
Eu gosto imenso, imenso deste samba; como gostei de ver Caetano e Gil a canta-lo no Coliseu em Lisboa!… Como agradecer?
Acabei de assistir ‘Noites do norte’ em dvd. Depois tentei ver alguns vídeos de Psirico, Fantasmão, Parangolé. Meus neurônios trabalham, trabalham, mas não me respondem: o que faz alguém criar um show deslumbrante como o primeiro e achar pagode baiano a melhor coisa do mundo? Vida, doce mistério!
Paulo Osório, muito obrigada. Adorei a homenagem!
Ricardo, ainda não consegui assistir ‘Viva São João’, mas quero muito.
Marcelo Porciúncula, minha escrita acompanha meu humor, que varia muito em pouquíssimas situações - aqui é uma delas. Mais solta? Talvez. Doce, nem tanto. Bittersweet - mais provável. Obrigada pelo carinho.
Gil Quaresma,onde você está que não sente o cheirinho da comida que eu nunca faço? Em Portugal?
Menina da Ria com Áudio melhor. Obrigado Lucesar.
http://www.youtube.com/watch?v=WUu9vPW81xc
Salém, eu não ia te contar por vergonha, mas acho que já passei piores:
Foi simplesmente porque vc chamou João Gilberto de “Joãogibas” e eu não gostei.
Eu preciso me tratar. Amanhã tem Psirico no festival de verão, já comprei minha pista, vou fazer a catarse e ver se volto melhor…
Olá Flávio Mendes
Também li os livros de Bôscoli e da Regina Echeverria e conheço um pouco dos bastidores e fofocas de Elis & Tom.
Tem a célebre frase de Tom alfinetando Cesar ao dizer que piano elétrico era igual tomar banho de chuveiro elétrico. Mas Tom já havia usado um Fender Rhodes em velhos discos gravados nos States. Tom estava irônico e desconfiado ao ver Elis chegar com sua banda e seu staf. Ele queria mesmo era ela. Cesar teve que ser firme e foi.
Tudo era um belo jogo masculino de provocações que resultou em um encontro.
Ao contrário de Caetano e Teteco, acho Elis & Tom um super-disco. Sou bem insuspeito pra fazer essa declaração, pois nunca tive grandes paixões por Elis.
Hoje, reescutei muito de que Elis gravou e é inegável a sua grandeza. Bastava o take de Atrás da Porta para justifica-la como uma das maiores cantoras do planeta. O canto emocionado, quase piegas, anti-bossa-nova de Elis é coisa pra poucos.
A verdade é que Elis & Tom é uma conquista de Andre Midani na comemoração dos 10 anos de carreira de Elis. Ele conseguiu e forçou o encontro que Elis tanto desejava. Aloysio de Oliveira, como um terapeuta, administrou o clima no estúdio. E essa atmosfera tensa só valorizou o resultado.
O álbum gravado na Califórnia é algo diferente de Tom sozinho e de Elis sozinha. Houve ali um encontro de almas e as tensões entre Tom e Cesar eram amorosas. Estavam brigando por Elis. Mas depois do álbum sair, Brigas Nunca Mais.
O resultado é que os arranjos de orquestra (Bill Hitckock + Tom) e os arranjos de base (Cesar) fizeram um corpo uno.
A gravação de Brigas Nunca Mais é belíssima. Elis está enxuta, sem firulas. Em O que Tinha de Ser se emociona de forma contida. E a gravação de Águas de Março (embora a de João no álbum branco seja a minha preferida) se tornou uma espécie de versão oficial nacional.
Só Tinha de Ser Com Você introduziu uma levada (um groove sincopado com baixo/batera/piano e guitarra grudadinhos) que se tornou popular e está na nova versão de Incompatibilidade de Gênios de Caetano.
beijo na testa
salem
Tem uma música da Carmen Miranda cujo refrão diz “quiriquiri quiri qui” chama-se “Manuelo” (Jack Yellen e Sam E. Fain) está no disco Carmen Miranda On Broadway e é purinho um desses pagodes baianos. Carmen pagodeira avant la lettre…
E Glauber capitulou: “prefiro conversar sobre outras coisas”. O que é um direito, inalienável, dele.
Aê Glaubito
Óia só o Gil provocando a gente consciente ou inconscientemente:
“tem mesmo muita muita gente que faz música pela música, tem gente que canta no banheiro”.
Essa eu acho que foi procê.
“outros publicam na internet”
Essa parece que foi pra mim.
E aí, pra nós dois:
“ou seja, sopram ao vento… mas levar a música ao mercado são outras palavras.”
Gil, queridão, pegue um violão, afine, coloque os dedões da mão esquerda sobre algumas cordas do braço e com a direita faça uma levada. Chame a mim e ao Glaubito. Vamos fazer um trio e procurar uma gravadora. Vamos ficar famosos. Vamos comprar um jatinho. Vamos comer todas as meninas. Vamos ter um site dotrio com a agenda de shows nas Festas de Peão. Vamos gravar o Arquivo Confidencial do Faustão e fazer o Glaubito chorar com alguém lembrando das frases da vó dele. Vamos convidar a Ana Carolina pra fazer uma faixa no disco. Vamos comprar uns carrões e sair bêbados das boates passando nos sinais vermelhos. Vamos gravar o Reveillon da Globo. Vamos responder às perguntas dos garotos no Altas Horas. Vamos nos casar com uma atriz global. Vamos convidar o Padre Marcelo pra entregar o disco de ouro. Vamos coroar esse mercado maravilhoso do disco que está em franca ascensão. Vamos botar metais, backing e um DJ na banda e pagar uma tabela da OMB pra eles. Vamos esnobar os amigos que não fizeram sucesso. Vamos usar playback se o cachê for baixo e recuperar a grana nas eleições apoiando algum candidato. Que tal?
beijo na testa
salem
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Salem,
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Caetano,
Acho que o Tom, mais do que deixando os sambinhas de lado e se aproximando do universo sinfônico de Villa, deixava as ‘praias’ e o Antonio’s do Rio e caminhava pra lugares da música brasileira menos ‘cariocas’. A Suíte Mateira e o Urubu (e o Stone Flower), no sentido trovadoresco, são discos Sertanejos.
Entre o Tom sinfônico e o cancionista, há também o jazzista: o pouco lembrado (e absurdamente genial) “Stone Flower” é frequentemente citado entre os grandes albuns de jazz de todos os tempos pela crítica especializada.
*
[Na celebração musical baiana há mais felicidade do que tragédia grega. Pouca catarse e muita chuva, suor e cerveja (diferente de sexo, drogas e rock and roll)].
Salem, na celebração musical baiana há também sexo e drogas - além de violência. Há tempos que chuva, suor e cerveja ficaram para trás. Perdi um colega de ginásio em 1985 no carnaval de Salvador, morto a facadas por questionar o fato de sua namorada ter sido bolinada. Uma colega de trabalho, dez anos depois, quase teve fim idêntico. Não é coisa para crianças. Muita gente acha que o que se vê na tv é o que ocorre no asfalto. Obviamente que nada disso está restrito nem a Salvador nem a eventos ligados à música baiana.
A alegria de Salvador se parece com aqueles quadros que vendem no Pelourinho, de arte näif, com aquelas casinhas coloridas - é incrível que um lugar que tenha sido palco de tanto sofrimento possa transmitir cores tão vivas.
Nenhuma alegria que ignore o sofrimento pode ser autêntica - exceto a das crianças. Quando a dor for compreendida e transcendida, terá sido dado um passo adiante. Batatinha era mestre nisso e aprendi com Bethania que “o Batata fazia músicas de carnaval, mas todas tristíssimas”. Até lá, fica um clima meio Bozo, meio autista. Talvez por isso o blues esteja sempre presente na cidade; e sem dúvida alguns blocos afros sabem bem o que significa extrair beleza e alegria da dor.
Os baianos, ao contrário dos mineiros, ouviram pouco Beatles. Lennon cantava coisas tristes ou mesmo desesperadas e o povo todo dançava: “This happened once before/I came to your door/No reply” ou “Help!/I need somebody/help!”
Castello zen.
principalmente no carnaval que é onde anjos e demônios se chocam. é a festa da carne, num país católico, numa cidade que cultiva o sincretismo religioso, onde o número de evangélicos cresce a cada ano, injustiça social…boooom! aí desce o chicletão…catarse.
mas cê sacou que meu comentário foi um lance pessoal. é a forma em que a catarse se manifesta por aqui, que não é a minha. minha onda é mais o tipo de catarse que se dá através do pet sounds, dos beach boys. ou das canções de caetano. ou de “lígia” com jobim.
se alguém se interessar, recomendo o disco “guru”, acústico gravado em 94, mais bem cuidado que os álbums dos anos 80.
sempre muito bom conversar com vocês todos. só mesmo aqui neste blog TRANS-lúcido…abraço, irmão.
Gosto do pagode baiano. Não me arrepia nada, mas goto da farra. Os músicos são excelentes, o som é bom e a sacanagem é de primeira. Acho duvidoso esse argumento de que a sexualidade despertada nas crianças por essas músicas é uma tragédia social, que desqualifica a música. Os pais têm mais interferência na educação sexual dos filhos que o pagode baiano. As crianças mal-criadas não são fruto do pagode baiano. Vi minha irmã mais jovem se acabar de dançar desde criança nos pagodes e caranavais ao som do axé. Isso não afetou sua “carreira sexual”. Agora que a dança é exagerada é. As danças sexuais do oriente tem uma história, um sentido e um objetivo tão diferente da dança festiva dos pagodes baianos que, na minha opinião, não cabe a comparação.
Entendo os argumentos do Glauber, principalmente por ele ser músico, sobre a indústria musical movimentada por esses grupos. Mas acho que os músicos dos pagodes fazem música por paixão também, paixão e sacanagem. E, na verdade, acho é muito interessante que se tenha formado uma indústria disso. Pode ser miopia minha, se quiserem pensar assim, mas vejo renovação nos pagodes baianos.
caro salem: ‘norma’, culta, é a de bellini; a outra é só ‘enorme’.
caro glauber: pagode, axé, funk, e esses outros nomes citados aqui, pra mim é tudo quarup.
caro rafael, seu video-bomba caseiro detonou minha edificante pretensão de gerar uma espécie de workshop online de criação musical coletiva, tendo como motivação a letra, até então sem música, da “menina da ria”. magoou.
de qq forma, percebi na gravação publicada no youtube que o problema não está na qualidade do som, mas da platéia.
bj paloma
um lance interessante sobre os cramps. acho que caetano, hermano e salem vão curtir:
the cramps ["os câimbras". câimbra aí é uma gíria para ereção] são um grupo sui generis no cenário rocker. surgiram junto com dead kennedys e ramones no clube CBGB’s em nova york em meados dos 70s. você pode se divertir a valer com eles e/ou estudá-los. na letra de “garbageman” ["lixeiro". lixeiro aí é o cara que lida com lixo no seu trabalho, a música] eles auto-referenciam seu som e sua filosofia. é complicado traduzir, mas vou tentar uma tradução livre:
GARBAGEMAN [CRAMPS]
LIXEIRO [CRAMPS] - TRADUÇÃO MEIA-BOCA, haha
–[aqui duas referências a clássicos do rock de garagem: "loiue, louie" e "surfin' bird"]–
…………………..
o video de garbageman, caso alguém queira ver para entender melhor o universo d’os câimbras/ereções:
http://br.youtube.com/watch?v=rVLpaiH2hbQ&feature=related
esta canção está no primeiro álbum dos cramps, “songs the lord taught us” ["canções que deus nos ensinou"]
Bons argumentos de Nando e Glauber à respeito de tragédia e catarse no carnaval da Bahia. Faz todo sentido.
beijos nas testas
salem
[Acho duvidoso esse argumento de que a sexualidade despertada nas crianças por essas músicas é uma tragédia social, que desqualifica a música. Os pais têm mais interferência na educação sexual dos filhos que o pagode baiano]
Ninguém usou esse argumento, Ricardo. Não nesses termos. Leia direito. O que eu disse foi o seguinte:
“Verdade que ME incomoda ver tantas crianças rebolando e despertando precocemente uma sexualidade que deveria ainda estar dormindo, mas é cisma MINHA”.
Abraço,
Salem,
tem também o telefonema da Elis pro Menescal depois do primeiro dia de gravação, em que ela começou dizendo que estava tudo horrível, que o Tom isso, que o Aloysio aquilo, que tudo tinha ficado uma porcaria… e ele perguntou: mas não tem nada legal? aí ela começou a dizer que uma faixa tinha ficado legal, outra também, enfim, terminou o telefonema dizendo que estava tudo ficando maravilhoso, que o Tom era sensacional, que ela estava adorando o disco. Coisas de artista.
Nando,
pertinente lembrança do Stone Flower (incluo o Tide nessa), que foram os discos citados pelo Salem em que o Tom tocou Fender Rhodes. (o Marcos Valle tocou Fender Rhodes pela primeira vez na trilha de Vila Sésamo, gravada em 2 canais, quem se lembra?). Mas acho que o Tom não se considerava um jazzista, e acho também que o disco está na lista de ‘jazz” porque cabe muita coisa nesse balaio. Tom nunca foi um improvisador, fazia belíssimos solos escritos, e um deles em Wave ficou tão bom que virou outra música, Tide.
Abs
Eu li com bastante atenção o que você disse. Eu não me referi a essa frase específica que você destacou, mas a toda uma visão que existe da dança da música baiana de carnaval que eu achei (e posso ter errado) que estava dentro de coisas que você e Castello disseram, como esse trecho teu ao Luedy:
“Porque põe em risco a vida secreta da sexualidade das crianças”.
“Isto é coisa muito séria; a não ser que você considere estudos que tratam de distúrbios emocionais e/ou psicológicos decorrentes de precocidade/imaturidade sexual como algo meramente fundamentado em “moralismo”.”
Você foi claro e, como o Glauber, expôs que a visão é sua, é particular, é embasada em conceitos que você considera importantes, e por isso, eu considero importante também e respeito.
Sobre a música em si, é questão de gosto mesmo. O Glauber já avisou: a discussão emperra quando entra nesse aspecto.
Alguns rocks não me entusiasmam, como é o caso de The Cramps. É questão de gosto. No meu caso, não consigo não me divertir quando ouço o pagode baiano, o axé e essa coisa toda. Houve um tempo em que eu torcia o nariz. Eu descobrira Chico, Caetano, Led Zeppelin, Tom Jobim, Lou Reed, Leonard Cohen, Bob Dylan, Toquinho, Vinícius, Bob Marley, Chet Baker, Coltrane e muitos outros e achava o axé muito distante e abaixo disso tudo.
Hoje as coisas se acomodaram. Gosto sem precisar pensar para gostar, naturalmente, desperta no corpo um prazer (que é diferente do arrepio no braço mesmo). No meu caso era implicância e passou.
Oi, Caetano e pessoal.
Eu não posso falar enquanto linguista, sou apenas um professor de português eventual,tenho aplicado as sugestões deles em aulas e palestras e elas mostram resultado. São científicas. A gramática é tradição. Na língua nada é por acaso. O sucesso não acontece por acaso (tem a cumplicidade de uma mídia conservadora e tradicional). Li um texto de Evanildo Bechara sobre o acordo que me decepcionou muito: é um português rebuscado, barroco, inadequado para um artigo jornalístico que deveria ser claro e didático. Ficamos com a lábia de Vieira, mesmo…
Sobre a demagogia, populismo, coisa e tal. É preciso sempre analisar quem é que usa essas palavras e em que sentido.
A teoria da dependência e do populismo são anfibológicas.
Bagno fala no prefácio de Preconceito Linguístico que o livro possui opção política clara e assumida. Radicalizar contra ela seria cantar somente: “deixe-me cantar para seu corpo ficar Odara…” ou: “eu que sou vou amar-te, por toda minha vida eu sei que te vou amar…”
Teteco,
Da série porque invejo argentinos:
http://www.youtube.com/watch?v=n3FBLV6GYwU&feature=related
Talvez não seja a melhor versão disponível, mas é a que tá face a face com o mito.
Salem,
E por falar em Elis contida, você tem o MPB Especial que a Trama lançou em DVD?
Abraço!
A “popularidade” dos gramáticos tem motivações pragmáticas. Não se passa num concurso, numa entrevista de emprego e etc., cometendo erros, ainda mais se forem grosseiros, de português.
Toca fundo no coração da gente e mais e mais sentimos o quão distante/perto estamos e esta ambiguidade me faz chorar e digo que esperei muito por este show que foi além de minha expectativa.Re encontrei Caetano e senti tanta ternura neste ser mitológico tão transgressor e tão coerente!
Pessoal que aprendi a gostar,são tantos,Miriam, Teteco. Glauber. Ezequiela,Hermano,Nando Gil,Maria,Nelson,Castello,Luédy,Joana,Carolina,Joaldo,Márcio,Vellame,Labi, Cláudia, Lucesar.,Rosana,Joaldo ,Suely, Roberto ,Marília e muitos que de cabeça não lembro.
Obra em progresso educa faz bem à saúde.Não precisamos de antidepressivos.É catarse!
Beijos em todos
Não me esqueci dos grandes é claro mestre Salem e a musa Heloisa!
Rafael ,obrigado!
Cortei meu pensamento último pela metade, pois não consigo ficar 1 minuto nesta página sem que ela fique se atualizando.com isso fica difícil e´por as ideias que habitam minha cabeca maluca…
O texto LUNIK 9 foi escrito por Durval Mazzei Nogueira Filho, em 15/12/2003. Quem não leu, vale à pena ler no seguinte link:
http://www.omelete.com.br/conteudo_colunas.aspx?id=100001726&secao=colunas
Mas eu adorei o que a irmã de Caetano disse pra ele e era exatamente isso que eu gostaria de dizer a ele que é chegada a hora dele sacudir o povo, inovar, botar pra quebrar. Muita gente pode reagir, mas chegou a hora dele pegar uma guitarra, com um repertório de músicas dele, ou não, mas que sejam músicas que agitem. Algo como um concerto de Rock. Paralelo a isso imaginei ele gravando um CD com músicas românticas de Roberto Carlos, dos tempos da Jovem Guarda. Bem, é hora dele re-ouvir sua irmã MARIA, simplesmente MARIA. É só… Fui !
Lúcio Jr, o que você disse sobre Bagno é o que as pessoas insistem em não ver. Pelo menos Caetano já parece vislumbrar alguma coisa na neblina.
A inspiração anda solta aqui. E eu fico como o grande Castello:
‘Como se eu fosse um broto de bambu, absorvendo as águas da chuva.’
Nando,
“letras de rimas miseráveis” - e isso é lá critério de julgamento estético? Se for, coloquem por favor Sex Machine de James Brown, coloquem o tutti frutti de Little Richard e tanas outras coisas mais que muitos de nós adoramos.
Eu espero não estar debatendo com idiotas. Por isso mesmo, espero argumentos menos inflamados e mais bem fundamentados.
Prince é tão sacana e fala tanto de sexo quanto o É o Tchan - não vejo problema nenhum nisso. Adoro os dois. Só não entendo porque Prince pode e o pagode baiano não.
Quanto às crianças, concordo contigo: isso é muito sério. Precisamos de estudos que nos apresentem dados acerca dos sérios distúrbios psicológicos provocados nas crinaças pelo pagode baiano. Mas quais são mesmo os estudos nos quais você se baseia?
Não entendi a parte que fala que a justificativa de tudo isso - isso o quê? - residiria em sua prisão. Ele ficou revoltado por causa da prisão e passou a gostar do psirico? Ele é um atormentado que não dorme direito e por isso gosta desses gêneros “desprezíveis”. Esta última parte de seu comment eu realmente não consigo entender.
É isso aí, Glauber.
Na batucada da vida é demais.
O acompanhamento da banda neste MPB Especial também está incrível.
Eu pago o maior pau pro Fernando Faro, com a sua direção e as perguntas sem som no MPB Especial e no Ensaio.
Nuvens negras carregadas sobre o céu de Santo Amaro, o bairro aqui de Sampa.
Beijos nas frestas.
Oi Duda
Arnaldo Antunes está mixando um disco de iê-iê-iê. Tem inéditas. Também acho que a Jovem Guarda deixou um rastro. Na minha modesta opinião o melhor dele está nas letras de Roger Moreira do Ultraje.
Caetano faria um bonito discos com canções da Jovem Guarda. Mas ele hoje é um super-trans-jovem-guarda. “Odeio Você” e “que tudo mais vá pro inferno”.
É muito corajoso que Caetano continue a jorrar canções inéditas e tão diferentes.
Quando ganhei o Stone Flower do Jobim, meus amigos adolescentes se entusiasmaram dizendo que Tom fumava um baseado na capa.
Tom bebia whiskie e não acho que Stone Flower era exatamente um disco de jazz. Mas era assim que os americanos o entendiam e foi assim que Jobim ficou com cara de standart.
As caixas com aro, o baixo de Ron Carter, as texturas das cordas de Claus Orgemann, o pandeiro meio latino, tudo aquilo contribuia como uma tecla SAP pros gringos escutarem a música de Jobim.
Não há mal nenhum em dizer que aquilo era jazz. Mas não era. Era a música do Brasil vestindo black-tie pra entrar na festa. E entrou.
Glauber. Que bacana The Cramps. “viver até morrer”. rockar até ficar vermelho”. Isso é pura catarse.
O que Nando me disse sobre festa e violência. Celebração e miséria. Tudo issp me fez pensar de modo diferente sobre a catarse no carnaval. E a clássica deprê da quarta-feira de cinzas da canção de Carlos Lyra.
Dá até pra pensar que o carnaval não é a causa de tanta confusão e brutalidade. Talvez sem ele teríamos um surto de violência muito mais intenso.
Lá vem o Homem-Bomba!
Viva Caetano, Mautner, as lourinhas e as morenas desse Brasil faceiro.
beijo na testa
salem
Enquanto modera me acorrégio: “sobre Santo Amaro, o bairro…”
E por falar em acorrégio, vai aqui minha singela homenagem a Luedy, o “romântico da língua”, a quem tenho grande admiração e respeito por suas opiniões:
Abraço!
Nando,
Prazer em conhece-lo no mundo virtual. São muitos os comentários e fui esbarrar logo no seu comentário de n. 73 em função da lentidão de carregamento da página do blog, não sei se por uma deficiência em meu micro, ou por outro motivo qualquer.
Tem gangs que cercam um turista displicente pra levar o que ele(a) tem de bom.
Quanto a ouvir Beatles eu escuto eles desde que aqui chegou a primeira leva de LP´s, que chegavam muito tempo depois, com o devido atraso. A primeira vez que ouvi os Beatles tocar foi através da vitrola de um antigo vizinho. Conheci uma geração que ouvia muito os quatro cabeludos e que até buscava imita-los. Assisti ao primeiro filme deles no Cine Guarani, hoje UNIBANCO. Foi uma loucura ! Eles provocavam a platéia feminina de um modo que não consigo explicar. Parecia que os caras estavam ali, naquela sala de cinema grande.
Caetano deve ter presenciado. Raul Seixas e outras tantas pessoas disseram que o Rock foi parar nas ruas e, cheguei a ver, fotos muito interessantes do que ali se passou por ocasião daquele filme com Bill Halley (desculpe meu inglês horrível). O filme também provocava reações por onde ia sendo exibido.
É algo que contagiava (Caetano parece que não gostou), mas não sei explicar essas coisas.
Foi bom você prestar seu depoimento sobre o que é o carnaval saindo daquela idéia que passam que é tudo mil maravilhas. Nos CAMAROTES a coisa deve ser muito melhor, mas na rua, na ida pra casa, nos caminhos fora do circuito, tudo é perigoso, mas não deixa de ser “divino maravilhoso” E estão prometendo mais espaço para o folião pipoca. Já é alguma coisa.
É isso ai, companheiro, escrevi muito pois a gente manda algo e as coisas somem (rs) !
Gosto dos seus comentários!
Nando, gostei da sua pequena lição de Pedagogia…E o que diria Freud disso?
Ricardo,
Para entrar no mérito daquilo que citei teríamos que nos aprofundar em pedagogia - mais especificamente na pedagogia Waldorf, que é na qual me embaso para fazer essas afirmações. Nela o ser humano é cuidado, observado, acompanhado e tratado de acordo com o desenvolvimento dos setênios, de acordo com um modelo quadrimembrado e de acordo com os sistemas metabólico-motor, rítmico-circulatório e neuro-sensorial.
A criança exposta precocemente a estímulos eróticos desenvolve a imitação de uma atividade que para ela ainda é sem sentido. Esta atividade sem sentido ocupará o espaço que seria de desenvolvimento de outras forças, adequadas à sua idade. Isto pode causar ansiedade, irritabilidade e insegurança.
A criança que é exposta a imagens de tv ou de computador excessivamente, tende a turvar a fantasia; na pedagogia Waldorf as bonecas e bonecos não possuem expressão facial definida, apenas pontinhos fazendo as vezes de boca e olhos - para que a fantasia da criança imagine as expressões da boneca. Esta fantasia, devidamente preservada, mais na frente será convertida em força de vontade. Crianças que assistem muito a televisão tendem a ser adultos com menor disposição e força de vontade. Quando ujma criança fica boquiaberta vendo tv é um sinal de que ela está toda na tv, é como se ela saísse de si mesma e entrasse na fantasia, numa fantasia que não é dela, numa fantasia pronta.
A preservação e o cuidado com as crianças é responsabilidade de toda a sociedade, não apenas dos pais; ainda mais quando os pais são ausentes ou despreparados a ponto de permitir às crianças o acesso a coisas para as quais elas ainda não estão preparadas. Como declarar guerra à pedofilia oferecendo estímulos eróticos às crianças?
É mais ou menos por aí que eu penso.
Grande abraço,
desculpa gente mas eu preciso ser franco, cramps é simplesmente uma merda…po francamente…na boíssima…é uma porcaria…retro por fora, nem punk é, posudo por fora, não tem nada ali, absolutamente nada a não ser o nosso colega que entrou numa e está vendo sei lá o que ali, mas dizer pra gente que aquilo é alguma coisa, francamente, é zero…assim como ele tem o direito de achar aquilo o máximo eu acho aquilo zero…nada de nada…francamente…tudo ali é ruim e não presta, por isso mesmo nunca foi nada em parte alguma, nem lá…lixeiros, poxa, os lixeiros são tão bacanas…
e cafona…totalmente cafona esse cramps…salém, agora sou que digo, sem amiguismo com cramps por favor, é muito ruim…as vezes a gente quer descobrir alguma coisa no meio do lixo, eu sei bem como é, e a gente procura, procura, e de repente acha que achou…é uma curtição…mas tem que ter critério quando vai apresentar para os amigos…ninguém é trouxa, CRamps é o lixo, não é o lixeiro não…e o punk já era há muito tempo, apesar de que aquilo nem punk é, longe…aquela informação já foi, nem passou…francamente…e soory…me dói o coração mas é preciso…vamos lá…alo alo…oi skindô oi skindô
olha, deixo claro que não teria nada contra a vida sexual dos coalas albinos do norte da nova zelândia, se eles existissem.
aah, zizek no “roda viva” da tv cultura, próxima segunda-feira, dia 2 de fevereiro.
Dalto foi legal, mas nunca foi um dos maiores cantores…francamente…
Milk é o filme e Sean Penn é o máximo. Se há algum antiamericanismo perdido por aí, que veja Milk e vai ver do que os americanos são capazes, como fazem pra mudar a história e adiantar com tudo ( e como são loucos também).
Discos “coletivos” quase sempre me deixam frustrado. Normalmente soam burocráticos, sem vigor, como se a personalidade de cada artista tivesse de ser contida para evitar que um engula o outro. Elis & Tom soa triste, sem vida. Nem é Elis, nem é Tom. Só Águas de Março ficou à altura dos dois. Mesmo problema eu vejo em Gil & Milton. Mas exitem alguns casos em que a mistura dá certo: Tom & Edu é um discaço. Tão bem feito que parece que todas aquelas canções e harmonias são a coisa mais simples do mundo. Tom e Miúcha (o primeiro) é uma delícia. O segundo já não decola. “Gil & Jorge” e “Chico e Bethânia” têm personalidade própria. Doces Bárbaros, com seus altos e baixos, tem momentos antológicos. Agora, pra mim, o único disco que realmente uniu talentos de uma forma absolutamente criativa, inovadora para todos os envolvidos e com resultados excepcionais é o “Brasil”, do João com Gil, Caetano e Bethânia. Esse é o melhor disco do mundo!
Neyde, falei em Noites do Norte porque tinha acabado de assistir pela primeira vez ao dvd - fiquei emocionada, coisas de fã. Então, vi no youtube o que o Caetano citou, aquela barulheira, som horrível - aí a comparação foi inevitável. Nunca estive no carnaval da Bahia. Só conheço trio elétrico em praias baianas no verão, mas nunca desgostei. Pensando bem, você deve estar certa: talvez em Salvador eu até gostasse. Um abraço.
Heloísa…que nome lindo…eu adoro Cores e Nomes…Heloísa, grande tradutora, sabe de tudo, tem intuição…que lindo…incrível ver na TV o cozinheiro negro do Cabo Verde ensinado sua prática e irradiando sua cozinha e sua mesa…um escândalo…e na língua, a gente tem a mesma língua. Teremos o mesmo paladar? Magnífico…e eu penso em vc Heloísa…obrigado pelo vosso carinho ele diz se despedindo sobre o fundo musical da música do Cabo Verde ( que Gal Costa devia cantar um dia)…lindo demais, e nós queremos aprender a fazer comida com quem? E ai?… a melhor comida do mundo fala a nossa língua Heloísa e ela tem endereço sim. Estamos juntos nessa conexão Heloísa, a gente é relaxado demais Heloísa, como vai ser seu Carnaval Heloísa.
aquela daniela mercury quando apareceu foi realmente uma coisa e tanto, ninguém parecia melhor aquilo e foi como tinha de ser, um tremendo sucesso por todo lado, pelo mundo todo. Depois parecia que aquilo não ia mais e ela gritava o tempo todo: Brasil!…e cantava e gritava Brasil!…ai foi ficando estranho…e veio um grito pior ainda: Tira o Pé do Chão!…no meio música: Tira o Pé do Chão!…e Alegria!…enfim, cheia de interjeições as músicas viraram outra coisa…não tem nada pior no show do que o baixista ficar lá de trás incentivando o público a se manifestar…ou jogador de futebol querer manifestação da torcida com gestos…ninguém precisa “acordar” a torcida, ela sabe de tudo. Assim como é abominável ver jogador fazendo careta e se lamentando com gestos ao perder uma jogada, Pelé nunca fez isso, de onde vem isso?…a manifestação é no gol! e ela vem naturalmente…todas as grandes cantoras populares que vieram depois de daniela mercury não a superaram musicalmente, ao contrário, trouxeram novos “ingrediente” como a beleza arrazadora de Ivete…mas nada, nada se compara ao que nos trouxeram Bethânia , Simone e Gal Costa, essas sim as grandes e ainda insuperáveis cantoras da Bahia e da sua melhor música.
Eu acho o samba baiano sempre cheio de novidades. Sem um pingo de caretice tanto nos arranjos como para novas sonoridades. E o Psirico, repito, tem a melhor percussão desse país de percussionistas
Eu troco o transpagode baiano (não sei bem o que significa) por “É D’Oxum”. Será que Caetano já gravou? Queria estar em Salvador numa terça só para ouvir essa música no Pelourinho. Me disseram que o autor faz shows gratuitos lá com frequencia. Achei tão bonito, nobre. Essa música exerce uma força estranha sobre meus movimentos..
Wesley: adorei Rampeira.
Adoro Dalto.
Salem: há drama em músicas do Chiclete com Banana (…a fila andou), do Olodum, do Negracor (…tum, tum, tum, meu coração, quem mandou se apaixonar?), do Ilê, da Margareth, da Ivete e da Daniela. E há luta social e racial explícita em Fantasmão. Os sambas antigos do carnaval carioca (nacional) eram todos de amores perdidos - e o pessoal dançava. As marchinhas eram mais de humor e sacanagem, mas às vezes (”Lancha nova”, “Ta-hí”, “Mal-me-quer”, “Dama das Camélias”…) faziam chorar na quarta-feira. E o pessoal dançava. Na Bahia, embora já tenhamos superado a fase em que canção brasileira era sempre de amor malsucedido (ao contrário da canção americana, em que o amor successful predomina), há lamentos de toda ordem espalhados pela festa. Nem uma gota menos do que no carnaval dos anos 50 ou no rock’n'roll dos anos 50 (e 60 e 70 e 80 e até hoje). Além, é claro, da tristeza das canções alegres, da própria legria, do carnaval, da necessidade do carnaval; da tristeza do sexo (que tenho tanta dificuldade em reconhecer, mas não sou burro). Glauber pode não gostar de transpagode, mas a razão não é essa.
E: Salem: acho que Vellame fala da idolatria a João por parte dele mesmo Vellame.
Heloisa, não sinto antipatia nenhuma pela pessoa de Bagno (nunca vi foto ou ele mesmo, falo da personalidade que entrevi na entrevista): vejo ilusão nos argumentos que ele apresenta. E, claro, não gosto do tom agressivo que assume em relação aos gramáticos. Vou ler o(s) livro(s). Possenti, por sua vez, foi agressivo comigo (”de onde menos se espera daí mesmo é que não vem nada”) e mentiu sobre o que eu tinha escrito. Mas acolhi seu (dele) comment aqui com simpatia. Acho todo esse assunto excitante, importante e, para mim, divertido.
Ah, Márcio Vítor tocou muito tempo comigo; produzi o primeiro disco de Smetak.
rafael, o anjo mau : como em 1975 você nem tinha nascido, ainda não podia elaborar formas de estragar o prazer de ninguém. mas desta época vem a poesia que traduz um pouco da minh’alma ferida. direto do túnel do tempo, a versão ‘tpm’ de ‘incompatibilidade de gênios’:
mas não esquenta … você não corre nenhum risco : já vinguei minha menina na ligia do tom !
bj paloma
CAETANO MIO E PESSOAL,
A mi me gusta mucho, mucho el “pagode baiano”, como también el “samba”, en todas sus manisfestaciones. Como será! que esto que les cuento es de verdad, hace unos añitos atrás formé parte de uma GRES(por supuesto que aquí en mi país). Pero, con muchas ganas, algún día…por qué no?! también, sambar! Na passarela do samba Marqués do Sampucaí!!!….logo mais arriba e chegar até na Bahia, até lá não páro…eeehhhh!!!.
La escola se llamaba “Aquarela”, y yo formaba parte del cuerpo de la “batería”, tocaba “chucalho”, ( melhor lugar que há, no mundo! é desfilar no “bate, bate” do “coraçao” da escola), para mí es el mejor lugar, para desfilar dentro de una escola, aunque lo “importante es desfilar y sentir esa “única” emoción en “cualquiera” de sus alas.
Yo “amo” la percusión demais!…(cuento el como) que uma noite el director de esa escola, frecuentó el mismo “boliche”(barzinho) donde yo me encontraba con muchos amigos…muito divertido! pá caramba!, y descargaba mis “dépres”, todas as sextas, sábados e algunos días a mais…rs y tocando (o haciendo) con unos amigos músicos, música, (ponía lo mejor de mí para que se pareciera,(no soy “música” mais amo ela e quando se “ama” o que for ….todo é posível)… entao, ese boliche era “especial” porque allí se tocaba como música central todooooo!!! de Brasil!!. También se interpretaba música de aquí claro!,(el candombe y otras cositas más….(http://www.candombe.com/portuguese.html).
Pero, ese “boliche” llamado “Clave de Fu”, me a dado muchas alegrías….y en ese filantrópico habitar…yo “tocaba ganzá, chucalho, y hasta algumas veces zurdo, tamborim, pandeiro e ainda mais….de atrevida nomás!. Y por gostar muito, muito…pero por ser “habitué” me integraron al grupo y a todos los grupos musicales (que interpretaban música do Brasil) que pasaban por allí, fue por ese motivo que fui a parar a la escola de samba “Aquarela”.…o diretor” da escola en mención, ficou “apaixonado por mim”…serio!…pelo meu “batuque com o ganzá!!”… eu acho…rsrs… creo que fue por la animación, entusiasmo, alegría, “pasión” que le ponía cuando “eu caigo na fulia, brasileira…na gandalia gente! ….rsrs….vocês nao sabem do meu “revolado gente!”, parezco una auténtica “Brasileira” dançando,….eu tenho samba no pé!!!!simmmm!!, adoro sambarrrrr, pagodiarrrr!!!, bossa novarrr e…..Caetanearrrrr ….e tudo que termine com “ar”…¡no bom sentido gente!..rsrs.
Admiro em vocês….esos “pagodes e rodas de sambas”, com “sambinhas imperfeitos ou perfeitos”, (gosto dos dois)..,quando exponen em sus músicas um canto “triste” a todo “batuque”, eso para mi es la exaltación del “alma” al máximo nível, tal vez como um grande “grito”, como desahogo e alivio. Hallo bonito y de una gran “sabiduría” esa manisfestación cultural que ustedes poseen. Para una tristeza “muda” no se oyese sus palabras, las cantan…por aquello de “cantando eu mando a tristeza embora”…y a mi la “Música de Brasil” me llega por más “trágica”que sea su “letra” y su melódia en un tom “solbemol”…o el que sea… tienen siempre su porcíon de alegría).
“Por más oscura la nube, siempre tiene su porción de luz”. Así percibo yo sus “sentires”.
HELOISA,
Por supuesto que “a melhor coisa do mundo é pagode baiano”,…ahí voy, HELOISA… acabas de “ver” unos de los más “deslumbrantes shows” de Caemío”, que es “Noites do Norte”,(adoro ese disco y más aun la grabación “ao vivo” tiene una fuerza!, una energíaaaa!, que sólo vem da Bahia, da Bahia de quem?, do “Caetano”!!!…. e você ainda…. questionas no que disse “Caemío”, do que o “pagode baiano” nao sería a coisa melhor do mundoooo!!!???….por qué não?…você que viu?!!. Então…aí vou eu de novo, “Helô mia”: Banda do “Noites do Norte”: Percussao: MARCIO VICTOR, ANDRÉ JUNIOR, os gêmeos EDUARDO JOSINO e JOSINO EDUARDO e ainda mais…”percussão de aquelas” de aonde???…(DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS)….COMO LÁ QUE TEM, TAMBEN, EM “PRENDA MINHA”….”FLOR DE PERCUSSAO!!!!….
MARCELO PORCIÚNCULA,
Gracias por el “mimo” y la atención prestada a mis “humildes” corazonadas palabritas. Un beso grande, para ti.
SALEM,
Gostei do que você contou, sobre os bastidores da gravação de Tom&Elis, eu já sabia um poquinho dessa história…historias que só o “grande Mestre Tom” vivencio!. Eu tenho o cd Tom&Elis, e umas das tantas músicas que eu adoro desse cd é “Chovendo na Roseira”, Tom, sempre gostou da natureza, e ele compus esta “obra divina” com uma capacidade comtemplativa absoluta …pra mim essa música é belíssima e adoraria ouvir essa música por “Caetano mio”, algum dia se ele gravara, ela ficaria muito bonita, na “voz” do nosso “Caetaníssimo”, você acha que pode?,
Ah! Você é de ninguém…
Aquí agora ,está chovendo… e como eu tenho um rosal no jardim da minha casa, lembrei dessa música e mando com um “testa roseiro beijo”, para ti.
CAEMÍO,
Viste!(abreviadito), cada vez más mío, será por eso?, enfim….tú recuerdas la orquesta instrumental de Xavier Cugat?, mis papis, todavía conservan un disco con sus mejores éxitos!…claro, de ese tiempo…gracias a Cugat, descubrí la rumba “El Manisero”,(con “s” Caemío!) como también “Cumbanchero”, “Siboney”, una versión fantástica de “Brasil” y “Tico-Tico”, y muchas otras más….”El manisero”, siempre me gustó y después de algunos “añitos” vengo a oírla… si mal no recuerdo tú gravaste una música junto a Joice?, en donde “mechabas o enganchabas” , El manisero, cantando lindo así!!….un cucurrucho (lease cucurrruyo), de maní; en vez de cucuruchito.
Me causaba mucha gracia y ternura el oírte “pronunciar de ese jeito”…y adoraba tanto…que esa cinta cassette se me quebró, de tanto pasararla. No me acuerdo exactamente cual fue la música gravada junto con Joice ,en donde incluías ese trecho, del El Manisero, tal vez tú recuerdes mejor y me desasnes.
Quando Caetano diz que a chula do Reconcavo vem sendo agora reinventada no carnaval de rua de Salvador eu entendo, eu sei muito bem o que ele tá falando. E é verdade. Parece que a maioria aqui não curte o som do carnaval de rua da Bahia e Caetano continua sendo a voz destoante. Mas ele sempre foi assim. E tem o direito de ser assim e de gostar do que bem entender. Caetano defendeu a Jovem Guarda no momento em que essa era tratada como sub-música pela tal “elite” cultural do país. Depois, o Odair José. Os Sertanejos. E por aí vai. E eu acho legal que ele tenha essa postura.
Prezados moderadores, por favor descartem o meu útimo comment e considerem o que ora envio (tive problemas com a formatação). Segue o comment “a vera”:
Como sempre, escrevi rápido e cometi uma porção de erros. Relevem. Espero que compreendam que estava me referindo à menção à prisão de Caetano no comment de Nando.
Salém,
Sou músico de formação acadêmica, não transito muito pela área da composição e análise, mas fiz disciplinas, em minha pós-graduação, devotadas à teoria da música ocidental. Discordo da assunção de que a harmonia tonal advém da série harmônica de pitágoras. Como disse, não é a minha especialidade, mas sei que as propriedades físicas dos sons (a série harmônica, por exemplo) não podem ser tomadas como uma espécie de substrato universal dentre culturas musicais. O que chamamos de “música” pertence muito mais ao mundo da cultura do que ao da física. Se o que chamamos de música tem como material básico os sons, não é todo som que pode ser tomado como música. Em outros termos, fazemos música a partir de sons, mas não é porque é som que é música. Música é decorrente de comportamento humano. As regras não decorrem de propriedades físicas (tal como a série harmônica - cujos sons aliás não correspondem à maneira como “temperamos” as alturas em nossa cultura “tonal” ocidental. Os intervalos de terça, por exemplo, costumam ser afinados de modo diferente aos harmônicos de terça de uma série harmônica.
Mas você estava dizendo: “Assim como a gramática, a música também vem construindo um conjunto de regras a partir da sua história, que você parece desconhecer”.
Ora, nem sempre a música popular é devedora de uma tradição erudita pre-existente a ela. Há também o oposto - as sarabandas que tanto inspiraram Bach têm origem popular, por exemplo. Mais contemporaneamente, poderia citar certos gêneros do chamado metal como algo que não decorre de práticas “eruditas” [A maneira de estruturar harmonicamente os acompanhamentos no chamado death metal ou no trash metal decorrem de desenvolvimentos muito singulares forjados no interior de uma tradição que, apenas muito remotamente, pode ser classificada como "tonal" (naquele sentido do sistema tonal tradicional)]. Ou seja, o trash metal não é nem tonal-tradicional e nem derivado de práticas “eruditas” (claro que nada surge do nada, mas acho que vc entende o que estou querendo dizer). Desdobramentos da chamada música eletrônica (aquelas das danceterias, das raves, dos clubs, bem entendido) também obedecem a outros parâmetros, estes muito distintos daqueles que ocorremna chamada música “erudita” ocidental.
Há mais exemplos, mas depois de um dia cansativo eu tô com os neurônios batendo pino.
O mais importante, contudo, é que a analogia entre música e linguagem (e daí para uma ‘gramática” da música) é muito problemática. Uma analogia que não se sustenta ou não se justifica na maioria das vezes. Por exemplo, não há correspondência entre fonemas e sons musicais. [Há um musicólogo inglês, Philip Tagg, que faz uso do termo “musemas”, mas ele desenvolve uma teoria semiótica bem complexa para justificar sua analogia - que é, além de tudo, bastante situada a certos gêneros e a certos modos de recepção, ambos localizados em certos contextos culturais e não a qualquer situaçaõ cultural).
ps. alemão, obrigado pela homenagem, eu adoro aquela canção.
Salem, só uma correçãozinha.
Glaubito: “A Outra Banda da Terra”, do “Uns”, cantada com o “erre retroflexo” é entendida por nós, do interior paulista, como uma super e sincera homenagem do Caetano. Grazie!!!
Gilliat
Nem posso falar de Elis & Tom com você. Ficaria horas tentando mostrar a beleza desse encontro, mas não faço esse tipo de coisa com música popular. Elis & Tom é um dos maiores discos da história e até meus argumentos seriam raquíticos perto de tanta grandeza.
Agora, você se esqueceu de Chico e Caetano, e citou Gil e Jorge, e aí esse negócio de frustração em disco coletivo parece mais um deslize do que uma constatação eficiente.
Gil e Jorge, assim como Elis & Tom são desses discos da Poligram de Andre Midani que não dá pra gente esquecer.
Chico e Caetano então, nem se fala. Além de marcar o final da falsa polêmica o disco antecipa as canções de Calabar, tem Morena dos Olhos D’água na sua mais bela interpretação e tem o encontro magnético de Cotidiano e Você Não Entende Nada.
Não dá pra entender a música brasileira sem passar por esse LP.
Eu tinha 12 anos quando a bolacha preta saiu. Estava em Ubatuba e meu vizinho era o cineasta Luiz Sergio Person. Ele bebia cachaça e escutava esse disco o dia inteiro. Eu gostava de ouvir a voz de Caetano cantando A Rita. E ficava na espreita, na cerca que dividia nossos terrenos, olhando aquele homem barbudo que fazia cinema com os olhos esbugalhados.
Um dia o Person disse:
-Venha cá menino. Escute Chico Buarque com Caetano. Um dia você vai mostrar esse disco pros seus filhos.
A profecia aconteceu.
Mautner e Caetano também fizeram um disco que adoro.
Chico fez “Vai Levando” com Caetano que fez “A Outra Margem do Rio” com Milton que cantou “O que Será” de Chico que gravou “Com Açúcar Com Afeto” com Bethânia que cantou “Adeus Meu Santo Amaro” com Caetano que compôs “Haiti” com Gil que fez “Cálice” com Chico que fez “Sobre Todas As Coisas” com Edu que gravou Luiza de Tom que gravou “Vai Levando”.
Como dizer que a nossa música popular também não é feita de encontros e discos coletivos?
O que seria dela sem eles?
beijo na testa
salem
Caetano,
Note que os mesmos - os mesmíssimos! - críticos da Gramática Normativa são aqueles que defendem uma normatização da música (algo inconcebível lógica e filosoficamente).
Em suma: são contra o regramento das normas gramaticais, e igualmente contra a liberdade da proliferação musical.
Desta feita, a música baiana, que da chula foi ao que se hoje denomina “axé”, é considerada um ‘lixo comercial’; mas as aulas de gramática de Pasquale são consideradas desprezíveis pois a língua seria ‘obra do povo’.
Dois equívocos ao mesmo tempo: a) é o ‘povo’ que vai atrás desse saber, procurando por Pasquale (como você aponta); e é povo, afinal, quem vai atrás do ‘Axé’.
Mas, como sempre, o ‘povo’ é um conceito maleável. Ele significa isso e aquilo, a depender do interesse de quem rabisca a tese.
Abraço
Fernando/Gravataí Merengue
Gravatái,
Era a mim mesmo a quem você se referia?
Tudo isso ocorre no rock que muitos de nós amamos aqui (eu inclusive). Mas, além de tudo, percebo uma visão/escuta muito prejudicada: se tiverem interesse, se não for agredir demais seus ouvidos, escutem o Harmonia do Samba com Luiz Caldas cantando “o que essa nega quer”. Não tem nada ali de letras e melodias paupérrimas, ou de harmonias incipientes (é curioso como sempre se hierarquize a melodia e a harmonia em relação ao aspecto rítmico).
Luedy
Heloísa: é iss’mêss, ôxe! =]
*
Gabriel, que beleza de comentário o seu (#100), rapaz. Aprendi muita coisa ali. Abraço afetuoso pra ti. Quanto ao filme com o Caetano, não é o “Pagu”?
*
Luedy, por que mesmo sem entender você se dá ao direito de ironizar o que os outros falam? É ou não é para eu me inflamar contigo? Quanto às crianças, respondi ao Ricardo, veja aí em cima.
Quanto à prisão do Caetano, veja o que você me pergunta:
“Não entendi a parte que fala que a justificativa de tudo isso - isso o quê? - residiria em sua prisão. Ele ficou revoltado por causa da prisão e passou a gostar do psirico? Ele é um atormentado que não dorme direito e por isso gosta desses gêneros “desprezíveis”. Esta última parte de seu comment eu realmente não consigo entender”.
Entender, você não entende. Mas para ironizar e fazer perguntas cretinas você não precisa entender nada, não é mesmo? Pois continue sem entender.
*
Salem, você já lecionou ou já pensou em lecionar? Leva mó jeitão. Abraço.
A música (vida) é feita de encontros, sem dúvida. Os discos podem se tornar bons ou ruins, mas não importa, são bonitas as canções.
Quando eu era criança, e durante muito tempo, eu achei que Você não entende nada e Cotidiano eram a mesma música, ou pelo menos mais ou menos o que é Construção e Deus lhe pague. Até hoje, se eu pegar o violão pra cantar, no final de Você não entende nada eu vou mandar uns “todo dia, todo dia”.
Li outro dia em algum lugar, por coincidência, o Caetano falando que não se lembra de nada da conversa que teve com Chico no avião indo pra Salvador gravar aquele disco. E me lembro, pequeno, de não entender porque uma parte de Bárbara (o momento do poço escuro de nós duas) era abafada por palmas fora de hora.
E no show de tropicália 2 foi a primeira vez que eu vi a platéia de um show deles ser formada em grande maioria por pessoas mais novas que eu, foi a primeira vez que senti a renovação (ampliação) de público do Gil e Caetano.
E quando o Tom gravou Vai levando acho que ele mudou umas coisas, acrescentou uma nova harmonia e melodia. É verdade, Caetano? Foi ele?
chuck berry é um malandro, faz parte do charme do rock dizer essas coisas, cê sabe. os stones falavam que era por causa das garotas. mas todos nós sabemos do amor de todos eles pelos blues. o que o blues significou na vida deles. eles se sentiam como “tieta” e o blues trouxe a epifania. o mesmo aconteceu comigo.
mas por que exatamente, cê me perguntou se eu estaria psicografando theodor adorno? você vê semelhanças demais entre o que digo e as idéias dele?
Gravataí, releia os comentários. Acho que você se equivocou, porque Salem disse algo sobre a existência de uma gramática na música,fato que Luedy negou. E os dois não são contra a manifestação de proliferação musical. Nando e Glauber já se posicionaram várias vezes contra o pagode baiano, mas nunca foram críticos da Gramática Normativa. A quem você se refere, então?
http://br.youtube.com/watch?v=IvemMG5bgQA&feature=related
se cê não gostar dessa, beleza, cê não vai gostar de nada deles mesmo. inté.
Querido Luedy.
Cordialmente,se minha posição ainda deixa dúvidas,serei obrigado a fazer como você disse,em relação `a Glauber ; “capitular “.
_____x_____
Em tempo : no dia em que o Tchan compor algo parecido com o tico tico no fubá,eu estarei correndo atrás do trio életrico dêles,e nem vou me importar se os bailarinos estiverem peladões.
Glauber,
Nando, jazz?!
Heloísa,
ainda em tempo: achei seu commnet coletivo uma das maiores provas de amor virtual que já vi na vida.
Rafael, kd vc?
Té brevfe,
Wesley
Glauber,
esqueci de dizer: em Caretagena de Índias, comprei um pulseira artesanal porque para que eu a comprasse, sua fabricante, gorda e preta, me declamou um poema de Raul Gomes Jatín.
Mas não é essa a coisa interessante que tenho a lhe dizer.
Ai, catarse sem fim!
Té breve,
Wesley
Luedy,
Seu comment em resposta a Salem é PERFEITOOOO: soa como um tapa no centro do pandeiro.
Té breve,
Wesley
Salémzito,
“Repare que os escritos de Possenti e Bagno serão pouco aplicáveis quando você tiver que explicar o que é uma quinta aumentada. Sem as regras da música, você não explicaria.”
O que me interessa na socio-linguistica é a discussão cultural. O paralelo interessante que encontro entre a discussão epistemológica empreendida por eles, desconstruindo as noções arraigadas de “norma” e “cultura” (que se aproxima muito das discussões educacionais animadas pelo reconhecimento da diversidade cultural) e a abordagem relativista, por exemplo, da etnomusicologia, que têm nos feito enxergar padrões, teorias, em outras culturas para além, muito além, da cultura de tradição européia ocidental me anima muito. Então, discordo de você. Colegas meus de formação acadêmica, aqueles mais canônicos, não conseguem aceitar, por exemplo, a música de rabequeiros de lá do interior de Recife e da Paraíba. Acham que as quintas estão “desafinadas”, portanto “erradas”. Ao contrário do que você imagina, então, o paralelo com os socio-linguistas é, para mim, bastante evidente. As quintas desafinadas da música dos rabequeiros é como o “menas” da língua estropiada dos falantes pouco escolarizados.
Gravataqui
Não. Luedy, por exemplo, não defendeu uma normatização da música. Pelo contrário. Usou seus argumentos para tembém flexibilizar e relativizar os parêmetros. Com isso, se atrapalhou um pouco. Foi quanfotentei mostrar que a analogia era frágil, pois as normas e regras na música também existem, mas têm outra nartureza cognitiva.
Eu aproveito pra dizer que gosto bastante do Luedy e da sua insistência tão verdadeira. Com ela ou em oposição a ela, muitos pensamentos bacanas foram produzidos por aqui.
Se os sócio-linguistas exportarem as suas teses pra música, vão se empepinar. Os parâmetros são outros.
A palavra “norma” tem sido fuzilada por aqui. É verdade. Mas ela nunca me incomodou. Aliás, não é palavra do cotidiano, nem entra em letra de samba. É palavra do gosto dos acadêmicos.
Mas como os Acadêmicos do Salgueiro é que aquecem agora seu discurso ritmico. Prefiro entrar nessa onda.
Reparem como os juizes das escolas de samba tem norma e parâmetros próprios e rígidos. Os chamados quesitos.
Harmonia, Alegoria, Evolução etc. Essa é a gramática da avenida.
beijos sintáticos e sintéticos na sua testa
salem
Rafael e Judith,
muito obrigada pelo “link” e pelo esclarecimento…
aliás, “lobao tem razao” tb é da hora…
eu consigo ler muito pouco de tudo o quanto vcs escrevem. mas este diálogo a respeito da língua, que envolve a contribuicao (a meu ver rica)do prof. Pascoale, e as distintas posicoes possíveis dos línguistas, além claro, de todas as discussoes de botequim ou nao…me remetem aos escritos de hegel, nancy Fraser, axel honneth. estes pensadores dedicam parte de seu tempo a estudar e compor uma “teoria do reconhecimento”.
eu suponho, que, as entrelinhas deste diálogo traduzam, de certa forma, esta questao… em minha opiniao, onipresente a cada instante, no incessante compor de nossa riquíssima cultura.
a todos um belíssimo, livre e cheio de vida final de semana…
ps. em tempo, eu não tenho dúvidas que o maxixe era o arrocha de então.
Caetano, no Verdade Tropical, se refere à Banda de Pífanos de Caruaru como “tosca” e “primitiva”, sem oferecer argumentos que justifiquem tais assertivas.
Já quem não gosta de axé deve compreender que há uma derivação da chula, do samba-de-roda etc, sob pena de ser considerado preconceituoso e elitista.
Why? Axé music é ainda mais tosca e primitiva - perto dela, a Banda de Pífanos soa como Brahms.
GIL
eu já conhecia Cramps. apena fiz questão de REconhecê-los através dos ouvidos do meu querido Glaubito. Só isso. E nunca achei uma merda.
LUEDY
Na tua introdução eu li de cara: “Como sempre, escrevi rápido e cometi uma porção de ERROS. ”
Gostei de ver a palavra ERROS no início do teu comentário.
Sobre Pitágoras:
Sugiro que leia um livrinho fininho e belo chamado “Sopros, Cordas e Harmonia” (sorry, mas de cabeça não me lembro do autor).
Quando o Sistema Tonal foi proposto como norma generalizante, muitos músicos achara a medida “opressora” e “arbitrária” (alguma semelhança?). Os físicos envolvidos na discussão mostravam que a série harmônica (presente como fenômeno natural) se assemelhava (com a quinta do primeiro grau, a oitava e a terça tão audíveis) à escala do modo dórico.
A questão era: nossos sentimento de tensão e relaxamento provocado pelos trítonos era um fenômeno natural ou cultural? Alguns músicos defendiam que o sentimento era adquirido. E alguns físicos defendiam como algo da natureza. Um lindo debate que persiste. Da minha parte, acho que há um pouco de cada.
Cê disse:
“Discordaria do pressuposto de que a música popular seria sempre derrisória dos desenvolvimentos da chamada música erudita.”
Eu não acho isso também. Disse apenas que o Sistema Tonal como norma foi apenas “emprestado” à música popular, que criou seus próprios parâmetros. Benjor faz melodias complexas com dois acordes. Jobim faz harmonias complexas com uma melodia “de uma nota só”. A entoação e a letra na música popular trouxeram parêmetros específicos (ler Luiz Tatit).
E a sua evolução se dá à margem da história da música erudita, embora elas ainda dialoguem.
E finalmente, que propôs uma analogia(que agora você diz “problemática” foi o teu comentário:
“se uma gramática normativa (dessas mais tradicionais) fosse um compêndio musical, o pagode seria um “barbarismo”.
Foi ele quem me inspirou a evitar que o debate musical descambasse. Pois (de forma política) você usou a música pra defender suas idéias sobre gramática.
Fico feliz que você seja da área de educação musical. Repare que os escritos de Possenti e Bagno serão pouco aplicáveis quando você tiver que explicar o que é uma quinta aumentada. Sem as regras da música, você não explicaria.
E repare que defendi a transgressão das regras na música, assim como defendo na fala e na escrita. Mas só há transgressão porque existe a regra.
beijo com quinta aumentada
salem
Outra coisa Mosca-Glauber: vc falar de catarse, logo vc!! Puxa, as apresentações dos Dead Billies eram uma grande catarse! E esse é o melhor elogio que posso fazer a vcs -aliás, de quem era fã.
Bem, voltando à tv. Olha, eu fui uma criança de apartamento. Formada intelectualmente em grande medida pela sessão da tarde, pelas novelas da globo, pelos trapalhões, pela mini-série “Raízes” (que me aguçou o sentido de raça e de racismo), etc etc. Se nao for muita cabotinagem minha, apesar disso tudo, e apesar de continuar a ver muito tv, sou hj professor doutor.
[vixe, para alguns devo estar prestando um desserviço à universidade e a seus programas de pós-graduação. Um doutor que gosta de arrocha, que não acha errado que se fale "menas", que não vê problemas na sexualidade precoce...]
Caetaníssimo
Há de fato muito drama nas músicas que você citou e em mais uma centena de canções da música de rua e de rádio da Bahia.
Nando e Glaubito me mostraram como eu estava apaixonado e equivocado na minha apreciação.
Esse papo me remete de volta a um comentário que fiz sobre João Valentão de Caymmi e os bofetões e a violência no carnaval.
Mas você foi além. Negro segura a cabeça com a mão e chora. Talvez, sem querer, eu reproduzi o maior preconceito que existe contra o axé e o pagode baianos. O mito da alegria e do entusiasmo “tira o pé do chão”. Da felicidade barata. Da não-Catarse pela ausência do sofrimento. Errei.
Há catarse. Há sofrimento. Há desrecalque da pobreza. E sso mais enriquece a produção musical da Bahia.
VELLAME
Chamo João Gilberto de Joãogibas desde adolescente. Gosto de pensar que sou íntimo. Assim a gente faz com os heróis. Com os bonecos apaches. Com um Cavaleiro do Zodíaco. João Gilberto é a figurinha mais difícil e carimbada do meu álbum imaginário.
VERO
Da janela do meu estúdio em SP posso ver: nesse momento está chovendo na roseira.
beijos nas testas
salem
beijinhos a todos e todas
Heloísa, querida, eu sou a Maria, do orkut, mas parece que nao está tendo outra não. Quanto ao fato da música da bahia ter um gostinho todo especial ouvida lá em salvador, isso não resta a menor dúvida. Não sei por que, acho que os deuses ajudam um pouquinho.
Maria
Luedyssimo
Céu de Santo Amaro
Meu amor
Vou lhe dizer
Quero você
Com a alegria de um pássaro
Em busca de outro verão
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-Reentretecendo, enfim, a viagem à cidade-exclamação, pra participar do Terno de Reis de Dona Canô. Não mais um comment-dromedário, mas um comment-constelário.
***
Estimado Luiz Castello, meu dromedário não sucumbiu nas areias do deserto: éramos vários dromedários e ficamos todo este tempo degustando o sabor de termos estado - realmente, ou através do universo astral - num oásis!
Uma bela parte dos links musicais e vídeos a seguir frutificou da sugestão e curadoria de Gilliatt and Exequiela.
As fotos, exceto a única creditada no texto, são de Julio Vellame.
O vídeo da cena antológica do Cinema Falado, com Rodrigo Veloso dançando numa rua da cidade e na varanda da casa de sua mãe, é um presente de Lucesar.
Meus agradecimentos aos meus amados cúmplices!
***
[Sempre com o botão direito do mouse, tirem maior proveito clicando em cada link a seguir abrindo-o em outra aba ou janela]
Céu de Santo Amaro - pelo Youtube - Bethânia, durante Prêmio Shell
Eu conhecia a canção na gravação de Flavio e Caetano, pra trilha da novela Cabocla, da TV Globo. Mas jamais atentara pro título e, a partir daí, pro fato dela ser um tributo a Santo Amaro!
I
Antes da saída, por todo o dia desfilavam em mim lembranças da primeira ida à cidade, há três anos, justamente pra essa mesma festa em que é celebrada a adoração do menino Jesus pelos Reis Magos, ainda muito tradicional no interior nordestino. Uma lembrança que mais me povoava era a da comunicação, silenciosa, que a intervalos insuspeitados de tempo se estabelecia e restabelecia, desde o local de concentração pra saída do cortejo, a Lira dos Artistas, entre mim e alguém que, empunhando sempre uma câmera digital, filmava tudo ali, por todo o percurso do Terno nas ruas, e durante os shows no “Terreno” após o termino do cortejo. Era uma bela, parecida com a cantora Marina Lima, de tez moreníssima e um ar dulcíssimo!
Comporto duas naturezas - tímida e atrevida -, hiperbolicamente. Sou capaz de chegar de vez em alguém, pro amor, a amizade, e o que der e vier: em segundos! E posso ficar partindo, e partindo… e partindo: em câmera lenta! Geralmente, tudo se dá de um modo baldeado, sem que eu me fixe em um desses dois extremos, como acontece com quase todo mundo. Naquela noite, não!
Parecia uma reedição de Eros and Psiquê! Ela percebia que eu a “via”. Eu era “visto” por ela. Mas só emitíamos isto: uns sorrisos. Quando, afinal, por minha iniciativa, trocamos algo parecido com palavras, na saída do “Terreno”, no finzinho dos shows - juntos, enternecidos, um tocando na mão do outro e por alguns segundinhos seguindo com os dedos entrelaçados! - somente instantes antes ela deixara de empunhar a câmera, e partia acompanhada da mãe, pra cuja presença eu não atentara antes -, não é que eu era já “arrastado” por algum braço pra dentro da Topic, fretada por José Carlos, nosso embaixador, pois era hora de retornar a Salvador?
Este ano, pouco antes de sair de casa, imprimi um e-email com um poema de Judith, que ela me pediu pra entregar pessoalmente ao Caetanino, e também o comment-críptico de Joana, publicado nesta OeP páginas atrás, que aludia à viagem que eu faria, e me transmitia uma misteriosa energia - pra eu ler no caminho! Salem já havia antes me enviado uma marola quântica do maior alto astral! Saí e parei no primeiro Rei do Mate que encontrei pela frente pra tomar uma “bomba atômica”: a única coisa que bebi antes de chegarmos e aportarmos na Lira dos Artistas. Pra quem não sabe, uma mistura de chá mate, açaí, guaraná natural e guaraná em pó. Eu queria estar vitaminado!
Já passando da hora marcada, saída inicialmente prevista pras 18:30 hs., percebi que eu poderia atrasar a viagem. Peguei um táxi e saí tão apressado que esqueci o envelope plástico sobre o balcão com o poema e o comment!
Quando cheguei ao Campo Grande, ao lado do Hotel da Bahia, local de onde zarpamos, surpreendi-me com que a embaixada tivesse aumentado tanto de tamanho, pois desta vez o veículo era um ônibus, e percebi, pela expressão de José Carlos, que este ano sairíamos bem mais tarde, com vários e vários atrasados. Tão mais tarde que, quando aportamos na Lira dos Artistas em Santo Amaro, em 25 minutos já saía o cortejo. Não deu tempo, como da outra vez, de no local bebermos cerveja mais deliciosa ou pausadamente, nem de experimentarmos alguns pratos típicos, como a maniçoba. Aliás, este ano não comi nada, nem mesmo no “Terreno”, espaço dos shows musicais, onde esses pratos são igualmente servidos: em compensação, leve, dancei muito, muito mais do que da outra vez, embalado sobretudo no sambalanço de arrasar salão e quarteirão de Sandra Simões!
III
Durante o percurso da ida, deparei-me em nosso ônibus com uma fauna de terneiros mais multifacetada do que a da outra vez. Logo ao ingressarmos na BR 324, que dá acesso à estrada estadual pra Santo Amaro, o nosso embaixador José Carlos assumiu a animação da viagem e intentou fazer um mapeamento sexual dos passageiros por algumas aglutinações no interior do veículo: mapeamento - em parte - carnavalescamente erodido na volta!
Eu ia viajar sozinho numa das poltronas mais frontais atrás do motorista: preferi a do corredor - de onde eu podia mirar a todos e reconhecer pessoas da outra viagem que embarcaram por último. Eis que alguém, buscando uma poltrona livre que ficasse ao lado da janela, veio sentar-se ao meu lado. Era Sávio: nomeado pelo governo baiano para dirigir o recém-estruturado Centro Técnico-Profissional do Estado, que oferecerá aqui ainda neste ano o primeiro curso regular profissionalizante de nível médio na área de produção audiovisual. O papo sobre cinema e sua articulação com educação, fomento ao surgimento e renovação de platéias, dentre outros relacionados, incendiou-se num estalo!
E que bela satisfação: boa parte dos passageiros era de educadores da Universidade Estadual da Bahia-UNEB, com vários deles experimentando iniciativas muito vivas na promoção de núcleos de cineclubismo em várias unidades dessa instituição universitária, como a situada em Itaberaba, alavancadas dentre outros pela professora Carla Patrícia Santana. E o papo se alastrou em boa parte do ônibus: transformando-se, durante um bom tempo, num vívido debate.
Quando o debate deu lugar ao burburinho cúmplice das várias patotas que dentro do ônibus já iam se formando e que permaneceriam juntas na festa, Sávio, pela sua posição ao lado da janela, maravilhava-se com a bela noite estrelada, passando a narrar-me e aos mais próximos o que via. Do lado oposto, adivinhávamos pelo clarão uma lua branca inteira. Eu não queria saber de ficar olhando pro céu: exceto no retorno a Salvador, após o desembarque, fui levado a isso.
IV
-Ala primeira do Terno de Reis : foto (atrás, fora da foto, a banda - a Filarmônica - e a população)
Chegamos e desembarcamos nas proximidades da Lira do Artistas, pra onde seguimos de imediato.
Entramos, e subimos, três dentre todas as patotas formadas, para o mezanino. Sedento por refrescar-me do calor, nem bem tomo o primeiro copo de cerveja, eis que aparece no recinto Caetano. Fui até ele e exclamei: -Caetanino! Ele fez uma carinha de espanto e eu soletrei: -Jo-au-do! Abracei-o, desferi un besito em seu rosto dizendo-lhe que era a pedido de Eksezequiela (pois é, pronunciei assim o nome da bela, e ele nem me corrigiu). Em seguida, com a palma de minha mão direita, toquei e massageei-lhe o peito do lado esquerdo por alguns segundos: gesto com que eu transmitia-lhe o beijo no coração enviado por Vero.
Ele me apresentou aos seus filhos Zeca e Tom, à sua irmã Mabel, a um amigo de infância, que aparece ao meu lado na foto abaixo, e, minutos depois, após conversarmos, retornou especialmente trazendo até mim seu irmão Rodrigo, atual secretário de cultura local, pra um pré-contato rápido sobre a implantação de um ou mais circuitos cineclubistas no município a partir de meu trabalho como produtor cultural na área. Reencontrei Caetano depois na passagem do cortejo de Reis pela casa de sua mãe, e ainda cheguei a vê-lo ao longe passando pelo “Terreno”, acompanhando creio que Tom, no início dos shows.
Conversamos amenamente na Lira dos Artistas sobre vários assuntos. Ele, e seu amigo de infância, lembraram de alguém do círculo pessoal deles que era proveniente de família de Araci, minha terra natal, ou que lá residira. Falei-lhe do prazer inenarrável em estar com ele e representando a turma desta OeP. Ele desde logo me agradeceu a visita à cidade. E afirmou-me que alguém de seu círculo local lembrava-se de mim, quando eu passara o ano passado visitando a cidade, a pretexto de saber do interesse dos agentes culturais e educacionais locais na implementação de circuitos de Cineclube.
Durante a conversa, não percebi que ele tivesse estado atento, ante todo o barulho no recinto, ao meu acento diferenti araciense. Perigoso and dengoso, esse mano, ao inferir mesmo assim o meu modo de roçagar a língua no palato pra proferir meus “dis” e “tis” - fechados! Ao revê-lo depois desta noite, uma semana após, e antes do show que fez na praça principal de Santo Amaro, em casa de Dona Canô, afirmou-me que meu sotaque era mesclado com o soteropolitano.
-Caetanino e eu. Instantes depois de cumprimentá-lo. -Quem é mais Peter Pão? - foto: Rita Cliff
Diversamente do Caetano tietado, amado e sonhado com idolatria pelas hermanas Judith, Vero, Lucre and a atéia Exequiela, e do Caetano distante das platonias e epifanias de Nando, tive acesso a um homem direto, simples, comum, nem por isso menos apreciável. Mas, como ele mesmo diz em Peter Gast, “ninguém é comum”. Encontrei-me com o profeta em sua morada e meio cultural de origem! E adorei, pela segunda vez, desde a forma como ele próprio me recepcionou, a hospitalidade santo-amarense!
Antes de nos despedirmos na Lira, falei-lhe do convite pra que escrevesse especialmente na edição 1 da Impertinácia (volto a grafar com acento - havíamos retirado pelo fato de que a revista web viva de nosotros todos circulará internacionalmente -, agora por conta do que disse-me o professor Pasquale Cipro Neto, que vibrou com o neologismo: conheci-o uma semana após, voltando a Santo Amaro pro show de Caetano). E, como um bom impertinaz, pedi a Caetano pra esse fim o texto por ele anunciado há tempos que postaria nesta OeP, sobre o paralelo entre Rio e São Paulo. Ele riu e comentou rapidamente algo assim sobre dificuldades com a conclusão ou edição do texto. Não disse sim, nem não. Portanto, não me proibiu de voltar ao assunto!
V
Eis que a Filarmônica, que ensaiava no salão abaixo do mezanino, projetou-se para fora do recinto - e todos fomos imantados em acompanhá-la. Minha patota - constituída por mim, Sávio, Carla, as professoras americanas visitantes da UNEB, Bárbara (que não falava quase nada de português) e Morgana (que falava quase tudo: uma loiríssima de San Francisco, de cabelos curtos, que desde a saída em Salvador furtivamente me despejava uns olhares capitulindos, desses de lado, com seus olhos de esmeralda, e que só fui encará-los de frente no espaço apinhado de gente diante do palco dos shows no “Terreno” ), e a fotógrafa Rita Cliff - posicionou-se logo atrás da banda, da qual aos poucos se afastou, mesclando-se com a população, e saltimbancando pelas ruas.
Entre os da nossa patota, eu era o mais animado e fazia alguns passos que aprendi em cortejos populares pelo interior (e era imitado por Barbara, dentre as americanas a mais maravilhada com os folguedos dos populares dançando na rua), organizava uma correntinha com mãos um na cintura do outro, com mãos nos ombros, um cordão lateral com as mãos dadas entre nós - até que chegamos na primeira das duas paradas do cortejo do Terno: a parada defronte da casa da dona ou inspiradora da festa, a Dona Canô.
-Caetano, Tom e um amigo deste, na porta da casa de Dona Canô - observando o cortejo passar: foto
-Bethânia e Dona Canô - também observando o cortejo: foto
-Bethânia dengando a Rainha da festa de Reis: foto
Avistei Rodrigo que logo já me conduzia pela mão por entre a multidão em frente da casa pra que eu pudesse cumprimentar, como diz Miriam Lucia, essa que é “uma personagem-símbolo do Brasil”, a sua mãe. Pedi-lhe a benção, e ela agradeceu-me a presença com uma voz matizada por uma ternura ainda mais indescritível do que a da vez de minha outra ida há três anos. Se eu não posso descrever-lhe a ternura, faço uma pausa pra através do vídeo a seguir dar uma idéia, e revelar algo do universo cultural desta matriarca:
Dona Canô na TV Cidade - pelo YouTube
Assim que terminei de cumprimentar e de receber a benção da Rainha, quando olho pra porta da casa, vejo de um lado Caetano e do outro Bethânia. Quando a vi, fiquei mesmerizado. Caetano acenou para mim e fez um gesto de aproximação e me apresentou à mana dizendo-lhe que eu escrevia no seu blog. Com o barulho, ela não o ouvia bem, e eu reforcei, com as minhas mãos suspensas, dedilhando um teclado imaginário e repetindo o que o mano dizia. E fui chegando perto e…. tasquei-lhe um beijo no rosto, que ela recebeu com aquele sorriso largo - um dos mais belos que existe! - como o sorriso que se vê no vídeo bem mais acima.
VI
Falar com Caetano não me emocionou tanto quanto ver de perto a sua mana. Eu já o devoro antropofagicamente em meus altares estéticos há tempos, desde muito cedo, e dele adquiri características que por vezes me geram ambivalência. É para mim um universo em parte bem conhecido, e em outra parte que eu tenho uma propensão enorme em conhecer porque é um universo em expansão. Já Bethânia, para mim é um universo que quase sempre beira o insondável, para o qual eu necessito de outro tipo de esforço e aproximação, a fim de penetrar no magma de sua arte. Um desafio supremo and delicado.
Nesse outro momento, acabei conversando mais um pouco com Caetano, e, tentando deduzir que quem tinha falado a meu respeito pra alguém do círculo dele bem podia ser algum integrante da Fundação José Silveira, mantenedora de uma importante Biblioteca na cidade, falei-lhe que doei a esta quando passara no ano passado pela cidade, a pretexto de promover a implantação de circuito cineclubista, um exemplar de Por que ler os clássicos, do Ítalo Calvino.
Acenei ao Caetanino, em despedida, e fui reencontrar a minha patota que ficara na rua.
-Pausa pro universo cultural interiorano dos manos e da mãe, com um vídeo de uma seresta no quintal da casa dela em Santo Amaro:
Pedrinha de Aruanda (documentário) - Exemplo/Lua Bonita: pelo Maricotinhaa
VII
E retornei pra minha patota acompanhando o cortejo até a praça principal, onde fica a Igreja da Purificação, até a parada após a Igreja, que sinaliza o final do Terno, em casa vizinha ao “Terreno”, onde estava montado um presépio vivo: com um bebê no papel no Jesus e várias das personagens bíblicas presentes.
-Igreja da Nossa Senhora da Purificação na noite de Reis - antes do cortejo: foto
Em frente à Igreja, nos demos as mãos e improvisamos, por uns breves e parecia que ao mesmo tempo intermináveis momentos, uma pequena ciranda… que foi encorpando e se encorpando com a participação da juventude da cidade - e reencenamos ao nosso modo essa linda abertura do último seriado televisivo baseado em Ariano Suassuna:
Pedra do Reino: Ciranda de Abertura - pelo YouTube
Após a passagem nas proximidades diante do presépio vivo, a Filarmônica entra para o “Terreno”, chamando a todos para os shows musicias, e o cortejo do Terno finda-se.
VIII
Ingressamos no “Terreno” praticamente nos misturando com os músicos da Filarmônica e - dromedários sedentos! - corremos pra beber cerveja. No mesmo instante, o primeiro grupo musical deu partida pra seqüência de shows. Senti desde logo a falta no local de alguém que faltou durante todo o transcorrer da festa: Rodrigo Veloso. Ausentou-se, por certo, sentido com a morte recente de Edith do Prato. -Uma pausa pra se ter uma medida da falta de sua presença e alegria:
A alegria de Rodrigo Veloso estampada no Cinema Falado: pelo YouTube
No “Terreno”, algumas das patotas formadas ainda no interior de nosso ônibus, começaram a - timidamente ainda - se freqüentar. Carla, que se postou como minha sentinela amorosa, a fim de permitir que só saqueasse - sem violência! - o meu ser dengoso and carinhoso quem ela consentisse, a exemplo da capitulinda Morgana, apresentou-me a uma trupe incrível de pessoas. Como eu gosto de divisar outros eus, deliciei-me com as histórias de vários dentre os nossos companheiros de viagem, que ela com avidez me relatava, e fui nutrindo as minhas simpatias por uns bem, por outros mais.
Eu já havia conhecido da viagem anterior o, sempre sorridente, Osvaldo Fernandez. Ele é um dos educadores vinculados à UNEB e dedicados a estudos e pesquisas de gênero e sexualidade, o NUGSEX DIADORIM. Já haviamos nos falado durante a noite desde a Lira dos Artistas, onde começamos a beber cerveja juntos em companhia de nosso embaixador José Carlos.
Mas quando Sandra Simões pipocou no palco e eu vi Morgana sambalançando com uma graça de fazer amolecer as pernas de um baiano do sertão como eu, encontrei o par ideal pra esbaldar-me na dança. Em segundos, eu já sussurava-lhe no ouvido, exclamando: -San Francisco! E ela me retribuía: -Bahia! Dançamos soltos com os outros várias vezes, mas sempre voltávamos e, bem apertados, corpos transpirados, formamos um par de arrasar, que deixava Carla e outros das patotas que, enfim, misturavam-se, elétricos!
Foi assim, durante esses embalos, que encontrei e cumprimentei de imediato o Flávio Venturini, que flanava ali entre nós, e em cuja voz, desde a época do 14 BIS, e quando o projeto Pixinguinha durava uma semana, eu já voei e voei.
Nos intervalos para tomar cerveja e nos refrescarmos pra voltar à dança, fui apresentado à pessoa com o astral maior que encontrei no local, o Daniel Mã, que integra o Na Roda, de quem fiquei amigo instantaneamente, e dias após, via internet, o apresentei à nossa metamorformosa mutante, a garota Impertinácia, Ana Cláudia Lomelino, e eles se conheceram recentemente no Rio de Janeiro.
Encontrei, em seguida, Jota Velloso, sobrinho de Caetano, um compositor e intérprete com uma carreira em franca expansão, e um modelo como promotor de novas carreiras, por atrair ao palco de seus shows uma miríade de intérpretes e músicos que sai das platéias. Falei com Jota sobre as duas noites dos shows inesquecíveis, no ano passado, de Gereba e Tuzé de Abreu no Teatro Gamboa, a que compareci e que ele e Armandinho encerraram na segunda apresentação.
(Já escrevei aqui na OeP sobre estes shows!)
Através de Jota, fui apresentado a Jorge Vercillo, que estava lá, transpirando como nós, no “Terreno” apinhado de gente. Conversamos sobre a revista web viva que lançarei em companhia de alguns de nossos mais queridos companheiros desta OeP, e o chamei pra uma futura entrevista em nossa publicação online. Ainda perguntei-lhe se conhecia a carreira de Marina de la Riva.
-Jorge Vercillo, Jota Velloso e eu - no “Terreno”: foto
No auge da festa, por volta das 3:30, nosso embaixador, José Carlos, veio nos chamar a todos dizendo que este ano precisávamos voltar mais cedo pra Salvador. Saímos proferindo todo tipo de protestos. E zarpamos de volta.
Desembarcamos no mesmo local da partida, no Campo Grande. A minha patota praticamente se desfez. Morgana e Barbara precisavam ir pra onde se encontravam hospedas. Rita, Sávio foram de imediato pra suas casas. Ficamos somente eu e Carla e nos misturamos com os restos de outras patotas.
Caminhamos na direção do Passeio Público e nos deparamos, na lateral sobre o viaduto da Avenida Contorno, com uma visão do mar da Baía de Todos os Santos que nos fez a todos parar: uma lua branca inteira prateando inteiramente as águas em frente à Ilha de Itaparica! Seguimos do Passeio Público pros Aflitos, e dos Aflitos pro Largo Dois de Julho - sempre mirando o luar: que esbranquiçava-se, esbranquiçava-se, ficando cada vez mais esquálido com a chegada iminente do dia. Não vi, ou não quis ver, durante toda a noite, nem após a chegada acompanhando o luar, qualquer estrela no céu - contentara-me com as descrições de Sávio durante o trajeto da ida.
-Pra quê? Éramos estrelas no chão!
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Há coisas em Santo Amaro que não precisam mudar, como a nobreza gentil dos Veloso. E há lá famílias com desvãos psicossociais sérios como em todo lugar. Uma realidade a transformar.
Atravessando a cidade de Amaro-oooh! pela madrugada, no retorno do Terno de Reis, eu não sabia ainda como dar expressão a um sentimento e percepção que se impregnavam em mim. Somente depois, somente depois. Vendo e ouvindo o seguinte:
Across The Universe (Lennon/McCartney), por Fiona Apple: pelo YouTube
letra em inglês & letra em português
Quem me acompanha por outras bandas virtuais, sabe que, dentre outros motivos também da maior importância (a par dos bugs que às vezes nos empacam de acessar bem este blog nos últmos tempos), sobreutudo por conta dos preparativos pra começar a feitura do piloto da Impertinácia não tenho tido muito tempo de embarcar na infocaetanave. Mas quanta saudade de vocês!
-Um beliscão na bochecha de todos os que me mencionaram desde a antepenúltima página desta OeP, seja ansiando pelo meu retorno, seja lendo-me retrospectivamente (como Clarinha), apreciando-me o sabor, a dor e o prazer de escreviver!
Gil meu amiguito
A confusão é achar que o “mercado” de música é apenas o mainstream e as gravadoras.
Eu vivo de música há algum tempo. Faço trilhas pra TV, cinema, desenho animado e faço meus disquinhos com humildade.
Durante décadas vivemos o abismo entre o broadcasting e o anonimato. Ou você era famoso e vendia discos, ou era alternativo reclamão.
Hoje, isso muda bem rapidamente. Assim como nos Estados Unidos e na Europa, um cara pode produzir boa música e viver dela, sem ter que rebolar na TV.
A mudança já tá rolando e o iTunes é só um detalhe. Quando a loja virtual se viabilizar no Brasil, os CDs disponibilizados serão os mesmos de sempre e o carinha vai ter que ter cartão de crédito internacional. Apoio. Mas não é essa a minha bandeira. Aliá nem tenho uma bandeira. Sou um fazedor de música meio metido a discutir outras coisas.
Nos EUA há um circuito de bares e inferninhos onde muitas bandas tocam com bons equipamentos e cachês decentes. Na França, qualquer escola do Ensino Médio tem um teatro equipado com som e luz. É disso que eu falo. iTunes é pouco.
Defendo a idéia de se produzir música sem a necessidade de virar uma celebridade. E se rolar de virar celebridade, acho o máximo.
beijo na testa
salm
10 discos extraordinários da “mpb iso 9000″ que eu lembro agora. vou escolher apenas um do mesmo artista, o que é muito difícil:
ivan lins - nos dias de hoje
milton nascimento - sentinela
moraes moreira - moraes moreira [75]
caetano veloso - caetano veloso [67]
gilberto gil - refazenda
edu lobo & tom jobim - edu & tom/tom & edu
elis regina - falso brilhante
joão bosco - galos de briga
guinga - casa de villa
chico buarque - construção
sem ordem!
Agora eu vou terminar de ler os comentários desse post.
PS: Rosanna, Rosanna, Rosanna!!! (que bom que voltamos!)
Olá, Eduardo Luedy;
Nem mesmo com relação a nomes próprios temos “erros”? Porque é RENATO, não “Ricardo”
…
Deixa eu dar minha opinião com relação ao que você disse “(…)’letras de rimas miseráveis, melodias paupérrimas e harmonias de primeiras lições de violão’. Tudo isso ocorre no rock que muitos de nós amamos aqui (eu inclusive)(…)”.
Eu teria a dizer que acho uma comparação bem infeliz porque no rock há uma série de excelentes compositores, comparáveis aos nossos (aqui no Brasil) melhores. Tanto mais se pensarmos que o termo “rock” comporta figursa díspares (mas igualmente geniais) como Paul Simon, Warren Zevon, Jim Morrison, Ian Curtis, Joni Mitchell, Laura Nyro, Paul Weller, Leonard Cohen, Marc Bolan, Morrissey, Jackson Browne, Lou Reed, Bruce Springsteen, Lennon (com ou sem McCartney e vice-versa) etc. As composições ligadas à axé music não me parecem à altura dos melhores compositores daqui (que dispensam maiores apresentações) nem de fora.
Rock, em termos de letras, não é só “Tutti Frutti” desde mil novecentos e bolinha, porque houve um esforço e um empenho para que assim não o fosse (além de talento, naturalmente). E a crítica teve um papel importante nisso também; cabe ao público e à crítica que vivencia e acompanha a música feita na Bahia (e em qualquer parte) exigir critérios mínimos de qualidade para que possamos ter um panorama sempre melhor. E, como o Glauber Guimarães falou em algum lugar, é preciso que o povo possa escolher, isto me parece fundamental.
Vocês são jóia!
Um abraço,
Renato Ricardo
Gil,
a grande revolução no mercado de música não é a internet, não é a venda digital de música. A grande revolução é o acesso fácil às ferramentas de produção de um disco. Nos anos 70 mesmo um milionário que quisesse gravar um disco teria dificuldades. Aqui no Rio existiam 6 estúdios de gravação, todos vinculados às gravadoras e com os horários tomados pelos artistas das companhias, só quem fosse contratado de uma delas conseuiria gravar um disco. Hoje com uns R$ 10 mil se pode montar um estúdio no seu quarto e gravar discos com excelente qualidade, eu garanto. Isso é A revolução.
E trabalhar com música, viver de música, ter uma carreira no mercado de música é muito mais do que aparecer rebolando na TV, ter um jatinho e comer todas as pessoas que quiser. Há outras e diversas e honestas e recompensadoras formas de estar no mercado, talvez você não saiba.
Desculpa, gente, não quis melindrar ninguém do OeP. Estou falando do Brasil, da imprensa e de tudo. Honestamente, sendo bem franco, não conheço a filosofia nem o pensamento vivo de cada um dos presentes. Peço desculpas por isso.
Falo dos articulistas, ensaístas e afins - de modo geral. Sobretudo esses da “Caros Amigos”, que são extremamente contrários ao regramento lingüístico na pessoa de Pasquale, e ao mesmo tempo favoráveis a uma música popular que não comporte manifestações populares legítimas.
Não sei o que foi discutido aqui e minha opinião foi emitida baseada no que leio na imprensa, não nos comentários.
Mais uma vez, portanto, peço desculpas se por algum motivo feri os brios da rapaziada. Abração para todos etc.
Oi, Caetano e pessoal.
Só para não deixar a peteca cair: a norma culta já foi, segundo as pesquisas dos linguistas, apenas um dialeto entre outros, o dialeto dos cultos e letrados. Todos os dialetos se igualam, não existe alguns mais ricos e outros pobres. No entanto, esse dialeto dos cultos e letrados foi registrado e tornado o padrão (o que era necessário, permitiu a comuicação grupal, concordo com vc).
Não quero acabar com o pp (português padrão), quero apenas tentar impedir que quem domina apenas essa variante de desprezar e ridicularizar os demais dialetos.
No mais, não conheço aqui ninguém pessoalmente (Bagno, Possenti, Caetano, etc.) E me desculpem se algum dia eu e minha esposa Laurene fomos agressivos… A Laurene achou vc agressivo, Caetano, quando disse que o papo do r retroflexo era só seu e da Heloísa, ela sentiu-se excluída publicamente.
Aos que gostam de debater a nossa língua tem um interessante dicionário intitulado LINGUAGEM POPULAR NO BRASIL, do Dr. Fernando São Paulo, médico baiano, professor catedrático da Fac. de Medicina (primaz do Brasil). São dois volumes. É bom pra que gosta de falar a “língua dos anjos” e pra quem gosta de falar a língua do povo, ou para quem gosta de ficar no “limbo”, esperando o resultado: céu, ou inferno?
Bôscoli disse na minisserie Maysa que a aproximação dele com Maysa seria interesseira e disse algo assim: ” a Bossa nova precisa deixar de ser música da patota de Ipanema” e Maisa seria a ponte para que a Bossa Nova ganhasse o Brasil. Será que isso é verdadeiro?
Teteco dos Anjos
Até, pelo menos, os anos 20 do século passado, Luke Strick era um misto de tabaco e canabis sativa que rolava no Brasil. A onda de histéria, norte-americana, foi foi propagada e foi responsável pelo que ainda resta de ignorância, em nosso pais, sobre a marijuana. A palavra “marijuana” soava pejorativamente no México e tinha a mesma conotação que se empresta, aqui, à palavra “maconheiro”. Também é útil observar que o usuário de outras drogas são chamados de “maconheiros”. Prefiro usar a palavra “marijuaneiro” ou “canabiano”. Nos anos 60, Erasmo cantava uma música bonita, intitulada Maria Joana. Foi proibida a radiodifusão, mas pode ser encontrada na grande rede, via emule, ou similar.
Sobre João Gilberto, consta em um livro de Ruy Castro (fantastico escritor) que o mesmo usava marijuana, antes da bossa nova. Dizem que a “canabis” abre os horizontes. Será ?!
Gabeira tem um site que trata desses tema e o http://www.growroom.com, também. Não são sites apologeticos, mas que pregam a legalização, que só não acontece porque usuário de drogas não gosta de se expor e, por isso mesmo, não são capazes de se organizar. Organizados podem desorganizar e normatizar a legalização. O alcool é uma droga pesadissima e é legal. Não vejo porque não legalizar, já, a marijuana, que, segundo fui informado, não provoca overdose, ao contrario do alcool. Se faz algum mal, esse mal é único e exclusivo do usuário.
Lança Perfume era legal até que Jânio proibiu. Conhecia Loló e derivados e a universitária (de vidro)…não usei Kelene, um anestésico, em vidro, que foi proibido. A primeira vez que usei Lança - faz tanto tempo - foi uma rodouro (dourada e metalica). Me disseram ponha no lenço, cheire e prenda a respiração. Eu exagerei a dose. E, felizmente, não prendi tanto a respiração. Foi um porradão. Depois que se aprende vc pula que nem pipoca. É um negócio interessante. Mas não uso pois pode provocar parada cardiaca. Cheirar farinha de trigo, misturada com bicarbonato, e achar que cheirou cocaína (, vasoconstrictora, inodora, branca [bem processada] e cristalina) é comum aqui na Bahia. Não entendo de drogas, mas procuro saber para não permanecer no rol dos ignorantes e preconceituosos.
“hoje eu vou tomar um porre/ ninguém socorre que eu tô feliz” (de um samba enrredo)
“Vou apertar/ mas não vou acender agora/ se segura malandro/ pra fazer a cabeça tem hora” (B. da Silva)
Agora vá dar um 2 a procura da batida perfeita !
“Cidades Maravilhosas/Cheias de encantos mil… Os pulmões do meu Brasil” (CV - que eu interpretava do meu modo.
“Há quem diga/que eu dormi de toca/ que eu perdi a briga/que cai do galho/que não vi saida”…+ ou - (S.Sampaio)
Desaconselho o uso de drogas e se usar, use com moderação.
Oh, que crueldade Caetano não explicar “existirmos a que será que se destina”? Não quero tomar Cajuína, gosto de Teresina e de coisas cristalinas. Da doce menina com sotaque interessante e diferente do meu. Gosto do meu baianês. Gosto dos meus LP´s, mas já não tenho radiola para ouvi-los. A tecnologia avança assustadoramente e eu entro numa de tropicalista. Minha estética é diferente da bostética das elites. Não debato inutilidades. Não quero falar latim. Eu quero falar brasileiro. Cansei da língua portuguesa. Quero o Brasil do Brasil, sem as normas consensuais e estrangeiras. Gosto de raparigas no sentido brasileiro. Agora não desgosto de Portugal nem dos portugueses. Gosto de Nova York, do blue jeans e das megalopolis. Do transtudo das cidades.Gosto do comércio, do escambo, do movimento das ruas, da atmosfera, das vitrines e de bailarinas. Adoro teatro e cinema e de viajar. De olhar o que ainda resta da mata atlântica que vai ser devastada e que vai deixar a terra careca. Londres me seduz, mas ganho pouco pra ir e vir; Penso como Hamlet, deprimo-me como ele e sei que é inútil dormir “porque a dor não passa”. A dor do querer e não poder. Quero OUTROS OLHARES, outras regras, outras normas. Quero sair da mesmice, da caretice, da babaquice e de todas as tolices. Marx e Freud não foram esquecidos. Não surgiu nenhuma filosofia nova, agradável, revolucionária para o bem estar comum. Nada de novo e tudo me parece antigo. O mundo ainda terá muitas guerras e todos somos responsáveis por elas. Gosto de ler Pessoa e de ouvir Caetano cantar. Acho que ele tem muito de Pessoa, um pouco de Godard e gosta de Psirico porque ele é a TERRA EM TRANSE. Cansei da Gramática e não curto matemática e essa é a minha burrice. Eu devia saber de tudo, inclusive da manteiga. Sinto falta dos bares com o ar espanhol. Os velhos armazéns e as quitandas onde comprava minha rapadura puxa, da boa. A prefeitura acabou a minha feira que era muito boa, mas era anti-estética. O mar foi melhorado e os canos de merda foram redirecionados para alto mar e o clima do mundo muda, nos mudamos o clima, nos tocamos e ferimos a natureza e ela sempre vai responder com maremotos, raios, trovões, ventos, tempestades, inundações e com furacões em Santa Catarina. Nos mexemos aqui e a coisa vai arrebentar em algum lugar. Nosso planeta é azul e eu adoro o azul do blues, gosto da produção musical e de tudo que eles criaram, inclusive o rock. Gosto da música do mundo, não quero ser regional. Quero pensar vasto e pensar o que ninguém pensou. Preciso de uma ideologia que tenha tudo de bom e nada de ruim, mas nós somos do gênero do homem e sempre o homem vai ser o lobo do homem. Acho bom assistir a entrega do Oscar. Não gosto da política de Israel, nem de homens bomba. Acho que o mundo seria melhor sem drogas e sem violência, mas a desigualdade é um fosso que parece não ter mais fim. Sou otimista quando imagino as “gantanamos” do mundo fechadas e eu sei que se fossemos o Haiti, teríamos libertados nossos escravos muito antes. Queria ver a Africa sendo salva. Não quero que o homem seja o bicho de Manuel Bandeira. Nada de catar detrito nos lixos. Acredito que a verdade e os valores do meu juízo continuem honestos e desejo honestidade pra todo mundo. Quero a verdade sempre, sem soro da verdade. Desejo paz e amor e acho que quero o paraíso, mas eu quero mais. Quero a juventude de volta pra que eu possa retocar desejos e arrependimentos, acabar com a culpa e outros sentimentos que meu ser social incutiu. Não quero discutir com a minha consciência e não acho bom que o super ego me torne neurótico. Doenças, até quando? EU QUERO È SEGUIR VIVENDO, tomando minha coca-cola e olhando vitrines e bancas de revistas. Preciso de leitura que não seja produzida pelo mundo virtual, mas o papel tornou-se inviável. Precisamos de sustentabilidade, da biodiversidade de um mundo ecologicamente correto. Somos nós, brasileiros, que temos a obrigação de conhecer a Amazônia; as algas são o pulmão do mundo! Fechar o buraco na camada de ozônio, descobrir o novo mundo dentro do buraco negro, descobrir os fenômenos que ocorrem no tiangulo das bermudas e, quando criarmos alguém, a nossa imagem e semelhança, estaremos diante de DEUS e game is over!
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Vivendo numa ex-capital, sinto toda a deformação no brio nas pessoas pela perda do honrado título -mesmo que elas estejam desavisadas disso-. No Rio, como em Salvador, a alegria sempre me cheirou a tristeza. Só que o Rio é mais dramático, Salvador é mais “desleixada”.
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Bird! BlackBird!!! fly…muito bacana mesmo…fui ouvir de novo e percebi o erro…tá consertado…valeu
As letras: é melhor não falar sobre para não contribuir com tamanha excrescência.
Mas uma coisa é certa nisto tudo que vem perdurando na Bahia. Não é a falta de bons compositores que está fazendo a música baiana descer a ladeira da cultura, são os administradores de empresas de promoção que pouco entendem de música que tomaram conta das rádios através de jabás. Para eles o que importa é o lucro rápido e fácil. Nisto eles acertaram. Estão conseguindo vender m–da como se fosse ouro em pó.
Jo-Au-Do! Que texto lindo! É cinema, é poético! É pra ler várias vezes! Coisa de quem sabe amar, sabe contar, sabe viver! Como te agradecer por nos ter levado até lá?!
Um abraço imenso!
PS: agora é preciso encontrar a menina da câmera!!!!
Sentoi o post último de CAetano um certo searcasmo em cima de quem o criticou ou falou que ele escreveu o que duz não ter escrito. Show!!!
Luedy, tu é mais maluco que eu na questão de posts malucos…to adorando le-lo também.
Muito bom este blog quando está funcionando.
Até mais, bjus de fim de semana a todos…Luizao;
falta você contar a historia de menina da ria
Renato Pedrecal,
[2] “Não é passando a mão na cabeça de quem fala errado que as coisas vão melhorar”
[3] “Em algumas tribos indígenas só se conta até quatro, depois é uma mão, uma mão e um pé, duas mãos, por aí vai. Não preciso dizer que os índios são dignos, preciso? Mas se não houvesse um “poder” ou uma “norma”, como ficaria o cálculo infinitesimal? A Física? A Astronomia?”
Eu escutei recentemente uma crítica muito abalizada acerca de minha disposição para os debates em que me envolvo: eu costumo assumnir uma atitude propedêutica que é típica de uma postura iluminista - a mesma que eu me esforço tanto a criticar e a tentar superar. Ou seja, ainda que ciente de todas as implicações limitadoras do pensamento moderno, para se pensar cultura e sociedade, eu mesmo tenho uma postura “iluminista”. Ou seja, no fundo, o que eu procuro é situar a razão a partir de uma perspectiva que, creio eu, é a mais correta.
Dêem um desconto então a este colega contraditório que vcs têm aqui.
Renato, o que eu tenho tentado demonstrar aqui, de maneira muito incipiente, a partir de umas poucas leituras que eu tenho sobre o assunto, não sendo eu, portanto, um especialista sobre questões linguisticas, é que a noção de erro em língua é algo problemático. E é uma noção problemática porque parte do pressuposto que (a) a língua não muda, ou se muda, chegamos a sua “melhor forma”; (b) a língua é língua no singular, ou seja, não se concebe modos e padrões distintos dentro de uma mesma língua, a não ser como “desvio”, a não ser como “erro”; (c) essa noção de “erro” assume de maneira não-problemática a crença de que há uma maneira mais correta e elegante, sem que se leve em conta que tais atributos decorrem não de propriedades intrísecas à língua, mas, ao contrário, tais atributos são construtos sociais que decorrem de uma “verdade” sobre seus usos que é estabelecida por um determinado grupo social.
“Passar a mão na cabeça” é uma maneira de “tolerar” a diferença, né? Se a gente assumir que não há erros em língua tal atitude tolerante deixa de fazer sentido. Lembre que quem se acha em condições de “tolerar” é quem se crê numa posição epistemológica superior. Você defende que não tenhamos tal atitude tolerante, mas parte do mesmo pressuposto: as coisas têm que melhorar. Ou seja, não falar de acordo com a norma é “não melhorar” as coisas.
Sobre índios que só contam até quatro, eu não posso discutir contigo. Mas desconfio que um maior conhecimento de antropologia nos ajudaria muito a relativizar essa crença na razão como um atributo que não se encontra em povos não civilizados ou “primitivos”.
abraço,
luedy
Moderador, por favor, poste esse comentário ao invés do anterior. Obrigada!
os dead billies duraram de 1993 a 2001. estamos em 2009. eu envelheci [não o quanto gostaria. adoro a frase ironica do nelson rodrigues "jovens, envelheçam!"].
note que eu disse “crianças e pré-adolescentes”, que não têm estrutura psiquica e/ou emocional para discernir. além disso, crianças não estão escolhendo gostar de pagode baiano. estão sendo induzidas, o novo pagode baiano [como outras manifestações similares] está sendo empurrado guela abaixo. sem vasilina.
os cramps defendem que lixo cultural, drogas e insanidade podem e devem fazer parte do cardápio do rock clássico. mas não para crianças, compadre. há coisas que minha filha pode ver, há coisas que não. isso não é moralismo, é bom senso.
dá um abração em paquito se o encontrar, gosto muito dele. abraço procê também.
Jota
Joaldo, seu enorme texto sobre Santo Amaro é um barato. Curti pacas !!! Você tem fôlego de romancista.
A poesia é preguiçosa sim. Muitos escritores se tornaram poetas simplesmente pela preguiça de se lançarem num romance, ou em contos. Essa preguiça passa a ser virtude.
Concordo contigo Salem, o universo da música não é tão somente o estrelato, o mainstream. Na Europa e mesmo no Brasil - tenho estado bastante na musicalíssima Campos do Jordão - conheço muitos músicos fora dos grandes circuítos que vivem bem e satisfeitos com o trabalho. Discordo com o Gil, que escreveu em CAIXA ALTA aqui sobre “DISQUINHOS HUMILDES”, o que me pareceu pejorativo da parte dele e deselegante com tantos aqui. Ei..mano Gil..(que não é o Gilberto Gil)..cada macaco no seu galho né!!!
mas é como nando fala: se você não percebe a diferença entre o que os billies faziam em palco e o que o psirico faz, é realmente uma dificuldade sua. não posso lhe ajudar nisso. perceba as sutilezas [que nem são tão sutis assim]. se neguinho não vê diferença entre gerônimo e fantasmão, o que posso eu dizer? os critérios foram todos pro espaço sideral.
Heloísa,
Veja que pecado, querida: imaginei que Menina da Ria fosse uma levada axé, ritmada com d’jimbê, timabau, atabaques e distorções de guitarra. Mas vi no último show do Caetaninho, em Sto Amaro, que a música soou samba e bossa e intimista e maravilhosa! Mas o que desejo te dizer é outra coisa - a versão de “Tempo de estio” que o Caetano gravou com Jamil, recente, é muito mais bonita e alegre do que a gravada no álbum Muito de 78, que me traz alguma aguda melancolia.
Glauber,
Não saberia periodicizar, do ponto de vista físico-químico-biológico,o tempo de degradação da barracha e seus derivados. Mas tenho dúvida se há química ou física quântica no mundo capaz de determinar o tempo de uma música, ainda que descartável. Me lembre de lhe falar algo interantíssimo. Um beijo no seu coração.
Ju,
Pasquale e Jorge Portugal estavam na festa em Santo Amaro. Perguntei ao primeiro se ele considerava necessário o acordo ortográfico, do ponto de vista didático, para o ensino de língua no Brasil. Ele me respondeu, de modo muito ameno, que era professor de língua portuguesa e não gostava dessa política. O termo “política” soou ambíguo para mim porque eu não soube ( e também não perguntei)se se referia à possível polêmica que o acordo teria criado ou à gestão política administrativa responsável pela implementação do mesmo.
Por hora, vou de Gil: “Fogo eterno pra afugentar o inferno pra outro lugar!”
Té breve,
Wesley
Mas Glauber,
Através da música popular nós já desconstruimos tantos destes critérios pelos quais legitimariamos esteticamente a “boa arte”, ou a “boa música”. Melodia? Qual é a sofisticação melódica de Tutti Frutti? De Sex Machine? Tá, vocês querem exemplos mais contemporâneos?. Eu citaria Madonna (”Justify my love”, “Music”). Qual é a sofisticação melódica do Cramps? Ontem tava vendo a Alanis MOrrissete cantando. Puxa, qual é a sofisticação melódica da belíssima canção “thank you”? Veja, eu tô pensando em critérios de sofisticação formal. Nada destes artistas se pode equiparar à sofisticação melódica e harmônica do lieder romântico e ultra-romântico de compositores da chamada “alta cultura” européia. E o que falar do rap? Ou você vai me dizer que o rap é “menos” porque o aspecto melódico é praticamente inexistente ou incipiente.
O mesmo vale para o critério de avaliação estética que se baseia na sofisticação do texto cantados. Enfim, eu acho que a gente precisa discutir isso daí melhor. Falar em “letras de rimas paupérrimas” só pode ser compreendido a partir de posturas formalmente conservadoras, como se não houvesse todos aqueles desdobramentos poéticos que buscaram se libertar do rigor formal-métrico.
Gilzão
Câ disse assim ó:
“O MERCADO DA MÚSICA É ONDE SE COMERCIALIZA A MÚSICA SALÉM, FICARMOS SOMENTE COM AS TRILHAS DE TV CINEMA DESENHO E DISQUINHOS HUMILDES PORQUE?”
Foi um ato falho seu. Quem disse que trilhas de TV e cinema não são comercializadas? Eu ganho dim-dim com isso. E com muito orgulho.
Quanto aos “disquinhos humildes” foi apenas uma expressão pra que eu não parecesse metido à besta. Gosto muito dos meus discos. E o Do Castelo Ra Tim Bum vende feito pipca até hoje.
Eu não sou a Madonna. E gosto que ela exista. Mas odeio a idéia de que preciso ser Madonna pra viver de música.
Não sou militante. Sou cantante.
beijo na testa do mercado
salem
Oi Dimas
Ó só o ‘cê disse:
“Não é a falta de bons compositores que está fazendo a música baiana descer a ladeira da cultura”
Prefiro Moraes
“Quem desce do morro não morre no asfalto, lá vem o Brasil descendo a ladeira”
Sem querer você usou uma imagem mítica pra desqualificar a música da Bahia.
beijo descendo a ladeira
salem
aí vai a música:
beijos a vocês queridos
Maria
ola todos. abro um parêntesis no meio dessa discussão para contar mais uma, talvez a última, historinha de vida, um daqueles momentos marcantes na formatação da personalidade da indivídua aqui.
eu tinha uns 11 anos, 1967. durante uma aula sobre regras de trânsito eu discordei da professora quando ela ensinava que o sinal vermelho significava ‘pare’ e o verde ’siga’. todo mundo me olhou esquisito. eu disse que não era bem assim e que iria provar.
foi quando tudo começou : rotulada de “chata” por aqueles com preguiça de pensar, e de “polemista” pelos que tem tempo para gastar.
acontecia que, para chegar na escola, eu precisava atravessar algumas ruas movimentadas. na maioria destes cruzamentos haviam sinais luminosos. mas apenas para os automóveis. é óbvio que, nesse caso, o pedestre só deveria atravessar a rua no sinal vermelho! então, ali, o vermelho significava ’siga’. simples assim.
chata para cacete, mas sempre com alguma razão. essa ânsia quase psicótica de desmascarar, no bom sentido, um possível outro lado de qualquer coisa nessa vida é a energia que abastece meu espírito. não preciso nem ir muito longe : a novidade pode estar bem ali, do lado avesso !
minhas cutucadas no caetano são ou foram isso. pura curiosidade, mais uma pitadinha de candinha. tipo quando pedi que comentasse sobre suas variações de sotaque. do carioquês/paulistês ’sem dôcumento, dêzembro’, passando pelo bahianês cardiológico ‘córação isso, córação aquilo’ até o retorno ao circunflexo na ‘pôça’.
“claro que a pronúncia é pôça”, disse me ele irritadiço, sem citar meu nome. querido caetano, o claro é que em são paulo, na ria, e em portugal todo a pronúncia é póça. (mas isso se diz para um gê(é)nio ?
penso que caetano me acha uma chata, se não for arrogância imaginar que ele acha alguma coisa de mim. afinal eu suprimi da biografia de warhol uma risada perdida na bahia.
mas uma vitória eu consegui : o remix de incompatibilidade ganhou 5 estrelas na página de audio-visual. acho que foi dele. naquele momento até desenhei (de design) uma via de acesso ao blog, personalizada, querendo ir além do batepapo, maior interatividade musical e totalmente experimental, e sem qq fim lucrativo que não fosse pura diversão. sonhar é preciso.
não estou a fim de pesquisar outra situações. e vou encurtar este cmt antes que fique fora das minhas próprias especificações de etiqueta.
bom. no post anterior, qdo caetano publicou a letra de ‘menina da ria’ e disse, ou eu entendi, que a música não estava composta ainda, achei que era uma possibilidade de continuar brincando de customizar o ídolo. como no caso do remix quando até se cogitou um “concurso”, pensei que para a ‘menina’ algo parecido fosse viável. afinal a obra está em progresso (ou agora não mais?). foi apenas delírio.
uma puxada de assunto, pois afinal a música estava pronta. mas o que me ‘desnorteou’ foi que a ‘revelação’ não veio do próprio caetano. surgiu, out of the blue, via email, num “video-pirata”!?
quer dizer : a última “faixa” que falta(va) para fechar o disco, tema de post super comentado, foi apresentada em santo amaro. mas em pleno 2009, ninguém tinha uma boa câmera para gravar a ‘premiere mundial’ da menina da ria. uma atitude portuguesa, com certeza.
mais estranho: mesmo com o link divulgado, ninguém comentou, criticou ou elogiou a menina. exceção para o glauber, 250 comentários depois. não há mais dúvidas : amiguismo saiu de férias.
mas ler caetano - e é esse o motivo de estarmos aqui - elogiar ritmos canibalistas não dá. já basta constatar o triste destino da mpb nas paradisosfm, rádio-ação entre amigos, paraíso do jabá e do retrocesso, codinome flashback. com a morte prematura - deus sabe o que faz - dos gays cazuza, russo e eller, e o sumiço da voz de marina, a autenticidade foi literalmente para o espaço. do que ficou acho quase todos posers ou cretinos.
por falar em canibalismo, alguém viu o festival de salvador? eu vi, como eu posso ser quem eu sou sem conhecer o “inimigo”?
antes de falar do quarups aeróbicos bahianos, preciso desabafar sobre o nando reis. coitado. parecia um ney matogrosso num modelito ‘doce bárbaro’. adoro o nando reis, desde quando ele era meio apagadinho na trupe do ‘the clash’, digo, dos ‘titãs’. é um gênio que deveria manter-se firme na sua timidez, e não aparecer em público. foi triste vê-lo alterado saltitante com um coral cafona ao fundo. lamentável. senti meu córação aprétado e dérliguei a tv.
qto à ev e à iv, meias palavras bastam.
hermano, vc emana vibrações muito boas. estar aqui foi uma terapia. bem me aconselhou meu homeopata. muita grata. a todos foi um prazer. um pessoal divertido mesmo. continuo amando o caetano que idealizo, menos global, menos capital. por mencionar a globo : roberto carlos é o ó. enganou muito trouxas comprando canções da ‘conceição’, e fez fortuna com as versões de rossini pinto. como diz uma amiga : o roberto conseguiu tudo na vida, menos dar um jeito no seu penteado patético. tsk, tsk.
vou sair do rio e para onde eu vou a internet está engatinhando, mas se der volto para encher o saquinho de quem merecer.
bjs paloma
Glauber meu velho, lembrei pra caramba de vc ontem no festival de verão.
Depois do show da atração internacional, que não cito o nome com medo da propriedade intelectual, fazer aquela coisa igual ao que agente vê no Multishow, zero de saber onde está, para quem está tocando e vice versa, me deram uma tal de pulseirinha do backstage (logo eu que só tinha ingresso de pista e meia sem carteirinha!): Aquilo é que é universo otário, Lobão não tem razão, uma galera super besta na porta de camarim….
Pois bem, findado o show fui para um palco menor onde tava rolando um negócio massa: Moinho tocando junto com Tony Costa! e CH e os retrofoguetes.
Muito, muito contagiante mesmo. Depois rolou um esquema de entrevista tipo Serginho Grosmam onde tinham VÁRIOS fãs de rock de Salvador perguntando para eles com mediação de Margarete Menezes e um cara da TV chamado Timbó.
Lance muito Glauber mesmo, vc perdeu.
HERMANO. ESSE É O QUE VALE
Joaldíssimo
Logo que vi a página carregando notei negritos, itálicos e links laranjinhas no meio da bagunça.
E pensei assim: o homem voltou com suas foto-palavras pra dar sentido a tudo.
De primeira, bastou o olhar o catatau que você escreveu. Como um quadro acalentador. Bastava apenas que ele existisse. Sem ler. Pensei em imprimir pra ler depois. Aí, achei bobagem dar a ele um status diferente. Ele tinha que ser lido como todos os comentários. Como mais um.
Calibrei a íris e entrei no busão com você. E fui até o final na carona do teu relato emocionante e cheio de detalhes apetitosos.
Olhar o mundo através da tua lente se tornou um ponto de equilíbrio nesse blog tão pendular.
Quando você não está, as polêmicas se perpetuam. A página não vira. Até tentei fazê-lo trazendo a canção Lígia pra berlinda. Deu certo, mas nada se compara à sua re-entrada triunfal.
Estou mais sossegado agora. O modo que você escreve torna as discussões sobre gramática, direitos autorais ou pagode baiano um tanto pequenas pra mim.
Você faz a moçada se lembrar de que aqui não há comentaristas. Há protagonistas.
Seu olhar panorâmico e seu zoom atômico têm um efeito vitalizante. Você raramente está em oposição. Vê tudo do alto da sua cabeça voadora.
beijo na tua testa sensível
Luedão
Pra dizer que aos seus amigos canônicos que os rabequeiros do interior Nordeste não estão tocando “errado”, nem precisa evocar a sócio-linguística.
Cacilds! Eu já falei trocentas vezes aqui sobre o respeito que tenho ao sazonal, aos dialetos, aos modos, à diversidade, à transgressão, aos regionalismos, à beleza das conjugações diferentes, aos sotaques, às etnias e à beleza da música brasileira nos seus mais diferentes matizes.
Pra mim você dizer que segundo a tal da “norma” uma letra (você generalizou) de pagode baiano seria um “barbarismo”, foi uma forma de impor seu racicínio sobre gramática.
Um paralelo infeliz. Não usaria jamais o Sistema Tonal como exemplo se estivessemos falando sobre os rabequeiros. Estávamos falando de músicos pop-baianos que fazem canções apoiadas em códigos musicais, gestuais e culturais. E que se fosse pra usar alguma norma exclusivamente musical avaliativa (coisa que eu não faria) a música produzida por esse pessoal é SIM apoiada no Sistema Tonal.
Foi uma ironia, já que pouco se pode dizer sobre a música baiana usando o Tonalismo como parâmetro. Assim como pouco se pode dizer sobre música baiana usando a “norma” da gramática. Estava dizendo em resumo que ao usar a palavra “barbarismo”, você roubou no jogo.
O que de melhor se disse (contra ou a favor) sobre a música popular da Bahia, por aqui, estava apoiado em argumentos culturais consistentes.
Foi Nando, Glauber, Gil e Caetano quem mais mexeu com a minha cabeça sobre o tema. E eles pouco usaram de teorias gramaticais ou musicais pra isso.
Usaram suas sensibilidades e vivências. É disso que gosto. Não posso ficar pegando carona em qualquer conversa pra defender politicamente posições sobre gramática. Isso é redutor. É chato.
Foi por isso que falei de Tatit, Weber, Debussy e o escambau. Pra mostrar o quão distante seria usar uma sintaxe musical pra qualificar ou desqualificar a música da Bahia.
Estou olulando. Não ouço música popular pensando em gramática e nem em tonalismo ou atonalismo. Quando ouço música popular penso no meu bisavô.
beijo na rabeca
salem
Maria, você tem razão.
o Samba do Soho tem um verso que diz:
São versos que, na segunda vez em que a música é cantada (pelo menos no disco Passarim), substituem aqueles que dizem:
Essa canção, que é do próprio Paulo Jobim com o Ronaldo Bastos, tem uma deliciosa versão em inglês, que diz assim:
Eu adoro o verso “falling in the trap of the beautiful morena”. Que esperto! Não sei se o Ronaldo Bastos fez primeiro a versão em inglês ou em português. Elas foram gravadas na mesma época.
Igor,
Todo mundo aqui sabe o que é swing ou suíngue. Muitos conhecem Schoenberg. Você não está entre otários, como parece acreditar.
“A percussão baiana é do nível das melhores do mundo, se não for a melhor”.
É mesmo? É melhor do que a percussão mineira ou a indiana, por exemplo? Em quê? Em “fazer dançar”?
“Quanto as letras, na moral, duvido q vcs entendam muito do q o Caetano escreve”.
Seguramente só você entende.
“Essa ortodoxia rock n’ roll é coisa de gente q não sabe dançar e não arruma namorada. Coisa de meninos de condomínio sem suingue, q não vão a praia”.
Só você arruma namorada e vai à praia, certamente. Nem mora em condomínio.
“A música da Bahia tem seus equívocos, mas não aceito argumentos com esse teor de babaquice”.
Pois é, você deve ter argumentos sem teor de “babaquice” para nos mostrar os equívocos. Por favor, nos ensine quais são.
***
Joaldo, que belo relato. Demorou mas super valeu a pena!!!
Pra mim você dizer que segundo a tal da “norma” uma letra (você generalizou) de pagode baiano seria um “barbarismo”, foi uma forma de impor seu racicínio sobre gramática.
Ops, eu deixei no meu último comment o trecho que eu havia copiado de Salém para poder melhor comentá-lo.
Quem ler um pouco da biografia de Pasquale ira compreender que sua intenção sempre foi a de ensinar, e é assim que o vejo, como um grande professor. Sua preocupação em manter algumas “tradições” referente a língua portuguesa esta exatamente ligada a sua paixão pela nossa língua, não creio que possamos dizer que ele seja um radical com relação a mesma, penso que sua compreensão vai muito alem das normas gramaticais, as quais ele se utiliza para que possamos ter uma visão mais ampla das deformidades da mesma. Seu entusiasmo pela língua como sendo a verdadeira identidade de uma nação, o Brasil, chega a ser contagiante. Um estudioso incansável, que esta sempre ligado em todas as formas de comunicação, jamais desprezou qualquer forma mesmo que seja “disforme”. Ao contrario da visão, muita vezes restrita, que algumas pessoas tem do professor Pasquale, o vejo como uma pessoa que denuncia as deformidades gramaticais, nos dando uma dimensão da flexibilidade da própria língua, seja ela a tradução através da criatividade popular, das musicas, poesias, literatura, etc. Quem dera, tivéssemos em nosso país mais, e mais, professores que tivessem esta mesma responsabilidade e preocupação no ensinamento da língua portuguesa brasileira (agora “meio” unificada), a tia Regininha tem, isso sou bem segura.
Para completar o que disse coloco o link sobre o acordo ortográfico que seria o samba que o Rafael postou ai muito legal.
http://it.youtube.com/watch?v=l3zzn4k9dRE
Labi é demais mesmo, adorei seu comentário reportagem, realmente tem coisas que a gente nem imagina, não tinha pensado neste aspecto que foi apontado na entrevista, muito interessante. Aqui na Itália temos um trans muito famoso Vladimir Luxuria que foi o único deputado trans na historia de seu pais. Pessoalmente eu adoro Vladimir, é de uma inteligência e delicadeza que cativa a gente, mais sei bem que durante toda campanha foi vitima de ataques de todos os lados, depois também foi agredido na Rússia por sua condição sexual. A igreja católica condena com veemência o homossexualismo. Acho engraçado quando vejo uma matéria na TV falando dos trans brasileiros e os chamam de “viados brasilianos” e quando escuto me parece que dizem veados e sempre acho que existe ai um certo preconceito, mais saiba que por aqui a tal carne do “veado brasiliano” é bem apreciada. (risos). Aproveitando que estou falando com ti, escrevi faz tempo alguma coisa sobre o negocio do “elemento mulher” mais não consegui postar, você é fantástica.
Glauber eu conheci o Dalto por causa de um namorado, adoro escuta-lo, é um CD dos meus favoritos.
Então eu me ausentei 1 dia do blog e quando vi eram muitas mensagens para ler, daí passei o dia lendo e quando fui postar tinha dobrado, daí fui ler novamente, e hoje pela manhã quando vi o lindo comentário do Joaldo pensei agora as pessoas param um pouco pra ler e daí eu consigo me atualizar, que nada, como este povo fala!!! Vamos la que tinha tantas coisas para falar e fico aqui “comendo bronha”.
Beijos e voltando
Rapazes e Mocinhas,
O que está faltando na música baiana é o “fator Roupa Nova”: música popular feita com qualidade, cuidado, sofisticação.
Esta noite eu sonhei com um antigo guitarrista da Cheiro de Amor chamado Boca; Boca tocava pra caralho, onde andará Boca? Boca nunca pôde mostrar o que sabe, sempre naqueles dois acordes, lá menor e sol maior, bragadá bragadá bragadá, mãozinha pra cá, mãozinha pra lá; Roseval morava em Brotas e tocou no primeiro disco de Brown; Roseval é(era) o Hendrix de Brotas; Brown sabe das coisas, Brown é mestre; hoje é a maldição do cavaquinho; e pensar que Paulinho da Viola deu um cavaquinho a Pepeu e os Novos Baianos fizeram todas aquelas coisas maravilhosas. Quem são hoje os bons guitarristas da música baiana?
Fazer o quê.
Você vai assim, você vai assim, você vai assim, vai, ordinária!
Ps: Glauber, amei saber do Clube da Guitarra Baiana, existente em Salvador; gostei mais ainda de saber que seu chapa dos Retrofoguetes participa dele. Daí, sim, pode vir coisa boa.
Oi, Caetano e pessoal.
Glauber: o ç em “canso” foi uma contaminação surgida a partir da presença dele em “cansaço”, posso supor.
Mas como disse, não sou linguista e não tenho como debater as idéias de Possenti sobre imagem acústica, significado e significante, fonema, etc. Sou da literatura, tb. O que digo é que, para o especialista, desconhecer é melhor do que tentar impor uma visão senso comum ou um entendimento parcial de maneira insistente. Quanto á fala dele para o Caetano, acho que ele tentou dar um toque de humor a um assunto onde acabam entrando temos técnicos e a discussão se fecha, ficando um pouco árdua e demandando estudo.
Eu vi Pasquale falando sobre o acordo na TV e ele me pareceu bem favorável, só se opôs a absurdos propostos parece que por gramáticos que gostariam que “de repente” virasse agora “derrepente”. Quem será que propôs isso?
Eu entendo a agressividade das críticas políticas que são feitas a Caetano. Dentro do contexto do governo FHC, por exemplo. Eu acho que o Gilberto Vasconcellos, que o Caetano provavelmente conheceu no Colégio Equipe, pois Caets já tocou lá e Giba era professor de História lá no final dos anos 70, é muito lúcido em algumas críticas, querendo trazer a parte boa dos varguistas para a imprensa. Ao mesmo tempo, quando ele associa macheza ao nacionalismo e feminilidade/travesti/ homossexualidade ao internacionalismo o resultado é hilário, mas compromete a imagem dele e dá um tom retrógrado e homofóbico: ele avança num ponto e retrocede em outro. Eu também já peguei alguns equívocos dele, por exemplo ele falou que não existe folclore do automóvel e citou Cascudo. Fui ao Dicionário do Folclore do Cascudo e vi um verbete sobre automóvel dizendo justamente o contrário.
O grande acerto dele é ter visto que no cinema de Glauber existe uma resposta às críticas adornianas ao cinema. Isso foi genial. Mas, Giba, embora gênio, é mistura de seda e péssimo, como disse Drummond…
igor disse,
“Essa ortodoxia rock n’ roll é coisa de gente q não sabe dançar e não arruma namorada. Coisa de meninos de condomínio sem suingue, q não vão a praia[...]A Jovem (Avant?) Guarda, hoje, está na Bahia. Psirico, Parangolé, Fantasmão: vitalidade!!!”
hahahahahahahahaha. velhão, cê não me conhece. sou o maior pé de valsa. the hottest hip shaker you ever done met”. só não sou melhor que o jackie wilson. aah, de novo a neutralização e analogias duvidosas. pergunta ao bob carlos o que ele acha disso…os ensinamentos da tropicália não devem ser tomados como dogmas, isso é matá-la.
como cê pode afirmar que não entendemos o que caetano escreve? pois é isso que defendo: que mais e mais pessoas possam fazê-lo. schoenberg? jogo dominó com ele, meu camarada. é meu bróder.
olha, cê parte do principio que roqueiros são recalcados, ortodoxos e até desinformados. deve até achar que só usamos preto…ledo engano. coloca a questão como luta de classes entre clásse média e classe “c”, o que é redução da conversa. mais confortável para alguns.
corra atrás do prejuízo, releia uns 2.987 comentários pra trás, depois volta.
cê não tá entendendo nada, cara. não há patrulha, nem ortodoxia. resumindo: que exista o pagodenejo, o axé light, arrocha. o problema é que, para a maioria, é 90% disso e 10% de todas as outras coisas [da vida!!!]. isso não é diversidade, velho.
o hip-hop têm lutado e muito, contra a imbecilização de todas as coisas neste país. canço de ouvir gente insuspeita e importante na cultura do rap dizer que esses parangolés todos são mantenedores da mediocridade [do que é mediano, se preferir]. artistas fisiológicos são vítimas de si mesmos e/ou oportunistas cretinos.
poo, canso com “ç”, foi foda. snif…foi mal, seu aurélio.
Eu citei exemplos de música pop - da chamada música eletrônica ao Death-Trash Metal - que nao podem ser avaliadas por estes critérios tonais tradicionais, relativamente à estruturação melódica, harmônica e formal. Citei o rap também. O gênero canção tem sido esgraçado há muito tempo. Escuto racionais mc’s com o mesmo prazer que escuto uma canção popular. E são lances diferentes.
“Foi uma ironia, já que pouco se pode dizer sobre a música baiana usando o Tonalismo como parâmetro.”
Estamos lendo rápido demais e escreendo rápido demais. Pode ser por isso que eu falo A e você entende B.
vixe, faltou dizer uma coisa importante no meu “protagontário” [salem, genial]:
Ufa!
ai meu deus, não era pra ser “esgraçamento”, mas “ergarçamento” - não tem jeito, eu sou um péssimo datilógrafo!!
EM RESUMO, REINVIDICAMOS ROTINEIRAMENTE O DIREITO AO BEM ESTAR, AO CRESCIMENTO, À REDISTRIBUIÇÃO, ETC.., MAS AS NOSSAS BELAS ALMAS NÃO QUEREM SABER NEM OUVIR FALAR DAS FONTES QUE DEVEM PROVIR AS RIQUEZAS A DISTRIBUIR, REMETEM O ASSUNTO PARA UM SILÊNCIO HIPÓCRITA E CONSTRANGEM QUEM SE DEDICA A CONFRONTAÇÃO…SALÉM, QUE DUREZA…E O OUTRO VEM ME FALAR DE CAMPANHA…FRANCAMENTE…QUANTAS VEZES FOI CITADO AQUI ESSA HISTÓRIA ( COLOQUEI PORCARIA MAS SUBSTITUÍ A TEMPO) DE CRAMPS? VAMOS CONTAR? E ONDE ESTÁ A CAMPANHA?…FRANCAMENTE…
Apesar dos números altos de pirataria, o relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica afirma que houve também um aumento de 25% nos downloads legais, que agora correspondem a um quinto de todas as vendas de música.
Segundo a IFPI, foram baixados legalmente 1,4 bilhão de singles em 2008. O single que ficou em primeiro lugar em vendas pela internet foi Lollipop, de Lil Wayne, com 9,1 milhões de cópias baixadas.
A federação revelou em seu relatório que os negócios em música digital vêm registrando um crescimento constante nos últimos seis anos e agora o seu valor estimado é de US$ 3,7 bilhões.
Salem não para desqualificar a música da Bahia que amo muito. Mas para dizer a Caetano que o que está posto no mercado é puro consumismo. É a busca do imediato. Que para quem é um investidor, falo dos donos de produtoras, e compra letras de músicas no Calabar, Vala das Pedrinhas, Nordeste de Amaralina e vira compositor deve estar valendo. Claro, sei que este movimento arregimente multidões e move o vil metal. Mas entendo isto como subcultura.
Hip Hop: O primo pobre do repentista nordestino. Um matuto amigo meu disse isto a Luiz Melodia o cara ficou paralisado em sua frente. É que um dos filhos do indivíduo é cantor deste estilo no Rio. E lá meu amigo iria saber. Acho que ele esqueceu da critica depois que comeu a feijoada que foi preparada para depois do Show. Detalhe; feita no corredor do décimo andar do Hotel Vitória Marina em Salvador, já que os apartamentos são minúsculos. Uma hora da manhã todos na suíte do cara degustando feijoada com “cunhão de boi”.
Querido Igor Straguinste
Legal saber que só você aqui sabe quem é Schoenberg, só você entende o que Caetano escreve, só você arruma namorada, só você sabe dançar e só você detém argumentos sem teor de babaquice.
Não se preocupe com a proibição do beijo em público, não. Afinal, só você sabe beijar também.
Glaubito e Nando. Como eu adoro vocês! Como gosto de respeitar a dissonância. Como eu gosto de discordar do Luedy. Como eu gosto do Luedy. Como fico contente com as histórias da Paloma.
Por hoje, deu. Vou dançar Schoenberg e tentar arrumar uma namorada que entenda o que Caetano escreve pra me explicar tudinho.
Nandeleza.
Você é o swing!
não beijo a testa de vocês, porque não sei beijar
salem
Putz, Straguinste
Me esqueci de dizer uma coisa. Ó só:
Faz um tempão que não escutava a expressão “classe média branca”. Como acho que sou de classe média e tenho a pele branca (a despeito dos meus ancestrais índios e negros) me incluí nesse quadrado.
Cê fez uma baita confusão quando disse que
“essa tal classe média branca se arroga ao direito de patrulhar as músicas, nesse caso a baiana, com argumentos de cunho técnico (teoria músical não serve pra isso)”
Da minha parte usei a teoria pra falar justamente o avesso dessa frase que você escreveu em braile e eu demorei um bom tempo pra entender.
Disse , e já tô cansado de explicar, que as normas da gramática não servem pra avaliar música popular. E que a música tem os seus parâmetros. E que mesmo esses parâmetros eram ineficientes. Pior, disse esse monte de tranqueira pra defender a música da Bahia.
Eu posso não entender o que Caetano escreve. Mas você não entendeu metade do que foi aqui escrito por mim, Luedy, Glaubito e Nando.
salem
Não há problema nenhum na música despertar sexualidade, o problema são os programas infantis. Como diria Noel Rosa “ o cinema falado é o grande culpado da transformação…”, hoje a TV é a grande culpada, e num futuro que já estamos vivendo, a internet será a grande culpada. Não é só no Brasil que há uma música dançante e sexualizante, as letras de música brasileiras são ingênuas, e continuando com Noel Rosa “o amor lá no morro é amor prá chuchu, as rimas do samba não são I love you”.
Adoro voz e violão, e o Caetano Veloso canta maravilhosamente, seu violão é lindo.
Já faz tempo vi um programa da Regina Casé sobre a fruta pão, eu me lembro porque tenho duas árvores aqui em casa, e fiquei encantada com o pomar da Dona Canô, as árvores na areia fina e branca, e a casa original em autêntico estilo brasileiro. Quando eu ficar velha queria ficar igual a ela, é claro que não a conheço, mas ela passa uma serenidade de quem soube envelhecer. E vou além o Caetano fica cada dia mais distinto, envelhecendo com dignidade. Caetano é lindo!
pesquisando aqui, achei um lance perfeito para o repertório da banda vexame. acho que salem vai curtir pacas. a banda chama-se “bonde do malandro” e a música chama-se “ela é rampeira”. uma parte da letra:
me parece ser um arrocha. acho que tem qualidade acima da média do estilo. a letra tem umas partes um tanto ingênuas, mas no todo é bastante interessante. creio que com a banda vexame ficaria jóia. não é minha viagem, mas acredito ser um exemplo de que existem formas e formas de se fazer a mesma coisa e que pode haver melhora, desde que seja incentivada. o link:
http://br.youtube.com/watch?v=9rZdUp4_ryU
inté!
Agora sim, máquina nova ferrari-turbo-sem-bug-on-line!
Siboney
Obrigadíssima Gilliat, não conhecia a versão de Samba do Soho em inglês e não lembrava também que é de Paulo Jobim e não do pai dele, embora eu tivesse por algum tempo o disco passarim. Você sabe onde posso ouvir a vesão em inglês.?
Nando, Glauber, Carolina and Teteco, muito obrigado pela consideração!
Gilliatt, não há o que me agradecer. Eu é que tenho de te agradecer o fato de, com tuas sugestões e curadoria, com o teu conhecimento e vivência, ter podido acrescentar mais possibilidades de estesia ao meu relato. Olha, a menina da câmera é um fato de 3 anos atrás, da minha primeira ida. Foi um “encontro” num plano ou dimensão de delicadeza. Eu nem podia pedir endereço, telefone: não teria sabido, como não soube, falar uma linguagem humana, gregária, inteligível. Há energias que são atrativas, por exemplo, para o sexo, para a amizade, para esse amor que faz uma pessoa ansiar e querer se realizar aliando-se a uma outra, vivendo a dois. Há outras energias que são de uma graça e gratuidade inconcebíveis - acontecem sem precisar de finalidade.
Salem, você me deixa sem verbo! Vou ter de saquear Vinícius Cantuária e Chico Buarque pra te dar um troco: Que nobreza você tem! Seu olhos são reais e vão mais além. Você salta de sonho em sonho sem quebrar telha. Passa através do amor e não se atrapalha. Cruza o rio e não se molha!
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Vero, há algo não melhor, mas tão bom quanto amar. É ser amado por alguém! Rosana Tibúrcio nos ama e a vários daqui também! Confiramos em:
Outras Trilhas: Dos becos sem saída à luz no fim do túnel.
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Conheci aqui hoje em Salvador, numa feijoada em casa de Julio Vellame, mais um infocaetanauta, o diadorindo Rafael Rodriguez, pela primeira vez na capital baiana. Chamei-o pro show de Bethânia amanhã em Santo Amaro, onde estará nos aguardando o Marcio Junqueira. Quero aproveitar e “testar”, conversando com eles, algumas idéias, conceitos e o modelo prioritário de publicação de contéudo que estarão em pauta na discussão do piloto da Impertinácia.
Por falar na Impertinacia, em breve a nossa sócia, a queridíssima Miriam Lucia, comparecerá com o e-mail oficial pra quem quiser nos escrever, o quanto antes, solicitando ser avisado do dia e instante exatos em que a nave da revista será lançada na webosfera!
-Estamos a um passo de definir a equipe que montará o site e o patrocinador que bancará seus custos. Definição após a qual o pré-piloto seguirá por e-mail prum grupo de impertinazes (cuja estrela maior sempre anseio que seja o diamantino Salem) soltar seus verbos e nos ajudar a fazer dessa revista web viva uma obra aberta, ou de nós todos, desde o início!
o que achei interessante no arrocha da “rampeira”:
a letra é uma espécie de jingle que o gigolô da garota de programa universitária fez, para enaltecer as qualidades de rampeira da mesma. e o cara teve umas sacadas, tipo
é interessante. como exceção, ok mesmo. como regra é que é um problema. além disso, repito: não é coisa pra criança.
Eduardo Luedy,
Você disse que:
“essa noção de “erro” assume de maneira não-problemática a crença de que há uma maneira mais correta e elegante, sem que se leve em conta que tais atributos decorrem não de propriedades intrísecas à língua, mas, ao contrário, tais atributos são construtos sociais que decorrem de uma “verdade” sobre seus usos que é estabelecida por um determinado grupo social”.
Mas tudo isso aí também não é um construto social decorrente de uma verdade (no caso, dos defensores da tese)?
Maria, a versão em inglês do Samba do Soho está na edição americana do CD Passarim e no disco Rio Revisited, que registra um show do Tom, gravado em Los Angeles, com participação da Gal Costa em algumas faixas. É mais fácil você encontrar esse disco ao vivo, pois ele foi remasterizado e reeditado aqui no Brasil há pouco tempo. Um beijo.
Aquele beliscão!!!
o texto do Cury sobre Luiz Caldas, publicado no Overmundo, está muito bom:
http://www.overmundo.com.br/overblog/o-processo-da-criacao-vai-de-100-ate-dez-mil
aliás tudo que o Cury escreve merece ser lido:
http://www.portalrockpress.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=2744
caetano!
bjs
Rafa
que a Bahia esteja te levando…
e pra mim, hoje, musica boa, além da de Fantasmão, é a desta banda aqui:
http://br.youtube.com/watch?v=v7BDZ7KyNRE
(olhem o público em plena micareta/pipoca indie)
tem a desta outra banda tambem:
http://br.youtube.com/watch?v=VUl-aBv889M
(escutem o baixão feito pela tuba)
mas aí já é harmonia demais…
tem dia que o melhor é harmonia “sofisticada” nenhuma…
LUEDY
Entendi tudo que você disse. No duro. Mas nós estamos patinando. Ó só: gosto de você e gosto de quase tudo da música popular da Bahia. Pelo jeito ‘cê gosta também. Entonce… por que estamos falando tão complicado? Mão no timbau e ferro na boneca!
IGOR ADORNO STRAGUINSTE
Eu amo a música da Bahia. Mas,você atravessou feio! O Nando ser chamado de chato soa feio. Você defende a música da Bahia sem a mínima alegria. Soa falso e destonante. Aqui, entre beats e bytes aprendemos a nos entende e desentender com afeto. Isso não é pouco. É uma conquista suada. Você entrou com o pé na porta. Se aquiete. Se aconchegue. Leia. Ouça. Pondere. Ria. E quando discordar, pode ligar o pedal de distorção. Mas toque direito essa porra, meu!
GLAUBER
Adorei Ela é Rampeira. Levada da brega! Vou mandar o link pra Marisa Orth que é fez faculdade e é doutora no assunto!
GIL
Caixa alta cobre o bumbo. O que pra você é uma luta digitada em caixa alta, é o meu dia-a-dia. Todos os dias, no estúdio, nos botecos com amigos músicos ou num camarim, eu estou discutindo, falando e realizando coisas numa direção bem afinada com o que você diz. Só não aprendi a escrever panfletos e distribuir santinhos.
SIBONEY
O Beijoqueiro é um herói do Brasil. Único. Não há nenhum personagem semelhante em qualquer canto do planeta. O beijo é uma arma poderosa. Amorosa e agressiva. Violenta e dócil.
O Straguinste acha que a gente quer proibir o beijo. Ele é de outro partido. Eu sou do Beijo Partido. Do Partido Alto. Do Beija Eu. Codinome Beija-Flor. Banda Beijo. Que bebe garapa que come beiju. Lábios que eu beijei na boca de Orlando Silva.
beijos nas testas
CORRIGINDO TUDO:
LUEDY
Entendi tudo que você disse. No duro. Mas nós estamos patinando. Ó só: gosto de você e gosto de quase tudo da música popular da Bahia. Pelo jeito ‘cê gosta também. Entonce… por que estamos falando tão complicado? Mão no timbau e ferro na boneca!
IGOR ADORNO STRAGUINSTE
Eu amo a música da Bahia. Mas,você atravessou! O Nando ser chamado de chato soa feio. Você defende a música da Bahia sem a mínima alegria. Soa falso e destonante. Aqui, entre beats e bytes aprendemos a nos entender e desentender com afeto e respeito. Isso não é pouco, não. É uma conquista suada. Você entrou com o pé na porta. Se aquiete. Se aconchegue. Leia. Ouça. Pondere. Ria. E quando discordar, pode ligar o pedal de distorção. Mas toque direito essa porra, meu!
GLAUBER
Adorei do “Ela é Rampeira”. Levada da brega! Vou mandar o link pra Marisa Orth que fez faculdade e é doutora no assunto!
GIL
Caixa alta cobre o bumbo. O que pra você é uma luta digitada em caixa alta, é o meu dia-a-dia. Todos os dias, no estúdio, nos botecos com amigos músicos ou num camarim, eu estou discutindo, falando e realizando coisas numa direção bem afinada com o que você diz. Só não aprendi a escrever panfletos e distribuir santinhos.
SIBONEY
O Beijoqueiro é um herói do Brasil. Único. Não há nenhum personagem semelhante em qualquer canto do planeta. O beijo é uma arma poderosa. Amorosa e agressiva. Violenta e dócil. O cara era um franco atirador!
O Straguinste acha que a gente quer proibir o beijo. Ele é de outro partido. Eu sou do Beijo Partido. Do Partido Alto. Do Beija Eu. Do Codinome Beija-Flor. Da Banda Beijo. Que bebe garapa que come beiju.
Adoro “Lábios que eu beijei” na boca de Orlando Silva.
beijos nas testas
salem
BOA NOITE GENTE BOA!
http://br.youtube.com/watch?v=RjnQ3J3ScHw
Gente boa, participar de blog não queima ninguém não. A gente aprende muito.
E olha aí, depois que Velô chmamou o blog de nosso blog, estou me sentindo dona de uma parte de um pedaço. A outra parte do pedaço eu divido com minha amiga Rosana Tibúrcio. Rô, adorei o que você escreveu sobre a gente aqui do blog lá no seu blog! Tentei colocar um recado, mas não consegui. Depois vou tentar novamente. Um beijo procê e pras suas filhas, linda. Se você não tiver preconceito, podemos combinar de ver o próximo show de Caetano aqui em Brasília juntos. Sua cidade é perto da minha. Depois do show vamos lá no camarim dar uns beijos no Caetano. A gente diz pros seguranças que somos amigas de blog do Caetano.
E a tchurma que só lê? Se não escreve, depois não pode patrulhar. Outro dia eu estava em um bar chamado Beirute, aqui em Brasília, e vieram reclamar comigo de algumas coisas que eu escrevi aqui, pode? E era gente que não escreve aqui. Assim não dá, né? Quer reclamar, reclama aqui.
Lindíssimo o comment de Roberto Joaldo. Adorei. As fotos, as músicas, os vídeos. Que maravilha. Que vontade de ter estado naquela cidade, naqueles momentos. Parece rasgação de seda mas não é não. O que é legal, bonito e bom deve ser elogiado sim. Este blog tem sido muito bom pra mim.
Caetano,
Labi Barrô, descobrindo uma possível baianidade Nagô!
Joaldo, meu zefirocentáuro!
Así es,… que cuando (a gente)entrega AMOR, recibirá AMOR…y así también “marcha”…o avesso do amor….(con lo que es su opuesto, contrário)….E SEMPRE UM “REGRESSO”…DE TUDO.
Es por esa ineludible e inexorable “razón de ser” que YO te confirmo…”QUE NO EXISTE NADA MÁS BONITO QUE AMAR(GOSTAR) A ALGUIEN”(PORQUE GOSTAR, YA ES UN “MODO” (ENTIÉNDASE MANIFESTARSE)DENTRO DEL mismíssimo “AMOR”,QUE LO CONFORMAN).El amor es un producto del hábito. AMOR es(É)… toda “amplitud”.
“AMAR E SER AMADO”,(ES ESMERO),… en mi “corazoncito” significa: “Afecto por el cual busca el ánimo, el bien “verdadero” o imaginado, y que apetece ser gozado…SEMPRE…CLARO ESTÁ!!…(por un “outro alguém”).Mi “BUMERÁN”…
William Blake decia que “el amor no busca agradar a sí mismo, ni por sí mismo siente preocupación, más a otro procura su bienestar, y crea un “cielo” en la desolación”.
Me cosidero AMAR DEMAIS, y todo ,lo que yo entiendo, lo entiendo sólo porque ¡AMO!…Caemío sabe muito bem das “coisas” y mais ainda do que é, e significa na sua vida e obra o sentimento “AMOR”…. saben vocês la razón de ser puro sentimento…. ¡EU! sinto “amor” muito gostoso sim!!! por ele ser “ele” “CAETANO MÍO”…agora….a la pregunta que todos se estén imaginando! gente!, yo, les respondo:
“Para mí la “música” no produce en el “corazón” nada que no esté ahí previamente(AMOR). La música despierta el deseo sensual en “alguien” cuyo ser interior está “enamorado”(apaixonado) de algo distinto a Dios, pero alguien que está interiormente enamorado del “AMOR” de Dios…(Deus)….o FUERZA mayor…o lo que cada cual entienda subjetivamente por el término DIOS(DEUS) y se VE MOVIDO, al escuchar “música” a hacer su voluntad”.
CAEMÍO, “pensaba en TI tan a menudo que en TI me convertí por completo. Poco a poco TÚ te acercabas y lentamente, muy lentamente desaparecí…”transtudorada” en tus pentagramas.”
y TE ASEGURO, “QUE NAO HÁ, NEM EXISTE NESTE “MUNDO”, NADA MAIS BONITO QUE “GUSTAMAR” mais …DE “UM ALGUÉM” y saber por “mi propia ley”, que es así…(suave risinho)….quien puede imponer una ley a los “apaixonados”?, el amor es la mayor de las leyes para sí mismo. (Consolación de la filosofía).
Con “muito” amor. Vero.
Glauber,
Paloma, eu amo seu remix de “Incompatibilidade”. É gênio. E eu disse “claro que é pôça” porque todos sabem que sou baiano vivendo no Rio: ninguém diz póça pelo Brasilonde moro. Sei que o fazem em Sampa (e, segundo uma regra que aprendi na escola primária - que diz que se o “o” fechado abre no plural, abre também no feminino - seria talvez mais correto, já que dizemos “Póços de Caldas” - se bem que ouvi também que o certo seria “pôços”, possivelmente por causa de dizermos “pôça”; mas regras… pergunte ao Luedy, que, aliás, não conseguiu escrever “esgarçamento” nem uma só vez - o que me fez morrer de rir aqui sozinho, na Bahia. Mas, puxa vida, você nem vai ler isso. E parece que tá com raiva de mim. Sua estória do sinal vermelho é bem de uma menina implicante. Mas eu adoro essa pessoa que fez de minha lenta e monótona faixa algo tão vivo e engraçado (adoro minha gravação, não me entenda mal - mas é que, mesmo não tendo sido eu a dar estrelas não-sei-onde, sou apaixonado por seu lance: só ouvi aqui no blog).
rapaz, meus amigos são PHoda mermo. cury, sensacional.
ouvi pequenas partes do disco de luiz caldas. falei logo de cara “tem muita coisa de prog aí”. gostei. rex, que tocou batera no disco [e nos billies comigo] é meu primo. quero muito ouvir esse projeto audacioso do luiz, que é um sujeito sensacional e toca piano que é uma barbaridade! [é o que falei pra caetano: quem tá fazendo coisas incríveis com luiz, armandinho e haroldo macedo e rumpilezz são os retrofoguetes].
lembro de uma vez num show de blues, chego no balcão e quem tá lá? luiz. conversamos rapidamente, falei que lembrava do tempo em que ele gravava jingles, porque ele é amigo do meu pai, lula. tomamos uma cachacinha, que ele me ofereceu, elegante. ele deu uma canja. chegou minha vez de cantar. foi num lugar bem “copo sujo”, chamado “nhô caldos”. caldas no caldos! hahaha. não sei se ele vai lembrar disso…
outra coisa bacana: jorge solovera, que toca comigo no teclas, tá produzindo o disco novo de lazzo. e tá bem diferente, viu? mais soul music, black music, coisa muito boa, como sempre.
A outra metade
brilha errante
pelo céu
Inteiro
sou mito
mistério
antigo
Obrigado, Lucesar, gênio da lâmpada, digo, do YouTube, e companheiro de viagem!
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Gilliatt, encontrei um vídeo da canção de Chico e Edu interpretada por Bethânia:
<a href=”A Moça do Sonho - abertura do Show Maricotinha - pelo YouTube
Sabe, o trecho que você destaca da letra, tocou-me tão pronfundamente que beirei as lágrimas. Não por uma nostalgia de um amor que não pedia confirmação, e que deve continuar pra sempre habitando o país da delicadeza, mas porque é um trecho que pode ser adaptado pra falar de um outro amor, um aMor tão maior - porque devoraz -, que, sim, reclama ser realizado, pois, quando habita nosso peito, dificilmente é arrancado.
Que vontade de mexer nessa letra e baldear-lhe os sentidos!
Para vocês ficarem curtindo o MP4 virtual, montado pelo Rafael Diadorindo Rodriguez, com o repertório de Zii e Zie, cliquem abaixo:
Vídeos da Obra em Progresso - pelo blog A Escada
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Eu tenho febre e a minha febre nunca é um fogo leve. Eu tenho sede e acordo quase sempre no momento do dia amanhecer pra saciá-la feito um centauro-dromedário. Levantei e vim aqui conferir mais uma dobra desta obra.
(É impressão minha, ou os bugs que dificultavam acessar esta OeP nos últimos dias foram sanados? Consegui acessar agora pelo Internet Explorer sem que a página ficasse infinitamente se carregando!)
p.s.: Volto esta semana pra falar do (cosmopolita) Borges. Cosmopolita literário.
Mirian Lucia,
Bom tê-la de volta, querida!
Igor,
Entendi perfeitamente o que vc quis dizer e achei de uma coragem singular (você, caetano e eu estamos antenados!), mas é preciso temperança. relativizemos, relativizemos. Acho que tão armando pra você.
Glauber,
A coisa interessante no arrocha da “rampeira” não é, ainda, a coisa interesasnte que tenho a lhe dizer (me lembre!). Você fez uma análise muitíssimo precisa da rampeira, no sentido informativo. Agora, explica melhor em que momento ela é uma exceção (eu poderia citar o mesmo impulso criativo em cetenas de outros arrochas:”faz do jeitinho que ele gosta, arocha, arrocha, arrocha” ou “ô juliana, bote uma caixa de cerveja que eu bebo, eu bebo!”)e que tipo de regra a faz um problema? Ela própria?
Na minha infância, assistia à Xuxa ,na casa de uma vizinha tão criança quanto eu: “Bom dia amiguinhos já estou aqui…” De repente, eu falava ao seu ouvido: “vamo fazer ousadia?” Enquanto aos 8, 9 anos, a vizinha e eu “fazíamos ousadia”, a Xuxa nos assistia comovida. “Quero ouvir vocês vão contar até três…”
Hermano,
O texto do Cury é maraaaaa! Luiz Caldas: interpósmusical…
Joaldo,
Estarei em Sto Amaro, amanhã. Preciso te passar o livro: Pausa para um beijo e outros poemas. Manda telefone.
Té breve,
Wesley
Ops, o link pro vídeo com Bethânia não seguiu acima corretamente postado. Ei-lo:
A Moça do Sonho - abertura do show Maricotinha: pelo YouTube
CAETANO FALOU DE MOJICA E EU ME LEMBREI DO MEU FILHO
Foi assim. Felipe, meu filho, é louco por Mojica. Louco a ponto de estudá-lo osso por osso. Seu trabalho de conclusão de Ensino Médio foi um mergulho singular na obra e na pessoa de Mojica. O orientador da bela monografia do Felipe foi o historiador Raymundo Campos, que também foi meu professor no Equipe.
Felipe teve longas e lindas conversas com Mojica e na semana da apresentação da monografia telefonou para convida-lo. Mojica perguntou se poderia fazer a apresentação ao lado do meu filho. Felipe se entusiasmou, pois iria apresentar alguns trechos emblemáticos dos filmes do Zé do Caixão e Mojica poderia acrescentar dados concretos e testemunhais ao seu trabalho.
Assim foi feito. A monografia do Felipe foi uma das 3 escolhidas para uma apresentação pública. O teatro estava lotado. Mojica e Felipe faziam tabelinhas como velhos amigos. Meu filho tinha só 16 anos! Foram 2 horas de beleza, causos, antropologia e risos. Mojica e meu filho ficaram amigos.
Ser amigo do Mojica é uma experiência singular. Certa vez (outra história legal), meu amigo Marcelo Tas entrevistou o Mojica para o programa Vitrine, lá na Boca do Lixo.
Mojica perguntou se Tas gostava de” mennnnta”. “Menta”, assim mesmo, com o “n” prolongado do Mojica. Tas perguntou o que era. Mojica então apresentou-lhe àquela bebida verde fuleira que a gente vê exposta nos botecos.
Tas degustou a bebida de marca Dubar, doce pra cacete e bem alcoólica. Me disse que era enjoativa, mas bebeu pra ficar em sintonia. Mojica bebeu muita “mennnta” durante a entrevista. Tas ficou bêbado.
Ao terminar o papo. Tas saiu do bar e um amigo e dublê de empresário do Mojica perguntou-lhe:
-O Mojica te ofereceu menta?
Tas disse que sim e o cara mandou essa:
-Ah! Então o Mojica gostou de você. E você? Gostou da menta?
Tas, educado:
-Muito!
Então, o cara chamou o Mojica e disse:
-Olha aí… o menino gostou da menta!
Mojica não titubeou:
-Gostou? Então vamos tomar outra!
Mojica encheu de menta um daqueles copões de requeijão e Tas, já cambaleante, virou.
Tas também, batizado pela mennnta, ficou amigo do Mojica.
A história do Tas é anterior à do Felipe. Por isso, Tas foi convidado a abrir a apresentação pública da tal monografia.
Felipe foi estudar cinema em Curitiba e hoje tá na FAAP. Ele gosta do disco Tropicália, mas seu repertório é muito próximo ao de Galuber. Rock, rock and rock, mesclado com achados e pescados em latas de lixo. Pura mennnta.
Gosto de pensar que, mesmo sem saber e dar trela pra isso, Felipe colhe os frutos do Tropicalismo. Entre filmes trash, rock, Duchamp e muitos livros, Felipe tem uma lógica bem menos binária do que a da maioria de nós que vivemos a Tropicália in loco.
Ele não gosta de pagode baiano, não. Mas jamais diria que as letras e harmonias são pobres. Seus critérios estéticos caminham num outro registro. Nem precisou de Byrn pra admirar Tom Zé. Descobriu antes do boom. Hoje, até acha que Tom Zé descambou um pouco.
Eu sou u filho do Tropicalismo. Mas vi um neto dele crescer na minha casa. E posso assegurar: os netos do Tropicalismo colhem frutos mais sofisticados ainda.
E Caetano ainda trabalha por isso. Felipe vê mais rock em Transa do que em Cê. Mojica não precisou o embebedar de mennnta.
À meia noite beijarei tua testa
salem
acho que existe sim, a crítica preconceituosa, cega e tacanha. quero crer que gente como eu e nando fazemos uma crítica construtiva.
acho o “alfagamabetizado” e o “omelete man” de carlinhos brown, discos excelentes. sinto ali influências dos beatles psicodélicos e peter gabriel, além da música brasileira. viagem minha?
labi falou um lance que eu penso [e tava sem coragem pra falar] da não-participação dos artistas famosos. não coloco nisso gente como maria bethânia ou chico buarque, porque sei que eles são mais reservados e eu respeito isso. mas muita gente bacana e inteligente e importante poderia passar aqui, sim. iriam contribuir muito. acho uma pena. mas é um lance novo, enfim…
ói, expliquei no comment seguinte porque achei mais interessante o arrocha da “rampeira”. as frases são mais bem construídas, o cara faz umas inflexões bacanas. percebí no “bonde do malandro” [só ouvi duas músicas: "rampeira" e "doce mel"] uma influência do kid abelha. sério mesmo. e eles procuram variar de música pra música.
o que eu quis dizer no lance da exceção é que precisa haver diversidade. mas diversidade mesmo. estamos falando do neo-pagode baiano, mas é claro que vejo problemas na música pop mundial também. 80% do que ouço não faz parte do mainstream, uma pena, porque o grande público só conhece uma pequena porcentagem do que é produzido. há muita bobagem no universo indie, no underground também, cabe a cada um exercitar a sensibilidade e separar joio de trigo. joio é importante, mas estamos jogando o trigo fora.
aí vai “doce mel”, que tem um refrão com melodia matadora, hit total. percebam se não tem kid abelha [ou pop brazuca 80s] nisso:
http://br.youtube.com/watch?v=ismMoHnflr0&feature=related
inté, moçada!
E eu fiquei pensando por que? Me perguntaram isto e eu não soube responder. O curador da mostra que estava comigo neste momento também não soube.
Por que não há intercâmbio da nova classe cinematográfica baiana com a do resto do Brasil? Não há nenhuma espécie de axé music audiovisual que impeça este pessoal de aparecer, de florescer, mas eles não aparecem. Sei que um curta esteve em Cannes em 2008; Sei que há um novo curso de cinema numa faculdade particular, mas nada que interesse aos seus pares do resto do pais?. Por que será? Alguém aqui pode me explicar?
Ok, Igor, estamos todos impressionados com sua arrogância. Só faltaram os argumentos sem babaquice quanto aos equívocos da música baiana.
Agora, de lascar é “Alguém parou pra tirar as harmonias?”. Eu tiro Nick Drake e Tavinho Moura, vou lá perder meu tempo com porcaria.
Pra quem fala em lugares-comuns, coisas como “com medo de q seus tótens sejam lançados ao chão” são de uma originalidade gritante.
“Prefiro, Glauber, o pagode ao “ranço social” de muitos grupos de RAP. Não há revolução sem riso(…) Outro amigo meu, Jemes Martins, disse q a ponte entre as periferias , de São Paulo à Salvador, foi feito pelo Psirico, graças ao Márcio Victor e seu canto falado, como o de quem recita um RAP. O Fantasmão assimilou muito da retórica dos grupos de RAP, tendo em suas letras mensagens de cunho social(…)”.
Ou seja, para atestar qualidade aos grupos baianos o rap serve, caso contrário é puro “ranço social”.
O canto falado existe desde sempre; tire a parte instrumental de “Like a Rolling Stone” e você terá um rap.
Tchau, Igor.
Corrigindo sobre o festival de verão: onde lê-se Margareth entende-se Vanda Chase.
Ele esquece que conheço ele faz tempo e na época dos “clássicos” ele tb reclamava com esses argumentos otários de classe média que torce pelo Vitória.
Por que o chulo vira clássico depois de determinado intervalo de tempo??? Não entendo isso…
Pequena amostra dos Dead Billies em movimento (cadê os vídeos da banda, Glauber??? DVD já, pô. Não salvaram nada dos shows?):
http://br.youtube.com/watch?v=TukftR-P4MY
Salem, se você não existisse a gente ia ter que te inventar. Nem que fosse juntando acordes. Só você mesmo, cara. Beijo.
Sibonei, Labi, Miriam Lucia and Vero, como agradecer suas palavras? Fiquei sem verbo. E que boa essa sensação de mudez! Wesley, ache-me pelo (71) 9974-4014.