Sifu? (06/12/2008)

SIFU?
6/12/2008 10:35 pm

Não me incomoda muito que o presidente da república tenha usado a expressão “sifo” num discurso no Rio. Conheço pessoas que estavam lá e ficaram revoltadas. Dou-lhes razão. Mas não me abalei muito. Me aborrece mais que todos os jornais do país, ao contar a história, tenham grafado “sifu”. Não entendo a razão. Me parece que assim os jornais mostraram no mínimo tanta vulgaridade quanto Lula. “Sifu”, assim escrita, é uma palavra oxítona. O “u” final cria o problema. Ele entrou aí porque palavras relativas a sexo são vistas como sujas: não têm história. O verbo que está abreviado na segunda sílaba da palavra composta não contém a vogal “u”: é “foder”. Mas leio até em livros eruditos “culhão” no lugar de “colhão”, “buceta” no lugar de “boceta” e “fuder” no lugar de “foder”. “Sifo” é, assim escrita, a palavra paroxítona que o presidente pronunciou - e sua segunda sílaba é a primeira do verbo abreviado. Escrevê-la com um “u” é transformar a primeira página dos jornais brasileiros em parede de banheiro suja de parada de ônibus. Este sou eu: apesar das incertezas a respeito da origem do uso da palavra “veado” para designar “homossexual do sexo masculino”, me sinto mal quando vejo escrito “viado”. Millôr Fernandes escreveu que quem escreve “veado” está dando provas de que é um. Acho que adoro dar esse tipo de prova, pois só grafo “veado”. Primeiro porque sou adepto da tese de que se está dizendo o nome do animal e não algo derivado de “desviado”. Depois porque, na dúvida, preferiria manter a mesma atitude que exijo em relação a “boceta”, “colhão” e “foder”. Cariocas e baianos não escrevem “chuveu” nem pernambucanos, “cibola”. Não. “Sifu” é uma indecência oxítona que a imprensa consagrou.

Implico com a mania - que começou nos anos 70 com a poesia marginal - de se ecrever “homi” (como em “os homi”) em lugar de “home”. Supostamente estão transcrevendo a fala de gente do povo, que não pronuncia o eme final. Leio isso em romances e poemas - até em ensaios. Alguns põem o circunflexo: “os hômi”. Esses ao menos evitam o oxítono fatal. Mas criam uma complicação desnecessária. Suponho que evitam “home” porque os (ainda poucos) brasileiros que lêem iriam pensar tratar-se da palavra inglesa que significa “lar”.

Este blog e os shows em que fui mostrando as canções são a exposição do trabalho que sairá em disco no ano que vem. Só “Menina da Ria” (uma canção singela e gozada) não é conhecida de quem quer que freqüente estes chats aqui. Quando eu disse que o projeto pretende um aprofundamento da experiência de “Cê” não estava anunciando uma radicalização no sentido das aparências de indie-rock, mas um aprofundamento do trabalho que iniciei com Pedro, Ricardo e Marcelo. Com essa mesma formação, enfrentar desenhos rítmicos do samba tem sido, para nós quatro, uma aventura maior do que seria confirmar expectativas de definição roqueira mais “pura” no meu trabalho. Marcelo, Ricardo e Pedro não escreveram aqui até hoje porque não quiseram. Mas eu posso dizer que eles estiveram sempre entusiasmados com o que vimos fazendo. A verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul. O sul é um mercado mais voltado para a cultura pop de língua inglesa do que o resto do Brasil. O centro-sudoeste compra sertaneja (mas também axé). Do Rio para cima, pelo litoral, axé (mas também sertaneja), pagode, rock brasileiro moderno, pop brasileiro moderno (odeio a denominação MPB). O cinema brasileiro também tem muito menor penetração no sul do que no resto. Então, para a moça que assina Joana: “zii e zie” não será ir mais fundo no que há no “Cê”, mas ir a lugares aonde o “Cê” não foi. Já comentei aqui que o crítico Ben Ratliff disse no NYT que as letras do “Cê” eram as minhas melhores em 20 anos, sei lá. Que mexi com ele, em Nova Iorque, dizendo que ele nem sabia português. Mas que agora penso que ele tinha razão, de certa forma. A concisão quase saxã do “Cê” não se encontra em meus textos de antes nem de depois desse disco. Mas é porque eu não quero.

Fui ao Mistura Fina ver o show de Luie, Liminha e Dádi. O artista era o Luie. Mas o trio (que depois ainda trouxe, de quebra, Cesinha na bateria) também parecia constuir um gênio musical. Luie é um cara da geração do Dádi. Eu o conheço desde os anos 70. É um desses caras que se apaixonaram, talvez desde a infância, pelo repertório de estilos que ganhou o mundo sob a rubrica “rock”. Fiel a suas eleições, ele só cantou em inglês - e só clássicos do rock’n'roll, dos blues, do country e de todas as misturas desses três elementos. Eu, que desenvolvi meu gosto de modo totalmente diferente, fico maravilhado quando vejo alguém assim. Luie tem musicalidade e feeling genuínos, ele canta de dentro da verdade daquela cultura. Não se trata nem de perfeição na imitação (o sotaque, por exemplo, não é limpo de brasilidades) mas de identificação profunda com a sensibilidade e a poesia daquele mundo. Além disso, ouvir “Dead Flowers” ou “Wild Horses”, “Like a Rolling Stone” ou “Hey Joe” é reviver os anos iniciais de minha tardia descoberta da energia histórica do rock (sou joãogilbertiano antes de tudo). Liminha (que tocou comigo em 1968, quando ele tinha 17 anos!) é o que sempre me pareceu: um músico grandioso. Dádi (que tocou comigo nos anos 90 e é uma das pessoas que mais adoro neste Rio de Janeiro) é um contrabaixista deslumbrantemente culto de tudo aquilo que Luie representa: ele toca baixo como se fosse uma extensão das guitarras de Luie e Liminha, com toda a manha, todo o sentimento daquele tipo de música. O trio soava tão bem que parecia que o equipamento de som era o melhor já montado em Tóquio. Fiquei emocionado.

Escrevi que postaria quando os comments chegassem a duzentos há dois posts atrás. E cumpri. Agora é esperar a liberação de “Incompatibilidade de gênios” por parte da editora de Bosco&Blanc.

QUERO “PÓ PARÁ COM O PÓ” CANTADO POR IVETE, DANIELA, CHICLETE, ASA, JAMIL E QUEM MAIS

Salem, você também lê meus pensamentos. A música de Nelson Cavaquinho que eu mais canto em casa é “Rugas”. E gosto mais de Nelson do que de Cartola, se é que se pode falar assim. Eu o conheci bastante e ele, com aquela cor de cerâmica e cabelos prateados, era o caboclo mais lindo. Penso o mesmo que Egberto. No mínimo. Nando lembrou certo: falei sobre o violão de Nelson para ilustrar aquele argumento. Já ouvi João Gilberto cantar “Rugas”. De lascar. Três beijos na sua testa.

Adoro Radiohead. Thom Yorke canta muito e a banda é boníssima. Não creio que Milton se entusiasmasse com eles, mas há algo de Minas ali sim. Como sou baiano, muitas vezes prefiro até Arctic Monkeys, pela linhagem mais seca, que vem de Sex Pistols, Nirvana, Strokes - e o eterno disco dos Pixies na BBC. Radiohead é muito líquido. O som é muita água e o texto é muito obscuro, muito “não quero que você me entenda”. Mas é um grupo refinado e caprichado. Lindo de se ouvir. Acho que não vou ao show da Madonna, mas ao do Radiohead eu quero ir.



83 Comentários sobre o Post “SIFU?”

  1. Judith disse:
    Dezembro 6th, 2008 at 11:52 pm

    Caetano, comparto tu indiganación respecto al la inapropiada expresión utilizada por el Presidente de la República; ojalà que o povo não se esqueça disto quando for votar para presidente em 2010….

    Yo adoro la lectura, y el pirmer libro con el que aprendí a leer, es de Literatura hispana; hoy se admiten muchas expresiones que tergiversan el real significado de las palabras, y se les otorga otros sentidos ( muchas veces sentidos maleintencionados como el caso de la expresión usada en ese discurso al cual refieres). Detesto ( ODEIO), el mal uso de la lengua…ya sea hispana….ya sea inglesa….ya sea portuguesa…..etc.-

    No soy muy afin de radiohead, pero sí me encanta escuchar Creep….

    Un abrazo!!!!

    PD: Alguna vez voy a recibir yo tambièn algún “beijo na testa”, algún “beijinho pequeno”, alguma coisa para esta entrerriana que espera tu regreso a la tierra del Mate, del Asado y del Dulce de Leche!!!!

    En el mientras tanto, yo sí, te mando besos.-

    Judith

  2. Rosana Tibúrcio disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 3:31 am

    Nem bem deixei meu único comentário (ainda em moderação) do post anterior, no que atualizo a página, já outro post. Desta vez não quero perder nada, nada…

    Sou muitas vezes censurada, pra não dizer nominada de aborrecida, chata e implicante porque se for pra eu xingar escrevendo eu xingo direito:comigo é foder, boceta e veado, também.
    A-doooo-reiiiii estar tão bem acompanhada. Agora é que ninguém vai mais me aguentar… urúúúúúúú

  3. Marcelo Sá de Sousa disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 4:12 am

    Eu iria postar o link de “pó pára com pó” anteriormente (quando “descobri” o vídeo, antes do hype) mas achei que não fosse passar na moderação… Não costumo me interessar muito pelo axé (católico?), mas achei a música absolutamente sensacional. E, em tempos de Amy Winehouse e outros casos tupiniquins, o timing é admirável.

  4. Marcelo Sá de Sousa disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 4:23 am

    Rafael, “tomou o poder” talvez não seja o termo mais apropriado, não?

    GERAL

    Sobre a fala do presidente, não me importo tanto. As palavras podem ser infelizes mas a síntese do conteúdo é “inofensiva”. São apenas comparações explicativas naquilo que Lula acredita ser a “língua do povo”. O presidente já fez vários pronunciamentos infelizes anteriormente, muito mais problemáticos. Sendo assim, acho que fazer barulho em cima de um “sifu” ou “sifo” é uma bobagem.

  5. Rafael Rodriguez disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 4:29 am

    Eu já ia escrever umas coisas aqui, voltei ao tópico, reli e me acalmei…

    O buraco do “sifu” é bem mais embaixo…
    A imprensa está certa em pegar no pé do Lula, foi um vacilo bonito… e ainda teve a diarréia.

    Essa galera que tomou o poder, esses que sofreram nos 60 e poucos, 70 e poucos (a maioria) está fazendo um governo mais do mesmo.. de marolinha a paciente doente fodido em estato terminal. Fico sem saber o que falar quando me sacaneiam, e “foi nesse cara que você votou?” Claro que muita coisa boa foi feita, mas os erros são pedras pesadas nos bolsos dos afogados.

    Não. Prefiro não ler essa idiotice da imprensa sobre o ocorrido e pensar por mim. Ou ler e levar na esportiva (creio que essa tenha sido a atitude da maioria dos brasileiros).

    O problema não é o “sifu” é o se foi, estão dando descarga na merda que se tornou esse Brasil. Mas eu acredito na mudança, “onde cheira a merda, cheira a gente”. Onde tem gente tem palavra… com a palavra o diálogo… É necessário fazermos algo o quanto antes; não destronar os reis, mas sim mostrar que estamos aqui e não somos idiotas. Dizer ao rei que ele está nú.

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    Poxa… !Libera “Menina da Ria” aqui no blog!…
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    Escutei um forró de um grupo do Pará que cantava assim:
    “caspa é chifre em pó”.
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    Caetano,
    acho “zii e zie” foneticamente lindo, mas não sei… Você escolheu esse nome a partir de um determinado conceito (as músicas) ou apenas pela sonoridade? Não sei se formulei bem a minha pergunta… De qualquer maneira, enquanto aguardamos “Incompatibilidade de Gênio”, você poderia explicar esse título?

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    bjs.

  6. mafra disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 6:32 am

    olha, caetano,
    eu tenho uma canção em que canto “tua buceta” e escrevo buceta assim, com “u”, mesmo sabendo que o correto segundo a norma culta seria seria com “o”. faço assim pois sei que a língua se transforma. é a gramática que tenta normatizar aquilo que falamos e não o que falamos/cantamos que deve seguir a norma. nesse sentido, embora entenda seu argumento, e até o ache muito bonito no que se refere ao uso do veado (essa ambiguidade aqui é proposital), acho que você confunde, de certo modo, a língua com a gramática. a língua está viva e em permanente mutação, a gramática não. como acredito que caminhamos, muito lentamente (ao menos no sentido formal), para a criação de uma outra língua (o português brasileiro), acho que buceta com “u” é muito mais apropriado para uma canção.

    mundando de assunto, sinceramente, não acho bom para o brasil ter reis. muito menos um que proibe livros de circularem (e mais ainda, que os manda queimar). mas sinto que meus argumentos para esta afirmação, que rema contra aquilo que você pensa e diz, podem se tornar muito grandes assim escritos. prefiria dizê-los de outro modo, como se numa mesa de bar entre cigarros e risos e não desse modo… entende? (ah, estou falando de algo que disse aqui meses atrás e que teve uma resposta sua - um tanto rabugenta).

    e já que falamos dele: mas que capinha horrorosa aquela deste disco de dueto, hein?!?

  7. Lucia Alves disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 6:43 am

    Caetano, se contar pra você minha opinião, adorei as letras de “Cê”. Adorei tudo em “Cê”, mas uma das músicas sua que mais gosto está lá.

    Engraçado esta estória do veado X viado. Nunca soube direito como era. Adoro “bichice”. Mas não gosto de palavrão, nem falado, nem escrito.

    beijos da Lilu. (é um apelido, mas não é palavrão, apesar de oxítono!!rs)

  8. Luiz Carias disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 6:55 am

    Ola, a todos que aqui postam, e ao dono do blog site, Caetano e Hermano…
    Bom primeiramente gostaria de discordar do Jornalista do New York Times, que se refere a Cê, como o melhor trabalho do Caetano em 20 anos, Noites do Norte, a Foreign Sound, tanto como Cê e Obram em Progresso, são para mim, trabalhos magníficos, geniais, e vão muito além de apenas um álbum de Rock em sua essência. Amo Cê, assim como amo todas as canções de Caetano desde 68.
    Lembro que em Noites do Norte, Caetano já misturava timbres de Rock (Rock´n Raul)e (Haiti), com axé(Meia Lua Inteira e Magrelinha), com samba(Meu Rio), e até mesmo funk(Tapinha).
    Em a Foreing Sound eram clássicos americanos, e algumas essências de Bossa nova, com samba(Não tem tradução), (Come as you are)do Nirvana,O estrangeiro, são obras que por tempos não se lembrava, e ficou tão harmoniosamente lindo no show que se tornam inesquecíveis.
    Cê já mostrou um lado mais sentido de Caetano, sobre o tema sexo, onde envolve canções homossexuais(Odeio, e mais você é bonito o bastante….)me fugiu o nome da canção,misturado com canções de mágoas, como Rock´s, Odeio,O outro,etc…
    Voltando ao tempo e influências Rock,Prenda Minha e Verdade Tropical, e Transa, álbuns dos anos 90 e 70, que também são de influência mais rockeira que outro estilo.
    Acho que o melhor trabalho do Caetano é sempre o próximo, pois é sempre uma grande expectativa conhecer, se aprofundar e viajar dentro destes universos diferentes em todos os aspectos, sentidos e Gêneros.
    Caetano para mim, é o mestre dos mestres, e por ser assim, muitas vezes ele se esquiva tentando não ser tão modesto como deveria ser, pois ele pode.
    Declarações intimistas como, Desde 1967 eu estou acostumado a desagradar, e Eu respondo a todas as perguntas porque sou maluco, além de ao vivo, falar na MTV vamo bota essa porra pra funciona, pra gente toca certo essa porra, só Caetano pra ter peito e fazer…
    Discordo com Veemencia sobre artigos que criticam ou falam de Cê como o melhor trabalho, mais uma vez digo, todo o trabalho do Caetano o melhor é sempre o próximo, pela sonoridade, e pela surpresa que há em cada espetáculo, pois Caetano não faz show, faz espetáculo, e isso só os gênios conseguem.
    Um grande abraço a todos, e minha saudação e admiração pelo orgulho que tenho de ter Caetano como amigo, e me honra muito pelo fato dele ser brasileiro e levar o nome de nosso país da melhor maneira possível.
    Saudações a todos, Luiz Carias.

  9. Hermano Vianna disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 7:00 am

    oi Caetano: segundo uma pesquisa DataFolha-F/Nazca, a Região Sul também é predominantemente sertaneja: dá para baixar todos os resultados detalhados neste link: http://www.fnazca.com.br/_misc/o_que_se_ouve.zip

  10. Luiz Carias disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 7:05 am

    Bom entrando no mérito da questão SUl, pois sou do Sul do Brasil, morei 24 anos em Curitiba, e estou a 2 anos em Santa Catarina, a diferença cultural e musical é alarmante.
    Em Curitiba, a influência é mais rock, embora muitas vertentes gostem de Sertanejo, creio que seria sertanejo, pagode e rock, as mais pedidas em Curitiba.
    Já em Santa Catarina, predomina o “brega”, sertanejo, vanerão, pagode.
    Aqui estilo musical é pra poucos, eu amo quase tudo que tenha boa sonoridade, mais como Caetano é declarado JoãoGilbertiano, eu sou declarado CaetanoVelosiano, se assim pode se dizer, pois este influência a gente em muitas coisas.
    A entrevista ou as entrevistas que sempre vi no JÔ Soares, são a de um homem centrado, correto, e mais ou menos ocmo me defino: Falo o que penso, faço o que gosto e se tenho razão, chego chutando o balde.
    Um grande abraço a todos.

  11. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 7:33 am

    UAI, CAETANINO, POR DETRÁS DESSA CAIXA ALTA TODA AÍ - NÃO É QUE EU OUÇO O MEU LINDO E BALDEADO NOME SENDO PRONUNCIADO NESSE TIMBRE ÚNICO DE SUA VOZ ESPESSEGOSA?

    Você tem uma força estranha, a minha emoção é tamanha, mas não vou dar aquele vexame de Gravataí - quando em outra postagem você berrou pela primeira vez o nome merengueiro dele - mé mé mé - e ele ficou loco por ti, e, o pior, mais derretido do que o meu poema liquefeito.

    Zangue-se comigo não - né, Labô - meu nego, no fundo o que eu quero sempre dizer a você Marina de La Riva and Exequiela Goldini já o disseram para mim: “Meu bem, não faz assim comigo, não!”

    Mas posta a emoção de lado, e como eu, seguindo o preceito de Kierkegaard (será?), não sou de entregar a minha alma cativa a ninguém (para não perder o senso de minha própria identidade), a não ser por alguns momentos lindos e de, preferência, tântricos (e tanto melhor se caído em outros braços, como os das infocaetanautas Goldini and Lomelino), eu gostaria que não acontecesse com essa Caixa Alta aí (queria escrever, Altino Caixeta, e em algum lugar inóspito do cosmos ele ficaria se rindo por uma eternidade de mim), que não acontecesse, pois, um incitamento a que nós fiquemos UNOS contigo, entoando em uníssono durante um interminável acorde perfeito maior um mesmo e único Cântico.

    Por isso é que eu venho logo aqui contextualizar certas coisas e incitar a diversidade de sensibilidade and pensamento, promovendo os meios iniciais para um debate.

    Em meu cmt. de n. 175 intitulado PERGUNTEM AO PÓ na página anterior, eu postei a canção-cruzada-axé católica que pede para parar com o pó aí. Brincando com a questão da finitude humana (e brincar é viver, não é desrespeitar a fé - genuína- de ninguém) - de alguma forma a questão da droga, por estar associada à questão do “sentido” da vida, afina-se com isso -, eu intuia que essa canção condensava coisas interessantes para a nossa reflexão, e pedi especial consideração a respeito não somente a você, como expressamente também ao Hermano. Não pincelei os tópicos, mas me referia diretamente à estética e, implicitamente, é claro, à adoção desse formato de canção para a veiculação de “outro” tipo de mensagem.

    É bem possível que você tenha achado que eu tivesse uma opinão deformada sobre o asssunto. Mas eu sou uma metamorfose ambulante, sempre predisposto a mudar de opinião, quando não se tratar, como não é o caso, de alguma idéia das mais caras ou fixas minhas.

    Como um silêncio espessegoso reinou sobre o assunto, e porque eu tenho uma natureza ruim (de boa!), eu tentei fustigar infocaetanautas fora daqui da OeP por outras Bandas virtuais. Mas uma idéia fixa ocupou-se de mim: resolvi me fixar em Gravataí. Indaguei o que ele pensava a respeito pelo Orkut e ele me disse que não tinha visto antes por aqui não, mas que ao ver sob a minha instigação reconheceu que já havia visto o vídeo há algum tempo, e concluiu: “excelente! solução axé-católica para o ratatatá colombiano”. Conclusão de quem não quer saber mais de papo não!

    Aliás, a única pessoa que quis interação comigo (cmt. 212 da página anterior), a. c. (que eu pensei que significasse “antes de Cristo”, e pelo Orkut se confirmou, pois disse ser alguém de um mundo de múltiplos deuses), opinou que o ‘popararcompó’, uma campanha ‘drogas tô fora’, em forma de axé-católico, tem “potência de sucesso mundial”.

    E como a minha natureza não me perdoa, exatamente porque mais ninguém até então voltou a se interessar pelo assunto, não tive outro meio senão o de eu mesmo voltar a bater na tecla, em meu cmt. de n. 278 na mesma página. Então eu perguntara - tentando deduzir o silêncio sobre tão instigante discussão: “Medo da Igreja Católica. E o tal do Estado laico, não vigora? Ninguém mais mora na filosofia? A axé-music ali não se acha ou se rechaça?”

    As primeiras duas questões acima e devem ao fato de eu imaginar que não é difícil associar a apropriação da estética e do formato de um produto entronizado para transformar a sua finalidade em proveito de algo diverso, no caso, em mensagem politica e salutarmente correta, àquela discussão contida no tratado magistral de Salem sobre cafonice e cafonália. E voltei, ja no meu último cmt. na mesma página, a flertar nesse sentido.

    Pois bem, oferecido esse contexto, e deparando-me agora, Caetanino, neste seu atual post, contigo pedindo para todo mundo cantar o “pó parar com o pó aí”, como suponho que já no próximo Carnaval o seu desejo majestoso será atendido aqui na Bahia, eu não resisto, eu não resisto - já fui lá na página de Gravataí no orkut-circuit atraí-lo para debate sobre isso, e tasquei ali algo que eu quero estender a todos que se interessarem aqui: “Como o nouveau richism encarará o próximo Carnaval baiano, de cara limpa?” (n.b.: queiram ir até o final da página hiperlinkada com o nome “nouveau richism”!)

    Óbvio que eu sei que tem gente que fará a campanha sendo veraz…

    Óbvio que eu sei que sem o nouveau richism o Carnaval baiano perde sérios dividendos…

    Era isso, e estou aqui me preparando, peixe ensaboado que sou, para dar mil pulinhos e voltar a este delicioso assunto.

    P.S. 1: Caetano and Hermano, eu poderia aproveitar, em algum momento desse debate, e trazer para cá algo que rola vez ou outra aqui em Salvador em nossas canhestras mentalidades: a história de mudar o carnaval-business ou o carnaval-franquia para o Centro Administrativo, e deixar a cidade para a gente, assim como para aquele turista que não venha já empacatado ou industrializado em busca da alegria engarrafada and standardizada?

    P.S. 2: Caetanino, o que foi mesmo que você achou de meu lado miguilim ter dedicado aquela canção do Gil (Índigo Blue) para o Riobaldo, no sentido de assinalar que na história com Diadorim também a um “elogio” do amor heteroerótico? Retorno o link para o Blog Riobaldo e Diadorim, onde um dos textos extraídos (em postagem de 30.11.08) do Grande Sertão: Veredas segue magnificamente nessa direção.

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    SALEM: por problemas técnicos, estou por alguns dias sem os meus negritos, itálicos and amulatálicos!

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    GILLIATT: mande seu currículo urgente, só avaliaremos um prentendente: estaremos colocando a FM IMPERTINÁCIA no ar antes da Revista Eletrônica ser lançada, e você, por uma eleição democrática minha, foi eleito o curador de nossa Rádio Web! Venha para o meu Orkut que você me entenderá.

  12. Luiz Castello disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 8:22 am

    Tambem conheci um pouco, Nelson cavaquinho.Grande figura,sempre disponível,onde houvesse uma mesa com viola e birita.

    Por ocasião da escolha do samba de enredo da escola aqui do bairro,a “Unidos do Cabral”, ele participou como jurado na final.O enredo era em sua homenagem.Participei tocando cavaco no samba vencedor da autoria do saudoso Baianinho do Cabral,outro grande talento,cujos sambas a memória dos amigos mantem vivos.

    Na saída do Clube Magnatas,pela manhã já com a programação encerrada, dava gosto ver aquele sujeito de cabelos prateados,cheio de dignidade (ele tinha uma postura muito digna) andando meio que perdido,perguntando onde passava um ônibus pra Madureira.
    E o pessoal cercando..”calma Nelson a gente vai arrumar um carro pra ti levar’,e ele insistindo com a sua voz inigualável,afinada com muitos conhaques e sambas antológicos - eu vou pra Madureira,de lá eu pego outro… (ele morava no Jardim América).

    E eu ali parado admirando aquilo.
    -Como ë que pode,esse cara que tem seus sambas conhecidos até dentro de universidades japonesas,com a maior naturalidade à essa hora na porta de um clube do subúrbio perguntando,onde passa ônibus pra Madureira !

    A humildade dos verdadeiros gênios é tamanha, que às vezes até irrita.

  13. Julio Vellame disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 8:59 am

    Abaixo a ORTOGRAFIA “correta”, por que não aderir a fonética se o povo está assim falando?

    A maioria. Ou isso não faz diferença?

    É bonito e culto conhecer a língua oficial e ter gostado de estudar português na juventude, contudo a defesa de disso me parece mesmo reserva de mercado.

    É triste mesmo estudar uma coisa e ela acabar. Vamos estudar a coisa nova e não nos apegar ao defunto.

    Um ponto a ser tocado é o populismo associado ao sifu (sic) e as intenções do improviso planejado.

  14. Nando disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 10:45 am

    Não consegui acompanhar o raciocínio quanto ao “sifo”: um neologismo advindo de “se fodeu”, a rigor não teria que ser escrito como “sefo”? Por que “SIfo”, com “i”? Se é admissível que o som do “e” possa ser escrito como “i”, por
    que com relação ao “o” não se daria o mesmo?

    De qualquer sorte, é linguagem chula e um Presidente da República deveria se portar com o respeito que tal cargo requer.

    &

    Já cumprimentei pessoalmente alguns artistas como Mautner, Milton ou Serginho Dias, todos em situações agradáveis. Pensei que esse negócio de “falar com artista” (emocionalmente) fosse sopa. Aí fui ao camarim da Cor do Som num show quando eles voltaram depois de muitos anos sem tocar juntos. Fui logo falar com o Dadi: minha voz não saía (?!) e as pernas tremiam (?!?!). Só consegui resmungar: “Te admiro muito…”, enquanto o abraçava. Dadi é alto astral pra caramba: a beleza que sai do instrumento não vem da técnica, vem dele mesmo, foi a impressão que tive.

    Isso tudo e ele tocando com Liminha (dois dos meus três baixistas favoritos aqui no Brasil; além deles, o Bi Ribeiro) e com Cesinha na batera e tocando rock’n roll: é demais pra mim. Mas miseravelmente não faço idéia de quem seja Lui.

    &

    Adorei isso: “Radiohead é muito líquido. O som é muita água e o texto é muito obscuro, muito “não quero que você me entenda”.

    Mas eles não são os únicos. Patti Smith, REM e Luiz Melodia são alguns artistas que acho que têm um pouco a ver com liquidez, obscuridade e alguns textos de difícil compreensão. Eu chamaria de um fluxo de consciência emocional(?!).

    “Radiohead” vem do nome de uma canção dos Talking Heads. Cabeças falantes, rádio na cabeça, rádio falante, tudo isso mais água, liquidez, obscuridade, “não quero que você me entenda”, alguma exuberância instrumental, a ternura de uma criança desamparada. Lembro do Lennon dizendo: “Quando você está se afogando você não pensa em nada, você grita”. Talvez por isso a gente não deva entender nada, talvez Thom Yorke ainda seja emocionalmente uma criança gritando docemente.

  15. Paulo Osório disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 11:42 am

    Me perdoem. Eu até acho que tenho uma boa cultura de termos brasileiros. Sei o que quer dizer veado, boceta (e Xereca, será com x ou ch ?) que são termos que NÃO se usam aqui. Agora sifo/u nunca tinha ouvido falar… Penso que já entendi (pelos restantes comentários) o que quer dizer…
    Não posso comentar o emprego da palavra porque não conheço o contexto.

  16. Lucesar disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 11:47 am

    Lembro-me de um show de Caetano, foi no Canecão nos anos 80, que para elogiar a música “Todo amor que houver nessa vida” de Cazuza, ele dispara muitos e sonoros palavrões (muitos mesmo). Mas aquela atitude ali, naquele momento, soava aos nossos ouvidos, jovens e rebeldes, carinhosa e doce. A intenção era nobre (chamar a atenção para um jovem de talento imenso). A crítica, sempre ela, ficou escandalizada com a atitude de Caetano, lia-se nos cadernos culturais algo como “desnecessário, vulgar, grosseiro, etc… mas ao mesmo tempo começaram, os meios, uma corrida para saber quem era esse tal Cazuza. Quanto ao nosso presidente, a intenção era… sei lá!!!

    Nós somos o teu BANDO, NÃO ENCHE:

    http://www.youtube.com/watch?v=cvhqKWJ1kp0

  17.  disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 11:49 am

    Oi Caê, olha eu juro que o que eu tinha entendido quando vi voce no programa do Jô cantando…a verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul…é que o Rio grande do Sul tinha alguma relação com a musicalidade de Raul Seixas, até porque essa musica se intitula rock’n'Raul mas só agora consigo entende-la por outra otica, mas me diga o que realmente o Rio Grade do Sul possui de baiano?
    Leio, escuto e vejo muito voce em todas as midias mas as vezes acho seu linguajar, seu modo de se expressar muito alem da minha pequena possibilidade de compreenção, acho que isso ou é devido a sua riquesa verbal e intelectual ou deve-se a minha incapacidade de aconpanhar seu raciocinio, mas tudo bem, eu continuo aqui instindo em caetanear o que ha de bom…
    Eu sempre desde muito menino escuto todos falando MPB para falar da musica popular no Brasil e pra mim isso sempre foi normal mas agora fico intrigado vendo voce dizer que odeia a denominação(MPB)qual o motivo disso? é a limitação que a sigla proporciona a musica no Brasil?
    Eu realmente não estou preocupado se o Lula falou”sifu”, grifado ou nao pelos jornalista, me preocupa essa gritante desigualdade social proporcionado pelos dirigentes do povo, que estão mais preocupado com seus “bolsos” do que com os direitos do cidadão, na verdade o que os lideres no gonverno querem é que o povo se “sifu” com grife e sem grife.. forte abraço Jô

  18. Aline Miranda - www.outrasbagatelas.blogspot.com disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 12:04 pm

    Eu me assustei quando vi isso no jornal.Bom você ter comentado.Que loucura tudo isso.Mais que discutir o quê o presidente disse é como esse foi reproduzido na imprensa. TENHO PENSADO MUITO SOBRE ELA,ALIÁS.Assisti o documentário e o filme 174 e é louco como a imprensa exerce poder e influencia (mesmo que sem querer) decisões da polícia, essa na qual não consigo mais confiar. Quando criança tinha medo quando via um policial,menos por ele, mais pelo motivo dele estar ali. mas 174 me deixou impressionadísima, o doc é mt melhor, mas fora as questões cinematográficas, rola o social, o pessoal. Chorei,tive pesadelo,embrulhei-me.ACho que é uma certa culpa.

    Obrigado peloe spaço aqui.Sempre bom te ler.
    Abçs carinhosos!

  19. Nando disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 12:29 pm

    Eu acho ótimos dois termos que um amigo meu usa quando em situações emergenciais: você está apertado querendo desesperadamente um banheiro, aí usa “Tô míuri” e “Tô mica”, para as respectivas necessidades fisiológicas :)

  20. joana disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 12:47 pm

    bem, qd fiz kung fu, no Rio, aprendi a chamar o mestre (o cara que ensina e coordena o grupo) de Sifu…

    a respeito do homi: me interessa qd as palavras são escritas assim em um contexto lúdico, pra tentar reproduzir a fonética da linguagem, de acordo com o que os falantes tranformam aquilo. como o “leite quente, gente” aqui do sul. em Porto Alegre viram “leeitii queentii, geenti”, no interior, “leitê quentê, geñtê”

    caets:

    muito lindo isso que vc pontuou sobre a Obra, o zii e zie, a respeito de ir a lugares que não onde o Cê não foi. esse ir além me parece belíssimo. (não sou defensora a respeito de ir mais fundo do que há no cê, acho o cê apropriado ao momento, teve seu tempo, mas lembrava dessa motivação de ir além, através do cê, através de vcs mesmos) gosto de tentar encontrar as linhas no tempo…

    o que significa “a verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul” ? ( não conheço a respeito da Bahia…até fiquei emocionada com seu risoto Joaldo, porque a mim seria uma ótima motivação pra ir à Bahia, mas também sequer faço idéia de onde fica essa praia que vc contou…)

    Joaldo:

    não esqueci do que te devo…mas tou sem muitos méritos de tempo pra abordar o que quero. pois eu iria tocar exatamente nesse ponto que encara a morte. e se vc observar em todos meus coment já tenho colocado um pouco disso…acho que vai maturar em mim junto com essa idéia do fim do blog…eu não vejo esses fins como de todo ruins, vejo como pontos de passagem, e de muito potencial…não me surpreende que a morte do amigo tenha alavancando os Ensaios…a força que estava aí condensada pode se expandir e concretizar algo significativo…imagina qt vc potencializou em todo o tempo que caminhou com seus amigo? depois, isso vai pra algum lugar.

    eu ía comentar antes ainda: salem, bj na testa é um primor! parece que vejo a ação!

    então, Hermano, eu sou do RS, mas repenso muito isso porque qd vou pra história lembro que meus avós vieram de outros países, e que nessa terra pisam há apenas uns 90 anos. então, nem minha genética conhece muito bem a história dessa terra, apenas meu interesse em me adaptar e integrar.
    as vezes acredito que em Porto Alegre hâ um nicho que dá ao país uma imagem muito marcada a respeito do RS.em relação ao rock, ao teatro, cultura, mas acho que é mesmo uma força bastante pontual, e que gera uma imagem como se fosse o todo. de fato, no interior se ouve muUUUIto sertanejo. é comum se ouvir muito rádio, muita música estilo bandinha alemã também. eu me criei ouvindo Roberto Carlos, cantando Menino da Porteira, Fuscão Preto e “sou caipira pira pora…”

  21. joana disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 12:55 pm

    ops, pressa, erros

    muito lindo isso que vc pontuou sobre a Obra, o zii e zie, a respeito de ir a lugares onde o Cê não foi.

    esse ir além me parece belíssimo.

    (não sou defensora a respeito de ir mais fundo no que há no cê, acho o cê apropriado ao momento, teve seu tempo, mas lembrava dessa motivação de ir além, através do cê, através de vcs mesmos) gosto de tentar encontrar as linhas no tempo…e é bom cutucar de vez em quando…pra saber o que está acontecendo.

    Dádi, parente do Daniel, que trabalha nessa Obra?
    um querido.

  22. Edison disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 1:14 pm

    Se os jornalistas transcrevessem a expressão “Sifu” ipsi literis, perderia toda a pungência semântica que ela denota, ficaria “Se fo…”, o que não valeria uma notícia de jornal.

  23. Fernando Salem disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 1:23 pm

    Pra mim a questão central do sifu/sifo/sefu/sefo está no conteúdo e não na grafia. A imprensa chamou atenção para o uso do termo, mas pouco falou do assunto no qual ele estava contido: a saúde.

    O presidente usou e ousou ao usar a expressão naquele contexto. Perguntava se os médicos se sentiriam à vontade pra dizer a tal expressão a um paciente sem saída. O resultado do seu atrevimento foi ambíguo: se por um lado, tocou na ferida da nossa saúde (doente), por outro, provocou risos sarcásticos num assunto sério. E involuntariamente, acabou chamando a atenção para a expressão e dispersou o foco de um tema seríssimo.

    Lula ficou mestre nisso. Não sei se é consciente, mas quando faz suas metáforas futebolísticas ou solta as suas piadinhas, produz descontração em ambientes tradicionalmente contraídos, travados, formais. É bom e ruim. Se por um lado, relaxa os fóruns de gente apertada por gravatas e idéias arcaicas, por outro se torna um humorista no centro de um cenário que é dramático.

    A gigantesca aprovação de Lula tem mérito: o renascimento do otimismo. Não falo de ufanismno, falo (tosca e caretamente) de esperança. Isso sim é bom. O Brasil, tão bipolar como os sambas de Nelson Cavaquinho, andava pendendo demais pra baixo. É preciso oscilar. Lula trouxe de volta essa possibilidade.

    Mas Nelson Cavaquinho é o Brasil nessa oscilação entre a tristeza e a alegria. Quando Lula falou “sifu” falava da morte. Ninguém percebeu? Rimos da morte!

    Nelson sorria pouco. Não era de piadas. Era de causos. Gosto mais da canção A Morte de Gil (gravada por Macalé) do que a recente Não tenho Medo da Morte, também maravilhosa.

    Gil diz: A Morte é rainha que reina sozinha” “Não precisa do nosso chamado”.

    Jamais Gil ou Nelson diriam a alguém associariam a morte à “se foder” (sifu).

    Caetano

    Nem sei o que dizer sobre minha leitura de pensamentos. Seria um atrevimento sugerir que você grave Rugas algum dia, mas tenho obrigação de fazê-lo.

    O verso “Feliz daquele que sabe sofrer” é uma síntese de tudo o que disse acima sobre felicidade, tristeza, morte, Lula, Gil e Nelson.

    Beijo na testa

    salem

    Ou seja: Lula

  24. Fernando Salem disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 1:24 pm

    O “ou seja: Lula” do final é um ato falho de digitação e de copy and paste. Ficou gozado.

  25. glauber guimarães disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 1:38 pm

    marília castello branco [que nome elegante] disse:

    - Tenho certeza de que, no Carnaval, haverá muita gente por aí, cheiradaça, dançando e cantando o “poparacumpó” -

    concordo, marília. aliás, adorei as coisas que você falou sobre o assunto. fugir da superficialidade, do politicamente correto, do controle-de-danos social, é um exercício de sensibilidade. e liberdade. para poucos, infelizmente.

    a cultura da droga, do esporte, da superação, do herói [e consequentemente, a glamourização do anti-herói] fazem parte de uma mesma coisa.

    se as pessoas pararem de cheirar ou fumar maconha pra não subvencionar o tráfico, terão que usar outras coisas. entorpecer-se é tão velho quanto a própria história das civilizações.

    cocaína é droga, álcool é droga, coca-cola é droga, TV é droga, religião é droga, ignorância é droga. umas mais pesadas que outras, apenas.

    deixo claro que acho o uso de cocaína uma burrice. ela só tira, não lhe dá nada em troca [explico: LSD, mesmo sendo tão perigosa quanto, pode lhe ajudar a construir uma nova percepção das coisas, aguçar-lhe os sentidos, isso não acontece com a cocaína].

    vício é vício, minha gente. nenhum viciado ou dependente químico se diverte com isso.

    olha que coisa: parei de beber faz uns dois anos. bebia muito, muito mesmo. desde os 15. só que fumo um maço por dia agora. antes não fumava. parando com o cigarro [e vou!], algo virá me socorrer na dança dos dias. não?

  26. Marilia Castello Branco disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 1:48 pm

    Caetano;

    Tem sido um prazer estar aqui. Acompanhar as conversas e dar meus pitacos ocasionais tem me feito refletir sobre um mundo de coisas para além da música, tanto da cultura como pessoais. O Salem tinha sugerido que escrevessemos sobre nossos encontros com a sua música e eu o fiz, dias atrás – e percebi quanto você teve um papel decisivo na minha formação, mais ainda com relação ao comportamento e visão de mundo do que musicalmente. Mas não achei que, naquele momento, o texto fosse algo que coubesse publicar aqui.

    Tenho quase 50 anos e o ouço e acompanho desde os nove. Você foi um herói da minha adolescência, representou um modelo de identificação e uma imagem do um masculino extremamente inovadora e não tradicionalista, de questionador dos modelos estabelecidos. Me marcou, e à minha visão de mundo, de uma maneira tamanha que não saberia dizer o quanto de minha personalidade traz a marca dessa “caetanice” – e por isso eu te apreciarei e serei grata, sempre.

    Olhando hoje de outro ponto de vista, me intriga e perturba um pouco pensar em como deve ser para uma pessoa ocupar esse lugar do “herói” - ou o contrário disso, ou uma combinação perigosa de ambas as coisas - para milhares de pessoas. O peso que isso deve ter sobre um par de ombros humanos. Tantos têm sucumbido. Desta distãncia, me parece que você o vem carregando com muita dignidade e coerência.

    Um dos aspectos dessa visão de mundo a que você me apresentou, nos meus anos cruciais de formação, tem a ver com a capacidade de dar um olhar renovado para coisas que eram encaradas como “lixo” pelo pensamento estabelecido e, através de seu toque refinado (gosto dessa palavra que tem a ver com a busca do essencial, e gosto de usá-la em oposição a “sofisticado”, que acho horrorosa), revelar a beleza oculta pelos preconceitos “dos intelectos que não usam o coração como expressão”, canção que o querido e cafona Salem já citou aqui.

    Desde Coração Materno você vem fazendo aflorar essa beleza negada e ferida. Este talvez seja um dos aspectos mais marcantes da “caetanice” que levei para a vida, que me tocou profundamente a alma. Certamente foi uma influência importante na minha escolha de trabalhar com o que é mais rejeitado pela sociedade (minha mãe tinha a bandeira do Oiticica “seja marginal seja herói”, pendurada na sala). Hoje uso a arte e o teatro para entrar em contato com a beleza trágica intrínseca nas histórias daqueles que foram eleitos bodes expiatórios de tudo o que, enquanto cultura, temos de pior. Amar, respeitar e encontrar a doçura e delicadeza de sentimentos dos dependentes químicos.

    Assim, não é que me surpreenda o seu grito chamando pra cantar o “poparacumpó”, que é uma canção que abomino não por questões musicais mas pelo que representa: o desprezo disfarçado de boas intenções para aqueles que sofrem com a perda da liberdade e a incapacidade de não usar uma substância. A idéia por trás da canção, para mim, representa a visão cristã pervertida e perversa de quem prega a “força de vontade”, que denuncia o argueiro no olho do vizinho sem entrar em contato com a trave no próprio, que “vê tanto espírito no feto e nenhum no marginal”, incapaz de enxergar a beleza nos travestis ou compreender a alusão ao “homem mijando sobre um saco brilhante de lixo do Leblon”. A podridão por trás daquela capa da Veja com o Fábio Assunção, menino lindo e talentoso que certamente está sofrendo o diabo.

    Pois é. Pela primeira vez você conseguiu me chocar. Eu que, como já disse aqui, “mamei Tropicalismo com Nescau” e achava tudo, vindo de você, natural e lindo, fosse o Araçá Azul, fosse a “melô do OB” (“foi crescendo, crescendo e me absorvendo”) ou a simplicidade de “Sozinho”.

    Mas, finalmente, pensar nisso, encarar esse sentimento, me trouxe uma grande tranquilidade; afinal, esse homem aí, chamado Caetano, um cara famosão, que tem esse blog, faz umas músicas lindas, grava uns discos, escreve uns lances, etc. e tal, não é a mesma coisa que um caetanoveloso interno que eu possa ter inventado para mim. Felizmente o tempo me tornou capaz de ter nítida essa diferença, e ambos podem coexistir. Sou capaz de tocar os pés de barro do meu herói, e que bom que sejam de barro! Barro é a terra, a mãe, humus, ser humano. Caetano não é um símbolo, não me pertence. Há muito não preciso mais de heróis: pude construir o meu próprio, interno. Acho a canção uma merda e você me põe em contato com a merda em toda a sua riqueza simbólica. Acredito que seu talento é capaz de transformar em beleza essa merda, como eu luto para ajudar meus pacientes a fazer.

    JOALDO: Finalmente localizei o comentário em que você colocou a canção que me incomoda. Desculpe a ignorância, mas ainda não saquei bem a questão que você está colocando através dela. De qualquer maneira, gostaria de fazâ-lo, e de tentar elaborar mais a respeito já que é um tema que me toca e instiga.

    Há muitos anos Caetano deu uma entrevista para a revista Bondinho onde, se lembro direito, se classificava como “Caretano”. Foi importante para mim, que era menina, e estava prestes a fazer os primeiros contatos com esse universo das drogas. Foi protetor, de uma maneira que hoje a gente classifica como “redução de danos”. Era possível ser careta sem ser careta. Muito mais efetivo do que qualquer postura tipo “diga não às drogas”, que só serve para prevenir o abuso entre aqueles que jamais as experimentariam e instigar os que usam. Tenho certeza de que, no Carnaval, haverá muita gente por aí, cheiradaça, dançando e cantando o “poparacumpó”.

  27. Gravatai Merengue disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 1:48 pm

    Caetano!!! Ha um problema com a primeira vogal, tambem! O ’se’ deveria ser grafado com ‘e’, nao? Por mais que, no dia a dia, todos o pronunciemos com o som de ‘i’ - mesmo paulistas, baianos, cariocas - exceto, talvez, os paranaenses, catarinenses e sulistas em geral.

    Ja pensou? ‘Sefo’, com acento circunflexo - que nao tenho aqui em funcao do computador emprestado…

    Acho que ficaria mais charmoso, talvez interferisse da mesma maneira na revolta da plateia, mas a imprensa acertaria a mao.

    Beijo na tempora (ja que testa e coisa do Salem)

  28. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 3:32 pm

    Marília Castello Branco, não estou podendo escrever à vontade porque estou aqui, neste domingo véspera de feriado em Salvador (amanhã, dia da Imaculada Conceição, é feriado municipal), sendo “escravizado” por duas sobrinhas pequenas. Acabo de ler a sua estupefação e fiquei encantado com isso de você ansiar por que Caetano extraia leite dessa pedra.

    Sua visada inicial já é infinitamente mais rica do que a minha.

    Eu me incomodo também com essas “verdades” do catolicismo, que é a minha origem cultural mais remota e familiar, vindo que sou de cidadezinha sertaneja, e o incômodo se agrava por vários motivos adicionais aos que você aponta, e que agora não é o caso de resumir.

    Quando postei o vídeo na outra página - retornado acima na expressão “parar com o pó”, que é um hiperlink, basta clicar para revê-lo -, a princípio estava mais interessado em como Caetano e outros queridos companheiros desta OeP viam a canção se apropriando do formato entronizado do axé. Eis o meu ponto de partida.

    Como não o pincelei inteiramente na página anterior, situei melhor as coisas no meu comment acima, dizendo que interessei-me também pelo aspecto “cafona” mediante o qual, enfatizo agora, a canção procura expressar uma “moral” ‘elevada’ e interessada na “solução” de uma mazela social, existêncial, espiritual etc.

    Esse meu interessse por si só não signfica desvalorização do diapasão “cafona”, mas a compreensão de que ele não se ajusta a essa mensagem. Quando eu falei, também na página anterior, e bem de passagem, sem relação direta com o que estamos falando aqui, ser o ‘arrocha’ um “fenômeno cretino-musical”, eu vou por essa mesma trilha.

    Quando vi neste post que Caetano propugna em CAIXA ALTA que a canção se torne hit de toda a tchurma que faz o Carnaval daqui da Bahia, vi nisso uma grande - e, até aqui penso, involuntária - ironia. Porque quem mais comparece com dindim para movimentar a “indústria” do Carnaval baiano é um público que, em boa medida, quem não sabe disso?, não faz a festa de “cara limpa”, não!

    Embora eu não tenha dito isso acima, pois tudo pareceu-me já ser tão intuitivo, a “verdade” catolaica da canção se tornará bastante hilária nas avenidas e mais ainda nos camarotes: e não somente para o segmento do público proveniente do nouveau richism, que já é cotidianamente embalado por toda sorte absurda de consumismos and excitantes.

    Você traz coisas que nos enriquecem o pensar. E eu não vim trazer verdades prontas. Eu vim trazer também o meu espanto com isso existir - e provocar Caetano e quem mais se interessar.

    Quando eu revejo o vídeo, eu me corrôo de rir, o que não é nada politicamente correto de se dizer - mas me corrô ainda mais mesmo assim. Eu fico sem acreditar que isso exista. E que isso promova a efetiva conscientização que, penso que bem intencionada mas equivocadamente, foi buscada pela instituição religiosa que o respalda.

    Até aqui, todos a quem eu mostrei o vídeo, acham-no hilário. Mesmo meus primos cristão praticantes acham graça como se não acreditassem que por ele se possa estar “transmitindo” uma ‘nobre’ “mensagem”.

    Eu vou mostrá-lo agora para as minha sobrinhas pequenas e retorno outra hora pro debate.

    Quanto prazer em te conhecer - e em saber desse seu interesse em elaborar uma questão tão cabeluda! Adoro questões assim. Elas nos provocam a ir até algum lugar e por isso acabam modificando ou aprofundando o nosso pensar!

  29. ana disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 5:48 pm

    O que fode minha paciência é o espaço e o tempo que a mídia gasta pra tentar queimar Lula por conta dessas metáforas de gosto duvidoso que ele solta aqui ou ali. Toda essa indignação me soa tão hipócrita… E depois vem o desespero qdo o Datafolha solta o resultado de mais uma pesquisa de opinião mostrando que o presidente vai bem EM TODAS AS FAIXAS e não só entre o povão.

    Nada contra a oposição da mídia, desde que ela se baseasse em críticas mais consistentes. Ainda bem que existem uns analistas independentes na net, pq os jornalões… Que lástima! Já sifu (ou sifo, como quer Caetano).

    Como o titular deste blog, tb prefiro Nelson Cavaquinho a Cartola. Detesto essas escolhas excludentes, mas, já que a questão foi levantada - e que Cartola é muito mais incensado… É como aqueles dilemas que a mídia adora: Beatles ou Stones? Caetano ou Chico? Não quero ter de escolher. Mas, no fundo, no fundo, tenho minhas preferências, que se baseiam em critérios muito mais subjetivos do que técnicos. Ou seja: há sempre quem fale mais à minha pessoa, à minha subjetividade.

    Em tempo: Stones e Caetano.

  30. teteco dos anjos disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 6:22 pm

    Boceta ou Buceta? Eis a questão!

    Na tradução de “Uivo” de Allen Ginsberg, o escritor e tradutor Claudio Willer utiliza o termo “buceta”. Ferreira Gullar usa “bocetinha” logo no início do seu “Poema Sujo”.
    Oswald de Andrade utiliza das duas formas. Numa edição de “Santeiro do Mangue”, o poeta fala em “buceta”, noutra - já não sei se é coisa do editor, pois trata-se de uma edição póstuma - a gente encontra “boceta”.
    Quanto ao “colhão ou culhão”, juro que nunca li “colhão”. O Glauco Mattoso me escrevia “culhão”, sempre q e a banda de punk rock paulista “Lady Vestal” também utiliza “culhão”.
    Eu - pessoalmente - prefiro ler e escrever como falo; “BUceta”, com “bu”. Acho buceta bem mais ousado e até mais romântico que boceta, que me soa um tanto quanto carola.

  31. Rafael Rodriguez disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 6:35 pm

    Salem,
    vc escreveu o que eu queria dizer só não tive capacidade(maturidade) para expressar (acabei fazendo um comentário agressivo e pessimista - coisa que não sou).

    **************************
    …risos… Eu ia escrever isso:
    “- Tenho certeza de que, no Carnaval, haverá muita gente por aí, cheiradaça, dançando e cantando o “poparacumpó” -”(Glauber)

    Já estou vendo um monte de gente viajando de bala e de coca pulando que nem pipoca e cantando “poparacumpó”.
    Tem que estar muito doido para dançar isso.

    Só o refrão que se salva: “popararcumpó, poparacumpó aê, poparacumpó” parece com uma outra gringa assim “pi papapa ropo, papapa ropo, pi papapa ropo…”

    “Injetar na sua veia o sangue que correu na cruz”

    Mas já é revolução essa Jack falar que o povo católico também tem axé.

    Encontrei a Ivete falando da canção e da cantora (de cima do trio, para toda a massa):
    http://br.youtube.com/watch?v=NxFe3PuPM18

  32. teteco dos anjos disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 6:43 pm

    De certa forma eu concordo com os comentários do Julio e do Edison. “Sifu” rende mais nos jornais que “sifo”, tem mais impacto. É isso que a imprensa quer; Impacto. Quanto a falta ou não de decoro de Lula e da imprensa, não sei dizer. Não me incomodo que Lula diga qualquer “nome feio” - estou utilizando uma expressão que minha querida vovó usava…”nome feio”…referindo-se aos palavrões e coisas relativas a sexo. Vovó queria que eu fosse um bom polido e comedido menino..nem sempre correspondi as expectativas dela. Cresci um “boca suja” e adoro, de fato, os nomes feios. Verlaine, Baudelaire, Bukowiski - meus escritores preferidos - são cheios de nomes feios. Que Lula ou Caetano ou qualquer Zé Mané como eu digamos “sifu, buceta ou boceta” e que a imprensa ressoe tudo isso pouco me importa. O problema maior do Brasil, como disse claramente o inigualável Oswald Andrade é ” super-produção de buceta e desemprego de pica”.

  33. Nando disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 7:11 pm

    Marília,

    Concordo com seus argumentos. Ainda assim, pondero o seguinte:

    O fato de perceber ou não os próprios defeitos condiciona o desejo sincero de que as coisas dêem certo? O fato de Caetano não ser profundo conhecedor da complexidade que se refere a um dependente químico (algo que suponho) o priva do desejo de que a dependência seja superada ou evitada? Porque se só pudermos ser otimistas considerando nossa própria perfeição acho que está claro que nenhum de nós pode desejar nada de bom aos outros. Se só quem conhece o inferno da dependência química puder se manifestar contra o uso de drogas, estamos no vinagre.

    Apesar de ter achado abominável tudo aquilo (do link), tanto que nem consegui acabar de ver, me pergunto se sendo a temática um “use camisinha” seus argumentos seriam os mesmos. Não sei como vive uma pessoa com o vírus nem o quanto luta um dependente químico, mas me sinto em pleno direito de lutar a favor da prevenção em ambos os casos.

    Quanto aos cheiradaços do carnaval, eles têm compromisso com sua própria consciência, não podemos fazer isso por eles. E eles não têm o direito de decidir pelo que devemos lutar.

    Por último: lá no link, a música, a “mensagem”, o “alicerce”, tudo péssimo. Creio que Caetano tenha pescado a intenção e fechado com ela, de acordo com seus próprios princípios. Afinal, se tanta gente o desconstrói internamente para poder se libertar, ele certamente tem o direito de se manter fiel a si mesmo, nem que seja apelando para o caps lock.

    Beijo no supercílio (a testa é do Salem, copyright by Gravataí)

    Nando

  34. Fábia disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 7:12 pm

    Acho que os jornais é que querem Lula “sefo” ou “sifu”, faz tempo. Mas preferiria que o presidente não usasse essa e algumas outras expressões dispensáveis. De todo jeito, é impressionante que ele tenha respaldo, com aprovação melhor mês a mês, com toda -ou quase toda- maré midíatica torcendo contra. Prova de que o Brasil é muito mais complexo do que pode parecer a primeiras impressões. Eu adoro isso!!

    “A Flor e o espinho” é uma música linda de Nelson Cavaquinho.. Tive o privilégio de ouvi-la num show no CCBB de Brasília, em 2002, com Arnaldo Antunes dividindo o palco com Elza Soares. Dá para imaginar o quanto foi lindo? Eu fui em três dos quatro dias, tamanha a minha emoção (com o show inteiro). Arnaldo Antunes é poeta de doçura ímpar..

    Ainda não vi o novo filme de Woody Allen, que adoro. Estou curiosa pra ver se vou sacar a crítica kantiana. Se não sacar, quero saber..

  35. Renata Roizenblit disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 7:57 pm

    Caetano,Você sabe que quando estou perto de vc não consigo falar, pensar, ou raciocinar, mas aqui no blog, consigo me soltar um pouco mais, apesar de estar vermelha agora, só de saber que vc pode ler o que eu estou te escrevendo. Mas essa é a vida! desde os 12 anos sou sua fã e sempre fiquei assim, não é agora com 39 que vou mudar… Eu também adorei aquele show, apesar de já ter visto umas cinco vezes, mas todas sem o cesinha, e posso dizer que ele deu um gás no show. Agora voltando ao Cè, é um disco maravilhoso , ms da primeira vez que ouvi, estranhei um pouco, é realmente diferente de tudo que vc costuma fazer, mas na segunda ouvida, já tava tudo no lugar! Os shows , nem se fala… Inesquecíveis. O do Tim, até quase cinco da manhã, teve um impacto muito grande em mim. Adorei. Agora o que gostei mais do que tudo, foi esse nome lindo que vc escolheu para o novo CD, o Claudio, meu marido ,falou que vc disse para ele que é italiano. Um som lindo,suave, sereno, principalmente vino da sua voz. Obrigada por me entender.Quanto ao Lula, levo à sério uma frase suâ
    “Política é o fim”. Beijos mil.

  36. a.c. disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 8:18 pm

    recebamos com alegria o popararcompó!
    é ótimo isso.. a mulher chega na maior cara lavada e pede ou ordena, em axé, pra parar com o pó. me lembro de “cocada boa” do bezerra da silva, ou então daquela paródia clássica de Copacabana, princesinha do mar: “Pó tá acabando, princesinha quer mais”
    este axé católico é uma resposta clara a tudo isso…
    e é careta sem ser.

  37. tatiana f. salomon disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 8:31 pm

    Caetano d’Amour !
    Esta fazendo muito frio, o céu esta cinza e molhado, o meu português virou português de gringo mais… a tua voz cantando Drão faz o frio se transformar em calor, o cinza em rosa e o meu português em versos do Fernando Pessoa…

    Muitíssimo obrigo et aquele abraço de Paris para você,

  38. teteco dos anjos disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 8:47 pm

    O compositor e poeta Marco Rio Branco, de São Luiz do Paraitinga ( o cujo o qual Boca de Cantor já gravou e Susana Sales adora) me disse também que as letras do “Cê” são as melhores de Caetano dos últimos anos. “O que chamo de poemas musicados e não músicas letradas”.
    Ben (sei lá o quê) em Nova Iorque e Rio Branco em São Luiz, dois mundos tão distantes, duas idéias afinadíssimas. Eu também gostei muito do punch e da pegada das letras de “Cê”…”desolação de Los Angeles”…linda e as minhas preferidas, junto com a dor homenagem da perda de Wally Salomão, “Odeio” e “Musa Híbrida”. Mas, na verdade, o disco todo é especial…”tatuou um Ganesh na côxa…”
    Você talvez não saiba, Caetano, mas esse verso do “Ganesh na côxa” causou calorosas discussões entre os adeptos do hinduísmo - a turma do Hare Krisna - da fazenda “Nova Gokula” em Pindamonhangaba. Eu estive lá e uma devota bradava com horrores que “semi-deuses”, como Ganesh - o homem com cabeça de elefante - não poderiam ser tatuados “abaixo da cintura”. Outro devoto argumentava que não tinha problema algum, segundo os fundamentos de sua religião. Eu que já li a Gita de cabo a rabo, livro sagrado deles, não vi também nenhuma referência sobre o uso adequado de imagens e simbologias.
    Pra quem não conhece, Nova Gokula é uma comunidade-krisna rural muito linda, aos pés do pico do Itapeva (2,2 mil metros de altitude) na Serra da Mantiqueira, cortada por riachos cristalinos e morros verdes & rochosos deslumbrantes. Dizem que George Harrison bancou Nova Gokula. Deve ser verdade. Vejam; http://www.novagokula.com.br, mas não cantarolem “tatuou um Ganesh na côxa..”, vai ser discussão na certa. Hare Om !!!

  39. Labi Barrô disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 9:10 pm

    Boa Noite Gente Boa!
    O home, doce home, voltou elétrico! Quem diria… Caetanho Velosso se solta again. Olga Del Volga. Que caramba!

    http://www.youtube.com/watch?v=Eer9UoqN_9E

    Esse texto de Velô me lembrou uma professoa de português que tive. Um loira muito simpática, que adorava café e fumava a beça. O nome dela? Elvira Montenegro. Exatamente. A MÃE de Oswaldo Montenegro. Nas aulas ela adorava contar que fez o filho regravar a canção Condor. Tudo porque o Oswaldo, na primeira gravação, pronunciou o nome da ave de forma errada. O correto é Condôr e o errado é Côndor. Eu acho que é isso. Ou será que fiquei cafusa? Bem, o que importa é que eu adorava a Dona Elvira. Era EXCELENTE professora. Ela levava uma garrafa de café pra sala. Mas só ela tomava. Os alunos não. Ô Dona Elvira, eu espero que eu tenha aprendido alguma coisinha viu…A senhora sabe, eu era a aluna mais fraquinha né.

    http://www.youtube.com/watch?v=4-Ve19tbxlQ

    Ai que eu não consigo esquecer o argentino, minha gente. Ouvimos o som de Caetanho Velosso juntinhos. Foi tão bom…

    http://www.youtube.com/watch?v=dtmi65rv7TM

    http://www.youtube.com/watch?v=RZw_Hr4X3dE

    E por falar em Milton, Velô, sabe o que o Artuzinho me mostrou? Um participação especial de Milton Nascimento em um disco do Duran Duran. O Simon Le Bon é tão lindo, né Velô? A música até que passa.

    http://www.youtube.com/watch?v=yftOy8kz7aE

    Mas Velô, vê lá o que tu anda colocando no título rapá. Coloca uma coisa mais doce home. Foi qualquer coisa dentro, doida, que mexeu, foi? Assim não dá. Por que assim, sem essa aranha, nem a sanha arranha o carro, nem o sarro arranha a Espanha. Meça, tamanha, Velô. Meça, tamanha. Esse papo seu já tá de manhã. Coloca Labi Barrô no título querido. Fica mais bonito. Parece coisa do Casseta e Planeta: MC FoDEU e MC Deu Mal!

    http://www.youtube.com/watch?v=CmVwoiSc_k8

    Roberto Joaldo exTasiado, muito obrigado pelo convite. Eu topo sim. Espero que dê certo. By the uai, lindo, eu sou MINEIRA, de São João Del Rey. Moro em Brasília desde pequena.
    Rosana Tibúrcio, que bom que você voltou!

    http://www.youtube.com/watch?v=Yd60nI4sa9A

    Caetano, você conhece a Teoria Queer?
    Hermaninho…

    http://www.youtube.com/watch?v=z-yrQ5vcga4

    Ah é. Sobre a língua piguesa né? Alguém aqui tem a língua piguesa? Assim, tipo Cazuza. O argentino que conheci tinha a língua piguesa. Cês acreditam que eu gostei? Deu um charme pro homem…Não ficou gay não.
    Hermaninho, cê anda tão caladinho. Que que houve? Conta pra gente. Cê tá triste? Fica não, bobo. Isso tudo ainda vai acabar em samba. Ou melhor, em TRANSAMBA! E eu quero ver Salem sambando! Samba aí Hermaninho! Chama o Velô. Rosana, Helô, Miriam, Exequiela, Teteco, Gravatai, Alemão, Nando, Adriana Caetana, vamos sambar! Vamos sambar que Labi está indo embora…Agora só no ano que vem gente boa! Olha aí:

    Ai, que conflito
    Roubaram o cabrito do seu Benedito. É conflito.
    Ai, que conflito
    Roubaram o cabrito do seu Benedito

    Roubaram o cabrito do seu Benedito
    O couro virou tamborim da escola
    A carne do bicho entrou no palito
    Assado na brasa e cerveja gelada
    Muita batucada e cachaça de litro

    Benedito ao dar falta do bode
    Chegou no pagode com cara de aflito
    Pegou o churrasqueiro e deu logo um sacode
    Encheu de bolacha o Zé Periquito
    Deu tiro na bola, parou a pelada
    Que era apitada por Dão Esquisito
    Que ao ver Benedito baixando a madeira
    Ficou de bobeira engoliu o apito

    Ai, que conflito
    Roubaram o cabrito do seu Benedito

    Mas tinha um tal de Caroço
    Que chupava um osso igual pirulito
    Esse, Benedito agarrou no pescoço
    E atirou no poço na hora do atrito
    Pior pro cara do pandeiro
    Que cantava maneiro e versava bonito
    Mas ganhou uma banda, caiu no braseiro
    E gritava bombeiro, me acode, eu tô frito é conflito

    Ai, que conflito
    Roubaram o cabrito do seu Benedito

    (Zeca Pagodinho.Composição: Barbeirinho do Jacarezinho / Marcos Diniz)

    Aí galera do Rio, Labi e sua trupe está chegando. Vamos ver o show de Madonna! Quer ir junto com a gente Velô? Leva o Hermaninho. Vai ser muito dez!

    Labi Barrô, sambando milhor di que a LUMA!

  40. gil disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 9:28 pm

    ahahahaha…o dono do pedaço vai!…e eu vou também…a praça castro alves é do povo…como o céu é do avião…caetano vai…então eu vou…pois é Caetano, os meninos ficam encantados que nem indiano olhando a cobra e aí depois fica tudo embassado, é ruído pra todo lado, é muito chato…mas eu sei que é bacana…mas interessa? bem…os meninos encantados sempre interessa…vamos então ver aquela porcaria que é bacana, tem a tristeza diferente, a boa, aquela bem terrível…eheh…e seja o que Deus quiser ( esse líquido me grilou, será que vai chover?…).
    Mas hoje eu vi por todo lado aqui no Rio de Janeiro e também na Folha, a chegada do disco , do seu disco Caetano, com Roberto Carlos e cantando Tom Jobim…que luxo, que espetáculo, timing eterno…mas me lamentei, vejo o anúncio da Madonna, que anúncio bacana, vejo o anúncio do RadioHead, que máximo…e porque o anúncio da nossa Glória também não é descacetante? Não faltam baianos bom de anúncio na nossa propaganda, poxa Caetano, lamentei e pensei na hora na Heloísa e seu gosto, pensei em responder a ela que não tem nada, não tem culpa pelo gosto, ao contrário…mas a gente pode também parar e pensar de onde vem esse gosto, o que constitui o nosso gosto..sem paranóia, numa boa..depois a gente esquece isso e cai de boca…não tem caretice na parada não, a coisa é doida eu sei, mas eu pensei na Heloísa e a vi na minha mente, ela lá em Minas Gerais ( onde aliás, junto com os da Bahia, está a maioria dos nossos colegas aqui…eu acho…) olhando o anúncio do RadioHead, os ingressos sendo anunciados para a meia noite mais de quantos meses antes? E que anúncio!!! a banda fica até melhor com um anúncio daqueles, fala sério…um borrão, um anti anúncio, faz de conta que ninguém quer vender nada como no plano de marketing do disco, liberado na internet e capa em todos os jornais do mundo, de grátis…os Britamericanos não estão dando mole mesmo…mas nosso Caetano com Roberto Carlos cantando Tom Jobim gente, disparou neste domingo e neste domingão ele disse que vai ao show do RadioHead e nos contou do trio rockenroll que ele foi ver…demais…mas eu olho aquela foto, aquele azul, o lettering avant garde…eu não me convenço…e daí? quem não vai querer esse disco histórico e memorável? Eu quero Heloísa, mesmo assim eu quero e vou ouvi-lo cheio de marra, acho que do jeito que vc pra mim parece ouvir o RadioHead. Pode vir quente que eu estou fervendo… No Entreatos, aquele documentário do João Moreira Salles com o Lula, tem um sujeito gaúcho que disse: o RGS é o último reduto do socialismo e do rockenroll…achei bacana, tudo inclusive o filme, mas não sei não, tem muito caipira pra todo lado…e a gente somos inútil disse o menino, e caipiras disse o presidente.

  41. Caetano Veloso disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 10:25 pm

    Nando, veja que você escreveu “míuri” e “mica”. O acento agudo da primeira palavra diz o que eu quero: sem ele ela se tornaria oxítona. Como é que você não vê por que “sifu” é, em português, um oxítono? Vi hoje no jornal as palavras escritas que Ziraldo inventou no Pasquim: “paca”, “tasquíupa”, “jaco” e “sifu”. Por que ele grafou “jaco” (de “já comi”) com “o” e “sifu” com “u”? O povo também diz “cumi”. Como diz “chuveu”. Mas só se desrespeitam as palavras relativas a sexo. É moralismo e cafajestada ao mesmo tempo.

    Joaldo, sempre adorei que você chamasse atenção pro “Pó pará cum pó”. Vi o vídeo, adorei e postei em caixa alta.

    Marília Castello Branco, não sei por que a música seria lesiva aos dependentes que tentam se livrar do vício. Eu conheço sim muito bem os sofrimentos dos viciados. Nunca usei cocaína mas vi muita gente próxima lutar contra seu domínio. E ainda vejo. Penso um tanto como o Rafael. Mas não sou católico nem penso naquela música como um meio sério de combater as drogas. Gostava da campanha “Drogas, tô fora”. Tive pena de ela sair do ar. Mas essa música parece mais uma grande piada que não fará ninguém cheirar nem deixar de cheirar. Vi Ivete com a moça no link que Rafael mandou e adorei. Instintivamente acho saudável que ela seja cantada nas ruas. Com alguns cheirando e muitos não, como sempre. Mas quase todos bebendo, o que é uma outra tragédia quando chega no nível da dependência.

    Sim, no Sul deve-se ouvir muita música sertaneja. Mas em Curitiba e Porto Alegre há uma grande força do rock. “A verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul” queria dizer exatamente o que Jô pensou. Raul. Rock. Bahia. RG. Não gosto de MPB como sigla que indica um gênero. Não há tal gênero. Claro que MBP como simplesmente “música popular brasileira” é OK. Mas isso não é um gênero. Não se pode dizer: rock, reggae, blues, axé, pagode e MPB. Está errado. Na MPB FM ouve-se rock, reggae, blues, bolero, axé e guarânia - contanto que seja feito e interpretado por brasileiros, é Música Popular Brasileira.

  42. Fernando Salem disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 10:41 pm

    Cacilds

    Pó Pará Cum Pó tem CHEIRO de sucesso. Anti-cocaína em Amarelina. Vamo tirá o pó do chão! Nem Cheiro de Amor tem, na sua carreira tão brilhante, um hit tão bicudo. Pra mim, a música não cheira, nem fede. Mas cada um sabe onde botar o seus ouvidos e seu nariz. Achei graça da cantora no YouTube. As coreografias. O timbre de Claudia Leite. Do pó viemos e eis que ao pó voltamos.

    Atchim.

    Cheiro na testa

  43. Fernando Salem disse:
    Dezembro 7th, 2008 at 10:41 pm

    Amaralina.

  44. daniel disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 1:20 am

    Opa,

    Uma dúvida pro Caetano ou pra quem mais souber: alguém já registrou o João Gilberto cantando essa versão de Rugas?
    Se não, tá faltando alguém fazer isso, pô…

  45. Caetano Veloso disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 2:16 am

    por que o comment que postei à 2:30 a.m. de segunda saiu como se tivesse sido postado às 10:15 p.m. de domingo? - e passou logo pra cima (antes) do comment de salem (aliás espetacular)?

  46. Mario Garcia disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 2:53 am

    Acho bonito a forma pela qual Lula expressa o pensamento dele. Falou ma verdade e, nos tempos atuais, só as mimosas pudicas podem ficar chocadas com uma expressão tão comum em nosso cotidiano. Sifu, ou Sifo (sifu parece mas agradável). Isso em nada abalará a popularidade de um presidente que fala a mesma linguagem do povo, sem ser populista. Faustão diz tantas coisas, nossas músicas se valem de tantos “palavrôes” e até acho bom não haver censura. Como não sou censor de ninguém, não tenho porque ficar arrepiado ao saber do fato e, principalmente, pela forma como a gíria popular foi empregada. Vamos olhar pra dentro de nós mesmo antes de ficarmos “chocados” com uma coisa que, no meu entendimento, já não é um mais palavrão. Vamos e convenhamos e aceitemos o linguajar do povo, sem medo de sermos felizes. Achei lindo !

  47. Álvaro Gomide disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 3:16 am

    Caetano adora botar lenha na fogueira e depois vai ficar curtindo os comentarios deste inusitado post. Hoje sifo, ou sifu, não agride mais ninguém. Veado, ou viado, é elogio. Os machões que ainda se preocupam com os Ricardões, devem pensar nas Ricardinhas. O mundo tá mudado, tudo se transformou. Até as letras de centenas e centenas de músicas estão ai pra mostrar isso. Acho legal Lula não ser um mascarado e ser expontâneo. O cara é genuinamente brasileiro, com Gil, ou sem Gil. Eu tô rindo agora é dos machões que ficam antenados nos “ricardões”, enquanto as “ricardinhas” estão desenfreadas por ai. Viva o Brasil e o azul celeste deste país tropical e sem as caretices do passado.

  48. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 4:49 am

    Labi Barrô, você aceita o apelido aglutinador: Labô? Você nem reclamou? Achei tão bonito!

    Enquanto não revejo Marília, e curiando um pouco o que Nando, a.c., Rafael Rodriguez, Glauber, Salem disseram ou fizeram…

    Estava curtindo minha sobrinhas pequenas enquanto escrevia para Marília, e resolvi mostar a elas logo em seguida o vídeo da canção catolaica. Elas, pela criação “liberada” que vêm recebendo de meu irmão e sua esposa, são crianças eminentemente ‘midiáticas’. Eu penso que a educação e a cultura delas deveriam ser mais diversificadas…

    Aprenderam o refrão instantaneamente, sem qualquer curiosidade quanto ao seu sentido. Dançaram divertidamente - e a menorzinha, de 6 anos, após eu perguntar a ambas o que acharam, exclamou, travessa, como se procurasse animar ainda mais a si: “ex-tra-va-sa!”.

    Procurei saber de onde vinha o verbo, e ela pronunciou o nome: Cláudia Leite!

    Realmente, pó pará com o pó aí tem tudo pra se tornar um prefixo deste verão. Uma canção-campanha em compasso de mascarada. Uma campanha des-mascarada. Para mim, enfim, besteirolizada. Gozação que nivela e embota os sentidos.

    Mas eu possa estar vendo as coisas turvas.

    Exemplificará, em vez disso, o eterno retorno do… do desreprimido? E não é justo isso - o Carnaval? Ai que conflito - sacrificarão em altar profano mais um sacro cabrito!

    Se percebi bem, quanto aos sentimentos que a canção despertou: um certo asco para Nando, uma derrisão sem fim para Rafael, um ar de niilismo em Glauber, um tom de deslumbre e diversão em a.c., uma manifestação da graça para Salem. Podemos “fechar” aqui a discussão? Putz - não!

    E continuo todo absorto pelo movimento do pensamento de Marília - que preciso aprofundar -, e além disso pelo conclame feito a Caetano para falar mais um cadinho sobre de onde vem essa vemência por colocar o bloco do popararcomopoaí na rua! Curiosidade quando não mata… nos enriquece de conhecimento, ou de alguma gaia ou ainda mais divertida e carnavesca ciência.

    p.s: Adoraria que atentássemos mais para o vídeo de Ivete que o Rafael postou. Há algo ali. Vou tentar ver melhor com os olhos que a poesia me propicia, e volto feito peixinho - ensaboadinho - e pulante, quem sabe num texto voador.

  49. Fernando Salem disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 6:04 am

    Hoje escutei Lapa depois de alguns meses da primeira edição. Pareceu-me outra canção. Melhor. Com mais sentido. Com maior vigor.

    Por um momento parei pra pensar no tempo de maturação das canções dentro da gente. Chamei a Fernanda, minha mulher, que também havia escutado a canção quando foi postada. O efeito do tempo não foi tão erosivo, quanto foi pra mim.

    Fernanda já havia gostado muito da música, mas estranhou minha sensação de que era “outra” canção. Pra ela era a mesma. Desta vez um pouco mais “fácil” de escutar e gostar.

    É verdade que com o tempo a gente aprende a gostar, desgostar, transformar ou se afeiçoar a canções. Até porque algumas acabam se relacionando subjetivamente com o que vivemos na época em que as escutamos.

    Mas Lapa ainda era muito recente (em cronologia) pra que tivesse provocado alguma espécie de memória emotiva em mim.

    Aí, pensei nesse blog que completa 6 meses. Fernanda não o frequenta. Vez ou outra mostro alguns posts do Caetano. Havia essa diferença. Reescutei Cais contaminado pelo tempo virtual vivido por aqui. Novos afetos, novas percepções.

    Certamente Lapa não era mais a mesma canção. Escutei-a depois de imaginar a praia de Itararé de Joaldo, os papos sobre Paulinho da Viola com Nando e a revelação de que Caetano ouvira João Gilberto cantando Rugas.

    Tudo isso fez de Lapa uma nova música. Fiquei comovido imaginando o que esse novo CD do Caetano pode significar, ao longo do tempo, pra todos nós por aqui.

    Me chamou atenção o fato daqueles primeiros posts com as canções em video terem pouquíssimos coments. No máximo 20.

    Sugiro a experiência a todos: é muito bacana, depois de tantos devaneios virtuais, voltar ao repertório motivador desse blog, antes do CD sair.

    Lapa é uma canção muito sentida e com mais sentido do que nunca. Perdeu foi a segunda que mais se modificou no ranking dos meus ouvidos. A Cor Amarela parece ser a mesma.

    Agora entendo porque não queria acompanhar os bastidores da gestação do CD. Odeio pré-natal e ultrassonografia. Precisava dessa distância.

    Estive na Lapa há um mês atrás e me esforçava tentando lembrar da melodia da canção pra fazê-la de trilha sonora pro meu passeio a pé. Não consegui.

    Agora, conseguria. Lapa já está no playlist da minha memória. E esse blog já faz parte da minha modesta história.

    Bom isso.

    beijo fraterno nas testas

    salem

  50. Marilia Castello Branco disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 9:57 am

    Joaldo

    Quando postei o meu comentário, ainda não tinha lido o seu, que foi publicado enquanto eu escrevia, e daí li os seus dois depois da publicação do meu. Acho que vc coloca umas questões muito pertinentes, bacanas e que interessam a mim. Estou preparando um texto para continuar o diálogo contigo, mas não creio que o terei pronto antes de amanhã ou quarta, que hoje aqui não é feriado e nem só de internet vive a mulher.

    O tema é mesmo cabeludo e espinhoso como certas plantas lá da sua terra. Por isso, e por compaixão para com el Hermano (me assusta só imaginar o tanto de tranqueira que ele deve precisar filtrar), vou procurar me ater ao que isso tem a ver com os assuntos discutidos aqui: cultura, arte, música, rock’n roll, consumismo, cafonice, etc. Tratando de uso, abuso e dependência de álcool e drogas, é fácil desviar por outros caminhos, questões que já foram discutidas exaustivamente em outros lugares e que, apesar de ainda merecerem muita discussão, não cabem neste espaço.

    Por conta do meu trabalho, perdi um pouco a possibilidade de rir daquele vídeo, mas tenho certeza de que corroer-se em gagalhadas, “A Encantação pelo Riso” seja a melhor maneira de demolir o moralismo e a hipocrisia. Portanto, “Ride, ridentes!
    Derride, derridentes!“

    Para quem quiser pensar mais sobre o que não cabe aqui, e em especial para o Nando, sugiro o texto do Tom Taborda, “Sobre a Demanda Permanente das Drogas”:

    http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/jd080820012.htm

    Pessoalmente, compartilho a maior parte as opiniões dele. Tem também a discussão no blog da Cora Rónai, com as tão necessárias opiniões divergentes e convergentes nos comentários:

    http://cora.blogspot.com/2004_05_01_cora_archive.html#108364640581654684

    Como trilha sonora, a canção que considero absolutamente definitiva sobre o assunto, um bando de tantãs que sabe do que está falando, tocando o cerne da questão.

    http://www.youtube.com/watch?v=N8VSI-0GN2E

    E vocês? Têm sede do quê?

  51. Hermano Vianna disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 10:52 am

    Caetano: a hora do blog e’ tem mesmo algum defeito: hoje está normal, mas ontem não estava… o pessoal da administração técnica ainda não descobriu qual o problema… tem também a ver, acho, com as horas dos nosso computadores, nem sempre sincronizados com a hora certa…

  52. Vinícius Vargas disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 12:29 pm

    “enfrentar desenhos rítmicos do samba”

    Lendo João Cabral vejo o enfrentamento dos desenhos de Mondrian. Na sua canção vejo o enfrentamento do desenho linguistico de Joao e consequentemente de Mondrian..

    A sensação de desenhos rítmicos e outros eu tive ainda criança, anos 80/90 ouvindo vc, quando nao sabia de João nem Mondrian…

    Ultimamente, isso, o CÊ, …, são um fluxo constante em mim.

  53. Lenartei disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 12:43 pm

    Marilia, gostei de ler (no primeiro comentário) tua referência sobre “caretano” e redução de danos. Para mim, ainda, ela faz sentido muito mais ao falar da autonomia das pessoas que usam drogas, ao reconhecermos que elas sabem mais sobre drogas do que muitos especialistas, e que, por isto, é necessário um respeito mínimo, um diálogo sem pedestais. Aliás por isso mesmo acho a palavra “paciente” de muito mal gosto no trabalho em saúde, e não somente para quem usa drogas. Porém, com quem usa drogas ela infelizmente soa como quase um elogio, como se enxergássemos novamente algo de humano em meio à devassidão hedonista (que encontramos por exemplo na Veja falando do Fábio Assunção).

    A maioria das pessoas “drogadas”, ou seja, que se encontram sob efeito de uma droga, não são atendidas ou são mal atendidas nos serviços. É como uma punição moral: “vamos atender a vida dos que valem mais a pena”. E aí, colesterol alto também não pode né? Ninguém mandou comer, fique de castigo no corredor. Então, acho que é por aí o nosso caminho… não me parece o bastante falarmos da Redução de Danos somente para reconhecermos quem usa drogas como pessoa humana e de direitos. Mesmo porque nem todas as pessoas que usam drogas desenvolverão necessariamente relações viciadas. Tem também toda uma coisa a ser combatida, do “médico que tem que dar o exemplo de saúde perfeita”. Uma bobagem, hospital não é igreja, trabalhadores/as da saúde não são padres.

    Eu uso drogas e trabalho e pesquiso com Redução de Danos, e quando li o Caetano frisar (em outro post aí) que “odeia maconha como quem odeia pepino”, me senti muito mais contemplado. É exatamente isso. Droga é subjetividade e cada pessoa é um universo de expectativas. Muita gente usa agenciando prazer e vida, outros usam e se dão mal; o importante é não generalizar. “Legalize porque é natural” não soa tão bem, mas o “drogas nem morto” é horrível. Como disse também a Rita Lee: “Diga não às drogas - mas seja educado: diga não, obrigado”. Ou então, na conversa entre a Sandy e o João Gordo, naquele programa divertidamente sacana que ele tinha na MTV:

    - Cê já fumou maconha? Nunca deu um pega?
    - Não.
    - Mas tem a manha de passar o beck na roda né?
    - Claro que sim.

    Penso hoje que Redução de Danos não é só este “jeito legal de ser careta”. Ela já passou disso e hoje, felizmente e para o bem de todos nós, pode ir além e alcançar todo um modo de falarmos dos prazeres e do livre uso de corpo e mente, sem confundir “educação” com “imposição de moralidades cristãs”. Assim como com o sexo: não há coerência em manifestarmos repúdio às coisas que não nos dão tesão, ou querer que todos sintam tesão pelo “certo” e broxem diante do “errado”. Afinal, não é novo também o entendimento de que buscarmos “a saúde ideal” seja uma idéia rasa e potencialmente danosa, já que tanto “saúde” quanto “drogas”, hoje em dia, infelizmente estão na vida vivida sobretudo como mercadorias.

    ======================

    Gaúchos e gaúchas ouvem muita “axé-music”, pagode, sertanejas e também as músicas gaúchas, que são como que sertanejas, só que “menos cowboys” - na minha cabeça, estão muito mais para o Mato Grosso do Sul do que para São Paulo. E de fato, têm entre jovens classe média ou alta uma cena indie forte, especialmente universitários (estudantes de publicidade e afins). Apesar de gostar do indie rock, vejo a cena de Porto Alegre como algo não muito atraente. Criei-me em Gravataí (cidade próxima à Porto Alegre), e estou em Salvador há seis meses. Não vi cena indie aqui, e talvez porque eu esteja frequentando os lugares certos (rs). Aqui em Salvador se aceita mais naturalmente o fato de existirem “músicas de festa”, para serem dançadas; vi que nos jornais aparecem até detalhes como por exemplo: “a música de trabalho de fulana para o carnaval 2009 é tal”. Em Porto Alegre, isso soaria quase como uma desmitificação do fazer artístico para o público indie, que ainda se importa muito com uma certa estética roqueira que desumaniza (ou faz endeusar) as pessoas que sobem no palco. A linguagem desse jornalismo seria muito mais indireta.

    No carnaval de trio elétrico (coisa que não rola em Porto Alegre, pois no máximo temos os desfiles das escolas de samba), sinto uma empatia direta, palco e platéia compartilham da dança, da festa, do espetáculo, não há carnaval sem o público.

    Aliás, nesse contexto todo de palco/platéia, acho bem interessante ver a atração que geram as bandas indie-funk nesse contexto, porque o funk tem uma referência muito mais explícita ao corpo na dança e a estética indie é bem “careta”.

    =================================

    Agora mesclando os dois assuntos (drogas e indie-rock, ao menos em Porto Alegre), tenho certeza que faria mais sentido no carnaval de Porto Alegre “PÓ PARÁ COM A RITALINA” do que “COM O PÓ”, e não sei se digo: “infelizmente”, porque as pessoas levam isso mais a sério. Quero dizer, embora quimicamente sejam duas drogas quase idênticas, é muito diferente usar Ritalina porque “meu médico diz que eu preciso”, do que usar Cocaína porque “eu tô a fim de curtir”. A diferença nos dois tipos de uso está justamente naquele papo da “autonomia” ao fazer uso de nossos próprios corpos, e também naquilo que faz as pessoas agirem tal e qual como “pacientes”, quando falam de sua própria saúde (de suas próprias vidas). Ritalina tá dando dinheiro pra caralho, só não supera o Viagra (esse, literalmente faz jus à essa expressão, rs). Agora nos EUA já tá rolando uma pressão científica (“neutra” como toda boa ciência, é claro), para legitimar o uso de drogas farmacêuticas na otimização de corpos e mentes que são saudáveis. A indústria sacou o uso de cocaína pelos yuppies na década de 80, e “viu que era bom”. O papo é esse: pode-se usar drogas, desde que continuemos (nós, cientistas) ditando o que é bom e o que não é. Então entra em contradição quando sabemos que há todo um aprendizado no uso de drogas que se dá no corpo e na subjetividade – enquanto que a indústria farmacêutica só enxerga as pessoas pelo viés do varejo.

    Só não vou falar se prefiro uma coisa ou outra, que é pra não contradizer aqueles princípios da Redução de Danos - respondo por mim (como quem diz que não gosta de pepino), que eu prefiro a neblina da ganja…

    Abraços

  54. gil disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 1:32 pm

    bacana Lenartei, muito bacana

  55. DIMAS ROQUE disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 1:34 pm

    PERDÃO MAIS EU ERREI O POST. Este deveria vir para cá.

    Estava eu passeando pelo belo visual do Raso da Catarina nas cercanias da cidade de Paulo Afonso na Bahia, quando me deparei com o famoso iluminado Zezim de Cumade Zefa. Foi ele com a sua magnífica inteligência que me aproximou da escrita de um tal Luís Fernando Veríssimo. A despeito das criticas recebidas pelo Presidente Lula quando proferiu o antes nunca falado em público por qualquer pessoa, SIFU. Ele mês explicou falou que alguns amigos do Caê ficaram horrorizados com aquilo ao terem seus ouvidos agredidos. Mas o velho sábio e morador do Raso estava confuso. Seriam eles artistas? Seriam eles membros da Opus Dei? Pelo sim pelo não, ele me mostrou uma transcrição que foi encontrada em pergaminhos datadas da idade dos presentes ao tal evento.
    Segue a transcrição para que Caê tome conhecimento de que outros pensam diferente. Sem polemicas. A não ser que seja para estar em evidência.

    Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.

    É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a “vulgarização” do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.

    “Pra c******”, por exemplo.

    Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que “Pra c******”?

    “Pra c******” tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra c******, o Sol é quente pra c******, o universo é antigo pra c******, eu gosto de cerveja pra c******, entende?

    No gênero do “Pra c******”, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso “Nem f****o!”.

    O “Não, não e não!”, assim como o “Absolutamente Não” já soam sem nenhuma credibilidade.

    O “Nem f****do” é irretorquível, e liquida o assunto.Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência.

    Solte logo um definitivo “Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM F****DO!”.

    O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Caetano Veloso.

    Por sua vez, o “porra nenhuma!” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.

    Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um “é PhD porra nenhuma!”, ou “ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!”. O “porra nenhuma”, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

    Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um “p***-que-pariu!”, ou seu correlato p***-que-o-pariu!”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um “p***-que-o-pariu!”dito assim te coloca outra vez em seu eixo.

    Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

    E o que dizer de nosso famoso “vai tomar no c..!”? E sua maravilhosa e enforcadora derivação “vai tomar no olho do seu c…!”. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável , se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: “Chega! Vai tomar no olho do seu c…!”.

    Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

    E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: “F*deu!”. E sua derivação mais avassaladora ainda: “F*deu de vez!”. Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar:
    O que você fala? “F*deu de vez!”.
    Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de “f***-se!” que ela fala.

    Existe algo mais libertário do que o conceito do “f***-se!”? O “f***-se!” aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.
    “Não quer sair comigo? Então f***-se!”. “Vai querer decidir essa m**** sozinho (a) mesmo? Então f***-se!”. O direito ao “f***-se!” deveria estar assegurado na Constituição Federal.
    Liberdade, igualdade, fraternidade e f***-se!

    (Luís Fernando Verissimo)

  56. Ricardo de Alcântara disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 1:58 pm

    O descontrole sobre a repercussão do que se diz é uma questão que vivenciei aqui no blog nos comentários do post anterior. Qualquer som reverbera, qualquer palavra escrita ou dita cintila. A clareza da concepção no instante em que se diz o que se quer dizer, nos caminhos entre o cérebro e a língua, ou a mão, desvanece nos descaminhos do espaço amplo e externo ao ser: a clareza da concepção não é a clareza da captação, muito menos da repercussão. O que se fala, o que se publica, é imprescritível e o entendimento do outro que escuta e repercurte é líquido como o som do Radiohead, em sua interessante propriedade de tomar a forma do invólucro definido para o compartimentar. O que Lula disse a quem o escutou de corpo presente no momento em que o som “sifo” saiu de sua boca, tomou determinada forma no interior de cada um que estava lá, tendo gostado ou não, de uma maneira que não é a mesma percebida por quem leu a expressão nas manchetes dos jornais. Por motivos ortográficos, por motivos ideológicos, por diferentes representações sociais sobre o que é um presidente e o que representa a figura de Lula, “sifu”, como foi escrito e posteriormente lido em letras grandes nas páginas dos jornais (e sites de notícia), deve ter causado uma tremenda repulsa em quem já não gosta de Lula. Em quem gosta, um riso a mais. Em quem não gosta nem desgosta, mil coisas, inclusive reflexões e apontamentos pertinentes sobre a moralidade imbecil e imbecilizante de nossos jornalistas até na forma de definir as letras para compor uma palavra. Lula não “sifu” ao dizer “sifo” como quiseram fazer parecer, nem precisa da pesquisa do datafolha, basta saber que o brasileiro nem sempre olha apenas para o que lhe apontam.

  57. Lucesar disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 2:02 pm

    Caetano cantando Nelson Cavaquinho, pensaram que eu não tinha não é ??? Pode não ser “Rugas”, como desejaria Salém, é mais simples, no entanto, igualmente comovedora e linda, linda como “YOU’VE CHANGED” interpretada por Exequiela.

    Caetano cantando A Mangueira me Chama:

    http://www.youtube.com/watch?v=fTMwbHTFvZ8

  58. Socorro disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 2:51 pm

    Sinto discordar de você e concordar com os jornais, mas concordo com aluns comentários aí em cima: não existe a palavra “sifoder! o que há é a expressão se foder, que pronunciamos, principalmente se estamos com muita raiva, se fuder. Portanto, se a palavra que o presidente usou não não existe oficialmente, tem que ser grafada como se fala, “sifu”. Quem leu, entendeu na hora o que ele quis dizer. Penso que a linguagem, principalmente dos jornais, tem que ser assim, mesmo que em algumas situações se assemelhe a banheiro de boteco. Que eu gostava muito de ler. Tinha pérolas do baixo-astral.
    Mas hoje estou feliz da vida! É dia de festa na Conceição e o Glauber Rocha vai reabrir. A Praça Castro Alves é do povo!

  59. Carlos "Alemão" Moura disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 3:11 pm

    Tá cada vez mais complicado acompanhar tudo por aqui. Ainda mais com trabalho…graças a Deus!

    Teteco,
    Grande abraço. Ainda vou cair em São Luis, a caminho de Ubatuba.

    Labi Barrôca maravilha,
    Língua piguesa é genial. A do Cazuza era charme total.

    Lenartei,
    Drogas, tô fora, tô dentro, tô fora, tô dentro. Sem apologias, sempre. Cada um sabe onde mete o nariz, o quanto sofre e o quanto é feliz, feliz…

    Salem,
    Ouvi Roberto e Caetano cantando Wave, na “MPB FM” daqui de Sampa, sob o céu de Santo Amaro, a avenida. Senti que não é fácil dropar essa onda, não. Na língua do surf, João Gilberto é o local desse pico.

    Abraços mui carinhosos a todos!

  60. Julio Vellame disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 3:49 pm

    Hermano Vianna, não creio que seja a hora do computador, pois quando posta ele não copia a hora do meu….

  61. Julio Vellame disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 3:53 pm

    Caetano levantou uns exemplos desconcertantes com relação ao uso da fonética das ruas. De fato me incomoda e deve incomodar a todos os defensores do sifu aqui no blog “cumi” “chuveu”.

    Onde está o limite? na licensa poética vale tudo (ou quase tudo) e na prosa?

  62. Luis disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 4:32 pm

    Este post criado me pareceu pouco feliz. Claro que aqui se fala de tudo. É um post tergivesável. Podemos falar sobre drogas, interminavelmente. Podemos falar do Latim arcaico, barbaro,medieval, tardio até chegarmos ao latim extinto. Podemos derivar sobre o português brasileiro e o portugues de Portugal, com, ou sem as nossas neuroses perfeccionistas. Podemos aprende acentuação das palavras e o que vem a ser uma silaba tônica e toda uma série de regras gramaticais que o nosso conservadorismo nos impõe exigir. Podemos falar em mudanças e continuarmos falando em cinema, ou nos antigos bacanais dos primordios dos tempos e de mil e uns sifus das nossas vidas. O fato de Lula ter dito que não se deve dizer a um paciente que ele tá fodido é uma realidade e ele quis dizer isso como quem abrevia a palavra porra, dizendo “pô”. Algo do tipo : “Um pouco mais de respeito pelos vivos, pô!” Todo mundo sabe que Pô não é pó e que é uma abreviação de PORRA, que Faustão diz tranqüilamente. Sacanagem sempre foi uma palavra liberta no Rio, mas na Bahia era palavrão. Sei não, achei este post um pouco diversionista para fugir daquele papo blue da Helô (perdão pela intimidadade), ou um tanto quanto chegado ao FHC, de triste recordação. O post também pode ensejar recordações sobre Collor de Melo que dizia ter a “binga roxa”, ou falarmos do Ciro que mandou alguém a puta que pariu, ou do político que deu colchão ao povão e disse que ninguém mais dormiria na “cama de pau duro”. Vamos falar do maculelê e segurar o lelê do sifu, numa boa. Ah, antes de terminar o meu blá, Monteiro Lobato tinha um personagem intrigante que fazia uso do pó de pirlimpinpim (era assim mesmo que se escrevia). O pó, pra os inocentes, era cocaina, que o Eric Clapton canta divinamente bem (Cocaine). Sou contra o uso de drogas, mas defendo a liberação das mesmas. Não acho que seja caso policial, mas um problema de saúde pública. Não uso… aliás… nós todos usamos tantas drogas cotidianamente que sequer sabemos. Cigarro e alcool são duas terriveis drogas liberadas. A maconha - que já fumei - eu achava que fazia menos mal, mas tem lá seus problemas. Mexe com a concentração e a memória, sim. Mas não nego que tem seus lances positivos. Tenho muito medo de sermos patrulhados pelo tráfico que se esparrama pelos podres poderes e se espraia por todos os cantos usando a linguagem da violência mais bestial de todas. A vaca está no brejo, dizia Tuzé de Abreu. E agora, filho de “seu” José. Hoje somos todos “Josés” e de algum modo Manés porque sempre esperamos que alguma coisa caia do céu, tipo Deus Dará. Por favor, corrijam este texto apressado, ponham os acentos, coloquem as virgulas e tudo mais que for aprazivel. Somos o Brasil que erra e o Brasil que conserta. O Brasil que diz e o Brasil que faz. E o nosso português não se tornou independente, continua sendo “português do Brasil”. Isso é hilário. Que deriva, deriva, mas poderiam falar BRASILEIRO. Eu falo brasileiro e fim de papo. Não tô com saco de corrigir nada, pô!

  63. Marcos Lacerda disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 4:32 pm

    Gente, que bacana o texto do Salem sobre a canção “Lapa”. É uma aula sobre “canção”. Acho que o Salem tem razão, muitas canções demoram para nos sensibilizar,e as melhores canções que já ouvi e ouço até agora, foram justamente as canções que não gostei quando as ouvi da primeira vez. E salem tem razão novamente: precisamos voltar a ouvir as canções do disco.
    Curioso, é só Caetano fazer comentários sobre seus gostos pessoais que já cria uma estranha agitação entre os que aqui escrevem. Claro que é possível entender isso, levando em consideração que caetano é um personagem importante da Cultura brasileira, muito além de um cancionista, aliás em matéria de capacidade para manipular bem a língua portuguesa para fazer canções, acho Paulo Cézar Pinheiro, Aldir Blanc E Chico Buarque, melhores. Mas o que é mais intrigante é que as canções do Caetano são mais interessantes que as canções dos compositores citados, e muito disso se dá por conta da presença de Caetano como figura ímpar no campo cultural brasileiro.
    O blog é ótimo porque nos dá condição para refletir sobre estas e outras questões, além de criar um contato que seria impensável em outras situações. Caetano, você vai escrever livros, pretende dar continuidade ao Verdade Tropical?
    E cinema? Eu gostei muito do “Cinema Falado” e fiquei curioso em saber se você continuará fazendo ensaios para ensaios de filmes possíveis.

  64. Fernando Salem disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:10 pm

    Cacilds!

    Que coisa linda, Lucesar! Não sabia que Caetano tinha cantado A Mangueira Me Chama. Bonito mesmo.

    Valeu

    beijo na testa

    salem

  65. a.c. disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:14 pm

    toda droga tem o seu barato. seu pirilimpimpim…
    e o axé-católico também.(não sou católica nem nada, mas sabe como é, muita gente é)
    e é novidade.
    pra mim ainda é surpresa ver bateria e amplificadores num altar.
    com o tempo a música de dentro das igrejas, universal e católica, pode chegar às referências eletrônicas e poéticas das mais requintadas.

  66. Lucia Alves disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:14 pm

    Escreve-se cada dia pior neste país.

    Os jornalistas (novos e velhos) parece-me que adotaram outra língua, erram tudo toda hora.

    Ficam todos dizendo que na “internet pode escrever errado”. Por quê???

    A língua portuguesa é um código - lindo - mas um código. Do mesmo jeito que a nossa senha de banco (exemplo feio, mas funciona).

    E, pura opinião, quem aprendeu a ler e escrever - parcela privilegiadíssima da população brasileira - tem o dever social e humanitário de contribuir com quem não teve acesso às salas de aula.

    Sem patrulha, mas não podemos “axar” que pode tudo.

    Caetano, você não prestou atenção, mas eu já havia falado deste estranho fenômeno da hora do comentário há alguns posts atrás. É um mistério…

    Beijos para todos.

  67. Julio Vellame disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:24 pm

    É difícil escutar Wave depois de João. Essa é a verdade SALÉM!

    Estava justamente no carro escutando a versão de Caetano e Roberto e comentando sobre se alguém além de João tinha feito uma boa gravação dessa melodia espetacular.

    - Ninguém lembrou de nenhuma gravação!

    Parece que quando Caetano começa ou Roberto ou algum estrumento parecem dar o tom. É meio estranho…

  68. Carlos "Alemão" Moura disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:28 pm

    Salem,

    A música é a sua praia. E nela você desfila suas manobras com maestria, à la Kelly Slater ou Pepê. Por isso mesmo te invoquei, te convoquei, te provoquei.

    O meu lance com a música é apenas instintiva. Sinto e me emociono. Bate.

    Sempre achei Roberto e Caetano feras. O Rei praticamente a trilha da minha infância, redescoberta na juventude. Caetano, não. Esta trilha veio depois, depois que se aprende a ouvir música e letra e harmonia e melodia. Aprender como emoção, ok? Sem formação técnica.

    Quando escrevi “não é fácil dropar essa onda, não”, não tinha intenção de um “não tem Roberto e Caetano certo”, conforme me ensinou o dicionário de baianês.

    Mas queria registrar o que senti: um grande esforço da parte deles em levar uma onda que em João Gilberto parece tão natural – principalmente quando o tom vai lá pra baixo, o esforço é incrível (foi o que me pareceu, instintivamente).

    Não fizeram feio. Jamais fariam com a qualidade e a experiência que têm.

    Gostei da onda deles, também. Mas a de João é Pipeline quebrando 12 pés tubular.

    Grande abraço!

  69. Nando disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:33 pm

    Caetano, passei batido quanto à acentuação tônica. Você está corretíssimo.

    Quanto a moralismo e cafajestada, não consegui sacar. Muita gente fala (principalmente no sudeste( “sácánáge”, mas sempre escreve corretamente: “sacanagem”; carioca diz algo como “aí é fuóda”, mas todo mundo escreve “foda”.

    &

    Lucesar, você existe mesmo? Puxa vida, muitíssimo obrigado por todas essas maravilhas.

  70. Nando disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 7:42 pm

    Para encerrar, penso que o correto seria grafar como “Se fo…”, já que não existe o termo.

  71. Ro Costa disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 8:08 pm

    Caetano, os jornalistas reproduziram o que o Presidente disse, não?
    Sifu ou sifo? Dentro desse contexto: declaração de um presidente para a nação me deixou com uma sensação de desleixo, de tanto faz, de falta de seriedade.
    De um lado os jornalistas adoram pegar no pé do Lula e enquanto que ele adora aparecer na mídia. Como naquele ditado: falem bem ou mal mas falem de mim… Não sei quem me cansa mais a mídia ou o Lula. Humn… os dois.
    Forte abraço, Roberta.

  72. Fernando Salem disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 8:15 pm

    Oi Alemão

    Eu embarquei na onda do Rei com Caetano.

    Só achei a voz do Caetano meio afundada na mix em relação à do Roberto que está mais à frente. Na verdade a voz do Caetano está do jeito que eu gosto, mais misturada ao som da banda. Principalmente em se tratando de um disco ao vivo.

    Wave é um standart. Está no Real Book. É tocada pelo mundo todo. É difícil mesmo escutá-la, depois da gravação do João Gilberto. É uma gravação antológica de um cantor-autor.

    Roberto e Caetano gravaram Wave numa outra onda: como crooners. O que, convenhamos, não é pra qualquer paneleiro. É uma interpretação exata, respeitosa, enxuta e sem firulas.

    Seria um tanto esquisito se ele impusessem um jeito autoral de cantar uma canção assim. Aliás, eles tiveram esse critério em quase todas as músicas do show. O que fez do show, na minha modesta opinião, um acontecimento histórico.

    Na crista dessa onda as manobras radicais são o de menos. Não há acrobacias na arrebentação. Aí sim, cantar pode ser como surfar. E Caetano e Roberto surfaram em Wave.

    Ouça de novo sem pensar numa “new” wave. Mas na velha onda da bossa nova.

    Roberto é bom de onda desde o Broto do Jacaré. E Caetano compôs Salva-Vidas, pra segurar sua onda.

    beijo na testa

    salem

  73. Edison disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 8:22 pm

    Sifu é um oxítono: vai sifu! O Lula disse: “meu, se fo…”, que estardalhada e equivocadamente os jornalistas transformaram em “sifu”, mas corretamente seria “sífu”, com acento no i, melhor que “sifo”. Sifo não tem a mínima cafajestada que tem sífu. O “o” átono final, de tão fraco, pronuncia-se como se fosse “u”. Naturalmente as palavras “sujas”, relativas a sexo, de tão surradas e desgastadas, perdem sua expressividade e se transformam naquilo que o povo faz delas: caracas, putz, fela da puta, paca. Não vejo moralismo nisso.

  74. Edison disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 8:38 pm

    Tarado em você não tem a menor graça que tem ni você ou nucê.

  75. Suely R disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 8:45 pm

    Caetano,
    Hoje acordei com saudades deste “canteiro de obras” e pensei que precisava arranjar tempo para vir bater meu ponto. Enquanto me dedicava a atividades mais urgentes, fui ouvindo,de novo,o CD Outras Palavras, que tem Dans mon Íle do Henri Salvador. Adoro sua interpretação e creio que esta terá sido a sua única experiência em lingua francesa. Por que você não gravou mais em francês?
    Acredito que daquela gravação para cá sua voz evoluiu e ganhou um timbre mais definido que, com certeza, resultaria em uma interpretação ainda mais bonita.
    Procurei o link desta canção, não achei na sua voz mas fica a do H. Salvador que também é linda!
    Beijo
    Suely
    http://www.youtube.com/watch?v=JDzz2KGuyH0

  76. Edison disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 9:56 pm

    Suely, Caetano gravou em 2006 “Cherche la rose”, no álbum Révérence, com Henry Salvador; mas não vale a pena ouvi-la apenas para conferir a evolução da voz ou definição de timbre, a interpretação é belíssima como a outra, cantada para Regina Casé, são dois registros distintos.

  77. Nando disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 10:16 pm

    Suely,

    A produção informa que é possível escutar Caetano fazendo biquinho também em “Cherche la rose” (canção originalmente composta para Marlene Dietrich, que com ela fez grande sucesso), belíssimo dueto com o também divino Henri Salvador no album “Révérence”.

  78. Andre Avellar disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 10:48 pm

    Caetano fui censurando aqui…
    Cadê minha mensagem?

    Bem vou repetir: na humilde opinião, o titulo do novo cd não incorpora a propaganda deste blog e tampouco as musicas. prefiro Transamaba.

    Mas a obra é sua, e com certeza irei consumi-la de qualquer maneira.

    Espero não ter errado muito o meu português. rs

  79. Cleithsania tiburcio disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 11:03 pm

    sobre o comentário 17/ Jô acredito que o caetano se referia ao fato de que; A imprensa sempre se referiu aos cantores baianos(isso há uns bons anos atrás), como um grupo que sempre se protegia uns aos outros,como se quisessem se diferenciar e se separar do resto do Brasil. no entanto quem teve esse “desejo” de ser um outro país e se tornar independente do brasil foi justamente o Rio grande de sul.por isso a música diz:
    NADA DE AXÉ DODÔ E CURUZU
    A VERDADEIRA BAHIA E O RIO GRANDE DO SUL.
    caetano se eu falei uma grande besteira por favor me corrija.
    Caetano: você assistiu o filme sobre Che, o que achou dele?

  80. Rafael Rodriguez disse:
    Dezembro 8th, 2008 at 11:24 pm

    Joana,
    Lapa sim!!!
    O “Cê” no “Circo Voador” foi inesquecível!!!
    !Caetano nas lonas culturais do Rio de Janeiro!
    Não sou de frequentar a nigth da Lapa mas sim o dia a dia… (nem nenhuma outra noite, explicando: curto mas não curto tanto, gosto de sair para conversar, de encontrar as pessoas - mas como não bebo, não fumo e nem cheiro, às vezes fico voando). Estou sempre de passagem por lá, a partir das janelas do 433 e 464, descendo e subindo as ladeiras de Santa Teresa para ensaiar, etc.
    **********************************

    *Saudosismo*
    O ano de 2006 foi renovador para mim, assisti pela primeira vez uma peça do Zé Celso (O Homem II) e no dia 19/12 assisti pela primeira vez um show do Caetano. Foram duas porradas gostosas e que mudaram radicalmente a minha via.
    Com o “Cê” ganhei muitos amigos e uma amiga em especial que colocou uma pedrinha no meu sapato; ofereceu um janeiro (2009)passeando pela Bahia - não sei como aceitar e não tenho coragem de recusar (ela sabe disso…rs).

    **********************************

    *Lula lá*
    O problema não é o palavrão, mas sim o tudo que foi dito (o contexto)… Lula mentiu para os brasileiros (para o bem ou para o mal) e assumiu a mentira alguns meses depois. E se de repente o paciente viesse a morrer?
    Quando o presidente solta o palavrão acaba por desvirtuar o debate; ao invés da imprensa focar na crise, acabou procurando um probleminha menor transformando-o em tromba-d’água.
    Foder é ótimo, o problema é nos fodermos todos nessa crise.
    Algumas pessoas próximas a mim já compararam o ocorrido com o “Aquilo roxo” do Collor.

    **********************************

    *Poparacumpó*
    “Tira o pé do chão!”, isso é platonismo puro! …risos… E uma cantora axé gospel cantando isso tem tudo a ver.

    “Drogas, tô fora” era ótimo, mas nunca representou nada a ninguém… gastava-se uma grana com a campanha, mas creio nunca ter tido algum tipo de retorno (negação da droga).

    “Injetar na sua veia o sangue que correu na cruz”
    Não difere em nada de uma Amy Winehouse só que ao contrário, trocando um vício por outro.

    “p.s: Adoraria que atentássemos mais para o vídeo de Ivete que o Rafael postou. Há algo ali. Vou tentar ver melhor com os olhos que a poesia me propicia, e volto feito peixinho - ensaboadinho - e pulante, quem sabe num texto voador.”
    (joaldo)

    Volto a postar o link:
    http://br.youtube.com/watch?v=NxFe3PuPM18

    **********************************
    “Eu era um bêbado, e vivia drogado, hoje estou curado, encontrei Jesus, encontrei Jesus, ENCONTREI JESUS…”
    **********************************

    Fiquei assustado quando escutei uma série de funks evangélicos, foi na festa de casamento de uma prima…
    Algumas dessas músicas cantavam (ao som de tiros) que homossexuais e viciados deveriam ir para o inferno - aquele funk do Caveirão com a letra trocada (seria um proibidão golpel?).
    **********************************

    Isso é curioso:
    Pastor no Baile Funk
    http://www.youtube.com/watch?v=rQV957W21v4

    Mais do mesmo:
    http://www.youtube.com/watch?v=O2CB0JpTRig&feature=related

    O mesmo pastor (Fantástico de 6 de abril de 2008):
    http://www.youtube.com/watch?v=zbg1AA9gRxU&feature=related

    Derrubando pessoas com um paletó que tem o poder de Deus (não tem a ver com funk, mas vale ver):
    http://www.youtube.com/watch?v=eie1elImGY8&feature=related
    **********************************

    Para rir um pouco:
    http://www.youtube.com/watch?v=l_a7BL0USwA&feature=related
    **********************************

    .beijo na boca.
    :*

  81. Nem Queiroz disse:
    Dezembro 9th, 2008 at 12:04 am

    Não me contento também com a expressão usada por ele. Foi uma infelicidade, muito embora tenha eu, alguma compreensão da sua intenção, contudo, compreendo ainda mais, que o presidente, por mais presidente que seja, não pode se dar a este luxo. O Lula vacilou! Modos Sr, Presidente!

  82. joana disse:
    Dezembro 9th, 2008 at 12:20 am

    pois Salem…

    tomei uma overdose de Lapa (o bairro). fui muito até lá, no circo, no estrela, muitas vezes, sempre me divertindo um pouco, mas tentando esclarecer uma situação muito desconfortável com uma pessoa, e, ao menos, fazer nascer um abraço sincero.

    a última vez que estive lá, decidi que nem na cidade conseguiria ficar, porque de divertidinho foi passando a desgastante e por fim lacrimoso.

    então, qd ouvi Lapa, juro que senti assim: sr Caetano, não me diga que vai de novo levar uma Obra até a Lapa, circo, fundição, arcos. nããããããooo!

    essa foi tipo minha primeira impressão.

    agora já não. entendi que por um abraço desse eu iria pra qualquer lugar, até a Lapa novamente. mas confesso que ainda penso: sr Caetano, outros lugares que o CÊ não foi, leva a Obra pra outro lugar…

    minha esperança foi qd soube da Menina da Ria, Portugal geralmente me acrescenta em sorrisos (e pude fugi um pouco da minha lapa…)

  83. Luiz Carias disse:
    Dezembro 9th, 2008 at 2:25 am

    Democraticamente faland e lend os posts daqui, vê-se como se disvirtua um pensamento ou vários.
    Iniciou com a polêmica frase dita SIFU, ai ja adnetrou em temas como drogas, entrevistas, pensamentos jogados de qualquer forma.
    Em minha visão pessoal, creio que música não é pra se achar graça, mais sim conteúdo e arte, quendo Caetano leu, erebateu as críticas de LObão, achei o máximo, pois o Lobão não passa de uma pessoa invejosa, que não tem talento nem pra compor, nem pra cantar.
    Agora me pergunto o porque, o título da canção Lobão tem razão, ironia profunda, em cima da própria ironia de Lobão.
    Lobão teve a ousadia de dizer que Chico Buarque não tem graça, e o pior com o aval do Nelson Motta.
    Há alguns anos atrás Caetano disse, que era melhor que Gil, Milton e Chico juntos, creio que foi modesto e verdadeiro, e também o considero melhor cantor, compositor e intérprete.
    Algumas ironias de Caetano são obras primas, outras são jóias raras.
    Caetano qual o seu gosto musical, ou qual sua tendência musical…pois sempre grava de tudo, e tudo que grava fica bom, e todos gostam.
    Gostei da frase de Caetano no especial Som Brasil, onde Caetano diz que nunca foi unanimidade, sempre cada frase, cada gesto têm um grupo que sempre se cpontrapões, questiono, é inveja ou o quê?
    Meu Rio, Sampa,Menino do Rio, Rock´n Raul,Nu com a minha música, Menina da Ria,Onde o rio é mais bainao,Trilhos Urbanos,Tempo de estio, dentre muitas outras, são canções que representam cidades que Caetano canta e encanta, pois todas são lindas de se ver e ouvir, e a última delas, é do Cê Minhas Lágrimas e Lapa, são as últimas artes em progresso de Caetano.
    Agora pergunto diretamente ao Caetano que conhece e entende todos os gostos musicas do país, qual a diferença de levar a sonoridade de um transamba para o Brasil, e qual o melhor som que o Brasil gosta ou quer ouvir? É transamba, é rock, é axé, é pagode, é sertanejo?
    Pois de todas essas idéias malucas que relato aqui, creio que muitos se perguntam?
    Caetano sempre inova, e sempre redescobre novos tons, novos sosns e novos dons.
    è isso por hoje, grande abraço a todos, e o SIFU ainda renderá muita discussão.
    Luiz Carias.

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