Tipo typo no fubá (19/09/2008)
No dia em que acordei com a notícia de que as bolsas caíram depois de o governo americano ter injetado 85 bilhões de dólares na seguradora AIG, quero falar rápido sobre dois livros que estou lendo. “O que a esquerda deve propor”, de Roberto Mangabeira Unger, e “In Defense of Lost Causes” (“Em defesa de causas perdidas”), de Slavoj Zizek. Ambos ousam ir além do impasse da esquerda. Zizek, na mesma linha em que protesta contra o café descafeinado, ressuscita os terrores de Robespierre e Stalin para desqualificar toda a ênfase nos direitos humanos como desejo de “fazer a revolução sem revolução”. Mangabeira aconselha, detalhadamente, que façamos exatamente isso. Proponho que quem me lê aqui leia “O que a esquerda deve propor”. É um livro pequeno mas muito denso (embora claro) e intenso (embora sensato). O livro de Zizek ainda não foi traduzido em português. Há exemplares em inglês nas livrarias boas do Rio e de Sampa. É longo e intenso. Às vezes não tão claro, embora seja muito mais pop do que o de Mangabeira, que tem, apesar de tudo, recato acadêmico. Mangabeira é um basileiro inteligentíssimo que fala excelente português com sotaque americano e teve o livro traduzido por Antônio Risério, pois o escreveu em inglês. Zizek é um esloveno inteligentíssimo que fala inglês com um sotaque jupteriano mas escreveu seu livrão em inglês mesmo. Sou muito mais Mangabeira. Zizek, que é tão heterodoxo nas citações e referências (vão de Spielberg a Heidegger, de Hegel a Mel Gibson, de Walter Salles a Jidanov), é 100% ortodoxo em relação aos conceitos marxistas de “proletariado”, “capitalismo”, “luta de classes” etc. – e dos dogmas da psicanálise, tal como foram reenergizados por Lacan. Mangabeira, que não menciona Monty Python, já escreveu a crítica mais contundente que já li sobre o conceito marxista de “capitalismo”. Enquanto Zizek parece ter em mente as filas de operários de fábrica que salvariam o futuro da humanidade, Mangabeira diz que a esquerda errou estrategicamente ao desprezar a bequena burguesia. E a crítica feita por Mangabeira à produção intlectual recente (que parece se comprazer numa montanha russa de idéias chocantes) se aplica justamente a Zizek. Mas o livro de Zizek é excitante. Ele não defende o terror sem nos ilustrar sobre meandros incríveis do stalinismo. E sua erudição (cinematográfica, filosófica, musical) é gigantesca e desembaraçada. Seja como for, esses livros de recuperação do projeto da esquerda me atraem. Pois o que me atrai no projeto liberal é que ele tem se mostrado à esquerda da esquerda tradicional. Tenho horror ao conservadorismo estreito. E não sinto que o mundo em que vivemos está belamente organizado. Odeio o lucro levando monstros a contaminarem o rio Subaé com chumbo e mercúrio. Detestei cada passo da política de Bush e acho que já devemos há um bom tempo pensar nos Estados Unidos em termos realistas mas nunca submisso. Mangabeira: a hegemonia americana deve ser admitida de fato mas não de direito. O grande escritor Luís Fernando Veríssimo disse uma vez que no futuro a briga vai ser entre os comunistas e as bichas. É apenas uma piada boa e errada (piadas não precisam ser corretas). Mas se fosse mais do que isso, Veríssimo talvez já saiba de que lado ele ficaria. Tenho certeza de que eu estaria com as bichas. Digo sempre que sou melhor do que Gil, Chico e Milton a jornalistas que pensam que é modéstia minha (falsa ou verdadeira) dizer que não me acho um bom músico. É uma piada absurda para que eles percam o direito de pensar assim. Mas há algumas coisinhas que me fazem às vezes crer que sou mesmo superior a todos eles. Por exemplo: sou irmão de Maria Bethânia. O texto de Zuenir sobre “o primeiro a gente nunca esquece” diz o que se deve sobre o surgimento e a trajetória luminosa de minha irmãzinha. Não tenho nenhuma rotina. Esqueci os poucos exercícios vocais que fonoaudiólogas me ensinaram quando tive uma rouquidão renitente, faz uns anos. Mas lembro de um som que parece arroto que relaxa as cordas vocais e/ou limpa pigarros. Apesar da dolorosa visão de “Perdeu” – e do protesto explícito de “Base de Guantánamo” – grande parte das canções do disco que está saindo desta “obraemprogresso” é animada por um sentimento otimista a respeito da vida brasileira. Com as notícias de hoje e as leituras de que falei, minha desconfiança na economia de mercado está abaixo de minha crítica esquerdizante. “Lobão tem razão” é a canção mais à esquerda, dentre as politicamente “irresponsáveis”. Li na semana passada que Lula tem o mais alto nível de aprovação até hoje registrado. Me senti em sintonia com o povo brasileiro. Eu também venho sentindo mais aprovação interna à figura de Lula do que antes. Mesmo quando votei nele, votei sem esperar chegar a gostar tanto. E olha que até chorei na cabine. Mas a sorte dele – um dos elementos mais fortes de sua personalidade pública – precisa chegar a superar o baque que Brasil e Rússia sofreram com a crise (de raiz americana) do mercado globalizado. |
ESQUERDA À ESQUERDA À BETHÂNIA:
QUE PODE SER MELHOR QUE BETHÂNIA? TALVEZ, TENHAMOS A RESPOSTA NA PONTA DA LÍNGUA: ELA MESMA A CADA DIA, A CADA CANÇÃO QUE INTERPRETA – CONVENHAMOS: SER IRMÃO DE MARIA BETHÂNIA, POR SI, DEMONSTRA O ESPLENDOR DE ESTAR ALÉM DE TUDO… DA DIREITA DISTORCIDA E DA ESQUERDA ESFORÇANDO-SE PARA IR UM POUCO MAIS PARA O CANTO RESERVADO DAS REFORMAS INTERNAS QUE JÁ DEVIAM TER ACONTECEDIDO – E AGORA ACONTECEM – PARA A FELICIDADE DO BRASIL.
CAETANO: POR FAVOR, VISITE O MEU BLOG (astripasdoverso.blogspot.com)! NÃO VOU DESISTIR, VIU!!!
Um forte abraço e toda luz do mundo PARA VOCÊ!!!!
ADRIANO.
É CAETANO É PURA stand up comedy….mais que cantor é polemista da melhor qualidade….
Vamos por partes:
De onde vem a admiração de caetano por mangabeira?
Que idioma fala mangabeira?
Como mangabeira foi nomeado a apr de suas ligações com figuras recentes do noticiario policial
A ESQUERDA NÃO TEM MAIS O QUE PROPOR…a esquerda acabou…..a globalização, o multiculturalismo, a internet bem como o ideario de poder na america latina e seu projeto de poder totalizante a la morales chavez e que tasi faz pensar que esquerda hoje é sinonimo de populismo…
arnaldo jabour escreveu o que é lula no seu ultimo artigo no o globo desta semana….é definitivo…..
luiz fernando verissimo é genio nada mais declarar…..
Recuparação do projeto de esquerda?caetano vc pirou?
NÃO CONHEÇO ZIZEK?MAS O TITULO DE SEU LIVRO É PERFEITO e ao mesmo tempo um paradoxo….se a causa é perdida não tem defesa….
abraços nelson
ps:acho que a briga não vai ser entre bichas e comunistas e sim entre famintos e totalitarios
ou entre áqueles que tem energia e água e aqueles que não vão ter….a proposito do rio subaé
detalhe acho que o titulo do post ficaria melhor, mais original e regional se fosse:
O Brasil está sem assunto, segundo Arnaldo Jabor. Se aumento de PIB, crescimento econômico, melhor distribuição de renda e elogios externos como o do primeiro-ministro norueguês não contam, então eu não sei o que é assunto. Lula é o nosso único acontecimento? Não, ele é a fonte de todos os nossos bons acontecimentos. É isso aí, Caetano, nós que elegemos o Lula podemos e devemos ter esperança sim.
Caetano,
cheguei à obra com 5O% dela iniciada, e desde então tenho acompanhado tijolo por tijolo. Acho muito divertido e instigante seus papos sobre música, Política, língua portuguesa e as pedras do calçadão da Barra, aqui em Salvador.
Do transviado Zizek, gosto muito. Do oblíquo Mangabeira, desconfio.
Só estou sentindo falta de um assunto, o qual sei que você adora: Cinema.
Semana passada estrearam Salvador dois filmes que considero importantes: “Linha de Passe” e “Ensaio sobre a Cegueira”.
Eu sei que todo mundo tá curioso pra ver “Ensaio Sobre a Cegueira”, afinal tem o livro de Saramago e todas as outras questões urgentes que o filme levanta. Mas seu possível sucesso corre o risco de eclipsar uma pequena jóia: o Belo e Calmo “LINHA DE PASSE”, de Walter Salles. Calmo porque mostra que também se pode filmar a tensão da vida periférica sem câmera “tremida” e com hiatos para reflexão, e Belo porque o filme é uma linha (esta sim, tremida) que atravessa (e ultrapassa) o estigma “social” porque aponta para o inefável. Tudo fica “apenas” humano.
Talvez aja entre estes dois filmes uma estranha oposição.
Aquilo que em “… Cegueira” se dissolve na brancura da nossa insensibilidade cotidiana, em “Linha de Passe”, clama por tornar-se visível, quer vir à luz, e não, sumir nela.
Se já os tiver visto gostaria de saber sua opinião.
Linha de Passe, particularmente, não aponta no sentido das possibilidades latentes que você, com seu sensato otimismo, sempre detectou no Brasil?
caetano,
as vezes atribuo as palmas a capitão nascimento como uma manifestação atávica às vais que vc levou em são paulo, ao cantar é probido proibir, na década de sessenta. pra mim, que não li o suficiente para dizer o que vou dizer, o maior erro das esquerdas foi ter acreditado ser possível ignorar o desejo do indivíduo por meio da força. freud vence marx nesse ponto crucial, já que quem mora no morro muito quer ir pra barra - mas não cabem todos na barra ou ipanema ou leblon. para o capitão nascimento, traficantes e usuários são igualmente culpados pela violência no rio. como convecer o usuário que seu desejo deve ser inibido, já que gera tanta violência? como convencer os ricos a dividirem sua riqueza? pra quem as leis funcionam? vemos a classe média, que adora picasso porque é fino adorar picasso, criticar lula por ampliar o bolsa família. já vi alguns desses pequenos burgueses dizerem que pagam imposto para sustentar vagabundos. e penso que esse argumento camufla o desejo de ter o dinheiro de seu contra-cheque todo pra si. talvez por isso, não podemos ignorar os pequenos burgueses, que com um baseado na boca, aplaudem o capitão, vaiam o lula, e depois vão dormir. tranqüilos, já que a culpa social, de alguma forma, some entre a carreira e o desconto em folha.
trafegar por Santa Teresa à tarde num dia de semana vindo da exposição do Luís Trimano na Academia Brasileira de Letras e encontrar sem querer uma moça chamando um taxi que não pára sugere um convite para uma carona. ela olhou assim, e topou. vc vai pra onde? é pra lá que eu vou…é… o táxi não parou. era a Bia cuja filha de 29 faz Física como Moreno. Vc tem visto o blog? claro! Já falou lá? Já sim. Caetano é tudo. pois é…o Moreno tem porque fazer Física…Caetano é um gênio…o blog é o maior acontecimento cultural do ano…afinal Madonna e Noviça Rebelde…francamente né…pois é…mas tem Bethânia aí…Brasileirinho…
Caetano,
Adorei seu blog. Também acho que a esquerda precisa reorganizar e repensar seu jeito de mostrar a cara.
Bem, não me meto a falar tanto…só queria dizer que aqui, em recife, sentimos muito sua falta nos carnavais. O gil já veio, e, quem sabe um dia, mesmo que por umas horinhas de nada, você deixa salvador e corre aqui pra cantar um frevinho ?
Sua nova fase é sensacional…enfim, não me atrevo a falar mais nada..sou apenas um pequeno fã aqui do nordeste
Um chêro.
Caetano, nao esqueca de considerar que Lula esta colhendo frutos que Fernando Henrique plantou.
Esse album londrino (que abre com “A Little More Blue”) é muito subestimado (nem o próprio Caetano costuma valorizá-lo). Só a versão pungente e “existencialista” de “Asa Branca” já vale o disco inteiro. Curiosidade: “Maria Bethania” foi gravada pelo supremo Scott Walker, com direito até aos “nham-nham-nham” finais.
É impressionante como o brasileiro adora ser oposição.
Agora que temos um lider que pensou no povo, entrou, bem ou mal, nas suas casas, deu dinheiro, estabilizou os juros, conseguiu privilegiar tanto a moeda nacional, por tanto tempo (uma pena esta subida do dolar agora, mas que está, obviamente ligada a crise americana), olhou para o povo como para o empresário, sem parcialidade, agora que o desemprego foi reduzido e que o brasileiro, faminto, tem um prato de comida na sua mesa, realmente acho que fica bem dificil continuar falando mal do Lula.
A maior potência do mundo entra numa crise de proporções alarmantes.
E o Brasil vence tantas batalhas neste mesmo e exato momento.
Problemas para solucionar? Sim, temos muitos…
Mas duvido que o governo que vem por aí, se for da oposição, consiga resolve-los melhor do que nosso atual presidente, com sua garra, seu carisma e sua vontade de mudar.
Foi além de tudo um homem que quis mudar!
E para ele deixo uma frase que não me lembro bem de quem é. Para ele, e para nosso Brasilzão:
“Somos o que fazemos. Mas somos muito mais, o que fazemos para mudar o que somos”
Caetano,
Sou Franco-Brasileiro e honestamente posso dizer que precisamos de mais pessoas como voce aqui no velho continente. Hoje em dia, ja podemos ver que o Capitalismo transformou o mundo em um circo cheio de ironias e contradicoes. Desculpe o meu pessimo Portugues, mas com certeza comprarei esse livro do Mangabeira que parece ser bem interessante. Quando terminar, talvez eu volte a escrever aqui. Boa sorte com seus projetos.
PS- Adoro o seu album “A Little More Blue Than Then” (especialmente porque vivo em Londres)
Um Abraco
ABRAÇOS FRATERNOS!
ADRIANO.
Será o grande escritor Luís Fernando Veríssimo quis dizer que as bichas são neoliberais?
Mangabeira Unger é um brasileiro que precisa de terceira pessoa para traduzir seu livro para o português, mas que, ainda assim, se candidata a ser Presidente do País em que nasceu e cuja língua quase ignora. Este fato basta para descredenciar-lhe…. Ainda assim, comprei seu livro e estou disposto a “dar-lhe uma segunda chance”. Vamos ver…
Caetano,
Seu otimismo em relação ao Brasil chegou a me tocar. Aos 29 anos de idade ando tão desanimada com a política brasileira que não sei o que será de mim após os 30, quando haverá uma revolução interna em meu ser (hehehe). Mas como militante da comunicação social e da saúde pública - sou jornalista e sanitarista - e acompanhando de perto as ações de gestão da prefeitura de Recife e do Governo Estadual de Pernambuco de um lado, e a violência, miséria e carência de tantas coisas por parte das pessoas, por outro, não tem como eu ficar tão otimista. A realidade dos sem tudo é dura e crua, como a imagem de uma criança desenhando e pintando no meio de um entulho enquanto sua mãe separa o lixo para reciclar. (imagem vista da janela de um prédio na zona de sul de Recife).
Beijos saudosos meus e do jomard Muniz de Brito!
(Aliás, Scott Walker - o cara que tem um violoncelo na voz - ter gravado “Maria Bethania” torna Caetano duplamente melhor do que Chico, Gil e Milton :))
rapaz, depois da exumação do texto do cara do estadão fiquei cabreiro de escrever pelaqui. mas é irresístivel. em todo caso a liberdade de quem escreve e de quem fala tem que ser total, desde que minimamente se saiba onde se está transgredindo. a língua é nossa pátria e quase tudo que nos resta nesse brasil transvaronil. seus textos, caetano, dos 70, são livres a dar com pau. mas o que queria mesmo registrar é que o brasil tem que ter como projeto prioridade 1 a educação total. na era da física da partícula estudantes pobres mal tem noção de espaço e tempo. será q já perdemos o bonde irreversivelmente? vou morrer lamentando ter vivido num país q negou seu povo e não o aceitou. eu queria poder falar de proust enquanto espero o ônibus. queria ouvir tom zé e as variações goldberg na rádio diariamente. mas nem tenho ônibus decente e drummondianamente afino o coro dos descontentes… xau!
Seu ser NU sempre provocou polemicas. O que a gente ama e recusa: o NU dos nossos herois. Quem está NU encontra abrigo!!!! E sempre há de econtrar!!!! Adoro te saber neste mundo, perto, de alguma maneira. Beijo, lica* cecato
Caetano, honestamente, não acho que Mangabeira tenha algo a dizer. E esquerda, comunismo, vale como análise história, deste que foi o grande equívoco no passado dos homens e mulheres de boa vontade. Estávamos todos redondamente enganados. O saldo do comunismo é o sucesso da China, que oferece a maior oferta de mão de obra escrava da história da humanidade, em troca de uma pitade de conforto para o trabalhador. E o saldo do capitalismo é uma sociedade doente, à beira do colapso.
Porque a questão é muito mais humana do que qualquer outra coisa. Não adianta. A esquerda foi sempre tão injusta quanto a direita, ou o centro (talvez a mais cruel, a mais torturante das posições, seja na política profissional, como na pessoal (o indeciso calado), ou inter-pessoal (o indeciso escancarado).
Quando escutei “Pedro Pedreiro” do Chico, pela primera vez, eu tinha 12 anos, o ano era 1978, e descobrir que ele tinha feito a canção aos 20 anos, me travou de susto. Achei, na época, ele muito novo para sacar tão longe.
Quantos Pedros Pedreiros foram salvos pela esquerda? Nem um. Já quantos patrões de Pedros foram salvos tanto pela esquerda quanto pela direita. Talvez todos.
Esse, de agora, crash dos EUA só reforça o de sempre: não há nada no mundo, há muito tempo, que desvie a atenção do ser humano do capital. Como se ele fosse um deus (qualquer), quando não, ele, o capitalismo, não passa de uma besta. Provavelmene a do apocalipse.
Agora te pergunto (e nos respondo): segundo a ONU, 33 milhões de pessoas estão infectadas pelo HIV no mundo; segundo a mesma ONU, 900 milhões de pessoas passam fome (não vontade, fome mesmo - sim, porque para a maioria das pessoas, fome, parece, é vontade de comer alguma coisa), e o que toda essa dialética sobre esquerda e direita fez por isso? O que toda essa dialética fez pelo mundo, desde sempre? Não que não seja necessária a idéia (longe disso), o debate, uma posição, um lado pelo qual se embrenhar, mas tirante a própria alma do conversê todo, o que de fato, esquerda e direita, representam, hoje? Nada. Nenhuma das duas faz NADA, de fato, por ninguém.
Também sou muito otimista quanto ao Lula. Até porque na primeira semana de mandato, ele arregaçou as mangas e foi fazer seu corpo-a-corpo ativo. Lembro como se fosse ontem, d’ele dizendo “Plantem. Dêem um jeito, mas tenham uma horta, nem que seja no quintal”. Tudo bem que uma semana depois ele já estava engessado pelo nó na gravata, mas ele tentou.
A luta de classe, que já vinha em coma, morreu. Não porque tenha perdido sua força, sua verdade. Morreu pq perdeu adeptos. Estão todos endividados demais atrás do american way of life brasileiro, ao menos por aqui, para pensarem em lutas de classe.
Aliás, hoje está do jeito que o diabo gosta: a pior elite, a mais feladapeuta, que nasceu com a primeira instituição financeira no Reino Unido, nem precisa se preocupar. Ninguém sequer percebe mais que é escravo. Está todo mundo muito preocupado em chegar em casa, nem que seja quase à 1a da manhã, para olhar os eletro-eletrônicos recém-adquiridos, e ir dormir, sonhando com a aposentadoria para poder curtir os os eletro-eletrônicos, um dia, quem sabe, se não morrer antes “de susto, de bala, ou vício”.
Mas vamos em frente. Tá certo que, desde que o mundo é mundo, é assim: tudo pelo poder.
Por isso mesmo está na hora de mudar.
Beijo
Pelo o que entendi, Caetano, o Slavoj não protestou contra os “descafeinados”. mas sim, usou do fenomeno virtual capitalista para falar da dessubstacialização que remete “um respeito repugnante pelo o outro”.
“De cada cual según su capacidad, a cada cual según su necesidad” Lástima que como siempre adoptan esta consigna socialista pero para ayudar a los más poderosos. Cientos de miles de millones de dólares para hacerse cargo de bancos en quiebra, para financiaciones privilegiadas pero ni un centavo para los más necesitados (necesidad: Carencia de las cosas que son menester para la conservación de la vida). Pirómanos tratando de apagar incendios! Habrá que ver si se ahorcan con la cuerda que vendieron.
Sentimiento optimista: Pienso que es lo que más se necesita, sobre todo en los pueblos latinoamericanos. No sé en Brasil (me imagino que pasa en todos los países de Latinoamérica) pero los argentinos somos una queja caminando… TODO siempre está mal: “Este país de mierda!” es frase repetida. No digo que esté mal reclamar a los gobiernos pero hay que terminar un poco con la actitud paternalista inmadura de desplazar toda la responsabilidad a ellos y quedarnos de brazos cruzados. Pienso que lo que nos va a salvar son las acciones individuales y comunitarias. Menos queja y más acción… por mínima que sea.
Por último, gracias Leozinho por contestar mi pregunta sobre tu rutina vocal. Te preguntaría más cosas pero no quiero abusar de tu gentileza (x ahora).
1B
Caetano:
Aquí en mí país está difícil!, acreditar. Yo contemplo con más resignación que con entusiasmo, el escenario político. Sinceramente no creo en la “política”; si en hombres y mujeres con buenas intenciones, pero,es que la historia suele cambiar con más frecuencia de protagonistas que de “argumentos”. Si algo compromete el porvenir de un país no es, el destino que pueda llegar a correr el “envase de las ideas” sino el propósito que gobierne su “lectura”; y NO TODOS SABEN LEER!.
Yo continuo preguntándome hasta cuándo?, puede esperarse que los “libros” contribuyan a que los hombres (POLÍTICOS)se transformen en lo que debieran ser para la “vida-social” gane en calidad la orientación que los tiempos aconsejan. En un mundo donde la crueldad se ejerce sin tapujos y en nombre de todos los dioses.
No debiéramos fundar en las presuntas virtudes de un tiempo venidero la esperanza de que las cosas que hoy nos afligen mañana ya no lo hagan, sino en la evidencia, brindada por el pasado, de que las cosas, sean ellas favorables o no, siempre han cambiado.
Parezco pesimista?!, aquí brincamos dissendo: que una persona “pesimista” es un optimista bien informado(rsrs). Al menos, para mi, en lo particular es el pasado-y no el futuro-lo que me da mejor apoyo a una razonable expectactiva de “transformación”.
Con respeto a Brasil y a Lula, yo desde esta orilla lo siento en tu misma sintonia, apruebo junto con “seu povo”, muchas mejoras, aunque se sabe que falta mucho más, pero yo como uruguaia veo Brasil un país inmenso, comparando los 3 millones nuestros con sus 180 y pico de millones de habitantes que ustedes son…¡cómo para que nó me sienta eu pesimista!(rsrs).
Prezado meu ex-ídolo, quando eu era alienado intelectualmente , Caetano veloso:
Caetano, considerei a declração do Lula sobre o casamento gay histórica para quem defende uma esquerda renovada e arejada. O que você achou?
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/09/17/lula_defende_uniao_gay_afirma_que_hipocrisia_sobre_tema_deve_acabar-548272979.asp
à Helena Cardoso, o Lula também plantou muita coisa. Já está na hora de vermos os resultado da política de Lula como resultado dela mesmo. Concordo com ela que exite uma saúde institucionl da democracia brasileira que é de maner as políticas de estado tais como elas se encaminham, isso, inclusive, tem a ver com qualidades dos servidores públicos. Mas a vulnerabilidade maior a crises é obra do Lula. O Brasil do FHC tremeu diante de uma crise de pequenas proporções como a crise do México e foi pras cucuias com a crise da Russia. Mantidas as mesmas condições daquela época, hoje teríamos fácil o nível do desemprego subindona casa das dezenas de milhões. Essa é a crise mais grave em décadas, portanto, devagar com o andor. Abraço
Será que ainda há lugar para essa dicotomia conceitual? Direita e Esquerda? Me parece que são roupas velhas que já não servem mais para vestir essa hiper-realidade mutante da pós pós-modernidade. Estamos diante de um momento de perplexidades, uma oportunidade fantástica para nos despirmos de farrapos teóricos. Nao sei se o melhor é propor um salto para a transgressão metodológica e epistemológica ou fazer uma canção.
estúdio stúdio estúdil !
plis plise please
su vox es una cosa
nona penas su vox voice, pero su voice ser
estac um blog como esse respira
respirai-nos, te quero muita vida
loving soul much
eu qquero casar com a ana do comentario 27 e quero que caetano seja nosso padrinho isso claro se ela já não for casada …….
canção do futuro casamento :vc é linda claro caetano veloso…..
é brincadeira mas toda brincadeira tem uma potencialidade de verdade…..
abraços ana
Ser irmã de Bethânia é covardia…mas tudo bem, ela tbem é irmã sua, e se quiser usa esse trunfo…Vou procurar Zizek hj, o cenário econômico atual esta me causando arrepios e chego até a mudar de canalqquando começam a dar os dados com aquela voz de anúncio funebre…Mas o melhor de tudo é pder dialogar vcom vc sobre esses temas e saber o que vc está lendo…Os typos n foram propositais..rrsss…
Aprova ao presidente de “esquerda” que pratica “direita”?
Abraço,
Leandro
O que a esquerda deve propor em defesa de causas perdidas? gosto da solução “revolução sem revolução”. gosto do Zizek no Zizek, embora não tenha lido o livro dele. Será se o Encarnação por ser conhecedor das causas, saberá propor um discurso sem ser monólogo?
Essa idéia histórica de ESQUERDA/DIREITA está presa ao nosso imaginário político.
Durante anos essa visão binária facilitou a nossa vida. Era simples: “de que lado você está?”.
Agora entramos no mundo da política tridimencional. E é aí que eu (bem ignorante na matéria) gosto de discordar concordando com Caetano. Nunca entendi direito o fascínio que ele tem pelo Mangabeira.
Na minha miopia política sempre achei o Mangabeira meio desencontrado. Mas uma coisa está clara: a política se descolu da reflexão acadêmica. Virou um videogame de economia. Um mega-banco-imobiliário.
Nada é mais forte do que um banco imobiliário americano quebrar diante do mundo. E pra fazer o Mao tremer na tumba, os chineses estão socorrendo bancos no coração do capitalismo. Isso seria impensável há uma década. Nenhum acadêmico da USP pode antever esse furacão.
É quase romântico acompanhar as pessoas que “pensam” política profundamente e no mesmo dia assistir ao Horário Eleitoral Gratuito. Quando FHC foi presidente ainda havia uma certa idéia de política e vida intelectual poderiam se unir. Deu merda. Embora até respeite FHC, acho que tanto ele quanto Lula estão ancorados na política econômica.
Os game-maníacos da economia estão no comando e o pensamento dos intelectuais parecem não acompanhar a voracidade dos fatos.
Lula deu mais sorte que FHC. Pegou uma maré favorável. Não tenho certeza, mas dá a impressão que há um tanto de sorte nisso.
Caetano tem uma tocante sensibilidade política. Parace mixar sua leitura erudita com uma percepção coloquial das coisas. Tô nessa. Mas ler Mangabeira me deu preguiça. Sem Caymmi e sem Dercy, ficamos menos intuitivos. E tudo parece meio sem graça.
Se Gabeira estivesse no topo das pesquisas talvez meu interesse tosco pela política se excitasse novamente.
Fiquei com inveja ao saber que Caetano chorou diante de uma urna.
AMADO CAETANO,
QUERO EXPOR UM TEXTO QUE FOI POSTADO NO BLOG DE SEU AMIGO ILUMINADO ANTÔNIO CÍCERO O QUAL NOS REMETE PRONFUNDAMENTE AO CONTEXTO DA SUA POSTAGEM. ABAIXO DA POSTAGEM DELE O MEU COMENTÁRIO. UM GRANDE ABRAÇO E QUE O BLOG CONTINUE ESSA DÁDIVA ÍMPAR QUE ESTÁ!
“Sobre a popularidade de Lula” (TEXTO DE ANTÔNIO CÍCERO)
LULA MERECE merece os altos índices de aprovação que tem obtido. E o mais notável é que os merece enquanto frustra as expectativas tanto dos conservadores antipetistas quanto dos radicais de dentro e de fora do PT.
Os conservadores temiam, antes do primeiro mandato de Lula, a volta da inflação galopante, a declaração de moratória, os distúrbios sociais, o colapso das instituições, o caos. Os radicais basicamente torciam por tudo isso, sendo que, no lugar do caos, esperavam uma ampla mobilização popular que culminasse com a substituição da democracia representativa por uma “democracia direta” (leia-se: “ditadura populista”), tendo em vista a realização de “transformações estruturais”, isto é, de uma revolução meio cubana, meio pacífica.
Nada disso aconteceu. Contra as expectativas tanto dos conservadores quanto dos radicais, o governo de Lula tem basicamente se mantido dentro dos marcos do Estado de direito.
Hoje os conservadores – que entretanto, no Brasil, jamais morreram de amores pela democracia – temem a implantação de uma ditadura populista. Infelizmente, certos atos promovidos ou apoiados por alguns dos radicais do PT – tais como o mensalão, certas tentativas de intimidar a imprensa, a campanha pelo terceiro turno, a campanha pela “democracia direta”, a prática de agências de segurança ilegalmente espionarem até membros do Judiciário e do Legislativo, a lenidade para com os atos ilegais do MST etc.– não nos permitem descartar como simplesmente ridículos tais temores.
Já os radicais se mantêm fiéis a dois dogmas. O primeiro é o de que não será possível realizarem-se as “transformações estruturais” de que, segundo eles, o Brasil precisa, sem a substituição da democracia representativa por uma “democracia direta”. O segundo é o de que essas “transformações estruturais” se fazem necessárias porque, a menos que as realize, o Brasil jamais será capaz de resolver ao menos quatro graves problemas: (1) a dependência em relação às metrópoles capitalistas e às flutuações financeiras internacionais; (2) a estagnação ou a regressão econômica; (3) a submissão de grande parte da população brasileira à miséria absoluta; e (4) a manutenção ou o aumento da disparidade de renda entre os brasileiros mais pobres e os mais ricos.
Dado que ainda vivemos numa democracia representativa e não numa “democracia direta”, é claro que, de acordo com o primeiro dogma, não se puderam realizar as tais “transformações estruturais”. Segue-se, de acordo com o segundo, que nenhum dos quatro graves problemas mencionados pôde ser resolvido.
Mas, a meu ver, o mais importante feito de Lula foi ter conseguido a diminuição significativa de duas infâmias que pareciam indissociáveis do nosso país: a altíssima disparidade de renda entre os mais pobres e os mais ricos, por um lado, e a miséria absoluta de grande contingente da população, por outro. O progresso na luta contra esses dois horrores foi obtido não só pelo aumento do salário mínimo e a geração de empregos formais, mas também por meio da implementação efetiva de programas sociais como, em primeiro lugar, o Bolsa Família.
Em suma, contra as previsões dos radicais, o Brasil hoje (1) tende a se tornar menos dependente das metrópoles e das intempéries financeiras, (2) cresce economicamente, (3) vê diminuir a população sujeita à miséria absoluta e (4) vê diminuir a disparidade de renda entre os mais pobres e os mais ricos.
Ou seja, mesmo dentro dos marcos do Estado de direito e da democracia representativa, as coisas estão bem mais sujeitas à transformação do que rezam os dogmas. Mas é inútil esperar que os radicais, abrindo mão dos seus dogmas, abram os olhos para a realidade: esta já os deixou para trás há muito tempo.
COMENTÁRIO MEU PUBLICADO EM SEU BLOG:
CÍCERO,
ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL
Não tenho nenhum amor a causas perdidas: melhor inventar novos caminhos com mais otimismo. Estou lendo esse livro do Mangabeira (peguei a indicação no blog)e me pareceu memso interessante. Mais interessante pela postura de deslocamento do foco de trsnaformação, do que pelas propostas práticas… Aí na vontade do novo por vezes Mangabeira se torna pouco pragmático: o preço da posição poética talvez seja esse. Gosto dos curto-circuitos da forma de pensar do Zizek e acho legal que ele seja tão pop-esquerda como um punk rock gritando anrquismo calçado no velho all star. Todas as estrelas apontam pro sonho americano, mas cada uma é a fogueira de uma tribo de índios (que virá)
Abs!
Adriano Oliveira
Ah… me lembrei de algo engraçado a respeito dessa história de Caetanno-Chico e Milton.
Quando Caetano lançou o disco BICHO fui ao show. Havia espaço pra dançar. Eu era da Geração Odara. Gabeira havia sido fotografado de tanga em Ipanema.
Minhas irmãs mais velhas e engajadas diziam que aquilo era “alienação”. Ainda tentavam ver mensagens cifradas nas letras do Chico. Coisas que nem ele sabia.
A Abertura política deixou a esquerda meio desléxica. E eu, moleque, era visto como um cara despolitizado.
Mais tarde entendi, que Caetano, Gil e Gabeira tinma comportamentos mais políticos do que qualquer militante.
Graças a Caetano pude escutar Chico Buarque sem o filtro redutor dos fãs esquerdistas.
A elite cultural esquerdista estava ficando atônita. A democracia colocou Hebe Camargo na coluna da Joyce Paskovitch. Eduardo Mascarenhas dando dicas de psicanáliese na revista Contigo.
Nessa época fundei uma banda chamada VEXAME com a Marisa Orth. Cantávamos Odair José e Fernando Mendes com o respeito que eles merecem. Havia uma espécie de desrecalque da minha geração, tão tachada de alienada. Estavamos sintônicos com o período político.
A música das rádios AM saiam do quarto de empregada e invadiam a sala de visitas da burguesia. Deixamos a vergonha de lado.
Hoje, quando eu paro no farol e escuto a música de Arlindo Cruz vinda de dentro de uma Pajero, penso no tanto que o Brasil mudou.O sucesso do filme “2 Filhos de Francisco” também é um resultado emocionante desse período em que a esquerda elitista perdeu o monopólio da cultura.
Gil no Ministério foi um passo histórico nessa direção. Enquanto os filhotes da Embrafilme reclamavam o seu sustento, Gil distribuiu recursos pra fazer as maravilhosas Casas de Cultura.
A eleição de Lula também está nessa direção.
Ontem Antonio Cícero fez uma resenha brilhante na FOLHA sobre a decadência dos radicais da esquerda.
Espero que Mangabeira pense o Brasil com esse vetor. Caetano sei que pensa.
É por isso que a palavra ESQUERDA ainda me incomoda. Foi graças a essa divisão binária que tanta gente não entendeu Nelson Rodrigues, Glauber Rocha e Caetano.
O verso mais político da época da abertura foi de Caetano” “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”.
Um desses versos, que mesmo depois do tempo passar, não dá vergonha de achar bonito. Ao contrário de algumas canções de protesto que me deixam constrangido.
Falar sobre crianças índigo e deixar no ar é impossível. Não, não é só a sociedade que corrompe o “homem bom”. Lembro de uma matéria sobre uma cantora de ópera descoberta numa favela do Rio. Neste exemplo, a sociedade próxima (teoricamente já corrompida - pela pobreza) não só deixou de corrompê-la como teve que engolir sua ascensão. De onde veio esse “dom”? Por que ela e não outra? Mero acaso? Ou teria ela adquirido seus dons? Adquirido de que maneira? Tá, não vamos entrar em especulações.
Deixo algumas sugestões de leitura, sobretudo ao Caetano: Sergei Prokofieff, Bernard Lievegoed, Rudolf Lanz, Evelyn Scheven, Karl König e Rudolf Steiner (este antes e acima dos outros).
O grande inimigo não é destro nem canhoto. É a ignorância.