Um dos textos Rio/Sampa (22/03/2009)

UM DOS TEXTOS RIO/SAMPA
22/03/2009 5:14 am

(O outro é tão longo quanto: não tive tempo de reescrever e já já o posto também. E tem comment longo no post anterior: não estou fugindo da nossa discussão de boteco virtual: só quis dar um passo.)

Vejo o Rio da perspectiva da Zona Norte: passei todo  o ano em que completei 14 (um ano crucial na vida de qualquer um) em Guadalupe. Na época, o bairro não tinha nome. Não era um bairro. Era a “Fundação da Casa Popular”, criada pelo governo e colada a Deodoro. Eu ia de trem para a cidade, passando por Marechal, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Cascadura, Madureira, Riachuelo, Méier, Engenho de Dentro, Quintino (com aquele coretinho na praça em frente à estação), Encantado, Mangueira… Não mencionei todos, nem na ordem certa, como fazia de cor quando era jovem. Ou então de ônibus, passando por Irajá, por Parada de Lucas, Penha, Ramos… E a cidade era a Cinelândia, para ver filmes em sessão-passatempo ou grandes produções; era o Tabuleiro da Baiana, no Largo da Carioca; era principalmente a Praça Mauá, onde ficava a Rádio Nacional (lá eu vi Emilinha, Trio Irakitan, Ângela Maria, Cauby, João Dias, Dolores Duran, Marlene, Zezé Gonzaga, Neusa Maria, as orquestras de Radamés Gnatalli e Lirio Panicalli – nos programas de Paulo Gracindo, César de Alencar e Manoel Barcelos. Às vezes no “Marlene, meu bem”, que era uma espécie de “I Love Lucy” feito pra rádio mas com cenário e tudo para quem estava no auditório).

A Zona Sul a gente alcançava via Jacarepaguá, onde ficava a casa de Dalva de Oliveira. Passávamos primeiro por Realengo e Bangu, tomávamos banho de mar no Recreio dos Bandeirantes e voltávamos por São Conrado, Leblon e Ipanema – parando no Arpoador – depois Copacabana, Botafogo, Flamengo, Glória e da cidade direto para a Avenida Brasil. Esse era o périplo que Carlos, meu primo policial na casa de quem morei nesse ano (1956: Vinícius e Tom lançavam “Orfeu da Conceição”), fazia. Quando eu saía com Minha Inha (a prima que me trouxe para morar aqui, longe de meus pais e meus irmãos por um ano), ia a Niterói, tomar banho no Saco de São Francisco (era minha praia favorita e amo Niterói até hoje de todo o meu coração, inclusive com raiva das piadas que cariocas fazem a respeito da cidade).

Quando Bethânia veio fazer o Opinião, eu vim de irmão mais velho. Ela ficou em Botafogo, na casa de Rosinha Pena (que foi mulher de Glauber Rocha) mas eu fiquei no Méier: Minha Inha estava morando lá, casada com um português. Era um bairro que eu já amava desde os 13 anos: seu jardim à margem da estrada de ferro, o cine Imperator (enorme, luxuoso, confortável e popular), tudo. Enfim, quando voltei da Bahia em 66 para ficar, fiquei na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, quase esquina com Santa Clara. Depois fui para o Solar da Fossa, que era onde hoje é o Rio Sul, na boca do Túnel Novo.

Depois Sampa, Londres, Salavador de novo. Na volta para o Rio, morei no Leblon, Jardim Botânico, Ipanema e, agora, Leblon outra vez. Por causa do AfroReggae me liguei a Vigário Geral e lá voltei muitas vezes. Já fui em bailes funk na Mineira, no Alemão e em Cidade de Deus. Sendo que, até morrerem meus primos mais velhos (e, para minha maior tristeza, uma das mais jovens também, Tânia Maria, que foi promotora pública atuante contra grupos de extermínio, correndo corajosamente risco de vida), eu ia regularmente a Guadalupe, à mesma casa onde morei. Moreno me acompanhava e Zeca chegou a pegar a fase final. Tom é o único que não freqüentou. Em compensação, dos meus três filhos, é ele, por causa do futebol, quem mais vai à Zona Norte hoje: joga sempre lá, treina lá e seus maiores amigos são de lá.

Cheguei a Sampa com Bethânia em 65. Achamos que parecia uma cidade do interior. E supusemos que os passageiros dos ônibus fossem estrangeiros, por causa do sotaque italianado. O clima era muito provinciano. Não se viam namorados se beijando na boca na rua, como era comum em Paris, no Rio ou em Santo Amaro. Os cinemas da Ipiranga ostentavam cartazes gigantes pintados a mão e não permitiam que os homens entrassem sem paletó. As moças na rua pareciam tímidas e desarrumadas, com os cabelos oleosos. E as pessoas bacanas que fomos conhecendo tinham nostalgia do Rio, da Bahia, do Brasil. As mulheres ricas elegantes que pintavam no teatro para ver Bethânia eram arrumadas demais, ninguém vinha de cara lavada, cabelo nos ombros e calças jeans. Eram peruas pintadas e cheias de jóias. Não foi fácil gostar de São Paulo. Mas me apaixonei pelo teatro de Augusto Boal (o “Zumbi” era uma maravilha) e pelo Oficina (“Os Pequenos Burgueses” era uma montagem que parecia européia, com uma atuação de Fauzi Arap de fazer tremer).

Bethânia, Gal, Tom Zé, Pitti, Gil e este transblogueiro que vos fala atuamos numa peça musical de Boal chamada “Arena Canta Bahia”, sem sucesso de público ou de crítica, mas de grande valor formal e técnico: Boal treinava nosso corpo, compunha imagens perfeitas com nossas figuras. Mas, logo que pude, me mandei para a Bahia.  Quando voltei a Sampa, depois de Copacabana e do Solar da Fossa, me apaixonei pela cidade. E, seguindo um comentário de Guilherme Araújo – carioca original - , passei a achar que o Rio não estava com nada. Meu irmão Bob, que veio a Rio e São Paulo antes disso, desde sempre desprezou o Rio e elegeu Sampa. Mora lá desde os anos 60 e conhece tudo da cidade: não erra caminhos, sabe onde ficam os bairros, tudo. Nunca se sentiu bem no Rio: acha os cariocas agressivos em sua desinibição.

No período do tropicalismo, o Rio me parecia provinciano em seu metropolitanismo de país subdesenvolvido – e São Paulo com  peso internacional real, em seu provincianismo cosmopolita. Não era a metrópole do Brasil: era uma cidade do mundo. Eu via como certo que no futuro São Paulo passaria a contar mais. Nunca mudei essa visão. E hoje as coisas são assim, não mais apenas parecem que serão assim. Todos os aspectos disso se impunham à minha sensibilidade: o fato de as platéias paulistas serem a um tempo mais ingênuas e mais informadas; o jeito a um tempo receptivo e exigente das pessoas com quem conversávamos; a distrubuição pouco brasileira das comunidades de imigrantes em “colônias” um tanto isoladas – tudo contrastava com as platéias-estrela do Rio, com as pessoas blasê e pouco rigorosas do Rio, com o amálgama brasileiríssimo das etnias e classes no Rio.

Quando Verdade Tropical saiu, Marcos Augusto Gonçalves, carioca com quem fiz amizade no Rio e que hoje é paulistano de adoção e tem alta função na Folha, queixou-se de uma quase ausência de São Paulo no livro. Ele sabia que a cidade fôra tão importante na formação do tropicalismo que, mesmo com todas as menções a ela, ele achava que o livro ficava-lhe em débito. Eu detestei o número da Ilustrada (ou já existia o Mais?) dedicado ao meu livro. Mas nunca neguei que a observação de Marcos fosse fundada. Eu próprio acho que nem todas as palavras afetivas ditas sobre minha primeira casa (foi em São Paulo que primeiro tive apartamento para morar), sobre Boal e o Oficina, sobre os poetas concretos, sobre minhas farras com Chico e Toquinho (e o sex-appeal paulistaníssimo de Toquinho) põem em proporção o peso que São Paulo deveria ter naquele livro.

“Zii e zie”  é um disco todo do Rio. Seu som, seus temas, seu clima, tudo tem a ver com o fato de meus filhos terem crescido aqui – e com minha adolescência em Guadalupe. Mas sonho em lançá-lo em Sampa. O italiano do título tem vem muito da saudade de São Paulo, do prazer em ouvir e ler paulistas dizendo “tios” e “tias” (ou mesmo “tiozinhos”) para se referirem aos adultos. A presença de São Paulo em nossa mente é, hoje, a realização do que Guilherme intuíra em 66 e que me pareceu óbvio já em 67. Gil, sempre Gil, sabendo das coisas essenciais antes, tinha uma decisão pró- São Paulo mais bem desenvolvida do que a minha. Mas Gil não fala dessas coisas assim. Quem afinal compôs “Sampa” fui eu. Sinto mais do que orgulho.

Hoje São Paulo nem feia mais parece. São tantas coisas grandes e belas que a força da grana garante, é tão nítido o gume São Paulo na entrada moderna do Brasil na História – Museu da Língua Portuguesa, Racionais MCs, Cidade Limpa, Augusta sendo um Largo da Ordem-Pelourinho-Lapa mais antenado com o mundo, Sala São Paulo, OSESP – que hoje sentimos sua liderança e sua centralidade sem precisar pensar.

Demorei a conhecer paulistas que se sentissem superiores ao Brasil. Primeiro achei só os arrogantes e alienados. Só depois vi os realistas. Zé Miguel Wisnik nota que paulistas se ressentem de um deficit de brasilidade e também de uma sensação de superioridade em relação ao país. Muitos oscilam entre esses dois polos. Os queridos e úteis intelectuais da USP sempre parecem que querem salvar o Brasil de si mesmo – ou simplesmente, num universalismo marxista regional, descrêem de tudo o que for nacional. Fernando Henrique falando dos soldados brasileiros que “não sabem marchar – eles sambam” é uma caricatura disso. O livro de Marilena contra a celebração do Descobrimento é uma versão sisuda e errada do mesmo sentimento. Mas ponhamos essas desmunhecadas na conta da geração: esses ecoam ainda modos de sentir do paulista culto que leu muito nos anos 50 e escreveu muito dos 60 em diante. Porque Oswald, Haroldo de Campos e Mário de Andrade não eram assim. E o jovens pós- Zé Celso e pós Rita Lee muito menos.

Chico Buarque para mim é São Paulo. Um grande paulista da linhagem dos que sentiam o deficit de brasilidade de forma dolorosa. E se tornou o mais perfeito brasileiro-carioca simbólico de todos os tempos. Saber que o talvez maior compositor popular de minha geração é um paulista diz tudo sobre a intensidade da energia de São Paulo. E diz mais ainda sobre os caminhos misteriosos da nossa tomada de consciência desse fato e de suas projeções. É só para isso que importa o quanto Chico desaprovará esta interpretação. Quanto ao “talvez” que escrevi antes de “o maior”, ele se deve a eu ter pensado em Jorge Ben e em Paulinho da Viola: Gil e eu não me parece que estejamos no páreo. Somos relevantes pelo conjunto da obra crítica, política, teórica, comportamental que acompanha o trabalho de composição. Mas Chico é o cara da canção. E ele é paulista.



87 Comentários sobre o Post “UM DOS TEXTOS RIO/SAMPA”

  1. Gravataí Merengue disse:
    Março 22nd, 2009 at 5:33 am

    Este texto é “Sampa” em prosa.

  2. leandro disse:
    Março 22nd, 2009 at 9:27 am

    1.As cidades
    O disco “Zii e zie” apresenta de maneira proporcional a linguagem cool e relax da zonal sul carioca (é claro, influênciada pelas gírias criadas nas áreas suburbanas do Rio). Quando ouvi bala,balada(…) logo pensei: ” Caetano saca a onda”. Enaquanto a maioria dos “intelectuais” se fecham em um mundo estremamente particular,esse baiano do recôncavo, com a sua docil receptividade das mais diversas formas de cultura, deixa-se influenciar pela linguagem cotidiana de seus filhos e até da sua jovem banda. O que é natural . . . assim como na época em Sampa, em que o convívio com os Concretistas provocaram grandes marcas em sua obra.

  3. Roberto... icarowalypterossauro ... Joaldo disse:
    Março 22nd, 2009 at 10:16 am

    sonho o poema de arquitetura ideal
    cuja própria nata de cimento encaixa palavra por
    palavra,
    tornei-me perito em extrair faíscas das britas
    e leite das pedras.
    acordo.
    o prédio, pedra e cal, esvoaça
    como um leve papel solto à mercê do vento
    e evola-se, cinza de um corpo esvaído
    de qualquer sentido.
    (…)
    acordo.
    e o poema-miragem se desfaz
    desconstruído como se nunca houver sido.
    acordo.
    os olhos chumbados pelo mingau das almas
    e os ouvidos moucos,
    assim é que saio dos sucessivos sonos:
    vão-se os anéis de fumo de ópio
    e ficam-me os dedos estarrecidos.
    (…)
    …metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
    sumidos no sorvedouro.
    não deve adiantar grande coisa
    permanecer à espreita no topo fantasma
    da torre de vigia.
    nem a simulação de se afundar no sono.
    nem dormir deveras.
    pois a questão-chave é:
    Sob que máscara retornará o recalcado?
    (…)

    (Trecho de A Fábrica do Poema, de Waly Salomão, musicado por Adriana Calcanhotto, e que deu título ao Álbum da compositora e cantora lançado em 1994)

    - canção na íntegra: pela Rádio Uol -

    - como Trilha do trailer de Tecnicolor, de Luciana Penna: pelo YouTube -

    ___________

    A CIDADE FABRICANTE DE POEMAS and POETAS

    Caetano iniciando, enfim, o prometido paralelo entre as nossas duas maiores metrópoles e eu me lembrando de Waly Salomão, o poeta baiano icaropterossáurico que, embora não enraizado numa urbe específica, revela, e o poema musicado acima é por demais emblemático, sensibilidade aguda para a cartografia da vida urbana.

    Num belo texto de Anísio Assis Filho sobre essa faceta da poética de Waly - que é desses textos que em algum momento, após autorização e adaptação, adoraria republicar após lançarmos a Impertinácia -, há uma citação de de Michel Certeau (”As caminhadas pela cidade e Relatos de espaço”, em A Invenção do Cotidiano, publicado em Petrópolis-RJ, pela Editora Vozes, em 1994, p.199-200), que vale a pena transcrever, por revelar o magma de poesia contido nas cidades, na sua realidade movediça cotidiana, por si metaforizante:

    Na Atenas contemporânea, os transportes coletivos se chamam metaphorai. Para ir ao trabalho ou voltar para casa, toma-se uma “metáfora” – um ônibus ou um trem. Os relatos poderiam igualmente ter esse belo nome: todo dia, eles atravessam e organizam lugares; eles os selecionam e os reúnem num só conjunto; deles fazem frases e itinerários. São percursos de espaços. (…) Com toda uma panóplia de códigos, de comportamentos ordenados e controles, elas regulam as mudanças de espaços (ou circulações) efetuadas pelos relatos sob forma de lugares propostos em séries lineares ou entrelaçadas: daqui(Paris) a gente vai para lá (Montargis); este lugar (um quarto)inclui outro (um sonho ou uma lembrança); etc.(…) Entre muitas outras, essas observações apenas esboçam com que sutil complexidade os relatos, cotidianos ou literários, são nossos transportes coletivos, nossa metaphorai.

    Eis o texto integral de Anísio estudando a iconoclastia urbana de Waly. É um texto que bem pode nos convidar a informar ou desenvolver - pelo que a poesia propicia - uma percepção e sensibilidade mais aguçadas quanto a esse paralelo atual entre Rio and Sampa iniciado por Caetano. Ou não?

    - A REPRESENTAÇÃO DA CIDADE NA POESIA DE WALY SALOMÃO -

    __________

    Aperitivo:

    O poema <em.cidade/city/cité, de Augusto de Campos, nas versões visual (computadorizada) e sonora. Clique com o botão direito do mouse no link a seguir. Amplie a janela pra ver com inteireza e peça pra ouvir no winmedia:

    http://www2.uol.com.br/augustodecampos/09_01.htm

    P.S.: a propósito, alguém viu o curta Poema: Cidade, de Tata Amaral e Franciso César Filho?

    -Na Impertinácia, como uma das iniciativas agregadas à publicação online, contaremos com canal pra veicular vídeo-arte - e para contribuir com o desenvolvimento de novas produções, seja de gente daqui da infocaetanave, como a Chris Apovian, e quem sobe com trilha sonora de Glauber Guimarães, e participação de quem mais se interessar!

    info@impertinacia.com

  4. Baco disse:
    Março 22nd, 2009 at 12:11 pm

    “O importante nao é a terra em que se nasce mas a terra que nasce dentro de você.”

    Manuel Bandeira

  5. Fernando Salem disse:
    Março 22nd, 2009 at 12:19 pm

    Caetano

    Já havia chorado de verdade ao ler o seu último comentário no POST anterior. Isso porque na sua lúcida e sincera investida na memória, com as letras das canções entre aspas, digicantadas, me emocionaram. Retoma-las com o propósito de explicar a sua posição política é de uma beleza gigantesca. E de enorme importância pra que se entenda o Tropicalismo na sua essência poética e política. Já sabia muito sobre o que você pensa, mas… as letras entre aspas… ah! Você cantou! Ouvi! Saudosismo é um poema futurista.

    Há quem pense por aqui que sou excessivamente fã. Sou mesmo. Não me sinto diminuído sendo fã de Caetano. Ao contrário: a forma que cultivo de admira-lo me dá enorme orgulho.

    Agora, esse texto bem ao modo ego-history caetânico de escrever é um presente para o passado e para o futuro.

    Como paulista, paulistano, e típico, senti medo da beleza do Rio quando fui com meus pais pela primeira vez à Cidade Maravilhosa. Tinha 10 anos. Tive mais dificuldade de me comunicar do que se estivesse em país estrangeiro. No Rio, o corpo das pessoas falava. Eu não sabia falar com o corpo. Os intelectuais cariocas (ao contrário dos que frequentavam a minha casa) tinham charme conversando com meus pais. Nada parecido com a turma da USP que varava noites na minha casa. Mais: alcool e intelecto eram amigos.

    Estava acostumado à beleza discreta das “minhas meninas”. No Rio, a beleza indiscreta me intimidava com elas. A introversão paulistana em oposição à extroversão carioca me punham em colapso.

    Foi a Bahia e os baianos novos e velhos (de ciatas à Galvão, passando por Caymmi, João e pelos Tropicalistas) que construiram uma ligação Rio X SP mais eficiente que a Via Dutra. Os baianos já falavam com o corpo e com o intelecto desde sempre. O transdiscurso de Glauber fascinava. João cantava e canta o Rio com introversão. Caymmi fazendo sambas-canção. A Copacabana de Caymmi e a Avenida São João de Caetano.

    A Bahia com sua fúria intelectual (Glauber/Risério) e sua sensualidade pouco vulgar e atávica (Caymmi/Baby) somaram Rio e SP. O Tropicalismo foi a celebração máxima dessa união que, pra nossa sorte, não desfez as ainda pouco sutis diferenças.

    São Paulo é muito nordestina. Mais do que baiana. Quem ergueu coisas belas por aqui foram os nordestinos. Mas há um toque mais sertanejo, agreste aqui. Há mais Luiz Gonzaga que Caymmi. No Rio, há mais Caymmi que Gonzaga.

    Aqui se falou do preconceito linguístico contra os oprimidos com pouca formação educacional. Em SP ainda há um preconceito enorme contra a fala dos baianos com boa formação. As patéticas imitações de Gil e Caetano falando, como se nada dissessem, aquele “ou não” patético, a falsa idéia de que baianos fala pseudo-articuladamente pra nada dizer. Esse sim é um preconceito linguístico. E muitos intelectuais paulistas partilham dessa coisa ridícula.

    Gosto do sotaque carioca em intelectuais. Não sei por quê, na TV, eles me cativam. É como se saisse dos saraus uspianos que rolavam na minha casa e descobrisse que o Brasil é pensado fora do mundinho paulistano.

    Haroldo, Wisnik, Tatit, Zé Celso e Arnaldo: São Paulo do Brasil!

    Chico me contou muito sobre a sua infância e o futebol em SP quando conversamoa uma única vez. As idas ao estádio do Pacaembu com a mãe. A descrição detalhada das tabelinhas de Pelé e Coutinho. Mas nunca pensei Chico como um paulista.

    As melhores imagens em textos, canções e pensamentos sobre uma cidade são, em geral, construídas pelos forasteiros.

    O Rio não seria o Rio sem a voz do baianao João.

    São Paulo não seria São Paulo sem o Tropicalismo e sem Tom Zé.

    Lina Bardi, Arto, Carybé, Krajberg, Verger e Contardo: estrangeiros que se apaixonaram pelo Brasil, talvez por esse tráfego interno das diferenças.

    Rap X Funk. Bossa Nova X Sambalanço. Praia X Asfalto. Tudo isso vira bobagem, quando um baiano aparece.

    Lulu Santos cantando Rita Lee que cantou com os baianos. Esse é o Brasil.

    in test

    salem

  6. Caetano Veloso disse:
    Março 22nd, 2009 at 12:38 pm

    Rafael e turma: não é a primeira parte de um texto. É um texto que eu não tinha aprovado totalmente. O outro é outro - também esperando aprovação minha. Ele tem repetições de idéias contidas neste e tudo. Já já vou publicá-lo assim mesmo.

  7. Vitor K disse:
    Março 22nd, 2009 at 12:48 pm

    Caetano, eu já estou preocupado com o fim desse blog. Felizmente a barrinha empacou nos 80%. É muito bom entrar em contato com seu pensamento no formato prosa solta, sem revisão. Li Verdade Tropical com grande prazer, mas me pareceu que, muitas vezes, você estava procurando proteger e nomear territórios. Aqui no blog é diferente. A coisa rola como uma conversa. Me parece que essa é a melhor possibilidade para um blog.

    Abraços,

    Vitor

  8. dafne disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:05 pm

    que bom ler comparações/análises tão tranquilas sobre são paulo, rio e são pauloXrio… moro há 14 anos em sp, mas sou de fortaleza, com uma passagem de 4 anos pelo rio, e 5 por ribeirão preto…
    agora, voltando a essa dialética brasileira. tenho um carinho enorme pelo rio, esses 4 anos foram maravilhosos (1984-1987), a cidade fervia de alegria, muitas cores e sol (ouvi muito o disco cores do meus pais lá). mas sempre me incomodou no rio que a quantidade de conhecidos fosse inversamente proporcional a de amigos. relações mais superficiais, mais públicas, como se a cidade (ou a zona sul?) fosse um grande salão da corte.
    quando cheguei em são paulo, muitos anos depois, fui pego pela rixa besta. fiquei um tempo assim. mas voltando ao rio, principalmente por causa dos carnavais dos blocos, fui colocando pesos e medidas mais justas na relação entre cidades. e adorando que o rio seja o rio.
    são paulo é uma cidade que me encanta. pronto. não tem natureza, não tem beleza (aparente), mas sempre dei mais valor às pessoas que a natureza, portanto… aqui tudo é mais difícil e estranho, mas é mais forte e íntimo.
    enfim, caetano, o texto me fez lembrar de coisas boas e cidades interessantes, complexas e muito brasileiras. valeu.

  9. Frederico Augusto disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:19 pm

    A sua música: MEU RIO, sempre a acompanho como se eu estivesse passeando por São Paulo. Apenas quando vc fala da verde onda de cetim frio eu encosto novamente no Rio.
    Ao declarar, no Doc PALAVRA (EN)CANTADA, que não quer ser visto como poeta, o Buarque endossa, em disparidade a Paulo Cesar Pinheiro, que o considera grande naquilo que ele não se considera nada, sua visão segura de que toda nossa música só se faz boa como é, pelo fato de não ter sido projeto.
    Moro em SP, mas tenho meus órgãos todos colados no Rio. E mesmo sendo a sua música a minha zona norte do seu Rio, nunca me adaptarei a SP, embora tb goste daqui e tenha outras coisas coladas aqui.
    Sem música eu definho e música em mim tem muito Rio. Sou Bossa Nova incorrigível, João Gilberto e tudo por aí. Mas quero Racionais, o Funk, hiphop, Djavan, Cibele, Celso Fonseca. Music Typewriter!
    Sem música aquele São Paulo seu, de 65 é o que vibra por trás das vidraças. Sem música é como nunca ter ouvido sua voz numa rádio lá em Santos…época que descobri vc. Sem ela São Paulo é um oco que reverbera tudo aquilo que me descola do Rio.

  10. gil disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:32 pm

    acabei de ler…como pergunta o professor de ioga: observe…qual é a sensação?
    delicioso, o texto do Caetano é deslumbrante. Parabéns Caetano, é um presente o BlogCaetano.

  11. teteco dos anjos disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:45 pm

    Amei esse “pedaço” de post Rio/Sampa. Que nem Rafel, espero pelo “todo”. Ansiosamente.

    Você, Caetano, disse que quando chegou à Sampa em 65 com Bethânia pensou que os passageiros do ônibus fossem estrangeiros por causa do sotaque italiano. De certa forma, isso ratifica pra mim a crítica que fiz a Bagno. Segundo ele, a presença italiana em Sampa não interferiu no “jeito esquisito” do paulistano falar. Devaneio total de Bagno, não acha?

    Adorei saber que você considera Chico Buarque paulista. Muitos e muitos pensam assim. Até gente do Rio. E nós, aqui de Sampa, não estamos de forma alguma querendo roubar do Rio um dos seus mais brilhantes compositores e filho da terra. É que Chico foi criado em Sampa e seu samba e suas canções ( ele é mesmo o cara das canções) me parecem uma produção mais refinada talvez do coloquialismo- cosmopolita de Adoniran Barbosa, em fusão com a maravilhosa carioquice de Noel Rosa. Chico é Adoniran e é Noel. E é além dos dois, ao meu ver. Mas, concordo, é genuinamente paulista.

    Sinceramente Caetano, eu nunca soube dizer o que você e Gil são: baianos, nordestinos, paulistas, cariocas, estrangeiros. I don´t know you…

    O Miguel Wisnik tem razão. Paulistas se ressentem um pouco de um deficit de brasilidade. Mas existia e existe um mito fora de Sampa ( digo do Estado) de que Sampa era uma coisa estrangeira querendo ser brasileira. A própria afirmação de Vinícius de que São Paulo era o túmulo do samba vem muito deste mito. Sempre ouço dizer: o carnaval de Sampa imita o do Rio. Sampa quer aprender a fazer comida mineira. Mas a Leci Brandão, carioca, tem um samba em que discorda de Vinícius.
    Mas também acho exagero do Wisnik de que os paulistas se sentem superiores os restante do Brasil, em razão da grana, de uma certa vanguarda econômica, em razão até da Semana de Arte Moderna. Alguns sim podem se achar assim. Eu não. E creio que Salem também não. Ainda bem que, nós..paulistas, temos o Chico Buarque de Holanda para nos resgatar e xeque-mate!!!

    Jorge Ben é um dos meus ídolos maiores. Senão o maior. É carioca. É flamenguista ( e eu detesto o Flamengo e a religião rubro-negra em torno do Zico). Adorava o futebol de Zico e lamento que um craque como ele não tenha ganho uma Copa do Mundo. O Paulinho da Viola é também carioca. Eu adoro. Apesar de ser Portela, a música dele que mais gosto é “Sei lá, Mangueira”.

    Mas legal, Caetano, o início do seu texto, onde você conta sobre o período da sua adolescência em que morou no Rio e descreve os caminhos do trem e do ônibus. Eu nunca morei no Rio, embora já tenha estado na cidade milhões de vezes e ando de carro certinho pelas ruas do Rio. E já tomei várias na Lapa. E também já nadei no Recreio dos Bandeirantes.

    Uma curiosidade: o Renato Teixeira que fez dois comentários no post anterior é realmente o Renato Teixeira, compositor, autor de Romaria???
    Se for, digo com orgulho que ele é meu conterrâneo, de Taubaté, e que já estivemos juntos na Festa da Imaculada, acho que quando toquei com o Paranga e o Noel Andrade, mais o Toninho Matos, filho da Duda Matos, secretária de cultura da cidade. Renato Teixeira conhece muito bem Sampa e um comentário dele aqui sobre o texto de Caetano e essa coisa de deficit de brasilidade dos paulistas seria muito bem-vindo. Bjs!!!

  12. Frederico Augusto disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:52 pm

    E a idéia de lançar “Zii e Zie” aqui, faz com que São Paulo (de fato) passe a contar mais. Faz de São Paulo uma cidade que atravessa Rio, Bahia e Paris.

  13. Rebecca disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:56 pm

    Emocionante e delicada homenagem…

    Filha de pernambucano com curitibana, e mineira por escolha de amor, sempre vi São Paulo como um mímico empostado, imitando o mundo estrangeiro, querendo ser “igual” e de repente sendo (até melhor).

    Foi só mais tarde que entendi a força dos que insistem em ser outra coisa. Ingênuos e informados, exigentes e receptivos - é uma mistura bonita e forte. Você, como sempre, descreveu tudo isso muitíssimo bem.

    Só ficou um desejo aqui… Um post seu pra Belo Horizonte…

    Estamos “fora do eixo”, eu sei. Mas vá, uma enviesadinha cai bem, não?!

  14. wladimir augusto fontes disse:
    Março 22nd, 2009 at 1:57 pm

    Caetano Veloso: Il Miglior Fabbro

  15. Fernando Salem disse:
    Março 22nd, 2009 at 2:01 pm

    HERMAN- ESSE VALE

    Serra é paulistano do bairro da Mooca, filho único de imigrante italiano calabres (que tinha uma barraca de frutas) e de uma brasileira também filha de imigrantes calabreses.

    Fez engenharia na USP, mas não acabou o curso, não. Nessa época, presidiu a UNE. Acho que em 63.

    Com o golpe de 1964, foi pro exílio: Bolívia, Uruguai e Chile, onde fez Economia e se casou (com a atual, chilena). Bem simpática.

    Só voltou pro Brasil no final dos 70, quando a sua pena de prisão prescreveu.

    Mas os grandes momentos do Serra no executivo foram como Sercretário do Planejamento e Orçamento do Montoro e, vamos admitir, como Ministro da Saúde do FH.

    Fora a diferença USP X CUT, entre ele e Lula. Há a diferença: filho de imigrante italiano X filho de imigrante nordestino. Lula tem raiz operária. Serra é filho do modelo de trabalhador contemporâneo: o pequeno empreendedor, prestador de serviços (dono de barraca de frutas no Mercadão). Os nordestinos em São Paulo foram pra construção civil e mais tarde para as fábricas. Os italianos fizeram pequenos negócios e serviços.

    Essa é uma diferença de formação não-política, mas pessoal, bem interessante. Um cara de planejamento orçamentário. Sua visão liberal talvez também venha desse empreendedorismo calabres, e seu lado “esquerdo” da política estudantil.

    Me arrependi de falar da falta de sex appeal da Dilma. Erundina foi das melhores prefeitas que SP teve. Uma mulher com aspecto um tanto original. Não se parecia com os estereótipos das feministas e seu sotaque nordestino com o erre percutido tinha sua graça.

    Sempre tive simpatia pelo Serra, mas odeio as expressãoes “serrista” ou “serrismo” Não combina com ele. Ele não é dono de um “estilo” político tão rotulável assim. Diferente de Vargas, Jânio, Maluf, ACM ou Lula.

    Serra tem boas relações com o empresariado paulistano e grande simpatia da direita. A aproximação do PSDB com o PFL rende frutos até hoje, alguns com certo sabor, outros podres.

    Dilma é recente. Aparece na fratura do mensalão e no desaparecimento abrupto do Zé Dirceu. Algo que não se metaboliza tão rapidamente com toda a história que o PT ainda carrega. Pra mim, uma incógnita. Há muito trabalho de bastidores sendo feito nessa história.

    Votar em Serra é votar em Serra, não no PSDB exatamente. Dilma é uma aposta no PT contemporâneo. Mas o que é exatamente o PT que se desenha depois do segundo mandato do Lula, que tem uma presença pública tão personalista? Não sei. Tem Delfim, tem Mantega, tem Meirelles, tem PMDB com terceiras intenções, tem (ainda tem) a presença encantadora de Gil, tem Ideli (uma chata de galocha). Não tem Silvio Pereira e os aloprados, tem menos Mercadante. Mas…

    …será que ainda tem Zé Dirceu na coxia? Acho que pouco.

    A aprovação histórica do Lula tem dois aspectos marcantes: medidas populares do tipo Bolsa Família e incrível habilidade pessoal política. Uma popularidade parecida com as de quem vende muitos discos. Esteticamente tem a ver com Corínthians e música sertaneja. Algo que Dilma nem passa perto, mas pode herdar.

    Serra não é apenas a esquerda forjada na USP e no Movimento Estudantil. Há a forte experiência do exílio e o DNA calabres. Do exílio, fala-se pouco. Não foi um exílio tão celebrado como os de Arraes, Brizola e Gabeira. Serra faz pouco barulho, coisa de paulista.

  16. rafael rodriguez disse:
    Março 22nd, 2009 at 2:06 pm

    Eu havia também citado Meu Rio no tópico anterior…

    Bonito ler tudo isso, ficamos agora na curiosidade que sendo esse texto uma parte, como será o todo.

    depois volto.

    bjs.

  17. Andréia Amorim disse:
    Março 22nd, 2009 at 3:19 pm

    Amo São Paulo(minha cidade)! Adoro você e suas canções, Caetano!!
    Beijos meus,
    Andréia.

  18. Lucesar disse:
    Março 22nd, 2009 at 3:46 pm

    Sou carioca, nasci no bairro da Penha, e sempre ia a Sampa a trabalho ( as vezes penso que passei a década de 90 na ponte aérea ou na rodoviária ). A primeira impressão era mesmo a da cidade fria e cheia de irreciprocidade. Com o tempo e a viagens comecei a gostar de São Paulo de tal forma que hoje, a cada nova noticia sobre suas mazelas, tenho o mesmo sentimento de tristeza que relaciono ao meu Rio.
    É isso, a primeira impressão nunca vale para Sampa.
    Sempre me interessei pelo sentimento das pessoas quando chegam pela primeira vez no Rio. Alguém se atreve?
    Abraços

  19. erica disse:
    Março 22nd, 2009 at 3:53 pm

    ““quem ao feio ama, bonito lhe parece”. É overbo amar que explica tudo. Quem ama vê beleza real naquilo em que os vazios de amor não acham graça.”

    qd caest escreveu isso, um post atrás (eu acho), pareceu-me uma das coisas mais bonitas passadas aqui pelo blog.

    falar em Sampa sempre lembra de feio e de bonito. e o Rio, a seu modo, também.
    esse post tá, pra mim, recheado de conexões emocionais. as de caets fazendo lembrar as minhas.
    trabalhei no méier. todo mundo se divertia pq eu dizia muito que gostava de ficar andando ali pelo méier, no centro, sentia a vontade. e morava na nossa senhora de copa, quase esquina com a Sta Clara.

    São paulo já vai mais fundo…tive um rápido amor paulista, meio italiano…, que preferiu a ìtália. ai, ai, ai. mas qd era criança uma das coisas interessantes de meu pai é que ele não tinha problemas em pegar o carro e dirigir até são paulo, por umas 12 horas, com a familia toda pra visitar meu tio e avó, na época que moravam lá. conheci o mar numa dessas viagens, numa esticadinha até Santos, e como tava conhecendo, comprei meu primeiro biquini numa loja que ficava em alguma parte movimentada perto de uma igreja. é só o que lembro. biquini amarelinho. que durou anos a fio. minha visão de são paulo era aqueles prédios cinzas e mostruosos. eu olhava pra cima e só via essas coisas, e já naquela época, eram poucos os dias que dava pra ver o céu. sempre lembro do cinza de lá. e de eu, junto com outras crianças entrando nas filas, perto dos natais e saindo com um sorriso de orlha a orelha por ganahr um desses pacotes de presentes que eles distribuem pra criançada, tendo um brinquedinho e uns doces. eu ficava maravilhada por me chamarem e dizerem ” entra na fila, vai pegar o seu”. só qd cresci fui entender que era algum projeto pras crianças carentes das áreas que meu tio atendia como religioso. eu ficava impressionada com o ajuntamento de crianças e todas ganhando coisas! achava o papai noel o máximo! e não entendia pq meu tio morava num prédio grande, com muros imensos, completamente isolados do mundo de fora. eu subia no terraço pra olhar a cidade e via as outras casas, mas aqueles muros tavam sempre fechados, me sentia numa fortaleza sem graça, isolados dos outros.
    a melhor parte da viagem era voltar deitada no banco de trás, por cima dos meus irmãos, de tão pequena.eles sentavma pra eu deitar por cima. numa época em que nem se falava em cinto de segurança. até as velocidades eram outras.

  20. wladimir augusto fontes disse:
    Março 22nd, 2009 at 4:11 pm

    Caetano Veloso participa do documentário “Mapas Urbanos” de Daniel Augusto, que discute a relação entre poesia, canção e cidade. Aliás, participa com seu depoimento nos episódios para São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (onde o genial Waly Sailormoon rouba a cena de todos os entrevistados). Muito do que foi dito no texto de Caetano, sobre a estada de um ano no Rio de Janeiro, aos quatorze anos, está dito lá. Caetano fala também que a palavra que mais gosta na língua portuguesa é CIDADE. Vale a pena conferir.

  21. Fátima Rocha disse:
    Março 22nd, 2009 at 4:14 pm

    Caetano,

    Não consegui ler todo o seu novo post… Não me contive de emoção. Sua memória e suas lembranças do Rio e de SAMPA me fez voltar no tempo e “viajei”, como se tivesse entrado no “túnel do tempo”. É de arrepiar a gente com coisas que parecem banais e que são poeticas. Uma contribuição sua, honesta, sobre cidades e sobre a vida.
    O Rio era a Capital do Brasil. O primeiro cinema que fui, foi na Cinelândia, mas não recordo o ano. Cinema era e tinha que ser, na Cinelândia. Fui ficar em casa de parentes, em Vila Isabel. Achava bonito passar pelo Maracanã (nunca entrei pra ver como é e como era). Não gostava de futebol que era coisa pra homem. Usava saia bem comportada, mas minhas primas eram mais avançadas que eu. Pensavam coisas que você até pode imaginar diante de uma baiana, vinda de Salvador. Copacabana era diferente do que era hoje. Eu não gostei da praia. Tinha medo. O trânsito não me parecia bom, havia engarrafamento e o calor era terrível. Certa feita, soube que a temperatura estava por volta de 36 graus e fiquei apavorada. Imagine o RIO 40 a GRAUS !
    Era como se eu tivesse saido de uma cidade do interior e chegado em uma capital. Qualquer cidade e qualquer Capital. Seus passeios, os lugares e tudo mais, parece roteiro de baiano no Rio. Eu até tentava falar “carioca”, mas meu sotaque só enganava os baianos estabelecidos no Rio. Passar em frente ao Copacabana Palace era deslumbrante. A Tijuca era tão diferente. O arpoador… a primeira vez um menino havia morrido afogado. Era de Santos e foi morrer afogado no meu primeiro dia de Arpoador. Um dia trágico. O ano novo que vi, pela primeira vez me fez provocar gargalhadas de minhas primas. Isso porque, antes da meia noite, a praia de Copacabana estava cheia, com mulheres que vestiam branco e acendiam velas na areia da praia e, colocavam coisas no chão. estupefata disse: - depois falam que na Bahia só tem macumbeiros! foi muita risada diante da minha espontaneidade baiana. Ainda havia a Praça Onze que deve ter conhecido. A Lapa, durante a noite ficava cheia de carros antigos, com velhos atraidos por travestis. Haviam duas travestis muito conhecidas e famosas, mas não recordo o nome agora. Pareciam ser únicas, mas o Rio era cheio. Nunca tinha visto nada parecido. Gente famosa podia ser vista de pertinho e a cores e parecia até um sonho. Eu era tão provinciana. Tinha medo de beijar, porque não sabia beijar. Lia fotonovelas. Minhas primas queriam que eu “evoluisse” e riam muito da minha ingenuidade baiana. Fui passar dias em casa de parentes, em Laranjeiras e tudo parecia mais chic. Dizia pra mim: zona sul é dos ricos, zona norte é mais pra pobres e classe média. Eu não tinha essa visão de classe. O apartamento que fiquei, era mais luxuoso. Mas eu gostava de Vila Isabel.
    Em São Paulo, quando, na via Dutra, avistei a cidade e não me contive e disse: parece Nova Iorque. Me vi tão pequenininha diante de tantos prédios gigantescos. Na Bahia (refiro-me a Salvador, que era a Bahia, antigamente)os prédios eram tão minusculos diante do que eu via, além de ver indústrias e, também, problemas que não existiam em grandes proporções pra mim: a poluição, o trânsito terrivel, a grandeza da cidade grande (redundantemente grande, grandona!). Rua Augusta pra mim foi decepcionante. Imaginava outra coisa, mas não percorri toda rua. A deselegância de duas meninas, pode parecer piegas, mas eu também notei. As paulistas eram diferentes das cariocas… Ah, como eu era tão bobinha! e você me fez retroceder no tempo e pensar tantas coisas boas que me aconteceram. Uma vez vi Cauby de perto. Ele era um galã famoso, com fã club… Ah, também vi tanta gente maravilhosa que não dá pra contar. Vou continuar a leitura do seu post-anaconda. Um amigo aqui brinca dizendo que quem pensa em anaconda pensa em cobra e quem pensa em cobra, quer ! Quer o quê, gente?

  22. gil disse:
    Março 22nd, 2009 at 4:22 pm

    Nunca entendi as críticas ao personagem de Chico Anísio que imitava um jeito baiano finalizando com o espetacular: “..ou não”. Desde a primeira vez que vi achei o máximo, aliás como tudo que Chico Anísio faz.
    Esse “ou não” é divino maravilhoso, condiciona tudo que existe ou não. É muito chic, é simples e arrogante, de novo. Confere relatividade as afirmações e certezas, abre espaço para o contrário. É o máximo o “ou não”, bovino, próprio de uma sabedoria especial, ancestral, muito baiano….pode ser também um foda-se, às vezes.
    Mas sei que muita gente entende mal essa criação genial do Chico, e devem ter suas razões, ou não…

  23. Gravataí Merengue disse:
    Março 22nd, 2009 at 4:37 pm

    Fernando Salém, que maravilhosa e profunda sua análise política de José Serra. Sem arroubos partidários! Quanta falta faz isso na imprensa e nos debates.

    Parabéns, meu xará. Parabéns, mesmo. Não leio algo assim em lugar algum; assim como não leio as coisas sobre política que Caetano escreve - e acho um absurdo quando o repreendem justamente por falar de um tema sobre o qual “não teria subsídio”.

    Vocês todos, artistas, têm o maior subsídio do mundo. Uma inteligência crítica que falta à manada em geral.

    Mais uma vez, parabéns aos dois. A lucidez é, acima de tudo, algo lindo. Perto dela, fica pequeno demais o debate sobre “direita” e “esquerda”.

  24. Gracinha disse:
    Março 22nd, 2009 at 4:53 pm

    Pô, Caetano, uma vez peguei um ônibus que ia para o Méier… demorou tanto de chegar que desisti. Ainda não conheci o Méier. Prefiro ir ao Rio do que ao exterior. E gosto de andar, de caminhar pela cidade até cansar. De sair à toa, olhando tudo. Corro risco, mas gosto de fazer assim. Gosto da adrenalina, de ir ao morro de Santa Tereza até onde é permitido, pra mim, que sou “estrangeira” na área.
    Estava acompanhando o post passado e até estava gostando do papo de esquerda, direita, de Dilma, de Serra, de tudo, mas você deslocou todo mundo pra outro eixo e, resolvi me manifestar.
    Vc é lindo !

  25. gil disse:
    Março 22nd, 2009 at 4:58 pm

    Sensacional, há um tempo atrás num jogo do campeonato carioca o becão da Cabofriense, negão de 2 metros, na intermediária, não deixou o atacante botafoguense progredir. O juiz, outro negão retinto, marcou a falta em cima e na hora. O becão ponderou que não havia feito falta mas ao se aproximar do juiz, com carinho aplicou-lhe um beijo na face. Alguns segundos de expectativa e desconcerto e o juiz chamou o becão para o lado e disse a ele mostrando o cartão amarelo: vc não pode me beijar…
    Reconstituindo o caso, a Globo entrevistou a ambos que com alegria e graça relembraram o episódio original e imprevisível. A lei diz que o juiz deve reprimir atitudes inconvenientes…mas foi lindo aquele beijo.

  26. Wesley Correia disse:
    Março 22nd, 2009 at 5:07 pm

    Othon, Júlio Vellame, Márcio Junqueira, Heloísa, Luedy.

    Dediquei o comment 565 do post anterior a vcs. Não sei se leram. Relendo-o agora vejo que o “calor da hora” talvez tenha permitido alguns equívocos quanto a certos conceitos, mas não o reescreveria.

    Interessante demais a dinâmica do blog, não. Depois de a discussão alcançar tão diferentes estágios e parecer estar na sua fase mais acirrada, vem o caetano, providencialmente, e traz um novo post de modo que os ânimos e as percepções dos posts anteriores parecem não passar de pura representação. é lindo demais.

    Agora, é a vez de “um dos textos rio/sampa” experimentar desde a apatia inicial às paixões. Já li pela décima vez, me ocorrem muitas coisas e nada que eu consiga dizer sobre. Até aqui.

    Luedy, quando é que cê vai estar na UEFS, no seminário de Letras?

    Té breve,

    Wesley

  27. ANDRE AVELLAR disse:
    Março 22nd, 2009 at 5:10 pm

    COMPARAÇÕES
    Prezado Caetano, costumo dizer o seguinte aos meus amigos: o senhor não é o melhor compositor como Chico Buarque ( que vc mesmo disse certa vez que é o mais completo ),
    melhor músico como Gil, Djavan, Ben jor e outros,
    melhor cantor que Milton Nascimento,
    melhor perfomance que Ney Matogrosso e por ai vai. Vc não é melhor em nada comparado a estes.
    Mas para mim vc tem o melhor de cada destes citados, o que faz de vc, para mim, o artista musical mais completo deste país!!!
    Abraços!

  28. Marcos Lacerda disse:
    Março 22nd, 2009 at 5:37 pm

    Perfeito. Chico é o maior compositor da geração de Caetano, sem sombra de dúvida, bem mais que paulinho e jorge ben. Caetano é quase tão bom. Caetano é tão bom. Mas chico não é paulista não. Ele é o nosso sonho utópico e civilizatório de Brasil-Rio de Janeiro metrópole do mundo a tomar as rédeas da história do mundo e da civilização ocidental. chico é a beleza e a perfeição máxima, sem deixar de ser crítica. Taí é Rio e São Paulo, ou melhor São Paulo riu…

  29. Renato Pedrecal disse:
    Março 22nd, 2009 at 5:44 pm

    Só conheço São Paulo. Sonho constantemente com o Rio (?!). Às vezes dois, três dias numa mesma semana. Sonho que estou no asfalto olhando para o Pão de Açúcar. A primeira vez que fui a São Paulo achei que detestaria a cidade. Fiquei apaixonado, como é charmosa a cidade!

    Por que São Paulo é feminina e o Rio masculino? São Paulo é nome de santo, masculino. Rio, tudo bem, “o” Rio. Mas se for porque subentende-se “a cidade de” São Paulo, o Rio também poderia ser feminina. Ninguém diz Salvador é lindo, mas linda, no entanto o vocábulo é msculino. Recife todo mundo diz que é lindo, “o” Recife, “no” Recife etc. Quem explica?

    Acho que Milton, o mais mineiros dos cariocas, só fez o que fez por ser carioca, apesar de ter ido cedo para Minas. Assim como acho que Clarice Lispector nunca abandonou sua pequena aldeia russa, da qual saiu com poucos meses de vida. Ambos são estrangeiros. João Gilberto é outro, estrangeiro em toda parte, coração de Juazeiro, que já é meio Bahia, meio Pernambuco, carioca totalmente, “São Paulo my love”. Maluquices minhas.

    Belíssimo post, Caetano!

  30. Renato Pedrecal disse:
    Março 22nd, 2009 at 5:46 pm

    Ah! Itamar Assumpção é paulista, de Tietê! Muita gente pensa que ele é paranaense, porque morou muitos anos em Londrina.

  31. glauber guimarães disse:
    Março 22nd, 2009 at 6:24 pm

    caetano,
    finalmente rio/sampa. bonito post, abençoando de vez o domingo!

    a cidade-maravilha purgatório da beleza e do caos, me dá medo, como o medo que bowie descreve em “afraid of americans”. mas isso é bom, é um temor que atrai, que se mistura a um encantamento e admiração. sou completamente fã daquela inteligência de boteco da tijuca [é isso mesmo?] e adjacências, esse lance vitor martins/aldir blanc/millôr/ziraldo/jobim/ferreira gullar…senso de humor de boteco é tudo! e jobim é o maior de todos.

    sabe um cara que eu acho a cara do rio? eduardo dusek. o primeiro disco dele é sensacional.

    chico buarque, o maior compositor popular de sua geração…hmmmm…meu coração concorda, claro. cê sabe que eu acho o sujeito que fez “construção” e “as vitrines” o cara perfeito. mas meu cérebro me diz que você e gil são tão grandes quanto ele [tô falando de composição mesmo, letra e música]. jorge ben e paulinho da viola também são incríveis, então pra essa conversa ficar numa boa e todo mundo ficar feliz, deixa o chico mesmo, que não tem erro! mas aposto que chico queria ter feito “pecado original”, hahaha…sério.

    sampa pra mim sempre foi natural, me sinto em casa e pasmem: às vezes, passo uns dias em são paulo pra desestressar! hahahaha. fico totalmente zen no meio da multidão anônima. é impossível ser anônimo em salvador. não existe anonimato no leste do brasil! hahaha

    chhhhhhhhh [estática]

    uma piada para salem: higienópolis é a verdadeira dogville! hahahahaha

    chhhhhhhhh [estática]

    o que tem de rockeiro baiano em são paulo não tá no gibi, o rio vermelho tá virando cidade fantasma! hahaha

    meus sambistas preferidos são nelson cavaquinho [que representa o rio] e adoniran [representando sampa].

    mas se fosse morar em outro lugar do brasil, escolheria o interior de minas. com internet, hahaha

    manda o outro texto aí que nóis embarca!

  32. Guilherme Ginane disse:
    Março 22nd, 2009 at 6:26 pm

    Caetano, é muito emocionante saber do seu amor pelo Méier e por bairros do subúrbio carioca.
    “Nas manhãs de domingo, ele já de banho tomado e recuperado da noite anterior, me dava as mãos e me levava para ver o amanhecer cor de laranja, o cheiro das flores de flamboyant e o sorriso das crianças quando colocadas para cima da gangorra. Aproveitava os balões no céu, para me ensinar um pouco da história dos nossos “santos protetores” estampados em coisas que mais pareciam flâmulas gigantes. Mostrava-me o sol reluzindo, um espetáculo. No caminho de nossas visões para o alto ele fazia questão de não me mostrar os emaranhados de fios, mas eu gostava, achava uma obra de arte, cujo autor era o descaso. Mas como sabia que não era do seu agrado, não comentava nada. Hoje eu entendo porque ele fingia desprezo por aquilo – era a maneira que ele conseguia agradar artistas, cineastas, fotógrafos, que captariam aquela imagem, falsamente desprezada por ele, para assumirem a sua autoria.
    O fim da manhã ia surgindo, com ele o frio na barriga, de saber que naquele dia o meu time jogaria no Maracanã. Como um grande pai, ele percebia minha ansiedade e para amenizar, reunia todos os meus amigos e jogava uma bola de borracha entre nós. Assim, não tinha ansiedade que conseguisse sobreviver àquele momento, a bola rolando como nossa felicidade, sorrisos e suor era o que podia se ver em cada um daqueles moleques. O árbitro que apitava o final do jogo era a fome e, neste final, ele exigia q não tivesse vencedor, pois só assim ele continuaria a emprestar o espaço e a bola para mais “peladas” nos domingos seguintes.
    O churrasco que se preparava enquanto jogávamos, era o responsável por xingar e bater em quem acabou com a nossa partida. Garrafas de refrigerantes mais pareciam cachimbos da paz, a música que tocava ele fazia questão de controlar – o funk participava como convidado do samba. O sol de domingo já começara a mudar de lado, então surgiam as meninas trazidas por ele, com seus pêlos oxigenados na barriga, que cintilavam na minha cabeça, piercieng e shortinhos curtos faziam parte do uniforme das recém chegadas. E se alguma delas fosse uma medusa eu estaria frito, ou melhor, petrificado. O assunto em pauta era um só: qual vai ser de quem? A decisão sempre era inspirada por ele e a sua esperteza de saber o que elas estavam pensando, admirava a todos nós. Aí não tinha erro. Com o conselho dele, o “ataque” quase sempre era certeiro. E os carros, os banquinhos, os corredores de prédios, já estavam surpreendentemente preparado pelas próprias mãos dele.
    Quando o sol começa a ficar mais rico de vermelho, era a hora de todos irem para casa, afinal hoje tinha o jogo no Maracanã. Ele fazia questão que eu fosse, nunca abriu mão disso. A caminho de casa, sabia que a ansiedade dele, agora já estava igual à minha. Durante o banho, escutava ecoar pelos basculantes os gritos e os rojões que ele permitia que soltassem e isso criava em mim uma sensação de batalha. Minha camisa rubro negra, a essa hora já tinha se tornado uma armadura da idade média e um exército trazido por ele já me esperava na porta de casa. Mais parecia uma parada militar que escorria até a estação do trem, transformando os vagões em tonéis preenchidos por um líquido vermelho e preto. E dentre as gotas que pingavam e não entravam, estava ele. Impedido pela própria física de se deslocar, apenas fitava a partida do trem lotado. Mas estava em paz, pois sabia que seus irmãos de trilho estariam a cuidar de mim.”

  33. Cibele disse:
    Março 22nd, 2009 at 6:53 pm

    Aquele papo sobre esquerda e direita estava tão interessante, mas é sempre bom recordar, porque assim revivemos tudo, outra vez, ainda que na memória não volátil das nossas cabeças.

    Caetano - Serra e Dilma e Zé Dirceu são de esquerda. Uma esquerda que vive uma nova conjuntura, em uma nova era. FHC foi de esquerda, atualmente aposentou-se (rs).
    Dilma ainda não é candidata. Do mesmo modo o Serra que vai enfrentar uma convenção com Aecio Neves. A neo-política-do-café-com-leite voltou faz algum tempo e ninguém parece ter percebido. Aecio tem mais chances de ser candidato, pelo PSDB, do que o Serra. Gosto mais deste. Dilma é muito bem preparada, mas vai enfrentar enormes barreiras. Também não se deve abstrair a idéia de que Lula é querido pelo povo e tem elevado índice de popularidade, mas isso não acontece com o PT. Se houvesse e pudesse acontecer uma nova eleção, com Lula na cabeça, estaria eleito. Lula de fora, apenas apoiando Dilma, é outra história. Política não é uma ciência exata. O grande complicador vai ser uma candidatura do PMDB, com Sarney aliado ao DEM (que coisa, ARENA agora é DEM, de democratas!!)
    Por enquanto, os nomes de esquerda, são candidatos a candidatos e apenas isso, mas tudo indica que não será a USP, nem a CUT que irão determinar as candidaturas, mas o peso da aliança SP-MG, o resto vem por gravidade. O PT e o PSDB podem se unir no futuro em torno de uma única candidatura, mas isso para um eventual segundo turno. Sem Lula, a esquerda poderá cair diante do neo-CENTRÃO.
    Aquele papo seu sobre língua morreu? tava tão bom!
    Vellame - O Sartre parece ter dito algo parecido ao que você colocou sobre CUBA, isso antes de a Revolução Cubana completar 1 ano de instalada. Está em um prefacio de livro. É interessante o que Sartre escreveu. Quando puder posso reproduzir, sumariamente. Cuba “optou” (rs).

    finalmente, voce é de esquerda, ou da direita? Ficar no muro, com cara de amorfo, não dá, ne?

    Né e com, ou sem acento? Que confusão essa mudança ortográfica, ainda não estou bem situada. Já não tenho mais certeza de nada.
    O céu é de brigadeiro e a praça é do povo!
    beijão a todos

  34. glauber guimarães disse:
    Março 22nd, 2009 at 7:26 pm

    pô, esqueci de falar de arrigo e paulo, itamar, irmãos tatit, wisnik, abujamra, careqa, doratiotto…todo esse pessoal genial de sampa. é outra inteligência e outro senso de humor, mas igualmente sensacional. viva a invenção da padoca paulistana, que é onde tudo acontece! hahaha. e gravataí vortô com tudo…

  35. carolina disse:
    Março 22nd, 2009 at 8:24 pm

    Caetano,
    Que coisa linda sua escrita sobre a memória, peço licença pra contar um pouco das minhas lembranças tb.

    Eu conheci o Rio aos 6 anos, fui lá ver o mar. Minha primeira recordação é ter corrido até o mar pra ver se era salgado, foi no posto 5 de copacabana.
    Depois voltei ao Rio pra passar um tempo, minha mãe faleceu e minha tia que mora no Rio quis que eu ficasse lá, eu tinha dez anos.
    Desse tempo me lembro da Rádio Cidade tocando Lobão (Radio Blá), da primeira ida ao Mc Donalds (da Nossa Senhora de Copacabana perto do cinema), do Tívoli na beira da Lagoa. Fiquei alguns meses e depois voltei pra Goiás.
    Quase todos os verões da minha adolescencia foram no Rio, lá vi a legião urbana, meu primeiro show dos titãs (esse foi em arraial do cabo), fui pela primeira vez ao teatro.
    Sim, tenho uma ligação afetiva com o Rio.
    Hoje moro em SP, vim pra cá estudar.
    Quando cheguei aluguei um quarto na casa de uma senhora na Henrique Schaumann e me lembro bem da sensação que tive no primeiro dia de aula quando esperava o ônibus no cruzamento da Henrique Schaumman com a rebouças: Me senti em casa!
    Depois de ter morado em tantos lugares finalmente me senti em casa.
    Me casei com um paulistano, minhas filhas são paulistanas. Gosto daqui.

    Fico triste quando volto ao Rio e vejo uma cidade descuidada. Parece que a Zona Sul se mudou pra Barra. Copacabana está meio abandonada, sinto muito.
    Sinto tb um pouquinho de inveja dos cariocas que fazem cooper na beira do mar, e tem tudo pertinho.
    No fim do ano estava no Rio e quis assistir a noviça rebelde no Leblon. Queria sair de casa com 1h30 de antecedênia. Minha tia riu. Era domingo e chegamos ao teatro em 20 minutos, se tanto.
    Meus tios insistiram pra que eu pegasse um taxi, mas como não tenho esse hábito fui de carro. Chegando lá eles me mostraram uma vaga na rua, eu fiquei numa fila pra entrar num shopping, afinal quero um estacionamento, aqui em SP tem um monte.

  36. paulo kauim disse:
    Março 22nd, 2009 at 10:00 pm

    salve mano caetano

    que texto supimpa

    “o novo possível quilombo de zumbi”

    é a cooperifa do sérgio vaz

    e a casa das rosas do frederico barbosa

    essa é a sam paulo pós-moderna, transbarroca

    e pós-utópica

    axé

    paulo kauim

  37. lucre disse:
    Março 23rd, 2009 at 12:27 am

    Caetano, você logró emocionarme con su post. Se me mezclan tantas cosas entre los comentarios últimos del post anterior y este que voy a tratar de resumir todas las cosas que se me vienen a la cabeza en este momento.

    Primer tema, ser de izquierda o no ser de izquierda. Ya comenté que vengo de una familia que sufrió en “carne propia” la dictadura.

    En algún momento de la dictadura, las personas que trabajaban en organismos estatales comenzaron a ser calificadas con las letras A, B o C lo que se traducía de la siguiente manera:

    A: el que obtenía esta letra era alguien sin “manchas”, o sea alguien sin ninguna actividad sospechosa de ser subversiva.

    B: el que obtenía esta letra era alguien con alguna “mancha”, alguien que era amonestado y estaba en la mira.

    C: el que obtenía esta letra era puesto de patitas en la calle, impidiéndole trabajar en dependencias públicas.

    Mi padre obtuvo la letra C, fue hechado de su trabajo, del cargo que había obtenido por concurso. Mi madre que tambièn trabajaba y estudiaba, dejó de estudiar para conseguir otro trabajo ya que con 2 niños chicos la cosa se complicaba.

    Pasaron algunos años y el asunto se complicó más. Nuevamente pasaron más años y llegamos al fin de la dictadura. Pasaron más años y las vueltas de la vida me han sorprendido de una manera que a veces me parece estar dentro de una película como ya he comentado.

    Aclaro que mi padre nunca tuvo un arma en la mano, nunca tuvo como aspiración robar a los niños para mandarlos a la antigua URSS o expropiar la casa de nadie para dársela a los pobres. Nunca estuvo afiliado a ningún partido y siempre fue crítico de la URSS pero con Cuba…. bueno, grandísimas discuciones familiares con “asesinatos” incluídos, típico de una “típica” familia italiana que se precie de tal.

    El fin de la dictadura me agarró en la adolescencia. El padre de mi mejor amiga murió casi enseguida de salir de la cárcel, luego de estar casi 7 años preso por haber militado en el PC.

    Cuento esto porque cuando comenzamos a salir con chicos, con mi amiga lo único que nos preocupaba era saber si esa persona era de “izquierda”. El ser de “izquierda” automáticamente lo ponía en la categoría de “buena persona”. El sentido que le dábamos al ser de izquierda era muy restringido y totalmente distorsionado por cierto y ahora me rio por supuesto, pero siceramenmte para nosotras era algo muy importante y lo vivíamos con gran ansiedad.

    A veces comentamos esto y las dos sentíamos en esa época que si nos aparecíamos en nuestra casa con alguien que no era de izquierda era como una traición a nuestros padres.

    Obviamente nuestros padres nunca nos dijeron como debía ser el candidato ideal, pero si tenia demasiada $, veraneba en Punta del Este o vivía en una casa demasiado llamativa ya era descartado porque en nuestra cabeza, esa persona no podía ser de izquierda.

    Ahora me rio como dije pero cuando conocí a mi novio, ahora mi esposo, todo fue como una pesadilla. Fue en el liceo y el venía de un liceo privado bastante exclusivo, del cual lo habían hechado como me enteré luego. Vivía en una casa preciosa, en uno de los “mejores” barrios de Montevideo.

    Para mi, orgullosa estudiante de escuela y liceo público, con padres que nunca llegaban a fin de mes con la plata, con mis abuelos y tíos ayudándonos con los estudios de inglés o la ida a un club a hacer deporte, esto fue la catástrofe y sufrí horrores.

    Me encantaba, se me caían las medias cada vez que lo veía pero yo me hice la película de que era un “oligarca” de mierda y lo tenía que desterrar de mi cabeza. Hasta que un día, el día más felíz de mi vida o para no exagerar, el más feliz de ese año, me lo encuentro en el local que una iglesia de la zona nos había prestado para que el gremio del liceo se reuniera. Allí tratábamos de arreglar el mundo, hablábamos de El Salvador, de Nicaragüa, de la URSS, de USA y su imperialsita Rico Mc Pato y de la mar en coche. También estaban los que atacaban a la URSS por supuesto y así entre granada va de un lado, granada viene del otro pasábamos parte de la tarde del sábado.

    Ese día, cuando lo vi casi me muero. Si estaba allí obviamente era de “izquierda”.¡Bingo!. ¡Que alegría!. Finalmente resultó que por esa época era “anarquista” y siempre me dice para pelearme (o al menos yo creo que es por pelear o quizá sea cierto)que en realidad se enganchó conmigo por los libros que habían en la biblioteca de mi casa.

    Al año y pico de este encuentro estábamos viajando por primera vez a Rio de Janeiro como ya conté.

    Estoy cansada y no tengo ganas de seguir escribiendo. Você Caetano es culpable de que me haya venido cierta nostalgía, cierta saudade. No, no. Perdón. Gracias a usted se que no es lo mismo nostalgía que saudade y siempre me pregunto como se traduce efectivamente la saudade, que es lo que se “siente” cuando se dice saudade. No se.

    Por lo pronto no hablé de Sampa ni de Rio ni de Chico y tengo cosas para decir relacionadas con el post pero será otro día.

    De Chico diré que para muchos por estos lados, más allá de sus virtudes musicales que nadie duda, fue el artista brasilero realmente “comprometido” en esa época y el que más tuvo contacto con los artistas exiliados por las dictaduras de nuestros países, o sea el más “militante” en el sentido tradicional del término.

    Si no me traiciona la memoria, creo que las canciones del disco que el hizo en español fueron traducidas por el uruguayo Daniel Viglietti, cantante exiliado, y recuerdo verlo actuar en el EStadio Centenario en un festival multitudinario recién restaurada la democracia. En este sentido quizás fue el más “popular” de los brasileros.

    Y quiero “robarle” a SALEM algo que realmente me emocionó:

    “Há quem pense por aqui que sou excessivamente fã. Sou mesmo. Não me sinto diminuído sendo fã de Caetano. Ao contrário: a forma que cultivo de admira-lo me dá enorme orgulho”.

    Bueno, no creo que nadie piense eso de mi por acá pero adiero a sus palabras finales. Claro y de “corazón” como es su estilo. Me gustó realmente.

    Y como será la influencia que você Caetano ejerce en mi, que a veces ahora me siento de “derecha” e incluso me estoy volviendo “pro-americana”.¡Y yo que siempre me creí de izquierda!. Pero ¡Você trastoca todos mis pensamientos! Le juro que eso de la revolución americana nunca me lo había puesto a pensar. Por las dudas no lo comento dentro de mi familia porque lo van a “odiar” y van a querer hacerme un lavado de cerebro. Un beso.

    P.D: Recién me doy cuenta de que tengo puesta una remera toda rota que dice PCdoB com Lula presidente y aparece la cara de Lula riéndose y se le ve una corbata roja. ¡Juro que es verdad!. En realidad no es raro porque uso esta remera algunas veces luego de bañarme,cuando decido “disfrazarme” de “bruja” y ponerme lo más cómodo que tengo que muchas veces resulta ser lo más viejo y roto. ¡Adoro mis Hering rotosas!(nuevamente Brasil presente como se puede observar). Esta remera la trajeron mis padres de Rio hace varios años. Está finita y descolorida pero en este momento tiene un olorcito a recién lavada, a suavizante para ropa riquísimo y es de lo mas agradable tenerla puesta. Otro beso.

  38. gil disse:
    Março 23rd, 2009 at 2:12 am

    Desculpe queridos, mas impossível não voltar a isso, me parece um dos textos mais importantes de Caetano, não lembro mas nunca o vi falando assim, ou estou enganado?
    Eu me sentia de esquerda no tropicalismo. E me atraía a extrema esquerda. Marighella. O PCzão era careta, obedecia a Moscou que não queria confusão na América do Sul. Eu odiava a ditadura e admirava quem ia além do PC, para a guerrilha, para mexer no fundo das coisas e fazer tudo mudar. Claro que, frangote da classe média interiorana e pacífica, nem imaginava a violência requerida. Mas ainda hoje admiro Marighella. “Atenção ao dobrar uma esquina/ Uma alegria/ Atenção, menina/ Você vem?/ Quantos anos você tem?// Atenção para as janelas no alto/ Atenção, ao pisar o asfalto, o mangue/ Atenção para o sangue sobre o chão// Atenção, tudo é perigoso/ Tudo é divino maravilhoso/ Atenção para o refrão:/ É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte”. E “Vamos passear na floresta escondida, meu amor/ Vamos passear na avenida/ Vamos passear nas veredas, no alto, meu amor/ Há uma cordilheira sob o asfalto/ A Estação Primeira de Mangueira passa em ruas largas/ Passa por debaixo da avenida Presidente Vargas/ Presidente Vargas/ Presidente Vargas// Vamos passear nos Estados Unidos do Brasil/ Vamos passear escondidos/ Vamos desfilar pela rua onde Mangueira passou/ Vamos por debaixo das ruas/ Debaixo das bombas, das bandeiras, debaixo das botas”… Eram expressões poéticas de identificação com a luta clandestina. Sem chegar tão perto eu não teria colhão para pensar adiante e me perguntar para quê a sangueira. Para instaurar uma autocracia dormente? Para dar vazão a aspectos sinistros do id? Na década seguinte chegavam as notícias das Brigate Rosse, do Baden Meinhoff, do Sendero Luminoso. E toda a estranheza que o silêncio a respeito da experiência soviética me causara desde sempre me voltava com mais viva intensidade. É óbvio que reações antipáticas da esquerda convencional ao estilo tropicalista ajudaram. Mas já disse que esses críticos de esquerda tinham razão: na época eu achava que éramos mais revolucionários do que eles. Depois vi que terminaríamos tendendo para o credo liberal.

  39. filipe disse:
    Março 23rd, 2009 at 3:03 am

    Eu tive a estranha sensação de deja vu com esse texto.Como se eu já o tivesse lido.Adorei rever o ar recatado e moderno de Santo Amaro.
    Santo Amaro é a cidade do texto que mais desperta mistérios em mim.Voce podia fazer um texto somente dela ou mesmo filmar um curta sobre e posta-lo aqui.

    Eu conheci um cantor chamado Robertinho lá em paris, me disse ele que era filho de criação de sua mãe, ele me mostrou fotos ainda garoto com você e algumas gravações suas com música de igreja.Algo muito bonito.
    E uma vez perguntei a ele;
    “Robertinho, como é que é lá em Santo Amaro?”

    Ele disse;

    “Santo Amaro é um babado” e a gente riu muito….

    ——————————————-

    Você teria cantado com o Fantasmão no carnaval?

    Eddye e Marcio Vitor são daqueles misterios que o povo brasileiro sabem decifrar…

  40. filipe disse:
    Março 23rd, 2009 at 3:05 am

    O certo é “sabe”

    desculpem meu descuido.

  41. josé disse:
    Março 23rd, 2009 at 4:36 am

    bom texto caetano (mas esperava um pouco mais)
    sao paulo é o meu dilema diário, porque sou algo carioca.
    paulistanos não chamam a cidade de sampa.
    há muitos paulistanos.
    retire-se o itaim-bibi, moema, vila nova conceição e similares e a cidade resta simpática e interessante.
    são paulo é o exílio. o rio é o abraço.
    são paulo é o tímido amável, o rio é o extrovertido autossuficiente.
    limpe-se o tietê e o pinheiros, a cidade reviverá.
    até lá, o melhor é fugir de são paulo, aquele que o pode.

    tom zé é a síntese. grande gênio sensível que cultiva o jardim das perdizes inventivo e incansável. ele está um degrau acima. ele foi e voltou. está indo e vindo.

  42. Déa disse:
    Março 23rd, 2009 at 5:39 am

    Caetano,
    Sou paulistana e conheci São Paulo através do olhar generoso da minha mãe, que poucos anos antes de eu nascer tinha vindo do interior de SP. Por isso, mas não só por isso, aprendi, através desse olhar apaixonadamente “estrangeiro” e encantado, a amar a cidade.
    Com este texto você me levou às lágrimas, como acontece, inevitavelmente, toda vez que ouço “Sampa”.
    Gosto de vir aqui e te ler.
    Um beijo!

  43. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Março 23rd, 2009 at 5:50 am

    Ao WLADIMIR AUGUSTO FONTES, do comentário 20:

    Sou fissurado nas representações sobre cidades na poesia e no cinema. Não vi ainda o documentário “Mapas Urbanos”, de Daniel Augusto. Pela sua descrição, fui fisgado pela fato da obra não somente realizar um ‘entrecruzamento’ das duas linguagem, como pela sua afirmação de que Caetano teria dito lá que “cidade” é a palavra que ele mais aprecia na língua portuguesa.

    Em outro momento, já postei aqui um link pra um estudo curioso que faz “dialogar” Borges e Mário de Andrade justamente a propósito das representações que eles fazem de ’suas’ cidades.

    Estou lançando, com inspiração, como sempre digo, neste espaço transvirtual que é a OeP, e com a cumplicidade de vários daqui e de uma trupe de fora também, uma revista eletrônica, a Impertinácia, que terá uma seção toda dedicada a artes visuais e audiovisuais. Como acredito, pela referência que acima nos traz, que você curte demais essa praia, esse planalto, ou essa planície do audiovisual, adoraria que colaborasse conosco, quem sabe até editorialmente:

    info@impertinacia.com

    Olha, sou apaixonado por ficção, mas nos últimos tempos fico cada vez mais vidrado em documentários. Encontrei rapidinho pelo Google um estudo e uma sinopse de documentários que focam São Paulo, da autoria de Silvia Seles Peres, que agora compartilho com todos:

    http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0626-1.pdf

  44. marcio disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:03 am

    Caetano,
    Se não me falha a memória, Rosinha Penna, morava na rua da Matriz em Botafogo onde passei toda a minha infância.Ali também residia o Cacá Diegues e a Maria do Rosário Nascimento e Silva. A rua era frequentada também pelo David Neves que a adorava e tinha até um projeto de fazer um filme sobre ela.Quem também aparecia sempre por lá era o Nelsinho Motta.Na casa onde eu morava, N.49,com os meus treze irmãos e meu tio Vavá era também frequentada pelo Luiz Bonfá, grande amigo do meu tio e pelo Carlinhos Lyra que namorava uma das minhas irmãs.São apenas lembranças de infância de uma rua querida.
    abs
    Marcio

  45. Marcio Junqueira disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:15 am

    Gatos e Gatas extraordinarios.

    Que delicia de post esse Rio-Sampa. Tinha passado a noite inteira revisando minha dissertação (que ate o fim do mês tem que estar na mão da banca) e me batendo com um texto sobre o tropicalismo como momento inaugural do imaginario contracultral no Brasil (mas não apenas isso) e para tentar refrscar as idéias vim dar uma olhadinha.

    peguei o finzinho das discursões sobre esquerda e direita e fiquei cheio de vontade de entender mis o que se estava discutindo. Não sou muito bom para acompanhar politica, os politicos mudam muito de partido, as metas não são muito claras também e quando começo a não entender muito, obviamente, começo a perdr o interesse. Mas fiquei bem interessado no que o Caetano e o Salem tão falando. Caetano pq você considera o Serra de esquerda? Talvez vc tenha explicado isso num comentario que eu não li, mas se não fosse muito chato, ficaria feliz de você reexplicar.

    Escrevendo minha dissertação, comecei a enender mais os movimentos da esquerda e direita na decada de 60. Posso estar comentendo uma hersia falando isso, mas no meu entender tanto o PC quanto os militares estavam certos de que era necessario um processo de modernização para o país. só que o de um conduziria a uma ditadura do proletariado e o outro conduziu a ditadura que conhecemos. Estudando fiquei pensado, se FHC não teria realizado economicamente o que os militares sonharam para o Brasil, mas não chegaram a realizar totalmente? O que vc me diz Caetano? estou total enganado?

    Wesley Correia, você fez UEFS, mas não me lembro quem é você. Talvez nos conheçamos, mas eu não esteja sabendo quem é vc pelo seu nome. O que você fala no cometario anterior me encheu de vontade de vir conversar com vc.

    Realmente Zé Ronaldo é o legitimo seguidor de Lucas da Feira. ao menos a versão que eu conheço de Lucas da feira é que eleera um negro forro, que trabalhava como uma especie de ladrão, que trazia de volta aos donos o gado que tinha sido vendido pouco dias antes. Ou seja um lacaio da nascente Burguesia rural, que deu origem a cidade, e que quando soube bem dar cabo dele(Lucas)- enforcando-o na praço do nordestino - quando esse esquema foi exposto.
    Se você souber de outra versão por favor me conte.
    Não nego que ouve melhoras significativas em realção a cidade durante os oito anos do governo do Zé Ronaldo, pessoalmente até sou bem simpatico à ele, mas não foi nada que um administrador competnete não pudesse fazer. como já há alguns anos nã tinhamos nenhum administrador na prefeitura, quanto mais um administrador competente, fica parecendo q foi muita coisa.

    Também acho do caralho (e aqui tenho e mente o sentido literal da palavra) a trilha sonora de Tieta.Mas não compartilho com vc o entusiamo com o filme. Lembro bem de quando das gravações, em 1995. Eu tinha começado a fazer teatro no Margarida Ribeiro, e a presença de atores globais e de um grande cineasta do cinema novo na cidade, me exitava totalmente. Era o momento de inauguração do CUCA, do projeto chapeu de Palha no CCAA, a volta de Gilberto Rios, festival de Teatro, Juraci Dorea na secretaria de cultura e de muitas coisas rolando na cidade. Talvez pq eu tinha apenas 14 anos, mas tudo me parecia de uma intensidade que nunca mais encontrei na cidade. Muita gente bem mais velha q eu acha isso também.
    De modo que quando fui ver o filme no cinema Iria, fui com o coração totalment aberto e a mente desarmada. Com o unico desejo de gostar do filme. e não gsotei. Não gosto até hoje. Lendo outro dia um comentario do Lucas santana aqui, achei, talvez, uma chave para meu desgosto. A marca de baianidade caricatural que foi a tonica durante todo o periodo ACM.
    Não sei se você é feirense? Eu sou, e apesar da minah ligação afetiva e efetiva com o reconcavo, e tenho muito orgulho disso.
    Feira como uma especie de São Paulo baiana, é talvez um lugar onde nem se é realemnet baiano (da maneira que nos entendemos a bahia, que é modo de ser do reconcavo) nem exatamente nordestino ( que é como o sertão se reconhece). Acho que isso pode ser um ganho para a cidade, ao invés de um lamento. A metafora da Feira livre, de onde vem o nome da cidade, é o lugar de onde eu vejo a cidade. A feira é o lugar dominado pelo comercio, pelas relações de poder , mesquinharia, malandragens, mas também o lugar do encontro, da diversidade, da modernidade por exelencia (afinal é da urbanidade, provocada pela ncessidade de trocas comercias, que o ocidente começa lá atars, né?) me exita muito. Tem uma musica do Caetano no noits do norte, que ela fala de um boi com um cd coladoa testa, que eu sempre senti como um hino não oficial de Feira de Santana. Aquela canção, que eue esqueci o nome agora, sintetiza bem os meus projetos em relaçao a cidade.
    E eles não são anda humildes. Adoro o trabalho do juraci Dorea, mas uma dos meus projetos sempre foi fazer uam exposição chamada “quem tem medo de juraci dorea?” só com artistas que começarama produzir essa primeira decada do milenio, e que não tem nenhuma identificação com as nostalgias sertanejas dos filhos ou netos da burguesia agraria. Acho que isso, revalorizaria a obra do juraci, pois traria novas questões para ela, e nos libertaria todos para enquadrar a cidade em outs possibilidades.

    falei, falei e não chgeui onde queria. nm vou chegar agora, pq ja estou com sono e fome. mais tarde talvez volte para escrever mais.

    abraços

    e m

  46. Vero...alguma coisa acontece no meu coraçao...Veriño disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:45 am

    “ALGUMA COISA ACONTECE NO MEU CORAÇAO”…e sem, Eu, ainda…VER a tua presença, “Sampa”.
    Isto é, o que eu realmente sinto…uma “emoção” que eu ainda não sei explicar…e que melhor! forma de eu querer-la de lhe conhecer que por..através…de TEU OLHAR, meu Caemio. E para mim não há AVESSO DO AVESSO, em teu olhar. Desse teu olhar “profundo” (do qual eu, gosto tanto); meu espelho, a minha melhor tradução. Quando meu pés cheguem até teu chão Sampa, eu vou…já a…“entender da tua poesia concreta da tuas esquinas…da deselegância discreta da tuas meninas”…e…”alguma coisa” vai “acontecer no meu coração”, quando cruze “ a Ipiranga e a Avenida São Joao”…e não vai ser pra mim um “difícil começo” para quem vem de outro sonho feliz de cidade”…já ter “aprendido”…”depressa a chamar-te de REALIDADE”. Por fim!.

    “CIDADE/…VISTA DO OUTRO LADO DA BAIA/…TE AMEI NO MEU CORAÇAO/TE AMO/…e sem, Eu, ainda…VER a tua presença, “Meu Rio”. Eis que só me bastam pra lhe conhecer-la, “teus olhos”. Sabes Caemio, “amo teu olhar”. Teu olhar… aquele olhar, que sinto em mim, ao te “ouvir”…fixado… inquieto, indagador…tem tal “ternura” que mais o “vejo” mais se me afigura ver dentro todo o que você “escreves”. E assim como estrela vai a guiar-me…sempre fecundo, forte, doce e frágil como a flor…que você tem por sobre “você”…/Teu monte –céu/Teu próprio Deus/Cidade….maravilhosa “Seu Rio”. E que eu amo em “silêncio”/ Daqui…do outro lado da “baia”…de Montevideo.

    Obrigada, por mostrar-me o seu “mundo”, e também o Mundo.

    (Te escrevi em “português”(desculpe-me os erros) porque a pele da minha “alma” assim me o suplicou, talvez te pareça engraçado o que vou te dizer, mas, não sei o porque com certeza ainda, mas…é quando mais me sinto perto do que eu sou, como Ser, assim me percebo. Pois desde sempre senti que “alguma coisa acontece no meu coração ao pensar em Brasil…o por qué eu gosto demais!…será que eu já fui em outra vidinha brasileira…mmmmhhh…será que é isso? eu acho). “Sem nada meu”. Caemio. Ou será que cada vez mais direitinho…cae,cae,cae…Caetano em mim. Caetano Mío. Lembra que “eu sempre”…mais que ontem, mas, menos que amanha. Você me deixa assim…”Sem Cais”.

    —————–

    Quero também, lhes contar um pouco da cidade onde eu nasce, Montevideo. Agora me lembrei duma canção…que descreve um elo da minha cidade. Mas, eu agora moro numa cidade balneária, num bairro chamado “Solymar”. É assim mesmo, tem sol e mar, lindas praias, que recorrem mais de 300 kms de costa este. Gosto muito daqui, tem calma sem o barulho da capital e do asfalto. Se pode dizer que é o bastante tranqüilo, tranqüilo…até quando todos os caos do bairro no começo duma lindinha soneca se ouve mil ladridos, a qual mais molesto, com excepçao da minha cadela (xuxú,xuxito, xuxi), todos esses nomes porque dependendo do como se comporte aí vai o xu…e ainda mais….

    ——————————————

    “Mi ciudad tiene cuerpo de “MUJER”, de insinuantes curvas, cabellos largos, morenos, suaves y ondulados. Viste las cuatro estaciones. Atractiva, seductora, enigmática, mística. Bonita por naturaleza. Soñadora, romántica y una actual “notoria” contradicción. Con mirar “melancólico” pero lleno de esperanzaS e ilusiones.
    Usa suave maquillaje,sim perfume definido. Lleva en su cartera versos de la infancia, héroes de la historia, creencias, costumbres, días de gloria y de cuanto da la vida.
    Sus arterias pulsan a ritmo…que brotan flores que germinan más amores de todos los que soñó.
    El verano la apasiona, el calor es su gran amor, viene siempre a buscarla para comtemplar juntos el mar…escondiéndose luego debajo de su sombrero, en las brumas del horizonte.
    En la noche pasea cubierta de coloridas telas, puestos zapatos con algunos estilos. Casi siempre se la ve observar como duermen los astros en las azules alturas. Vive a orillas del mar y su casa bien muestra ser pequeña, más existe, esa MUJER, madre de todos los que vio nacer, sublime todo cuanto es, noble y generosa. Y si es tal en cualquier parte, es señora de este hemisferio. Impasible por los que no la conocen, se ve añorada por los que sí. Ella en todo quiere ser primera…más, más…por ser tierra y cielo de mí País”. (Improvisación: Vero Veriño).

    Un poco más
    http://www.rau.edu.uy/uruguay/generalidades/mvd.htm

    UNA CANCIÓN PARA MONTEVIDEO

    Con su voz marinera encantada
    viene un viento inventor de avenidas
    viene un cerro patrón de miradas
    que va hundiéndose ahí en la bahía
    vienen sueños
    vienen pueblos
    Con su voz de boliches y grillos
    vienen soles de ropa tendida
    ciudadelas de muros heridos
    preguntando qué fue de la vida
    vienen cielos
    vienen fuegos
    Viene amar
    viene amar
    viene amar a este Montevideo
    Vienen los sombreros
    llenos de tranvías
    vienen los tambores
    llenos de glicinas
    Vienen las sirenas
    la radio prendida
    y en el medio del temporal
    viene un tango en un estuche de malvón
    a llorar porque ha perdido la ciudad
    Viene amar
    viene amar
    viene amar a este Montevideo
    Vienen navidades
    gorriones antiguos
    cantores de carnaval
    Esos techos de rambla infinita
    esas voces con techos de nada
    todo viene a esta mansa bahía
    mar de fondo de nuestras palabras
    viene
    duele
    cae en la hondura
    de cada soledad
    Viene amar
    viene amar
    viene amar a este Montevideo
    Viene mar
    viene amar
    viene mar de este Montevideo. (Mauricio Ubal).

    Beijo no coraçao.

  47. Luiz Carias disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:58 am

    Bom Dia Blogueeiros de Plantão…

    Poxa lindo texto e linda homenagem aliás mais uma a Sampa.

    Eu ao contrário de Caetano, não gosto dos grandes centros, prefiro os pequenos e mais tranquilos de se viver.

    O jeito e a velocidade em que os grandes centros crescem é algo absurdo, e são grandes empresas que tomam conta da cidade, é a lei atual.

    Bom de todos os centros que conheço e são poucos pela imensidão do país, Sampa é o maior mais variado, embora uma pena esteja virando caótico estar por lá.

    Lá é bonito, diferente de tudo, mais em compensação é muito violento e o Tietê está feio, e empobrece uma cidade que tem tudo pra ser um grande pólo para o turismo no Brasil.

    O Rio já tem um aspecto mais cuidadoso, com suas praias, suas baias, só peca ainda na segurança.

    O turismo no Brasil ainda é algo a ser descoberto pelos turistas e pelo brasileiro.

    Um saudoso abraço a todos,

    Luiz Carias.

    Tudo que tem seu lado bom, tem seu lado ruim, estilos e visões diferentes abrangem o mundo.

  48. César Lacerda disse:
    Março 23rd, 2009 at 11:03 am

    … as cidades invisíveis (ítalo calvino)

    O homem que cavalga longamente por terrenos selváticos sente o desejo de uma cidade. Finalmente, chega a Isidora, cidade onde os palácios têm escadas em caracol incrustadas de caracóis marinhos, onde se fabricam à perfeição binóculos e violinos, onde quando um estrangeiro está incerto entre duas mulheres sempre encontra uma terceira, onde as brigas de galo se degeneram em lutas sanguinosas entre os apostadores. Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos: com uma diferença. A cidade sonhada o possuía jovem; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; ele está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações.
    (…)
    A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata. Uma descrição de Zaíra como é atualmente deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras.

    … as cidades (chico buarque)

    Sonhos sonhos são

    Negras nuvens
    Mordes meu ombro em plena turbulência
    Aeromoça nervosa pede calma
    Aliso teus seios e toco
    Exaltado coração
    Então despes a luva para eu ler-te a mão
    E não tem linhas tua palma
    Sei que é sonho
    Incomodado estou, num corpo estranho
    Com governantes da América Latina
    Notando meu olhar ardente
    Em longínqua direção
    Julgam todos que avisto alguma salvação
    Mas não, é a ti que vejo na colina
    Qual esquina dobrei às cegas
    E caí no Cairo, ou Lima, ou Calcutá
    Que língua é essa em que despejo pragas
    E a muralha ecoa
    Em Lisboa
    Faz algazarra a malta em meu castelo
    Pálidos economistas pedem calma
    Conduzo tua lisa mão
    Por uma escada espiral
    E no alto da torre exibo-te o varal
    Onde balança ao léu minh’alma
    Em Macau, Maputo, Meca, Bogotá
    Que sonho é esse de que não se sai
    E em que se vai trocando as pernas
    E se cai e se levanta noutro sonho

  49. gil disse:
    Março 23rd, 2009 at 11:54 am

    Notícias do front japonês, editorial de hoje do Yomiuri Shimbun, que na versão japa atinge 10 milhões de leitores (essa é a tiragem diária …):

    Diet should act fast to boost copyright laws
    ( diet é parlamento…será que a Heloísa ou o Glauber não teriam a gentileza de fazer o translate?)

    The Yomiuri Shimbun
    Something should be done to address the widespread illegal copying of video and music files.
    The government submitted to the current Diet session a bill to revise the Copyright Law that would make it illegal to download and copy video and music files illegally distributed through the Internet without the approval of copyright holders.
    Distribution of illegally copied files through the Internet already is prohibited under current laws. However, it is not automatically illegal to download illegally copied files for personal use, if they are not being redistributed. This means it is effectively possible for video and music files to be downloaded from the Internet openly.
    Meanwhile, it also is difficult to track down even people who illegally distribute such files on the Internet. Only a few are ever caught, despite the huge number of illegally copied image and music files available on, and downloaded from, the Internet.
    The Recording Industry Association of Japan estimates there are between 10 percent and 20 percent more illegally copied music files exchanged on the Internet than legitimate ones. This is partly responsible for the contraction of the music industry market.
    But if the reproduction of illegally copied files is made a crime, people will think twice before downloading such files.
    ===
    Expanding legal options

    Some observers have questioned the likely effectiveness of such a revision as it lacks the teeth of punitive measures for violators. Yet it would still drastically expand the range of legal options available to copyright holders.
    For example, there are many books sold these days explaining how best to download illegally copied files from the Internet, among other dubious techniques.
    The envisaged revision likely would make it possible to suspend publication and sales of such books as they would otherwise be seen as supporting illegal activities.
    The revision also would open the way for copyright holders to claim damages from anyone knowingly copying and using large numbers of illegally copied video and music files.
    It is time for a change in the public’s attitude on the issue–people should shun the use of illegally copied, copyrighted works.
    ===
    Easing restrictions

    The bill also includes measures to ease some copyright restrictions so that copyrighted works can be used more easily.
    One measure would make it easier for Japanese companies to provide Internet search services such as Google.
    For example, a search provider first needs to copy and store data in its computers from a huge number of Web sites to allow it to offer Internet search services.
    This has previously been considered a potential infringement of copyright, but the bill would make such moves legal.
    The bill also would make it easier to rerun previously broadcast TV programs on the Internet, especially as some programs have not been distributed on the Web because the copyright holders and performers involved could not be located to grant their approval.
    The envisaged revision would make it possible for such programs to be broadcast on the Web immediately after a certain amount of money based on distribution fees has been deposited with the Cultural Affairs Agency.
    These revisions are meant to help the law adapt to businesses in the Internet age, and such changes already have been implemented in some other countries. The Diet should therefore pass the bill as soon as possible to make up for lost time.

    (From The Yomiuri Shimbun, March 23, 2009)
    (Mar. 23, 2009)

    O EDITORIAL DA FOLHA DE SP DE HOJE NO TEMA QUE TEMOS DESENVOLVIDO AQUI NO BLOGCAETANO E AMENIZANDO O TEXTO DO CLÓVIS ROSSI :

    Privilégio do dólar
    Apesar de crise aguda, economia americana ainda conta com relativa proteção contra ataques especulativos à moeda

    Um surto de desvalorização do dólar no mundo, acentuado na semana passada, levou alguns analistas a cogitar de que a moeda norte-americana poderia sofrer um ataque especulativo -um processo devastador e bastante conhecido no restante do planeta em momentos de crise, mas incomum nos EUA.
    Há elementos, contudo, para acreditar que a economia americana continua bastante protegida, pelo menos contra esse tipo de manifestação de descrédito.
    O déficit nas transações correntes -todas as operações de compra e venda de bens e serviços com o exterior- dos EUA somou US$ 673,3 bilhões em 2008, o equivalente a 4,7% do PIB.
    Financiaram esses débitos com o restante do mundo por meio dos capitais que estrangeiros depositaram nos EUA.
    A despeito da crise aguda no sistema financeiro americano, os bancos centrais e investidores privados estrangeiros compraram US$ 815,7 bilhões em títulos do Tesouro e das agências americanas. Corporações multinacionais, entre elas algumas brasileiras, lá investiram US$ 325,3 bilhões, gastos por exemplo na aquisição de empresas americanas, desvalorizadas com a crise.
    Tamanho apetite de estrangeiros por negócios em solo americano evidencia que os EUA continuam sendo considerados o centro do sistema econômico global, a principal fonte de demanda e de reciclagem dos fluxos financeiros.
    Por isso, à diferença de praticamente todas as outras nações, os EUA têm poucas restrições de financiamento externo. Isso decorre do fato de a moeda americana -o dólar- ainda ser a mais desejada do mundo.
    A taxa de juros da dívida externa americana (implícita nos títulos do governo detidos pelos estrangeiros) é determinada pelo Fed, o banco central dos EUA. Assim, a desvalorização do dólar desvaloriza, ao mesmo tempo, as aplicações dos credores.
    Um país comum, que apresente reiterados déficits externos, em algum momento enfrenta dificuldades para financiar suas operações em moeda estrangeira. Os investidores externos cortam as linhas de crédito e ameaçam fugas de capital, temendo a incapacidade de pagamento dos compromissos assumidos.
    A moeda doméstica sofre acentuada desvalorização, e o país deve ampliar suas exportações para gerar saldos em moeda estrangeira e honrar a dívida externa.
    Isso ainda não ocorre com os Estados Unidos. Eles podem dar-se ao luxo, como anunciaram na semana passada, de emitir dólares para pagar suas importações e sua dívida externa.

  50. Vianna Vana Caravana disse:
    Março 23rd, 2009 at 12:16 pm

    Gostei muito quando o carioca FHC e o paulista Chico andaram de briguinha.Parece que rendeu até musiquinha,a “Injuriado”,né?Mas bom mesmo foi o FHC pra provocar dizer que o Chico faz música elitista.Adorei!Era verdade.Serra é um cara de esquerda,Caetano esta certíssimo!Serra é o que há de melhor no PSDB.FHC é mulato malandro carioca e sem vergonha.Caetano é de esquerda.E é por isso que pode meter o pau nas imbecilidades e nas contradições salteadoras deflagadas no governo atual.O que acontece é que grana não tem a graça e o poder do Poder para quem os experimenta.Amo os paulistas.Não viveria em Sampa porque ela me desorienta na sua falta de referencias geográficas e naturais.Me perco!Rio e Belô tem um movimento cinematográfico que não percebo em Sampa.Dirijo meu carro no sobe desce descortinando um horizonte cravado de serras e arrranha-céus em movimento num vai e vem vertical contínuo.Sampa são vários grandes mausoléus,catacumbas e tumbas em labirinto.Esquerda ou a direita seguem para a horizontalidade da morte cercada pelo poder.Me afogo!Assusto com a verticalidade da grana ali.A mesma que horizontaliza meus horizontes dantes verticais.Me enterro!Sampa não deveria mais centralizar tanta grana e poder.Poderia valorizar outras referências suas ao invés de deslocar para outros patrícios suas próprias identidades auto desdenhosas.

  51. Fernando Salem disse:
    Março 23rd, 2009 at 1:12 pm

    Gil

    Gostava de “Baiano e os Novos Caetanos”. Não gostava de “Zelberto Zel”.

    Na paródia de “Baiano e os Novos Caetanos” havia algo de Antonio Carlos e Jocafi, de dupla, as referências eram múltiplas e algumas canções de Arnaud Rodrigues eram divertidas. Aquilo não era exatamente uma “imitação” de Caetano. Era uma paródia que mixava múltiplas referências. Zelberto Zel, ficava no meio do caminho, entre a paródia e a imitação, e era sem graça.

    Quando falei das “patéticas imitações de Gil e Caetano falando”, me referia a uma mania aqui em SP (veja no YouTube) de imitá-los como se nada falassem. Sempre aparecem meio molengas, com falas desconexas como se tivessem fumado um baseado. O “ou não” final é recorrentemente usado nas imitações de Caetano, que (acho) não usa o bordão.

    Mas é claro, que humor é isso aí. Agora, tem humor legal e tem coisa que simplesmente acho sem graça. Uma coisa é imitar ou parodiar Caetano, outra é imitar a imitação. E isso é que tá rolando. Basta dar uma anasalada na voz e dizer umas frases enroladas, terminando com o “ou não” e pronto… temos uma imitação barata.

    É evidente que isso não tem a mínima relevância e não deve incomodar o Caetano. Mas que é sem graça, é.

    E Chico Anísio não pode ser comparado com alguns dublês de humoristas que fazem sucesso no YouTube e no programa do Tom Cavalcanti. Não sejamos injustos.

    abraço

    Salem

  52. Fernando Salem disse:
    Março 23rd, 2009 at 1:15 pm

    Ah! Gil

    Evitando mal entendidos:

    A expressão “não sejamos injustos” não quis dizer que você foi injusto. A primeira pessoa do plural foi genérica. Você não foi injusto. Aliás foi justo no elogio ao Chico Anísio. Só quis deixar claro que não me referi a ele quando falei das tais “imitações patéticas”.

    salem

  53. rafael rodriguez disse:
    Março 23rd, 2009 at 1:46 pm

    reli tudo. reli também os comentários.
    que beleza o primeiro comentário do Salem. que beleza!

    Só fui a São Paulo uma única vez. Sozinho. Em 2006.
    Deixei a mochila no apartamento e corri para o CCBB, fui pegar um livro que havia ganhado. Depois me perdi pelo centro, de propósito. Olhava com admiração para os prédios enormes, tudo belo - feitos pelo homem, uma natureza morta, bela. Quando cheguei numa parte que parecia um viaduto de pedestres, tinha um shopping - naquela reta do municipal… Não me contive e chorei. Eu só, contemplando o céu cinza nublado e um alaranjado que criava uma perspectiva entre dois prédios.

    centro de Sampa, Bienal de Arte, o Teatro Oficina (Homem II) e muitas outras coisas. Voltei de lá com a certeza de que um dia habitaria aquela cidade. Quase fiz isso no início de 2008, quase. Pintou uma saudade antecipada das praias do Rio, dos meus pais, dos meus amigos.

    bjs.

  54. gil disse:
    Março 23rd, 2009 at 2:31 pm

    Salém, não se sinta perseguido, vc é o cara. Não me referi ao que vc falou, embora estejamos juntos no blogCaetano, sempre tive vontade de me referir aquele “ou não”, uma vez que o reproduzo frequentemente. Nunca me senti perseguido quando reprovam o uso do “ou não”…na verdade, isso me acompanha desde os tempos do vestibular, olha que já faz tempo, quando eu ouvia siderado Gilberto Gil/ Gal cantar: ..a cultura e a civilização, elas que se danem…ou não”. Vem de lá o “ou não” que eu adoro. Depois veio Chico e arrasou. Vamos indo, na onda do BlogCaetano, que digamos, vamos lá, é A ONDA!

  55. Frederico Augusto disse:
    Março 23rd, 2009 at 3:47 pm

    Ser carioca, assim como baiano é o que unge qualquer aspecto de tudo o que significa ser do Brasil. Essa coisa toda de serem vistos como preguiçosos, malandros…isso tudo é cansativo demais. E como lembra Santo Agostinho: “O que é a preguiça, se não imitar a tranquilidade na qual Deus vive?”. Nenhum paulista, ou sulista, ou mineiro poderia autenticar algo que se julgasse superior ao que é o Brasil.
    Desses dois vulcões esgarçam a esmagadora sonoridade do País. São Paulo tem que admitir que não foi capaz de produzir tal sonoridade. Isso não significa que não exista, óbvio que sim - o Rap ainda parece ser a Bossa Nova de São Paulo, mas com a potência sonora RIO-BAHIA, não há nada no mundo que consiga se sobrepor.
    Onde o Rio é mais baiano é onde São Paulo receia banhar-se.

  56. Renato Pedrecal disse:
    Março 23rd, 2009 at 4:05 pm

    O maior de todos da sua geração, Caetano, chama-se Arnaldo Dias Baptista!, genial paulistano da Pompéia, bairro no qual me hospedei, emocionadíssimo com as lembranças da minha anfitriã que se lembrava de um buggy todo colorido estacionado na calçada em frente à casa dos dois rapazes dentuços e geniais.

    Obviamente esta é uma opinião parcial, apaixonada, pessoal e tendenciosa. Portanto, nem pensem em contestar 8)

    Um sonho (ou melhor, dois): Caetano gravando um disco só com Gil, Djavan, Milton e Melodia. E Melodia gravando um só com Caetano!

    Saudações!

  57. Lucesar disse:
    Março 23rd, 2009 at 4:07 pm

    Salem você tá certo, quem na verdade usava o “ou não” era o Walter Franco, inclusive titulo de um dos seus discos, mas a frase sempre foi vinculada erroneamente a Caetano.
    Abraços…

  58. alotroladode(l)río disse:
    Março 23rd, 2009 at 4:33 pm

    tem muita uruguaia nesta OeP, para un paisito tan diminuto no está mal…

    Heloísa,je t’ai écrit, avec bcp de retard, sur l’autre post.

    Até!
    Bjs

  59. Diogo S. D. disse:
    Março 23rd, 2009 at 4:49 pm

    entendo o que há de paulista em chico, até pela sua história. mas ele é carioca, ele é carioca, ele é o tal.

    assim como caetano, que é carioca.

  60. glauber guimarães disse:
    Março 23rd, 2009 at 5:13 pm

    a letra de “divino maravilhoso” é de arrepiar. ainda muito jovem, quando comecei a entendê-la, pensei: “esse cara [caetano] é mais inteligente que a maioria das pessoas”. “atenção para o refrão” é demais…em “superbacana”, eu vibro com aquele “um instante, maestro”. PHodíssimo!

    gil, traduzir esse texto exigiria um tempo que não tenho agora e também não sei se estou à altura…entender, escrever e falar é um lance, traduzir são outros 500 [dólares], haha

    chico anysio é um gênio. “baiano e os novos caetanos é bom demais”, tenho o vinyl.

  61. teteco dos anjos disse:
    Março 23rd, 2009 at 6:09 pm

    Hoje, andando de carro com minha filhota de 8 anos, a Mariah (Iah Iah), pelo trajeto Av Nove de Julho, São Gabriel, Santo Amaro, Faria Lima, Teodoro Sampaio (ladeira dos músicos), Av Dr Arnaldo e Av Paulista, enfim, fiquei observando como Sampa é linda.
    Uma cidade que vai, vertiginosamente, do paupérrimo de um valente “Cingapura” aos mais luxuosos arranha-céus do Itaim Bibi, Vila Olímpia..tudo muito abrasileirado, tudo muito mundo afora. E fiquei conversando com minha filha sobre essa beleza heterogênea, oculta e explícita que Sampa nos apresenta em forma de cidade sem fim.
    Dei meia volta depois e escorreguei novamente via Dr Arnaldo para o Pacaembu e, ao ver a entrada antiga do belo estádio, disse à minha Iah Iah. “Ali jogou Pelé, Ademir da Guia e, ontem (domingo) jogou o Ronaldo Fenômeno”.
    Ela conhece mais o Ronaldo que Pelé, e não sabe nada do Ademir..claro. Mas ela perguntou;
    “O Ronaldo jogou aí com o Palmeiras???”. Na verdade, ela quis perguntar se Ronaldo teria jogado no Pacaembu “pelo” Palmeiras.
    “Infelizmente não meu amor. Ele jogou pelo Corinthians”, respondi. Mas, o que me importa é que Ronaldo está na cidade sem fim.
    E como sugeriu meu amigo blogueiro Glauber Guimarães…fiz um passeio de trabalho em Sampa super desestressante, mesmo com essa turba alucinada de carros, motos, ônibus e caminhões, que chegam de todos os lados do universo desvairado paulistanobrasileiro.Sem hífen. Amo Sampa!!!

  62. cleo disse:
    Março 23rd, 2009 at 6:16 pm

    Cara, assumidamente você é paulistano.
    É sempre nóis na fita, mano!!!!!!

  63. Wesley Correia disse:
    Março 23rd, 2009 at 6:57 pm

    Marcio Junqueira,

    José Ronaldo é mais: são muitos simultâneos, Lucas da Feira, Godofredo Filho, Chico Pinto (sobretudo!) e Franklin Machado e Juraci Dórea que alcançou o que poucos artistas conseguem, um traço tão absoluto de originalidade que lhe credita autoria as suas obras onde quer que elas estejam. Reconhece-se Juraci em Bordeaux, no Sobradinho ou num filme nacional. Calasans, Carybé, Basquiat e Pollock também o alcançaram na pintura e no desenho assim como João Guimarães e Virgínia Woolf, na literatura.

    A Tieta do cacá teve de duelar com aquela outra da novela - a meu ver muito mais cheia de “baianidade caricata” (não ssaberia dizer se carlista ou não.)na acenuação de óxxxxénti, pólícíá e préféítúrá - onde a Perpétua sai voando numa vassoura. Mas Sonia Braga, que sendo paranaense é também baiana, é mesmo uma tigresa. Aliás, Marília Pêra é de tirar o fôlego. Tenho quase certeza que deu mais trabalho gravar Tieta do Agreste - cada expressão de Zezé Motta milimetricamente perfeita - do que Batman, o cavaleiro das trevas.

    Se há laços afetivos e/ou failiares quem ligam Juraci Dórea à burguesia agrária feirene, o que dizer sobre Coubert Filho?

    “Um baguinho de jaca, um jeguinho que empaca, um casal de mosquitos no ar, e o coração dende mim quer parar, disparar, coisa louca é gostar.”

    Caetano,

    Depois de 10 anos de ininterrupta militância petista, tenho dúvidas se votarei em Serra ou Heloísa Helena parar presidente/presidenta do Brasil.

    Por hora, direi que a USP, que eu amo, cheira a móvel velho tanto quanto a Sorbonne. Depois falo melhor. Este post e seus últimos comments me puseram “comovido como o diabo”.

    Té breve,

    Wesley

  64. mauro hage disse:
    Março 23rd, 2009 at 6:59 pm

    Caetano, cada texto é um petardo de furar a rede, cria polêmica, atiça, maldiz, contra-diz, reflui, flaciona, desmascara, faz refletir, nega,relativiza, torna positiva/negativa um opinião, enfim, é o todo e de resto não nos sobra nada a dizer, apenas dizer: Meu Deus, por que não pensei nisto antes? Tão lúcido que és. Não é à toa que chegas ao 67 anos tão jovem que mais qualquer outro que eu conheça.Tenho 03 filhos 25/20/16 anos, todos lhe admiram, leram seu livro, ouvem suas músicas e vão aos seus shows quando podem aqui em Salvador, porque você fala o que eles querem ouvir. Caetano polemize mais, brigue com a imprensa, com os politicos, pois tudo que dizes é como um vulcão e todos querem saber.Você tem a astucia de calculista, esperteza e arte de agradar, habilidade para se fazer gostar. Parodiando Voltaire”se você não existisse, seria preciso inventá-lo”.Com um cicio melífluo lhe digo: cante mais na Bahia. Porque as pessoas foram criadas para serem felizes.E vamos aproveitar porque sempre pensei assim: se morro, e de repente não existe nada, só bardanas nascerão sobre o túmulo.Mas se de repente me bater uma dúvida, e à medida que progredir o amor irá convencer-me de Deus e da imortalidade da alma.Definiste seu amor por Sampa, mas aquilo que você, em seu próprio íntimo, acha bom, já se purifica pelo simples fato de o haver notado dentro de si mesmo. Que pena do Rio de Janeiro…Mas enquanto Sampa é trabalho, a Cidade Maravilhosa estrondeia e retumba com sua beleza.Mas Caetano, não se benza diante dos botequins e atire pedras no templo.E quando não mais ver beleza alguma veja este poema de Schiller:
    Nu, tímido e selvagem o troglodita
    De rochedo em cavernas se escondia,
    Pelos campos, nômade, errava
    E esses campos devastava
    Caçador empunhando flecha e lança,
    Pelas matas temível corria…
    Ai de quem as ondas lançassem
    A tão inóspitas margens.
    Das olímpicas alturas
    De Prosérpina raptada,
    Mãe Ceres desce à procura:
    à frente se estende o mundo
    Selvagem.Nenhum canto, ou oferendas
    A deusa encontra por lá;
    E não se vê em templo algum
    O culto da divindade.
    Frutos do campo e doces uvas
    Não embelezam os jantares;
    Só restos de corpos fumaçam
    Sobre sangrentos altares
    E onde quer que o triste olhar
    De Ceres por ali fite -
    Profundamente humilhado
    Sempre o homem ele divisa!
    Caetano, donde tu viestes, criatura?Imagino tu não como gente, mas deves ter brotado da umidade de alguma terra fértil de Santo Amaro.E não há uma só pessoa com sua inteligência, pois não se tiram dois couros de um boi só.E o resto é uma poeira que se levantou…Venta e a poeira passa.Mas você chega a essa idade com uma vitalidade intelectual impressionante, com uma vontade de viver, que mesmo que não acreditasse na vida, se perdesse a confiança na mulher querida, se perdesse a confiança na ordem das coisas, se se convencesse até de que tudo, ao contrário, é uma desordem, um caos maldito e talvez até demoníaco, mesmo que todos os horrores da frustração humana te atingissem, ainda assim tu terias vontade de viver.E com certeza passaria a amar mais a vida que o sentido dela.Você desdenha de todos nós, porque acredito eu que a tolice é curta e ingênua, já a inteligência tergiversa e se esconde.A inteligência é um canalha, mas a tolice chega a ser franca e honesta. Mas não quero mexer com o diabo de tanta inteligência, porque acho que o diabo não existe e, portanto, o homem o criou, então o criou à sua imagem e semelhança.E quando a gente acha que já falou um bocado de absurdo, é sobre o absurdo que se funda o mundo, e neste talvez não acontecesse absolutamente nada sem eles. Nós sabemos o que sabemos! Ok. Caetano? Por isso acho eu que nós pobres mortais sofremos, sofremos muito.Pois não há preocupação mais constante e torturante para o homem do que, estando livre, encontrar depressa a quem sujeitar-se.Viva a liberdade Caetano.Expresse-se da melhor forma que sabes.Porque penso que o segredo da existência humana não consiste apenas em viver, mas na finalidade de viver.Você soube transitar muito bem entre a polêmica e a aceitação.E ser benquisto por todos.Se o grão de trigo que cai sobre a terra não morre, fica só; mas se morre, traz muitos frutos.Cada texto por mais insignificante que possa parecer, mas que foi escrito por você, faz fremir de êxtase a alma, resplandece a razão e faz chorar de alegria o coração…Na sua simplicidade(misto de Caymmi,João Gilberto,Assis Valente, uma pitada de Gil, Gal,Bethania) em que anos de carreira não lhe trouxeram riquezas materiais, teríamos certamente perdido o artista que você é, pois certamente quem acumula objetos demais, ficam com alegria de menos.E por acaso é uma quimera achar que, ao fim e ao cabo, o homem encontrará sua alegrias apenas nos feitos alcançados(musicais, digo eu)e não nos prazeres cruéis como acontece hoje - na glutonaria, na soberba, na jactância e na inveja excessiva que uns sentem dos outros? A Bahia deve muito a seus artistas. Faça um texto sobre a Bahia e os bahianos…Acho que a Bahia está virando um inferno caótico, porque acho que o inferno tem hierarquias, ordem, leis, aqui não!O que é o inferno. Eu julgo assim: É o sofrimento de não mais se poder amar.E nossa Bahia está assim, Caetano, causando desamor a seus habitantes.

  65. Margareth Bravo disse:
    Março 23rd, 2009 at 7:25 pm

    Quero agradecer a viagem histórica de nossa época pelo viés Caetano.

    Como livre pensador e espécie de tradutor das profundas ânsias coletivas Caetano vem sendo ao longo dos anos um condutor de alquimias em nosso “DNA” de certa forma o absorvemos quer queiram ou não, em nossa corrente sanguíneo-subjetiva. Em Outras Palavras, Cores e Nomes, enquanto Uns ladram, nós não temos nenhuma Queixa, Caetano é um Raio de Luz do Sol a iluminar entendimentos e contradições, fala em uma Língua universal, provocando O Quereres que a todos mergulha vez por outra Numa Noite de Hotel , em Noites do Norte sem norte, nessa Terra, onde não podemos fugir da “dor-homem” , mas apesar e até por causa dos Podres Poderes, podemos perceber Qualquer Coisa, Fora da Ordem e é aí que faço uma Oração ao Tempo pedindo vida longa a Caetano.
    Penso que o verdadeiro intelectual, é aquele que se revela pragmático, como Darcy, Deleuze, DaMatta, Caetano, apenas para citar alguns. E ao final Caetano e sua expressão no mundo, contudo, é apenas “Humano, demasiado Humano”. E eu sigo observando, com minha Alegria, Alegria e com nada nos bolsos ou nas mãos, mas o que importa mesmo, é que eu nasci para ser Superbacana!!!
    Um forte e afetuoso abraço

  66. Toni disse:
    Março 23rd, 2009 at 7:32 pm

    O novo post se inicia, de modo surpreendente, marca as reminiscências de Caetano de modo muito saudável para apreciarmos e recordarmos nossas próprias vidas, com o empurrão que ele nos deu. Não sou freqüentador assíduo deste blog que tem feições bem democráticas e que vem atraindo, cada vez mais, um contingente enorme de pessoas, para visita-lo e dele participar. Não conheço a idéia do Caetano sobre o significado da Obra em Progresso, mas, imagino que ele está em fase criativa e que do blog nascerá algo, fruto da participação geral, mas sob o comando dele, que é o grande maestro desta enorme orquestra. Não sou jornalista e, por isso mesmo, não sigo a lógica jornalística de escrever pouco pois o grande público não lê textos grandes. Creio que o público leitor, tende ler aquilo que lhe agrada, que lhe toca e Caetano, ao escrever sobre Rio e São Paulo, vai tocar muita gente. Tenho observado que, dentre os bloguistas, há quem proceda, ou se atreva, como eu, a escrever algumas coisas que parecem fora da ordem contida no tópico, mas, como o texto do Caetano refere-se as duas grandes cidades brasileira, a cidade maravilhosa e a cidade da perplexidade. A primeira já foi capital do Brasil e a segunda é a capital do capital. Resta - caso não tenha escrito - no futuro próximo, Caetano escrever sobre o dia em que foi embora de Santo Amaro e sobre a cidade do Salvador, um dos pulmões do nosso Brasil, berço da nossa civilização e tão rica em segredos e mistérios. Cidade em que Umberto Eco veio conhecer, com Sante Scaldaferri, rastros dos Templários e da nossa afro-baianidade, o que resultou em pêndulo de Foucault (pronunciado “fu-cô”). Lamento não te-lo conhecido pessoalmente. Amo a Bahia pela pluralidade da sua cultura, pelo seu dinamismo, pela malemolência sabida dos baianos, pela beleza, cantada e decantada, em prosas e versos, por que aqui esteve e passou, ou ficou. Bahia de Vinicius de Moraes,de Juca Chaves, de Verger, de Caribe, tão baianos quanto Jorge Amado e Glauber Rocha, Caetano e Gil. Falta à Bahia deixar de ser - fruto das nossas elites - provinciana. Ainda somos tudo quanto Gregório escreveu. Sobre Santo Amaro, alguém deveria escrever sobre esta terra tão rica em tradições populares e que deu ao Brasil a Condessa de Barral, por quem, Pedro II, foi flechado antes da primeira vista. Devia ser muito bonita. Era conterrânea de Caetano. Mas eu gostaria de tecer um comentário que engloba a política que vem se desenvolvendo no eixo SP-Brasília e que toca cada um de nós…Posso roubar um pouco da sua atenção ? então vou caminhando contra o vento, tomando coca-cola e sem olhar bancas de revistas, principalmente VEJA, que, também, só faço folhear, quando viajo de avião, vez que é de graça e tenho que matar a ansiedade durante o vôo.
    Deixe eu fugir da lógica dos jornalistas (eles lêem, mas acham que o povo não lê “coisa grande”). Os burocratas - servidores públicos - me aborrecem com aquelas três linhas e os “protestos de estima e distinta consideração”. São tão concisos que deveriam trabalhar em redações de jornais (risos). Mas eu não posso ficar sem ler jornais e queria ler mais coisas, mas os donos de jornais não permitem que a liberdade, latu senso, aconteça de verdade. Pobres jornalistas que dependem de jornais que tem dono e donas e onde não podem escrever o que realmente pensam. Pernita-me, Caetano, proceder minha avaliação sobre sucessão presidencial em outro comentario, certo?

  67. Marcio Junqueira disse:
    Março 23rd, 2009 at 7:54 pm

    Wesley

    não entendo quando vc junta godofredo, fraklin,juraci a José ronaldo. e nem estou xoxando. não entendo mesmo. godofredo, juraci e frank juntos eu acho correto, mas não sei onde zé ronaldo entra.

    Juraci é realmente maravilhoso, adoro o trabalho dele. mas não coloco ele com pollock, nem basquiat nunca. primeiro pq a natureza do trabalho deles é muito distinta, segundo q basquiat (que eu gosto pra caralho) é bem menor q juraci.

    Não afirmei q Juraci tinha laços familiares com a burguesia agraria da cidade, mas o trabalho dele sempre me soou como alguma coisa, meio “menino de engenho”, uma saudade de outros tempos, um elogio à civilização do Gado…Isso não é um problema. Nem tenho nenhum problema com o Juraci. Meu bode é mais o enterno, que trasnforma aquilo num valor absoluto. e engessa a cidade dentro daquela representação.

    Com excessão de Seu zito (que para mim é o maior artista palstico da cidade já faz algum tempo) e alguns trabalhos do grupo ligado ao Herivelton Martins, tudo segue na mesma direção. Isso é chato. E pobre.

    Mais do que isso, me revolta que tenhamos que ficar eternamente confinados a representações regionalistas e laudatorias.

    Os bumba meu boi do Romero, o expressionismo regional de Escaldaferri, Caribé, liberato, Galeano e mesmo Marepe, algums vezes.

    nãos ei sua idade, mas talvez você tenha um sentimento nodestino (ou regionalista) mas forte ou profundo ue o meu, e talvez isso não lhe incomode. Mas eu aprendi a ser nordestino com o som que veio do recife (e não foi o armorial, mas o que o mague beat trouxe) e com joão Cabral.

    o regionalismo de chico science, fred 04 e siba foi o que me formou, por isso tenho muita dificuldade em aceitar esses as posições do Suassuna e dos seus parceiros em Feira de Santana.

    Isso não os desmerece. não são obras ruins, só não respondem ao meu tempo e, suspeito, de ninguem que tenha nascido na decada de oitenta e teve a televisão como parceira e confidente.

    o cordel do fogo encantado, o nação zumbi, o mestre ambrosio respondiam a essas coisas de forma mais sofisticada e menos esquematica.
    apesar de eu ser contemporÂneo mesmo é do Mambojó.

    Minha vonade é responder ao poema do Bandeira em resposta ao convite do godofredo, dizendo que agora ele já pode vir.Que côCô de cabrito e ar fresco são fabulas. O que temos para vc, e acredito que ele ia gostar um bocado, é arrocha, axé, pagode, mau gosto de classe média (com seus portões tubulares), e meia duzia de intelectuias de provincia reativos. Esses ultimos acho que não lhe empolgaria tanto.

  68. Guido Spolti disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:04 pm

    PRA NÃO DIZER QUE NÃO DEI UMA COMENTADINHA

    O que mais gostei no post do Caê foi as menções às canções DIVINO MARAVILHOSO e ENQUANTO SEU LOBO NÃO VEM (posso dizer que é uma das canções do Caetano que mais gosto)…
    Ainda preciso ler melhor o texto traço de união RIO/SAMPA…

    Não estou com tempo!!!

    Glauber, qual é o primeiro disco do DUSEK? É aquele que tem “barrados no baile” e “Cantando no banheiro”? Adoro o Dusek desde de sua aparição no festival shell 1980.

  69. Guido Spolti disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:05 pm

    Sobre o quadro do Chico Anísio, adorara a imitação que aquele ator fazia do Caetano, os cabelos curtos e grisalhos e a gesticulação eram bacanas, apesar do in-correto “ou não”.

  70. Fernando Salem disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:13 pm

    Gil

    Não me sinto perseguido, só presto atenção ao dobrar uma esquina virtual. Palavras digitadas fazem boas e más confusões, ou não.

    Lucesar

    Que boa lembrança do Walter Franco. Quem diria! O “ou não” é de um… paulista!

    Acho que “Ou Não” é o seu primeiro disco. Gosto de “Revolver”, “Respire Fundo” e “Vela Aberta”

    Tinha 12 anos quando escutei a música “Cabeça”. E “Serra do Luar” é um clássico!

    Cadê o Walter Franco? Cê sabe?

    beijo na cabeça com a mente quieta

    salem

  71. glauber guimarães disse:
    Março 23rd, 2009 at 8:14 pm

    andré,
    parabéns a você e ferraz pela “errática” e outros projetos.
    …………….
    lembrei de outro sujeito que é a cara do rio: miele [que se inventou, antes que algum aventureiro o fizesse, hahaha].

    não sei até que ponto esse “rio” que eu gosto mais, ainda existe. quero crer que sim. existe em mim, certamente.
    ………………
    é mesmo teteco, o renato teixeira daqui é o renato teixeira?? se for, sou fã incondicional. se não, fiquei fã, haha

  72. Othon disse:
    Março 23rd, 2009 at 9:24 pm

    O sentimento que experimentei ao visitar o Rio pela primeira vez foi um misto de deslumbramento e inveja. Salvador me pareceu acanhada. Esse sentimento me perseguiu por uns dois meses após retornar para Salvador. Conheci São Paulo mais tarde, sempre a trabalho, mas o impacto não foi menor. A monumentalidade vertical de São Paulo, a variedade gastronômica, os programas culturais provocaram em mim momentos de prazer, satisfação e alegria que me servem de critérios de julgamento ainda hoje. Aqueles garçons que servem um novo chope sincronizado com o último gole é referência mundial. Aqui em salvador muitas vezes temos que gesticular minutos até aparecer alguém para atender. Aqui tem muitas coisas boas mas estamos,na média, atrasados na qualidade dos serviços.

    Tenho que voltar à questão da direita e esquerda. A distinção é útil e não há dúvida sobre a sua validade. Mas quando vejo a classificação apontada por Vellame servir de referência sinto-me obrigado a aplicar um Zoom+ naquela distinção ai de cima. Politicamente acredito no liberalismo e vá lá, no social liberalismo europeu. Respeito as leis,a economia de mercado e a democracia representativa.Diria também que sou um conservador nos costumes.Serei “gongado” ,Vellame. Sou contra o aborto e as cotas para negros (por que não para pobres?), por exemplo. Por essas posições me considero de direita.Não aceito vestir a camisa de Sarney ,Jader Barbalho ,Collor e mesmo ACM apesar dele ter modernizado a Bahia(Serei gongado de novo). Eles simbolizam o patrimonialismo e a dependência do estado. Sou radicalmente contra essa mentalidade. Não seguem filosofia política alguma,são políticos profissionais.A rigor não existe uma direita no Brasil mas eu diria que o pensamento de Roberto Campos foi (é)para mim um modelo a ser seguido por um partido liberal no Brasil.Por enquanto fico com Serra , PSDB e seus economistas.Ao longo da história o liberalismo se provou superior ao feudalismo , socialismo e comunismo e hoje,com as idéias totalitárias ressurgindo ao nosso redor e aqui dentro pipocando indícios delas tipo controle “social da imprensa” e “democratização de não-sei-o-quê” , começo a concordar com Gravataí e a discordar da sobrinha de Salem e de mim mesmo.As noções de direita e esquerda ,pelo menos taticamente,estão superadas.Ser de direita não me faz um homem mau.

    Othon

  73. André Vallias disse:
    Março 23rd, 2009 at 10:02 pm

    Caetano, muito obrigado pelas generosas palavras! São um grande incentivo para a continuidade desse projeto, que conta ainda com a colaboração inestimável de Eucanaã Ferraz.

    Glauber, adorei a expressão “labirinto de idéias e estímulos, e sem Minotauro”: na mosca!

    Quem ficou curioso acerca do artigo “Mário Noel Orlando João” de Augusto de Campos, que Caetano menciona, pode baixá-lo em formato PDF aqui:

    http://www.cultura.mg.gov.br/arquivos/SuplementoLiterario/File/sl-maio-2008.pdf

  74. carolina disse:
    Março 23rd, 2009 at 10:30 pm

    Joaldo:
    Ainda da Fábrica do Poema: O verme e a estrela (Pedro Kilkerry e Cid Campos)

    “Agora sabes que sou verme,
    Agora sei da tua luz
    Se não notei minha epiderme
    é, nunca estrela te supus
    Mas se cantar pudesse um verme
    EU CANTARIA A tUA LUZ!”
    (…)

    Glauber:
    Viva a Padoca (e a pizza) de SP!!

    Caetano,
    Amo chico, mas ele é etéreo demais
    Prefiro vc que de vez em quando ate lê as coisas que escrevo por aqui. Prefiro vc que sei que está aí.
    Chico é uma entidade. Vc é de verdade (tropical!)
    Sou fã mesmo (do Salém tb!)
    Bjs

  75. kenneth guimaraes coimbra disse:
    Março 23rd, 2009 at 10:53 pm

    Caetano,

    venho acompanhando o Obra em Progresso há alguns meses, sem nunca haver postado qualquer mensagem. Para um goiano como eu, o texto Rio/Sampa faz com que eu me sinta um estrangeiro em meu próprio país. Conheço São Paulo (muito mal) e o Rio menos ainda. Mesmo assim, prefiro Santo Amaro.

    Gramde abraço,

    Kenneth

  76. teteco dos anjos disse:
    Março 23rd, 2009 at 11:48 pm

    Pedrecal,

    Arnaldo Dias Batista, o genial músico-poeta da Pompéia. “Ce tá pensando que eu sou lóki bicho??”

    É isso aí. Vamos todos virar “bolor”. Que felicidade.

    “Você ainda nem me viu de pijama sorrindo a brincar”…uau.

  77. Paulo Osório disse:
    Março 24th, 2009 at 1:03 am

    Eu amo a Cidade Maravilhosa. Talvez a distância ajude a hiperbolizar esse sentimento. Das quatro vezes que fui ao Brasil (sempre 3-4 semanas) estive sempre no Rio. Fiz questão.
    É brutal a chegada de um estrangeiro a esta cidade entrando pelo aeroporto internacional. Após a saída da ilha, são favelas e mais favelas, ali perto da estrada, e lá longe, no horizonte, a perder de vista, para o infinito…É assustador. São vários Kilómetros. Ninguém me tinha prevenido para aquilo…Quando (finalmente!!) chegamos ao Centro respiramos de alivio; aparece-nos uma cidade mais ou menos banal, ponteada por umas igrejinhas e outros monumentos por ali e por acolá (atenção que estou descrevendo a viagem de carro até ao hotel). Até que chegamos ao aterro do Flamengo… Tinhamos entrado no Paraíso. Afinal a viagem do Inferno para o Paraíso não foi tão longa assim. E valeu a pena. De tal forma que já esquecemos o Inferno. Botafogo, Guanabara (sou cego de tanto vê-la…), o pão-de-açucar… e tudo o mais…nem vale a pena falar… Para um turista o Rio é uma cidade calorosa. O Rio absorve, acolhe, mima o turista… O calor, o ar da praia. O jeito dos cariocas, o pessoal no calçadão, o aroma da Cidade…Difícil explicar…

    Tenho familia em Sampa e fui lá 3 vezes. Concordo com quem diz que a primeira impressão é austera e fria. Foi o que me aconteceu. Não gostei. Achei uma cidade incaracteristica, uma selva de pedra; poderia bem ser uma cidade feia da Europa… Ainda da minha primeira ida, atenuei aquela opinião. No final da estadia já estava gostando. Percebi a diversidade e a oferta cultural, percebi o pulsar da cidade, percebi a importância económica e política… e as pequenas coisas… o mercado, um cafézinho na Paulista, o Ibirapuera, pizzarias do melhor, o mendigo dormindo dentro de um caixão funerário ali no cruzamento, perto do H. Da Clínicas (que visitei, pois tem um polo de Cardiologia do melhor do mundo…)… E já não falo do litoral que também conheci… E até no futebol: para além da Portuguesa, comecei (não sei porquê!) a torcer para o S. Paulo. Isto não esquecendo o Cruzeiro!!! Claro!!…Pelo contrário (não sei explicar) nunca tive afinidade com o Vasco.
    Em suma: Aprendi a gostar de Sampa. Mas nunca esqueci a forma como o Rio me abraçou carinhosamente. E a paixão ficou.
    Rio e Sampa. Duas experiências diversas. Tão bem descritas aqui por Caetano Veloso, esse compositor muito melhor que Chico Buarque de Holanda…

  78. Eduardo Luedy disse:
    Março 24th, 2009 at 3:14 am

    li sim, wesley! obrigado pela deferência!
    o evento vai ser no dia 07 de abril. nem sei direito ainda sobre o que vou falar, mas chico lima me disse que é para eu mevaler dessas minhas provocações todas - que faço não só aqui, mas nas minhas animadas conversas com os colegas da uefs.
    abração
    luedy

  79. Emerson Leal disse:
    Março 24th, 2009 at 3:29 am

    Bom, vou tentar falar com Lucesar, Caetano, Salem e Glauber de uma cajadada só:

    As sensações quando eu cheguei no Rio foram tantas, tão diferentes… Pra se ter uma idéia,
    passei as noites de boemia mais intensas e duradouras até então (digo duradouras pq em Salvador as coisas fecham cedo e todo mundo reclama disso. Perdão, Salvador); vi um tom de azul do mar que nunca havia visto (sei que é do mar, mas mesmo assim “não posso defini-lo”); me senti “protegido” com a eficiência do transporte público; fiquei boquiaberto inúmeras vezes ao abrir o caderno de cultura e lazer do jornal, tantas eram as boas opções de programa; A beleza gritante da cidade é um negócio do outro mundo, me deixava inquieto; fiquei satisteito, feliz em conhecer o Maracanã, o sambódromo, o Pão de Açucar, enfim, todas essas coisas que afinal fazem parte do nosso cotidiano, graças à televisão. É claro que estava rodando pela Zona Sul. Eu era um turista de primeira… Viagem, hehehe! Ah, sim, não posso esquecer deles: os cariocas. Achei-os inteligentes e atrevidos, tanto homens quanto mulheres.

    Bom, como se não bastasse isso tudo, nessa época eu tive o prazer, a sorte, o privilégio, sei lá,
    de pegar uma carona com Chico Buarque, do Recreio ao Leblon. Lembrando desse dia (não houve conversa séria, falamos de amenidades todo o tempo) vejo Chico como um carioca, sim, mas com uma polidez paulista. Não só porque ele morou muito tempo em São Paulo, ele também é filho de paulista… Nas canções, acho que ele é uma moça. Em todas elas, falo, não só nas de amigo. Carioca? Talvez… Mas ele é o cara da canção, sem dúvida. Luiz tatit, por esse e por outro lado, também.

    Só fui a São Paulo a trabalho. Achei uma cidade fria e impessoal. Mas pra trabalhar, todo mundo te ajuda (me ajudou). Achei uma cidade complicada,
    difícil de andar, tive uma mesma sensação de anonimato que Glauber citou. E tudo é muito mais acelerado. Não entendi a principio
    pra que tanta pressa, parecia um jogo, uma corrida desenfreada como se a regra fosse: “quem morrer com mais dinheiro ganha”.

    Glauber, “Pecado Original” é massa mesmo. A gente não sabe o lugar certo de colocar o desejo!

  80. teteco dos anjos disse:
    Março 24th, 2009 at 3:45 am

    Eu gosto do Rio. Principalmente a Zona Norte. Fiquei hospedado inúmeras vezes no Jardim América. Tenho uma filha linda e maravilhosa, Rafaela (3 aninhos) com uma carioca de Botafogo.
    Vi Bob Dylan e Stones na Apoteose…e vi Stones em Copacabana.
    Mas eu gosto muito mais de Sampa do que do Rio. Primeiramente, muito tempo perto do mar me dá tédio. Não sei como acontece, mas acontece. Seja no Rio, em Ubatuba, Paraty, até na Sardenha, onde morei. Aliás, eu preferia as cidades antigas e pequenas do interior da Sardenha do que as cidades costeiras, lindas e estonteantes. Sou um bicho estranho mesmo.
    Depois, eu sinto Sampa como meu porto-seguro, minha aldeia, meu gueto, minha vila, meu povoado, minha roça. É..São Paulo é roça..é rural também. Nunca me dou conta de que estou dentro de uma coisa absurda com 20 milhões de pessoas se movimentando ao mesmo tempo, falando, respirando, nascendo, morrendo, andando, amando, odiando, matando, cagando, celebrando a vida, cuspindo horrores, sendo.
    “São Sâo Paulo..meu amor. São São Paulo quanta dor”.

  81. Caetano Veloso disse:
    Março 24th, 2009 at 4:06 am

    Eu adorava Baiano e os Novos Caetanos. Salem disse certo sobre o resto. E o “ou não” era um bordão do Walter Franco, da música Cabeça, que fez furor pela TV no festival internacional do Maracanãzinho. Depois, injustamente, esqueceram Walter e colaram a expressão neste outro maluco aqui (que, ainda por cima, tinha lançado Araçá Azul perto do lançamento do “ou não” do Walter). Junte-se a isso a tendência minha e de Gil (ainda mais dele do que minha) de considerar muitos lados de uma questão e… pronto. Em Eu sou neguinha? (que pretendo cantar no show do Zii e Zie), repito “ou não” muitas vezes. Acho que é só onde usei a expressão: tinha a ver com a pergunta que Arto Lindsay me mandara sobre a foto de uma mulata americana tocando guitarra usada como publicidade do disco de Prince (era como se ela fosse o Prince). A ambigüidade levada às ultimas conseqüências. Mas não digo “ou não” e não gosto de ver humoristas dizendo “ou não” como se eu costumeiramente o fizesse. Tem Cultura e Civilização de Gil, com seu “ou não” profetizando o de Walter Franco. Mas eu não tenho nada com isso.

  82. glauber guimarães disse:
    Março 24th, 2009 at 5:58 am

    guido,
    o primeiro dusek é o “olhar brasileiro” de 1981. divertidíssimo e excelente!

  83. Renato Pedrecal disse:
    Março 24th, 2009 at 7:02 am

    “Aqui em salvador muitas vezes temos que gesticular minutos até aparecer alguém para atender”.

    Bondade sua, Othon. Em Salvador nós temos que fazer AMIZADE com o garçom. Ou como fez um amigo meu: pegou dez reais, pôs no bolso do garçom e disse: “Se demorar de passar naquela mesa, eu venho tomar o dinheiro”. O atendimento foi um espetáculo.

  84. Mameluca Maluca disse:
    Março 24th, 2009 at 12:31 pm

    Caetano, Caetano, Caetano, Caetano!!!!

    Cê é a prova cabal que a espécie auto-intitulada de humana evolui.

    Sampa te espera!

    abraços

  85. Lenartei disse:
    Março 25th, 2009 at 1:04 am

    Lembrei o arnaldo antunes dizer durante um diálogo que está na antologia poética (com o wisnik inclusive), que jamais escreveria “não sou brasileiro, não sou estrangeiro, sou de lugar nenhum”, caso não tivesse nascido e se criado em São Paulo.

  86. Lúcio Jr disse:
    Março 26th, 2009 at 3:26 pm

    Oi, Caetano.

    Sobre o Verdade Tropical saiu um Mais como título: Tropicalismo, do cárcere ao poder. Guardei para fazer trabalho acadêmico, mas imaginei q vc não ia gostar. Já existia a Ilustrada…

    E não teve uma história que o Chico se disse carioca e não paulista?

  87. jhow bispo disse:
    Março 27th, 2009 at 3:44 pm

    Caê,

    Não há o teu início e não há o teu fim.. você simplesmente, é!
    Existe e cooexiste no cosmo que conspira a favor do belo, e eterno..
    “pra fora..e acima da manada..”

    Mas o meu soteropolitanismo exacerbado me força dizer que não temos garoa, nem copa que dirá orchta de chufa, mas sentimos falta da sua personificação física..

    ps: a intimidade, vem da baianidade e do apreço.

    abraços

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