Um dos textos Rio/Sampa (22/03/2009)
UM DOS TEXTOS RIO/SAMPA |
22/03/2009 5:14 am |
(O outro é tão longo quanto: não tive tempo de reescrever e já já o posto também. E tem comment longo no post anterior: não estou fugindo da nossa discussão de boteco virtual: só quis dar um passo.) Vejo o Rio da perspectiva da Zona Norte: passei todo o ano em que completei 14 (um ano crucial na vida de qualquer um) em Guadalupe. Na época, o bairro não tinha nome. Não era um bairro. Era a “Fundação da Casa Popular”, criada pelo governo e colada a Deodoro. Eu ia de trem para a cidade, passando por Marechal, Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro, Cascadura, Madureira, Riachuelo, Méier, Engenho de Dentro, Quintino (com aquele coretinho na praça em frente à estação), Encantado, Mangueira… Não mencionei todos, nem na ordem certa, como fazia de cor quando era jovem. Ou então de ônibus, passando por Irajá, por Parada de Lucas, Penha, Ramos… E a cidade era a Cinelândia, para ver filmes em sessão-passatempo ou grandes produções; era o Tabuleiro da Baiana, no Largo da Carioca; era principalmente a Praça Mauá, onde ficava a Rádio Nacional (lá eu vi Emilinha, Trio Irakitan, Ângela Maria, Cauby, João Dias, Dolores Duran, Marlene, Zezé Gonzaga, Neusa Maria, as orquestras de Radamés Gnatalli e Lirio Panicalli – nos programas de Paulo Gracindo, César de Alencar e Manoel Barcelos. Às vezes no “Marlene, meu bem”, que era uma espécie de “I Love Lucy” feito pra rádio mas com cenário e tudo para quem estava no auditório). A Zona Sul a gente alcançava via Jacarepaguá, onde ficava a casa de Dalva de Oliveira. Passávamos primeiro por Realengo e Bangu, tomávamos banho de mar no Recreio dos Bandeirantes e voltávamos por São Conrado, Leblon e Ipanema – parando no Arpoador – depois Copacabana, Botafogo, Flamengo, Glória e da cidade direto para a Avenida Brasil. Esse era o périplo que Carlos, meu primo policial na casa de quem morei nesse ano (1956: Vinícius e Tom lançavam “Orfeu da Conceição”), fazia. Quando eu saía com Minha Inha (a prima que me trouxe para morar aqui, longe de meus pais e meus irmãos por um ano), ia a Niterói, tomar banho no Saco de São Francisco (era minha praia favorita e amo Niterói até hoje de todo o meu coração, inclusive com raiva das piadas que cariocas fazem a respeito da cidade). Quando Bethânia veio fazer o Opinião, eu vim de irmão mais velho. Ela ficou em Botafogo, na casa de Rosinha Pena (que foi mulher de Glauber Rocha) mas eu fiquei no Méier: Minha Inha estava morando lá, casada com um português. Era um bairro que eu já amava desde os 13 anos: seu jardim à margem da estrada de ferro, o cine Imperator (enorme, luxuoso, confortável e popular), tudo. Enfim, quando voltei da Bahia em 66 para ficar, fiquei na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, quase esquina com Santa Clara. Depois fui para o Solar da Fossa, que era onde hoje é o Rio Sul, na boca do Túnel Novo. Depois Sampa, Londres, Salavador de novo. Na volta para o Rio, morei no Leblon, Jardim Botânico, Ipanema e, agora, Leblon outra vez. Por causa do AfroReggae me liguei a Vigário Geral e lá voltei muitas vezes. Já fui em bailes funk na Mineira, no Alemão e em Cidade de Deus. Sendo que, até morrerem meus primos mais velhos (e, para minha maior tristeza, uma das mais jovens também, Tânia Maria, que foi promotora pública atuante contra grupos de extermínio, correndo corajosamente risco de vida), eu ia regularmente a Guadalupe, à mesma casa onde morei. Moreno me acompanhava e Zeca chegou a pegar a fase final. Tom é o único que não freqüentou. Em compensação, dos meus três filhos, é ele, por causa do futebol, quem mais vai à Zona Norte hoje: joga sempre lá, treina lá e seus maiores amigos são de lá. Cheguei a Sampa com Bethânia em 65. Achamos que parecia uma cidade do interior. E supusemos que os passageiros dos ônibus fossem estrangeiros, por causa do sotaque italianado. O clima era muito provinciano. Não se viam namorados se beijando na boca na rua, como era comum em Paris, no Rio ou em Santo Amaro. Os cinemas da Ipiranga ostentavam cartazes gigantes pintados a mão e não permitiam que os homens entrassem sem paletó. As moças na rua pareciam tímidas e desarrumadas, com os cabelos oleosos. E as pessoas bacanas que fomos conhecendo tinham nostalgia do Rio, da Bahia, do Brasil. As mulheres ricas elegantes que pintavam no teatro para ver Bethânia eram arrumadas demais, ninguém vinha de cara lavada, cabelo nos ombros e calças jeans. Eram peruas pintadas e cheias de jóias. Não foi fácil gostar de São Paulo. Mas me apaixonei pelo teatro de Augusto Boal (o “Zumbi” era uma maravilha) e pelo Oficina (“Os Pequenos Burgueses” era uma montagem que parecia européia, com uma atuação de Fauzi Arap de fazer tremer). Bethânia, Gal, Tom Zé, Pitti, Gil e este transblogueiro que vos fala atuamos numa peça musical de Boal chamada “Arena Canta Bahia”, sem sucesso de público ou de crítica, mas de grande valor formal e técnico: Boal treinava nosso corpo, compunha imagens perfeitas com nossas figuras. Mas, logo que pude, me mandei para a Bahia. Quando voltei a Sampa, depois de Copacabana e do Solar da Fossa, me apaixonei pela cidade. E, seguindo um comentário de Guilherme Araújo – carioca original - , passei a achar que o Rio não estava com nada. Meu irmão Bob, que veio a Rio e São Paulo antes disso, desde sempre desprezou o Rio e elegeu Sampa. Mora lá desde os anos 60 e conhece tudo da cidade: não erra caminhos, sabe onde ficam os bairros, tudo. Nunca se sentiu bem no Rio: acha os cariocas agressivos em sua desinibição. No período do tropicalismo, o Rio me parecia provinciano em seu metropolitanismo de país subdesenvolvido – e São Paulo com peso internacional real, em seu provincianismo cosmopolita. Não era a metrópole do Brasil: era uma cidade do mundo. Eu via como certo que no futuro São Paulo passaria a contar mais. Nunca mudei essa visão. E hoje as coisas são assim, não mais apenas parecem que serão assim. Todos os aspectos disso se impunham à minha sensibilidade: o fato de as platéias paulistas serem a um tempo mais ingênuas e mais informadas; o jeito a um tempo receptivo e exigente das pessoas com quem conversávamos; a distrubuição pouco brasileira das comunidades de imigrantes em “colônias” um tanto isoladas – tudo contrastava com as platéias-estrela do Rio, com as pessoas blasê e pouco rigorosas do Rio, com o amálgama brasileiríssimo das etnias e classes no Rio. Quando Verdade Tropical saiu, Marcos Augusto Gonçalves, carioca com quem fiz amizade no Rio e que hoje é paulistano de adoção e tem alta função na Folha, queixou-se de uma quase ausência de São Paulo no livro. Ele sabia que a cidade fôra tão importante na formação do tropicalismo que, mesmo com todas as menções a ela, ele achava que o livro ficava-lhe em débito. Eu detestei o número da Ilustrada (ou já existia o Mais?) dedicado ao meu livro. Mas nunca neguei que a observação de Marcos fosse fundada. Eu próprio acho que nem todas as palavras afetivas ditas sobre minha primeira casa (foi em São Paulo que primeiro tive apartamento para morar), sobre Boal e o Oficina, sobre os poetas concretos, sobre minhas farras com Chico e Toquinho (e o sex-appeal paulistaníssimo de Toquinho) põem em proporção o peso que São Paulo deveria ter naquele livro. “Zii e zie” é um disco todo do Rio. Seu som, seus temas, seu clima, tudo tem a ver com o fato de meus filhos terem crescido aqui – e com minha adolescência em Guadalupe. Mas sonho em lançá-lo em Sampa. O italiano do título tem vem muito da saudade de São Paulo, do prazer em ouvir e ler paulistas dizendo “tios” e “tias” (ou mesmo “tiozinhos”) para se referirem aos adultos. A presença de São Paulo em nossa mente é, hoje, a realização do que Guilherme intuíra em 66 e que me pareceu óbvio já em 67. Gil, sempre Gil, sabendo das coisas essenciais antes, tinha uma decisão pró- São Paulo mais bem desenvolvida do que a minha. Mas Gil não fala dessas coisas assim. Quem afinal compôs “Sampa” fui eu. Sinto mais do que orgulho. Hoje São Paulo nem feia mais parece. São tantas coisas grandes e belas que a força da grana garante, é tão nítido o gume São Paulo na entrada moderna do Brasil na História – Museu da Língua Portuguesa, Racionais MCs, Cidade Limpa, Augusta sendo um Largo da Ordem-Pelourinho-Lapa mais antenado com o mundo, Sala São Paulo, OSESP – que hoje sentimos sua liderança e sua centralidade sem precisar pensar. Demorei a conhecer paulistas que se sentissem superiores ao Brasil. Primeiro achei só os arrogantes e alienados. Só depois vi os realistas. Zé Miguel Wisnik nota que paulistas se ressentem de um deficit de brasilidade e também de uma sensação de superioridade em relação ao país. Muitos oscilam entre esses dois polos. Os queridos e úteis intelectuais da USP sempre parecem que querem salvar o Brasil de si mesmo – ou simplesmente, num universalismo marxista regional, descrêem de tudo o que for nacional. Fernando Henrique falando dos soldados brasileiros que “não sabem marchar – eles sambam” é uma caricatura disso. O livro de Marilena contra a celebração do Descobrimento é uma versão sisuda e errada do mesmo sentimento. Mas ponhamos essas desmunhecadas na conta da geração: esses ecoam ainda modos de sentir do paulista culto que leu muito nos anos 50 e escreveu muito dos 60 em diante. Porque Oswald, Haroldo de Campos e Mário de Andrade não eram assim. E o jovens pós- Zé Celso e pós Rita Lee muito menos. Chico Buarque para mim é São Paulo. Um grande paulista da linhagem dos que sentiam o deficit de brasilidade de forma dolorosa. E se tornou o mais perfeito brasileiro-carioca simbólico de todos os tempos. Saber que o talvez maior compositor popular de minha geração é um paulista diz tudo sobre a intensidade da energia de São Paulo. E diz mais ainda sobre os caminhos misteriosos da nossa tomada de consciência desse fato e de suas projeções. É só para isso que importa o quanto Chico desaprovará esta interpretação. Quanto ao “talvez” que escrevi antes de “o maior”, ele se deve a eu ter pensado em Jorge Ben e em Paulinho da Viola: Gil e eu não me parece que estejamos no páreo. Somos relevantes pelo conjunto da obra crítica, política, teórica, comportamental que acompanha o trabalho de composição. Mas Chico é o cara da canção. E ele é paulista. |
Este texto é “Sampa” em prosa.
(Trecho de A Fábrica do Poema, de Waly Salomão, musicado por Adriana Calcanhotto, e que deu título ao Álbum da compositora e cantora lançado em 1994)
- canção na íntegra: pela Rádio Uol -
- como Trilha do trailer de Tecnicolor, de Luciana Penna: pelo YouTube -
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A CIDADE FABRICANTE DE POEMAS and POETAS
Caetano iniciando, enfim, o prometido paralelo entre as nossas duas maiores metrópoles e eu me lembrando de Waly Salomão, o poeta baiano icaropterossáurico que, embora não enraizado numa urbe específica, revela, e o poema musicado acima é por demais emblemático, sensibilidade aguda para a cartografia da vida urbana.
Num belo texto de Anísio Assis Filho sobre essa faceta da poética de Waly - que é desses textos que em algum momento, após autorização e adaptação, adoraria republicar após lançarmos a Impertinácia -, há uma citação de de Michel Certeau (”As caminhadas pela cidade e Relatos de espaço”, em A Invenção do Cotidiano, publicado em Petrópolis-RJ, pela Editora Vozes, em 1994, p.199-200), que vale a pena transcrever, por revelar o magma de poesia contido nas cidades, na sua realidade movediça cotidiana, por si metaforizante:
Na Atenas contemporânea, os transportes coletivos se chamam metaphorai. Para ir ao trabalho ou voltar para casa, toma-se uma “metáfora” – um ônibus ou um trem. Os relatos poderiam igualmente ter esse belo nome: todo dia, eles atravessam e organizam lugares; eles os selecionam e os reúnem num só conjunto; deles fazem frases e itinerários. São percursos de espaços. (…) Com toda uma panóplia de códigos, de comportamentos ordenados e controles, elas regulam as mudanças de espaços (ou circulações) efetuadas pelos relatos sob forma de lugares propostos em séries lineares ou entrelaçadas: daqui(Paris) a gente vai para lá (Montargis); este lugar (um quarto)inclui outro (um sonho ou uma lembrança); etc.(…) Entre muitas outras, essas observações apenas esboçam com que sutil complexidade os relatos, cotidianos ou literários, são nossos transportes coletivos, nossa metaphorai.
Eis o texto integral de Anísio estudando a iconoclastia urbana de Waly. É um texto que bem pode nos convidar a informar ou desenvolver - pelo que a poesia propicia - uma percepção e sensibilidade mais aguçadas quanto a esse paralelo atual entre Rio and Sampa iniciado por Caetano. Ou não?
- A REPRESENTAÇÃO DA CIDADE NA POESIA DE WALY SALOMÃO -
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Aperitivo:
O poema <em.cidade/city/cité, de Augusto de Campos, nas versões visual (computadorizada) e sonora. Clique com o botão direito do mouse no link a seguir. Amplie a janela pra ver com inteireza e peça pra ouvir no winmedia:
http://www2.uol.com.br/augustodecampos/09_01.htm
P.S.: a propósito, alguém viu o curta Poema: Cidade, de Tata Amaral e Franciso César Filho?
-Na Impertinácia, como uma das iniciativas agregadas à publicação online, contaremos com canal pra veicular vídeo-arte - e para contribuir com o desenvolvimento de novas produções, seja de gente daqui da infocaetanave, como a Chris Apovian, e quem sobe com trilha sonora de Glauber Guimarães, e participação de quem mais se interessar!
info@impertinacia.com
“O importante nao é a terra em que se nasce mas a terra que nasce dentro de você.”
Manuel Bandeira
Caetano
Já havia chorado de verdade ao ler o seu último comentário no POST anterior. Isso porque na sua lúcida e sincera investida na memória, com as letras das canções entre aspas, digicantadas, me emocionaram. Retoma-las com o propósito de explicar a sua posição política é de uma beleza gigantesca. E de enorme importância pra que se entenda o Tropicalismo na sua essência poética e política. Já sabia muito sobre o que você pensa, mas… as letras entre aspas… ah! Você cantou! Ouvi! Saudosismo é um poema futurista.
Há quem pense por aqui que sou excessivamente fã. Sou mesmo. Não me sinto diminuído sendo fã de Caetano. Ao contrário: a forma que cultivo de admira-lo me dá enorme orgulho.
Agora, esse texto bem ao modo ego-history caetânico de escrever é um presente para o passado e para o futuro.
Como paulista, paulistano, e típico, senti medo da beleza do Rio quando fui com meus pais pela primeira vez à Cidade Maravilhosa. Tinha 10 anos. Tive mais dificuldade de me comunicar do que se estivesse em país estrangeiro. No Rio, o corpo das pessoas falava. Eu não sabia falar com o corpo. Os intelectuais cariocas (ao contrário dos que frequentavam a minha casa) tinham charme conversando com meus pais. Nada parecido com a turma da USP que varava noites na minha casa. Mais: alcool e intelecto eram amigos.
Estava acostumado à beleza discreta das “minhas meninas”. No Rio, a beleza indiscreta me intimidava com elas. A introversão paulistana em oposição à extroversão carioca me punham em colapso.
Foi a Bahia e os baianos novos e velhos (de ciatas à Galvão, passando por Caymmi, João e pelos Tropicalistas) que construiram uma ligação Rio X SP mais eficiente que a Via Dutra. Os baianos já falavam com o corpo e com o intelecto desde sempre. O transdiscurso de Glauber fascinava. João cantava e canta o Rio com introversão. Caymmi fazendo sambas-canção. A Copacabana de Caymmi e a Avenida São João de Caetano.
A Bahia com sua fúria intelectual (Glauber/Risério) e sua sensualidade pouco vulgar e atávica (Caymmi/Baby) somaram Rio e SP. O Tropicalismo foi a celebração máxima dessa união que, pra nossa sorte, não desfez as ainda pouco sutis diferenças.
São Paulo é muito nordestina. Mais do que baiana. Quem ergueu coisas belas por aqui foram os nordestinos. Mas há um toque mais sertanejo, agreste aqui. Há mais Luiz Gonzaga que Caymmi. No Rio, há mais Caymmi que Gonzaga.
Aqui se falou do preconceito linguístico contra os oprimidos com pouca formação educacional. Em SP ainda há um preconceito enorme contra a fala dos baianos com boa formação. As patéticas imitações de Gil e Caetano falando, como se nada dissessem, aquele “ou não” patético, a falsa idéia de que baianos fala pseudo-articuladamente pra nada dizer. Esse sim é um preconceito linguístico. E muitos intelectuais paulistas partilham dessa coisa ridícula.
Gosto do sotaque carioca em intelectuais. Não sei por quê, na TV, eles me cativam. É como se saisse dos saraus uspianos que rolavam na minha casa e descobrisse que o Brasil é pensado fora do mundinho paulistano.
Haroldo, Wisnik, Tatit, Zé Celso e Arnaldo: São Paulo do Brasil!
Chico me contou muito sobre a sua infância e o futebol em SP quando conversamoa uma única vez. As idas ao estádio do Pacaembu com a mãe. A descrição detalhada das tabelinhas de Pelé e Coutinho. Mas nunca pensei Chico como um paulista.
As melhores imagens em textos, canções e pensamentos sobre uma cidade são, em geral, construídas pelos forasteiros.
O Rio não seria o Rio sem a voz do baianao João.
São Paulo não seria São Paulo sem o Tropicalismo e sem Tom Zé.
Lina Bardi, Arto, Carybé, Krajberg, Verger e Contardo: estrangeiros que se apaixonaram pelo Brasil, talvez por esse tráfego interno das diferenças.
Rap X Funk. Bossa Nova X Sambalanço. Praia X Asfalto. Tudo isso vira bobagem, quando um baiano aparece.
Lulu Santos cantando Rita Lee que cantou com os baianos. Esse é o Brasil.
in test
salem
Rafael e turma: não é a primeira parte de um texto. É um texto que eu não tinha aprovado totalmente. O outro é outro - também esperando aprovação minha. Ele tem repetições de idéias contidas neste e tudo. Já já vou publicá-lo assim mesmo.
Caetano, eu já estou preocupado com o fim desse blog. Felizmente a barrinha empacou nos 80%. É muito bom entrar em contato com seu pensamento no formato prosa solta, sem revisão. Li Verdade Tropical com grande prazer, mas me pareceu que, muitas vezes, você estava procurando proteger e nomear territórios. Aqui no blog é diferente. A coisa rola como uma conversa. Me parece que essa é a melhor possibilidade para um blog.
Abraços,
Vitor
Amei esse “pedaço” de post Rio/Sampa. Que nem Rafel, espero pelo “todo”. Ansiosamente.
Você, Caetano, disse que quando chegou à Sampa em 65 com Bethânia pensou que os passageiros do ônibus fossem estrangeiros por causa do sotaque italiano. De certa forma, isso ratifica pra mim a crítica que fiz a Bagno. Segundo ele, a presença italiana em Sampa não interferiu no “jeito esquisito” do paulistano falar. Devaneio total de Bagno, não acha?
Adorei saber que você considera Chico Buarque paulista. Muitos e muitos pensam assim. Até gente do Rio. E nós, aqui de Sampa, não estamos de forma alguma querendo roubar do Rio um dos seus mais brilhantes compositores e filho da terra. É que Chico foi criado em Sampa e seu samba e suas canções ( ele é mesmo o cara das canções) me parecem uma produção mais refinada talvez do coloquialismo- cosmopolita de Adoniran Barbosa, em fusão com a maravilhosa carioquice de Noel Rosa. Chico é Adoniran e é Noel. E é além dos dois, ao meu ver. Mas, concordo, é genuinamente paulista.
Sinceramente Caetano, eu nunca soube dizer o que você e Gil são: baianos, nordestinos, paulistas, cariocas, estrangeiros. I don´t know you…
Jorge Ben é um dos meus ídolos maiores. Senão o maior. É carioca. É flamenguista ( e eu detesto o Flamengo e a religião rubro-negra em torno do Zico). Adorava o futebol de Zico e lamento que um craque como ele não tenha ganho uma Copa do Mundo. O Paulinho da Viola é também carioca. Eu adoro. Apesar de ser Portela, a música dele que mais gosto é “Sei lá, Mangueira”.
Mas legal, Caetano, o início do seu texto, onde você conta sobre o período da sua adolescência em que morou no Rio e descreve os caminhos do trem e do ônibus. Eu nunca morei no Rio, embora já tenha estado na cidade milhões de vezes e ando de carro certinho pelas ruas do Rio. E já tomei várias na Lapa. E também já nadei no Recreio dos Bandeirantes.
E a idéia de lançar “Zii e Zie” aqui, faz com que São Paulo (de fato) passe a contar mais. Faz de São Paulo uma cidade que atravessa Rio, Bahia e Paris.
Emocionante e delicada homenagem…
Filha de pernambucano com curitibana, e mineira por escolha de amor, sempre vi São Paulo como um mímico empostado, imitando o mundo estrangeiro, querendo ser “igual” e de repente sendo (até melhor).
Foi só mais tarde que entendi a força dos que insistem em ser outra coisa. Ingênuos e informados, exigentes e receptivos - é uma mistura bonita e forte. Você, como sempre, descreveu tudo isso muitíssimo bem.
Só ficou um desejo aqui… Um post seu pra Belo Horizonte…
Estamos “fora do eixo”, eu sei. Mas vá, uma enviesadinha cai bem, não?!
Caetano Veloso: Il Miglior Fabbro
HERMAN- ESSE VALE
Serra é paulistano do bairro da Mooca, filho único de imigrante italiano calabres (que tinha uma barraca de frutas) e de uma brasileira também filha de imigrantes calabreses.
Fez engenharia na USP, mas não acabou o curso, não. Nessa época, presidiu a UNE. Acho que em 63.
Com o golpe de 1964, foi pro exílio: Bolívia, Uruguai e Chile, onde fez Economia e se casou (com a atual, chilena). Bem simpática.
Só voltou pro Brasil no final dos 70, quando a sua pena de prisão prescreveu.
Mas os grandes momentos do Serra no executivo foram como Sercretário do Planejamento e Orçamento do Montoro e, vamos admitir, como Ministro da Saúde do FH.
Fora a diferença USP X CUT, entre ele e Lula. Há a diferença: filho de imigrante italiano X filho de imigrante nordestino. Lula tem raiz operária. Serra é filho do modelo de trabalhador contemporâneo: o pequeno empreendedor, prestador de serviços (dono de barraca de frutas no Mercadão). Os nordestinos em São Paulo foram pra construção civil e mais tarde para as fábricas. Os italianos fizeram pequenos negócios e serviços.
Essa é uma diferença de formação não-política, mas pessoal, bem interessante. Um cara de planejamento orçamentário. Sua visão liberal talvez também venha desse empreendedorismo calabres, e seu lado “esquerdo” da política estudantil.
Me arrependi de falar da falta de sex appeal da Dilma. Erundina foi das melhores prefeitas que SP teve. Uma mulher com aspecto um tanto original. Não se parecia com os estereótipos das feministas e seu sotaque nordestino com o erre percutido tinha sua graça.
Sempre tive simpatia pelo Serra, mas odeio as expressãoes “serrista” ou “serrismo” Não combina com ele. Ele não é dono de um “estilo” político tão rotulável assim. Diferente de Vargas, Jânio, Maluf, ACM ou Lula.
Serra tem boas relações com o empresariado paulistano e grande simpatia da direita. A aproximação do PSDB com o PFL rende frutos até hoje, alguns com certo sabor, outros podres.
Dilma é recente. Aparece na fratura do mensalão e no desaparecimento abrupto do Zé Dirceu. Algo que não se metaboliza tão rapidamente com toda a história que o PT ainda carrega. Pra mim, uma incógnita. Há muito trabalho de bastidores sendo feito nessa história.
Votar em Serra é votar em Serra, não no PSDB exatamente. Dilma é uma aposta no PT contemporâneo. Mas o que é exatamente o PT que se desenha depois do segundo mandato do Lula, que tem uma presença pública tão personalista? Não sei. Tem Delfim, tem Mantega, tem Meirelles, tem PMDB com terceiras intenções, tem (ainda tem) a presença encantadora de Gil, tem Ideli (uma chata de galocha). Não tem Silvio Pereira e os aloprados, tem menos Mercadante. Mas…
…será que ainda tem Zé Dirceu na coxia? Acho que pouco.
A aprovação histórica do Lula tem dois aspectos marcantes: medidas populares do tipo Bolsa Família e incrível habilidade pessoal política. Uma popularidade parecida com as de quem vende muitos discos. Esteticamente tem a ver com Corínthians e música sertaneja. Algo que Dilma nem passa perto, mas pode herdar.
Serra não é apenas a esquerda forjada na USP e no Movimento Estudantil. Há a forte experiência do exílio e o DNA calabres. Do exílio, fala-se pouco. Não foi um exílio tão celebrado como os de Arraes, Brizola e Gabeira. Serra faz pouco barulho, coisa de paulista.
Eu havia também citado Meu Rio no tópico anterior…
Bonito ler tudo isso, ficamos agora na curiosidade que sendo esse texto uma parte, como será o todo.
depois volto.
bjs.
““quem ao feio ama, bonito lhe parece”. É overbo amar que explica tudo. Quem ama vê beleza real naquilo em que os vazios de amor não acham graça.”
qd caest escreveu isso, um post atrás (eu acho), pareceu-me uma das coisas mais bonitas passadas aqui pelo blog.
Caetano Veloso participa do documentário “Mapas Urbanos” de Daniel Augusto, que discute a relação entre poesia, canção e cidade. Aliás, participa com seu depoimento nos episódios para São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (onde o genial Waly Sailormoon rouba a cena de todos os entrevistados). Muito do que foi dito no texto de Caetano, sobre a estada de um ano no Rio de Janeiro, aos quatorze anos, está dito lá. Caetano fala também que a palavra que mais gosta na língua portuguesa é CIDADE. Vale a pena conferir.
Caetano,
Fernando Salém, que maravilhosa e profunda sua análise política de José Serra. Sem arroubos partidários! Quanta falta faz isso na imprensa e nos debates.
Parabéns, meu xará. Parabéns, mesmo. Não leio algo assim em lugar algum; assim como não leio as coisas sobre política que Caetano escreve - e acho um absurdo quando o repreendem justamente por falar de um tema sobre o qual “não teria subsídio”.
Vocês todos, artistas, têm o maior subsídio do mundo. Uma inteligência crítica que falta à manada em geral.
Mais uma vez, parabéns aos dois. A lucidez é, acima de tudo, algo lindo. Perto dela, fica pequeno demais o debate sobre “direita” e “esquerda”.
Othon, Júlio Vellame, Márcio Junqueira, Heloísa, Luedy.
Dediquei o comment 565 do post anterior a vcs. Não sei se leram. Relendo-o agora vejo que o “calor da hora” talvez tenha permitido alguns equívocos quanto a certos conceitos, mas não o reescreveria.
Interessante demais a dinâmica do blog, não. Depois de a discussão alcançar tão diferentes estágios e parecer estar na sua fase mais acirrada, vem o caetano, providencialmente, e traz um novo post de modo que os ânimos e as percepções dos posts anteriores parecem não passar de pura representação. é lindo demais.
Agora, é a vez de “um dos textos rio/sampa” experimentar desde a apatia inicial às paixões. Já li pela décima vez, me ocorrem muitas coisas e nada que eu consiga dizer sobre. Até aqui.
Luedy, quando é que cê vai estar na UEFS, no seminário de Letras?
Té breve,
Wesley
Perfeito. Chico é o maior compositor da geração de Caetano, sem sombra de dúvida, bem mais que paulinho e jorge ben. Caetano é quase tão bom. Caetano é tão bom. Mas chico não é paulista não. Ele é o nosso sonho utópico e civilizatório de Brasil-Rio de Janeiro metrópole do mundo a tomar as rédeas da história do mundo e da civilização ocidental. chico é a beleza e a perfeição máxima, sem deixar de ser crítica. Taí é Rio e São Paulo, ou melhor São Paulo riu…
Só conheço São Paulo. Sonho constantemente com o Rio (?!). Às vezes dois, três dias numa mesma semana. Sonho que estou no asfalto olhando para o Pão de Açúcar. A primeira vez que fui a São Paulo achei que detestaria a cidade. Fiquei apaixonado, como é charmosa a cidade!
Por que São Paulo é feminina e o Rio masculino? São Paulo é nome de santo, masculino. Rio, tudo bem, “o” Rio. Mas se for porque subentende-se “a cidade de” São Paulo, o Rio também poderia ser feminina. Ninguém diz Salvador é lindo, mas linda, no entanto o vocábulo é msculino. Recife todo mundo diz que é lindo, “o” Recife, “no” Recife etc. Quem explica?
Acho que Milton, o mais mineiros dos cariocas, só fez o que fez por ser carioca, apesar de ter ido cedo para Minas. Assim como acho que Clarice Lispector nunca abandonou sua pequena aldeia russa, da qual saiu com poucos meses de vida. Ambos são estrangeiros. João Gilberto é outro, estrangeiro em toda parte, coração de Juazeiro, que já é meio Bahia, meio Pernambuco, carioca totalmente, “São Paulo my love”. Maluquices minhas.
Belíssimo post, Caetano!
Ah! Itamar Assumpção é paulista, de Tietê! Muita gente pensa que ele é paranaense, porque morou muitos anos em Londrina.
a cidade-maravilha purgatório da beleza e do caos, me dá medo, como o medo que bowie descreve em “afraid of americans”. mas isso é bom, é um temor que atrai, que se mistura a um encantamento e admiração. sou completamente fã daquela inteligência de boteco da tijuca [é isso mesmo?] e adjacências, esse lance vitor martins/aldir blanc/millôr/ziraldo/jobim/ferreira gullar…senso de humor de boteco é tudo! e jobim é o maior de todos.
sabe um cara que eu acho a cara do rio? eduardo dusek. o primeiro disco dele é sensacional.
chico buarque, o maior compositor popular de sua geração…hmmmm…meu coração concorda, claro. cê sabe que eu acho o sujeito que fez “construção” e “as vitrines” o cara perfeito. mas meu cérebro me diz que você e gil são tão grandes quanto ele [tô falando de composição mesmo, letra e música]. jorge ben e paulinho da viola também são incríveis, então pra essa conversa ficar numa boa e todo mundo ficar feliz, deixa o chico mesmo, que não tem erro! mas aposto que chico queria ter feito “pecado original”, hahaha…sério.
sampa pra mim sempre foi natural, me sinto em casa e pasmem: às vezes, passo uns dias em são paulo pra desestressar! hahahaha. fico totalmente zen no meio da multidão anônima. é impossível ser anônimo em salvador. não existe anonimato no leste do brasil! hahaha
chhhhhhhhh [estática]
uma piada para salem: higienópolis é a verdadeira dogville! hahahahaha
chhhhhhhhh [estática]
o que tem de rockeiro baiano em são paulo não tá no gibi, o rio vermelho tá virando cidade fantasma! hahaha
meus sambistas preferidos são nelson cavaquinho [que representa o rio] e adoniran [representando sampa].
mas se fosse morar em outro lugar do brasil, escolheria o interior de minas. com internet, hahaha
manda o outro texto aí que nóis embarca!
Aquele papo sobre esquerda e direita estava tão interessante, mas é sempre bom recordar, porque assim revivemos tudo, outra vez, ainda que na memória não volátil das nossas cabeças.
finalmente, voce é de esquerda, ou da direita? Ficar no muro, com cara de amorfo, não dá, ne?
pô, esqueci de falar de arrigo e paulo, itamar, irmãos tatit, wisnik, abujamra, careqa, doratiotto…todo esse pessoal genial de sampa. é outra inteligência e outro senso de humor, mas igualmente sensacional. viva a invenção da padoca paulistana, que é onde tudo acontece! hahaha. e gravataí vortô com tudo…
salve mano caetano
que texto supimpa
“o novo possível quilombo de zumbi”
é a cooperifa do sérgio vaz
e a casa das rosas do frederico barbosa
essa é a sam paulo pós-moderna, transbarroca
e pós-utópica
axé
paulo kauim
Caetano, você logró emocionarme con su post. Se me mezclan tantas cosas entre los comentarios últimos del post anterior y este que voy a tratar de resumir todas las cosas que se me vienen a la cabeza en este momento.
Primer tema, ser de izquierda o no ser de izquierda. Ya comenté que vengo de una familia que sufrió en “carne propia” la dictadura.
En algún momento de la dictadura, las personas que trabajaban en organismos estatales comenzaron a ser calificadas con las letras A, B o C lo que se traducía de la siguiente manera:
A: el que obtenía esta letra era alguien sin “manchas”, o sea alguien sin ninguna actividad sospechosa de ser subversiva.
B: el que obtenía esta letra era alguien con alguna “mancha”, alguien que era amonestado y estaba en la mira.
C: el que obtenía esta letra era puesto de patitas en la calle, impidiéndole trabajar en dependencias públicas.
Mi padre obtuvo la letra C, fue hechado de su trabajo, del cargo que había obtenido por concurso. Mi madre que tambièn trabajaba y estudiaba, dejó de estudiar para conseguir otro trabajo ya que con 2 niños chicos la cosa se complicaba.
Pasaron algunos años y el asunto se complicó más. Nuevamente pasaron más años y llegamos al fin de la dictadura. Pasaron más años y las vueltas de la vida me han sorprendido de una manera que a veces me parece estar dentro de una película como ya he comentado.
Aclaro que mi padre nunca tuvo un arma en la mano, nunca tuvo como aspiración robar a los niños para mandarlos a la antigua URSS o expropiar la casa de nadie para dársela a los pobres. Nunca estuvo afiliado a ningún partido y siempre fue crítico de la URSS pero con Cuba…. bueno, grandísimas discuciones familiares con “asesinatos” incluídos, típico de una “típica” familia italiana que se precie de tal.
El fin de la dictadura me agarró en la adolescencia. El padre de mi mejor amiga murió casi enseguida de salir de la cárcel, luego de estar casi 7 años preso por haber militado en el PC.
Cuento esto porque cuando comenzamos a salir con chicos, con mi amiga lo único que nos preocupaba era saber si esa persona era de “izquierda”. El ser de “izquierda” automáticamente lo ponía en la categoría de “buena persona”. El sentido que le dábamos al ser de izquierda era muy restringido y totalmente distorsionado por cierto y ahora me rio por supuesto, pero siceramenmte para nosotras era algo muy importante y lo vivíamos con gran ansiedad.
A veces comentamos esto y las dos sentíamos en esa época que si nos aparecíamos en nuestra casa con alguien que no era de izquierda era como una traición a nuestros padres.
Obviamente nuestros padres nunca nos dijeron como debía ser el candidato ideal, pero si tenia demasiada $, veraneba en Punta del Este o vivía en una casa demasiado llamativa ya era descartado porque en nuestra cabeza, esa persona no podía ser de izquierda.
Ahora me rio como dije pero cuando conocí a mi novio, ahora mi esposo, todo fue como una pesadilla. Fue en el liceo y el venía de un liceo privado bastante exclusivo, del cual lo habían hechado como me enteré luego. Vivía en una casa preciosa, en uno de los “mejores” barrios de Montevideo.
Para mi, orgullosa estudiante de escuela y liceo público, con padres que nunca llegaban a fin de mes con la plata, con mis abuelos y tíos ayudándonos con los estudios de inglés o la ida a un club a hacer deporte, esto fue la catástrofe y sufrí horrores.
Me encantaba, se me caían las medias cada vez que lo veía pero yo me hice la película de que era un “oligarca” de mierda y lo tenía que desterrar de mi cabeza. Hasta que un día, el día más felíz de mi vida o para no exagerar, el más feliz de ese año, me lo encuentro en el local que una iglesia de la zona nos había prestado para que el gremio del liceo se reuniera. Allí tratábamos de arreglar el mundo, hablábamos de El Salvador, de Nicaragüa, de la URSS, de USA y su imperialsita Rico Mc Pato y de la mar en coche. También estaban los que atacaban a la URSS por supuesto y así entre granada va de un lado, granada viene del otro pasábamos parte de la tarde del sábado.
Ese día, cuando lo vi casi me muero. Si estaba allí obviamente era de “izquierda”.¡Bingo!. ¡Que alegría!. Finalmente resultó que por esa época era “anarquista” y siempre me dice para pelearme (o al menos yo creo que es por pelear o quizá sea cierto)que en realidad se enganchó conmigo por los libros que habían en la biblioteca de mi casa.
Al año y pico de este encuentro estábamos viajando por primera vez a Rio de Janeiro como ya conté.
Estoy cansada y no tengo ganas de seguir escribiendo. Você Caetano es culpable de que me haya venido cierta nostalgía, cierta saudade. No, no. Perdón. Gracias a usted se que no es lo mismo nostalgía que saudade y siempre me pregunto como se traduce efectivamente la saudade, que es lo que se “siente” cuando se dice saudade. No se.
Por lo pronto no hablé de Sampa ni de Rio ni de Chico y tengo cosas para decir relacionadas con el post pero será otro día.
De Chico diré que para muchos por estos lados, más allá de sus virtudes musicales que nadie duda, fue el artista brasilero realmente “comprometido” en esa época y el que más tuvo contacto con los artistas exiliados por las dictaduras de nuestros países, o sea el más “militante” en el sentido tradicional del término.
Si no me traiciona la memoria, creo que las canciones del disco que el hizo en español fueron traducidas por el uruguayo Daniel Viglietti, cantante exiliado, y recuerdo verlo actuar en el EStadio Centenario en un festival multitudinario recién restaurada la democracia. En este sentido quizás fue el más “popular” de los brasileros.
Y quiero “robarle” a SALEM algo que realmente me emocionó:
“Há quem pense por aqui que sou excessivamente fã. Sou mesmo. Não me sinto diminuído sendo fã de Caetano. Ao contrário: a forma que cultivo de admira-lo me dá enorme orgulho”.
Bueno, no creo que nadie piense eso de mi por acá pero adiero a sus palabras finales. Claro y de “corazón” como es su estilo. Me gustó realmente.
Y como será la influencia que você Caetano ejerce en mi, que a veces ahora me siento de “derecha” e incluso me estoy volviendo “pro-americana”.¡Y yo que siempre me creí de izquierda!. Pero ¡Você trastoca todos mis pensamientos! Le juro que eso de la revolución americana nunca me lo había puesto a pensar. Por las dudas no lo comento dentro de mi familia porque lo van a “odiar” y van a querer hacerme un lavado de cerebro. Un beso.
P.D: Recién me doy cuenta de que tengo puesta una remera toda rota que dice PCdoB com Lula presidente y aparece la cara de Lula riéndose y se le ve una corbata roja. ¡Juro que es verdad!. En realidad no es raro porque uso esta remera algunas veces luego de bañarme,cuando decido “disfrazarme” de “bruja” y ponerme lo más cómodo que tengo que muchas veces resulta ser lo más viejo y roto. ¡Adoro mis Hering rotosas!(nuevamente Brasil presente como se puede observar). Esta remera la trajeron mis padres de Rio hace varios años. Está finita y descolorida pero en este momento tiene un olorcito a recién lavada, a suavizante para ropa riquísimo y es de lo mas agradable tenerla puesta. Otro beso.
Ele disse;
“Santo Amaro é um babado” e a gente riu muito….
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Você teria cantado com o Fantasmão no carnaval?
Eddye e Marcio Vitor são daqueles misterios que o povo brasileiro sabem decifrar…
O certo é “sabe”
desculpem meu descuido.
tom zé é a síntese. grande gênio sensível que cultiva o jardim das perdizes inventivo e incansável. ele está um degrau acima. ele foi e voltou. está indo e vindo.
Ao WLADIMIR AUGUSTO FONTES, do comentário 20:
Sou fissurado nas representações sobre cidades na poesia e no cinema. Não vi ainda o documentário “Mapas Urbanos”, de Daniel Augusto. Pela sua descrição, fui fisgado pela fato da obra não somente realizar um ‘entrecruzamento’ das duas linguagem, como pela sua afirmação de que Caetano teria dito lá que “cidade” é a palavra que ele mais aprecia na língua portuguesa.
Em outro momento, já postei aqui um link pra um estudo curioso que faz “dialogar” Borges e Mário de Andrade justamente a propósito das representações que eles fazem de ’suas’ cidades.
Estou lançando, com inspiração, como sempre digo, neste espaço transvirtual que é a OeP, e com a cumplicidade de vários daqui e de uma trupe de fora também, uma revista eletrônica, a Impertinácia, que terá uma seção toda dedicada a artes visuais e audiovisuais. Como acredito, pela referência que acima nos traz, que você curte demais essa praia, esse planalto, ou essa planície do audiovisual, adoraria que colaborasse conosco, quem sabe até editorialmente:
info@impertinacia.com
Olha, sou apaixonado por ficção, mas nos últimos tempos fico cada vez mais vidrado em documentários. Encontrei rapidinho pelo Google um estudo e uma sinopse de documentários que focam São Paulo, da autoria de Silvia Seles Peres, que agora compartilho com todos:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0626-1.pdf
Gatos e Gatas extraordinarios.
Que delicia de post esse Rio-Sampa. Tinha passado a noite inteira revisando minha dissertação (que ate o fim do mês tem que estar na mão da banca) e me batendo com um texto sobre o tropicalismo como momento inaugural do imaginario contracultral no Brasil (mas não apenas isso) e para tentar refrscar as idéias vim dar uma olhadinha.
peguei o finzinho das discursões sobre esquerda e direita e fiquei cheio de vontade de entender mis o que se estava discutindo. Não sou muito bom para acompanhar politica, os politicos mudam muito de partido, as metas não são muito claras também e quando começo a não entender muito, obviamente, começo a perdr o interesse. Mas fiquei bem interessado no que o Caetano e o Salem tão falando. Caetano pq você considera o Serra de esquerda? Talvez vc tenha explicado isso num comentario que eu não li, mas se não fosse muito chato, ficaria feliz de você reexplicar.
Escrevendo minha dissertação, comecei a enender mais os movimentos da esquerda e direita na decada de 60. Posso estar comentendo uma hersia falando isso, mas no meu entender tanto o PC quanto os militares estavam certos de que era necessario um processo de modernização para o país. só que o de um conduziria a uma ditadura do proletariado e o outro conduziu a ditadura que conhecemos. Estudando fiquei pensado, se FHC não teria realizado economicamente o que os militares sonharam para o Brasil, mas não chegaram a realizar totalmente? O que vc me diz Caetano? estou total enganado?
Wesley Correia, você fez UEFS, mas não me lembro quem é você. Talvez nos conheçamos, mas eu não esteja sabendo quem é vc pelo seu nome. O que você fala no cometario anterior me encheu de vontade de vir conversar com vc.
falei, falei e não chgeui onde queria. nm vou chegar agora, pq ja estou com sono e fome. mais tarde talvez volte para escrever mais.
abraços
e m
“CIDADE/…VISTA DO OUTRO LADO DA BAIA/…TE AMEI NO MEU CORAÇAO/TE AMO/…e sem, Eu, ainda…VER a tua presença, “Meu Rio”. Eis que só me bastam pra lhe conhecer-la, “teus olhos”. Sabes Caemio, “amo teu olhar”. Teu olhar… aquele olhar, que sinto em mim, ao te “ouvir”…fixado… inquieto, indagador…tem tal “ternura” que mais o “vejo” mais se me afigura ver dentro todo o que você “escreves”. E assim como estrela vai a guiar-me…sempre fecundo, forte, doce e frágil como a flor…que você tem por sobre “você”…/Teu monte –céu/Teu próprio Deus/Cidade….maravilhosa “Seu Rio”. E que eu amo em “silêncio”/ Daqui…do outro lado da “baia”…de Montevideo.
Obrigada, por mostrar-me o seu “mundo”, e também o Mundo.
(Te escrevi em “português”(desculpe-me os erros) porque a pele da minha “alma” assim me o suplicou, talvez te pareça engraçado o que vou te dizer, mas, não sei o porque com certeza ainda, mas…é quando mais me sinto perto do que eu sou, como Ser, assim me percebo. Pois desde sempre senti que “alguma coisa acontece no meu coração ao pensar em Brasil…o por qué eu gosto demais!…será que eu já fui em outra vidinha brasileira…mmmmhhh…será que é isso? eu acho). “Sem nada meu”. Caemio. Ou será que cada vez mais direitinho…cae,cae,cae…Caetano em mim. Caetano Mío. Lembra que “eu sempre”…mais que ontem, mas, menos que amanha. Você me deixa assim…”Sem Cais”.
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Quero também, lhes contar um pouco da cidade onde eu nasce, Montevideo. Agora me lembrei duma canção…que descreve um elo da minha cidade. Mas, eu agora moro numa cidade balneária, num bairro chamado “Solymar”. É assim mesmo, tem sol e mar, lindas praias, que recorrem mais de 300 kms de costa este. Gosto muito daqui, tem calma sem o barulho da capital e do asfalto. Se pode dizer que é o bastante tranqüilo, tranqüilo…até quando todos os caos do bairro no começo duma lindinha soneca se ouve mil ladridos, a qual mais molesto, com excepçao da minha cadela (xuxú,xuxito, xuxi), todos esses nomes porque dependendo do como se comporte aí vai o xu…e ainda mais….
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UNA CANCIÓN PARA MONTEVIDEO
Beijo no coraçao.
Bom Dia Blogueeiros de Plantão…
Poxa lindo texto e linda homenagem aliás mais uma a Sampa.
Eu ao contrário de Caetano, não gosto dos grandes centros, prefiro os pequenos e mais tranquilos de se viver.
O jeito e a velocidade em que os grandes centros crescem é algo absurdo, e são grandes empresas que tomam conta da cidade, é a lei atual.
Bom de todos os centros que conheço e são poucos pela imensidão do país, Sampa é o maior mais variado, embora uma pena esteja virando caótico estar por lá.
Lá é bonito, diferente de tudo, mais em compensação é muito violento e o Tietê está feio, e empobrece uma cidade que tem tudo pra ser um grande pólo para o turismo no Brasil.
O Rio já tem um aspecto mais cuidadoso, com suas praias, suas baias, só peca ainda na segurança.
O turismo no Brasil ainda é algo a ser descoberto pelos turistas e pelo brasileiro.
Um saudoso abraço a todos,
Luiz Carias.
Tudo que tem seu lado bom, tem seu lado ruim, estilos e visões diferentes abrangem o mundo.
… as cidades invisíveis (ítalo calvino)
… as cidades (chico buarque)
Notícias do front japonês, editorial de hoje do Yomiuri Shimbun, que na versão japa atinge 10 milhões de leitores (essa é a tiragem diária …):
O EDITORIAL DA FOLHA DE SP DE HOJE NO TEMA QUE TEMOS DESENVOLVIDO AQUI NO BLOGCAETANO E AMENIZANDO O TEXTO DO CLÓVIS ROSSI :
Gostei muito quando o carioca FHC e o paulista Chico andaram de briguinha.Parece que rendeu até musiquinha,a “Injuriado”,né?Mas bom mesmo foi o FHC pra provocar dizer que o Chico faz música elitista.Adorei!Era verdade.Serra é um cara de esquerda,Caetano esta certíssimo!Serra é o que há de melhor no PSDB.FHC é mulato malandro carioca e sem vergonha.Caetano é de esquerda.E é por isso que pode meter o pau nas imbecilidades e nas contradições salteadoras deflagadas no governo atual.O que acontece é que grana não tem a graça e o poder do Poder para quem os experimenta.Amo os paulistas.Não viveria em Sampa porque ela me desorienta na sua falta de referencias geográficas e naturais.Me perco!Rio e Belô tem um movimento cinematográfico que não percebo em Sampa.Dirijo meu carro no sobe desce descortinando um horizonte cravado de serras e arrranha-céus em movimento num vai e vem vertical contínuo.Sampa são vários grandes mausoléus,catacumbas e tumbas em labirinto.Esquerda ou a direita seguem para a horizontalidade da morte cercada pelo poder.Me afogo!Assusto com a verticalidade da grana ali.A mesma que horizontaliza meus horizontes dantes verticais.Me enterro!Sampa não deveria mais centralizar tanta grana e poder.Poderia valorizar outras referências suas ao invés de deslocar para outros patrícios suas próprias identidades auto desdenhosas.
Gil
Gostava de “Baiano e os Novos Caetanos”. Não gostava de “Zelberto Zel”.
Na paródia de “Baiano e os Novos Caetanos” havia algo de Antonio Carlos e Jocafi, de dupla, as referências eram múltiplas e algumas canções de Arnaud Rodrigues eram divertidas. Aquilo não era exatamente uma “imitação” de Caetano. Era uma paródia que mixava múltiplas referências. Zelberto Zel, ficava no meio do caminho, entre a paródia e a imitação, e era sem graça.
Quando falei das “patéticas imitações de Gil e Caetano falando”, me referia a uma mania aqui em SP (veja no YouTube) de imitá-los como se nada falassem. Sempre aparecem meio molengas, com falas desconexas como se tivessem fumado um baseado. O “ou não” final é recorrentemente usado nas imitações de Caetano, que (acho) não usa o bordão.
Mas é claro, que humor é isso aí. Agora, tem humor legal e tem coisa que simplesmente acho sem graça. Uma coisa é imitar ou parodiar Caetano, outra é imitar a imitação. E isso é que tá rolando. Basta dar uma anasalada na voz e dizer umas frases enroladas, terminando com o “ou não” e pronto… temos uma imitação barata.
É evidente que isso não tem a mínima relevância e não deve incomodar o Caetano. Mas que é sem graça, é.
E Chico Anísio não pode ser comparado com alguns dublês de humoristas que fazem sucesso no YouTube e no programa do Tom Cavalcanti. Não sejamos injustos.
abraço
Salem
Ah! Gil
Evitando mal entendidos:
A expressão “não sejamos injustos” não quis dizer que você foi injusto. A primeira pessoa do plural foi genérica. Você não foi injusto. Aliás foi justo no elogio ao Chico Anísio. Só quis deixar claro que não me referi a ele quando falei das tais “imitações patéticas”.
salem
centro de Sampa, Bienal de Arte, o Teatro Oficina (Homem II) e muitas outras coisas. Voltei de lá com a certeza de que um dia habitaria aquela cidade. Quase fiz isso no início de 2008, quase. Pintou uma saudade antecipada das praias do Rio, dos meus pais, dos meus amigos.
bjs.
Salém, não se sinta perseguido, vc é o cara. Não me referi ao que vc falou, embora estejamos juntos no blogCaetano, sempre tive vontade de me referir aquele “ou não”, uma vez que o reproduzo frequentemente. Nunca me senti perseguido quando reprovam o uso do “ou não”…na verdade, isso me acompanha desde os tempos do vestibular, olha que já faz tempo, quando eu ouvia siderado Gilberto Gil/ Gal cantar: ..a cultura e a civilização, elas que se danem…ou não”. Vem de lá o “ou não” que eu adoro. Depois veio Chico e arrasou. Vamos indo, na onda do BlogCaetano, que digamos, vamos lá, é A ONDA!
O maior de todos da sua geração, Caetano, chama-se Arnaldo Dias Baptista!, genial paulistano da Pompéia, bairro no qual me hospedei, emocionadíssimo com as lembranças da minha anfitriã que se lembrava de um buggy todo colorido estacionado na calçada em frente à casa dos dois rapazes dentuços e geniais.
Obviamente esta é uma opinião parcial, apaixonada, pessoal e tendenciosa. Portanto, nem pensem em contestar
Um sonho (ou melhor, dois): Caetano gravando um disco só com Gil, Djavan, Milton e Melodia. E Melodia gravando um só com Caetano!
Saudações!
tem muita uruguaia nesta OeP, para un paisito tan diminuto no está mal…
Heloísa,je t’ai écrit, avec bcp de retard, sur l’autre post.
entendo o que há de paulista em chico, até pela sua história. mas ele é carioca, ele é carioca, ele é o tal.
assim como caetano, que é carioca.
a letra de “divino maravilhoso” é de arrepiar. ainda muito jovem, quando comecei a entendê-la, pensei: “esse cara [caetano] é mais inteligente que a maioria das pessoas”. “atenção para o refrão” é demais…em “superbacana”, eu vibro com aquele “um instante, maestro”. PHodíssimo!
gil, traduzir esse texto exigiria um tempo que não tenho agora e também não sei se estou à altura…entender, escrever e falar é um lance, traduzir são outros 500 [dólares], haha
chico anysio é um gênio. “baiano e os novos caetanos é bom demais”, tenho o vinyl.
Marcio Junqueira,
José Ronaldo é mais: são muitos simultâneos, Lucas da Feira, Godofredo Filho, Chico Pinto (sobretudo!) e Franklin Machado e Juraci Dórea que alcançou o que poucos artistas conseguem, um traço tão absoluto de originalidade que lhe credita autoria as suas obras onde quer que elas estejam. Reconhece-se Juraci em Bordeaux, no Sobradinho ou num filme nacional. Calasans, Carybé, Basquiat e Pollock também o alcançaram na pintura e no desenho assim como João Guimarães e Virgínia Woolf, na literatura.
A Tieta do cacá teve de duelar com aquela outra da novela - a meu ver muito mais cheia de “baianidade caricata” (não ssaberia dizer se carlista ou não.)na acenuação de óxxxxénti, pólícíá e préféítúrá - onde a Perpétua sai voando numa vassoura. Mas Sonia Braga, que sendo paranaense é também baiana, é mesmo uma tigresa. Aliás, Marília Pêra é de tirar o fôlego. Tenho quase certeza que deu mais trabalho gravar Tieta do Agreste - cada expressão de Zezé Motta milimetricamente perfeita - do que Batman, o cavaleiro das trevas.
Se há laços afetivos e/ou failiares quem ligam Juraci Dórea à burguesia agrária feirene, o que dizer sobre Coubert Filho?
“Um baguinho de jaca, um jeguinho que empaca, um casal de mosquitos no ar, e o coração dende mim quer parar, disparar, coisa louca é gostar.”
Caetano,
Depois de 10 anos de ininterrupta militância petista, tenho dúvidas se votarei em Serra ou Heloísa Helena parar presidente/presidenta do Brasil.
Por hora, direi que a USP, que eu amo, cheira a móvel velho tanto quanto a Sorbonne. Depois falo melhor. Este post e seus últimos comments me puseram “comovido como o diabo”.
Té breve,
Wesley
Quero agradecer a viagem histórica de nossa época pelo viés Caetano.
Wesley
não entendo quando vc junta godofredo, fraklin,juraci a José ronaldo. e nem estou xoxando. não entendo mesmo. godofredo, juraci e frank juntos eu acho correto, mas não sei onde zé ronaldo entra.
Juraci é realmente maravilhoso, adoro o trabalho dele. mas não coloco ele com pollock, nem basquiat nunca. primeiro pq a natureza do trabalho deles é muito distinta, segundo q basquiat (que eu gosto pra caralho) é bem menor q juraci.
Não afirmei q Juraci tinha laços familiares com a burguesia agraria da cidade, mas o trabalho dele sempre me soou como alguma coisa, meio “menino de engenho”, uma saudade de outros tempos, um elogio à civilização do Gado…Isso não é um problema. Nem tenho nenhum problema com o Juraci. Meu bode é mais o enterno, que trasnforma aquilo num valor absoluto. e engessa a cidade dentro daquela representação.
Com excessão de Seu zito (que para mim é o maior artista palstico da cidade já faz algum tempo) e alguns trabalhos do grupo ligado ao Herivelton Martins, tudo segue na mesma direção. Isso é chato. E pobre.
Mais do que isso, me revolta que tenhamos que ficar eternamente confinados a representações regionalistas e laudatorias.
Os bumba meu boi do Romero, o expressionismo regional de Escaldaferri, Caribé, liberato, Galeano e mesmo Marepe, algums vezes.
nãos ei sua idade, mas talvez você tenha um sentimento nodestino (ou regionalista) mas forte ou profundo ue o meu, e talvez isso não lhe incomode. Mas eu aprendi a ser nordestino com o som que veio do recife (e não foi o armorial, mas o que o mague beat trouxe) e com joão Cabral.
o regionalismo de chico science, fred 04 e siba foi o que me formou, por isso tenho muita dificuldade em aceitar esses as posições do Suassuna e dos seus parceiros em Feira de Santana.
Isso não os desmerece. não são obras ruins, só não respondem ao meu tempo e, suspeito, de ninguem que tenha nascido na decada de oitenta e teve a televisão como parceira e confidente.
Minha vonade é responder ao poema do Bandeira em resposta ao convite do godofredo, dizendo que agora ele já pode vir.Que côCô de cabrito e ar fresco são fabulas. O que temos para vc, e acredito que ele ia gostar um bocado, é arrocha, axé, pagode, mau gosto de classe média (com seus portões tubulares), e meia duzia de intelectuias de provincia reativos. Esses ultimos acho que não lhe empolgaria tanto.
PRA NÃO DIZER QUE NÃO DEI UMA COMENTADINHA
Não estou com tempo!!!
Glauber, qual é o primeiro disco do DUSEK? É aquele que tem “barrados no baile” e “Cantando no banheiro”? Adoro o Dusek desde de sua aparição no festival shell 1980.
Sobre o quadro do Chico Anísio, adorara a imitação que aquele ator fazia do Caetano, os cabelos curtos e grisalhos e a gesticulação eram bacanas, apesar do in-correto “ou não”.
Gil
Não me sinto perseguido, só presto atenção ao dobrar uma esquina virtual. Palavras digitadas fazem boas e más confusões, ou não.
Lucesar
Que boa lembrança do Walter Franco. Quem diria! O “ou não” é de um… paulista!
Acho que “Ou Não” é o seu primeiro disco. Gosto de “Revolver”, “Respire Fundo” e “Vela Aberta”
Tinha 12 anos quando escutei a música “Cabeça”. E “Serra do Luar” é um clássico!
Cadê o Walter Franco? Cê sabe?
beijo na cabeça com a mente quieta
salem
O sentimento que experimentei ao visitar o Rio pela primeira vez foi um misto de deslumbramento e inveja. Salvador me pareceu acanhada. Esse sentimento me perseguiu por uns dois meses após retornar para Salvador. Conheci São Paulo mais tarde, sempre a trabalho, mas o impacto não foi menor. A monumentalidade vertical de São Paulo, a variedade gastronômica, os programas culturais provocaram em mim momentos de prazer, satisfação e alegria que me servem de critérios de julgamento ainda hoje. Aqueles garçons que servem um novo chope sincronizado com o último gole é referência mundial. Aqui em salvador muitas vezes temos que gesticular minutos até aparecer alguém para atender. Aqui tem muitas coisas boas mas estamos,na média, atrasados na qualidade dos serviços.
Tenho que voltar à questão da direita e esquerda. A distinção é útil e não há dúvida sobre a sua validade. Mas quando vejo a classificação apontada por Vellame servir de referência sinto-me obrigado a aplicar um Zoom+ naquela distinção ai de cima. Politicamente acredito no liberalismo e vá lá, no social liberalismo europeu. Respeito as leis,a economia de mercado e a democracia representativa.Diria também que sou um conservador nos costumes.Serei “gongado” ,Vellame. Sou contra o aborto e as cotas para negros (por que não para pobres?), por exemplo. Por essas posições me considero de direita.Não aceito vestir a camisa de Sarney ,Jader Barbalho ,Collor e mesmo ACM apesar dele ter modernizado a Bahia(Serei gongado de novo). Eles simbolizam o patrimonialismo e a dependência do estado. Sou radicalmente contra essa mentalidade. Não seguem filosofia política alguma,são políticos profissionais.A rigor não existe uma direita no Brasil mas eu diria que o pensamento de Roberto Campos foi (é)para mim um modelo a ser seguido por um partido liberal no Brasil.Por enquanto fico com Serra , PSDB e seus economistas.Ao longo da história o liberalismo se provou superior ao feudalismo , socialismo e comunismo e hoje,com as idéias totalitárias ressurgindo ao nosso redor e aqui dentro pipocando indícios delas tipo controle “social da imprensa” e “democratização de não-sei-o-quê” , começo a concordar com Gravataí e a discordar da sobrinha de Salem e de mim mesmo.As noções de direita e esquerda ,pelo menos taticamente,estão superadas.Ser de direita não me faz um homem mau.
Othon
Caetano, muito obrigado pelas generosas palavras! São um grande incentivo para a continuidade desse projeto, que conta ainda com a colaboração inestimável de Eucanaã Ferraz.
Glauber, adorei a expressão “labirinto de idéias e estímulos, e sem Minotauro”: na mosca!
Quem ficou curioso acerca do artigo “Mário Noel Orlando João” de Augusto de Campos, que Caetano menciona, pode baixá-lo em formato PDF aqui:
http://www.cultura.mg.gov.br/arquivos/SuplementoLiterario/File/sl-maio-2008.pdf
Caetano,
venho acompanhando o Obra em Progresso há alguns meses, sem nunca haver postado qualquer mensagem. Para um goiano como eu, o texto Rio/Sampa faz com que eu me sinta um estrangeiro em meu próprio país. Conheço São Paulo (muito mal) e o Rio menos ainda. Mesmo assim, prefiro Santo Amaro.
Gramde abraço,
Kenneth
Pedrecal,
Arnaldo Dias Batista, o genial músico-poeta da Pompéia. “Ce tá pensando que eu sou lóki bicho??”
É isso aí. Vamos todos virar “bolor”. Que felicidade.
“Você ainda nem me viu de pijama sorrindo a brincar”…uau.
Bom, vou tentar falar com Lucesar, Caetano, Salem e Glauber de uma cajadada só:
Glauber, “Pecado Original” é massa mesmo. A gente não sabe o lugar certo de colocar o desejo!
Eu adorava Baiano e os Novos Caetanos. Salem disse certo sobre o resto. E o “ou não” era um bordão do Walter Franco, da música Cabeça, que fez furor pela TV no festival internacional do Maracanãzinho. Depois, injustamente, esqueceram Walter e colaram a expressão neste outro maluco aqui (que, ainda por cima, tinha lançado Araçá Azul perto do lançamento do “ou não” do Walter). Junte-se a isso a tendência minha e de Gil (ainda mais dele do que minha) de considerar muitos lados de uma questão e… pronto. Em Eu sou neguinha? (que pretendo cantar no show do Zii e Zie), repito “ou não” muitas vezes. Acho que é só onde usei a expressão: tinha a ver com a pergunta que Arto Lindsay me mandara sobre a foto de uma mulata americana tocando guitarra usada como publicidade do disco de Prince (era como se ela fosse o Prince). A ambigüidade levada às ultimas conseqüências. Mas não digo “ou não” e não gosto de ver humoristas dizendo “ou não” como se eu costumeiramente o fizesse. Tem Cultura e Civilização de Gil, com seu “ou não” profetizando o de Walter Franco. Mas eu não tenho nada com isso.
“Aqui em salvador muitas vezes temos que gesticular minutos até aparecer alguém para atender”.
Bondade sua, Othon. Em Salvador nós temos que fazer AMIZADE com o garçom. Ou como fez um amigo meu: pegou dez reais, pôs no bolso do garçom e disse: “Se demorar de passar naquela mesa, eu venho tomar o dinheiro”. O atendimento foi um espetáculo.
Caetano, Caetano, Caetano, Caetano!!!!
Cê é a prova cabal que a espécie auto-intitulada de humana evolui.
Sampa te espera!
abraços
Lembrei o arnaldo antunes dizer durante um diálogo que está na antologia poética (com o wisnik inclusive), que jamais escreveria “não sou brasileiro, não sou estrangeiro, sou de lugar nenhum”, caso não tivesse nascido e se criado em São Paulo.
Oi, Caetano.
Sobre o Verdade Tropical saiu um Mais como título: Tropicalismo, do cárcere ao poder. Guardei para fazer trabalho acadêmico, mas imaginei q vc não ia gostar. Já existia a Ilustrada…
E não teve uma história que o Chico se disse carioca e não paulista?
Caê,
Mas o meu soteropolitanismo exacerbado me força dizer que não temos garoa, nem copa que dirá orchta de chufa, mas sentimos falta da sua personificação física..
ps: a intimidade, vem da baianidade e do apreço.
abraços