Zambujo, Cicero, Augusto, Adorno, papo à beça (30/10/2008)
ZAMBUJO, CICERO, AUGUSTO, ADORNO, PAPO À BEÇA |
30/10/2008 7:15 am |
ANTÓNIO ZAMBUJO, INDIE ROCK, COOL JAZZ, MINIMAL, BOSSA NOVA, THE NEW YORKER, MICHELANGELO ANTONIONI E MONDRIAN CONTRA AXÉ MUSIC DENTRO DE MIM? NÃ-NÃO. “A COR AMARELA” É BROWN IVETE E DANIELA. É O SAMBA DO RECÔNCAVO EM TRANSE NO PSIRICO, NO HARMONIA, NO TCHAN: É TRANSAMBA JÁ CONSTRUÍDO POR TODOS ESSES BAIANOS GENIAIS. Gostei muito do CD do Portishead (já de cara, aquela falação em português paulistano sobre a “regra dos três”, em tom a meio caminho entre pastor evangélico e conversador new age): os timbres das programações fazem as modulações insólitas ficarem mais bonitas. A Gibbons é uma chorona cool e a atmosfera sonora parece com a foto da Estação de Rádio de Portishead. Gosto do Portishead há mais de dez anos: entrou com Karola, Candé, Marininha, Luísa Mariani e Natália Lage na casa de Milton numa festa. A “Disneylaândia” da Marilena. Na casa de Bituca não dava pra notar, mas no primeiro telefonema que dei lá estava Portishead na secretária. Achei bonito à pampa. Perguntei. O disco do Camelo é bom à beça: ele toca violão muito bem naquela faixa de letra curta; a decisão de soar relaxado e livre de tiques reconhecíveis pode virar um novo tique se o ouvinte tiver má vontade – mas é assumida com bravura e realizada com decisão; eu gosto; é carioca num grau Marisa Monte; é um luxo que ele seja a estrela solitária do momento em nossa música inventiva. Quero ouvir o disco de Arnaldo Antunes logo. As palavras em caixa alta que foram citadas aqui como parte de artigo meu para o Pasquim eram declaração de Jimi Hendrix traduzida por mim. Foi da última entrevista que ele deu. Mandei pra aqui em cima da hora. Vou ouvir o disco de David Byrne com Brian Eno na semana que vem. Já ouvi muito do de Rodrigo Amarante com Fabrício dos Strokes (que trouxe a namorada): os ecos de pop rock do início dos anos 60 – com um toque country – soam com frescor inventivo que descarta ironia ou nostalgia; é música imediata; a gente não pensa em tiques nem em toques – apenas entra em contato com as emoções que motivaram as canções, ou melhor, nas emoções que as canções motivam. Mas a ida à Itália me interrompeu a audição, de modo que comentários mais responsáveis ficam para depois. Quem vê assim pensa que ouço discos. Eu fazia isso em 1960: João Gilberto, Thelonious Monk, Chet Baker, Miles Davis, Sylvia Telles, Modern Jazz Quartet, Ray Charles, Maysa, Jimmy Giuffre, Dolores Duran, Ella, Sarah, Billie… Hoje ouço o que me mostram – e não ouço repetidas vezes cada coisa, como fazia então. E olha que ouvia esses que citei sem abandonar Caymmi, Chico Alves, Orlando Silva, Eliseth, Silvio Caldas, Aracy de Almeida cantando Noel – além de seguir com atenção irresistível o Nelson Gonçalves da fase Adelino Moreira, Anísio Silva, Paul Anka, The Platters, Pat Boone, The Diamonds e os sambas e marchas de carnaval, tudo pelo rádio. João Gilberto mais que tudo. Ouço o que me atrai a curiosidade (por ouvir falar, por ler no jornal, por ter ouvido acidentalmente – no radio, em casa de amigo – um trecho que me excitou). Por exemplo: adoro Cornelius, o japonês de sons puríssimos, idéias rigorosas e sensibilidade violentamente delicada (se me é permitido o paradoxo – mas creio que sim, em contexto nipônico). Vou ouvir o novo disco do TV On The Radio, banda que o maluco do Folhateen sugeriu há um par de anos e cujos dois primeiros discos me encantaram (se bem que os ao vivo no Youtube nem tanto). Já disse que adoro Radiohead (a partir de OK Computer, mas com um gosto pelo pouco louvado Pablo Honey – que ouvi depois – e sem nenhuma rejeição a Kid A, ao contrário). Aprendo algo com essas coisas e não lembro muito depois. Mas ouvir o CD do António Zambujo me prendeu à necessidade de ouvir de novo, de novo e de novo. Esse mesmo desejo senti quando Moreno me mostrou Buika cantando Mi Niña Lola. Quero ouvir muito, mais vezes, mais fundo. No caso do Zambujo, muito mais ainda. É a língua portuguesa. É a história do fado. É o fato de eu ter sempre só gostado de cantoras de fado, nunca verdadeiramente de cantores. Amália reverbera em cheio em Mariza. Um espetacular virtuosismo vocal faz de Dulce Pontes uma das mais impressionantes cantoras da atualidade – embora sempre na beira do risco de parecer só virtuosística. Uma atenção ao desenvolvimento do fado – e do gosto na história do fado – faz de Mísia uma elegante guardiã da tradição: uma espécie de Nara Leão com mais canto e menos despojamento genuíno (o que não é desmerecer a cantora portuguesa, já que a brasileira é um caso extremo de inteligência crítica espontânea a serviço despretensioso do canto). Mas há nos pianíssimos com arabesco no fado tosco de Dona Argentina da Parreirinha d’Alfama (e que sempre amei e amarei na Maria da Fé do Senhor Vinho, essa Maria da Fé que parece ter se afastado de mim, do Brasil, de nós, como se tivéssemos prometido algo que não podíamos lhe dar) algo que, para meu espanto, reencontro onde nunca esperei reencontrar: numa voz masculina. Admiro os fadistas homens, mas nunca cheguei a amar-lhes o canto. Fado para mim era cantado por mulher. Desde Ester de Abreu, da minha infância, até Mariza: mulheres, sempre mulheres. Não é que o Zambujo me pegou de jeito? Há nele dois elementos que – para além do prazer imediato de ouvir-se uma voz naturalmente musical e relaxada – compõem para mim um grande passo: que seja um homem a cantar fado tão lindamente – e que o diálogo com a música brasileira se apresente tão orgânico, já não-pensado, já resultante de forças históricas que vêm se expandindo há décadas. O disco de Teresa Salgueiro é belo e emociona (finalmente com Carlos Lyra no destaque que merece). A atitude programática de Eugénia de Melo e Castro foi e é tocante, além de desbravadora. Mas o que se ouve em Zambujo é algo já que vai mais fundo. É um jovem cantor de fado que, intensificando mais a tradição do que muitos de seus contemporâneos, faz pensar em João Gilberto e em tudo que veio à música brasileira por causa dele. Quando Zambujo canta “Nem às paredes confesso”, vamos ao fundo do fado e, ao mesmo tempo, sentimos a cultura da bossa nova e da pós-bossa nova já na corrente sangüínea da canção portuguesa. Quando ele canta um Vinicius com Antônio Maria (esse seu xará com acento circunflexo), a composição soa enfaticamente “moderna” e americanizada, embora o tratamento seja de fado. E o mais incrível é que “Lábios que beijei” não soa menos americanizada e “moderna” do que aquela. Não pelo arranjo, que é fadista, mas pelo Brasil que há ali. É de arrepiar e fazer chorar. Sentimos a força da cultura de língua portuguesa – aquela que, afinal de contas, mais me interessa – construindo-se. É que espero, ou melhor, exijo do Brasil a articulação do papo que ele tem de levar com o mundo – saindo de seu chiqueiro de atraso, intrigas e pequenezas. Eu odeio o fato de o aeroporto de Salvador se chamar Deputado Luís Eduardo Magalhães: nem no “Polígono das Secas” de Diogo Mainardi há uma piada tão sinistra. Odeio a meia-trava que o ideologicamente amorfo PMDB pode significar no progresso politico nacional. Embora nunca se saiba: vai ver é daí que de repente vem algo que contribui para esse progresso. Ele existe: a vitória de honra de Gabeira no Rio, o repúdio à propaganda-perua de Marta insinuando bichice de Kassab, a importância maior dada ao bilhete único e aos CEUs do que à idéia de “a nossa turma tem de ganhar” são provas disso. Mas o chiqueiro ainda é a imagem dominante. Pois o disco do António Zambujo nos faz crer que viraremos esse jogo. Gozado é que, procurando Zambujo agora no Youtube, achei-o cantando com Roberta Sá. Não sabia que ela o conhecia. Muito bom. Embora os outros vídeos dele que vi não estejam à altura do disco. Outra que vi no Youtube – e essa me maravilhou – foi a caboverdiana Mayra Andrade cantando “Tunuca”, sentada no chão da rua com Mariana Aydar. É gozado como em São Paulo existe essa polaridade PT/PSDB. No resto do Brasil não é assim. Em primeiro lugar porque ambos parecem sobretudo paulistas. Para mim, mais ainda, dois raminhos da esquerda da USP. Claro que li aqui gente dizendo que deixou-se de votar em Gabeira por ele “ser PSDB” – e notando que Paes é quem chamou logo um tucano para começar o secretariado. Sei que há petistas com essa onda por toda parte. E afinal o PSDB é “oposição”. Bem, só se for Serra querendo ser presidente contra uma Dilma qualquer de Lula. Mas o que pinta é a disputa dele com Aécio. Serra é feio que dói. Vídeo sempre divino é o de Hermeto tocando garrafas e flauta com os rapazes dele dentro de uma lagoa (ou rio?: não vi correnteza). Um DJ de música minimal e house etc. foi quem me mostrou. Depois de contar a história da crise financeira mundial passo a passo, a Economist chega esta semana com a nova de que os “emergentes” – que pareciam livres do contágio de derretimento – e eram a esperança da economia mundial mesmo quando o problema das hipotecas imobiliárias americanas já estava avançado – não parecem mais imunes. A boa notícia (que me fez lembrar o final do livro de Kapuscinski sobre a queda do Império Soviético – livro chamado “Império” de que gosto muito mais do que o homônimo de Toni Negri – e final que eu já citava no meu Verdade Tropical) é que os países grandes se sairão melhor. Grandes territorialmente e possuidores de economia diversificada. O Brasil tá aí. Mas vai atravessar as dificuldades inevitáveis com a mesma euforia de festa de posse do Lula em que já estamos viciados? As letras de Zii e Zie soarão bem datadas quando o disco sair. Digo, aquelas que falam de fatos políticos pontuais, como a Base de Guantánamo (como alguém já notou aqui), assim como aquelas que têm uma versão muito peculiar minha da euforia afirmativa que nasce dessa nossa fase FH-Lula. Lygia Clark dizia que o tropicalismo era romântico: dependia das informações da hora: falar em Coca-Cola, Paulinho da Viola, passeatas, Brigitte Bardot era atrelar-se ao tempo – e preparar a própria obsolecência; enquanto ela, trabalhando na area de decisões formais e expressivas em princípio atemporais, tinha ambição clássica. Ela não o dizia com ar de superioridade sobre nós. Dizia com carinho e com uma rosa de plástico enfiada numa garrafa de Coca-Cola no meio da toalha de mesa que estendeu no chão de sua casa em Paris, para que nosso jantar parecesse um piquenique. Mas a Brigitte e as Cardinales não impedem que “Alegria, alegria” seja ainda minha canção mais querida por brasileiros. E o que é dito em “Diferentemente” sobre Osama e Condoleezza poderá ter uma graça futura que não podemos apreciar hoje. Sem falar nas profecias ultra otimistas que se ouvem em “Falso Leblon” e “Lapa”. Eu, na verdade, acho essas afirmações desaforadas mais interessantes em face da crise do que seriam se soassem meramente como reafirmação de uma aprovação ao governo de 80%. Não sei o que é Zizi (ou Zie-Zie, ou Zy-Zy) em francês. (Será algum modo infantil de se referir a partes graciosas da anatomia masculina?) Mas vocês todos deviam saber o que é Zii e Zie em italiano. Escolhi o nome pela impressão curiosa (e bela) que essas palavras simples causam quando escritas juntas. As encontrei assim na tradução italiana de Istambul, de Orhan Pamuk, que li na ida à Turquia, presente de uma italiana espectadora assídua dos meus shows. É um modo livre, misterioso e revelador de coisas que não sei, de nomear um disco tão lançado à aventura. Amo os argumentos de Cicero sobre as vanguardas. Mas entendo que não interessem a Augusto de Campos. Augusto é o autor de “Não” (uma versão encapsulada de muito do que Drummond diz num poema longo sobre o fazer poético, apresentada primeiro como um mini-objeto mimeografado – como os poemas “marginais” que lhe são contemporaneous – que ele distribuía entre amigos e possíveis leitores), um poema que extrai intensa poeticidade do modo como pensa seu próprio lançar-se no mundo, comentando assim a condição mesma da poesia. Ao ler os comentários (justamente) entusiasmados sobre os arrazoados de Cicero, me lembrei de que, ao ler “Dialética do Esclarecimento” (muitas veses atrapalha, em vez de ajudar, a escolha dessa palavra “esclarecimento”: sempre evitando “iluminismo”, “ilustração” ou mesmo “luzes”, o tradutor muitas vezes nos leva a esquecer o quanto é sobre o “esclarecimento” histórico, do século 18, que os autores estão falando), tinha encontrado algo que me fez pensar nos concretos. Sei que Haroldo gostava muito de Benjamin – e que a Escola de Frankfurt foi levada em grande consideração pelo grupo Noigrandres quando foi levado a pensar na dimensão política da aventura em que embarcavam. Augusto não gosta da apreciação que Adorno faz do jazz. Mas nunca desejou descartar os desafios teóricos que Adorno lançava. Fui olhar o livro e achei um dos trechos que me fizeram pensar em Augusto. Eis: “O sentimento de horror materializado numa imagem sólida torna-se o sinal da dominação consolidada dos privilégiados. Mas isso é o que os conceitos universais continuam a ser mesmo quando se desfizeram de todo aspecto figurativo. A forma dedutiva da ciência reflete ainda a hierarquia e a coerção. Assim como as primeiras categorias representavam a tribo organizada e seu poder sobre os indivíduos, assim também a ordem lógica em seu conjunto – a dependência, o encadeamento, a extensão e união dos conceitos – baseia-se nas relações correspondentes da realidade social, da divisão do trabalho. (…) É essa unidade de coletividade e dominação e não a universalidade imediata, a solidariedade, que se sedimenta nas formas do pensamento”. Não o cito como resposta argumentativa a Cicero, mas como uma indicação de que, entre outras coisas, o enfrentamento de questões como essa animou a criação da poesia concreta. E que é perfeitamente natural – e até saudável – que um poeta como Augusto olhe de longe (e com desconfiança) argumentos como o de Cicero, vendo pouco neles além do fato de que servem afinal para afrouxar o arco e instruir pensadores criticamente receptivos a uma poesia atada à sintaxe vista pelos concretos como expressão da opressão. Era uma luta que envolvia ambições também nessa área. Sou suspeito porque, dessa luta saiu a sensibilidade que não só entendeu o essencial do que eu pretendia fazer como prefigurou minuciosamente alguns argumentos que os tropicalistas viriam a formular (sem conhecer tais prefigurações), como é o caso da avaliação da Jovem Guarda e do “novo folclore urbano e internacional” que surgia, energético, na música pop de massa feita para a juventude. Mas é que sou ainda mais suspeito em relação a Cicero, que é um amigo íntimo e freqüente, com quem partilho inclusive comentários pouco simpáticos a Adorno e à Escola de Frankfurt. Postei demais. É que, apesar de cansado da gravação, fui acordado, por ordem minha, para acompanhar a saída de meu querido filho adolescente para a escola: ele tem aula à 7, tem de acordar às 6, entrou o horário de verão e ele tem pena de desperdiçar as noites dormindo (embora, diferentemente de mim, não tenha dificuldade em adormecer). Acordei tendo dormido menos de uma hora – e não consegui dormir de novo. Aí sentei aqui e escrevi. E olha que ainda não saiu o catatau São Paulo/Rio. Mas quando sair, sairá curto: o que faz a gente escrever comprido é falta de tempo para editar os textos (mesmo na cabeça). Evangelina, leia comment no post da foto do Moreno. Heloísa, você que está lendo Verdade Tropical: já chegou no final, onde falo em países grandes? |
Olá Caetano,
quando você se refere a um certo “tic” sobre o novo cd do Camelo, seria medo uma sedutora armadilha, ao grande estilo Nizan Guanaes, tomar conta do trabalho dele?
abs
Também embarquei na leitura de Verdade Tropical, numa versão bolso, da Companhia das Letras. Coincidentemente, ontem à noite, lia o texto 2002 e seu encontro com Augusto, Haroldo e Décio. Deviam ser noites deliciosas, fico pensando. Gosto dos nomes e expressões que encontro ali, fico curiosa por detalhes que não estão. Enquanto leio, conheço, aprendo, me divirto marcando vícios seus, da sua escrita. Impressiona o tanto que a palavra sobretudo aparece. E ela já me sugeria estilo seu, acho que de entrevistas. Leio com um lápis. Na última página marco nomes de lugares, pessoas, obras que desconheço e que vou pesquisar. Nas páginas, vou circulando os sobretudo, algo (!!) lúdico, pq me divirto com isso. Chama atenção também as conjugações do crer. É tão incomum e tão bonito. Eu cria. se eu cresse. beijos. Descansse.
Tão falando tanto em verdade tropical de novo. Li em 1997, depois de uma viagem de 8 dias à Nova Iorque.Era como se eu não tivesse voltado ainda. Foram 3 dias de imersão em outra realidade. o que mais me emocionava eram as passagens em que caetano falava de Dedé. Sou româtica uai, e sempre me interessei por aquele negocio ali. Um cara doce barbaro e seu grande amor.
Sempre fui um pouco discriminada na minha adolecencia por gostar tanto e só falar de caetano e tal. Até parei de falar e dizer que gostava. Aí, graças a um pulo de Mick Jagger que vi na TV fiquei fascinada e depois disso, graças a uma tia muito generosa, tenho tudo dos Rolling Stones e de quebra de Pink Floyd que era uma paixao dela também. Claro que “envolui” muito de lá pra cá, (sem querer dizer que gostar de caetano era de fato um problema), mas enfim, tudo isso pra dizer que, apesar de toda MPB, alguns rocks, jazz e punks classicos, resistencia decidida ao oasis, guns and roses etc, caetano me apresenta essa lista de nomes de que eu nunca ouvi falar. Não to falando de camelo que amo. Bom, como diria um amigo, tenho inveja de você que ainda tem pela frente tanta coisa com o que se emocionar.
Votei em Pinheiro mas fiquei feliz com uma coisa na vitória de Joao Henrique em Salvador, que era a não formação do império de PT aqui. Prefeitura, Governo Estadual e federal!
Bjs a toda a gente inteligente e animada daqui.
ai gentes, essa eu tenho que comentar…rs rs rs
diálogo com minhas filhas de 8 anosagora de manhã, elas esperando pra usar meu computador me vendo olhar o blog:
ela nem te conhece, a figura! essa, bebezão, de madrugada, vinha até mim e ficava do lado da cama, me olhando, uns 5 cm do rosto. eu sempre acordava de sobressaltocom dois olhos imensos em cima de mim. depois de acordar ajeitá-la de novo, e tentar voltar a dormir, vinha a outra…que dormir pra que, né?
gostei muito da parceria do Camelo com o Hurtmold. eles arejaram e acrescentaram muito ao trabalho dele.
Assino embaixo Hermano! Isso não é rap, isso não é samba, é a mania, que vem de luanda! É o transamba
Viva Fantasmão
Nossa, pelo visto o tempo de silêncio contribuiu para o acúmulo de assuntos! Acho que vou ter que reler esse post se quiser comentar melhor algo. O que de cara me chamou a atenção foi você falar em Adorno, Caetano. Já esperava, pelo perfil das suas declarações, que você tivesse restrições ao pensador. Eu também as tenho. E de maneira bem menos tímida do que no caso de Derrida, pelo menos no que se refere à Cultura, que é a minha praia. De certa forma, apóio o descontentamento de Lukács (sem defendê-lo), enfatizado em uma resenha que a (infelizmente) falecida Revista Entrelivros publicou: “Para Lukács, Adorno se reduzia a um crítico cultural niilista, a exercer seu ramerrão rabugento no HotelAbismo” .
Nossa, pelo visto o tempo de silêncio contribuiu para o acúmulo de assuntos! Acho que vou ter que reler esse post se quiser comentar melhor algo. O que de cara me chamou a atenção foi você falar em Adorno, Caetano. Já esperava, pelo perfil das suas declarações, que você tivesse restrições ao pensador. Eu também as tenho. E de maneira bem menos tímida do que no caso de Derrida, pelo menos no que se refere à Cultura, que é a minha praia. De certa forma, apóio o descontentamento de Lukács (sem defendê-lo), enfatizado em uma resenha que a (infelizmente) falecida Revista Entrelivros publicou: “Para Lukács, Adorno se reduzia a um crítico cultural niilista, a exercer seu ramerrão rabugento no Hotel Abismo” .
Lá no outro post Caetano escreveu: “nasceu primeiro com dodô e osmar, depois com ‘atrás do trio elétrico’, depois com moraes moreira, depois com o ilê, depois com o olodum, depois luís caldas, depois com a banda reflexu’s, depois com daniela, com a timbalada, com o gerasamba, o tchan, harmonia do samba, psirico… orgulho-me muitíssimo dessa história”.
Só me orgulho de parte dela: até Luiz Caldas (cujo primeiro disco - bem gravado para a época, variado e bem tocado, sem a apelação constrangedora que se veria posteriormente - fazia crer que o futuro da música baiana seria promissor; mas “Fricote”, contida nele, já antecipava o pior) depois dele só da Timbalada (e d’”Ozárabe”).
Acho Tchan, Gerasamba e Psirico (pra ficar só nos citados por Caetano) um pesadelo. A cidade que deu ao mundo um cara como Armandinho não merecia tamanha degradação estética. Mas existem por lá também Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, tara-code, Mariela Santiago, brincando de deus, Gerônimo, Lazzo, Margareth, as cenas de blues, jazz, os grupos de salsa, Fred Dantas e mais muita coisa boa.
Portishead é… sem palavras… sem palavras. Beth Gibbons, que mulher maravilhosa, meu Deus, o disco solo dela também é lindíssimo.
http://www.youtube.com/watch?v=Jr3WNaMJMA8
O Caetano é de fato muito engraçado. Imagine-se, nós brasileiros falando coisas do tipo: meu zizi (zie zie)está duro, está mais para a genitália japonesa.
O Verdade Tropical é o que há; lembro a crítica do Caetano ao cara que escreveu o choque das civilizações (será mesmo esse o título), creio que o Samuel Huntington, e o Brasil ser um possível país núcleo, como que aliado ao “Império” Americano; gostei, também, o que já havia sacado, o fato dele, praticamente, nem citar a África como uma civilização (que nome mais exdrúxulo este); também me incitou a buscar o capítulo que o Hobsbaw menciona o Brasil como provinciano, ou algo assim e fala de Chico Buarque; o Verdade Tropical é uma aula de história, sociologia, etc, etc.
Exequiela: pelo que ouvi, e aproveitando as palavars usadas pelo Caetano, eu diria que zizi é um modo gracioso de os franceses se referirem a partes da anatomia masculina de aparência infantil… rsrsrsrs
um dos meus comen foi deglutido pelo sistema, então, reeditando e acrescentando:
alguma pessoa querida explica como é, o que acontece, o que é uma mixagem? não entendo nada de gravações, botões, aparelhinhos…
Antonio Azambuja é um achado pras orelhas.
poxa, tou com um disco desses que era presente de aniver de alguém que sumiu, ano passado. ficou aqui guardado todo enfeitado pra presente.
ai, acho que interagi com tudo! “livre pra navegar no espaço sideral…semelhante de vc, diferente de vc, passageiro de vc…me leve para além do céu…se o coração disparar qd eu levantar os pés do chão”
tem um Chico Salem por esse disco, seu parente Fernando?
gostei também do projeto Pequeno Cidadão. músicas pra crianças que ele vai lançar em parceria com Antonio Pinto, Edgard Scandurra, Taciana Barros . “já pensou mamãe chupando chupeta, já pensou papai chupando chupeta” na voz do Arnaldo. acho que vai ser ótimo!
ação cidadania: nada a ver com a Obra, meu pitaco pessoal pra quem gosta de ajudar, ações, movimentos, pequenas obras:
http://www.correios.com.br/institucional/conheca_correios/acoes_cidadania/papai_noel.cfm
“esse papo já tá qualquer coisa…” rs rs rs
bjs
Arnaldo Antunes fez uma leitura ótima da canção “Qualquer Coisa”, em seu ultimo disco.
zii e zie em italiano soam parecendo nome de disco infantil. Mas não seria ‘tios e tias’ ?!
A cor amarela não é novidade para o Brasil, tem uma linguagem de Psirico [ que Arto Lindsay disse recentemente que gostava ]… nao me faz me lembrar muito Carlinhos Brown, mas lembra um pouco os discos solos do Davi Moraes.
Caetano, e Luis Caldas? Você nunca fala dele quando fala de axé music. Voc~e tava aqui no carnaval do tititi? e o da dança da galinga? viveu isso, ou tava com Armandinho, no circuito tradicional, alheio a isso que foi vivido aqui, principalmente na barra, com a galera mais jovem? Isso era puríssimo novo carnaval.LUis Caldas e no máxzimo Chiclete com Missinho.A dança do tititi, com os dedinhos pra cima e um gingado diferente era mais interessante do que a musica.
To falando de 1986 e 1987
…então, o lance do Brasil com atrelamento aos E.U.A. está por fora, o Brasil enquanto “o outro gigante da América”, terá que conseguir alternativas, já há a cultural que é 1000, mas mesmo novos panoramas econômicos que se desvinculem desta Velha-Nova Ordem Mundial; Qual será a alternativa? Se é que há alguma?
Hermano, baby,
eu falei:”to falando de 1986 e 1987″ pra completar o comentário anterior do carnaval e o sistema disse”cometário repetido, vc ja disse isso, etc” não é verdade e achei um pouco cruel (se fosse verdade)
Caetano,não precisa resumir muito o texto sobre RJ/SP, quanto mais você descrever sobre o assunto melhor irá despertar em nós algo que não conseguimos enxergar e ainda mais discussões surgirão aqui entre nós. Acredito que esse post será recorde em comments. Nós aqui do Turismo aguardamos ansiosos. Grande abraço!!!
Que bom que voce virá gravar Diferentemente.
Musica do show A Foreign Sound.
Tb adoro Incompatiblidade de Genios, do Bosco.
o disco sairá quando???????
falando na genialidade baiana: a música do ano é Kuduro, do Fantasmão:
http://www.youtube.com/watch?v=-2IxLm4T_w4
isso é transamba! você vai assim!
Caetano,
A oposição PT/PSDB nacional também se refletia até essas eleiões em Belo Horizonte. Por isso, toda a celeuma causada pelo acordo feito entre o prefeito Fernando Pimentel (PT) e Aécio para lançar um candidato do PSB que após um tremendo susto no primeiro turno acabou vencendo as eleiões.
abs, Pablo.
esqueci de comentar: fiquei extasiado com o vídeo de Hermeto, especialmente a parte das borboletas (são borboletas) voando ao redor, fiquei pensando que a criação do mundo seria algo assim.
O disco do António Zambujo é apaixonante mesmo, estou há alguns meses já “preso” dentro dele e me encanto a cada nova audição!
Alô, Caetano. Sobre a concisão e o tempo para se escrever: diz que Pascal (cito de cabeça) certa vez teria escrito uma longa carta, que concluiu assim: “Me desculpe se escrevi demais; é por pura falta de tempo”. Falou e disse! Abração.
Cara Exequiela :: SPOSPERANZA: vamos ver se consigo te ajudar:
zii = tios e zie = tias em italiano, a palavra zizi embora não faça parte do idioma italiano, a titulo de curiosidade, encontrei a palavra zizì = zio, zia que esta num livro de Pino Romano chamado “I paròle de tataranne” onde ele reuniu uma mistura de sonoridades verbais e dialetos, num dinâmico mosaico de identidade cultural que tem 2800 vocábulos, 800 modos de dizer, diversos cantos populares, 22 jogos de rua, e também com auxilio de tecnologia, com intenção de render agradável aos jovens. Para os apaixonados de linguistica vale a visita no site (em italiano)
http://www.gioiadelcolle.info/tag/pino-romano/
e neste outro link aqui você poderá achar o tal do zizì = zio, zia (atento para o acento grave no ì, que sem ele a palavra não tem nem um sentido algum em italiano)
http://www.gioiadelcolle.info/tag/dialetto-gioiese/
Também encontrei nas minhas pesquisas o cantor de reggae Fido Guido que tem a gravação de uma musica Tataranne, mas que pelo que li por ai as pessoas atribuem este tataranne dele ao dialeto de Taranto.
Não sei porque não vi nada de diferente nas letras das musicas, apesar de que não li todas, mas para quem se interessar ai esta o link.
http://angolotesti.leonardo.it/F/testi_canzoni_fido_guido_13512/
Por falar em tataranne e em Taranto é uma cidade que fica no sul da Itália (precisamente na parte interna do salto da bota) e pertence a província da Puglia, que uma é região que acabei conhecendo bem por acaso, é lindissima, jamais vi uma paisagem como vi ali, fiquei maravilhada, na verdade erramos o caminho, e demos uma grande volta pela Puglia, mas foi ótimo porque conheci o Parco del Gargano, e este litoral de Peschici e Vieste, que esta voltados para o Mar Adriático, já Taranto esta mais abaixo, voltado para o Mar Jônico.
Caetano,
Muito obrigada por este posto. Me fez sorrir. E eu não achava que um sorriso seria possível hoje.
Not to detract from the larger whole, but on one small point : Estou completamente de acordo sobre Dulce Pontes. Qué genia!
Barbara
caí na gargalhada comigo mesma!
um ôps gigante
André
Ontem fui ao Studio SP onde escutei pela primeira vez a banda DOAMOR (do Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado da Banda ) mais Gustavo Benjão e Gabriel Bubu nas guitarras.
O som é divertido. O rock se mistura a levadas carimbolescas. Tudo parece comentar a axé-music de um modo carioca. Um som de bermuda feito por cariocas com cara de que não vão a praia, nem pulam carnaval, mas adoram as guitarras baianas em terça, a lá Dodô e Osmar. Lembrei das levadas do Vieira lá do Norte, um carimbó com sotaque brega delicioso.
Os caras tocam uma música que se chama BICHA de um tal de Pinduca que é um hit, anti-homofóbico do além.
Foi uma noite e tanto.
Heloisa, li seu comentário lá no “Moreno”… nem vou mais “garrá ódio”. Afinal, nem li seu nome do post de hoje do Caetano… rs
concha buika ia abrir o show do ivan lins + antonio serrano num festival de jazz aqui em madrid na terça que vem… mas acho que melou…
buika exagera, niña lola é uma canção mais simples, mais leve… ela monta um drama um pouco pegajoso…
Como algém que n gosta de nada (como vc mesmo já falou citando Moreno) tbm n rejeita nada? Nunca ouvi falar de mais da metade destes nomes pipocados aí nos seus post, mas adoro a liberdade com que vc os citas, e tbm aprendo muito.
Abraço.
Caetano
Enviei 2 cedês pro’cê através do Ricardo Dias Gomes.
Quando li que “…Quem vê assim pensa que ouço discos…. …Hoje ouço o que me mostram…” pensei de cara que puta mico. Lá vai mais música pro crematório do meu ídolo. Mas, fazer o quê? O samba mandou me chamar. E não custa tentar. Claro que tenho fantasias à respeito. Não nego meu atrevimento e corro o risco do silêncio. Mas a minha proximidade com as invencionices do Transamba e a minha velha parceria com o Arnaldo me fizeram tomar coragem. No disco que fiz há um tempo e se chama Disco há coisas das quais me distanciei, embora goste. Na pré-mix do meu disco novo até agora apelidado de Lado a Lado há um copião com muitos sambas, alguns antigos de Wilson Baptista, Tom, Moreira e outros meus novos. Um deles que canto com Paulo Miklos se chama Trasnfiguração, por mera coincidência. A gravação já tem mais de um ano. Bom, você se postou demais, eu talvez tenha apostado demais. Chega de Vontade, como diria o amigo.
abraço
Salem
O concerto em Lisboa de Mariza, lançado em dvd, com a regência de Jacques Molerembaum, é de arrepiar, de tirar o fôlego; quando ela canta Ó gente de minha terra e chora… não dá pra acreditar…
CAETANO
Acabo de dar primeira conferida nesta postagem. Dois assuntos, em especial, me instigam demais, pra voltar e voltar. Aquela elegia a Hendrix. E o lance das vanguardas. Por ora, sobre o último, tenho algo a perguntar:
A relativização que Cícero faz do papel das vanguardas, sem desmerecer-lhes o legado histórico, fincando pé na defesa da pervivência do ‘experimentalismo sem fim”. Como vê, na atualidade, o experimentalismo em nosso panorama nacional, você que epigonizou a última vanguarda artística de expressão na cultura brasileira, o Tropicalismo?
P.S.: viva a lembrança pessoal de Gilliatt da peça O Percevejo e o zelo de Evangelina Maffei e Rodolfo Martin pela constituição de memória compartilhável da obra de Caetano!
NELSON
Fiquei tocado com o seu comportamento na outra página se retratando perante Marcos quanto ao tom, ou melhor, à ‘energia’ do seu cmt.202.
Ah, o meu foi um brinquedo patafísico que poderia ser resmido assim: a gente, não poucas vezes, não passa pela vida sem viver, tambãm passa pela leitura… sem “ler”! Mas o melhor ali foi a bússola-Gil, nos suleando: “Oriente-se, rapaz…” Alguém leu a ficha técnica-crítica lá no link, em que Gil conta a história dessa canção?
NANDO
Fiquei muito vidrado lá na outra página com a forma com que você se dirigiu a Marcelo a respeito dessa querela inglória entre entendimento & clareza. Acho que em algum outro momento nós poderemos reatar o papo a respeito com proveito.
E você pintou ainda bem melhor do que qualquer um de nós a relação intensa de amor e ódio de Marcos por Caetano.
MARCOS LACERDA
Preciso sulear algo: Eu que aplaudo em boa parte a sua atitude impertinente em relação a Caetano, e repito que só tem sabor se exercida com impenitência, somente não a endosso quando se mostra redutora da magnitude de um artista cujo “pensamento em ação” transita entre obra e cena pública com uma singularidade única neste país, pois ao longo de ‘toda’ a sua biografia, isto é, não apenas nos momentos de efervescência histórica, como nos anos 1960-70.
“Caetano é misto de homenino e deus pagão. Não decresce nunca. É nosso Peter Pã.” (Onde vi isso?)
SALEM
Que tal a gente já ir pensando num outro espaço que seja um mix de blogue, fórum de discussões e rede social, como o é este da infocaetanave, para a gente pôr no ar com os atuais mais ativos tripulantes, quando esta obra estiver 100% progredida? Uma revista viva, em que conhecimento, informação se misturam com os afetos, onde trocamos links, som, vídeos, soltamos todos os verbos, em comentação desenfreada! Você, dentre nós, é um dos mais preparados para sulear esse acontecimento.
EXEQUIELA
Aqui escrevo para você: uma rosa amarela!
pô, caetano, rapaz, só descobri hoje esse teu blogue! e passei o dia ouvindo madredeus, cristina branco e um grupo lisboeta chamado deolinda e você falando de fado. vou ouvir o zambujo, então, no conozco.
queria não te dizer nem nada, porque dizendo fica assim exagerado: não tem algo que eu faça ou pense que não passe por você, e isso é desde criancinha. um dia desses escrevo algo que te mate que nem você fez aquela em saudosismo com joão. ou um dia te conto tudo, de tudo.
mas, ó, e cocorosie, você já ouviu? o primeiro disco: la maison de mon rêve.
bacci!
All’improvviso dal fondo della piazza arriva lei o lui, insomma un tipo pazzesco vestito da donna con un fisico naturalmente stupendo. Non potevo credere ai miei occhi. Sale sul palco. Toglie lo spazio al sindacalista di turno, che lo cede naturalmente, e senza dire una parola agita la piazza, la rianima, la rende vera, viva, voluttuosa e combattente. I capelli biondi, lunghi, mossi, stupendi. Ballava in maniera straordinaria, ballava il samba come soli i brasiliani possono fare. Trasmetteva una voglia di ballare, di gioire, di condividere la bellezza di quel momento, di dimenarsi in quella piazza assolata e sudata.
Il 1° maggio. Trans, samba, comunisti. In questa piazza c’è tutto quello che serve, tutta la normalità del Brasile.
Caetano,
Não podia deixar passar a oportunidade de jogar uma bomba na roda! Trago um estilo musical surgido recentemente na região metropolitana de Salvador, salvo engano na cidade de Candeias, denominado “Arrocha”. Claramente influenciado pelo espírito socializante “seresteiro” do povão, pelo romantismo-pasionalíssimo e brega(sem conotação depreciativa), e com um andamento frenético que acompanha a velocidade cosmopolita, tal estilo teve aceitação massiva, inclusive sendo abraçada pela classe média baiana. Outro fator interessante é a questão da popularização de instrumentos musicais que, a princípio, não fazem parte do universo musical e tecnológico do povo mais simples, se é que posso definir assim… Por exemplo, a sanfona, com a sua composição de materiais e a sua certa complexidade de execução, era e continua sendo, um instrumento popularíssimo no interior do nordeste, chegando inclusive a lugares em que o básico da inovação tecnológica não deu as caras… Coloco essa questão, seguramente mal formulada, pois o que antes era a sanfona, no sentido representativo, hoje são os teclados, os mais básicos evidentemente, jurássicos para a tecnología hoje disponível no campo musical. Voltando ao arrocha, a estrutura básica dos instrumentos que compõe esse estilo, são: Teclado e uma voz, inclusve podendo ser executados pela mesma pessoa, explorando aquelas programações rítmicas de “videokê”, e construindo alguns solos bastante limitados com timbre de saxofone… Ou seja, um caminhar atrasado na tecnología musical, no sentido da utilização dos recursos, ou, por uma ótica mais ousada(mais que possível no espaço Caetanave), um ponta-pé na “velocidade desigual”, fazendo música com o que se tem em mãos, sendo muringas, ou caixas de fósforos. Não trouxe verdades ou opinião consolidada, apenas o desejo de ver essa questão debatida nesse espaço. Existe o mundo, mas existe a paisagem da janela a ser discutida…
Grande axé a todos!
Estou estarecido com a caixa-tripla que acaba de sair com sobras de estúdio dos últimos álbuns do Bob Dylan. Tell Tale Signs é o nome. As diferentes versões, os recortes e rearranjos das letras de outras canções suas, o mood desde Time Out of Mind…
Pra completar, na revista UNCUT deste mês tem uma grande reportagem - ótima e reveladora - com os técnicos e produtores que conviveram com ele, contando sobre a experiência em estúdio com o mito difícil.
Imperdível e iluminador, vc que está no estúdio agora poderia se divertir lendo as excentricidades e as belezas deste Dylan entre tantos.
Beijo Caetano!
Caetano, o tempo para editar textos também faz com que a gente talvez perca a oportunidade de ler coisas sensacionais como: “Quando sair (o catatau), sairá curto”!!!
Roberto Joaldo de Carvalho: você é muito massa, rapaz. Elegante, educado, cultíssimo e da paz. Já teu fã. Tô em sintonia contigo quanto à proposta de um outro espaço, que idéia maravilhosa.
Marcelo, fala um pouco pra gente das reservas com o Adorno.
Fui lá no António Zambujo; no vídeo que fala do Alentejo, lá pelo meio quando aparecem umas crianças, desabei:
http://br.youtube.com/watch?v=ly2gwE0BJrQ
E para quem gosta de garimpar outros sons, algumas sugestões daqui dos “prediletos da casa”:
RON SEXSMITH, um pequeno gênio de sobrenome incomum, mestre em baladas repletas de Byrds e Brian Wilson. “Other Songs” é um primor.
DURUTTI COLUMN, “Sex & Death”. O escorpiano título já adianta muito do que se encontra neste primoroso album. Mas nada de morbidez gratuita, muito menos forjada: o que se ouve é delicadeza de outras esferas e, sim, bastante intensidade.
AGNES GARNAS & JAN GARBAREK, “ROSENSFOLE”. Folclore norueguês, para desanuviar geral e visitar terras longínquas navegando na alma e no “canto do povo de um lugar”.
Hope you like it!
Oi Roberto Joaldo
Você antecipa uma possibilidade. Na verdade, revela um anseio coletivo de que esse espaço não desapareça. Talvez, um medinho da idéia de algo “em progresso” chegue a um final.
É realmente estranho que a beleza de um projeto seja o seu próprio progresso. A idéia de progresso se associa a processo. O meio. O curso.
Um dia o cd do Caetano vai ser lançado e nós por aqui vamos experimentar de fato o quanto esse blog foi um suporte paralelo ao projeto, ou se ele deseja continuar e progredir.
Não consigo imaginar se o eventual desejo de continuidade teria vida própria ou emanaria do desejo pessoal do Caetano.
Prefiro pensar na segunda hipótese, já que ele funciona como plot-point das aventuras intertextuais e afetivas desse ambiente.
Fiquei lisongeado quando você disse que sou “preparado” pra “sulear esse acontecimento”.
Mas, de fato, não me sinto com tal vocação. Tenho um modesto blog (aí vai o link):
http://web.me.com/fernandosalem/FERNANDO_SALEM/BLOG/BLOG.html
…mas nele relato experiências e reflexões bem pessoais num âmbito bem mais restrito. O blog integra um site:
http://web.me.com/fernandosalem/FERNANDO_SALEM/HOME.html
também modesto e pessoal.
Não sei se quando você mencionou a possibilidade da gente pensar num espaço novo e meus atributos para isso, falava de domíno do suporte ou do conteúdo.
Nas duas possibilidades me sinto desqualificado. Sobretudo na segunda. Aqui vai uma confissão: penso que Caetano com sua disposição para pensar, escrever e dar atenção a todos é a vitamina essencial desse grupo tão heterogêneo e polifônico.
Aqui cito os versos de Noel Rosa e Orestes Barbosa para o samba “Positivismo”:
Nesse projeto o AMOR veio por princípio, a ORDEM por base e talvez o PROGRESSO seja o seu fim. Quando o CD sair, Caetano pode “ser feliz longe” de nós.
Hermano sim, é o cara! Ele pode medir as consequências dessa saga insana e avaliar o grau de abstinência da moçada. Isso implicaria em perceber se é só saudade ou necessidade cultural genuína de um grupo que se formou em torno de uma Obra e deseja continuar em Progresso.
abraço
Fernando
Acho ótimo que o verbo “sulear” caia no gosto do pessoal.
Miriam: Grazie!!!!! por buscar esa información. Cómo me gustaría conocer Italia!! Bacio!
Anlene: Es verdad q a veces Buika exagera. En vivo grita demasiado para mi gusto pero Niña Lola me fascina… sobre todo la parte instrumental. Es más linda la versión original (que puso el link Hermano) que la que puse yo en vivo. Me gustan mucho las canciones donde predomina el contrabajo (mi instrumento favorito).
talvez o ideal seria o blog, com o lançamento do disco, se fundir ao site oficial do caetano. assim, poderia haver chats, grupos de discussões e a eventual presença de caetano, não só postando, mas tb, quem sabe, no chat. seria uma trans loucura. mas daria certo. além disso, haveria a divulgação da agenda do caetano, sua discografia, e no futuro (quem sabe) quando suas músicas cairem em domínio público, puder ser feito o download gratuito (ou até pago mesmo, tipo 1,99 por donwload) das músicas. ou algumas pagas outras free. enfim, essa experiencia caetânica tem tudo para dar bons frutos e bons lucros (pq não?).
Marcelo Porciuncula,
Você está rigorosamente correto - quanto aos aspectos sociológicos. Quanto à excelência técnica, tenho minhas ressalvas. “Espetaculares” para mim são cantoras como Dusty Springfield ou (a baiana, de Salvador) Astrud Gilberto. Mas isto nem importa.
Querer ver em “Falsa Baiana” uma antecessora direta de coisas como “Tudo que é perfeito/A gente pega pelo braço/Joga ela pro meio/Mete em cima mete embaixo/Depois de nove meses você vê o resultado” é forçar demais a barra. Pode funcionar atrás de um trio ou num ensaio, com muita birita, na azaração. Aqui em casa, isso não toca. Eu tenho filho de 5 anos e não o educo para tratar as mulheres como cadelas. Não posso aceitar que isso seja continuação de “Chuva, Suor e Cerveja”, “A Filha da Chiquita Bacana”, “Pombo Correio”, “Chame Gente”, “Vida Boa”, “Ajayô” ou da sensacional “Beija-Flor”, da Timbalada.
Mas também não era a nada disso que eu me referia, porque é um problema de texto, não de sonoridade. Era quanto à questão musical mesmo. E aí eu acho que Salvador estacionou na batida do samba-reggae - cuja invenção eu acho maravilhosa. Sem inquietação, sem criatividade e se atendo aos aspectos mercadológicos e sociais, fazendo a máquina funcionar de acordo com os interesses de quem ganha muito dinheiro com ela, o maximo que a música feita hoje em Salvador consegue despertar é um interesse exótico ou uma defesa bairrista. A mim (baiano de Salvador), nem isso. Música pra dançar não precisa ser débil nem estúpida.
Estive com Jomard dias atrás. Ele veio a João Pessoa receber uma homenagem durante um festival de vídeo. Estava indignado com as insinuações de Marta sobre Kassab. Falei que acompanhava o “Obra em Progresso” e que costumava fazer alguns comentários. Ele pediu que eu lhe dissesse que esteve com Antônio Cícero em Recife, durante um debate na Livraria Cultura, e que você foi tema da conversa deles. Jomard adorou Cícero, a quem conheceu dois anos atrás em Natal.
Abraços, Sílvio Osias
Nelson, se o papo se encaminhar para isso, quem sabe? Senão pode ser que a gente esteja levando a coisa pra um ponto que talvez não seja interessante pra mais ninguém, no momento.
Portishead na voz dilacerante de Thom Yorke: um arrepio na alma.
http://br.youtube.com/watch?v=zPPH1qg8Qo4
li verdade trpical assim que formei na faculdade, em 2000. ainda estava de ressaca do direito e nas férias me dei o presente de lê-lo. gostei de muita coisa. mas o que mais me impressiona hoje é a descrição da prisão e do exílio, e a sua sensação ao voltar ao brasil (para o aniversário de casamento de seus pais, eu acho…) e o carro que fôra lhe buscar no aeroporto estar com um adesivo: brasil ame-o ou deixe-o (ou algum outro slogam do regime da época, não me lembro direito). enfim, como vc sentiu ao ser considerado pela força militar do brasil como um perigo para a segurança nacional? existe uma ligação com esse sentimento e a música “base de guatánamo”? ou com a gravação que vc fez de “como as you are”? vc chegou a sentir raiva daqueles que o colocaram no lugar do “inimigo”?
Oi Marcio
Fiquei surpreso com o “fernando salem, com quem implico um pouco, é massa”. Quando implicam comigo fico curioso pra cacete. E quando me acham massa fico contente pra caramba. Um dia descubro qual foi a sua implicância, mas isso não implica que eu implique com você. Xi… compliquei e não expliquei.
abraço
Salem
Caetano, os portais mostram hoje uma foto do Edisson (a grafia é essa, e é tão linda e feia ao mesmo tempo) Lobão ao lado de Raúl Castro com Lula junto aos dois. A discussão de “esquerda” e “direita” passa por tantos labirintos que volta àquela sua provocação:
“o violão de Baden é de direita ou de esquerda?” (lembra-se disso?)
E agora tripudiam de sua análise sobre o esquerdismo tucano ou o ‘não completo’ esquerdismo petista. Como se houvesse alguma objetividade inequívoca nesses rótulos.
A arte é menos subjetiva. Os sonhos são mais exatos. Deus é mais facilmente explicável - para fiéis, infiéis, ateus e agnósticos.
PT e PSDB não polarizam. Eles se beijam escondidos. Mas fazem de conta que não. E a gente finge que acredita.
Um abraço.
O disco em progresso não me interessa, quero o disco só, livre, pronto, porque aí ele estará desapegado do artista, do blogue, dos comentários, da exaltação, da crítica, aí o disco é meu, eu posso ouvir e não ouvir, gostar de imediato ou daqui a dez anos, não gostar. No entanto, a obra em progresso, que não quero ter conhecimento ainda (pelo menos do som), gerou esse espaço bacana de falatórios dispersos, poemas em línguas estranhas, autopromoção, teoria, crítica, prática, gente esquisita, gente que usa pseudônimo, gente que não comenta mas visita, gente sem feição e, claro, pôstes enriquecedores do Caetano. O blogue em progresso, o artista que acesso, tudo isso, confesso, não equivale ao disco que quero ter girando no aparelho de som, mas já dá um barato danado.
“Xô Chuá” é o “cada um no seu quadrado” do Riachão, que agora volta a São Paulo anunciado no blog do ex-(?)-lulista Kotscho.
O que denominam “axé music” é o que sempre se fez no Brasil à revelia das vontades casagrandeanas dos sabichões da cultura. É o gozo da senzala cultural.
É o orgasmo anárquico. Atrás do trio elétrico e dessa bagunça só não vão os que não entendem da vocação rebelde da arte - e acreditam que “escravos da mídia” são os que ali estão (e não os que a eles se opõe, esses sim, escravos de uma lógica inventada pra um universo sem lógica).
São os pseudo-tinhorões sem miolo algum. Porque até para ser José Ramos é preciso ter um bom subsídio.
Ivete Sangalo ainda goza sua plenitude e surge Claudia Leitte. Não adianta. Eu mesmo não sou fã da música carnavalesca baiana, mas seria imbecil não dizer que se trata do maior fenômeno de massas do Brasil das últimas décadas.
E seria igualmente imbecil não reconhecer a grandiosidade disso como movimento cultural, artístico, atribuindo a todos os envolvidos sua importância no processo: de Dodô e Osmar ao rebolado de Xandy. De Armandinho à voz de Ivete.
Okay Roberto Joaldo
Você é de uma sedução poética eletrizante. Também não entendo de HTML e sou um macmaníaco de origem. Fiz meu site e meu blog na lúdica plataforma do mac que tem um programinha chamado iWeb que é que nem brinquedo de criança. Também gravo meus discos com esse jeitão tecno-pobre metido a besta.
Você começou a despreguiçar meus neuro-transmissores. Há mesmo um eclipse oculto na luz desse verão. Pode ser.
A frase mais convincente da tua argumentação tão divertida é:
“E não sou bobo de ficar andando só assim: em tão perigosa companhia.”
Isso é bom demais! O perigo lacerdante: a sombra do grande mito. O artista da da Roda-Viva se Zé Celso e Chico. Há um tanto de ironia nisso, pois Caetano nos parece tão próximo agora. Não sou daqueles que temem o mimetismo e a proximidade do grande ídolo. Mas entendo: “ficar só assim” tem um amplo e profundo significado. E é perigoso mesmo. Mas é divino e maravilhoso.
abraço
salem
Riguardo “Diferentemente” penso che starebbe meglio nel DVD dal vivo insieme ad altre canzoni extra disco ma non nel disco nuovo. Non è nuova. La vedo bene in uno spettacolo dal vivo insieme ad altre collegate per tipo di messaggio ma non nel nuovo disco.
Zii e Zie. Eh, eh. Bello.
Baci tanti, Gianna
CAETANINO
Segunda conferida na atual desenfreada postagem sua e já não sei do que gosto mais. Estou desnorteado (não digo, dessuleado, afinal estou, do ponto de vista cardinal, no pórtico do Norte-Nordeste).
Enfim, pra usar uma expressão cara ao braqui e taquicárdico coração de nossa musa Exequiela - estou “pulsado”! Por onde continuar?
Acho que pondo mais lenha nessa fogueira…
-Eis você ouvindo o pensamento odara de Augusto de Campos durante papo já quase qualquer coisa com ele e com o eloquë(esse)nte Arrigo Barnabé:
http://br.youtube.com/watch?v=o2SFHpHbGbE
-Eis mais Augusto de Campos, agora de-clamando Arnault Daniel e inenarrando o mistério ou a origem de “Noigandres”, o nome:
http://br.youtube.com/watch?v=02gmMaHg61w
-E, ainda nem é tudo… mais um cálice do bendito Augusto:
http://br.youtube.com/watch?v=-ZysvJ1uqGI
P.S.: eu, você, nós dois, ainda veceremos Nelson em algum campeonato de troca de links!
HELOISA
Ó fina e abrupta-cálida flor! Grato pelo adjetivo na outra página sobre meu experimento com a louca bala laica de Maiakóvski dourada em esperanto! Em outra ocasião, com taquinho maior de minudência, contarei mais como a experiência se deu.
Adianto isso: foi pra desafiar teoria do querido professor Monclar Valverde, que me disse que tal façanha eu não conseguiria, durante aulas da disciplina “Filosofia da Linguagem”, que cursei como ´ouvinte´ na Faculdade de Comunicação da UFBA, em fins dos anos 1980.
Para que ninguem mais morra de curiosidade pelo experimento:
Por insolência minha, passei a assinar o experimento como poema só meu. Maiakóvski (ao menos em poema) conseguia ser insolente com o sol. Por que eu não poderia algum dia cometer uma insolênciazinha dessas com o poeta?
Fonte da inspiração de minha traquinagem:
http://br.youtube.com/watch?v=0AMX8Fj8gP4
P.S.: quem quiser ouvir essa pílula em minha voz, e conhecer uma tradução “literal” com o significado em português das palavras em esperanto, solicite-me por e-mail (ache-o pela página de meu perfil em meu blog)
GILLIATT
Eu vivo entre esse teclado, esse terminal de computador, entre todos esses bits, e mediante punhados de quintilhões de bytes - em estado de comunicação central & neural contigo: com essas suas lembranças de experiências estéticas quase que inenarráveis!
SALEM
Eu sou mais do partido do Nando. Acho que a gente tem de ir pensando na possibilidade de fazer algo próprio, mesmo. Nada impedindo que a gente fique embarcando em futuras infocaetanaves depois desta.
E também, meu querido, eu não gostaria de andar sempre ao lado de Caetano. Caetano é muito grande para mim. E todo ser grande é também um devastador de originalidades. E não sou bobo de ficar andando só assim: em tão perigosa companhia.
Em todo caso, assim como acho que você pode se interessar de vez por sulear esse outro caminho por aí, daqui eu me sinto à vontade pra continuar sonhando, e disposto a nortear parte significativa dessa história.
Já andei até pensando em como, mediante essa mesma plataforma de desenvolvimento de páginas web, o Wordpress, bolar um piloto (mas não conheço a fundo html), e também ando remoendo um nome, um conceito que passaria a idéia de um “coletivo” bem nosso, com inspiração no espírito do incomparavél Abujamra, e seu “Provocações”, pela TV Cultura, e em coisas deliciosas e traquinas que vejo em infocaetanautas como Nelson, Exequiela, Marcos Lacerda. Vamos, quem irá adivinhar esse nome?
Num espaço próprio, sempre que desse na telha a gente poderia transitar entre o regime do “transliberalismo delirante e batucante” que Lacerda detecta em Caetano e seus seguidores - e que eu não renego, pois me sinto afiliado - e um ‘comunismo orgiástico de individualidades entredevorantes’, que venho concebendo a partir de leituras delirantes que faço de Zizek, ou, em síntese, o que de todo modo agradaria a Caetano, um “comunismo pindorâmico”. Expressão que agradaria ainda mais ao Oswald de Andrade, que foi um dos principais nomes que me afastou da militância política de esquerda e ao mesmo tempo me atraiu de vez para o sonho de uma sociedade mais justa desde que também poética. Um outro nome foi Octavio Paz.
Ah, eu tenho um trauma do Hermano. Quando vi que ele vinha com aquelas regras todas querendo conter os nossos ânimos aqui, e dar uma direção unívoca às coisas… mas saber que foi ele quem convenceu a Caetano sobre a idéia de pôr este nave na blogosfera me faz pô-lo a caminho da minha absolvição.
P.S.: Discordo de todo de você quanto à modéstia de seu blog - é luxo só poder sentir como você desborda qualquer texto seu com um sabor e um prazer únicos! Eu sinto um bloqueio tão grande em te comentar por lá… mas um dia perderei o cabaço.
NANDO
Primeiro, se eu soubesse ser tão eloqüente em poucas palavras como Heloisa, eu teria como agradecer o apreço seu por mim sem ficar horas aqui espancando o teclado. Mas bati o olho em você e também vi: parceiro de pensamento e ideários! Alma-gema! Se Salem não quiser liderar o suleamento, já vi que você se candidata. E se você vive ou passar a viver aqui pela minhas bandas, seremos parceiro em todo esse e em outros norteamentos.
MARCOS JUNQUEIRA e LUCAS MATOS
Afinal, vocês já leram mesmo o Finalidades sem Fim, de Cícero? Eu ainda não encomendei o livro por aqui.
A gente precisa ter mais “bagagem” para discutir com Caetano esse lance das vanguardas e assim não passarmos vexame. Vejam que Caetano nos rotulou de entusiasmados e já trouxe uma nota dissonante quanto à visada de Cícero e que não sera nada fácil de enfrentar: o pensamento do próprio Augusto de Campos.
Pelo link a seguir, todos podem se deparar com o mel do melhor de Cícero na web (vá até Livros e leia algo sobre o livro mencionado):
Extra! Extra! Descobri um outro infocaetaunata ainda ’silencioso’, chama-se ADRIANO VIEIRA. Anda orbitando minha estrela lá na Constelação de Centauro e mantém blogue que me lembra Rita Lee - …nada melhor do que não fazer nada…
http://inutilidadesaqui.blogspot.com/
heliosa,
possiveis respostas….rsrsrs.
http://www.youtube.com/watch?v=MKVBtEuPSwc
http://www.youtube.com/watch?v=cPNSAPo0f8g
http://www.youtube.com/watch?v=g2BqLlVHlWA
kisses
heloisa,
http://www.youtube.com/watch?v=SEevv9qJgGw
uma indagação:
Se não é como amar uma mulher só linda. E dai? rsrsrsrs …
“a tristeza tem sempre uma esperança de não ser mais triste não”…..
uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher..
ja pensaste o tal gajo fadista cantando esta canção?prefiro vinicius….
beijim rsrsrs
Gostei de Zambujo, não o conhecia, penso que por causa de Amália Rodrigues, e de eu amar Mariza e Dulce o Fado ficou assim tão restritamente feminino para mim. Também não conhecia Buika, gostei de imediato. Já Sumo, que Exequiela indicou eu não conhecia bem, só de alguns videos “malos” que havia assistido no youtube, vou prestar mais atenção. É isso obraemprogresso expandindo nossos horizontes.
Olá Sílvio Osias,
Que bom ouvir falar no Jomard. às vezes o encontro, o nosso tropicalista pernambucano.È sempre um prazer ouvir-lhe pronunciar o meu nome naquela seu peculiar timbre de voz: “Olá, como vai?”, muito interessante.
V0ocê conhece algum professor que trabalhe com poesia concreta na ufpb? O Jomard também ensina lá? não sabia.
Maria
Oi Hermano,
Uma sugestão para o sistema: Seria bom se, quando um link fosse clicado, uma nova aba ou uma nova janela se abrisse ao inves de substituir a pagina da obra.
Hermano… Caetano… Cómo así? Este blog tiene fecha de expiración? Cuando la barrita llegue al 100% desaparecerá? Qué hay que hacer para detener la barrita del porcentaje y dejar al progreso suspendido en la blogalaxia? Si no se puede hacer nada, por favor avisen! así me retiro antes de que explote la bomba de tiempo!
Roberto: Me dejás sin palabras, no sé que poner entre los signos de admiración: ¡¡¡¡ !!!!!
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Cole Porter x 2.
Súper interesante escuchar y ver cómo Tom Waits (qué LINDO que es!) desarma y se adueña de esta canción de Cole Porter. También pongo la versión de Ella para que escuchen la original y puedan comparar. Espero que les guste. Un beso a todos.
oi quito: mas se você quiser abrir em outra janela ou aba dá pra fazer isso com o botão direito do mouse (não sei como é no mac)- se a gente programa para abrir direto outra janela acho que as pessoas ficam sem a opção… abraço!
O vídeo do Augusto de Campos com Caetano e Arrigo Barnabé que o Roberto postou (blog tem “curator”? se tiver, é você, Roberto) reforçou um antigo sonho de consumo meu: um CD de Gal Costa só com repertório de Billie Holiday, em versões de Augusto de Campos. Não sei quantas ele fez. Sei que Elza Soares gravou “Sophisticated Lady” em dueto com o Caetano; a própria Gal gravou “Crazy, He Calls Me” e “Solitude”; e Zizi Possi, “God Bless the Child”. Tenho todas essas em mp3, mas ainda não achei nenhuma no YouTube. Na busca, encontrei esse registro de Strange Fruit, que não sei se ganhou versos do Augusto de Campos, mas que não posso deixar de linkar.
http://br.youtube.com/watch?v=h4ZyuULy9zs
No disco novo do Tom Zé tem uma música em parceria com o Arnaldo Antunes que me fez lembrar a deliciosa conversa da Joana com as filhas. Chama-se “Mulher de Música”. Vejam só que letra:
Copiei a letra do Tom Zé do encarte, que cita Gal quando ele fala outro nome, que não conseguii entender.
No disco novo do Tom Zé tem uma música em parceria com o Arnaldo Antunes que me fez lembrar a deliciosa conversa da Joana com as filhas. Chama-se “Mulher de Música”. Vejam só que letra:
TRISTE BAHIA E TRISTE BRASIL, Ó QUÃO SEMELHANTES!
Não dá agora pruma terceira conferida ao texto de Caetano… Passadinha mais pra flagrar algo da discussão sobre a música na e da Bahia, atualmente. Até aqui, concentrei-me no debate que vi se formando entre Nando e Porciuncula. Nando, corroboro tudo até aqui em sua avaliação.
(Ah, e quanto prazer em perceber que você vive também em Salvador. Vamos por aqui nortear, juntos, então, parte do sonho dessa revista web viva, cuja proposta de nome andei até insinuando mais acima? Salem não disse um sonoro sim nem um categórico não mas já um, se ouvi bem, um talvez!)
Na última noite, depois do Jô, vi o Som Brasil sobre Cartola… com tanta comoção:
http://www.sombrasilnoelrosa.globolog.com.br/
Fico estarrecido com o fato de só passar já pela madruga, e ainda mais com o de não ser reprisado em outros horários.
Não fico menos estarrecido, ao ter ido, meses atrás, nas duas noites do show magnifíco de Tuzé de Abreu e Gereba no Teatro Gamboa (que pérola de espaço com 75 lugares pra platéia e vista ao fundo pra Baía de Todos os Santos!), ao saber de viva voz por ambos os motivos pelos quais não conseguem pauta facilmente para se apresentar na própria terra…
-Especialmente, então, aos infocetanautas baianos, queria dedicar neste sábado a bela ode ao Farol da Barra, composta por Galvão e Caetano. Não consigo esquecer da telúrica menina de todos os nossos olhos, Baby, cantando essa canção. Mas Jurema Paes interpretando-a, num arranjo com pulsação que começa arrastando e promete se alastrar… provoca-me nostalgia de futuro mais promissor pra Bahia e o Brasil:
http://www.youtube.com/watch?v=_ZIrKrU65M0
Tô postando muito hoje. Agora é pra falar de Roberto Murolo, Amália Rodriguez e Hermínio Bello de Carvalho. Um dos maiores hits aqui em casa é um disco de Roberto Murolo que tem a participação da Amália em duas canções: “Anema e Cuore” e “Dicitincelli Vuie”. Os dois cantando em napolitano, que não entendo nada, mas acho lindo, é de fazer chorar! Essa coisa de achar linda uma língua que não entendo me levou ao Hermínio, que usou essa imagem num poema de cortar os pulsos.
pessoas:
lembrei muito do blog esse findi. tou iniciando uma nova formação em minha área e o prof trouxe um slide com uma imagem que lembrou vcs que tanto debateram sobre um assunto que não sei bulhufas. chama “a ceia” de Karl Marx, obra de um artista brasileiro chamado W. J. Solha. interessantíssimo! procurei, mas não achei na net. vou copiar o slide e mandar pra postar aqui. acho que gostarão das “figuras” dessa ceia. alguém conhece?
Caetano: tem uma técnica interessantíssima pra zumbido permanente nas orelhas…não sei se vc é muito apegado ao seu, mas um colega meu, no segundo dia, parou tudo: gente, eu tenho um zumbido permanente nos ouvidos. fui em tudo quanto é médico e nada resolve. e já faz 20 min que eu tou procurando ele e não acho mais!!! rs rs - pára de procurar homem. vai que tu acha de novo…
Gilliatt: ótima música!!!
bj
Verdades e Mentiras sobre a Baiana
Engraçado esse debate sobre a Falsa Baiana. Caetano compôs uma linda canção chamada Verdadeira Baiana que diz o seguinte:
Lembremos que a cantora que começou essa história do ponto de vista da construção de imagem foi uma pseudo-falsa-baiana, uma verdadeira portuguesa.
Carmen Miranda nos contou “o que é que a baiana tem” e agora, quase um século depois, estamos discutindo conceitos e preconceitos, tecidos a partir das cordas vocais das cantoras da Bahia com H.
Ary Barroso, carioca da gema, fez grandes canções sobre a Bahia e Caetano falou de Jamelão no Rio Vermelho.
O preconceito que vejo é o seguinte:
Pois é, “agora estamos aqui, do outro lado do espelho”. Há algo de samba partilhado entre o Rio e a Bahia, esse que se consagrou na voz de um baiano, João Gilberto. E se estabeleceu como um padrão internacional de groove aceito nos salas de visita da classe média brasileira. E que transformou-se em uma sigla, que tendo a não gostar, a MPB.
Mas a Bahia não parou. E o Rio também. O Rio virou o epi-centro da nossa indústria fonográfica e tratou (graças a caras incríveis como André Midani) de amplificar e dar status internacional à sua (nossa0 produção musical.
E a Bahia, em paralelo, construiu a sua indústria particular, precursora de pequenos selos independentes, produtora de eventos caranavalizantes eletrificados, blocos organizados e tudo o que aqui foi dito.
Para a grande maioria dos artistas de todo Brasil e do planeta, a produção musical da Bahia) que deu gênese ao que ironicamente o sudeste chamou de axé-music) foi e é uma fonte maravilhosa de inspiração. De Paul Simon a Quince Jones.
Ironicamente, para alguns amantes da MPB estabelecida e chancelada pelo Rio, a axé-music foi vista (mais vista do que escutada) com enorme preconceito.
Tudo que parece soar artesanal e basal (como o Olodum) é até aceito. Mas tudo que reflete o enorme progresso industrial, fonográfico, pop, com músicos, vocalistas virtuosas, gravações de alta qualidade… ah! aí, a coisa pegou.
É como se a Bahia “roubasse” uma cena e um mercado que não lhe pertence.
Com a decadência bonita do samba e da indústria fonográfica no início desse século, tanto Rio como Bahia, passaram a produzir boa música de massa. Música que convive sem preconceitos até em festas rave da classe-média paulistana ou em botecos alternativos.
Mas, principalmente entre jornalistas e amantes da MPB, ainda há preconceito. Contra o axé e o funk.
Há música boa e ruim em todo o Brasil. Mas parece que deram à Bahia o papel xenófobo de ser a provedora e mantenedora das “raizes”.
Conheço poucas cantoras com o calibre da Ivete e da Daniela. Quanto às canções e letras, escritas assim no contexto desse blog tão “letrado” parecem ser usadas como um argumento, ao meu ver per-”verso”. Quantos versos consagrados de marchinhas de carnaval como “mamãe eu quero mamar” também poderiam ser usados com ironia análoga à “segura o tcham”.
Música popular, ou pra pular, não são exatamente compostas com o intuito racional de discutir a tal da “linha evolutiva da MPB”. Mas sem querer acabam evoluindo.
O mercado brasileiro respondeu muito bem ao axé. Que ao meu ver não tomou o lugar da MPB nas rádios e prateleiras, e sim da música de massa internacional. A uns 20 anos atrás as mais tocadas nas FMs eram gringas. Agora, em geral, são axé, sertanejo e pop nacional.
Me lembro de quando escutei “No Rancho Fundo” de Ary e Lamartine, na voz de Chitãozinho e Xororó numa rádio. Parei o carro em êxtase. Não sabia do que se tratava.
A invasão do mercado feita pelos músicos “pobres” ou “pretos quase pobres” do Brasil gerou (além do Gerasamba) um preconceito histérico e histórico.
Discutir se Harmonia do Samba é bom ou ruim pra mim é um detalhe nessa história toda.
O fato é que Ivete canta Sá Marina lindamente. Ivete gravou Herbert que gravou com Gal que gravou com Zeca Baleiro que gravou com Zeca Pagodinho que gravou com Caetano Veloso que gravou com Dona Ivone Lara, Ronnie Von, Mutantes, Beto Guedes, Chico Buarque, Maria Bethânia, Odair José, Flavio Venturini e quase todos velhos, novos e novíssimos baianos.
A MPB, música de pobre brasileiro, ou música de preto brasileiro desde o Tropicalismo resolveu essa questão da indústria de massa. O resto é gosto.
A Cor Amarela tem a ver com esse mosaico de cores.
Mas o sol sempre se põe no Farol da Barra.
a cada 7 mensagens masculinas, 3 femininas…que tal essa média?
Esse blog é meio o telefone de Clarice.. Acho ótimo o relato de gostar, desgostar e gostar de novo.. Obra em progresso!
Reli meu extenso texto e fiquei preocupado com um momento da sua construção que pode ser mal entendido. Quando disse:
Os versos entre aspas não são “o preconceito” e sim o início do meu raciocínio que descreve o que acho um preconceito.
Os versos citados são maravilhosos.
Adorno despojado
Me leí algunas cositas que dijo Adorno sobre el Jazz. Si bien pienso que hace un análisis psicológico que es por momentos preciso, me parece que la pifió bastante en su análisis.
En fin… eso son sólo algunos puntos. Yo me pregunto: qué Jazz escuchaba Adorno para llegar a estas conclusiones???
La música como la vida está llena de estructuras, sino para hacer música tocaríamos cualquier cosa.. sin darle importancia a la melodía, armonía, afinación, etc. En la búsqueda de la libertad hay que seguir ciertas estructuras que nos sostengan, no? De esa necesidad habrán nacido los standards? Si alguien leyó más sobre lo que pensaba Adorno del Jazz, me gustaría leerlo…Algunos argumentos me parecen muy tontos: por supuesto que hay algunas fórmulas que se repiten en el Jazz. Incluso hoy se transcriben los solos y se estudian para descifrar esas fórmulas que en algunos músicos son fórmulas inconscientes.
Yo siento que el Jazz fue una música revolucionaria: fue donde los negros encontraron el espacio que buscaban. En el Jazz NO SE LE NIEGA EL ESPACIO A NADIE. Me parece que no hay música que simbolice y represente mejor a los que la crearon.
PD: Siempre hay una lógica dentro de lo ilógico.
Adorno despojado
Me leí algunas cositas que dijo Adorno sobre el Jazz. Si bien pienso que hace un análisis psicológico que es por momentos preciso, me parece que la pifió bastante en su análisis.
En fin… eso son sólo algunos puntos. Yo me pregunto: qué Jazz escuchaba Adorno para llegar a estas conclusiones???
La música como la vida está llena de estructuras, sino para hacer música tocaríamos cualquier cosa.. sin darle importancia a la melodía, armonía, afinación, etc. En la búsqueda de la libertad hay que seguir ciertas estructuras que nos sostengan, no? De esa necesidad habrán nacido los standards? Si alguien leyó más sobre lo que pensaba Adorno del Jazz, me gustaría leerlo…Algunos argumentos me parecen muy tontos: por supuesto que hay algunas fórmulas que se repiten en el Jazz. Incluso hoy se transcriben los solos y se estudian para descifrar esas fórmulas que en algunos músicos son fórmulas inconscientes.
Yo siento que el Jazz fue una música revolucionaria: fue donde los negros encontraron el espacio que buscaban. En el Jazz NO SE LE NIEGA EL ESPACIO A NADIE. Me parece que no hay música que simbolice y represente mejor a los que la crearon.
PD: Siempre hay una lógica dentro de lo ilógico.
Nelson, como sempre acertando todas. Você não vai postar nada que eu não goste, nunca? Beijos…
Ah, Roberto and Heloisa, o poeminha “Balalaika” de Maiakowski foi transcrito para o português por Augusto de Campos ou Boris Schnneider??
Querido Porciuncula (comentário 53).
heloisa,
é pra prestar atenção nos sorrisos rsrsrsrs….bethania chega a suspirar.
http://www.youtube.com/watch?v=CdUsJHcaYak
kisses
caetano,
http://www.youtube.com/watch?v=M0aVeWrhZMY
Eu não exigiria de Salvador o melhor se não soubesse do que a cidade é capaz. Ninguém está negando todos os avanços e benefícios que a música recente baiana proporciona. Eu conheço minha cidade. Não só pulei muito atrás do trio como toquei em cima dele. Meu protesto, aqui, é conceitual, tirado da “linhagem” desenhada por Caetano:
A percussão baiana está entre as melhores do mundo (e eventos como o PercPan atestam), mas é mal utilizada. Pior: é mal utilizada com destaque. Os músicos são os melhores, mas são mal dirigidos - enquanto conceito musical, observem, nada tem a ver com sociologia, mercado, tecnologia etc. Onde havia apuro, cuidado e inventividade, em É o Tchan, Harmonia do Samba e Psirico existem redundância e massificação. Onde havia maravilhosas progressões harmônicas, solos exuberantes, variações e arranjos envolvendo guitarra baiana, metais, percussão, teclados e muito mais, reinam soberanos hoje o eterno teclado com som de buzina de caminhão (isto com uma tecnologia que proporciona um milhão de tipos diferentes de timbres), harmonias paupérrimas, melodias risíveis e uma rítmica pasteurizada. Não há nada aqui, conceitual e esteticamente, do que me orgulhar. Lamento é o espaço enorme que ocupam e que deveria estar nas mãos de gente muito melhor qualificada musicalmente. Mas aí retornamos necessariamente às questões de mercado - as dificuldades são outras e bem maiores.
A Bahia precisa aprender a olhar para si mesma com um pouco mais de respeito e com a apreciação que sua própria biografia musical merecem. Chega dessa cultura de “qualquer coisa serve”. Baiano dança com qualquer coisa, ponham um carro de som qualquer na rua, com três pessoas tocando atabaques e outra no microfone e veremos gente dançando na rua. E nem estou falando de Caymmi, João Gilberto ou Gereba. Estou falando de música de carnaval. E, francamente, esse papo de “as elites não aceitam” já deu. Isso não atesta qualidade de nada.
A malícia deliciosa e subliminar das marchinhas de carnaval é poesia pura perto da escatologia deliberada e gratuita do É o Tchan.
Espetacular é Virgínia Rodrigues. Daniela e Ivete são animadoras de auditório.
CARO CAETANO,
Querido Nando
Gosto muito do que você disse. É coerente e avança. Não relativiza e evolui o papo diante do meu pensamento, um degrau abaixo do seu.
Concordo com muitas coisas que você disse. Com outras, não. Basicamente não faria uma oposição entre “a melhor percussão do mundo” e a música de “massificação”. As duas coisas sempre vão coexistir. Em qualquer lugar do mundo é assim. Consigo diferenciar claramente a produção qualificada do Perpan da produção massificada do É o Tchan.
O juizo de valor que procuro “não fazer”, e aí seu raciocínio é mais sociológico do que o meu, é onde a nossa diferença aparece. Ela está bem explícia nessa frase que você escreveu
“Lamento é o espaço enorme que ocupam e que deveria estar nas mãos de gente muito melhor qualificada musicalmente.”
Escuto isso desde criança. Ouvi meus pais dizerem isso à respeito da Jovem Guarda (massificação paralela à MPB). Na época se dizia que Roberto, Tremendão e Wandeca ocupavam o espaço da música de qualidade. Depois escutei isso quando meus filhos se apaixonaram pelos Mamonas. Essa oposição entre música de qualidade e música de massa é falsa, na medida em que as duas se alimentam uma da outra.
Não usei o termo “elites”. Aí você errou. Pelo contrário, sublinhei o fato de que o axé é muito bem aceito oelos consumidores das classes médias e altas do RJ e de SP.
Falei sim dos jornalistas que vêem o mercado escapar das mãos do monopólio fonográfico carioca. As rádios FM do Rio durante décadas ditaram os hits de todo o Brasil.
A música de entretenimento produzida na Bahia invadiu essa praia. E isso é um fato importante e inegável. o meu ver, um fato que não prejudica em nada a imagem e a produção musical da Bahia. Que aliás continua produzindo muita coisa interessante a despeito desse fenômeno de mercado. E talvez até em consequência dele. Não em oposição.
Sou muito sintônico com o que você diz, mas não vejo esse papo de forma tão maniqueísta e bi-dimencional.
Ivete e Daniela são mesmo grande animadoras de auditório. Mas o fazem usando a voz. Assim como Emilinha, Marlene, Elis e Alcione animaram muitos auditórios na Rádio Nacional ou no Chacrinha. Isso não as desqualifica.
Não tenho nenhum disco da Ivete, nem da Claudia Leitte, nem do Harmonia do Samba, nem do É o Tchan e nem do Gerasamba. Tenho discos e ouço com frequência de Aracy de Almeida, Marisa Monte, Gal, Clementina de Jesus e outras.
Mas adoro quando ouço Ivete ou Daniela no rádio. Me sinto em sintonia. Nas ondas certas. Faz sentido. É bom de ouvir assim. No carro ou no falantezinho distorcido do boteco.
O que Caetano fez foi mostrar que a linha do tempo dessa produção tem sim um sentido, se a gente deixar a lente do mercado não embaçar a nossa visão.
Fui a muitos carnavais em Salvador. Vivi Dodô e Osmar. Acompanhei o lançamento de cada hit do Moraes. Me arrepiei com Armandinho e Pepeu. Hoje, não iria. Não me sinto mais o que os publicitários chamam de “target”. Assim como não iria ao desfile das escolas no Rio. Mas não deixo de admirar os bons sambas e os bons samba-reggaes que aparecem a cada ano.
E aí rebato a sua boa frase:
“A Bahia precisa aprender a olhar para si mesma com um pouco mais de respeito e com a apreciação que sua própria biografia musical merecem.”
Isso talvez inclua assumir que na “biografia musical” da Bahia existe também boa música de massa, de rádio e de “auditório” (você usou essa expressão pejorativamente, mas ela está certa).
O que aconteceu com Ivete é semelhante ao que aconteceu com Ana Carolina. Tocaram tanto nas rádios que saturaram nossos ouvidos mesmo. E daí? Vamos deixar de ir ao Percpan por causa disso? Vamos deixar de consumir os CDs que gostamos? Ou vamos ficar exigindo que as rádios deletem esses fenômenos da programação pra colocar o que “nós” julgamos “música de boa qualidade” com “maravilhosas progressões harmônicas, solos exuberantes, variações e arranjos envolvendo guitarra baiana”
Acho que nós dois aparentemente gostamos do mesmo tipo de música produzida na Bahia. A diferença talvez seja que eu sou fã de programas de auditório, rádio e hits e isso é uma velha “tara” minha.
Foi graças aos programas de TV populares que conheci Reginaldo Rossi, Luiz Caldas, Fábio Jr., Roberto Carlos, Odair José, Blitz, Zeca Pagodinho, Ivete e tantos outros, que não passariam pelo “filtro de qualidade” que a vitrola da casa dos meus pais impunha.
Tenho um encanto particular por “canções de auditório”. Marisa Orth, minha sábia amiga tem uma frase linda que resume o que penso:
“Existe música ruim boa e existe música ruim ruim”
Claro que a expressão “ruim” aí é uma ironia sábia. Ela quis dizer que existe música de massa chata e música de massa interessante e boa. Fazer essa diferenciação exige orelhas sem preconceito e com critérios bem curiosos.
Graças a essa percepção Caetano gravou Sonhos do Peninha. Marisa Monte gravou “Não Quero Ver Você Ficar Triste” de Erasmo e Roberto. E Bethânia gravou “É o Amor” de Zezé Di Camargo.
Gosto do que você pensa e me fez pensar.
Obrigadu (como diria o animador de auditório Fábio Jr.)
Salem
LA ROSA AMARILLA (Alejandro Aura)
ha estallado una rosa,
Vengan a ver la rosa, vengan,
_______
Xeque-mate! Aura venceu-me. Devastou-me o sonho de orginalidade. Venceu uma partida não apenas comigo, como com a… eternidade. Compreendam todo meu infortúnio. Confiram “Una Rosa Amarrilla”, um relato de Borges, em El Hacedor:
A filósofa sincopada, EXEQUIELA, desestruturando a desconstrução aparentemente ´perfeita´ que Adorno faz da suposta ideologia ‘dominadora’ ou “repressora” subjacente ao jazz… fez-me pensar na resposta que o filósofo existencialrefazendista baihuno, Gilberto Gil, de bom grado teria dado - como um direto-torto, em feitio de soco - ao frankfurtiano, mostrado do que o jazz é capaz. Ouçam - e confiram a letra comigo de “Meio-de-campo”:
http://www.gilbertogil.com.br/sec_discografia_view.php?id=38
Eis que SALEM ingressando no debate Porciúncula-Nando me dá um nó: meu verbo trava, fico sem ímpetos de prosa - ao menos daquela minha prosa em polvorosa. Acho que eu só me safaria se falasse com ele direto em: poesia! Penetro, então, surdamente no reino das palavras poemáticas… Dai-me, Augusto, coragem e alegria, para mais um afazer de afasia! (Estou tão mais só, triste etc. É vero: o pôr-do-som no Farol deixou há tempos de ser meu melhor pôr-do-sol da Bahia.)
A minha curadoria, GILLIATT, sem o magma revolvente de vida & arte que há nas mais variadas camadas de tua memória, de nada me valeria. Por mais distante, este errante navegante, sem ti, em muito menos coisa esteticamente relevante se (re)conectaria. Olha, o teu cmt. 87 deveria ser enviado por telegrama, carta fonada, e-mail, ou tanto melhor se por uma sonda interestelar -Caetano! - ao Augusto. (Na matemática transfinita de meu desejo de pôr outra nave na webosfera, a partir de nossas vivências de passageiros e tripulantes desta infonavelouca caetântrica, já te considero, no mínimo, um número primo!)
Caetano: você leu a entrevista do Zizek, publicada no Globo de ontem? Vibrei com a primeira frase (tem a ver com seu prometido catatau Rio/SP):”para mim a cidade é São Paulo” - acho sempre sensacional quando as pessoas elogiam São Paulo, cidade que adoro, e que é tão desprezada, mesmo por muitos paulistanos - mas depois foi uma decepção só: uma saraivada de bobagens/burrices e lugares-comuns enunciados como se fossem idéias independentes e inteligentes e corajosas e originais e “sem papas na língua/contra os medalhões” (coisa que acaba acontecendo com frequência nos textos de Zizek e de vários jornalistas culturais brasileiros…) - e uma confusão…: São Paulo é primeiro elogiada por ter “vida organizada, disciplina” - mas logo adiante as cidades brasileiras são descritas como fascinantes por serem menos transparentes e mais caóticas (”eu gosto do caos, do caos vibrante”) - será essa a dialética que Zizek aprendeu com Hegel?
Muitíssimo obrigado, Roberto! A consideração é recíproca e só se multiplica. Você é o cara! Taí o craque Salem que não me deixa mentir.
Sugiro que todos curtam esse vídeo, bastante famoso, que junto com o do John Coltrane linkado pela Exequiela, confirma tudo que a musa porteña disse sobre o jazz!
http://br.youtube.com/watch?v=IUtPODn7cCc
Querido Joaldo
Falar comigo em poesia você já fala. Não é “direto”, “nem “ao vivo”, mas é “em cores”.
Tua prosa-poema é tem cor e aroma. E mais: você tem sido uma espécie de liga-pontos essencial por aqui. Aquilo que os chineses descrevem em algumas pessoas como o dom de colocar a pedra no rio para que a travessia seja feita.
Comecei a enxergar o mapa desse blog através do teu texto livre. Você é o nosso GPS. Bússola poética. Setas e sinais para todos os sentidos.
Leio muitos por aqui, mas é você quem ilumina as trilhas. Sem tua lanterna holofótica e holográfica a viagem ficaria descolorida.
Sou seu fã.
abraço
Salem
Pois é! Quem diria… Caetano gostando de Portishead, Tv on the Radio, RadioHead. Confesso que não imaginava. Só faltou falar de Massive Attack!!!!
Será que Caetano vai se dedicar a projectos antigos depois de mais esta parceria com a banda Cê: um disco só de músicas populares antigas brasileiras; um disco só com músicas dele que ele fez para outros artistas e que ele próprio nunca gravou; um disco só de sambas… Será????
Abraço do outro lado do Atlântico
P
esqueci de dizer só uma coisa!!!
O Madredeus voltou!! Saiu Teresa Salgueiro, José Peixoto e F. Júdice, e o Pedro Ayres Magalhães (fundador do grupo)decidiu enveredar por outros caminhos: agora o gupo tem 2 vocalistas e 8 músicos (tem bateria, percussão, guitarra electrica, harpa…): uma sonoridade diferente mas a qualidade mantém-se. comprovem!! O novo cd chama-se Metafonia
abraço de Portugal
p
Oi, Caetano. Estou otimista com a estréia de ó pai ó, minissérie apimentada, deliciosa e sensual como vc e sua música!
Quanto a Adorno: sabiam que compunha música? Na UFMG o professor Rodrigo Duarte fez o ciclo Adorno Músico. E dizem que é ruim.
Tudo de bom!
Jamais levaria o Aorno para curtir o samba do Tchan, Gerasamba ou Psirico comigo. Aliás, não o chamaria pra festa nenhuma, mas essa reflexão dele, sobretudo da dialética negativa e da teoria estética me interessam muito. é uma espécie de cobrança pelo sentido imitativo que não se vê como igual do que é imitado. Além de ser muito complicado, acho rico mesmo.
Agora, como ele vê isso como uma forma de lidar com a história tem restrições ao ritmo repetitivo do psirico, por exemplo. Hoje, acho os percussionistas dessa banda os melhores do Brasil.
http://www.youtube.com/watch?v=O_T8Pv1hIcQ&feature=related
Abraços
Nossa, Hermano, tive uma leitura mais leve da entrevista dele. Achei até interessante.
Mas sim, Hermano, essa contradição que você apontou no Zizek falando sobre as cidades é corretíssima. Não fez sentido algum aquilo.
Roberto: ¡¡¡ !! Esa rosa de Aura y Borges!!! Y Gilberto-oh!!!
Te mando un link de mi Dios argentino (a vos y a todo obraemprogresso): Nótese cómo se refleja el transe en su cara… me hace llorar este hombre (y no soy de lágrima fácil aunque mi corazón es saltarín): http://www.youtube.com/watch?v=bbdakZjHTys
Gilliat: lindo ese video!!! Billie!!!! Tan linda y expresiva!!! esos ojos!!!!!!!
Onde está o LeAozinho??!! Será que posso mandarte un beso para ver si reaparecés? No sé a cuántos kilómetros por hora podrá viajar un beso virtual desde Buenos Aires hasta Rio pero ahí va el Beso ProPulsado para que llegue rápido.
Caetano,
“Zizi”, em francês, é uma onomatopéia que nomeia um pássaro da região do Mediterrâneo.
Você conhece o dicionário da TV5? No site da rede tem uma parte que se dedica ao aprendizado do francês.
Obrigado Enzio Andrade,
todo mundo entendeu o que o nando quis dizer com “animadoras de auditorio”. to aqui ouvindo randy newman e antes tava ouvindo guinga. negossseguinte: musica feita APENAS pra vender, eh entretenimento. e entretenimento não eh nescessariamente, arte. o buraco eh sempre mais embaixo.
o Caetano sumiu?
http://www.youtube.com/watch?v=oW3Ne8n0-ms
Caetano, me diga: o jenipapo absoluto é a sua madeleine? Não consigo parar de pensar nisso.
Teteco, acho que a tradução é de Augusto de Campos. Certo, Joaldo?
Salem, você colocou em palavras exatamente o que eu sinto em relação à axé-music: não ouço propositalmente e não compro, mas quando estou na Bahia acho divertido. Ter ‘orelhas’ sem preconceito é uma evolução que leva tempo, mas torna a vida mais leve.
Nelson, agora você pegou pesado: Bethânia, Caetano e Dona Canô? É o que fica mesmo. Em tudo o que se fala sobre música aqui não cabe um terço do berço desse menino.
Adorei todas, e mando esta que me fez chorar:
http://www.youtube.com/watch?v=7cpAv-jNK
Nelson, parece que houve um problema com o link. Este é o certo:
http://www.youtube.com/watch?v=7cpAv-jNKy4
Exequiela, beijos. Estou aqui. Leio tudo, clico em alguns links (gosto mais de ler do que de ouvir música), achei você bonita e gostosa, como dizia a letra de Nelson Mota para as Frenéticas.
E, Nando, quando Aldir falou mal das letras das música de carnaval baianas (isso já tem mais de década!), comentei com meus amigos: “e as marchinhas tradicionais como “Alalaô-ô-ô-ô-ô-ô-ô/ Mas que calô-ô-ô-ô-ô-ô-ô? Atravessamos o Dserto do Saara/ O sol estava quente e queimou a nossa cara” etc?. Ou “Menina, vai? Com jeito, vai/ Se não um dia/ A casa cai/ Se alguém te convidar/ Pra tomar banho, Em Paquetá, Prum pique-nique na Brra da Tijuca/ Ou pra fazer um programa no Joá/ Menina, vai”? Ou ainda “Olha a cabeleira do Zezé/ Será que ele é/ Será que ele é?” ? Sem falar em “Mamãe eu quero”, “Touradas em Madri”, ou “Chinês/ Come somente uma vez por mês/ Não vai/ Mais a Xangai buscar a Butterfly/ Aqui com uma morena fez a sua fé/ Lig-lig-lig-lé/ Lá vem seu china na ponta do pé/ Lig-lig-lig-lig-lig-lé/ Feijão, vinte pratas, banana e café/ Lig-lig-lig-lig-lig-lig-lé”. A lista seria inerminável. E só das que entram nas antologias. Adoro essas e outras marchinhas, acho que têm de ser assim mesmo. O rock era bem mais isso.
Uma antologia de obras-primas da axé muic é um grande sonho meu. E eu não pararia uma década atrás. Nem mesmo no ano passado. Concordo com Tiago: os percussionistas do Psirico são (d)os melhores do mundo. Marcio Victor, um gênio, comanda aqueles meninos para fazerem o que há de melhor. A marcha do Chiclete do carnaval deste ano é linda. A música do Harmonia também. Mas isso é assunto pra mil anos.
Marcelo Porciúncula vê mais o essencial do que quem supõe defender “alta qualidade” ou “artistas que não encontram seu lugar por causa dos que fazem sucesso comercial”. Detesto esse tipo de pensamento. Detestaria avaliar Virgínia Rodrigues a partir de algo assim. Não teria havido o tropicalismo se eu já não sentisse desse jeito em 1966. Mas, Marcelo, não sou relativista. Eis porque acho “O mundo desde o fim”, de Atonio Cicero, uma coisa importantíssima escrita no Brasil em tempos recentes. Adoro Popper (Cicero também gosta), um dia comento “A sociedade aberta” com você. Adoro nuances, você sabe.
Zii e Zie tem pouquíssimo a ver com Zizi.
Hermano, Zizek é hilário. Discordo de Marcos quando diz que seu comment é deselegante. Deselegante é ele dizer que “parece patrulha pró Caetano”, sei lá. Não se trata disso. Marcos é ligado e inteligente mas a gente não é obrigado a respeitar Zizek intlectualmente, mesmo se ele dá entrevista descuidada e diz coisas irresponsáveis. Ele quer ser mais cool que o cool. Não é. Stalin não é melhor do que a democracia americana: alguém fazer sucesso nos EUA dizendo que ele só mostra até onde o refinamento da sociedade aberta pode ir. Adorno era doido querendo botar Louis Armstrong abaixo de Hitler (era isso que ele queria). Mas ao menos ele era “nihilista”, na citada palavra de Lukács, isto é: não apostaria as fichas em nenhum dos roteiros edificantes apresentados. Zizek aposta nos mais indigestos para mostrar originalidade. Guilhotina para quem discordar do programa ecológico sugerido? Beleza. Li um artigo de Nelson Acher na Folha que dizia ser a ecologia o últmo terreno em que a tendência totalitária e intolerante da eqsuerda se mostra sem pejo. Achei que fosse um artigo de alguém de direita que estava ficando paranóico. Agora, lendo Zizek, vejo vejo sensatez no texto de Ascher. E o fato de Zizec sair de país antes esmagado pelo stalinismo não pesa mais para mim do que o de Ascher ter vindo da Hungria.
Heloísa, jamais esperaria menos de você. Concisão é atributo natural da sua mente. As duas traduções que você fez de curtos trechos que citou sairam mais curtas do que os textos originais. Sem perder em clareza e abrangência. Claro que você está em posição privilegiada para ver mais o “aleijão”. E eu nunca diria a você que Verdade Tropical é super bem escrito. Com ou sem erre retroflexo. Não consigo pensar assim. Disse isso só para quem, escrevendo muito mal, disse mal da escrita do meu livro.
ADRIANO, NUNCA DISSE QUE AUGUSTO REBATE IDÉIAS DE CICERO SOBRE AS VANGUARDAS. CITEI ADORNO EM CONTEXTO ABUSIVO PARA EXPOR O QUANTO ME PARECE IMPOSSÍVEL (E INÚTIL) TENTAR CONTRAPOR OS TRABALHOS DE UM DE OUTRO EM “VISÃO DICOTÔMICA”. AMO CICERO E AMO AUGUSTO. MINHAS SUPOSIÇÕES NÃO AUTORIZADAS A RESPEITO DA DISTÂNCIA COM QUE ELE VERIA ARGUMENTOS COMO OS DE CÍCERO SE APÓIAM APENAS NO CONHECIMENTO DE SUAS REAÇÕES A OUTRAS FALAS, EM OUTRAS ÉPOCAS. E SÓ EXPUS A PASSAGEM VAGA DESSA SUPOSIÇÃO PORQUE CREIO SER BOM PARA TODOS QUE SE SINTA A COMPLEXIDADE DO ASSUNTO. ESPERO QUE VOLTEMOS A ISSO.
(((Parem as máquinas! Pelas lentes de Ed Wood! Esse Glauber Guimarães do comentário 134 é quem eu penso que seja? Sim, é ele mesmo! Vocalista de uma das coisas mais fantásticas já saídas da Bahia, chamada The Dead Billies (o único CD que conheço deles, “Don’t Mess With the Dead Billies”, é absolutamente fabuloso) - dancei muito ao som desses malucos maravilhosos, ao vivo inclusive. Hoje viraram um trio instrumental chamado Retrofoguetes e tô na cola da próxima armação desse teddy boy envenenado. Perdoe a babação, Glauber, mas seu talento não poderia passar impune. Rock on, man!)))
Oi Glauber
Comento aqui modestamente a sua observação abaixo:
“musica feita APENAS pra vender, eh entretenimento. e entretenimento não eh nescessariamente, arte. o buraco eh sempre mais embaixo”
Essa sua afirmação pressupõe que um alguns compositores têm o poder e a fórmula de fazer um HIT (música pra vender). De fato, alguns têm esse dom: Sullivan e Massadas, Lulu Santos, Roberto e Erasmo, Zezé Di Camargo e até Lennon e Mc Cartney. Repare como citei nomes heterogênios propositalmente.
Isso porque essa divisão entre música de entretenimento e ARTE é uma roubada quando falamos de música popular. As Marchinhas de Carnaval que citei em outro comentário, eram música de entretenimento e se não “pegavam” nas ruas, caíam no esquecimento. Ganharam, décadas depois esse status de ARTE. O tempo cuidou disso.
Olha só: se você substituir o “música pra vender” por “música pra tocar no rádio” ou “música pra estourar nas ruas”, tudo muda. O que parece perverso e maquiavélico (fazer grana), passa a ser a difícil missão de tocar o coração da massa. Isso dá dinheiro? Ô se dá! Dá vontade em alguns compositores de fazer canções com esse intuito? Suponho que dê? Desqualifica o resultado a priori? Não!
Canções que não foram feitas “pra vender”, como Sampa, estouraram. Canções feitas pra vender, como (não sabemos) não estouraram.
Um músico popular raramente se senta pra compor pensando “silêncio, agora vou fazer ARTE”.
A Blitz fez música pra vender? O single “Você Não Soube me Amar” tinha mais de 6 minutos! E tocou nas rádios. E vendeu.
Seu raciocínio supões uma pureza no ato de compor canções populares. Isso é tinhoresco. Canções “vendedoras” muitas vezes nascem em rodas de samba, ensaios, mesas de botaco ou e raramente em laboratórios de marketing.
Entretenimento X ARTE é uma velha discussão. Mas a música popular vive confundindo os que tentam didivi-la nessas 2 categorias. É cilada.
Volto a dizer: a música produzida na Bahia, na perifa do Rio e no interior do Brasil (axé, pagode, funk e sertanejo) invadiu às rádios e prateleiras. O que elas têm em comum? Uma raiz na pobreza.
Se os pobres do Brasil conseguiram a proeza de descobrir a fórmula dos hits, esse seria um fato antológico. Mas nem nisso eu acredito.
Okay… as rádios nos impõem a sua programação. Existe jabá. Existe marketing. Mas a música popular vive contrariando os que se acham detentores da fórmula do sucesso e da venda.
Com os Mamonas foi assim. Um moleque filho de um produtor que rejeitou a fita demo dos caras, gostou do som e pediu pro pai lançar. O faro do moleque era mais apurado do que o do velho experiente.
E mais. Quando Caetano, Chico e Gil vendem bem, nós fãs, não questionamos e até festejamos. Mas alguns jornalistas já vem dizendo… ah! o Caetano gravou a música do Peninha pra vender.
A música brasileira que “vendeu” mais na história é de Tom Jobim e Vinícius de Moraes: Garota de Ipanema. Você diria que é “entretenimento” ou ARTE?
Ivete deve ficar feliz com seus milhares de DVDs vendidos, o Maracanã lotado e até, a conta bancária recheada. Mas nem assim, podemos dizer que o que ela faz seja ruim. Podemos dizer por outros motivos, mas não pelos que enumerei acima.
A ARTE não pode entreter? A música feira para entreter não pode ser vista como ARTE? Muitos sambas bons, marchas, reggaes, forrós, dubs e rocks estão aí pra responder as perguntas.
Há uns dias atrás, Hermeto Pascoal, esse grande homem que extrai sons das mais diferentes formas e condições, esteve em minha cidade, no interior do Rs. parece que a moça com quem está, muito parceira por sinal, é daqui, e de vez em quando eles aparecem. e quem se beneficia de quando em vez são as crianças com quem eles fazem oficinas musicais, exatamento no estilo Hermeto de ser. eu é que não tava sabendo que esse tipo de música, Disponível, passava tão perto de mim.
gosto da disponibilidade nas manifestações músicais. e creio que o sucesso está intrinsecamente vinculado ao que o músico disponibiliza pra quem o ouve.
Caetano, você não entendeu um detalhe muito importante de meus últimos comentários: o ‘aleijão’ a que me refiro não tem nada a ver com seu estilo de escrita. Eu nunca teria coragem de me referir dessa forma às palavras que estão entre as mais perfeitas e emocionantes que já li até hoje. Vírgulas e parágrafos longos são nada - meros detalhes que só professores e tradutores notam - se comparados à grandeza de sua escrita. Na verdade eu comentei por implicância mesmo - como você já fez comigo – para me deliciar com sua reação. Infelizmente, você não deve ter lido o primeiro comentário que fiz a respeito de Verdade Tropical: o ‘aleijão’ (palavra sua) a que me refiro é outro, muito mais sério. Para ficar bem claro, posto novamente o comentário anterior.
Küssen. Und fergesst nich: Ich liebe dich über alles.
Caetano, li todo o seu post.É muita informação. Preciso ir abrindo os links aos poucos…….
AMADO CAETANO,
“Bichice” é um termo tão bacana, tão genuinamente brasileiro, diz tudo sem ser palavrão, é engraçado sem ser ridículo, mas muito pouco usado, principalmente pelos mais novos.
Ainda bem que temos Caetano.
Lilu
A explosão da música baiana (axé music) para o Brasil, e mesmo aqui na Bahia, se não me engano, tem como um dos marcos um clip de Luis Caldas no Fantástico. Isso coincidiu com o início da minha adolescencia e o meu primeiro carnaval sem pais. A partir daí, o que vivi, foram carnavais sem bailes, sem marchinhas, sem bloco afro (to falando do que chegava a nós sem esforço. muito chiclete com banana, muito aê-aê, ê-ê, etc. E pra completar, diferentemente de quem mora em outros estados e pode curtir o carnaval 5 dias e depois passar o resto do ano vendo, ouvindo outras coisas, aqui a coisa tomava conta de tudo o que podemos chamar de divertimento, incluindo radios de carro. Não to muito inspirada pra escrever, mas o que quero dizer é que ainda que se possa fazer uma antologia de obras-primas da axé music, e termos cantores com alta qualidade técnica, etc. Eu, por exemplo, sinto como se tivesse pago um preço muito caro, porque aqui, pra não gostar de axé, vc tinha que ser de um gueto de rock, por exemplo. Vi amigas minhas encurtarem os shorts até a vulgaridade, dançar com vulgaridade, não ouvir Chico Buarque e Caetano.E o melhor é minoria. E tem haver com atitude também, nas marchinhas antigas ainda que analisando as letras pouco fique se devendo à pessima qualidade de letras do axé, a atitude era outra, as coisas estavam apenas insinuadas. Agora não, desde que aquela mulher desceu no video, de perna aberta, até a boca da garrafa, quem fica puto com isso aqui, tem todo direito, pô. Eu, levei anos aprendendo a gostar de carnaval, agora gosto, porque vivo o non sense da coisa, ou vou arás de coisas que interessam como o 2222. E pera lá. O que é que “se eu não te amasse tanto assim” tem haver com axé? e tantas outras de Ivete.
Junte tudo isso ao fato de que no carnaval, estamos as vezes junto à multidões, da dança vira briga, empurra empurra. Acho que o ponto de vista de caetano é literalmente diferente. Como músico, em cima do trio, pescando a criatividade, os “cartolas” do povo da bahia. Eu acho que paguei caro, como pessoa que se criou nesse ambiente. Eu queria ter vivido um ambiente cultural mais eclético. Será que o fato de em Salvador não termos muitas livrarias, etc, não tem haver com tudo isso? Agora uma coisa que eu acho que tem que ser realmente louvada é o teatro baiano, que é a outra onda
Lembro de meu pai, coitado, puto da vida e desligando o radio porque a gente tava cantando junto uma música de Lulu Santos “quando eu saí de casa…” mal sabia ele o quew estava por vir!
Uy LeAozinho… look out! que me hacés ronronear. (con errrrrrrrrrrrrrre feroz: prrrrrrrrrrr) qué peligro!
Saben que todavía no entiendo cuál es el problema de la ERRE en el portugués? No sé si entendí lo que estaban discutiendo C y H. Como hispanoparlante adoro tanto las ERRES fuertes como las aspiradas en el portugués. Bienvenido todo aquello que nos aleje de la uniformidad. Pero claro…de afuera y de lejos todo se oye y se ve distinto. Me imagino que la dificultad para que puedan convivir las diferentes ERRES muestra la dificultad para…… convivir.
Sobre el tema de arte para entretener. Yo adoro la música o arte hecho para entretener. Y cuántas veces es menospreciado y nos perdemos de escuchar grandes músicos! La música que es hecha SOLO para entretener, o mejor dicho vender, no sobrevive. Easy come, easy go. Existió en Argentina un músico llamado Rodrigo (lucesar lo conocés?) que entretenía masas y para algunos era lo que llamamos “grasa” pero escuchen y vean lo que hacía este menino con sus músicos http://www.youtube.com/watch?v=jYIu9nR_A_Y y de paso ven el fervorrrrrrrrrrrrrrrrr (con una erre fuerrrrrte y chillona) del público argentino. Y hablando de regionalismo. Rodrigo dice: soy cordobés y ando sin documentos porque llevo el acento de Córdoba Capital!!!! Lamentablemente murió muy joven por un accidente automovilístico. Irónicamente esa voracidad por entretener y ganar dinero y hacer no sé cuántos shows por noche le llevó la vida.
Y esto me hizo acordar a que yo oigo bastante patterns melódicos que se repiten en forma un poco obsesiva en las canciones de Caetano. Por ejemplo en: Cajuina, trillhos urbanos, O quereres, u don´t know me. En las últimas: Perdeu, Tarado ni voce. Vos lo percibís LeAozinho? Definitivamente demencia prefrontal no tenés porque una de las características es la pérdida progresiva de las palabras. Beso, beso!
Será que a “conversa” virtual é mais suscetível a ruídos? Agora vou apenas espiar! Verdade Tropical não é mal escrito. Pelo contrário, bem bom de ler…
o “baianos geniais” de caetano, pra mim, eh TRANSFALÁCIA”. basta.
o maior problema da axé music não eh a qualidade [um conceito abstrato]. eh a má fé [sartre] com que as coisas são feitas. não eh nem mais nescessario que um produtor imbecil fabrique as bandas. ela se fabricam sozinhas!
desde o início dos tempos, os negros sabem que se eles se fizerem bobos, circenses, terão mais chance de sobrevivência [não os culpo por isso e deixo claro que sou mestiço, não branco. e admiro todas as culturas pelas suas contribuições e belezas, incluindo os rednecks americanos]. e tudo continua na mesma, os negros pitorescos tocando seus tambores pros brancos do itaigara, grosso modo.
explicando melhor meu ponto de vista: ta todo mundo aqui tentando catar suas migalhas que caem do grande bolo. A IGNORÂNCIA É UM EXCELENTE NEGÓCIO, salem. c sabe disso.
sou ingênuo? louco? pseudo-herói-de-araque? pode ser, mas genialidade não é grama que dá em qualquer lugar.
nando, obrigado pelo elogio generoso, mas não sou um “teddy boy”. hoje faço um som que mistura folk, 60s psychedelia, música erudita, samba e o escambau. abraço procê.
e caetano, quanto às marchinhas…bem, no carnaval vale tudo…acho perversão fazer uma linha entre marchinhas e sambas de roda e o que se vê hoje aqui. não é bem por aí.
parafraseando o lobão em “para o mano caetano”:
“é o puteiro que os canalhas não conseguem habitar, mas cafetinam. é a beleza de veludo que o submundo tem pra dar, mas os canalhas subestimam.”
tenho certeza que você, caetano, entende perfeitamente o que o ele quis dizer com isso.
abraço sincero a todos! aguardo o disco novo, ansioso.
Oi, Caetano e pessoal. Eu li uma autobiografia de Popper e gostaria de falar um pouco sobre ele. A militância marxista dele (durou três meses, ele falou) não me convenceu. No entanto, ele diz coisas belas sobre música e sobre os USA. Ele disse que conheceu Einstein e ele era tão viajandão que os USA lhe permitiram ganhar dinheiro, o que contou positivamente para os americanos. Uma que ficou para mim dele, sobre o Marx é muito bonita e me faz pensar no profeta Mautner, de quem outro dia li os proféticos Bilhetes do Kaos: será que, dizendo as profecias, não estamos impedindo que se realizem? Ou, como nos mitos, se realizarão assim mesmo?
Olá, amigos!
Salem, já que você gosta de citar o velho Mussa, sou obrigado a retribuir com Didi Mocó: acuma? não cafunda, não cafunda! Relendo vi que dá a entender que eu contrapunha música de qualidade a música de sucesso. My bad. Queria fazer referência de raspão à indústria musical e a uma, digamos, necessidade de seleção mais rigorosa DENTRO da axé music e não fora dela.
Pegando a carapuça, não suponho que defendo a alta qualidade, Caetano, eu a defendo, com todas as letras. Eu poderia defender a diversificação, simplesmente (sei de histórias escabrosas a respeito de boicotes mafiosos, mas poupo os amigos dos detalhes sórdidos); não contente, defendo a necessidade de qualidade dentro da falta dela. A axé music também necessita de aprimoramento, ou não? Será que estamos todos condenados a ouvir uma fórmula repetida ad nauseam?
Não me sinto na obrigação (por ser baiano) de aceitar tudo o que sai da Bahia como sendo de qualidade porque isto é uma mentira. Quem mora lá (como disse a Maria) sabe o que é padecer 365 dias do ano aguentando o inferno em que se transformou a axé music e suas derivações mais chulas.
Tudo bem, foi super importante, mas agora que as pessoas já estão trabalhando, já há um mercado, a loira já pode declarar seu tesão pelo negro, todo mundo já tem orgulho da cidade e de si mesmos, auto-estima bem calibrada etc, será que podemos voltar a falar em, errr perdoem, (baixinho) “a…r…t…e…”?
Salvador é uma cidade repleta do que eu chamaria de “resistentes” culturais. São as pessoas que vão à praia, no carnaval, de preto, todos os anos, curtir rock’n roll (e não são poucas). Outra parte se isola em casa e só sai depois do carnaval. Outras viajam. São os músicos das mais variadas tendências que lá permanecem na heróica condição de minoria e que se recusam a ficar engessados repetindo mantras idiotizantes como “requebra, ordinária” ou “desce, mainha, gostoso, vai”. Eu eliminei esta tormenta da minha life porque saí de Salvador há dez anos (me expulsei de lá); meu sistema nervoso só aguenta atualmente uma pequena parte do verão. Quando quero dançar sem precisar sentir vergonha, tenho meus Tim Maia, meus James Brown, meus Salif Keita. E Brown, este mestre absoluto chamado CARLINHOS BROWN. Tenho pena e indignação é por causa de quem mora lá e que é obrigado aguentar, até sabe Deus quando, esta bobajada feita não pelos músicos (dê-lhes uma direção musical decente e maravilhas serão ouvidas), mas pelos empresários da axé music. Tão cedo não largarão o osso.
Há anos que espero uma palavra dissonante de Caetano; nem precisaria ser uma diminuta nem uma nona com décima primeira aumentada. Uma sétima menor já estaria de bom tamanho. Continuarei esperando.
Davis contra Golias não existem só no Rio.
GLAUBER ESCREVEU:
“desde o início dos tempos, os negros sabem que se eles se fizerem bobos, circenses, terão mais chance de sobrevivência [não os culpo por isso e deixo claro que sou mestiço, não branco. e admiro todas as culturas pelas suas contribuições e belezas, incluindo os rednecks americanos]. e tudo continua na mesma, os negros pitorescos tocando seus tambores pros brancos do itaigara, grosso modo.”
E eu fiquei aqui pensando no hiato produzido em minha mente. Entre o que disse Nando e o que disse Glauber. Dois caras que respeito e que admiro pela sinceridade e inteligência.
A primeira coisa que me veio justapondo os dois raciocínios foi a seguinte:
Tim Maia, James Brown, Salif Keita e Carlinhos Brown sabem que se eles se fazem de bobos, circenses, pra ter mais chance de sobrevivência tocando seus tambores pros brancos?
Entendo perfeitamente o cansaço e a indignação do Nando e a inquietação furiosa do Glauber (que não é ingênuo, nem louco, nem pseudo-herói-de-araque).
Mas não partilho da idéia de que A IGNORÂNCIA É UM EXCELENTE NEGÓCIO e os negros se fazem de bobos por sobrevivência e que se lhes dessem uma “direção musical” fariam o que se supõe ARTE.
Sei que aqui estou “mesclando” a reflexão de 2 pessoas diferentes, mas elas se complementam no sentido de configurar o preconceito que descrevi nos meus coments anteriores.
Nando… Há anos você espera uma palavra dissonante de Caetano; nem precisaria ser uma diminuta nem uma nona com décima primeira aumentada”. Mas tudo o que ele quer “é um acorde perfeito maior”.
Gosto de conversar com vocês.
abraço
Salem
Hermano e Caetano, um comentário meu não foi ao ar, em que eu dizia que acho que é o Chico quem é chato. Reconheço que foi no mínimo de mau gosto e quero me retratar. Longe de mim querer reviver a maldosa riavlidade Chico X Caetano. Se entendi bem em Verdade Tropical, a respeito da piada do Tom Zé (”respeitava muito Chico Buarque ‘pois ele é nosso avô’), o narrador riu do sarcasmo do Tom Zé, não tanto do conteúdo da piada. Meu interesse é pelos desdobramentos, pela sobrevida da artificial rivalidade, pelos destinos distintos das duas figuras segundo uma consciência rasa de uma classe média órfã (muitos dos nossos grandes artistas nos deixaram, preferiram o Rio…) que existe aqui em BH: Chico é um imortal vivo, Caetano um chato morto. Maldizem os novos (maravilhosos) romances do Chico assim como todo novo disco do Caetano. Acho o Chico um chato porque aguardo com ansiedade seus novos livros, não seus discos. Peço licença para reproduzir um trecho de um ensaio meu (sobre a Avenida Afosnso Pena, em BH) em que abordo essa questão, tão mal resolvida nesta capital.
26 Conservatório de Música
heloisa,
vou dar uma de caetano e esquecer o tal do twitter…alias´ideia bacana esta….alguns poucos caracteres rrsrsr
adoro que vc tenha gostado dos meus posts musicais até aqui pois uma mulher adoravelmente sedutora com as palavras, raciocinios, ilações e pensamentos e certamente outras coisas e agora musica merece sempre uma tentativa de um dialogo musical á altura(novamente tem crase?).
salem
vou citar egberto gismonti…concordo com ele …
“há musica que eu preciso pra viver ,há musica que eu não preciso pra viver”
arte versus entretenimento em musica é uma falsa questão…
mas uma coisa aqui nestes tropicos é certa.
dinheiro no brasil está associado em diversas esferas á roubalheira e ha uma associação erronea de dinheiro e artista, contaminada pela praxis em outras esferas…
e por ai vai meus 120 gigas …..
segue canção….
http://www.youtube.com/watch?v=ZzeXtWjwhNM
Caetano, quando saiu o disco do filme “Tieta do Agreste” ouvi maravilhado a faixa-título e a repeti por várias vezes. Achei bonito o jogo com as palavras, a coisa do sol, da noite, da luz, tudo aquilo, a vergonha, de uma vez em que você se referia à “sua Daia” e a vida tacanha contraposta aos existencialistas e tive certeza de que aquela letra era uma de suas mais ricas.
Num outro dia, alguns amigos comentaram que se tratava de uma bobagem, e uns jornalistas desses idiotas que tenho o azar de ter como conterrâneos em São Paulo diziam que o problema era o “eta eta eta eta” rimar com “Tieta”. Não sabia por onde começar qualquer tipo de argumentação. Era como se alguém dissesse que “Construção”, do Chico, tivesse um problema grave por falar em “tráfego” no final da música, ou algo do tipo. Não fazia o menor sentido.
Era, nitidamente, uma predisposição a falar mal, como nas torcidas organizadas dos estádios. Começa como um burburinho e aquilo pega. Na verdade, eles é que começaram um “eta eta eta eta” crítico e tentaram resumir a letra de sua música àquilo.
Enfim, toda essa conversa demorada para dizer que, se algum dia sair essa coletânea de axé, acho que seria muito legal a gravação da música, acima de tudo porque é linda, e também porque o povo “inteligente” de São Paulo merece mais esse beijinho provocativo.
Aliás, seria um bom nome para o disco: “eta eta eta”.
Ao discutir a música de carnaval da Bahia, não se esqueçam: a Virgínia Rodrigues já gravou uma antologia do gênero, com direção musical do Celso Fonseca e direção artística do Caetano Veloso. É talvez o mais impactante de todos os 4 que ela já gravou.
Exequiela caríssima LeAozinha: você mais que merecia estas palavras carinhosas de Caetano, desde que vi o vídeo em que você pede 10 minutos para ver “Bobby Mcferrin improvisation with Richard Bona” estou para te escrever agradecendo, nossa passei uma tarde toda perdida por ali, já o Piazzolla é um dos meus favoritos na vida, raro o dia que não escuto alguma musica dele, acho que são meus 50% de genes argentinos, meu pai que é baiano também, nasceu em Baia Blanca, e meu avo tocava vários instrumentos, entre eles o Bandoneón, vai ver é saudades deles. Você arrasou mesmo! Adorei! Beijos
Teteco dos anjos, estava lendo os posts e li a respeito do Sirocco somente agora, senão teria te respondido antes, mas andei viajando e fiquei sem entrar na Internet estes dias. Eu moro a 60 km de Napoli mas para o sul e na época do Sirocco sofro muito com o calor, me lembro a primeira vez que experimentei este vento quente ai, nossa passei muito mal, a gente sente o sangue esquentar e da uma sensação muito estranha, mas a Itália é toda assim, cheia de ventos, Sirocco no começo do verão e no começo do inverno o burian siberiano, que trás a neve e o frio de 8 a 10 graus negativos, pelo menos aqui na minha região, não é brincadeira você pode escolher entre derreter ou virar picolé, eu brinco aqui que temos que comprar uma geladeira que caiba uma cama dentro assim no verão se dorme ali por se esfriar e no inverno se dorme ali para não congelar do lado de fora. Pelo que vejo você sente um pouco de nostalgia da Itália não? Eu estive vezes na Sardenha, na primeira vez fizemos um tour por toda a Sardenha ficamos um mês passeando, gostei muito de Piscinas em Arbus, mas as paisagens da Sardenha é uma coisa maravilhosa, embora nas duas vezes fui no mês de outubro e você que morou lá sabe que nessa época tem cidades inteiras que ficam 90% fechadas, parece cidade fantasma (vero?) o que me lembro é que a gente tinha que calcular bem para onde e que horas chegar para não correr o risco de dormir no carro, nessa epoca tambem o mar estava sempre gelado. Abbracci.
Heloisa, nossa andava com saudades de você, pelo visto você esta lendo Verdade Tropical, vi que muitas pessoas falaram ai que irão reler, eu nunca li mas tenho o livro aqui comigo e vou ler também, me agrada a idéia de muitas pessoas lendo o mesmo livro ao mesmo tempo, seria uma forma de ludibriar aquele aspecto solitário da leitura, pelo mesmo motivo gosto de comprar um livro no sebo, pela simples sensação de que alguém já manuseou e leu o livro, para mim, ele se torna menos solitário. Beijos
caetano
conta pa gente como vc fazia com o radio, como o foi o radio na tua vida, que tua mão disse que vc era insuportavel no sentido d querer cantar tudo aquilo que vc ouvia no radio…
o radio teve papel fundamental na tua formação musical ou foi tua familia e tua mãe que te fez acordar para a musica?
e sempre tive vontade de te perguntar:
uma outra coisa que sempre quis te perguntar:
outra coisa que sempre quis te perguntar :
horario de verão é uma m a gente perde uma hora de sono e pra quem tem dificuldade de dormir uma hora faz falta á beça…
Oi Caetano,
meu portuguese nao e o melhor mais sou brasileiro. Voce colocou a letra da cancao “Nicinha”. Eu quis perguntar sobre a letra da cancao “Two Naira Fifty Kobo”…no fin da cancao voce fala algo quinen “ninguen sabe se ele e branco ou puro moreno??” Esta e a minha questao e estava enterecado en u que voce estava falando.
saw your show in Istanbul and it was great. The location was beautiful! Did you check out the city?
Caetano querido:
Me gusta lo ecléctico que “hay” en tí.
Bahia?, todos “geniais”, por qué?, primero por existir “você”, Bethânia, Joao, Gilberto Gil etc…e ainda mais….a proposito Gil llega a Montevideo este próximo 8/11, obviamente voy a celebrar as boas vindas a “ele”, sentadita y/o paradita (en plátea), …paradita digo…porque cuando Gil empienza a sonar … y aquel ….ióióió?? y nosotros respondiendo al unísono ióióió!!!, estoy desiosa y euforicamente contenta por su llegada.
Te confesso…me acontece muito mais quando é você quem veim!!. Espero…el dia…vem Caetano querido, a mi “paisito” tu también, siempre…”voy a esperarte”…
-Después te cuento del show y todas las “emoçoes” que sentiré-.
Lei hace poco, el libro Socialismo científico, de Carlo Frabetti. Italiano (Bolonia, 1945),pero vive en España y escribe habitualmente en castellano.
En el cap. Metadialéctica dice: Que se suele hablar paradójicamente de la dialéctica de forma adialéctica. Marx y Engels tuvieron la feliz idea de casar el pujante materialismo decimonónico con la dialéctica de Hegel, y que de este matrimonio incestuoso (puesto que ambos cónyuges eran hijos de la revolución científica desencadenada por Galileo y Newton) nació el materialismo dialéctico. Visión simplista (mecánica) de un proceso complejo (dialéctico), que no se inició en el S.XIX ni se consumó en el XX, y que se debería hacer el esfuerzo de consolidar en el XXI.
…Caetano, ya te dije?… que te quiero más que ayer, pero, menos que mañana…beijos no coraçao. Vero.
Olá Caetano. Deliciosamente extenso o seu post. Tantos assuntos. Eu falava no meu blog sobre o disco do Arnaldo. É genial e a regravação de qualquer coisa é linda.
Viva o Gabeira. A vitória política é dele. Não aguento mais o PMDB de camisa social de um azul indefinido. O governador do Rio perdeu feio no interior, exceto em Araruama, onde ganhou André Mônica e mereceu.
Vou ouvir o disco do Zambujo semana que vem e Gibbons é excitante. Eu a conheço há 4 anos.
Marcelo Camelo é vanguarda como Cícero e Amarante também. Meus comentários vão além dos tics, ainda que eu vá pra Itália.
Viva a música portuguesa. Sou dessedente direto. Zizi ereto.
salem escreveu:
“Tim Maia, James Brown, Salif Keita e Carlinhos Brown sabem que se eles se fazem de bobos, circenses, pra ter mais chance de sobrevivência tocando seus tambores pros brancos?”
sim, eles sabem. mas em suas canções, eles tentam ser maiores que isso.
você usou um joguete, mesclando o que eu disse e o que outra pessoa falou. cara, metade dos meus heróis na musica, são negros. gil, lazzo matumbe e tincoãs inclusos. e nunca, nem na adolescencia, usei camisa preta de banda de rock. acho deselegante. nunca fiz parte de tribo alguma, sou um passaro estoico, haha
a mediocridade que vejo no axé, vejo tambem no rock [hoje as bandas de rock carecem de boas letras, salvo excessões], na trama [que eu chamaria de musica boa ruim, num adendo ao que disse a marisa orth. em geral, ele fazem discos muito bem produzidos, mas falta alma ali. as composições não ficam em pé sozinhas...muita tecnologia, pra pouco futebol. não estou falando do tom zé, claro] e por aí vai…
não seria nescessario pinçar qualidades na percussão, mudar arranjos, uma mão-de-obra danada pra escolher um repertorio que não seja risível [toma-se sempre essas precauções ao lidar com musica mediocre] se a coisa fosse PHoda mesmo.
entenda, vez em quando ouço um duran duran e não espero que o publico médio vá escutar schoenberg, mas quero que se tenha opção. as pessoas são levadas a crer que estão escolhendo, quando não estão, de fato. se não se tem um leque vasto de opções, ninguém ta escolhendo nada.
o problema não eh a existencia do axé, do funk carioca, do pagodenejo paulistano, o problema eh a falta de tom waits, villa-lobos, youssou n’dour, genival lacerda, caetano, leadbelly, ravi shankar, etc. sim, amigo, a garotada já nem sabe direito quem eh chico buarque.
sei que o caetano vai discordar, prq ele gosta do axé. respeito. mas nem 8, nem 800. bom senso vs. godzilla.
Marcelo Porciúncula,
Que bom que apesar da preguiça você se dispôs a ceder um pouco do seu tempo e da sua inteligência a nós todos. Obrigado.
[Quem disse que por se ser baiano se deve considerar tudo o que sai daí como algo bom?]
Caetano. Não disse mas é o que se depreende da sua adesão incondicional à música feita na Bahia. Se você tiver lembrança de alguma crítica não digo nem negativa, digo construtiva, alguma leve repreensão, algum toque, alguma qualquer coisa por parte dele, sou todo ouvidos. Caetano tem senso crítico disponível para tudo, de Wittgenstein a Bola de Nieve, por que não teria com a música feita na Bahia? Agora, se ele disser: “Tem suas limitações, mas não vou dar munição a quem deseja ver ainda mais motivos para criticar algo que tem mais pontos positivos do que negativos”, aí sim, I rest my case.
[Quem aqui disse que concorda com o esquemão(...)]
Eu disse que não concordo, não estava respondendo a ninguém.
[É engraçado alguém que gosta de rock (e eu adoro) discriminar outro estilo acusando-o de ser um apelo comercial, de ter letras simplórias e de ser melodicamente pobre. Isso foi o que sempre se disse do próprio rock, mas enfim].
Aí você erra várias vezes, meu caro. Não discriminei estilo nenhum, ao contrário, desejo o melhor para a música baiana. A comparação com o rock pode fazer sentido na necessidade de coerência artística do Caetano, que gosta de dizer que já na época do tropicalismo o rock era lixo e eles o adotaram aqui no Brasil. Não resiste a uma análise mais apurada.
Para falar sobre “rock”, você tem que considerar tudo o que o termo engloba: r & b, rock’n roll, rockabilly, country rock, folk rock, british rock, progressivo, industrial, psicodelia, punk, new wave, góticos, heavy metal, hard rock, grunge, e muitas outras variações. 50 anos de história mundial contra Psirico, Gera Samba e Harmonia do Samba, é isso o que você gostaria de contrapor? Se for, eu me sinto não só no direito como na obrigação de “discriminar um estilo” - quem depreendeu que minha crítica (a terríveis limitações destes três representantes) foi uma crítica a um estilo foi você. Por último, atacar opinião alheia por conta de seus gostos pessoais é bem falacioso, não?
Brrrrr! Eu acho uma das coisas mais terríveis e assustadoras já escritas.
SALEM: interessante a mesclagem, embora perigosa. Quanto ao “acorde perfeito maior”, depois que eu postei eu lembrei dele. Maldição
A Bahia de todas as Deusas !
Abelha, abelhinha…
Acabou chorare, faz zunzum pra eu ver, faz zunzum pra mim
Abelha, carneirinho…
(Moraes & Galvão)
…
Querido Salem, ando meio sumido porque despenquei do litoral baihuno em direção ao antes famigerado sertão de Tocós, interior de todos os meus matos natais, desde o fim de semana. Vim - trembalístico feito um primogênito chinês - acompanhar meu pai, um Aquiles re-encarnado travando guerra nada branca com a mortalidade. Estou usando de todos os meios ou ardis de menino mastuto pra aeroplaná-lo pra saúde e o feliz.
Olha, aqui já tem internet a galope de cavalos mouriscos, feito aqueles rocinantes da canção “Bandoleiro” (de Lucina e Luli?), interpretada pelo Ney Matogrosso. E estou adorando esse zumzumzumbido de todos vocês.
Demais, muito demais, o retorno de Lacerda. Eu não concordo com todas as ‘conclusões’ dele, mas que ele tem uma função dramática “da maior importância” em toda essa odisséia, isto tem! É quem quase sempre consegue abalar o óraculo de Delfos - e assim fazer exsurgir a voz pessegosa de nosso divino caetântrico.
Ai, ai, caramba! Essa laica procissão da ‘desconstrução’ da música baiana iniciada pelo peregrino Nando (que alma geminada!)… tudo isso vem me fraturando vários de meus espelhos narcísicos. Mas que a crítica não toque na minha utopia: ainda verei, por exemplo, Tuzé de Abreu & Gereba pondo o seu som no Farol algum belo dia - quem sabe já no primeiro pôr-do-sol de 2009? (Alguns de meus mais diletos amigos estão no poder… estadual. Ideologia…)
E vejam como daqui eu acendo - em eclipse oculto - mais e mais a minha própria estrela quando revejo mía rosa amarilla! Que onda, Caetanino, “gostosa” é um ‘termo-axé’ muito rasurador dos encantos dela: ela é uma gostosura no texto e em todas as tessituras! Parece personagem escapada tanto do Cântico dos Cânticos, quanto dos Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão. E, quiçá, será a andaluza que João Cabral tanto já preredizia?
Nelson AND Telecoteco dos Anjos, só pra matar vocês de inveja, já estou inciando um outro nível de vínculo com Heloisa, Miriam Lucia e Tyrone, através do orkuto-circuito!
Puxa, peguei o Verdade Tropical pra reler… pela página 206, a que abre o capítulo sobre A Poesia Concreta na edição de que disponho. Porém o livro é um livro é um livro é um livro.. que se quer apreender o total (ah, bruta flor do querer!), e se recusa a ser lido ou relido de qualquer ponto meridiano - a não ser de um modo integral ou in-fi-ni-ti-va-men-te pessoal!
Mas Salem e Gilliatt, se eu, como Maiakóvski, sei tra(re)vestir-me de um rebelde Titanic, ou de um ser mítico wallysalomônico (um icaropterossauro?), eu trocaria “dinheiro e glória” pra ser como vocês, tão diretos, simples e humanos: uns amores de pessoa.
Assim que eu puder, virei com meu próximo catatau catatômicos - que acho que intitularei: ‘EXPERIMENTALMENTE, E TÃO SÓ SOMENTE SOBRE ESSE ZUM ZUM ZUM’
-Por agora, cliquem com o botão direito e peçam pra abrir em outra janela ou aba do seu ‘navigador uéb’, e então já ouçam, do cardápio de gravações, minha atual e também próxima trilha”:
http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=Musica&busca=Acabou+chorare¶m1=homebusca&q=Acabou+chorare&check=musica&x=50&y=7
p.s.:
1. Tem mais um ser misterioso, cor de romã, navegando em silêncio nesse infocaetamar que quero destacar. Só sei que chama-se MIONE e me escreveu um e-mail numa língua inaudita de poeta, e com uma poética patafísica já bem própria.
2. Salem, com você, Gilliat, Telecoteco, Nelson, Exequiela AND Heloisa, e com quem mais interessar possa, queria contar pruma sagarana: escrever e compor, em homenagem ao noso deus pagão, Caetanino, a canção “Peter Pã”, pra qual estou buscando inspiração em Khlébnikov e Sousândrade. Vejam Peter e Pã na Wiki:
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A3_(mitologia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Pan
Caetano,
Adorei Marcelo Camelo é a coisa mais nova. e me lembra você quando estava começando.
Miriam… me alegro que te hayan gustado los videos! Yo también adoro a Piazzolla (sabés que el nieto es un excelente baterista de Jazz acá… el otro día lo vi en el cierre del festival de Jazz, tocó antes de Rosa Passos.. qué rosa!)
4 de noviembre de 2008.
Hoy puede ser un día histórico para Estados Unidos: un presidente NEGRO… en una país donde ser negro es una gran carga. Más allá de si Obama es lo suficientemente negro, de si habló lo suficiente sobre el racismo, de si representa a los negros… él ES negro. Estoy segura de que siendo mulato con aspecto negro el problema durante toda su vida debe haber sido ser demasiado negro (y no demasiado blanco). Mejor aún que sea mulato, para que represente lo que hoy es casi nulo y mañana puede ser posible en Estados Unidos: la mezcla entre blancos y negros.
Les paso la canción en contra del racismo por excelencia para que recordemos lo necesario que es que hoy gane Obama (y sólo estoy hablando del tema racial… no me pongo a hablar del borracho ni el enano maldito). Encontré una traducción al portugués… espero que esté bien hecha.
LeAozinho: dijiste que te gusta más leer que escuchar música pero escuchala… siento que vamos a enviar una energía ProPulsada a EE.UU viendo este video. beso, beso.
http://www.youtube.com/watch?v=h4ZyuULy9zs
Strange Fruit (fruta estranha)
AMADO CAETANO,
Não entendi: os erros (sobre a postagem de CICERO E AUGUSTO) são meus ou são seus??? Se são meus, gostaria muito que os apontasse, pois uma das finalidades, creio eu, do seu blog é a comunicabilidade e o aprendizado mútuo. Desde já agradeço!
ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.
Uau! Saborosíssimo debate. De fato, a axé music não pode se privar nem ser privada de uma fortuna crítica. Muitas vezes só elogiar e defender é jogar contra. A esta altura já está mais do que consolidada, o negócio é ir adiante. E se dar ao respeito para poder exigir respeito.
Rock, até os anos 60 era considerado lixo comercial. Aqui, nos EUA, no UK, no mundo. Leia declaração de Frank Sinatra que reproduzi no encarte de “A Foreign Sound”. Era uma reação típica.
Heloísa, quem não releu “Verdade tropical” fui eu.
Meu apoio à axé music é nota dissonante no concerto chato das opiniões autocomplacentes. Sou o mais apaixonado amante da música de carnaval baiana. Seria o crítico mais feroz de aspectos de sua realidade social e estética, mas a força que querem negar é o que preciso defender para viver com seriedade.
Chuck Berry (realmente um bom músico e poeta do rock): “fiz tudo por dinheiro”.
Hermano, achei a entrevista de Zizek muito mais sensata e menos pose-pra-chocar do que o livro com a guilhotina na capa.
Os erros de redação no post sobre Cicero e Augusto mostram quão impensada e confusamente ele foi escrito.
Por que para falar de rock você tem de considerar todas as vertentes (de várias épocas, de modo sincrônico) e para falar da axé music não basta falar no que vai de Dodô ao Muzenza, de Moraes a Cláudia Leite, de Psirico a Netinho, de Luiz Caldas ao Ilê, de Gerônimo a Chiclete? Riquezas são são diferenças. Ou será que o rock é uma grande cultura complexa e a axé um fenômeno unidimensional?
Glauber, eu não digo que o rock “já era lixo cultural” na época do tropicalismo, mas que “AINDA era lixo cultural”. Os ingleses, os Beatles, é que deram-lhe o upgrade. Sem eles, no Dylan , no nothing.
Gerações de jazzistas - aqui e nos States - acusaram o rock de ter matado o jazz. O primário, comercial, brutal rock, de ter matado o refinado e complexo jazz. Hoje o rock é que é tido como refinado. Mas a força energética de seu período selvagem e comercial está esvaziada, como a do jazz a partir do be-bop e do cool. Dialética do entretenimento.
Adoro axé music. Moreno, que me conhece melhor do que eu mesmo, disse: “meu pai não gosta de nada”.
Adoro rádio. Leia “Verdade tropical”. Gosto de cantar, desde criança. Adoraria ter mais talento musical para poder sentir ainda mais prazer em cantar. Mas não sou principalmente um ouvinte de música. Quando (raridade!) acho um restaurante sem música ambiente me sinto feliz sem saber por que. Chico Buarque descreveu precisamente: para músicos, música nos lugares atrapalha: se é ruim, nos irrita; se é boa, nos rouba ao lugar, à conversa, à comida. Ouço música. Mas parágrafos longos, se bons, me prendem: ler Proust é uma das maravilhas da vida. Já a audição de peças musicais longas me induz a pensamentos digressivos.
se considerarmos a origem podemos identificar tanto na bossa nova, no tropicalismo e no rock brasil características urbanas, burguesas, de ruptura ou transformação. Por outro lado o axé, o pagode e o sertanejo vem da periferia ou do interior com arquétipos bem mais populares e conservadores. É inegável que em qualquer dos gêneros se produziu momentos artísticos notáveis, mas a apreciação dessa produção combinados com o momento histórico em que ocorreram determinam também os gostos de cada um. Tudo isso pode ter a ver com alteração da agenda política nacional e da ampliação do mercado, a inserção de um novo contingente antes marginalizado ao consumo que chegou com sua cultura mudando o eixo. Mas a questão continua: que país é esse.
Glauber mestre
concordo muitão com o que você diz. o tal joguete (deixei claro que ele foi produzido pela minha cabeça no hiato ente 2 raciocínios diferentes) não teve a intenção de “roubar” no jogo.
Quando você diz da falta de “tom waits, villa-lobos, youssou n’dour, genival lacerda, caetano, leadbelly, ravi shankar, etc.”. Onde eles “faltam”? Eles nunca tocaram nas rádios. Genival nas AMs e Caetano nas FMs vez em quando. Mas, num certo sentido, o que você gosta de ouvir (e bate muito com o meu gosto) nunca foi exatamente uma produção massificada por aqui.
Minha filha gosta do Hermeto e da Sandy! Você consegue acreditar nisso? Também fico chocado. Mas ela é de uma geração menos presa a essa discussão produzida desde os anos da ditadura, onde a produção de massa brigava com a produção de vanguarda, ou de resistência. É disso que eu falo.
Não gosto da idéia de que o cansaço e a saturação da minha geração (nem sei se temos a mesma idade) contamine os neuro-transmissores de quem está pensando, produzindo e fazendo música hoje. Sei que você está em atividade. Eu também estou. Tenho meus mestres, meus ídolos, minhas referências e nenhuma delas está no mundo do axé.
Mas isso não me descola como cidadão ouvinte. Não me credencia como julgador onipotente. Não me satura. Não me cansa. E por vezes me diverte. O diálogo entre a música ruim boa, o muzak, o brega, o axé ventilados pelas ondas não é ruído pra mim. Pelo contrário. Esse tipo de musicafonices se mesclam ao que ouço com afinco e amor.
São experiências distintas, mas que fazem sentido, quando entro no estúdio e faço o que faço. Ou quando pego o meu el cabong e toco. Boa parte da produção daquilo que chamamos ARTE está referenciada nessa possibilidade de diálogo subjetivo.
O que me incomoda é o filtro do ressentimento, da queixa. Também quero “luxo para todos” e isso inclui acesso à ARTE e à entretenimento sem melancolia e pressupostos tão frágeis.
Você tem filhos?
abraço
Fernando
Hermano…eu não postei na mesma hora do caetano, são 15:47…entrei pra ser moderado lá atrás…estranhei…1:41 ou seja, 13:41?…
bjs. bom dia
oi Caetano: eu não estava falando da entrevista como um todo: estava falando da parte sobre as cidades: parece que ele pensou: “todo gringo que chega aqui elogia Salvador e Rio - vou elogiar São Paulo…” -e depois não sabe defender São Paulo direito… eu teria outros argumentos - como estes aqui (que têm a ver com o corrente debate sobre axé music):
http://www.overmundo.com.br/banco/release-do-disco-sollo-de-leandro-lehart-em-pdf
ou mais recentemente:
http://www.overmundo.com.br/overblog/bercario-do-samba
e muito mais
Na recente lista dos 100 maiores artistas brasileiros, lá estão os bons baianos marcando presença: João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury.
Sempre desconfiei um pouco dessas listas, mas fiquei imensamente feliz em ver a Bahia tão bem representada.
Axé, Caê!
O cd do Marcelo é lindo, numa primeira escutada achei estranho, depois não parei de escutar. Exige-se um ouvido atento e fica mais gostoso lendo as letras e dançando.
Beijos.
o que o caetano falou sobre sua escolha em ressaltar o axé em suas belezas, bate com o que eu pensava que ele pensava. respeito e compreendo essa posição.
bonito o que o gil falou. compreendo perfeitamente.
salem, tenho uma linda filha de 5 anos chamada clara. meu grande amor. aah, não há filtro de ressentimento algum, eh só análise, opinião. continuo fazendo arte, fazendo canções, mas não eh daí que tiro meu dinheiro. não to advogando em causa propria, prq não to lutando por espaço algum. não quero ter uma carreira artistica. acho um saco. gravo, coloco no myspace, gosto de criar, construir uma estetica, simbolizar minhas quizilas, minhas alegrias nas canções. juro pra vc, a ultima coisa que quero da vida eh fazer tour, dar entrevista. me preocupo com a educação, a formação das pessoas nesse país, sem ressentimentos.
p.s.: foi bacana todo esse papo aqui com caetano, salem, nando e outros. mas sinto que ele perde sua urgencia diante da eleição americana hj. creio que o caetano vai escrever sobre o assunto em breve.
abraço a todos, gente boa!
“Meu apoio à axé music é nota dissonante no concerto chato das opiniões autocomplacentes. Sou o mais apaixonado amante da música de carnaval baiana. Seria o crítico mais feroz de aspectos de sua realidade social e estética, mas a força que querem negar é o que preciso defender para viver com seriedade”.
Pronto. Era isso o que eu queria e precisava ler. Ufa.
Também sou apaixonado amante das músicas de carnaval baianas. Mas só das boas.
A música baiana de carnaval (aka axé músic) é complexa, não unidimensional e valiosíssima - e é por isso que eu exijo qualidade e respeito.
E o rock é uma grande cultura complexa.
Beijo, my dear.
Sim Miriam Lucia, muitas cidades da Sardenha, principalmente as do norte da ilha, da região de Arzachena e Sassari (Olbia, Canigionne, Santa Tereza di Gallura), ficam “congeladas” por cerca de 8 meses do ano. No verão- state - a temperatura atinge 40 graus. O vento frio que desce do norte é conhecido como “maestralli” e agora, graças ao Enzio e a você, sei que aquele vento quente infernal que sobe do sul e que me sufocava se chama “sirocco”.
Baci per Congietta de San Pantaléo!!! Ringrazio della cordiale acoglienza em su cuore.
Exequiela, pelo comment bem “cabível” de Caetano ( via Frenéticas) vc pode cambiar agora de “Helter Skelter” para “Honk Tonk Woman”. Você também canta Chet Baker?
Enfim, como diria Noel, “papo de pangaio” à parte, hoje é dia 04 de novembro, segundo decanato de escorpião, e dia de mentalizar o mentra OBAMA…OBAMA…OBAMA…
http://www.youtube.com/watch?v=m226Ht3HpPs (aí vai uma gravação que achei no youtube. É tecnicamente precária, como aliás erma precárias as apresentações do Camisa, mas dá pra sentir a pancada.)
Abraços.
Em outra vertente há aquela música feita mesmo com o propósito de animar. Uma música estritamente carnavalesca que não pode ser desmerecida pelo simples fato de exautar a alegria.
A música da Bahia é muito grande. Vem lá dos tempos de Dodô e osmar, da invenção do Trio Elétrico, dos blocos de Índio, da beleza inexplicável dos blocos-afro…
Só quem é baiano é que entende a dimensão disso tudo.
Enquanto este abelhudo não revem com o prometido zuzumbido catatatômico - eu já vinha falando dos ´novelhos´ baianos Tuzé de Abreu & Gereba, e até zumsussurrando que sua fruição pública no Farol da Barra é uma das minhas utopias musicais na Bahia, mas não dei maiores pistas a quem ainda não conhece a fundo o som deles. Espero ao menos oferecer-lhes agora um aperitivo com coisas que achei pela web.
Antes de mais nada, vou rememorar umas coisas. Até aqui, nada dos dois únicos dois shows deles aos quais fui este ano, na pérola ‘encendida’ sobre o mar da Baía de Todos os Santos, que é o Teatro Gamboa, foi youtubado. Mas as apresentações foram gravadas em vídeo por um assistente de Gereba!
Tuzé, muito contristado na primeira noite - com a morte recente de Caymmi -, contou como o buda nagô baiano chegou a fazer uma canção pruma campanha de cigarros, e, pasmem, ele tinha feito um registro dela que mais ninguém tinha, nem o próprio Caymmi. Tuzé a cantou modulada num arranjo simples e indescritível: ‘yog(ue)ú(m)nico’. Depois, Tuzé se saltimbancou pelo resto do show frevando de alegria. No dia seguinte, ele estava lindo… mas estranhamente tristriz o tempo quase todo. Entre as canções, ele contou outras estórias muito maviosas. Por exemplo, sobre a crise ou bloqueio criativo de Wally Salomão em momentos da produção que este fazia de disco de Gal Gosta. E a desculpa dada pra Gal: que padecia em momentaos tais da síndrome das “horas mortas”…
Gereba, ao lado das lembranças de um grande happening de mais de 4 horas de duração, ocorrido anos atrás no Teatro Vila Velha, que eu - para minha infelicidade suprema - perdi, em que, além dele e Tuzé, pintaram de susto ou convocados de surpresa Carlinhos Brown e Naná Vascocelos, contou do principal projeto em que atualmente se envolvia: encontrar quem letrasse uma série de valsas deixadas em instrumental por um dos reis do Brasil, o Luiz Gonzaga. Foram apresentadas uma já letrada por Tuzé, e outra por Jota Velloso. Jota apareceu na segunda noite e defendeu a sua canção - num festival íntimo pra mim e mais uns 70 iniciados…
Na segunda noite, além da participação de Jota Velloso, pintou Armandinho com sua guitarra mourisca-baiana. Mas não quero nem me lembrar de como Aramandinho foi de novo e sempre tão bom, isso me dói!
Nos demais papos que rolaram entre as canções, durante ambos as noites, Gereba desfiou detalhes deliciosos sobre como Gilberto Gil era recebido nos saraus que Luiz Gonzaga fazia em sua fazenda. Além disso, relatou recente São João ou São Pedro em casa de Dona Canô, na Santo Amaro da Purificação, com Bethânia presente e a princípio reclusa, mas que não mais que de repente saiu da toca, roubou a cena, e se saltimbancou - acho que feito como Tuzé saltimbanca. Todo adulto, para lembrar-se de criança, ganharia vendo Tuzé fazendo isso.
Se eu ouvi muito bem de Gereba, Bethânia irá gravar uma dessas valsas do Gonzagão letradas até aqui. Não me lembro se a letrada por Jota Velloso, ou se a letrada por Tuzé de Abreu.
Naquelas duas noites do show dessa dupla magnífica - e a da participação desses dois insesquecríveis convidados na última -, eu era tão feliz… E eu sabia disso!
Então, vamos à troca de links? Eiiiiaaaa! - ei-los:
-Pelo Dicionário Cravo Albin:
http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?nome=Tuz%E9+de+Abreu&tabela=T_FORM_A
http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Gereba
http://www.dicionariompb.com.br/detalhe.asp?nome=Bendeg%F3&tabela=T_FORM_E&qdetalhe=his
-Pelo CliqueMusic:
http://www.allbrazilianmusic.com/br/Busca/busca.asp?Status=BUSCA_GERAL&area=6&Chave=14237
http://www.allbrazilianmusic.com/br/Busca/Busca.asp?Status=BUSCA_GERAL
-Por Discos do Brasil:
Tuzé (participação como músico)
http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Musico=MA000552
Porciuncula, seus textos são, além de claros, inteligentes e instigantes - não há como compará-los aos meus. De todas as manifestações de baianos aqui - Caetano inclusive - penso que seu primeiro comentário sobre a axé music foi o mais lúcido e abrangente.Axé!
Nando, Glauber, Porciuncula e Caetano
De fato a frase “Meu apoio à axé music é nota dissonante no concerto chato das opiniões autocomplacentes. ” é forte. E se pro Nando bastou, pra mim deixou um certo mistério.
Ao meu ver, subimos um degrau. De que autocomplacência Caetano fala? Algo como uma espécie de benevolência com a Bahia? Se refere ao coorporativismo que Lobão chama de “máfia do axé”? “Auto” como sufixo se refere a um “EU” baiano ou a “NÓS” aqui do blog que defendemos o axé fazendo um “concerto chato”?
Desculpem a minha desinteligência nesse momento do papo, mas fiquei em dúvida. O “autocomplacente” que pro Nando foi suficiente, pra mim abriu uma novra festa.
De quem Caetano se queixa quando fala desse “concerto chato”?
A pergunta não é só pra ele… é pra todos que leram e o interpretaram, já que pra mim algo ficou no ar.
abraços
salem
Errata do coment anterior:
“novra festa” é “nova fresta”
e “máfia do axé” de Lobão é “Máfia do Acarajé”
‘Daniela é a Carmem Miranda do Século XXI’ como bem expressou a revista Rolling Stone.
O curioso é que ambos fizeram e fazem sucesso no mundo e continuam preservando suas raízes. Isso é bárbaro.
Existem duas Patrícias, sou aquela que espreita a conversa da cozinha, que confessa querer ser chamada de querida, que está longe, silente mas não de tudo perdida.
Quantas palavras! Poucas pausas.
Gosto muito de ouvir música, mesmo sem o talento musical de Caetano e de alguns de vocês. Não sou voz, sou ouvidos e olhos a navegar entre som, silêncio e palavra. Talvez o fato da distância do mundo dos outros desde muito me coloque mais perto da música.
Do outro lado do espelho, tem música para viajar entre histórias, mundos e impossibilidades. Ouvi dizer que idéias são sons pincelados no ar: movimento.
Quando ainda falava sobre jornalistas, Caetano insinuou que deixar brotar impressões sobre música seria mais fácil que falar sobre outras manifestações culturais. O caminho seria fácil e a fórmula pronta. Entendo o pensamento. Mesmo os mais secos ou frouxos que escondem ritmo e carregam certezas, endurecidos com certa dose de mentira temperada e estéril, são possíveis de tocar com uma nota só. E ainda assim, vai entender, existe gente que não ouve, repetidamente, o mesmo som.
Mas deixo a filosofia pra lá, porque só passei para o café. Quem sabe, do outro lado do espelho, a bisbilhoteira da cozinha, amante das histórias, das palavras e das construções para dizer o mesmo de maneira diferente, das regravações para cantar o mesmo de modo diferente, do texto editado ou vomitado, possa ouvir, ler e ver música.
Olha lá, um pé de samba, um pede mais, um mar de som, um ar de jazz, um rio de som, um ri de Tom, um pé de rock e a chuva cai. Shhh! Olha! É um pé de silêncio! Rio, um pede margem e o outro, pai.
Quem disse que todo baianao gosta de Axé?
Não gosto. Não gosto de carnaval, mas simpatizo, por exemplo, com a Daniela Mercury.
É uma menina bastante talentosa. Dança bem (bailarina formada), canta que é uma beleza (vai de Tom Jobim a Ilê Ayê com toda segurança). Aposto que se tivesse nascido nos EUA seria um desses ídolos mundiais. Teríamos então: Michael Jackson, Madonna e Daniela Mercury!
Mania dos brasileiros em desmerecer produtos que tenham a cara do Brasil. Porque só o que vem de fora tem valor???
Lembro-me que a primeira vez que ouvi a música do É o tcham, ainda quando a Carla Perez balançava legal a bunda, pensei o que era aquele som que todos consideravam “vulgar”; eu bem sabia que o critério de vulgar e não vulgar não cabia para aquilo, não dava pra dispensar “a maravilha e a marmelada” de música popular brasileira que era aquilo; aí comecei a ouvir o Harmonia do Samba… (o rebolado do Xandi)…
Atualmente gosto muito das transformações que o Caetano faz,como aquele axezinho do Noites do Norte ao vivo: eu te quero só pra mim/você mora em meu coração/não me deixe só aqui/esperando mais um verão… sem falar da dialogada com a canção “Dom de Iludir” quando ele põe o funkizinho “um tapinha não dói”… TUDO DE BOM.
aah, tenho aqui no meu pc, uma especie de museu em mp3 com cerca de 2.500 discos, gravações de 1910 ate o fim do seculo xx. um panorama da musica do seculo passado. tem raridades brasileiras, turcas, indianas e principalmente, folk/rock/pop, musica americana e seus “parentes” ingleses.
eh algo que quero compartilhar com a garotada num futuro proximo. to pensando em como viabilizar isso. obra em progresso, haha
heloisa
canção em duas versões pra vc, me diz se gostou de alguma e de qual gostou mais !
caetano acabei de descobrir com este video em que bethania fala de vc que no fundo irmãos são sempre irmãos ,só muda de endereço.
http://www.youtube.com/watch?v=sJN_a8dy7kU
http://www.youtube.com/watch?v=Y_0ag0GQuHc
ROBERTO
ô roberto agora fiquei com ciumes rsrsrs…
Quando falaram do encontro musical entre Daniela Mercury e Dulce Pontes fiquei intrigado: Dulce Pontes cantando Axé?
http://www.youtube.com/watch?v=1Raemmdqi5g
Nelson, novamente concordamos em quase tudo. O que é preciso para viver? Na minha lista acrescento Caetano (esquecimento seu, ou não?), Chico, Radiohead e Mozart. Adoro música clássica, e o Rachmaninoff que você mandou é lindo. Retribuo com um Mozart que, entre todos os sons, é o que quase me dilui entre seus acordes sublimes.
http://www.youtube.com/watch?v=6QAAZ29cvfU
NANDA!
Seu post 136 me emocionou profundamente. Veio um turbilhão de imagens na cabeça…Uma alegria danada de ser baiana…rs
MARCELO PORCIUNCULA
Caetano- David Byrne
Hace un par de semanas me enteré de esta “obra en progreso” , comencé a seguirla y con la última entrada de Caetano me decidí a escribir.
Voy a tratar de ser breve sobre lo que NO puedo escribir pero una pequeña introducción debo hacer. A fines del año 2004 se puede decir que entró internet en mi vida. La primera vez que envié algo escrito por mi a la red fue a la página de David Byrne, y hasta el día de hoy es al único lugar que lo he hecho de tanto foro y demás que anda por ahí. En ese primer post contaba cómo había entrado su música en mi vida y en algún momento dije que mis dos grandes “amores musicales” (perdón por la palabra amor, se que no la puedo decir pero es lo que escribí en esa oportunidad, lo juro) eran él y Caetano. Sobre Caetano no me extrañaba porque mis padres lo habían escuchado primero y digamos que hubo una transmisión desde chiquita por una especie de “osmosis” .Lo que si me ha intrigado es el asunto de DB dado que mis conocimientos musicales son nulos y mi inglés deja mucho que desear, pero en este caso fue una especie de amor a primera vista desde que lo descubrí.
Para la Navidad del 2004 (¿o 2005?, no me acuerdo) recibo de regalo de Papa Noel de mis padres el libro “Verdad Tropical” . Lo comenté en la página de DB y conté del grito que pegué cuando vi la dedicatoria del libro. No lo podía creer. Había visto en algún disco de DB agradecimientos a Caetano pero hasta ese momento no sabía de la relación más estrecha que los unía.
Bueno, el tiempo pasó y yo seguí escribiendo cada tanto “para nadie” dado que era la única persona que lo hacía en español y a decir verdad salvo una persona que a veces traducía partes de lo que yo escribía (noruego de nacimiento, norteamericano por adopción y también fanático de la música brasilera) que me daba ánimos para que siguiera escribiendo, el resto cero pero cero corte.
Yo seguí escribiendo sobre cosas que leía, hablé de las traducciones, de lo que es venir de un país “inexistente” a nivel mundial, de las dictaduras latinoamericanas, del exilio, de política, de “filosofía” , de los desaparecidos, de música, de películas, de libros, de los imperios (y recuerdo que en su momento dije que Brasil también era un imperio), del mundial del 50 y de que a veces parecía como que ese acontecimiento hubiera sido lo más importante que le pasó a mi país, de los “centros” y las “periferias”, etc, etc. (aclaro que no soy experta en nada de esto). Alguna vez comenté una reseña de un show que dio un músico uruguayo en España donde el crítico empezaba la nota diciendo algo asi: “Como si Caetano Veloso y David Byrne……”. Al parecer no era la única que los unía. En definitiva, debo ser la “loca” que escribe en español para “nadie” pero a mi me encanta, es como una especie de terapia y también lo he comentado.
Conté a “nadie” de mis dos viajes en ¡Omnibus! a Bahía, haciendo escalas en distintos lugares, de otras vacaciones en Isla Grande, del verano que fuimos hasta Fortaleza, verano que llevé conmigo “Verdad Tropical”, de Olinda, etc, etc, destacando el hecho que la música de estas dos personas siempre estaba presente. Recuerdo estar esperando a que abriera un supermercado en Recife. Estábamos sentados en la parte donde entraban los empleados y hacía un calor insoportable. Yo leía Verdad Tropical. Cuando el super abre, entramos y al rato de estar adentro escucho Alegria, Alegria por la radio. Me encantó, es una estupidez pero sinceramente es un recuerdo muy vívido.
Para la navidad del 2006 recibí el CD Cè, hecho que también comenté. En fin, un pequeño resumen de mi vida “virtual” de estos 4 años que como se ve no es muy variada (pero totalmente fiel) a estas dos personas.
A ver, escucho cantidad de música diferente pero de las personas o grupos que están atrás poco me importa como personas o grupo en si mismos, sólo en el caso de ellos 2 siempre hubo un interés más pronunciado aparte de la música en sí, sobre otros aspectos de la vida (que leen, que comen, que piensan sobre ciertos temas, etc.). Por eso el journal de DB y el libro de Caetano los he disfrutado (y aún lo hago) un montón.
Recuerdo comentar un día que deseaba ser un pajarito para revolotear alrededor de los 2 para escuchar de que hablaban en sus encuentros, citando lo que Caetano comentó sobre sus encuentros en Nueva York.
Bueno, ya saliendo de lo que NO podía escribir y entrando en lo que SI puedo (creo, no estoy segura), vamos a lo realmente importante. “Verdad Tropical” me permitió ubicar en un contexto histórico, nombres, música y hechos que conocía más o menos y entender de que se hablaba cuando alguien se refería al tropicalismo. Realmente me ayudó a tener un panorama mucho más claro de la música en Brasil. Es un libro que consulto seguido, hay días que leo algunas páginas sobre determinado capítulo y lo dejo hasta la próxima oportunidad. Hace un par de días leí nuevamente el capítulo donde Caetano comenta como le “suenan” las diferentes lenguas luego de leer algo que el escribió. Como comenté, tengo cantidad de veranos pasados en Brasil y cantidad de amigos de viaje que hemos conocido en estos años. Muchas veces jugábamos a que pronuncien la palabra ferrocarril y nos moríamos de la risa porque la R, como la pronunciamos nosotros para algunos es imposible.
Hace un par de meses atrás le envié un cassette (se puede observar que estoy medio atrasada en la parte tecnológica) a un amigo que estaba enfermo. En el aparecía yo leyendo algunos cuentos, hablando y cantando (o al menos hice el intento de cantar). Seleccioné algunos Cds y de Caetano puse “Totalmente Demais”. Fui tarareando los temas y recuerdo que cuando llegué a la canción de ese nombre en una parte que dice “rock”, enseguida, casi sin darme cuenta la volví a repetir y la pronuncié como ”Gock”, pronunciando la G como si fuera a hacer gárgaras con la garganta con un jarabe para la tos o el dolor. Me divierte mucho los comentarios de Caetano sobre estos temas. Mi oído no logra diferenciar tan claramente las diferencias de pronunciación según las distintas regiones de Brasil pero si entre el portugués brasilero y el de Portugal. Recuerdo que estando en un tren llegando a Portugal, en una mi novio me dice, escucha, parece que hablaran en “gallego” y fue tal cual, “sonaba” como un español “agallegado”. Me encanta el hecho de que escribe “mucho”. Yo también soy leonina y si bien no hablo mucho, cuando escribo me divago totalmente y me voy por las ramas, así que no me ofendo si no publican esto por estar fuera de lo permitido. Bueno, tendría más para decir sobre Caetano, pero sólo voy a dar un ejemplo de cómo influyó el libro en mi vida. El mes pasado estuve en Buenos Aires, en el Malba y frente a un cuadro de Lygia Clark enseguida mi “cabeza” razonó: Cuadro-Lygia Clark-libro Verdad Tropical- Caetano. No estoy exagerando, es cierto. Así me pasa con cantidad de otras cosas. Es muy grande la influencia que ha tenido en mi vida a pesar que no me dedico a nada que tenga que ver con la música. Otra y tampoco miento: librería de usados- Tristes Trópicos-Levi Strauss-Caetano. Otra: el año pasado vino Vanesa Da Mata y me regalaron entradas para veral. Ni idea quien era. Entro en su página y leo Pedro Sá. OK, voy sin duda. Funciono así muchas veces. Bueno, tampoco en todo pero si en muchas cosas. También he comentado en la página de DB que a veces había cosas de Caetano que me “molestaban”, como que a veces se me hacía un poco “empalagoso” de más, no se como expresarlo en palabras y no tengo ningún ejemplo concreto ahora. Tampoco estoy siempre de acuerdo en sus comentarios políticos, aunque sobre esto tendría mucho para decir y no viene al caso.
Con respecto al disco de DB y Brian Eno, fue interesante el proceso de elaboración, básicamente comunicándose por email y el hecho que no haya una discográfica atrás. He seguido con interés al análisis de DB sobre los cambios en las formas de llegar la música, desde el super conocido de Radiohead a otros no tanto como Issa por ejemplo. Me parece super interesante esta “obra en progreso” que obviamente de aquí en más la seguiré. Más no puedo pedir. De la parte extra musical, de DB disfruto un montón el journal y he conocido cantidad de grupos a través de su página. De Caetano disfruté y disfruto un montón del libro y ahora con esto mucho más. Eso si, no me da el tiempo (también tengo que trabajar) para investigar cada cosa que nombran, sea libro, grupo, película o lo que sea pero muchas veces anoto y de a poco, despacito por las piedras como dice el dicho voy descubriendo cosas nuevas.
Bueno, podría seguir escribiendo sobre lo que No puedo por horas pero creo que ya basta y escribí mucho. Me quiero ir a ver la tele para saber quien es “nuestro” próximo presidente. Como he hecho en alguna oportunidad en la página de DB, le mando saludos a Caetano por si DB lo ve. En este caso hago lo mismo. Si Caetano lo ve por allí, o se comunica con él, que le mande saludos de Lucre. Quizás el sepa de quien está hablando. ¿Quien sabe?
caetano, hermano, salem, pessoal da banda cê:
acreditem, não há motivo para haver ressentimento e/ou autocomplacência. nós, os chamados “indie rockers”, sabemo-nos privilegiados. estamos no topo do mundo, somos gratos a isso e retribuimos com entrega e paixão. abraço sincero, nocês e obrigado. por tudo.
Por que isso seria menos maravilhoso do que o próprio Caetano? Onde é menor?
http://www.youtube.com/watch?v=zNag1bH0Es8
Teteco: Me fascina Chet Baker… Y me hace acordar mucho a la voz y forma de cantar de Caetano. La que más me gusta es The thrill is gone (no es la de BB KIng). La escuchaste? Cómo le contesta la trompeta a la voz!! AY AY AYYYYYYYY La traté de buscar en youtube pero no hay una versión de Chet. “Honk Tonk Woman” no es una cabaretera? Che!
Heloisa: siento que compartimos varias fascinaciones. Viste que ningún hombre contestó mi pregunta? Ellos son así: leves…(y me gustan así) Mujeres tranquilas quieren? Pero si después se aburren!
Ya este blog me está SUCCIONANDO demais.
Ay me olvidé de algo! Lo último antes de irme a soñar con los angelitos.
Porciuncula: apesar das ressalvas mútuas, estou certo de que estamos lado a lado e ambos olhando com amor para a Bahia.
O Renato (#184) disse em três linhas muito do que eu tentei dizer em vários e longos comentários. Viva o poder de síntese sem superficialidade.
Salem: autocomplacência eu entendi como argumentação pautada em gosto pessoal em vez de observar e valorizar um panorama bem mais amplo. Na verdade fui logo para a última frase do parágrafo. Faz tempo que eu tento entender um silêncio específico em Caetano que para mim nunca foi (só) de placidez, mas (também) de eloquência. Abração.
heloisa
musica pra mim é transcendencia….
agora fiquei curioso quando vc disse que “concordamos com quase tudo”….
segue algo que pra mim exemplifica em tentativa o que acabei de tentar verbalizar eu que não sei sequer empregar a crase direito ….
http://www.youtube.com/watch?v=S9ZVuV8Py24
O Mautner gravou “Positivismo” num disco chamado “Árvore da Vida”, de 1988.
Marcelo Porciuncula
Um abraço fraterno do Luiz Castello.
http://www.youtube.com/watch?v=eEYDIKe0oaI
Beijo.
Nando,
Acho que Caetano nos chamou de chatos e autocomplacentes.
Sobre autocomplacente, gostei do que vc falou “autocomplacência eu entendi como argumentação pautada em gosto pessoal em vez de observar e valorizar um panorama bem mais amplo.”Também fiquei na maior dúvida e acho que ele quis ser um pouco mais crítico ainda.
Claro que não gostei muito, mas… Repensei meus comentários. Não deixaria de dizer nada do que falei.
não fique comovida vc merece sim.
É, não identificado ficou bonitinha com Bethânia, mas a versão mais legal está naquele vinil do Caetano bricolage Beatles, que, entre outras tem os argonautas, marinheiro só, cambalacho, e a canção em que Gilberto Gil (aliás, o violão daquele disco parecer ser do Gil) grita o nome do Mariguela sem a censura barrela à época ter percebido; “Gabeira que me deu o toque”.
http://www.youtube.com/watch?v=1Ewv4Kr85Us&feature=related
Guido, esse vinil não saiu em cd? A gravação é linda mesmo, há muito tempo não ouço.
Maria João Brasil,
Quem dera a questão fosse de autocomplacência. Quem dera.
Quando quero comer acarajé procuro um que seja bem bonito e saboroso. Não aceito qualquer bolinho vagabundo de feijão. Mesmo que chamem de acarajé.
Com carinho,
heloisa com certeza.
http://www.youtube.com/watch?v=ExHsrh0hH-w
http://www.youtube.com/watch?v=22pS8rZWcE4
a palavra de ordem agora não é mais change.
É CHALLENGE.
Fiquei emocionado ao reler, hoje, o capítulo do encontro de Caetano com os irmãos Campos e Pignatari; é uma síntese das antíteses do período cultural do pais; é uma aula obrigatória.
Heloísa: nunca vi o vinil branco em CD.
Heloísa,
Se usarmos mais (este tópico) podemos retardar o fim do blog? Não entendi direito, mas se for isso, vamos usá-los todos!
O album branco do Caetano, de 69 e que abre com Irene, sempre esteve em catálogo (como todos os outros; em qualquer lojas Americanas é possível achá-los).
Ah! Você conhece um filme chamado “Todas as Manhãs do Mundo”? Belíssimo ensaio sobre a vida do virtuose do cello Saint Colombe, vale a pena uma conferida.
Abraço,
Heloísa, um beijo. Não reli mas repensei o “aleijão”. Nunca esqueça o que escrevi. O erre retroflexo, predominante no inglês, me soava estranho ao espírito do português. O erre forte, tipo italiano, e o gutural, tipo francês - assim como a mera aspiração - me pareciam naturais, tanto no Brasil quanto em Portugal. O retroflexo era quase tão estranho quanto o chiado que atrizes (e peruas) faziam em lugar de qualquer desses outros tipos (”cantarshhh”, “dizersh”, o chiado funcionando como se fosse um prolongamento da fricção da língua no palato). Entendo que uma pessoa nascida em região onde todos pronunciam o erre retroflexo achará a classificação de “aleijão” ofensiva. Não é a intenção. Mas sei que falava de algo real, vivido pela maioria dos falantes brasileiros, entre os quais me punha. Na verdade não gosto muito da idéia de que todos os sotaques são igualmente bons. Não funciona. Os próprios falantes de áreas com carcterísticas demasiado distantes do padrão médio adotado não se sentiriam bem ao serem acolhidos na comunidade geral por essa razão. Amo o sotaque do interior de São Paulo com erre retroflexo e o homenageei em “A Outra Banda da Terra”. Assim como, nos anos 70, pronunciava os ós e os és àtonos abertos em minhas gravações (Bethânia, Gal e Gil faziam o mesmo), afirmando a diferneça baiana (e nordestina). Mas antes dessa fase todos nós quatro fazíamos como João Gilberto (que, falando, tem sotaque de Joazeiro): adotávamos as vogais breves dos cariocas, que eram a tradição entre cantores e era base do padrão nacional. Depois dos anos 80 voltei a fazer isso. Achei mais bonito e natural. Na verdade, faço isso como base, mas posso eventualmente pronunciar um “coração” com o ó aberto. Depende. Não gosto de inventar que não há regras nem padrões. É falso. E as regras é a língua viva que cria. Sei o quanto os centros de poder (cidades grandes, capitais etc.) são determinantes na construção de regras, seja de gramática, seja de fonética. Classes sociais também. Mas a língua viva é feita dessas realidades humanas. E por entre elas vai-se fazendo. Tenho horror de quem deseja humilhar os outros. Use para isso a língua ou qualquer outra arma. Mas gosto de ser realista. Acho bonita toda a movimentação de timidez, orgulho, humor, carinho e reconhecimento que as diferenças dos falares propicia. É a riqueza da vida. Não sinto culpa ou me encontro em erro por ter usado “aleijão” naquele contexto. Mas, olhe, isso aqui é só de memória. Vou reler. Me aguarde. E: just one more kiss for now.
Salem: “autocomplacente” é toda essa sensação de “sou chique e ético, portanto, não admito axé music” que a crítica jornalísitca alimenta e com que muita gente se identifica. Tou fora. Não vi aqui no blog expressões grosseiras disso. Apenas ecos dessa onda já velha - e quis me posicionar, mais uma vez, de modo a não deixar dúvidas. Marcelo Porciúncula tem razão em identificar essa reação com a que o rock sofreu nos anos 50 (e mesmo depois).
Pô, vocês vão insistir nessa relação entre axé e rock’n roll? Querer justificar algo relacionado ao axé citando o impacto inicial causado pelo rock (e as reações desencadeadas desde então) eu acho muito despropositado. Ou queimaram discos de Sarajane em praça pública e eu não fiquei sabendo?
Com a idade da (música, perdoe Caymmi) axé, o rock já havia empreendido inúmeras guinadas estéticas, não ficou engessado numa alegria quase autista pautada no “Vejam, temos problemas mas sabemos/conseguimos dançar!”.
A idade mental do rock e do axé é a mesma: a idade da adolescência. A diferença é que o espectro emocional do rock é (muito mais) amplo, vai da serenidade à depressão, da euforia saudável à angústia, da introspecção e do misticismo à raiva; do questionamento topetudo ao silêncio suicida; da mesma energia que contém a axé-music a outras que a axé e a maior parte do seu público nem sonham que existem - porque não permitem, não deixam.
Mas falemos então que o rock nos deu letristas como Lou Reed, Neil Young, John Lennon, Thom Yorke ou Bob Dylan; que nos deu melodistas como Paul McCartney, Johnny Marr, Brian Wilson ou Arnaldo Baptista; instrumentistas como Bill Bruford, Jimi Hendrix, Garth Hudson, Robin Guthrie ou Edgard Scandurra; cantores como Robert Plant, Steve Winwood, Joe Cocker, Renato Russo ou David Bowie.
Ou seja: o rock é um estilo completo, em todos os quesitos. Do texto às exigências mais profundas harmônica, rítmica e melodicamente, utilizando toda a paleta emocional e existencial tematicamente.
Axé music está longe, muito longe disso. E não é porque não possa estar (ao menos um pouco mais) perto.
-pra Exequiela
NIÑA DE LOS PEINES
SOBRE A SUGERIDA FUTURA REVISTA WEB “VIVA” & MAIS OUTRAS PALAVRAS…
…outras palavras também com o botão direito do mouse, abrindo o link em outra janela:
http://www.caetanoveloso.com.br/sec_discogra_view.php?language=pt_BR&id=19
XXX
Diamantino SALEM
Acabei de ver sua postagem na outra página da letra da canção “Peter Pan”, de Rita Lee! Engraçado, não lembro na voz dela. Vem-me à mente a voz de Nara Leão. Que já a interpretou, ou sonho? Se já foi interpretada por Nara, nunca atentei pro título. Áudio de Rita e Nara com esse título não está disponível na Rádio Uol. Procurei bem rapidamente no Google e o Youtube, nada achei; exceto a própria Rita no Terra Sonora, que exige assinatura para ouvir a canção.
Alguém que divulgarei, na minha próxima ‘comentação geral’ nesta página, acabou me enviando algo, por e-mail, que penso aproveitar pra letra de “Peter Pã”. Estou relendo a fábula KA e os poemas que conheço em português e em francês (única língua estrangeira em que consigo ler literatura, ao lado do esperanto) do Khlébnikov. E, na tentativa de imaginar a transposição do Pã mitológico pro mundo urbano industrial e pós industrial, sobretudo me inspiro ainda no ‘Guesa Errante’, de Sousândrade. E por falar no Guesa e seu autor, para o caso de alguém se interessar, eis uma delícia de jogo, armado entre os poetas Claudio Daniel e Elson Fróes:
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/cdsousandrade.htm
Ah, em algum momento me dirigirei ao pessoal da Allinmedia prum lero sobre os meios necessários para a montagem de outro espaço paralelo ou ao fim deste. Andei vendo outros espaços montados com o Wordpress. Comparei este espaço de Caetano com outros que reputo também ótimos. Tudo como ponto de partida para aquela minha idéia de uma Revista web “viva”. Na trilha da novidade que veio dar nesta nossa praia aqui e que admite mais e mais desenvolvimento (fundindo blogue, fórum de discussões e rede social ou de relacionamentos virtuais, como eu já disse), até dar na qualidade de uma nova e rara “Sereia”…
Dentre todos nós, sempre repetirei, vejo em você o número 1 pra integrar a equipe dos “focas” fixos de uma publicação online dessas, e vou exemplificar isso aqui bem espero que muito em breve. Já pensei em vários pontos: inclusive na sustentação financeira, para custeio das despesas de manutenção da Revista girando no cyberespaço, e até em algum “retorno” monetário aos “focas”. Teríamos alguns “focas” fixos espalhados pelo Brasil (e no mundo, incluindo, por certo, a Argentina de Exequiela), e mais os “focas-colaboradores” em situações ou ocasiões especiais. E, é claro, assinantes-comentadores pra dedéu!
A moderação da postagem dos “assinantes-comentadores” somente se daria a posteriori, e puramente assim: apagando-se nos casos de pichação.
Pensei até num nome, retirando o -ência de impertinência e o -perspic de perspicácia, para fazer uma fundição dos restos anômalos deses dois substantivos - o que pode soar estranho, mas produzindo efeito interessante: impertinácia. A Revista Impertinácia.
XXX
Geminado NANDO
Está provado, pensado, verificado… versificado que aceito enfaticamente a indicação de leitura que fez pra mim na outra página! Livros para mim se tornam seres vivos. Grato, por me proporcionar dica de matéria verbal desse jaez a fim de espessar ainda mais o “caudal” de referências de minha vida!
Em todo aquele papo sobre música acima, epigonizado dentre outros por você, e cujo impacto transfigurador pra mim já assinalei em outra parte deste blogue, tenho como momento dos mais significativos aquele em que Salem, tabelando contigo, conclui que não há porque se chegar a uma conclusão. Nada daquela história de uma dialética que se resolva em síntese pacificadora de todos os possíveis e outros ricos sentidos. Abaixo o entendimento geral!
Como a transfiguração pela qual passei não é nem pôde nem algum dia poderá ser completa, é obra em progresso, tenho ímpetos de retornar a qualquer momento ao assunto, e em tom nunca menor ao tom autocomplacente por mim já ensaiado, para que eu possa entoar então meu próprio Cântico, em acorde que jamais soará perfeito maior, mas que, enfim, possa redundar num papo a partir de minha própria relação, sim, com a música, e, por tabela, com a relação dos que, sendo - tanto melhor - diferentes de mim, mesmo sem andar de braços dados comigo, irmanam-se comigo nesse ponto, ou seja, sobre a vivência que venho experimentando do estreitamento em que vou imergindo ano a ano, a do afinamento da esfera social da música de que gosto mais, e que há muito se acha desprovida de espaço pra sua fruição e propagação criativa públicas, a conseqüente e crescente condição em que me ponho por conta disso de ser um resistente, e a minha - não me agradam também essas palavras nem as próximas - ‘fatal’ “conversão” em um ‘iniciado’ (isto quando consigo fruí-la em conjunto com alguma parcela de público, quase sempre diminuto e que pouco se renova), e com a transformação da música em “sacerdócio” pessoal quase que só privado, uma ’seita’ de solitários.
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P.S.: Vocês e os outros caetanautas não acham que essa SETA TERRÍVEL que segue reta percentando o que nos resta de sobrevida na infocaetanave bem que poderia ser substituída por aquele símbolo enredante da Travessia contido no final de “Grande Sertão: Veredas”, do Rosa, transposto estilizado e enorme, com a imagem ou desenho do rosto de Caetanino aparecendo sempre em algum ponto do enredodesenredo, servindo, pois, de vinhetinha, e a cada dia ou parte do dia passando, passando, como se dando volta e voltas num Autorama?
AH no LeAozinho!! Mandando besos a otras!! Voy a dejar de ronrrrronear y saco las uñas eh!
Que pasen un buen fin de semana todos.
Un beso para todos menos para el LeAozinho. A vos te mando un apretòn de manos solamente.
Roberto: Gracias por todo lo que me has estado mandando…Mi gatita leonina (Paquita) te agradece la inclusión en Orkut. si este blog tiene fin (lo dudo) te ayudo si querés en tu proyecto de armar un blog nuevo. Ya tengo tres sitios web (dos de traducciones y uno de alquiler de apartamentos en BA) y me fascina todo lo relacionado a Internet. Lo único que Wordpress todavía no lo sé usar bien porque el blog de mi sitio Transpanish me lo hicieron. Si tengo tiempo, me pongo a investigar cómo se usa. Me encantarìa que el día tenga más horas para tener tiempo!!! Y hacerlo en blogspot que ya està prearmado?
Meu poeminha a seguir vai pra Chris Apovian, Exequiela Goldini (sempre pra ela!), Heloísa e Miriam Lúcia, e todas as “gostosas” (preferiria dizer: “tigresas”) que embarcam nesta infocaetanave, e também pra Lícia, representante dessas misteriosas criaturas, as caetanautas e os caetanautas ainda silenciosos:
NAU GREGA
N.B.:
1. Os adjetivos “nívea” e “ébana”, conquanto tonifiquem o poeminha como discurso política e racialmente correto, nem por isso diminuem-lhe a selvagem candidez (ou, seria melhor dizer, autocomplacência ferina?) de sua eroticidade helênica.
…É PROIBIDO PROIBIR A AUTOCOMPLACÊNCIA!
Sou vidrado em Verdade Tropical. É um livro muito doido - este que estou doidamente relendo. Quando o li logo na saída do forno, já tinha ficado um tanto tonto. Algumas referências que eu pensava propriedades “privadas” minhas estavam ali, apoderadas por “outro”. Os meus subterrâneos mais recônditos ganharam asas não apenas ante os subterrâneos abissais caetânicos, como com um impreciso mas difuso e famigerado “inconsciente coletivo” magmado em todo o livro. Um exemplo só. Jorge Mautner era um titã, ou melhor, um Titanic, só meu (assim como Maiakóvski sempre o foi pra mim) - mas tive de compartilhá-lo com o Caetano!
A Introdução do livro não é menos foda. Muito fela da puta, esse mano Caetano. Somente pra quem ainda se permite a dor e delícia de encarar uma leitura catatômica, transcrevo do intróito estes preciosos verbos, em que o pensautor, ao declinar o projeto mais geral da obra, descreve as suas características e o tom nela empregados:
“(…) Não é uma autobiografia (embora eu não me negue a ‘contar-me’ com alguma prodigalidade). É antes um esforço no sentido de entender como passei pela Tropicália, ou como ela passou por mim; por que fomos, eu e ela, temporariamente úteis e talvez necessários um ao outro. O tom é francamente autocomplacente (seria de todo modo requerida uma grande dose de autocomplacência para aceitar a empreitada). Prometi a mim mesmo planejar minha vida de modo a poder parar em casa por pelo menos um ano para escrevê-lo. Incapaz de cumprir tal promessa, terminei tendo de usar furtivamente os intervalos de gravações, as madrugadas em hotéis depois de shows em excursões, as folgas dos ensaios e as (poucas) horas vazias das férias de verão em Salvador para fazê-lo. Tive também que me permitir transitar do narrativo ao ensaístico, do técnico ao confessional (e me colocar como médium do espírito da música popular brasileira - e do próprio Brasil)…”
Quando releio e me deparo com “médium”, contido nesse último parêntese… arrepio-me - sem ironia - de todo!
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…EU PREPARO UMA COMENTAÇÃO GERAL EM QUE ALGUNS SE RECONHEÇAM, EM QUE MAIS OUTROS SE RECONHEÇAM, NO ENTANTO SEM PRECISAREM ENTOAR EM UNÍSSONO COMIGO O MESMO CÂNTICO
Esta postagem de Caetano tem ainda tanto por desbordar: é quase inesgotável. Além do papo proliferado sobre a propagação e qualidade da música baiana & das demais músicas humanas, como o fado (estou “pegado” em Sabujo e não me desapego mais), qual a razão de Cornelius e seu som terem sido mencionados uma única vez nos comentários? Ninguém mais sentiu estesia com o japonês? Lígia Clark reclama mais dedicação pela importância de seu papel na história da arte contemporânea brasileira do que as nossas pulverizadas pespectivas atuais possam facilmente divisar! Haroldo de Campos e Benjamin são sem fim. E Negri mais Kapuscinski, qual o motivo de ficarem assim escanteados, ainda mais agora em que há contexto para que a noção de “império” talvez se redefina com a emergência e o significado político de Obama à frente do Império Americano? Ninguém mais quer me esclarecer um tiquinho sobre A Dialética do Esclarecimento? Por falar em diáletica, houve quem nos trouxesse aqui sobre a malbendita, em língua derivada de Cervantes, verdadeira ambrosia! Quem? Adoraria começar a conversar com esse lindo alguém.
Bem, isso só o que eu tô lembrando agora de raspão e susto! Então, como ainda não pegarmos em ritmo mais veloz o EPXRESSO EM DIREÇÃO AO COMENTÁRIO 2222!
-Não estive podendo participar como gostaria na última semana por motivos de ordem pessoal e familiar sabidos por Heloisa e Miriam Lúcia. Estou devendo interação maior com Telecoteco dos Anjos, sobre Mautner e a Balalaica. Preciso retomar o papo com Márcio Junqueira e o Lucas Matos sobre poesia concreta, Augusto de Campos e Cícero, e me apresentar ao poeta Adriano Nunes dizendo-lhe melhor por que quando eu ler Finalidades sem Fim eu vou querer ser como com o que ele escreveu no seu primeiro comentário aqui. Ah, e ainda quanto a esse papo das vanguardas, terei algo que proferir sobre o primado do experimentalismo artístico fora da vigência histórica delas, com exemplo bem próprio meu e outro de Cícero. E, a propósito disto, retomar a consideração do experimentalismo poético laboratorial de Glauco Mattoso e Altino Caixeta em chama mais acesa.
P.S.:
Exequiela e Chris, sobre o que reverberaram quanto à Revista web “viva”, e quanto ao ‘Autorama’ em substituição à seta implacável que propaga e revela o fim próximo do combustível desta infonavecaetatlântica: aguardem-me!
Heloisa, minha Diandorinha, deixou Riobaldo na outra página ainda mais enmatutado, enredado em muito mais redemoinhos e redemoinhos de pensaventos. Só que ele não tem condição agora de voltar lá: por absoluta falta de tempo de domar seus ventos, ou de pôr amor, ordem e progresso em uns já anotados garra(n)chamentos!
ERRATA: Sabujo quer dizer… ZAMBUJO! (ah, se a minha vida imitasse a minha datilografia…) - estaria eu com o Visconde da Sabugosa em minha cabeça!
Não, Nando, axé music é décadas mais nova do que rock. O Brasil é periferia. A Bahia é província. Em princípio, não daria para comparar. E o que estávamos dizendo é que essa discriminação que a axé sofre é semelhane à que o rock sofreu. Podem ter queimado discos de Beatles por Lennon ter dito que eram mais famosos do que Cristo. Mas Elvis é o paradigma do artista cafona, comercial, provinciano, Ls Vegas, Hollywood - mas núcleo de um fenômeno de energia histórica imensa. O que faz com que chamemos Rock a música de Rick Wakeman e a de Sex Pistol? Nada proíbe que a história faça da axé music uma fonte de futuras ainda maiores riquezas. Porque, apesar das desvantagens que enumerei acima, já tem, hoje, uma gama ampla de temas, estilos e sentimentos. O dilacerante lamento do Muzenza sobre Marley (”O negro segura a cabeça com a mão e chora”), a força épica de “Chame gente”, a alegria direta de “Carro velho”, toda a maravilha das versões elétricas de Daniela para o repertório do Ilê, Ivete cantando 7 horas por dia em cima do caminhão, Netinho cantando “Esse barraco vai cair”, o lirismo da Timbalada em “Te quero só pra mim” e “Beija-flor”, os protestos políticos do Olodum, as marchas-galope (e as lentas) do Chiclete, as malícias postas em forma profundamente musical por Luiz Caldas - enfim, todo um tesouro que a história atual do Brasil não consegue mais esconder e que a futura celebrará. O que eu acho, Nando, é que quem não se permite reconhecer essa força deve estar mais preso ao status chique que o rock ostenta hoje do que ao heroísmo de entendê-lo em seus começos nada nobres. Ninguém queimou discos de Sarajane em praça pública: queimam cotidianamente a produção da axé como queimaram a do rock por mais de década: pelo desprezo crítico insalubre. Prefiro isso dito no modo como Glauber o fez: “não há motivo para haver ressentimento e/ou autocomplacência. nós, os chamados “indie rockers”, sabemo-nos privilegiados. estamos no topo do mundo, somos gratos a isso e retribuimos com entrega e paixão”. Adorei essa frase: é real, é direta, é desabusada: é rock’n'roll.
“Não, Nando, axé music é décadas mais nova do que rock”.
Claro! Falei “com a idade da axé” no sentido de “quando tinha a idade da axé”!!! O roque tem mais ou menos o dobro da idade da música axé.
“Nada proíbe que a história faça da axé music uma fonte de futuras ainda maiores riquezas”.
That’s my point: o que já foi feito e, sobretudo, o que pode ser feito para tanto. O que pode ser melhorado e o que deveria ser descartado.
“enfim, todo um tesouro que a história atual do Brasil não consegue mais esconder e que a futura celebrará”.
Mas isso tem que ser dito mais vezes! Assim, como você está dizendo agora! Elevar o debate, sabe? Não deixar que a música axé seja tratada sempre em tom pejorativo e a gente: “Nem te ligo… que falem… não estamos nem aí…”. É doloroso, Caetano, ter que aguentar sempre comentários como: “Música? Gosto de tudo. Menos de axé, sertanejo e pagode”; ou apenas “Menos de axé”. Isso vindo de público, não de crítica. Não estou falando de liberdade de escolha, não é isso. Estou falando de um delírio meu, de poder ouvir: “Não gosto de axé. Mas tenho que reconhecer que é boa música, bem feita, boas letras”.
No primeiro disco do Luiz Caldas, “Magia”, há duas canções que sinalizam com algo que jamais deveria ter sido miseravelmente deixado para trás: “Nara” e “Tilintar”. Duas pérolas: uma, delicada homenagem à sobrinha do compositor; outra, reflexivo tema que começa com: “Reluzir/É o ato que ata e aperta o nó”. Olha que coisa linda, que belíssimo verso para abertura de uma canção! Isto com aquela “caída” tipo A7+ / G#7/5- / C#7/9- / F#m7…
“Ninguém queimou discos de Sarajane em praça pública: queimam cotidianamente a produção da axé”.
E a axé? Não queima a si própria quando não estabelece para si mesma critérios qualitativos?
Mais do que qualquer argumento, a probabilidade ainda que remota da sua antologia de axé seria, concretamente, um acontecimento de imensas proporções estéticas, sem dúvida. Considere na prática, please! Só não sei que caminho você escolheria, se um caminho “Feelings” ou um caminho “Help”.
Caetano, mon vrai diamant, você dá nós em minha cabeça com tantas contradições. Mas não vou comentar nada ainda, já que você prometeu reler aquela página horrorosa do seu livro. Obrigada pelos dois beijos - enfim.
mesmo correndo o risco de que ninguem mais leia…
Achei clichêzao essa visao de Caetano atribuindo â rejeicao â axe music um: “sou chique e ético, portanto, não admito axé music” (etico?!). Engracado porque hã uma tendencia grande de achar sempre que as pessoas querem parecer ser algo, que sao forçadas. Uma amiga achou exatamente isso dele falando em Posthead (Ohhhhh! Ele conhece e faz questão de falar do Portshead!Nossa, tudo isso para se livrar da pecha da baianininho eme-pe-bista!).Eu acho muitissimo natural rejeitar uma coisa que no conjunto da obra, encontram-se escatologias, com ja se falou aqui…Ser chique pra baiano eh sair no Chiclete com Banana.O negro segura a cabeça com a mao e chora ja me fez chorar, mas exatamente, como gostar do resto, que eh o que predomina?
Quanto a caetano amar axe, depois dos quarenta, sendo musico e morando no rio e sendo baiano. e sendo caetano. normal.
Agora, queria ver ele com 17 aqui na decada de noventa. Betania ia ser cantora de trio? cantar muito axe, ficar famosa e ai poder cantar noel rosa? ah, nao…
Caetano,
olha só… na posição de um dos diretores do projeto Música de Bolso, queria pedir licença pra dizer que o link da Mayra Andrade cantando com a Mariana (que é um vídeo feito por nós) é esse aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=rKOzi0HoviA
no texto você acabou falando sobre um vídeo mas linkando outro.
abraço
Rapá…
ANTÓNIO ZAMBUJO, INDIE ROCK, COOL JAZZ, MINIMAL, BOSSA NOVA, THE NEW YORKER, MICHELANGELO ANTONIONI E MONDRIAN CONTRA AXÉ MUSIC DENTRO DE MIM? NÃ-NÃO. “A COR AMARELA” É BROWN IVETE E DANIELA. É O SAMBA DO RECÔNCAVO EM TRANSE NO PSIRICO, NO HARMONIA, NO TCHAN: É TRANSAMBA JÁ CONSTRUÍDO POR TODOS ESSES BAIANOS GENIAIS.
Que escrita é essa? Como conseguiu ordenar esses todos? Rapá, você me incomoda. Rapá, você é viciante. Rapá, você trança muito bem tudo isso. Rapá, que mente é essa que dá forma ao que é consensualmente informe? Rapá, te ouvir cantando é ótimo, mas te ouvir de outros modos… Rapá, é escapar o próprio significado do dizer. Rapá, conseguir me perder nesse labirinto de palavras é de algum modo um encontro comigo mesmo. Rapá, você é um feiticeiro das palavras? Rapá, nasci num tempo bárbaro e agora cê taí reunindo coisas minhas em uma frase. Rapá, cê não é bruxo e nem nada, cê nem é um ser, cê não é nada. Cê é uma essência, né não? Uma categoria metafísica, de repente… Ah… sei lá, Rapá! Cê me incomoda.
“Estive no Rio de Janeiro durante 20 dias e sempre que vinha à rua as pessoas conheciam-me. Lá, tinham ideia que o fado era muito dramático, e os fadistas tinham um ar pesado, com cabelos negros. Eu tinha uma imagem diferente e despertei-lhes a atenção”, recorda acrescentado que graças à popularidade do Sr. Vinho, teve oportunidade de privar com Caetano Veloso, “um homem muito especial e humilde”, que homenageou a fadista no seu disco Língua Portuguesa (sic).
Maria da Fé, em texto de divulgação de seu concerto na Casa da Música do Porto, agosto de 2008.