Zambujo, Cicero, Augusto, Adorno, papo à beça (30/10/2008)

ZAMBUJO, CICERO, AUGUSTO, ADORNO, PAPO À BEÇA
30/10/2008 7:15 am

ANTÓNIO ZAMBUJO, INDIE ROCK, COOL JAZZ, MINIMAL, BOSSA NOVA, THE NEW YORKER, MICHELANGELO ANTONIONI E MONDRIAN CONTRA AXÉ MUSIC DENTRO DE MIM? NÃ-NÃO. “A COR AMARELA” É BROWN IVETE E DANIELA. É O SAMBA DO RECÔNCAVO EM TRANSE NO PSIRICO, NO HARMONIA, NO TCHAN: É TRANSAMBA JÁ CONSTRUÍDO POR TODOS ESSES BAIANOS GENIAIS.

Gostei muito do CD do Portishead (já de cara, aquela falação em português paulistano sobre a “regra dos três”, em tom a meio caminho entre pastor evangélico e conversador new age): os timbres das programações fazem as modulações insólitas ficarem mais bonitas. A Gibbons é uma chorona cool e a atmosfera sonora parece com a foto da Estação de Rádio de Portishead. Gosto do Portishead há mais de dez anos: entrou com Karola, Candé, Marininha, Luísa Mariani e Natália Lage na casa de Milton numa festa. A “Disneylaândia” da Marilena. Na casa de Bituca não dava pra notar, mas no primeiro telefonema que dei lá estava Portishead na secretária. Achei bonito à pampa. Perguntei.

O disco do Camelo é bom à beça: ele toca violão muito bem naquela faixa de letra curta; a decisão de soar relaxado e livre de tiques reconhecíveis pode virar um novo tique se o ouvinte tiver má vontade – mas é assumida com bravura e realizada com decisão; eu gosto; é carioca num grau Marisa Monte; é um luxo que ele seja a estrela solitária do momento em nossa música inventiva.

Quero ouvir o disco de Arnaldo Antunes logo.

As palavras em caixa alta que foram citadas aqui como parte de artigo meu para o Pasquim eram declaração de Jimi Hendrix traduzida por mim. Foi da última entrevista que ele deu. Mandei pra aqui em cima da hora.

Vou ouvir o disco de David Byrne com Brian Eno na semana que vem.

Já ouvi muito do de Rodrigo Amarante com Fabrício dos Strokes (que trouxe a namorada): os ecos de pop rock do início dos anos 60 – com um toque country – soam com frescor inventivo que descarta ironia ou nostalgia; é música imediata; a gente não pensa em tiques nem em toques – apenas entra em contato com as emoções que motivaram as canções, ou melhor, nas emoções que as canções motivam. Mas a ida à Itália me interrompeu a audição, de modo que comentários mais responsáveis ficam para depois.

Quem vê assim pensa que ouço discos. Eu fazia isso em 1960: João Gilberto, Thelonious Monk, Chet Baker, Miles Davis, Sylvia Telles, Modern Jazz Quartet, Ray Charles, Maysa, Jimmy Giuffre, Dolores Duran, Ella, Sarah, Billie… Hoje ouço o que me mostram – e não ouço repetidas vezes cada coisa, como fazia então. E olha que ouvia esses que citei sem abandonar Caymmi, Chico Alves, Orlando Silva, Eliseth, Silvio Caldas, Aracy de Almeida cantando Noel – além de seguir com atenção irresistível o Nelson Gonçalves da fase Adelino Moreira, Anísio Silva, Paul Anka, The Platters, Pat Boone, The Diamonds e os sambas e marchas de carnaval, tudo pelo rádio. João Gilberto mais que tudo.

Ouço o que me atrai a curiosidade (por ouvir falar, por ler no jornal, por ter ouvido acidentalmente – no radio, em casa de amigo – um trecho que me excitou). Por exemplo: adoro Cornelius, o japonês de sons puríssimos, idéias rigorosas e sensibilidade violentamente delicada (se me é permitido o paradoxo – mas creio que sim, em contexto nipônico). Vou ouvir o novo disco do TV On The Radio, banda que o maluco do Folhateen sugeriu há um par de anos e cujos dois primeiros discos me encantaram (se bem que os ao vivo no Youtube nem tanto). Já disse que adoro Radiohead (a partir de OK Computer, mas com um gosto pelo pouco louvado Pablo Honey – que ouvi depois – e sem nenhuma rejeição a Kid A, ao contrário).

Aprendo algo com essas coisas e não lembro muito depois. Mas ouvir o CD do António Zambujo me prendeu à necessidade de ouvir de novo, de novo e de novo. Esse mesmo desejo senti quando Moreno me mostrou Buika cantando Mi Niña Lola. Quero ouvir muito, mais vezes, mais fundo. No caso do Zambujo, muito mais ainda. É a língua portuguesa. É a história do fado. É o fato de eu ter sempre só gostado de cantoras de fado, nunca verdadeiramente de cantores.

Amália reverbera em cheio em Mariza. Um espetacular virtuosismo vocal faz de Dulce Pontes uma das mais impressionantes cantoras da atualidade – embora sempre na beira do risco de parecer só virtuosística. Uma atenção ao desenvolvimento do fado – e do gosto na história do fado – faz de Mísia uma elegante guardiã da tradição: uma espécie de Nara Leão com mais canto e menos despojamento genuíno (o que não é desmerecer a cantora portuguesa, já que a brasileira é um caso extremo de inteligência crítica espontânea a serviço despretensioso do canto).

Mas há nos pianíssimos com arabesco no fado tosco de Dona Argentina da Parreirinha d’Alfama (e que sempre amei e amarei na Maria da Fé do Senhor Vinho, essa Maria da Fé que parece ter se afastado de mim, do Brasil, de nós, como se tivéssemos prometido algo que não podíamos lhe dar) algo que, para meu espanto, reencontro onde nunca esperei reencontrar: numa voz masculina. Admiro os fadistas homens, mas nunca cheguei a amar-lhes o canto. Fado para mim era cantado por mulher. Desde Ester de Abreu, da minha infância, até Mariza: mulheres, sempre mulheres.

Não é que o Zambujo me pegou de jeito? Há nele dois elementos que – para além do prazer imediato de ouvir-se uma voz naturalmente musical e relaxada – compõem para mim um grande passo: que seja um homem a cantar fado tão lindamente – e que o diálogo com a música brasileira se apresente tão orgânico, já não-pensado, já resultante de forças históricas que vêm se expandindo há décadas. O disco de Teresa Salgueiro é belo e emociona (finalmente com Carlos Lyra no destaque que merece). A atitude programática de Eugénia de Melo e Castro foi e é tocante, além de desbravadora. Mas o que se ouve em Zambujo é algo já que vai mais fundo. É um jovem cantor de fado que, intensificando mais a tradição do que muitos de seus contemporâneos, faz pensar em João Gilberto e em tudo que veio à música brasileira por causa dele.

Quando Zambujo canta “Nem às paredes confesso”, vamos ao fundo do fado e, ao mesmo tempo, sentimos a cultura da bossa nova e da pós-bossa nova já na corrente sangüínea da canção portuguesa. Quando ele canta um Vinicius com Antônio Maria (esse seu xará com acento circunflexo), a composição soa enfaticamente “moderna” e americanizada, embora o tratamento seja de fado. E o mais incrível é que “Lábios que beijei” não soa menos americanizada e “moderna” do que aquela. Não pelo arranjo, que é fadista, mas pelo Brasil que há ali. É de arrepiar e fazer chorar. Sentimos a força da cultura de língua portuguesa – aquela que, afinal de contas, mais me interessa – construindo-se. É que espero, ou melhor, exijo do Brasil a articulação do papo que ele tem de levar com o mundo – saindo de seu chiqueiro de atraso, intrigas e pequenezas.

Eu odeio o fato de o aeroporto de Salvador se chamar Deputado Luís Eduardo Magalhães: nem no “Polígono das Secas” de Diogo Mainardi há uma piada tão sinistra. Odeio a meia-trava que o ideologicamente amorfo PMDB pode significar no progresso politico nacional. Embora nunca se saiba: vai ver é daí que de repente vem algo que contribui para esse progresso. Ele existe: a vitória de honra de Gabeira no Rio, o repúdio à propaganda-perua de Marta insinuando bichice de Kassab, a importância maior dada ao bilhete único e aos CEUs do que à idéia de “a nossa turma tem de ganhar” são provas disso. Mas o chiqueiro ainda é a imagem dominante. Pois o disco do António Zambujo nos faz crer que viraremos esse jogo.

Gozado é que, procurando Zambujo agora no Youtube, achei-o cantando com Roberta Sá. Não sabia que ela o conhecia. Muito bom. Embora os outros vídeos dele que vi não estejam à altura do disco.

Outra que vi no Youtube – e essa me maravilhou – foi a caboverdiana Mayra Andrade cantando “Tunuca”, sentada no chão da rua com Mariana Aydar.

É gozado como em São Paulo existe essa polaridade PT/PSDB. No resto do Brasil não é assim. Em primeiro lugar porque ambos parecem sobretudo paulistas. Para mim, mais ainda, dois raminhos da esquerda da USP. Claro que li aqui gente dizendo que deixou-se de votar em Gabeira por ele “ser PSDB” – e notando que Paes é quem chamou logo um tucano para começar o secretariado. Sei que há petistas com essa onda por toda parte. E afinal o PSDB é “oposição”. Bem, só se for Serra querendo ser presidente contra uma Dilma qualquer de Lula. Mas o que pinta é a disputa dele com Aécio. Serra é feio que dói.

Vídeo sempre divino é o de Hermeto tocando garrafas e flauta com os rapazes dele dentro de uma lagoa (ou rio?: não vi correnteza). Um DJ de música minimal e house etc. foi quem me mostrou.

Depois de contar a história da crise financeira mundial passo a passo, a Economist chega esta semana com a nova de que os “emergentes” – que pareciam livres do contágio de derretimento – e eram a esperança da economia mundial mesmo quando o problema das hipotecas imobiliárias americanas já estava avançado – não parecem mais imunes. A boa notícia (que me fez lembrar o final do livro de Kapuscinski sobre a queda do Império Soviético – livro chamado “Império” de que gosto muito mais do que o homônimo de Toni Negri – e final que eu já citava no meu Verdade Tropical) é que os países grandes se sairão melhor. Grandes territorialmente e possuidores de economia diversificada. O Brasil tá aí. Mas vai atravessar as dificuldades inevitáveis com a mesma euforia de festa de posse do Lula em que já estamos viciados?

As letras de Zii e Zie soarão bem datadas quando o disco sair. Digo, aquelas que falam de fatos políticos pontuais, como a Base de Guantánamo (como alguém já notou aqui), assim como aquelas que têm uma versão muito peculiar minha da euforia afirmativa que nasce dessa nossa fase FH-Lula. Lygia Clark dizia que o tropicalismo era romântico: dependia das informações da hora: falar em Coca-Cola, Paulinho da Viola, passeatas, Brigitte Bardot era atrelar-se ao tempo – e preparar a própria obsolecência; enquanto ela, trabalhando na area de decisões formais e expressivas em princípio atemporais, tinha ambição clássica. Ela não o dizia com ar de superioridade sobre nós. Dizia com carinho e com uma rosa de plástico enfiada numa garrafa de Coca-Cola no meio da toalha de mesa que estendeu no chão de sua casa em Paris, para que nosso jantar parecesse um piquenique. Mas a Brigitte e as Cardinales não impedem que “Alegria, alegria” seja ainda minha canção mais querida por brasileiros. E o que é dito em “Diferentemente” sobre Osama e Condoleezza poderá ter uma graça futura que não podemos apreciar hoje. Sem falar nas profecias ultra otimistas que se ouvem em “Falso Leblon” e “Lapa”. Eu, na verdade, acho essas afirmações desaforadas mais interessantes em face da crise do que seriam se soassem meramente como reafirmação de uma aprovação ao governo de 80%.

Não sei o que é Zizi (ou Zie-Zie, ou Zy-Zy) em francês. (Será algum modo infantil de se referir a partes graciosas da anatomia masculina?) Mas vocês todos deviam saber o que é Zii e Zie em italiano. Escolhi o nome pela impressão curiosa (e bela) que essas palavras simples causam quando escritas juntas. As encontrei assim na tradução italiana de Istambul, de Orhan Pamuk, que li na ida à Turquia, presente de uma italiana espectadora assídua dos meus shows. É um modo livre, misterioso e revelador de coisas que não sei, de nomear um disco tão lançado à aventura.

Amo os argumentos de Cicero sobre as vanguardas. Mas entendo que não interessem a Augusto de Campos. Augusto é o autor de “Não” (uma versão encapsulada de muito do que Drummond diz num poema longo sobre o fazer poético, apresentada primeiro como um mini-objeto mimeografado – como os poemas “marginais” que lhe são contemporaneous – que ele distribuía entre amigos e possíveis leitores), um poema que extrai intensa poeticidade do modo como pensa seu próprio lançar-se no mundo, comentando assim a condição mesma da poesia. Ao ler os comentários (justamente) entusiasmados sobre os arrazoados de Cicero, me lembrei de que, ao ler “Dialética do Esclarecimento” (muitas veses atrapalha, em vez de ajudar, a escolha dessa palavra “esclarecimento”: sempre evitando “iluminismo”, “ilustração” ou mesmo “luzes”, o tradutor muitas vezes nos leva a esquecer o quanto é sobre o “esclarecimento” histórico, do século 18, que os autores estão falando), tinha encontrado algo que me fez pensar nos concretos. Sei que Haroldo gostava muito de Benjamin – e que a Escola de Frankfurt foi levada em grande consideração pelo grupo Noigrandres quando foi levado a pensar na dimensão política da aventura em que embarcavam. Augusto não gosta da apreciação que Adorno faz do jazz. Mas nunca desejou descartar os desafios teóricos que Adorno lançava. Fui olhar o livro e achei um dos trechos que me fizeram pensar em Augusto. Eis:

“O sentimento de horror materializado numa imagem sólida torna-se o sinal da dominação consolidada dos privilégiados. Mas isso é o que os conceitos universais continuam a ser mesmo quando se desfizeram de todo aspecto figurativo. A forma dedutiva da ciência reflete ainda a hierarquia e a coerção. Assim como as primeiras categorias representavam a tribo organizada e seu poder sobre os indivíduos, assim também a ordem lógica em seu conjunto – a dependência, o encadeamento, a extensão e união dos conceitos – baseia-se nas relações correspondentes da realidade social, da divisão do trabalho. (…) É essa unidade de coletividade e dominação e não a universalidade imediata, a solidariedade, que se sedimenta nas formas do pensamento”.

Não o cito como resposta argumentativa a Cicero, mas como uma indicação de que, entre outras coisas, o enfrentamento de questões como essa animou a criação da poesia concreta. E que é perfeitamente natural – e até saudável – que um poeta como Augusto olhe de longe (e com desconfiança) argumentos como o de Cicero, vendo pouco neles além do fato de que servem afinal para afrouxar o arco e instruir pensadores criticamente receptivos a uma poesia atada à sintaxe vista pelos concretos como expressão da opressão. Era uma luta que envolvia ambições também nessa área. Sou suspeito porque, dessa luta saiu a sensibilidade que não só entendeu o essencial do que eu pretendia fazer como prefigurou minuciosamente alguns argumentos que os tropicalistas viriam a formular (sem conhecer tais prefigurações), como é o caso da avaliação da Jovem Guarda e do “novo folclore urbano e internacional” que surgia, energético, na música pop de massa feita para a juventude. Mas é que sou ainda mais suspeito em relação a Cicero, que é um amigo íntimo e freqüente, com quem partilho inclusive comentários pouco simpáticos a Adorno e à Escola de Frankfurt.

Postei demais. É que, apesar de cansado da gravação, fui acordado, por ordem minha, para acompanhar a saída de meu querido filho adolescente para a escola: ele tem aula à 7, tem de acordar às 6, entrou o horário de verão e ele tem pena de desperdiçar as noites dormindo (embora, diferentemente de mim, não tenha dificuldade em adormecer). Acordei tendo dormido menos de uma hora – e não consegui dormir de novo. Aí sentei aqui e escrevi. E olha que ainda não saiu o catatau São Paulo/Rio. Mas quando sair, sairá curto: o que faz a gente escrever comprido é falta de tempo para editar os textos (mesmo na cabeça).

Evangelina, leia comment no post da foto do Moreno.

Heloísa, você que está lendo Verdade Tropical: já chegou no final, onde falo em países grandes?



267 Comentários sobre o Post “ZAMBUJO, CICERO, AUGUSTO, ADORNO, PAPO À BEÇA”

  1. Vianna Vana Caravana disse:
    Outubro 30th, 2008 at 9:57 am

    Ou o carica Aécio ou a gaúcha Dilma(na verdade bem mineiros)o importante agora e sempre é o país e principalmente SP compreender que o Brasil é muito mais que São Paulo.Claro Minas tem um entendimento,percepção e desprendimento muito maiores sobre isso já que todos os caminhos num indo e vindo rasgam seu território.
    Como é impressionante e bela aquela gravação perdida no espaço de ‘Alegia,Alegria’ com Nana e os Mutantes.Uma delicadeza,um lirismo,um carinho como o da Lígia.

  2. Guilherme Ginane disse:
    Outubro 30th, 2008 at 10:02 am

    Olá Caetano,

    quando você se refere a um certo “tic” sobre o novo cd do Camelo, seria medo uma sedutora armadilha, ao grande estilo Nizan Guanaes, tomar conta do trabalho dele?

    abs

  3. paul constantinides disse:
    Outubro 30th, 2008 at 10:27 am

    Poucos dias atrás escutei o “SOU/NÓS” do Marcelo Camelo e de cara me agradou a sua musicalidade que é muito atraente e deliciosa de se ouvir.
    Sobre cantoras portuguesas, teve época em que curti a Dulce Pontes, realmente dona de linda voz…tinha paixão pela Teresa Salgueiro (do Madredeus) mas faz tempo q não as escuto.
    Um amigo meu dos anos 70/80 e que muito me influênciou quando eu tinha 20 anos de idade e ele tinha 30 e poucos…sempre me atentava como suas canções conversavam com canções antigas. Eu sempre achei este lance bonito. Vivendo fora do Brasil há quase 9 anos, ouvir musica brasileira se fez mais necessário, e as mais antigas então que ganham novos sabores no distanciamento que vivo da efervescência da cultura brasileria.
    No mais, não deu prá ler tudo o q foi escrito.
    Preguiça ou pressa, sei não; mas o texto está muito grande mesmo sendo interessante.

    Abs
    Paul

  4. Fábia disse:
    Outubro 30th, 2008 at 10:43 am

    Também embarquei na leitura de Verdade Tropical, numa versão bolso, da Companhia das Letras. Coincidentemente, ontem à noite, lia o texto 2002 e seu encontro com Augusto, Haroldo e Décio. Deviam ser noites deliciosas, fico pensando. Gosto dos nomes e expressões que encontro ali, fico curiosa por detalhes que não estão. Enquanto leio, conheço, aprendo, me divirto marcando vícios seus, da sua escrita. Impressiona o tanto que a palavra sobretudo aparece. E ela já me sugeria estilo seu, acho que de entrevistas. Leio com um lápis. Na última página marco nomes de lugares, pessoas, obras que desconheço e que vou pesquisar. Nas páginas, vou circulando os sobretudo, algo (!!) lúdico, pq me divirto com isso. Chama atenção também as conjugações do crer. É tão incomum e tão bonito. Eu cria. se eu cresse. beijos. Descansse.

  5. Maria João Brasil disse:
    Outubro 30th, 2008 at 11:10 am

    Tão falando tanto em verdade tropical de novo. Li em 1997, depois de uma viagem de 8 dias à Nova Iorque.Era como se eu não tivesse voltado ainda. Foram 3 dias de imersão em outra realidade. o que mais me emocionava eram as passagens em que caetano falava de Dedé. Sou româtica uai, e sempre me interessei por aquele negocio ali. Um cara doce barbaro e seu grande amor.

    Sempre fui um pouco discriminada na minha adolecencia por gostar tanto e só falar de caetano e tal. Até parei de falar e dizer que gostava. Aí, graças a um pulo de Mick Jagger que vi na TV fiquei fascinada e depois disso, graças a uma tia muito generosa, tenho tudo dos Rolling Stones e de quebra de Pink Floyd que era uma paixao dela também. Claro que “envolui” muito de lá pra cá, (sem querer dizer que gostar de caetano era de fato um problema), mas enfim, tudo isso pra dizer que, apesar de toda MPB, alguns rocks, jazz e punks classicos, resistencia decidida ao oasis, guns and roses etc, caetano me apresenta essa lista de nomes de que eu nunca ouvi falar. Não to falando de camelo que amo. Bom, como diria um amigo, tenho inveja de você que ainda tem pela frente tanta coisa com o que se emocionar.

    Votei em Pinheiro mas fiquei feliz com uma coisa na vitória de Joao Henrique em Salvador, que era a não formação do império de PT aqui. Prefeitura, Governo Estadual e federal!

    Bjs a toda a gente inteligente e animada daqui.

  6. gil disse:
    Outubro 30th, 2008 at 12:22 pm

    Pois é, a candidatura do Gabeira no início parecia que não era mesmo pra ganhar, deu pra mostrar que nossa turma prefere perder com honra, pra delimitar fronteiras, os artistas em peso na demonstração. Foi um evento nas eleições. Lembrou as campanhas do PT de antigamente, Gabeira seria um bicho grilo ou uma bolha ambulante daquelas campanhas. Reproduzir o passado pode ser progresso. Parece que o pessoal curtiu mas na hora da verdade votou no que dizia que acabaria com as prostitutas expostas na avenida Atlântica contra o que dizia que conversaria com elas. Votou contra o prefeito em exercício e seu apoio. Votou com quem dizia que faria exame de sangue em todo mundo contra o que dizia ser isso impossível. Votou no que se preparou pra ser prefeito contra o que se preparou para a vida inteira. Votou quem não viajou ( sem maldade…), e Gabeira perdeu a contagem (?) dos votos aferidos pelo nosso moderníssimo sistema eleitoral (há alguma coisa semelhante em algum lugar do mundo?) para a alegria do governador e do presidente, contra o nosso sonho. Seria pragmatismo? No dia seguinte nosso ex candidato a prefeito estava com camisas sem mangas ao lado do presidente do Flamengo rezando pra São Judas Tadeu…um luxo, fala sério. O grande vitorioso, Serra, o Feio, já se interessou pelo cacife político do nosso Gabeira, ele está interessado no nosso sonho.
    Marta entrou derrotada em São Paulo mas vamos meditar se de fato foi tão terrível assim a campanha dela querer revelar a identidade social do candidato opositor. Vi muita gente espantada com a notícia de que Kassab foi secretário do malufista Pitta. Não sabiam. E francamente, falando como o presidente , “todo mundo neste país” pergunta se o fulano é casado, se tem filhos, há alguma coisa mais natural numa campanha política? O Paes daqui a todo momento se referia à sua família, aos seus filhos, de uma forma evidentemente insinuando o seu conservadorismo familiar, reforçada pela postura da sua esposa exposta pelo O Globo. A figura da primeira dama em eleição sempre foi notada. Não sei se Marta insinuou bichice em Kassab, mas que o fato foi aproveitado de uma maneira escandalosa isso foi. Esse oportunismo parece do lado do progresso?
    O ambiente de fraca potência ideológica favorece o centrão peemedebista que flutua ao sabor das conveniências. A crise vai desmontar chiqueirinhos e acabar com privilégios, a eleição de 2010 promete. E Obama?

  7. joana disse:
    Outubro 30th, 2008 at 12:47 pm

    ai gentes, essa eu tenho que comentar…rs rs rs

    diálogo com minhas filhas de 8 anosagora de manhã, elas esperando pra usar meu computador me vendo olhar o blog:

    -mãe, quem você seria se casasse com um cara famoso?
    - (a outra responde quase ao mesmo tempo que eu) eu continuaria sendo eu, -é, seria a mãe
    - mas e se ele te colocasse nas músicas?
    - ha filha, a mãe até já teve algo assim e foi muito ruim o que aconteceu
    - mas e se fosse o Caetano? ele parecesse um cara tão calmo…
    - rs rs rs rs rs

    ela nem te conhece, a figura! essa, bebezão, de madrugada, vinha até mim e ficava do lado da cama, me olhando, uns 5 cm do rosto. eu sempre acordava de sobressaltocom dois olhos imensos em cima de mim. depois de acordar ajeitá-la de novo, e tentar voltar a dormir, vinha a outra…que dormir pra que, né?

    gostei muito da parceria do Camelo com o Hurtmold. eles arejaram e acrescentaram muito ao trabalho dele.

  8. Exequiela :: OH-AH :: disse:
    Outubro 30th, 2008 at 12:51 pm

    Yo sé casi nada de italiano y nada de francés pero por suerte existe Internet. Zii de tíos? Alguien que sepa italiano? Miriam?
    según el diccionario Zizi es PENE o:
    -En algunos casos, partes graciosas de la anatomía masculina: JA-HA!!
    - En otros, partes serias de la anatomía masculina: OHHH-AHHH!!

    ***********
    Amo los fados… voy a buscar los que nombró C(L) y no conozco. Ya busqué Zambujo y me gustó mucho. Y Misia? http://www.youtube.com/watch?v=GsMOivk6qn0 lindas imágenes en el video además!
    No sé por qué siempre me sentí tan atraída por los fados y la música brasilera. En otra vida, quizás fui brasilera o portuguesa… o quizás en una vida futura sea brasilera o portuguesa. JA-HA.
    LeAozinho: por qué cantaste tan agudo el fado en la película de Saura? 1B!
    **********
    Adoro Mi niña Lola.
    Para los que no la conocen: http://www.youtube.com/watch?v=FqP7bU89k5Q
    Y otra canción: Miénteme bien. http://www.youtube.com/watch?v=Z_1Dmw6mrmA
    Típica canción femenina!
    Porque nos gusta que nos mientan… . Pero claro… como dice Buika, si vas a mentirme, hacelo susurrándolo bien pegadita a mi boca. Si me mientes adentro de mi boca, te regalo el resto de mis días. Así que si me mientes, miénteme bien porque hoy quiero engañarme de nuevo. Puxa vida!!!!!
    Pregunta a los hombres: ustedes son tan masoquistas como nosotras las mujeres? La levedad (lightness) es más insoportable en la mujer?
    Cuando llega finalmente ese amor que parece eterno, ese amor que tiene como subtexto: verdad, paz, seguridad, cuidado, caricias, ternura, pasión, adoración, y como si fuera poco: orgasmos múltiples… cuando llega ESO… ya estamos buscando la pesadez nuevamente. Eso es sólo femenino?
    **********
    Roberto: Sí, soy una gata pero bastante canina lamentablemente… Ojalá fuese tan libre como los gatos (animal doméstico menos domesticado): con ellos no hay pecera, jaula ni correa que pueda. Un beso!

  9. Luis disse:
    Outubro 30th, 2008 at 12:57 pm

    Assino embaixo Hermano! Isso não é rap, isso não é samba, é a mania, que vem de luanda! É o transamba

    Viva Fantasmão

  10. Marcelo disse:
    Outubro 30th, 2008 at 1:18 pm

    Nossa, pelo visto o tempo de silêncio contribuiu para o acúmulo de assuntos! Acho que vou ter que reler esse post se quiser comentar melhor algo. O que de cara me chamou a atenção foi você falar em Adorno, Caetano. Já esperava, pelo perfil das suas declarações, que você tivesse restrições ao pensador. Eu também as tenho. E de maneira bem menos tímida do que no caso de Derrida, pelo menos no que se refere à Cultura, que é a minha praia. De certa forma, apóio o descontentamento de Lukács (sem defendê-lo), enfatizado em uma resenha que a (infelizmente) falecida Revista Entrelivros publicou: “Para Lukács, Adorno se reduzia a um crítico cultural niilista, a exercer seu ramerrão rabugento no HotelAbismo” .

  11. Marcelo disse:
    Outubro 30th, 2008 at 1:19 pm

    Nossa, pelo visto o tempo de silêncio contribuiu para o acúmulo de assuntos! Acho que vou ter que reler esse post se quiser comentar melhor algo. O que de cara me chamou a atenção foi você falar em Adorno, Caetano. Já esperava, pelo perfil das suas declarações, que você tivesse restrições ao pensador. Eu também as tenho. E de maneira bem menos tímida do que no caso de Derrida, pelo menos no que se refere à Cultura, que é a minha praia. De certa forma, apóio o descontentamento de Lukács (sem defendê-lo), enfatizado em uma resenha que a (infelizmente) falecida Revista Entrelivros publicou: “Para Lukács, Adorno se reduzia a um crítico cultural niilista, a exercer seu ramerrão rabugento no Hotel Abismo” .

  12. Nando disse:
    Outubro 30th, 2008 at 1:20 pm

    Lá no outro post Caetano escreveu: “nasceu primeiro com dodô e osmar, depois com ‘atrás do trio elétrico’, depois com moraes moreira, depois com o ilê, depois com o olodum, depois luís caldas, depois com a banda reflexu’s, depois com daniela, com a timbalada, com o gerasamba, o tchan, harmonia do samba, psirico… orgulho-me muitíssimo dessa história”.

    Só me orgulho de parte dela: até Luiz Caldas (cujo primeiro disco - bem gravado para a época, variado e bem tocado, sem a apelação constrangedora que se veria posteriormente - fazia crer que o futuro da música baiana seria promissor; mas “Fricote”, contida nele, já antecipava o pior) depois dele só da Timbalada (e d’”Ozárabe”).

    Acho Tchan, Gerasamba e Psirico (pra ficar só nos citados por Caetano) um pesadelo. A cidade que deu ao mundo um cara como Armandinho não merecia tamanha degradação estética. Mas existem por lá também Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, tara-code, Mariela Santiago, brincando de deus, Gerônimo, Lazzo, Margareth, as cenas de blues, jazz, os grupos de salsa, Fred Dantas e mais muita coisa boa.

    Portishead é… sem palavras… sem palavras. Beth Gibbons, que mulher maravilhosa, meu Deus, o disco solo dela também é lindíssimo.

  13. Exequiela :: SPOSPERANZA:: disse:
    Outubro 30th, 2008 at 1:39 pm

    Para ampliar a otros estilos musicales.
    Mi aria favorita: Sposa son disprezzata de Vivaldi cantada por Cecilia Bartoli. La sencillez del piano! y de la voz…

    http://www.youtube.com/watch?v=Jr3WNaMJMA8

    Sposa son disprezzata
    Fida, son oltraggiata,
    cieli, che feci mai?
    E pur egliè il mio cor,
    il mio sposo, il mio amor
    LA MIA SPERANZA

    Con esta canción mi corazón se oprime y expande
    l e n t a m e n t e
    hasta el punto de…

  14. Marcio Junqueira disse:
    Outubro 30th, 2008 at 2:16 pm

    uau!
    caetano chegou animadesimo! e animando geral.
    vou procurar as citações musicais que não conheço (o boyzinho que canta fado por exemplo) , pensar sobre augustoe cicero e volto, pra falar mai.
    talvez seja animassão exessiva, mas esse foi um dos melhores post que o caetano ja colocou aqui.

  15. cleodon disse:
    Outubro 30th, 2008 at 2:40 pm

    caro,
    há algum registro seu, em vídeo, cantando copy me, do ambitious lovers?
    é um dos meus shows favoritos, com aquele repertório incrível do disco de 87.
    abs!

  16. Guido Spolti disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:00 pm

    O Caetano é de fato muito engraçado. Imagine-se, nós brasileiros falando coisas do tipo: meu zizi (zie zie)está duro, está mais para a genitália japonesa.

    O Verdade Tropical é o que há; lembro a crítica do Caetano ao cara que escreveu o choque das civilizações (será mesmo esse o título), creio que o Samuel Huntington, e o Brasil ser um possível país núcleo, como que aliado ao “Império” Americano; gostei, também, o que já havia sacado, o fato dele, praticamente, nem citar a África como uma civilização (que nome mais exdrúxulo este); também me incitou a buscar o capítulo que o Hobsbaw menciona o Brasil como provinciano, ou algo assim e fala de Chico Buarque; o Verdade Tropical é uma aula de história, sociologia, etc, etc.

  17. Gilliatt disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:09 pm

    Exequiela: pelo que ouvi, e aproveitando as palavars usadas pelo Caetano, eu diria que zizi é um modo gracioso de os franceses se referirem a partes da anatomia masculina de aparência infantil… rsrsrsrs

  18. joana disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:27 pm

    um dos meus comen foi deglutido pelo sistema, então, reeditando e acrescentando:

    alguma pessoa querida explica como é, o que acontece, o que é uma mixagem? não entendo nada de gravações, botões, aparelhinhos…

    Antonio Azambuja é um achado pras orelhas.

    o último do Antunes? esse mesmo ao vivo no estúdio Tyrone?
    vi esse show ano passado na modern sound. um encanto esse homem no palco! corpo, palavras e timbres. de chorar de alegria.

    poxa, tou com um disco desses que era presente de aniver de alguém que sumiu, ano passado. ficou aqui guardado todo enfeitado pra presente.

    faixas que curti muito:
    “se tudo pode acontecer”, “socorro”, “num dia”, “eu não sou da sua rua”, “quarto de dormir”, “contato imediato”, “pedido de casamento”, “luzes”, “judiaria”

    ai, acho que interagi com tudo! “livre pra navegar no espaço sideral…semelhante de vc, diferente de vc, passageiro de vc…me leve para além do céu…se o coração disparar qd eu levantar os pés do chão”

    tem um Chico Salem por esse disco, seu parente Fernando?

    gostei também do projeto Pequeno Cidadão. músicas pra crianças que ele vai lançar em parceria com Antonio Pinto, Edgard Scandurra, Taciana Barros . “já pensou mamãe chupando chupeta, já pensou papai chupando chupeta” na voz do Arnaldo. acho que vai ser ótimo!

    ação cidadania: nada a ver com a Obra, meu pitaco pessoal pra quem gosta de ajudar, ações, movimentos, pequenas obras:

    http://www.correios.com.br/institucional/conheca_correios/acoes_cidadania/papai_noel.cfm

    “esse papo já tá qualquer coisa…” rs rs rs

    bjs

  19. tyrone medeiros disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:34 pm

    Arnaldo Antunes fez uma leitura ótima da canção “Qualquer Coisa”, em seu ultimo disco.

    zii e zie em italiano soam parecendo nome de disco infantil. Mas não seria ‘tios e tias’ ?!

    A cor amarela não é novidade para o Brasil, tem uma linguagem de Psirico [ que Arto Lindsay disse recentemente que gostava ]… nao me faz me lembrar muito Carlinhos Brown, mas lembra um pouco os discos solos do Davi Moraes.

  20. Maria João Brasil disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:35 pm

    Caetano, e Luis Caldas? Você nunca fala dele quando fala de axé music. Voc~e tava aqui no carnaval do tititi? e o da dança da galinga? viveu isso, ou tava com Armandinho, no circuito tradicional, alheio a isso que foi vivido aqui, principalmente na barra, com a galera mais jovem? Isso era puríssimo novo carnaval.LUis Caldas e no máxzimo Chiclete com Missinho.A dança do tititi, com os dedinhos pra cima e um gingado diferente era mais interessante do que a musica.

  21. Maria João Brasil disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:36 pm

    To falando de 1986 e 1987

  22. Guido Spolti disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:39 pm

    …então, o lance do Brasil com atrelamento aos E.U.A. está por fora, o Brasil enquanto “o outro gigante da América”, terá que conseguir alternativas, já há a cultural que é 1000, mas mesmo novos panoramas econômicos que se desvinculem desta Velha-Nova Ordem Mundial; Qual será a alternativa? Se é que há alguma?

  23. Maria João Brasil disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:39 pm

    Hermano, baby,

    eu falei:”to falando de 1986 e 1987″ pra completar o comentário anterior do carnaval e o sistema disse”cometário repetido, vc ja disse isso, etc” não é verdade e achei um pouco cruel (se fosse verdade)

  24. Valdimir Távora disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:43 pm

    Caetano,não precisa resumir muito o texto sobre RJ/SP, quanto mais você descrever sobre o assunto melhor irá despertar em nós algo que não conseguimos enxergar e ainda mais discussões surgirão aqui entre nós. Acredito que esse post será recorde em comments. Nós aqui do Turismo aguardamos ansiosos. Grande abraço!!!

  25. carlos caiado disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:47 pm

    Que bom que voce virá gravar Diferentemente.

    Musica do show A Foreign Sound.

    :)

    Tb adoro Incompatiblidade de Genios, do Bosco.

    o disco sairá quando???????

  26. Hermano Vianna disse:
    Outubro 30th, 2008 at 3:54 pm

    falando na genialidade baiana: a música do ano é Kuduro, do Fantasmão:

    http://www.youtube.com/watch?v=-2IxLm4T_w4

    isso é transamba! você vai assim!

  27. Pablo disse:
    Outubro 30th, 2008 at 4:27 pm

    Caetano,

    A oposição PT/PSDB nacional também se refletia até essas eleiões em Belo Horizonte. Por isso, toda a celeuma causada pelo acordo feito entre o prefeito Fernando Pimentel (PT) e Aécio para lançar um candidato do PSB que após um tremendo susto no primeiro turno acabou vencendo as eleiões.

    abs, Pablo.

  28. Lucas Matos disse:
    Outubro 30th, 2008 at 5:01 pm

    Me diverti com esse post - imenso, cheio de nomes e links - como há algum tempo não me divertia. Gosto muito do fato de Caetano escrever disco, ao invés de CD - fica parecendo um nome carinhoso e mais verdadeiro do objeto. Acho os posts longos demais mais interessantes. Embora considere luminoso o comentário sobre se tratarem de duas linhas da esquerda uspiana, não sei se no Rio a oposição entre PT-PSDB (mesmo com os dois partidos enfraquecidos na cidade) é tão anêmica: por que outro motivo além desse alinhamento o PT apoiaria o candidato mais esvaziado politicamente? Achei triste essa posição do PT, a eleição de Paes via máquinas de estado e de partidos. Acredito que a vitória de honra e simbólica de Gabeira está em efetivarmos, não só cobrando mas praticando, uma política honrada (e crítica, por favor). Alguém gosta da apreciação que Adorno faz do jazz? E por fim, se devia saber, estou em dívida: O QUE É ZII E ZIE em italiano?
    abs a todos

  29. Lucas Matos disse:
    Outubro 30th, 2008 at 5:08 pm

    esqueci de comentar: fiquei extasiado com o vídeo de Hermeto, especialmente a parte das borboletas (são borboletas) voando ao redor, fiquei pensando que a criação do mundo seria algo assim.

  30. Ricardo disse:
    Outubro 30th, 2008 at 5:19 pm

    O disco do António Zambujo é apaixonante mesmo, estou há alguns meses já “preso” dentro dele e me encanto a cada nova audição!

  31. Bernardo disse:
    Outubro 30th, 2008 at 5:24 pm

    Alô, Caetano. Sobre a concisão e o tempo para se escrever: diz que Pascal (cito de cabeça) certa vez teria escrito uma longa carta, que concluiu assim: “Me desculpe se escrevi demais; é por pura falta de tempo”. Falou e disse! Abração.

  32. Luiz Castello disse:
    Outubro 30th, 2008 at 5:32 pm

    Para Her”mano” Vianna.
    Acho importante a gente evitar que essa derrota do Gabeira caia no esquecimento,como um assunto descartável qualquer,pela carga simbólica que ele representa.Respeito as pessoas que votaram conscientes no Eduardo Paes.Mas acontece que eu tô cheio dessa história da gente ter que se submeter à vontade da maioria(quase sempre manipulada por interesses contrários aos seus).Democracia pode rimar com maioria,porem,a maioria está longe de representar a sabedoria.No final do meu comentário voce vai entender o que eu quero dizer.
    Esse papo,qualquer coisa, de que o Gabeira fez bonito (e fez sim) perdendo só por uma diferença de 50 e poucos mil votos,com uma campanha limpa e antenada com novos tempos,me lembra um pouco aquela época que o Brasil ficou 24 anos sendo campeão moral no futebol.O Gandhi sabia,Sócrates idem,que pra entrar na politica de cargos eletivos, tem que sujar as mãos.Por isso eles ficaram de fora.É a milenar contradição,entre forma e conteúdo.O medo do devir, faz com que os individuos se agarrem ao que lhes é familar,mesmo que esse “familiar”signifique o que de mais pueril existe na politica.Guardadas as devidas proporções,é claro,o povão e as elites,se reunem de tempos em tempos em praça pública para escolher seus velhos conhecidos.
    Soltem Barrabás ! Soltem Barrabás !
    Um abraço fraterno do Luiz Castello.

  33. Miriam Lucia disse:
    Outubro 30th, 2008 at 5:54 pm

    Cara Exequiela :: SPOSPERANZA: vamos ver se consigo te ajudar:

    zii = tios e zie = tias em italiano, a palavra zizi embora não faça parte do idioma italiano, a titulo de curiosidade, encontrei a palavra zizì = zio, zia que esta num livro de Pino Romano chamado “I paròle de tataranne” onde ele reuniu uma mistura de sonoridades verbais e dialetos, num dinâmico mosaico de identidade cultural que tem 2800 vocábulos, 800 modos de dizer, diversos cantos populares, 22 jogos de rua, e também com auxilio de tecnologia, com intenção de render agradável aos jovens. Para os apaixonados de linguistica vale a visita no site (em italiano)

    http://www.gioiadelcolle.info/tag/pino-romano/

    e neste outro link aqui você poderá achar o tal do zizì = zio, zia (atento para o acento grave no ì, que sem ele a palavra não tem nem um sentido algum em italiano)

    http://www.gioiadelcolle.info/tag/dialetto-gioiese/

    Também encontrei nas minhas pesquisas o cantor de reggae Fido Guido que tem a gravação de uma musica Tataranne, mas que pelo que li por ai as pessoas atribuem este tataranne dele ao dialeto de Taranto.

    Não sei porque não vi nada de diferente nas letras das musicas, apesar de que não li todas, mas para quem se interessar ai esta o link.

    http://angolotesti.leonardo.it/F/testi_canzoni_fido_guido_13512/

    Por falar em tataranne e em Taranto é uma cidade que fica no sul da Itália (precisamente na parte interna do salto da bota) e pertence a província da Puglia, que uma é região que acabei conhecendo bem por acaso, é lindissima, jamais vi uma paisagem como vi ali, fiquei maravilhada, na verdade erramos o caminho, e demos uma grande volta pela Puglia, mas foi ótimo porque conheci o Parco del Gargano, e este litoral de Peschici e Vieste, que esta voltados para o Mar Adriático, já Taranto esta mais abaixo, voltado para o Mar Jônico.

  34. Barbara Barnes disse:
    Outubro 30th, 2008 at 6:05 pm

    Caetano,

    Muito obrigada por este posto. Me fez sorrir. E eu não achava que um sorriso seria possível hoje.

    Not to detract from the larger whole, but on one small point : Estou completamente de acordo sobre Dulce Pontes. Qué genia!

    Barbara

  35. Carlos "Alemão" Moura disse:
    Outubro 30th, 2008 at 6:12 pm

    Muito bom o comentário de Gil. Leiam, leiam. Aqui em Sampa a coisa tá muito feia. Fizeram um escândalo com a pergunta e, de repente, os armários começaram a gritar… Mas ninguém saiu de lá. Ao contrário, ganhou o ex-secretário do Pitta (Maluf) que fecha puteiros e constrói bancos de praça anti-mendigos.
    Saudações paulistanas!

  36. joana disse:
    Outubro 30th, 2008 at 6:51 pm

    caí na gargalhada comigo mesma!

    chamei o Antônio Zambujo de Antonio Azambuja.
    he, de mente…

    um ôps gigante

  37. André Prada disse:
    Outubro 30th, 2008 at 6:53 pm

    Caetano, você já ouviu os cantofados de Alfredo Marceneiro?
    É muito bonito, ele tem uma voz peculiar, me faz lembrar um pouco a do Jimmy Scott.
    Quem me apresentou foi o Dante, filho do Décio Pignatari, no sítio da família deles lá em Morungaba.
    Um abraço

    André

  38. Fernando Salem disse:
    Outubro 30th, 2008 at 7:19 pm

    Ontem fui ao Studio SP onde escutei pela primeira vez a banda DOAMOR (do Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado da Banda ) mais Gustavo Benjão e Gabriel Bubu nas guitarras.

    O som é divertido. O rock se mistura a levadas carimbolescas. Tudo parece comentar a axé-music de um modo carioca. Um som de bermuda feito por cariocas com cara de que não vão a praia, nem pulam carnaval, mas adoram as guitarras baianas em terça, a lá Dodô e Osmar. Lembrei das levadas do Vieira lá do Norte, um carimbó com sotaque brega delicioso.

    Os caras tocam uma música que se chama BICHA de um tal de Pinduca que é um hit, anti-homofóbico do além.

    Foi uma noite e tanto.

  39. Labi Barrô disse:
    Outubro 30th, 2008 at 8:13 pm

    A primeira faz tchan.
    A segunda faz tchun. E…
    É o Tchan, Tchan, Tchan, Tchan!!
    Caetano Veloso é fã do É O TCHAN! Que maravilha gente boa!
    People, eu já era fã do Tchan muito antes de Velô dizer que é genial. Agora vão dizer que eu digo que é bom só porque Velô disse que é bom. Mas sempre que passava na TV aquela música Segura o Tchan, eu ficava de frente pra TV, colocava as mãozinhas na altura do ombro e ia descendo e rebolando: segura o Tchan, segura o Tchan…Segura o Tchan, Tchan, Tchan, Tchan, Tchan.
    Helô e não é que me lembro da entrevista de Caetano que você citou. Caetano disse que Moreno falou que ele, Caetano, não gostava de nada.
    Moreno que me desculpe, mas isto não é verdade. Caetano gosta de muita coisa. E seu novísssimo post prova isto. É um cara acima de preconceitos bobos.
    Ele só não disse ainda se gosta ou não da Divine.
    Mas, enfim…Nossa votação ficou assim: em primeiríssimo lugar, Shake it up (http://www.youtube.com/watch?v=j7AX3eTt9cg), a música que eu mais gosto e que dediquei a Caetano. Em segundo lugar ficou I’m so beautiful e em terceiro Love Reaction.
    Neste momento ouço Madonna que canta: “…Time goes by, so slowly…” Só se for pra ela né gente? Mas eu adoro Madonna. Ela é linda, gostosa e genial também!
    Eu ando ouvindo algumas coisas que descobri recentemente, veja se você conhece Caetano:
    Kings of Leon, um álbum chamado Sex on fire
    Raconteurs
    Vampire Weekend
    Bloc Party
    Magic Numbers
    Broken Social Scene
    Eu gostaria de saber sua opinão sobre o som desse povo. Mostre ao Moreno. Se você não gostar, ele eu sei que vai curtir muito. Eu gosto muito.
    Da tchurma da MPB eu ando ouvindo Vanessa da Mata e, também, o saudoso maestro Moacir Santos.
    De Vanessa sou fã recente. Fui ao show dela e fiquei maravilhada. E além do mais ela tem o cabelo parecido com o de Betá que, por sua vez, é parecido com o meu.
    Labi Barrô, eclética, elétrica e caetaníssima.

  40. Rosana Tibúrcio disse:
    Outubro 30th, 2008 at 8:13 pm

    Vou reler Verdade Tropical. Sinto necessidade, agora depois de virar caetanete. Foi de lá que eu peguei mania de usar sobretudo. Acho sobretudo tão Caetano, também…
    Se todas as vezes que eu perdesse o sono tivesse essa criatividade… tão bom seria.

    Heloisa, li seu comentário lá no “Moreno”… nem vou mais “garrá ódio”. Afinal, nem li seu nome do post de hoje do Caetano… rs

  41. anlene disse:
    Outubro 30th, 2008 at 8:45 pm

    concha buika ia abrir o show do ivan lins + antonio serrano num festival de jazz aqui em madrid na terça que vem… mas acho que melou…

    buika exagera, niña lola é uma canção mais simples, mais leve… ela monta um drama um pouco pegajoso…

    e marlango, gosta da voz da leonor?
    http://br.youtube.com/watch?v=8L453rbHcuk
    .
    http://br.youtube.com/watch?v=eo4-8omPwgc
    .
    saludetes desde uma noite fria…

  42. carolina disse:
    Outubro 30th, 2008 at 9:01 pm

    Além de “gli zii” e “le zie”, tem também uma variação (usada com muita freqüência pelos sardos) muito graciosa: zietta.
    Lembra tieta, hehe.
    Mas uma expressão que me fascina é “lascia il tempo che trova”.

  43. Helena disse:
    Outubro 30th, 2008 at 9:47 pm

    Como algém que n gosta de nada (como vc mesmo já falou citando Moreno) tbm n rejeita nada? Nunca ouvi falar de mais da metade destes nomes pipocados aí nos seus post, mas adoro a liberdade com que vc os citas, e tbm aprendo muito.

    Abraço.

  44. Fernando Salem disse:
    Outubro 30th, 2008 at 10:02 pm

    Caetano

    Enviei 2 cedês pro’cê através do Ricardo Dias Gomes.

    Quando li que “…Quem vê assim pensa que ouço discos…. …Hoje ouço o que me mostram…” pensei de cara que puta mico. Lá vai mais música pro crematório do meu ídolo. Mas, fazer o quê? O samba mandou me chamar. E não custa tentar. Claro que tenho fantasias à respeito. Não nego meu atrevimento e corro o risco do silêncio. Mas a minha proximidade com as invencionices do Transamba e a minha velha parceria com o Arnaldo me fizeram tomar coragem. No disco que fiz há um tempo e se chama Disco há coisas das quais me distanciei, embora goste. Na pré-mix do meu disco novo até agora apelidado de Lado a Lado há um copião com muitos sambas, alguns antigos de Wilson Baptista, Tom, Moreira e outros meus novos. Um deles que canto com Paulo Miklos se chama Trasnfiguração, por mera coincidência. A gravação já tem mais de um ano. Bom, você se postou demais, eu talvez tenha apostado demais. Chega de Vontade, como diria o amigo.

    abraço

    Salem

  45. Edison disse:
    Outubro 31st, 2008 at 1:14 am

    O concerto em Lisboa de Mariza, lançado em dvd, com a regência de Jacques Molerembaum, é de arrepiar, de tirar o fôlego; quando ela canta Ó gente de minha terra e chora… não dá pra acreditar…

  46. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Outubro 31st, 2008 at 1:37 am

    CAETANO

    Acabo de dar primeira conferida nesta postagem. Dois assuntos, em especial, me instigam demais, pra voltar e voltar. Aquela elegia a Hendrix. E o lance das vanguardas. Por ora, sobre o último, tenho algo a perguntar:

    A relativização que Cícero faz do papel das vanguardas, sem desmerecer-lhes o legado histórico, fincando pé na defesa da pervivência do ‘experimentalismo sem fim”. Como vê, na atualidade, o experimentalismo em nosso panorama nacional, você que epigonizou a última vanguarda artística de expressão na cultura brasileira, o Tropicalismo?

    P.S.: viva a lembrança pessoal de Gilliatt da peça O Percevejo e o zelo de Evangelina Maffei e Rodolfo Martin pela constituição de memória compartilhável da obra de Caetano!

    NELSON

    Fiquei tocado com o seu comportamento na outra página se retratando perante Marcos quanto ao tom, ou melhor, à ‘energia’ do seu cmt.202.

    Ah, o meu foi um brinquedo patafísico que poderia ser resmido assim: a gente, não poucas vezes, não passa pela vida sem viver, tambãm passa pela leitura… sem “ler”! Mas o melhor ali foi a bússola-Gil, nos suleando: “Oriente-se, rapaz…” Alguém leu a ficha técnica-crítica lá no link, em que Gil conta a história dessa canção?

    NANDO

    Fiquei muito vidrado lá na outra página com a forma com que você se dirigiu a Marcelo a respeito dessa querela inglória entre entendimento & clareza. Acho que em algum outro momento nós poderemos reatar o papo a respeito com proveito.

    E você pintou ainda bem melhor do que qualquer um de nós a relação intensa de amor e ódio de Marcos por Caetano.

    MARCOS LACERDA

    Preciso sulear algo: Eu que aplaudo em boa parte a sua atitude impertinente em relação a Caetano, e repito que só tem sabor se exercida com impenitência, somente não a endosso quando se mostra redutora da magnitude de um artista cujo “pensamento em ação” transita entre obra e cena pública com uma singularidade única neste país, pois ao longo de ‘toda’ a sua biografia, isto é, não apenas nos momentos de efervescência histórica, como nos anos 1960-70.

    “Caetano é misto de homenino e deus pagão. Não decresce nunca. É nosso Peter Pã.” (Onde vi isso?)

    SALEM

    Que tal a gente já ir pensando num outro espaço que seja um mix de blogue, fórum de discussões e rede social, como o é este da infocaetanave, para a gente pôr no ar com os atuais mais ativos tripulantes, quando esta obra estiver 100% progredida? Uma revista viva, em que conhecimento, informação se misturam com os afetos, onde trocamos links, som, vídeos, soltamos todos os verbos, em comentação desenfreada! Você, dentre nós, é um dos mais preparados para sulear esse acontecimento.

    EXEQUIELA

    Aqui escrevo para você: uma rosa amarela!

  47. júlia disse:
    Outubro 31st, 2008 at 2:44 am

    pô, caetano, rapaz, só descobri hoje esse teu blogue! e passei o dia ouvindo madredeus, cristina branco e um grupo lisboeta chamado deolinda e você falando de fado. vou ouvir o zambujo, então, no conozco.

    queria não te dizer nem nada, porque dizendo fica assim exagerado: não tem algo que eu faça ou pense que não passe por você, e isso é desde criancinha. um dia desses escrevo algo que te mate que nem você fez aquela em saudosismo com joão. ou um dia te conto tudo, de tudo.

    mas, ó, e cocorosie, você já ouviu? o primeiro disco: la maison de mon rêve.

    bacci!

  48. marcello scalisi disse:
    Outubro 31st, 2008 at 3:01 am

    Pelourinho, Salvador di Bahia. Un palco montato a Praça da Sé.
    Le bandiere rosse che sventolano al vento; la lotta del movimento sindacale ed il sostegno a Lula. La musica a tutto volume, le bancarelle più o meno organizzate, la distribuzione di magliette del sindacato 100% acrilico che ti si appiccicano addosso solo a guardarle. Come dire: il sindacato come seconda pelle..

    All’improvviso dal fondo della piazza arriva lei o lui, insomma un tipo pazzesco vestito da donna con un fisico naturalmente stupendo. Non potevo credere ai miei occhi. Sale sul palco. Toglie lo spazio al sindacalista di turno, che lo cede naturalmente, e senza dire una parola agita la piazza, la rianima, la rende vera, viva, voluttuosa e combattente. I capelli biondi, lunghi, mossi, stupendi. Ballava in maniera straordinaria, ballava il samba come soli i brasiliani possono fare. Trasmetteva una voglia di ballare, di gioire, di condividere la bellezza di quel momento, di dimenarsi in quella piazza assolata e sudata.

    Il 1° maggio. Trans, samba, comunisti. In questa piazza c’è tutto quello che serve, tutta la normalità del Brasile.

  49. Heloisa disse:
    Outubro 31st, 2008 at 6:04 am

    Caetano,

    Abro o livro, leio algumas páginas, fecho. Pego outro. No dia seguinte olho para ele, ele me olha empoeirado, eu o viro de capa para baixo. Depois não resisto, pego, devoro. Às vezes me engasgo: o que é saboroso nele parece não ter neutralizado o caroço amargo do ‘aleijão’.
    Corro o risco de ser linchada aqui, mas não vou dizer maravilhas dele. Ainda.

  50. Felipe Grimaldi disse:
    Outubro 31st, 2008 at 6:36 am

    Não podia deixar passar a oportunidade de jogar uma bomba na roda! Trago um estilo musical surgido recentemente na região metropolitana de Salvador, salvo engano na cidade de Candeias, denominado “Arrocha”. Claramente influenciado pelo espírito socializante “seresteiro” do povão, pelo romantismo-pasionalíssimo e brega(sem conotação depreciativa), e com um andamento frenético que acompanha a velocidade cosmopolita, tal estilo teve aceitação massiva, inclusive sendo abraçada pela classe média baiana. Outro fator interessante é a questão da popularização de instrumentos musicais que, a princípio, não fazem parte do universo musical e tecnológico do povo mais simples, se é que posso definir assim… Por exemplo, a sanfona, com a sua composição de materiais e a sua certa complexidade de execução, era e continua sendo, um instrumento popularíssimo no interior do nordeste, chegando inclusive a lugares em que o básico da inovação tecnológica não deu as caras… Coloco essa questão, seguramente mal formulada, pois o que antes era a sanfona, no sentido representativo, hoje são os teclados, os mais básicos evidentemente, jurássicos para a tecnología hoje disponível no campo musical. Voltando ao arrocha, a estrutura básica dos instrumentos que compõe esse estilo, são: Teclado e uma voz, inclusve podendo ser executados pela mesma pessoa, explorando aquelas programações rítmicas de “videokê”, e construindo alguns solos bastante limitados com timbre de saxofone… Ou seja, um caminhar atrasado na tecnología musical, no sentido da utilização dos recursos, ou, por uma ótica mais ousada(mais que possível no espaço Caetanave), um ponta-pé na “velocidade desigual”, fazendo música com o que se tem em mãos, sendo muringas, ou caixas de fósforos. Não trouxe verdades ou opinião consolidada, apenas o desejo de ver essa questão debatida nesse espaço. Existe o mundo, mas existe a paisagem da janela a ser discutida…

    Grande axé a todos!

  51. Marcelo Noah disse:
    Outubro 31st, 2008 at 7:22 am

    Estou estarecido com a caixa-tripla que acaba de sair com sobras de estúdio dos últimos álbuns do Bob Dylan. Tell Tale Signs é o nome. As diferentes versões, os recortes e rearranjos das letras de outras canções suas, o mood desde Time Out of Mind…

    Pra completar, na revista UNCUT deste mês tem uma grande reportagem - ótima e reveladora - com os técnicos e produtores que conviveram com ele, contando sobre a experiência em estúdio com o mito difícil.

    Imperdível e iluminador, vc que está no estúdio agora poderia se divertir lendo as excentricidades e as belezas deste Dylan entre tantos.

    Beijo Caetano!

  52. Nando disse:
    Outubro 31st, 2008 at 8:09 am

    Caetano, o tempo para editar textos também faz com que a gente talvez perca a oportunidade de ler coisas sensacionais como: “Quando sair (o catatau), sairá curto”!!!

    Roberto Joaldo de Carvalho: você é muito massa, rapaz. Elegante, educado, cultíssimo e da paz. Já teu fã. Tô em sintonia contigo quanto à proposta de um outro espaço, que idéia maravilhosa.

    Marcelo, fala um pouco pra gente das reservas com o Adorno.

    Fui lá no António Zambujo; no vídeo que fala do Alentejo, lá pelo meio quando aparecem umas crianças, desabei:

    http://br.youtube.com/watch?v=ly2gwE0BJrQ

    E para quem gosta de garimpar outros sons, algumas sugestões daqui dos “prediletos da casa”:

    RON SEXSMITH, um pequeno gênio de sobrenome incomum, mestre em baladas repletas de Byrds e Brian Wilson. “Other Songs” é um primor.

    DURUTTI COLUMN, “Sex & Death”. O escorpiano título já adianta muito do que se encontra neste primoroso album. Mas nada de morbidez gratuita, muito menos forjada: o que se ouve é delicadeza de outras esferas e, sim, bastante intensidade.

    AGNES GARNAS & JAN GARBAREK, “ROSENSFOLE”. Folclore norueguês, para desanuviar geral e visitar terras longínquas navegando na alma e no “canto do povo de um lugar”.

    Hope you like it!

  53. Marcelo Porciuncula disse:
    Outubro 31st, 2008 at 8:50 am

    Para o Luiz Castello, comentário 32.
    Caro Castello, a maioria da democracia não permite que se imagine ser ela uma manifestação da “sabedoria”, ao contrário do que diz o equivocado ditado popular, mas pura e simplesmente o respeito à vontade da maior quantidade de pessoas. Acolher esta opinião majoritária parece apenas mais justo, e, se vc quiser, até mais “sábio” politicamente, o que não quer dizer, por outro lado, que o conteúdo da vontade desta maioria signifique a expressão exata e sempre correta daquilo que realmente deve ser feito. Em uma democracia a maioria não é portadora da verdade. Prova disso é que este regime significa também uma proteção das minorias. Uma proteção de gente como Gandhi e Sócrates, para citar de modo enviesado seus exemplos. Tampouco acho que meter as mãos na política signifique sujá-las, e acho até ingênua essa crença, ao contrário do que em regra parecem supor os que a repetem insistentemente.
    O que vc sugere, um despotismo supostamente esclarecido? E quem seria o déspota? Vc? Nós, os bacanas que escrevemos e acompanhamos este blog?
    É melhor contar cabeças do que cortá-las.
    Soltem Jesus e Barrabás!
    Abs

  54. Marcelo Porciuncula disse:
    Outubro 31st, 2008 at 8:57 am

    Sobre esse papo da música baiana, eu também gostaria de dar aqui minha opinião. Durante a leitura do escrito de Caetano eu já imaginava que viriam os comentários de sempre contra os artistas “de axé”.
    Ivete e Daniela, só para citar alguns deles, são cantoras espetaculares. Pode-se detestar o som que elas fazem, pode-se odiar as referências ao Farol da Barra, ao negão do lado, à Praça Castro Alves, ao beijo na boca em fevereiro, etc. Mas não se pode discutir aqui talento técnico. Trata-se de um dado objetivo, mensurável pela mais fina tecnologia, diante da qual, portanto, só se pode fazer juízo de gosto.
    Luis Caldas é um excelente instrumentista.
    O som do “É o tchan!” é incrível. É claro que há coisas que a mim me parecem feias, mas até de meus artistas preferidos ouço coisas que me desagradam. O “É o tchan!” -mesmo com esse nome horrível que por razões comerciais passou a batizar o antigo Gera Samba, um nome bonito – protagonizou momentos especialíssimos na vida da cidade de Salvador. O movimento que ele iniciou em larga escala fez do Baiano de Tênis, aquele clube em que “negro não entrava nem pela porta da cozinha”, uma grande roda de samba aos domingos. Mas não era uma benevolência destinada aos mulatos, era um prazer genuíno que fez com que as meninas e meninos da “sociedade soteropolitana” se esbaldassem ao som do samba. E para isso tiveram que abrir as portas do clube aos mulatinhos que chegavam com seus instrumentos de gente do povo. Conheci mais de uma menina rica de Salvador que quis honestamente concorrer ao posto de loira do tchan e que tinha tesão declarado (o “declarado” sim foi um avanço) por músicos e cantores populares. No Clube Espanhol, também em Salvador, multidões reuniam-se nos finais de semana para sambar. Gente rica e gente pobre, que passou a freqüentar a área social do clube entrando pela porta da frente, com o respeito que a condição de artista, de amigo de artista, de gente do bairro de artista, sugere. Isso não é pouca coisa.
    A banda “Harmonia do Samba” tem músicos talentosíssimos e um nome lindo. As letras são vulgares? Algumas vezes me parece que sim. Falam de mulheres sexualmente ativas? Sem dúvida. Mas isso é um problema pra quem? Tampouco é novidade, ou não conhecemos a verdadeira baiana que quando entra no samba não fica parada e que deixa a mocidade louca quando requebra direitinho, revira os olhinhos e diz “eu sou filha de São Salvador”?
    Minha geração - tenho 36 anos e sou baiano - aprendeu a sambar com essa turma. Boa parte do Brasil também. Quem pode ser contra isso?
    Após os anos 80 houve uma mudança na cidade de Salvador. E isso se deve, sim, a Luis Caldas, ao Olodum, ao Ilê Aiyê, a Gerônimo, a Lazzo, a Margareth, e a tantos outros nomes que vieram em seguida. E também se deve ao sentido empresarial da classe média baiana que soube se associar a isso tudo. Venho de uma escola tradicional de Salvador, uma escola de jesuítas, onde só estudava quem podia pagar caro. Nessa época, ainda antes da reforma de 92/93, eu e meus colegas passamos a freqüentar o Pelourinho com a curiosidade de quem percebia que era dali que vinha o que nos fascinava e surpreendia pela vitalidade e pela beleza. Fomos levados por esse movimento a ter uma relação afetiva fortíssima como o centro histórico de Salvador e com tudo o que nele estava implicado de possibilidades sócio-antropológicas. Tenho uma amiga que foi morar no exterior antes da explosão do axé e que até pouco tempo atrás, quando voltou, não sabia chegar ao Terreiro de Jesus.
    Preciso falar da perspectiva de ascensão econômica que a música baiana trouxe ao povo pobre da cidade? Preciso falar da infra-estrutura material (salas de gravação, recursos técnicos, etc.) proporcionada? E sobre a quantidade de excelentes músicos, há algo a dizer? Precisamos lembrar a importância da auto-estima fortalecida com essa história toda? Quem é de Salvador sabe a que me refiro.
    É claro que isso tudo não significa que o axé tenha sido a tábua de salvação da Bahia, muito longe disso. Mas erra quem nega seus enormes efeitos positivos.
    Há quem bata na madeira 3 vezes quando escuta uma percussão vinda da Bahia? Sem dúvida, assim como há quem na madeira tenha batido em diversas ourtras ocasiões importantes, como, por exemplo, quando soaram os acordes de guitarra elétrica na MPB, quando o Brasil organizou-se pra fazer cinema, quando surgiram por aqui os primeiros grupos de rock, quando Lula foi eleito presidente, quando Gabeira foi escolhido candidato, …
    É diferente? Não creio.
    Bjs

  55. Fernando Salem disse:
    Outubro 31st, 2008 at 10:01 am

    Oi Roberto Joaldo

    Você antecipa uma possibilidade. Na verdade, revela um anseio coletivo de que esse espaço não desapareça. Talvez, um medinho da idéia de algo “em progresso” chegue a um final.

    É realmente estranho que a beleza de um projeto seja o seu próprio progresso. A idéia de progresso se associa a processo. O meio. O curso.

    Um dia o cd do Caetano vai ser lançado e nós por aqui vamos experimentar de fato o quanto esse blog foi um suporte paralelo ao projeto, ou se ele deseja continuar e progredir.

    Não consigo imaginar se o eventual desejo de continuidade teria vida própria ou emanaria do desejo pessoal do Caetano.

    Prefiro pensar na segunda hipótese, já que ele funciona como plot-point das aventuras intertextuais e afetivas desse ambiente.

    Fiquei lisongeado quando você disse que sou “preparado” pra “sulear esse acontecimento”.

    Mas, de fato, não me sinto com tal vocação. Tenho um modesto blog (aí vai o link):

    http://web.me.com/fernandosalem/FERNANDO_SALEM/BLOG/BLOG.html

    …mas nele relato experiências e reflexões bem pessoais num âmbito bem mais restrito. O blog integra um site:

    http://web.me.com/fernandosalem/FERNANDO_SALEM/HOME.html

    também modesto e pessoal.

    Não sei se quando você mencionou a possibilidade da gente pensar num espaço novo e meus atributos para isso, falava de domíno do suporte ou do conteúdo.

    Nas duas possibilidades me sinto desqualificado. Sobretudo na segunda. Aqui vai uma confissão: penso que Caetano com sua disposição para pensar, escrever e dar atenção a todos é a vitamina essencial desse grupo tão heterogêneo e polifônico.

    Aqui cito os versos de Noel Rosa e Orestes Barbosa para o samba “Positivismo”:

    O amor vem por principio
    A ordem por base
    O progresso é que deve vir por fim
    Desprezaste esta lei de Augusto Comte
    E foste ser feliz longe de mim

    Nesse projeto o AMOR veio por princípio, a ORDEM por base e talvez o PROGRESSO seja o seu fim. Quando o CD sair, Caetano pode “ser feliz longe” de nós.

    Hermano sim, é o cara! Ele pode medir as consequências dessa saga insana e avaliar o grau de abstinência da moçada. Isso implicaria em perceber se é só saudade ou necessidade cultural genuína de um grupo que se formou em torno de uma Obra e deseja continuar em Progresso.

    abraço

    Fernando

  56. Marcelo disse:
    Outubro 31st, 2008 at 11:41 am

    Acho ótimo que o verbo “sulear” caia no gosto do pessoal.

  57. Exequiela :: LUA LLENA:: disse:
    Outubro 31st, 2008 at 11:56 am

    Miriam: Grazie!!!!! por buscar esa información. Cómo me gustaría conocer Italia!! Bacio!

    Anlene: Es verdad q a veces Buika exagera. En vivo grita demasiado para mi gusto pero Niña Lola me fascina… sobre todo la parte instrumental. Es más linda la versión original (que puso el link Hermano) que la que puse yo en vivo. Me gustan mucho las canciones donde predomina el contrabajo (mi instrumento favorito).

    Para los que gustan de Gibbons… Gibbons + Rodrigo Leao. lonely carousel AHHHHHHHHHHHH. Imperdible!
    http://www.youtube.com/watch?v=uQumAmNL_aY

    Otra de Mayra Andrade. Tambien imperdible!!! LUA.. es una versión diferente a la del CD (q tengo yo…. q bajé de internet.. sí perdón pero me bajo todo de Emule… qué trucha! las discográficas van a tener que adaptarse de una manera inteligente a la globalización galopante)
    http://www.youtube.com/watch?v=lIU0xRah6nA

  58. Nobile José disse:
    Outubro 31st, 2008 at 12:07 pm

    talvez o ideal seria o blog, com o lançamento do disco, se fundir ao site oficial do caetano. assim, poderia haver chats, grupos de discussões e a eventual presença de caetano, não só postando, mas tb, quem sabe, no chat. seria uma trans loucura. mas daria certo. além disso, haveria a divulgação da agenda do caetano, sua discografia, e no futuro (quem sabe) quando suas músicas cairem em domínio público, puder ser feito o download gratuito (ou até pago mesmo, tipo 1,99 por donwload) das músicas. ou algumas pagas outras free. enfim, essa experiencia caetânica tem tudo para dar bons frutos e bons lucros (pq não?).

  59. laurene disse:
    Outubro 31st, 2008 at 12:16 pm

    Caetano: pra mim o que ficou do Adorno foi mais aquela história das hippies terem entrado na aula dele e mostrado os seios. Ele chamou a polícia. A coisa ficou como sacanagem irracional da esquerda 68 contra ele, mas a assombração sabe para quem aparece, não acha?
    Na época de verdade tropical vi alguns debates na Letras que envolveram o livro. Mas o universo de uma fã, que é emoção e sentidos, é diferente do pesquisador. A fã diz que a borboleta é bela, o pesquisador diz que é um lepidóptero.
    Eu vi dois adornianos conversando assim. Um falou: “Adorno e´lindo, né?” enquanto o outro disse: “Tem que sentir tristeza ao ler Adorno, ficar deprimido, Adorno é triste”. O outro ressaltou que é poético o lance de Nietzsche ter criticado Sócrates e Adorno ter ido mais longe, criticando a razão em Homero como no episódios das sereias. Homero seria um careta que não quer ouvir música, que, como diz Mautner, adocica, social-democratiza.

  60. Nando disse:
    Outubro 31st, 2008 at 12:42 pm

    Marcelo Porciuncula,

    Você está rigorosamente correto - quanto aos aspectos sociológicos. Quanto à excelência técnica, tenho minhas ressalvas. “Espetaculares” para mim são cantoras como Dusty Springfield ou (a baiana, de Salvador) Astrud Gilberto. Mas isto nem importa.

    Querer ver em “Falsa Baiana” uma antecessora direta de coisas como “Tudo que é perfeito/A gente pega pelo braço/Joga ela pro meio/Mete em cima mete embaixo/Depois de nove meses você vê o resultado” é forçar demais a barra. Pode funcionar atrás de um trio ou num ensaio, com muita birita, na azaração. Aqui em casa, isso não toca. Eu tenho filho de 5 anos e não o educo para tratar as mulheres como cadelas. Não posso aceitar que isso seja continuação de “Chuva, Suor e Cerveja”, “A Filha da Chiquita Bacana”, “Pombo Correio”, “Chame Gente”, “Vida Boa”, “Ajayô” ou da sensacional “Beija-Flor”, da Timbalada.

    Mas também não era a nada disso que eu me referia, porque é um problema de texto, não de sonoridade. Era quanto à questão musical mesmo. E aí eu acho que Salvador estacionou na batida do samba-reggae - cuja invenção eu acho maravilhosa. Sem inquietação, sem criatividade e se atendo aos aspectos mercadológicos e sociais, fazendo a máquina funcionar de acordo com os interesses de quem ganha muito dinheiro com ela, o maximo que a música feita hoje em Salvador consegue despertar é um interesse exótico ou uma defesa bairrista. A mim (baiano de Salvador), nem isso. Música pra dançar não precisa ser débil nem estúpida.

  61. Marcio Junqueira disse:
    Outubro 31st, 2008 at 2:12 pm

    definitavemente
    uams das melhores coisas que o novo disco do caetano trouxe foi o encontro, virtual (ate agora) de tanta gente bacana. fernando salem, com quem implico um pouco, é massa, roberto joaldo é deslumbante, exequiela idem, heloisa, rafael rodrigues…isso só pra citar a galera que é mais assidua.
    alguem acima falou do arrocha como uam novidade. o que não é. desde pelo menos 2003 esse é um ritmo absolutamente dominate nas ruas da bahia inteira, e ja está ate um pouco em declinio. os grupos de pagode da bahia, com o tempo vieram tarznedo muitas informações interesantes, com uso de sirenes (que me lembra new rave), eletronica e mil outras coisas. não chego a me empolgar muito com eles, mas também nãod esgosto. o que desgosto mesmo é purismos. isso é muito caido. parq uem nasceu na bhia é muito normal agente gostar dessas coisas todas, pq acho que quando a informção do axe chega aqui no rio ja chega muito envolta dentro de um esqeuema de dominação do brasil que faz as pessoas terem um pouco de raiva, mas não sei se só por isso. gostava do é o tchan, qundo era gerasamba. depois ficou um negocio babão de cordinha e coisa e tal. o harmonia foi diferente, pq eles , quando surgiram, tinha uma influência forte de samba d roda, que era também uma das fontes do é o tchan quando era gera samba, lembro da primeira musica do harmonia que tinha uma cavaquinho enlouqeucido. dancei, com muito gosto, essa musica em carnaveias, micaretas, barracas de rua, feiras e dentro de casa.
    vou fumar um cigarro e pensar mais sobre vanguardas, ou esperar o caetano responder pro joaldo pra retomar o assunto.
    beijos

  62. Gilliatt disse:
    Outubro 31st, 2008 at 2:22 pm

    Valeu, Roberto! E Viva Você, que ao valorizar (já no post da foto do Moreno) as minhas lembranças do Percevejo acabou propiciando o comentáiro da Evangelina que resultou na recuperação, pelo Caetano, dessas gravações que merecem edição em CD.
    Abração!

  63. Ricardo disse:
    Outubro 31st, 2008 at 3:42 pm

    Hola, Caetano.
    Desde hace un buen tiempo tengo la fantasia de encontrarte en alguna calle y preguntarte sobre algo que me da vueltas desde que comence a tocar “Sampa” con mi guitarra. Con los acordes iniciales se puede cantar perfectamente “El dia que me quieras”. Se trata de un homenaje velado, de una casualidad (no se hasta donde existen las casualidades, creo que siempre son causalidades cuyas leyes o caminos desconocemos) o uno de esos juegos con que se divierte la vida?
    Un abrazo desde Buenos Aires.

  64. Sílvio Osias disse:
    Outubro 31st, 2008 at 4:09 pm

    Caetano,
    Os comentários aqui no blog me motivaram a reler “Verdade Tropical”. Hoje, passados onze anos, continua me impressionando muito, seja pela qualidade do texto, seja pela lúcida revisão que você faz da sua trajetória. Sem qualquer exagero, acredito que poucos artistas da música popular, dentro ou fora do Brasil, escreveriam um livro como este. As “Crônicas” de Dylan não me desmentem. Nem o “Many Years from Now”, de Paul McCartney. Quando penso em “Verdade Tropical”, inevitável lembrar da definição de Jomard Muniz de Britto na época em que o livro saiu: “é um romance de formação”. Você mesmo já admitiu que o texto tem alguma coisa dos romances de formação, lembra?
    Aqui em João Pessoa, um professor da área de Letras da UFPb (também crítico de cinema dos bons) me disse certa vez que considera o capítulo sobre a prisão um livro à parte. E o bom é que ele tem pouquíssima ligação com música. O negócio dele é cinema e literatura. Não por acaso, comecei a reler “Verdade Tropical” pelo capítulo da prisão.

    Estive com Jomard dias atrás. Ele veio a João Pessoa receber uma homenagem durante um festival de vídeo. Estava indignado com as insinuações de Marta sobre Kassab. Falei que acompanhava o “Obra em Progresso” e que costumava fazer alguns comentários. Ele pediu que eu lhe dissesse que esteve com Antônio Cícero em Recife, durante um debate na Livraria Cultura, e que você foi tema da conversa deles. Jomard adorou Cícero, a quem conheceu dois anos atrás em Natal.

    Abraços, Sílvio Osias

  65. teteco dos anjos disse:
    Outubro 31st, 2008 at 4:12 pm

    a caboverdiana Mayra Andrade é linda, tem uma voz linda. a vi no youtube ‘anche’, mas ela cantando “Tunuca” com seu grupo, numa espécie de varanda, depojada, maravilhosa. não a vi com Mariana Aydar - outra que acho linda e maravilhosa -, porque o vídeo, em virtude das ‘conjuminâncias’ misteriosas da informática e as quais desconheço, não abriu no meu computador novo.
    Mayra em “commes´il ou pleuvait” é a própria encarnação da beleza,confiram, a beleza amada-odiada por Baudelaire em “Flores do Mal”.
    eu gostei mais da Roberta Sá interpretando aquele fado do que o António Zambuja. engraçado, no momento tenho gostado mais das cantoras do que dos cantores. acho que as vozes femininas têm percorrido minha mente-alma como raios laser de encanto e euforia. outra cantora que tenho ouvido no youtube e no myspace é Andréia Dias, o seu “erre” paulistano é delicioso.
    e concordo plenamente com a radiografia poética…”Amália reverbera em cheio em Mariza”. eu devia ter patenteado essa visão, pois cheguei a vislumbrá-la antes que tu, Caetano, a verbalizasse aqui. Mariza..ela não tem algo de Amália Rodriguês no seu canto?..perguntei certa vez a um amigo ( que hoje é inimigo..por outras razões..blá).
    mas você concluiu tão bem usando o verbo “reverberar” que, nesse caso, cai de forma precisa e grandiosa. Parece a transposição de uma essência ou qualidade estética de uma pessoa para outra. O que Osho disse ser a “transmissão especial”.
    eu não faria melhor. aliás, essa frase não é um comentário, é um verso. eu não gosto de “lamber” ninguém ( “lamber” no sertão paulista pode significar “puxar o saco ou tietar”), mas essa frase é um belo verso.
    Hermeto tocando garrafas e flautas dentro da água é realmente o que deveria ter sido os primeiros momentos da criação no Gênesis, como já disseram aqui. quando penso que o Brasil tem coisas como Hermeto e Lupcínio, Donato e Jackson do Pandeiro eu fico “comovido como o diabo” (Drummmond).
    Roberto e Salem; o Jorge Mautner já usou o lema original de Augusto Comte..”Amor, Ordem e Progresso” numa tal e linda “bandeira poética” do Brasil, num show junto com Gil e o percussionista Repolho, em Sampa. “Amor, Obra em Progresso”.
    E o samba de Noel, “Positivismo”, é pra lá de genial…”desprezaste essa lei de Augusto Comte, e foste ser feliz longe de mim”. Se não me engano, Mautner gravou mesmo este samba.Top.
    Aracy de Almeida…a proto-híppie de nossa música, genialíssima. Será que Aracy reverbera em Baby Consuelo?
    axé-music…eu tenho por princípio respeitar tudo e a todos. já fui da dar porrada, passou. mas, não creio que os mais fulgurantes nomes da axé-music sejam geniais como dizem. bons, bons. mas, claro, Ivete e Daniela, cantam e dançam muito, além da presença luminosa (delas) no palco. E lotar o “Maraca” ( sem ser jogo da seleção ou dos grandes clubes), só mesmo pra uma Ivete, um Paul MCcartney e Sinatra, pelo que me lembro.
    e é isso mesmo, temos que exigir do Brasil a “articulação do papo” que temos que levar com o mundo pra sairmos desse “chiqueiro de atraso, intrigas e pequenezas”.
    Exequiela; não se avexe de revelar que baixa músicas pela net. Atire a primeira pedra aquele que nunca baixou música pela net!!! Ético ou não, o fato que não pode ser esquecido é que a net e a tecnologia, ao longo desses anos, demoliram a indústria fonográfica. é uma transformação sem volta.

  66. Marcelo disse:
    Outubro 31st, 2008 at 4:24 pm

    Nelson, se o papo se encaminhar para isso, quem sabe? Senão pode ser que a gente esteja levando a coisa pra um ponto que talvez não seja interessante pra mais ninguém, no momento.

  67. Heloisa disse:
    Outubro 31st, 2008 at 4:25 pm

    ‘Wild, white horses,
    They will take me away,
    And the tenderness I feel,
    Will send the dark underneath,
    Will I follow?’

    Portishead na voz dilacerante de Thom Yorke: um arrepio na alma.

    http://br.youtube.com/watch?v=zPPH1qg8Qo4

  68. Nobile José disse:
    Outubro 31st, 2008 at 6:13 pm

    li verdade trpical assim que formei na faculdade, em 2000. ainda estava de ressaca do direito e nas férias me dei o presente de lê-lo. gostei de muita coisa. mas o que mais me impressiona hoje é a descrição da prisão e do exílio, e a sua sensação ao voltar ao brasil (para o aniversário de casamento de seus pais, eu acho…) e o carro que fôra lhe buscar no aeroporto estar com um adesivo: brasil ame-o ou deixe-o (ou algum outro slogam do regime da época, não me lembro direito). enfim, como vc sentiu ao ser considerado pela força militar do brasil como um perigo para a segurança nacional? existe uma ligação com esse sentimento e a música “base de guatánamo”? ou com a gravação que vc fez de “como as you are”? vc chegou a sentir raiva daqueles que o colocaram no lugar do “inimigo”?

  69. tita disse:
    Outubro 31st, 2008 at 7:57 pm

    Gil é Gilberto Gil?
    Também quero ouvir o disco do Arnaldo.
    Este post tem tanta informação que pirei…me senti mto por fora…mas n faz mal…continuo por aqui…bjbj…adoro ler este blog…e os comentários…

  70. Sandro Lobo disse:
    Outubro 31st, 2008 at 8:02 pm

    Caetano, não tenho certeza mas acho que fui censurado (?) aqui? Eu tinha colocado um link de um rapaz que eu não conheço cantando “Peter Gast”, com um jeito muuuuito parecido com o de João Gilberto e um violão perfeito que eu achei no Utube, e o meu comment não foi publicado. Mas vejo que outras pessoas têm divulgado coisas boas que encontram na net, o que terá acontecido?
    Vou mandar novamente para ver se mis hermanos me liberam. Abraço
    Eis o link: http://br.youtube.com/watch?v=OiOmGRQZVvI
    Veja o que acha.

  71. Fernando Salem disse:
    Outubro 31st, 2008 at 8:16 pm

    Oi Marcio

    Fiquei surpreso com o “fernando salem, com quem implico um pouco, é massa”. Quando implicam comigo fico curioso pra cacete. E quando me acham massa fico contente pra caramba. Um dia descubro qual foi a sua implicância, mas isso não implica que eu implique com você. Xi… compliquei e não expliquei.

    abraço

    Salem

  72. Gravatai Merengue disse:
    Outubro 31st, 2008 at 9:16 pm

    Caetano, os portais mostram hoje uma foto do Edisson (a grafia é essa, e é tão linda e feia ao mesmo tempo) Lobão ao lado de Raúl Castro com Lula junto aos dois. A discussão de “esquerda” e “direita” passa por tantos labirintos que volta àquela sua provocação:

    “o violão de Baden é de direita ou de esquerda?” (lembra-se disso?)

    E agora tripudiam de sua análise sobre o esquerdismo tucano ou o ‘não completo’ esquerdismo petista. Como se houvesse alguma objetividade inequívoca nesses rótulos.

    A arte é menos subjetiva. Os sonhos são mais exatos. Deus é mais facilmente explicável - para fiéis, infiéis, ateus e agnósticos.

    PT e PSDB não polarizam. Eles se beijam escondidos. Mas fazem de conta que não. E a gente finge que acredita.

    Um abraço.

  73. Ricardo de Alcântara disse:
    Outubro 31st, 2008 at 9:23 pm

    O disco em progresso não me interessa, quero o disco só, livre, pronto, porque aí ele estará desapegado do artista, do blogue, dos comentários, da exaltação, da crítica, aí o disco é meu, eu posso ouvir e não ouvir, gostar de imediato ou daqui a dez anos, não gostar. No entanto, a obra em progresso, que não quero ter conhecimento ainda (pelo menos do som), gerou esse espaço bacana de falatórios dispersos, poemas em línguas estranhas, autopromoção, teoria, crítica, prática, gente esquisita, gente que usa pseudônimo, gente que não comenta mas visita, gente sem feição e, claro, pôstes enriquecedores do Caetano. O blogue em progresso, o artista que acesso, tudo isso, confesso, não equivale ao disco que quero ter girando no aparelho de som, mas já dá um barato danado.

  74. Gravatai Merengue disse:
    Outubro 31st, 2008 at 9:27 pm

    “Xô Chuá” é o “cada um no seu quadrado” do Riachão, que agora volta a São Paulo anunciado no blog do ex-(?)-lulista Kotscho.

    O que denominam “axé music” é o que sempre se fez no Brasil à revelia das vontades casagrandeanas dos sabichões da cultura. É o gozo da senzala cultural.

    É o orgasmo anárquico. Atrás do trio elétrico e dessa bagunça só não vão os que não entendem da vocação rebelde da arte - e acreditam que “escravos da mídia” são os que ali estão (e não os que a eles se opõe, esses sim, escravos de uma lógica inventada pra um universo sem lógica).

    São os pseudo-tinhorões sem miolo algum. Porque até para ser José Ramos é preciso ter um bom subsídio.

    Ivete Sangalo ainda goza sua plenitude e surge Claudia Leitte. Não adianta. Eu mesmo não sou fã da música carnavalesca baiana, mas seria imbecil não dizer que se trata do maior fenômeno de massas do Brasil das últimas décadas.

    E seria igualmente imbecil não reconhecer a grandiosidade disso como movimento cultural, artístico, atribuindo a todos os envolvidos sua importância no processo: de Dodô e Osmar ao rebolado de Xandy. De Armandinho à voz de Ivete.

  75. Fernando Salem disse:
    Outubro 31st, 2008 at 10:47 pm

    Okay Roberto Joaldo

    Você é de uma sedução poética eletrizante. Também não entendo de HTML e sou um macmaníaco de origem. Fiz meu site e meu blog na lúdica plataforma do mac que tem um programinha chamado iWeb que é que nem brinquedo de criança. Também gravo meus discos com esse jeitão tecno-pobre metido a besta.

    Você começou a despreguiçar meus neuro-transmissores. Há mesmo um eclipse oculto na luz desse verão. Pode ser.

    A frase mais convincente da tua argumentação tão divertida é:

    “E não sou bobo de ficar andando só assim: em tão perigosa companhia.”

    Isso é bom demais! O perigo lacerdante: a sombra do grande mito. O artista da da Roda-Viva se Zé Celso e Chico. Há um tanto de ironia nisso, pois Caetano nos parece tão próximo agora. Não sou daqueles que temem o mimetismo e a proximidade do grande ídolo. Mas entendo: “ficar só assim” tem um amplo e profundo significado. E é perigoso mesmo. Mas é divino e maravilhoso.

    abraço

    salem

  76. Gianna disse:
    Outubro 31st, 2008 at 10:55 pm

    Caetano, nelle mie notti insonni non manco mai di leggere qui e devo dire che da quando esiste OBRA EM PROGRESSO soffrire d’insonnia è diventato piacevole. Per me è ormai un rituale rilassante ascoltare in sottofondo la tua musica e leggere il blog cercando d’imparare il portoghese. Voler comprendere il significato delle tue canzoni è stata la molla che mi ha spinto a studiare la lingua. Verdade Tropical, le citazioni, i richiami, i nomi, mi hanno incuriosito ed aperto un mondo nuovo, interessantissimo ed emozionante.
    Poeti ed autori che non conoscevo adesso sono una costante nelle mie letture.
    La spontaneità, l’originalità ed il sottile humor che usi nello scrivere ti caratterizzano e ti rendono riconoscibile anche da poche righe: perchè riesci a coinvolgere ed emozionare.

    Riguardo “Diferentemente” penso che starebbe meglio nel DVD dal vivo insieme ad altre canzoni extra disco ma non nel disco nuovo. Non è nuova. La vedo bene in uno spettacolo dal vivo insieme ad altre collegate per tipo di messaggio ma non nel nuovo disco.

    Zii e Zie. Eh, eh. Bello.

    Baci tanti, Gianna

  77. Manuel Amaral Bueno disse:
    Outubro 31st, 2008 at 11:20 pm

    Caetano,
    Zizi é isso mesmo que você está pensando. Tem até uma música, “Le Zizi” do Pierre Perret, sobre quando introduziram as aulas de educação sexual na França:
    http://www.youtube.com/watch?v=IIvLqgvO5Tg
    É hilária!

  78. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 1st, 2008 at 12:53 am

    Borges, ó Borges, meu ‘brujo’,
    em que jardim suspenso
    dentre todos os jardins étereos
    da metafísica
    encontrarei cultivada e a mim disponível
    a rosa
    a rosa das rosas
    a rosa amarela
    única capaz de fustigar
    com ainda mais atiço
    a doçura canina
    de uma fera
    e gata da estirpe das gatas sagazes
    a leonina “Exequiela”?
    ___________

    CAETANINO

    Segunda conferida na atual desenfreada postagem sua e já não sei do que gosto mais. Estou desnorteado (não digo, dessuleado, afinal estou, do ponto de vista cardinal, no pórtico do Norte-Nordeste).

    Enfim, pra usar uma expressão cara ao braqui e taquicárdico coração de nossa musa Exequiela - estou “pulsado”! Por onde continuar?

    Acho que pondo mais lenha nessa fogueira…

    -Eis você ouvindo o pensamento odara de Augusto de Campos durante papo já quase qualquer coisa com ele e com o eloquë(esse)nte Arrigo Barnabé:

    http://br.youtube.com/watch?v=o2SFHpHbGbE

    -Eis mais Augusto de Campos, agora de-clamando Arnault Daniel e inenarrando o mistério ou a origem de “Noigandres”, o nome:

    http://br.youtube.com/watch?v=02gmMaHg61w

    -E, ainda nem é tudo… mais um cálice do bendito Augusto:

    http://br.youtube.com/watch?v=-ZysvJ1uqGI

    P.S.: eu, você, nós dois, ainda veceremos Nelson em algum campeonato de troca de links!

    HELOISA

    Ó fina e abrupta-cálida flor! Grato pelo adjetivo na outra página sobre meu experimento com a louca bala laica de Maiakóvski dourada em esperanto! Em outra ocasião, com taquinho maior de minudência, contarei mais como a experiência se deu.

    Adianto isso: foi pra desafiar teoria do querido professor Monclar Valverde, que me disse que tal façanha eu não conseguiria, durante aulas da disciplina “Filosofia da Linguagem”, que cursei como ´ouvinte´ na Faculdade de Comunicação da UFBA, em fins dos anos 1980.

    Para que ninguem mais morra de curiosidade pelo experimento:

    balalajko
    klakas kiel šafbleko
    kiel šafbleko klakas
    (dum baladoj de pompa festo)
    kun šafbleko klakas
    klakas kun šafbleko
    (en balo senlača)
    glačikoron de bala
    laiko

    Por insolência minha, passei a assinar o experimento como poema só meu. Maiakóvski (ao menos em poema) conseguia ser insolente com o sol. Por que eu não poderia algum dia cometer uma insolênciazinha dessas com o poeta?

    Fonte da inspiração de minha traquinagem:

    http://br.youtube.com/watch?v=0AMX8Fj8gP4

    P.S.: quem quiser ouvir essa pílula em minha voz, e conhecer uma tradução “literal” com o significado em português das palavras em esperanto, solicite-me por e-mail (ache-o pela página de meu perfil em meu blog)

    GILLIATT

    Eu vivo entre esse teclado, esse terminal de computador, entre todos esses bits, e mediante punhados de quintilhões de bytes - em estado de comunicação central & neural contigo: com essas suas lembranças de experiências estéticas quase que inenarráveis!

    SALEM

    Eu sou mais do partido do Nando. Acho que a gente tem de ir pensando na possibilidade de fazer algo próprio, mesmo. Nada impedindo que a gente fique embarcando em futuras infocaetanaves depois desta.

    E também, meu querido, eu não gostaria de andar sempre ao lado de Caetano. Caetano é muito grande para mim. E todo ser grande é também um devastador de originalidades. E não sou bobo de ficar andando só assim: em tão perigosa companhia.

    Em todo caso, assim como acho que você pode se interessar de vez por sulear esse outro caminho por aí, daqui eu me sinto à vontade pra continuar sonhando, e disposto a nortear parte significativa dessa história.

    Já andei até pensando em como, mediante essa mesma plataforma de desenvolvimento de páginas web, o Wordpress, bolar um piloto (mas não conheço a fundo html), e também ando remoendo um nome, um conceito que passaria a idéia de um “coletivo” bem nosso, com inspiração no espírito do incomparavél Abujamra, e seu “Provocações”, pela TV Cultura, e em coisas deliciosas e traquinas que vejo em infocaetanautas como Nelson, Exequiela, Marcos Lacerda. Vamos, quem irá adivinhar esse nome?

    Num espaço próprio, sempre que desse na telha a gente poderia transitar entre o regime do “transliberalismo delirante e batucante” que Lacerda detecta em Caetano e seus seguidores - e que eu não renego, pois me sinto afiliado - e um ‘comunismo orgiástico de individualidades entredevorantes’, que venho concebendo a partir de leituras delirantes que faço de Zizek, ou, em síntese, o que de todo modo agradaria a Caetano, um “comunismo pindorâmico”. Expressão que agradaria ainda mais ao Oswald de Andrade, que foi um dos principais nomes que me afastou da militância política de esquerda e ao mesmo tempo me atraiu de vez para o sonho de uma sociedade mais justa desde que também poética. Um outro nome foi Octavio Paz.

    Ah, eu tenho um trauma do Hermano. Quando vi que ele vinha com aquelas regras todas querendo conter os nossos ânimos aqui, e dar uma direção unívoca às coisas… mas saber que foi ele quem convenceu a Caetano sobre a idéia de pôr este nave na blogosfera me faz pô-lo a caminho da minha absolvição.

    P.S.: Discordo de todo de você quanto à modéstia de seu blog - é luxo só poder sentir como você desborda qualquer texto seu com um sabor e um prazer únicos! Eu sinto um bloqueio tão grande em te comentar por lá… mas um dia perderei o cabaço.

    NANDO

    Primeiro, se eu soubesse ser tão eloqüente em poucas palavras como Heloisa, eu teria como agradecer o apreço seu por mim sem ficar horas aqui espancando o teclado. Mas bati o olho em você e também vi: parceiro de pensamento e ideários! Alma-gema! Se Salem não quiser liderar o suleamento, já vi que você se candidata. E se você vive ou passar a viver aqui pela minhas bandas, seremos parceiro em todo esse e em outros norteamentos.

    MARCOS JUNQUEIRA e LUCAS MATOS

    Afinal, vocês já leram mesmo o Finalidades sem Fim, de Cícero? Eu ainda não encomendei o livro por aqui.

    A gente precisa ter mais “bagagem” para discutir com Caetano esse lance das vanguardas e assim não passarmos vexame. Vejam que Caetano nos rotulou de entusiasmados e já trouxe uma nota dissonante quanto à visada de Cícero e que não sera nada fácil de enfrentar: o pensamento do próprio Augusto de Campos.

    Pelo link a seguir, todos podem se deparar com o mel do melhor de Cícero na web (vá até Livros e leia algo sobre o livro mencionado):

    http://www2.uol.com.br/antoniocicero/
    ___________

    Extra! Extra! Descobri um outro infocaetaunata ainda ’silencioso’, chama-se ADRIANO VIEIRA. Anda orbitando minha estrela lá na Constelação de Centauro e mantém blogue que me lembra Rita Lee - …nada melhor do que não fazer nada…

    http://inutilidadesaqui.blogspot.com/

  79. Exequiela :: entre semitonos celestiales:: disse:
    Novembro 1st, 2008 at 2:34 am

    Tienen 10 minutos eXactos para un momento celestial? Diez minutos eXactos no se les niega a nadie…. y menos al corazón musical que llevamos adentrOOafuera.
    http://www.youtube.com/watch?v=iimMKWF7SK0

  80. NELSON disse:
    Novembro 1st, 2008 at 9:02 am

    heliosa,

    possiveis respostas….rsrsrs.

    http://www.youtube.com/watch?v=MKVBtEuPSwc

    http://www.youtube.com/watch?v=cPNSAPo0f8g

    http://www.youtube.com/watch?v=g2BqLlVHlWA

    kisses

  81. NELSON disse:
    Novembro 1st, 2008 at 9:30 am

    heloisa,

    http://www.youtube.com/watch?v=SEevv9qJgGw

    uma indagação:

    Se não é como amar uma mulher só linda. E dai? rsrsrsrs …

    “a tristeza tem sempre uma esperança de não ser mais triste não”…..

    qualquer coisa de triste
    qualquer coisa que chora
    qualquer coisa que sente saudade
    um molejo de amor machucado

    feita apenas apenas(este segundo apenas é interpolação minha rsrsrsrs) para amar
    para sofrer pelo seu
    amor
    e pra ser só perdão rsrsrsrsr

    uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher..

    ja pensaste o tal gajo fadista cantando esta canção?prefiro vinicius….

    fado pra mim é mulher…. ate da pra escutar homem
    cantando fado mas não há emoção alguma..parece musica pop e fado não é pop…fado é drama…
    só caetano pra perceber o merito deste gajo fadista que reside exatamente no que caetano descreveu e é só.

    beijim rsrsrs

  82. Lucesar disse:
    Novembro 1st, 2008 at 10:39 am

    Gostei de Zambujo, não o conhecia, penso que por causa de Amália Rodrigues, e de eu amar Mariza e Dulce o Fado ficou assim tão restritamente feminino para mim. Também não conhecia Buika, gostei de imediato. Já Sumo, que Exequiela indicou eu não conhecia bem, só de alguns videos “malos” que havia assistido no youtube, vou prestar mais atenção. É isso obraemprogresso expandindo nossos horizontes.

  83. Maria disse:
    Novembro 1st, 2008 at 11:12 am

    Olá Sílvio Osias,

    Que bom ouvir falar no Jomard. às vezes o encontro, o nosso tropicalista pernambucano.È sempre um prazer ouvir-lhe pronunciar o meu nome naquela seu peculiar timbre de voz: “Olá, como vai?”, muito interessante.

    V0ocê conhece algum professor que trabalhe com poesia concreta na ufpb? O Jomard também ensina lá? não sabia.

    Maria

  84. quito ribeiro disse:
    Novembro 1st, 2008 at 12:16 pm

    Oi Hermano,

    Uma sugestão para o sistema: Seria bom se, quando um link fosse clicado, uma nova aba ou uma nova janela se abrisse ao inves de substituir a pagina da obra.

  85. Exequiela :: wrong game, wrong chips but.... disse:
    Novembro 1st, 2008 at 1:14 pm

    Hermano… Caetano… Cómo así? Este blog tiene fecha de expiración? Cuando la barrita llegue al 100% desaparecerá? Qué hay que hacer para detener la barrita del porcentaje y dejar al progreso suspendido en la blogalaxia? Si no se puede hacer nada, por favor avisen! así me retiro antes de que explote la bomba de tiempo!

    Roberto: Me dejás sin palabras, no sé que poner entre los signos de admiración: ¡¡¡¡ !!!!!

    *********************

    IT´S ALL RIGHT WITH ME (strangely attracted to you)
    Ya que este post es tan musical… sigo pasando links.

    Cole Porter x 2.

    Súper interesante escuchar y ver cómo Tom Waits (qué LINDO que es!) desarma y se adueña de esta canción de Cole Porter. También pongo la versión de Ella para que escuchen la original y puedan comparar. Espero que les guste. Un beso a todos.

    Tom Waits: http://www.youtube.com/watch?v=iwyHFyKQ8XE
    Ella: http://www.youtube.com/watch?v=ESQHBJnvkCc

    It’s the wrong time and the wrong place
    Though your face is charming, it’s the wrong face
    It’s not her face, but such a charming face
    And it’s alright with me

    It’s the wrong song with the wrong style
    Though your smile is lovely, it’s the wrong smile
    It’s not her smile, but such a lovely smile
    That it’s alright with me

    You can’t know how happy I am we met
    I’m strangely attracted to you
    There’s someone I’m trying so hard to forget
    Don’t you wanna forget someone too

    It’s the wrong game with the wrong chips
    Though your lips are tempting, they’re the wrong lips
    They’re not her lips, but they’re such tempting lips
    That it’s all right with me

    It’s the wrong time and the wrong place
    Though your face is charming, it’s the wrong face
    It’s not her face, but such a charming face
    And it’s alright with me

    It’s the wrong song with the wrong style
    Though your smile is lovely, it’s the wrong smile
    It’s not her smile, but a lovely smile
    And it’s alright with me

    You can not know how happy I am we met
    I’m strangely attracted to you
    There’s someone I’m trying so hard to forget
    Don’t you wanna forget someone too

    It’s the wrong game and the wrong chips
    Though your lips are tempting, it’s the wrong lips
    They’re not her lips, but they’re such tempting lips
    And it’s all right with me

    And it’s all right, it’s all right
    It’s all right with me
    It’s all right with me

  86. Hermano Vianna disse:
    Novembro 1st, 2008 at 2:20 pm

    oi quito: mas se você quiser abrir em outra janela ou aba dá pra fazer isso com o botão direito do mouse (não sei como é no mac)- se a gente programa para abrir direto outra janela acho que as pessoas ficam sem a opção… abraço!

  87. Gilliatt disse:
    Novembro 1st, 2008 at 2:51 pm

    O vídeo do Augusto de Campos com Caetano e Arrigo Barnabé que o Roberto postou (blog tem “curator”? se tiver, é você, Roberto) reforçou um antigo sonho de consumo meu: um CD de Gal Costa só com repertório de Billie Holiday, em versões de Augusto de Campos. Não sei quantas ele fez. Sei que Elza Soares gravou “Sophisticated Lady” em dueto com o Caetano; a própria Gal gravou “Crazy, He Calls Me” e “Solitude”; e Zizi Possi, “God Bless the Child”. Tenho todas essas em mp3, mas ainda não achei nenhuma no YouTube. Na busca, encontrei esse registro de Strange Fruit, que não sei se ganhou versos do Augusto de Campos, mas que não posso deixar de linkar.

    http://br.youtube.com/watch?v=h4ZyuULy9zs

  88. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 1st, 2008 at 4:02 pm

    Para Nando, comentário 60.
    Caro Nando, acho as cantoras que mencionei espetaculares, sim. No mínimo do ponto de vista técnico. Mas enfim.
    Quanto a “Falsa Baiana” ser uma antecessora direta de músicas como a que vc citou fica por sua conta. Eu não disse e nem quis dizer isso. O que escrevi foi que o sentido sexual não é novidade, e que tampouco deveria chocar ou ser visto como algo necessariamente problemático, nada mais.
    Meus elogios à música baiana não me tornam um defensor de qualquer coisa, como a letra que vc escolheu para ilustrar seu comentário.
    Ainda não tenho filhos, mas quando os tiver eles vão ouvir o que estiver tocando em seu momento, e vão se divertir atrás do trio elétrico inclusive com músicas que provavelmente não ouvirão em outra circunstância. Já me diverti muito – e a rigor ainda me divirto – com músicas que não ouço em casa. Não passa pela minha cabeça privá-los dessa alegria.
    Isso sim seria forçar a barra.
    Música pra dançar não precisa ser débil e nem estúpida, é verdade, precisa somente ser mesmo capaz de fazer dançar…..rs
    É claro que não vejo nessa letra que vc trouxe uma continuação de “Chuva, Suor e Cerveja”, “Pombo Correio”, “Vida Boa”, etc. Mas por outro lado tenho certeza de que a estrutura material e a autoconfiança necessárias para produzi-la e defendê-la têm muito a ver com um contexto criado lá atrás, e então podemos até aproximá-la dessas canções lindas que vc citou.
    Mas vejo uma coisa curiosa aí. Não sei pq vc selecionou o que talvez seja o pior da música baiana e o está comparando com o que nela há de melhor para tentar demonstrar que o movimento que em linhas gerais eu disse ser maravilhoso na verdade vale muito pouco ou quase nada.
    Concordo que esse ambiente de Salvador (pelo menos o do chamado axé) já viveu dias melhores. Mas o dos outros estilos musicais não?
    Concordo também que lá preocupações comerciais têm tido uma importância maior do que aquela que é útil que se tenha. Mas é diferente no Rio, em sp, em Minas, etc?
    O que quero dizer no final das contas é que não devemos nos apegar a eventuais descaminhos e assim fazer parecer que tudo foi – é – uma espécie de fraude cultural, de armação mercadológica.
    Em primeiro lugar porque não seria verdade, e depois porque correríamos o risco de não prestarmos atenção em coisas maravilhosas que pessoas aqui perto de nós são capazes de realizar. Seria um desperdício cruel.
    Bjs em todos.

  89. Gilliatt disse:
    Novembro 1st, 2008 at 4:03 pm

    No disco novo do Tom Zé tem uma música em parceria com o Arnaldo Antunes que me fez lembrar a deliciosa conversa da Joana com as filhas. Chama-se “Mulher de Música”. Vejam só que letra:

    A Doralice me disse no desconsolo seu
    Doralice fora de si, quem que segura, meu
    a Berenice aborreci, pô, que sufoco deu
    a Gal pediu que eu fosse, eu fui, depois se arrependeu.
    Aquela Isaura que me azara mas nunca me deu
    agora diz que quer casar, oh que azar o meu.

    Mulher de música
    melhor ficar na música
    porque mulher de música
    é coisa de utilidade pública.
    E além disso, sinhá de iaiá,
    musa é musa e mulher de carne e osso
    vem a ser hipotenusa
    que me usa,
    parafusa,
    me recusa
    e ainda me acusa.

    Marina assim toda pintada parece um pincel
    Dora alisou o cabelo agora, quer usar chapéu
    a Isabel me acusa de abusar da regra 3
    enquanto isso a Marieta só me diz talvez.
    Pra aquela Selma dei o céu, comida e aluguel
    na mão da Vera já virei bolinha de papel.

    Mulher de música
    melhor ficar na música
    porque mulher de música
    é coisa de utilidade pública.
    E além disso, sinhá de iaiá,
    musa é musa e mulher de carne e osso
    vem a ser hipotenusa
    que me usa,
    parafusa,
    me recusa
    e ainda me acusa.

  90. Gilliatt disse:
    Novembro 1st, 2008 at 4:14 pm

    Copiei a letra do Tom Zé do encarte, que cita Gal quando ele fala outro nome, que não conseguii entender.

  91. Dokstra disse:
    Novembro 1st, 2008 at 5:38 pm

    considerar marcelo camelo a “estrela solitária do momento em nossa música inventiva”… hum, ainda bem que vc assumiu que não ouve discos. dá uma escutada no novo single do junio barreto, as m´sucas estão aqui:http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=277074585
    aquelabraço…

  92. Gilliatt disse:
    Novembro 1st, 2008 at 6:05 pm

    No disco novo do Tom Zé tem uma música em parceria com o Arnaldo Antunes que me fez lembrar a deliciosa conversa da Joana com as filhas. Chama-se “Mulher de Música”. Vejam só que letra:

    A Doralice me disse no desconsolo seu
    Doralice fora de si, quem que segura, meu
    a Berenice aborreci, pô, que sufoco deu
    a Bel pediu que eu fosse, eu fui, depois se arrependeu.
    Aquela Isaura que me azara mas nunca me deu
    agora diz que quer casar, oh que azar o meu.

    Mulher de música
    melhor ficar na música
    porque mulher de música
    é coisa de utilidade pública.
    E além disso, sinhá de iaiá,
    musa é musa e mulher de carne e osso
    vem a ser hipotenusa
    que me usa,
    parafusa,
    me recusa
    e ainda me acusa.

    Marina assim toda pintada parece um pincel
    Dora alisou o cabelo agora, quer usar chapéu
    a Isabel me acusa de abusar da regra 3
    enquanto isso a Marieta só me diz talvez.
    Pra aquela Selma dei o céu, comida e aluguel
    na mão da Vera já virei bolinha de papel.

    Mulher de música
    melhor ficar na música
    porque mulher de música
    é coisa de utilidade pública.
    E além disso, sinhá de iaiá,
    musa é musa e mulher de carne e osso
    vem a ser hipotenusa
    que me usa,
    parafusa,
    me recusa
    e ainda me acusa.

  93. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 1st, 2008 at 6:11 pm

    TRISTE BAHIA E TRISTE BRASIL, Ó QUÃO SEMELHANTES!

    Não dá agora pruma terceira conferida ao texto de Caetano… Passadinha mais pra flagrar algo da discussão sobre a música na e da Bahia, atualmente. Até aqui, concentrei-me no debate que vi se formando entre Nando e Porciuncula. Nando, corroboro tudo até aqui em sua avaliação.

    (Ah, e quanto prazer em perceber que você vive também em Salvador. Vamos por aqui nortear, juntos, então, parte do sonho dessa revista web viva, cuja proposta de nome andei até insinuando mais acima? Salem não disse um sonoro sim nem um categórico não mas já um, se ouvi bem, um talvez!)

    Na última noite, depois do Jô, vi o Som Brasil sobre Cartola… com tanta comoção:

    http://www.sombrasilnoelrosa.globolog.com.br/

    Fico estarrecido com o fato de só passar já pela madruga, e ainda mais com o de não ser reprisado em outros horários.

    Não fico menos estarrecido, ao ter ido, meses atrás, nas duas noites do show magnifíco de Tuzé de Abreu e Gereba no Teatro Gamboa (que pérola de espaço com 75 lugares pra platéia e vista ao fundo pra Baía de Todos os Santos!), ao saber de viva voz por ambos os motivos pelos quais não conseguem pauta facilmente para se apresentar na própria terra…

    -Especialmente, então, aos infocetanautas baianos, queria dedicar neste sábado a bela ode ao Farol da Barra, composta por Galvão e Caetano. Não consigo esquecer da telúrica menina de todos os nossos olhos, Baby, cantando essa canção. Mas Jurema Paes interpretando-a, num arranjo com pulsação que começa arrastando e promete se alastrar… provoca-me nostalgia de futuro mais promissor pra Bahia e o Brasil:

    http://www.youtube.com/watch?v=_ZIrKrU65M0

    _____
    Exequiela, tantas vidas eu tivesse… eu as devotaria para seguir cada um de seus links! Todos marcham, com distinção e gosto, para a minha coleção no My Foxmarks. (Acho que mais dia menos dia Borges atenderá minha encomenda de uma flor amarela pra ti: aguarde-me)

  94. Gilliatt disse:
    Novembro 1st, 2008 at 6:49 pm

    Tô postando muito hoje. Agora é pra falar de Roberto Murolo, Amália Rodriguez e Hermínio Bello de Carvalho. Um dos maiores hits aqui em casa é um disco de Roberto Murolo que tem a participação da Amália em duas canções: “Anema e Cuore” e “Dicitincelli Vuie”. Os dois cantando em napolitano, que não entendo nada, mas acho lindo, é de fazer chorar! Essa coisa de achar linda uma língua que não entendo me levou ao Hermínio, que usou essa imagem num poema de cortar os pulsos.

    Acho bonito falar alemão.
    Por isso, talvez, eu não queira aprender a falar alemão.
    Se eu falasse alemão
    as pessoas iriam dizer, simplesmente, “ele fala alemão”
    e aí perderia toda a graça.

    A graça está em achar bonito falar alemão.
    Por isso, às vezes,
    eu deixo de fazer algumas coisas.
    Deixo de dizer que te amo
    porque dizer que te amo soaria como uma banalidade a mais
    nesse mundo cheio de banalidades
    e onde habito eu, um poeta das banalidades.
    E simplesmente me calo, deixo a barba crescer,
    escrevo poemas para depois apagá-los de minha lembrança
    e esqueço coisas que seriam inesquecíveis
    simplesmente porque perdi a capacidade
    de reter as coisas boas em minha memória.

  95. joana disse:
    Novembro 1st, 2008 at 8:04 pm

    pessoas:

    lembrei muito do blog esse findi. tou iniciando uma nova formação em minha área e o prof trouxe um slide com uma imagem que lembrou vcs que tanto debateram sobre um assunto que não sei bulhufas. chama “a ceia” de Karl Marx, obra de um artista brasileiro chamado W. J. Solha. interessantíssimo! procurei, mas não achei na net. vou copiar o slide e mandar pra postar aqui. acho que gostarão das “figuras” dessa ceia. alguém conhece?

    Caetano: tem uma técnica interessantíssima pra zumbido permanente nas orelhas…não sei se vc é muito apegado ao seu, mas um colega meu, no segundo dia, parou tudo: gente, eu tenho um zumbido permanente nos ouvidos. fui em tudo quanto é médico e nada resolve. e já faz 20 min que eu tou procurando ele e não acho mais!!! rs rs - pára de procurar homem. vai que tu acha de novo…

    Gilliatt: ótima música!!!

    bj

  96. Fernando Chagas disse:
    Novembro 1st, 2008 at 8:50 pm

    Também estou curioso para ouvir o CD do Arnaldo Antunes.
    E o novo da Céu, que saia logo.

  97. Fernando Salem disse:
    Novembro 1st, 2008 at 8:55 pm

    Verdades e Mentiras sobre a Baiana

    Engraçado esse debate sobre a Falsa Baiana. Caetano compôs uma linda canção chamada Verdadeira Baiana que diz o seguinte:

    A verdadeira baiana sabe ser falsa
    Salsa, valsa e samba quando quer
    A verdadeira baiana é transafricana
    É pós americana, Rum, Pi, drum-machine, Lé

    Lembremos que a cantora que começou essa história do ponto de vista da construção de imagem foi uma pseudo-falsa-baiana, uma verdadeira portuguesa.

    Carmen Miranda nos contou “o que é que a baiana tem” e agora, quase um século depois, estamos discutindo conceitos e preconceitos, tecidos a partir das cordas vocais das cantoras da Bahia com H.

    Ary Barroso, carioca da gema, fez grandes canções sobre a Bahia e Caetano falou de Jamelão no Rio Vermelho.

    O preconceito que vejo é o seguinte:

    “o samba nasceu lá na Bahia”
    “expediu as ciatas pra trazerem o samba pro rio”
    “o mito surgiu dessa maneira”

    Pois é, “agora estamos aqui, do outro lado do espelho”. Há algo de samba partilhado entre o Rio e a Bahia, esse que se consagrou na voz de um baiano, João Gilberto. E se estabeleceu como um padrão internacional de groove aceito nos salas de visita da classe média brasileira. E que transformou-se em uma sigla, que tendo a não gostar, a MPB.

    Mas a Bahia não parou. E o Rio também. O Rio virou o epi-centro da nossa indústria fonográfica e tratou (graças a caras incríveis como André Midani) de amplificar e dar status internacional à sua (nossa0 produção musical.

    E a Bahia, em paralelo, construiu a sua indústria particular, precursora de pequenos selos independentes, produtora de eventos caranavalizantes eletrificados, blocos organizados e tudo o que aqui foi dito.

    Para a grande maioria dos artistas de todo Brasil e do planeta, a produção musical da Bahia) que deu gênese ao que ironicamente o sudeste chamou de axé-music) foi e é uma fonte maravilhosa de inspiração. De Paul Simon a Quince Jones.

    Ironicamente, para alguns amantes da MPB estabelecida e chancelada pelo Rio, a axé-music foi vista (mais vista do que escutada) com enorme preconceito.

    Tudo que parece soar artesanal e basal (como o Olodum) é até aceito. Mas tudo que reflete o enorme progresso industrial, fonográfico, pop, com músicos, vocalistas virtuosas, gravações de alta qualidade… ah! aí, a coisa pegou.

    É como se a Bahia “roubasse” uma cena e um mercado que não lhe pertence.

    Com a decadência bonita do samba e da indústria fonográfica no início desse século, tanto Rio como Bahia, passaram a produzir boa música de massa. Música que convive sem preconceitos até em festas rave da classe-média paulistana ou em botecos alternativos.

    Mas, principalmente entre jornalistas e amantes da MPB, ainda há preconceito. Contra o axé e o funk.

    Há música boa e ruim em todo o Brasil. Mas parece que deram à Bahia o papel xenófobo de ser a provedora e mantenedora das “raizes”.

    Conheço poucas cantoras com o calibre da Ivete e da Daniela. Quanto às canções e letras, escritas assim no contexto desse blog tão “letrado” parecem ser usadas como um argumento, ao meu ver per-”verso”. Quantos versos consagrados de marchinhas de carnaval como “mamãe eu quero mamar” também poderiam ser usados com ironia análoga à “segura o tcham”.

    Música popular, ou pra pular, não são exatamente compostas com o intuito racional de discutir a tal da “linha evolutiva da MPB”. Mas sem querer acabam evoluindo.

    O mercado brasileiro respondeu muito bem ao axé. Que ao meu ver não tomou o lugar da MPB nas rádios e prateleiras, e sim da música de massa internacional. A uns 20 anos atrás as mais tocadas nas FMs eram gringas. Agora, em geral, são axé, sertanejo e pop nacional.

    Me lembro de quando escutei “No Rancho Fundo” de Ary e Lamartine, na voz de Chitãozinho e Xororó numa rádio. Parei o carro em êxtase. Não sabia do que se tratava.

    A invasão do mercado feita pelos músicos “pobres” ou “pretos quase pobres” do Brasil gerou (além do Gerasamba) um preconceito histérico e histórico.

    Discutir se Harmonia do Samba é bom ou ruim pra mim é um detalhe nessa história toda.

    O fato é que Ivete canta Sá Marina lindamente. Ivete gravou Herbert que gravou com Gal que gravou com Zeca Baleiro que gravou com Zeca Pagodinho que gravou com Caetano Veloso que gravou com Dona Ivone Lara, Ronnie Von, Mutantes, Beto Guedes, Chico Buarque, Maria Bethânia, Odair José, Flavio Venturini e quase todos velhos, novos e novíssimos baianos.

    A MPB, música de pobre brasileiro, ou música de preto brasileiro desde o Tropicalismo resolveu essa questão da indústria de massa. O resto é gosto.

    A Cor Amarela tem a ver com esse mosaico de cores.

    Mas o sol sempre se põe no Farol da Barra.

  98. gil disse:
    Novembro 1st, 2008 at 9:24 pm

    a cada 7 mensagens masculinas, 3 femininas…que tal essa média?

  99. graciela disse:
    Novembro 1st, 2008 at 9:36 pm

    Sim, Caetano, ta certo;em francès o “zizi” e uma palavra infantil; em 1974 Pierre Perret fiz uma música http://www.jukebo.fr/pierre-perret.html?mdtk=01948453 que aqui na França todos conhecem .
    Y ahora paso al castellano, para decir que no se podría traducir por “pene”:es, “el pitito”, “el pirulín”, o lo que quieran, es decir, un eufemismo que se usa para hablar con los niños, pero de forma bastante más cariñosa que usando los términos de los tratados de anatomía…
    Até!
    graciela

  100. Ingrácia disse:
    Novembro 1st, 2008 at 10:40 pm

    Esse blog é meio o telefone de Clarice.. Acho ótimo o relato de gostar, desgostar e gostar de novo.. Obra em progresso!

  101. Fernando Salem disse:
    Novembro 1st, 2008 at 11:10 pm

    Reli meu extenso texto e fiquei preocupado com um momento da sua construção que pode ser mal entendido. Quando disse:

    “…”O preconceito que vejo é o seguinte:
    “o samba nasceu lá na Bahia”
    “expediu as ciatas pra trazerem o samba pro rio”
    “o mito surgiu dessa maneira”…”

    Os versos entre aspas não são “o preconceito” e sim o início do meu raciocínio que descreve o que acho um preconceito.

    Os versos citados são maravilhosos.

  102. Exequiela :: sincopada.... disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 12:06 am

    Adorno despojado

    Me leí algunas cositas que dijo Adorno sobre el Jazz. Si bien pienso que hace un análisis psicológico que es por momentos preciso, me parece que la pifió bastante en su análisis.

    Adorno dice: “El jazz está tan estandarizado como los standards y está definido por trucos, formulas y clichés que excluyen todo lo demás. Se esconde en la síncopa la organización represiva.”
    Voy a caer en la pregunta estándar: Hay música menos estándar que el Jazz? Los músicos de Jazz tomaban canciones populares y les daban el título de “standard”. Lo único que tiene de estándar un standard es cierta estructura (A-B-A, A-A-B) sobre la cual se improvisa. Hay algo menos estándar que el ritmo del jazz (sobre todo cuando nació el Jazz)?… en donde las notas nunca están ubicadas en los lugares predeterminados del compás y llegan más tarde o más temprano.
    Adorno dice: “El Jazz ofrece la imagen de liberación y niega la libertad.”
    JA-HA, a qué se refería? A cuando los negros entretenían a los blancos con sus bandas. Se habrá puesto por un momento en el lugar de un esclavo reprimido o un negro “libre” golpeado continuamente por la discriminación? Eran libres como podían! Y me imagino lo liberador que puede ser para un ser humano reprimido, al menos por unos breves instantes, sentir que tiene el PODER de la expresión.
    Adorno dice: “El Jazz representa a la música de castración” y compara las notas agudas de la trompeta de Armstrong con los tonos agudos de los castrati.
    Y…. si tomamos la castración como símbolo de “lo que falta”…. Que querrían expresar los músicos de Jazz en esa época? Sí, seguramente se sentían castrados.
    Adorno dice: ” Los músicos de Jazz no tienen educación y no podrían tocar música seria.”
    Vaya ironía!!!!!!! Hoy el Jazz que fue creado por “brutos” es considerado como música culta y seria…

    En fin… eso son sólo algunos puntos. Yo me pregunto: qué Jazz escuchaba Adorno para llegar a estas conclusiones???

    La música como la vida está llena de estructuras, sino para hacer música tocaríamos cualquier cosa.. sin darle importancia a la melodía, armonía, afinación, etc. En la búsqueda de la libertad hay que seguir ciertas estructuras que nos sostengan, no? De esa necesidad habrán nacido los standards? Si alguien leyó más sobre lo que pensaba Adorno del Jazz, me gustaría leerlo…Algunos argumentos me parecen muy tontos: por supuesto que hay algunas fórmulas que se repiten en el Jazz. Incluso hoy se transcriben los solos y se estudian para descifrar esas fórmulas que en algunos músicos son fórmulas inconscientes.

    Yo siento que el Jazz fue una música revolucionaria: fue donde los negros encontraron el espacio que buscaban. En el Jazz NO SE LE NIEGA EL ESPACIO A NADIE. Me parece que no hay música que simbolice y represente mejor a los que la crearon.

    Para terminar… una muestra clarísima de lo “desestructurado” del Jazz. Una canción “tontita” agarrada por Coltrane y embellecida y liberada al punto máximo.
    My favorite things:
    http://www.youtube.com/watch?v=I_n-gRS_wdI

    “el jazz es la única música, junto con la de la India, que corresponde a la gran ambición del surrealismo en literatura, es decir la escritura automática, la inspiración total, no estar sometido a un discurso lógico sino más bien al que nace de las profundidades”.
    Cortázar

    PD: Siempre hay una lógica dentro de lo ilógico.

  103. Exequiela :: sincopada.... disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 12:08 am

    Adorno despojado

    Me leí algunas cositas que dijo Adorno sobre el Jazz. Si bien pienso que hace un análisis psicológico que es por momentos preciso, me parece que la pifió bastante en su análisis.

    Adorno dice: “El jazz está tan estandarizado como los standards y está definido por trucos, formulas y clichés que excluyen todo lo demás. Se esconde en la síncopa la organización represiva.”
    Voy a caer en la pregunta estándar: Hay música menos estándar que el Jazz? Los músicos de Jazz tomaban canciones populares y les daban el título de “standard”. Lo único que tiene de estándar un standard es cierta estructura (A-B-A, A-A-B) sobre la cual se improvisa. Hay algo menos estándar que el ritmo del jazz (sobre todo cuando nació el Jazz)?… en donde las notas nunca están ubicadas en los lugares predeterminados del compás y llegan más tarde o más temprano.
    Adorno dice: “El Jazz ofrece la imagen de liberación y niega la libertad.”
    JA-HA, a qué se refería? A cuando los negros entretenían a los blancos con sus bandas. Se habrá puesto por un momento en el lugar de un esclavo reprimido o un negro “libre” golpeado continuamente por la discriminación? Eran libres como podían! Y me imagino lo liberador que puede ser para un ser humano reprimido, al menos por unos breves instantes, sentir que tiene el PODER de la expresión.
    Adorno dice: “El Jazz representa a la música de castración” y compara las notas agudas de la trompeta de Armstrong con los tonos agudos de los castrati.
    Y…. si tomamos la castración como símbolo de “lo que falta”…. Que querrían expresar los músicos de Jazz en esa época? Sí, seguramente se sentían castrados.
    Adorno dice: ” Los músicos de Jazz no tienen educación y no podrían tocar música seria.”
    Vaya ironía!!!!!!! Hoy el Jazz que fue creado por “brutos” es considerado como música culta y seria…

    En fin… eso son sólo algunos puntos. Yo me pregunto: qué Jazz escuchaba Adorno para llegar a estas conclusiones???

    La música como la vida está llena de estructuras, sino para hacer música tocaríamos cualquier cosa.. sin darle importancia a la melodía, armonía, afinación, etc. En la búsqueda de la libertad hay que seguir ciertas estructuras que nos sostengan, no? De esa necesidad habrán nacido los standards? Si alguien leyó más sobre lo que pensaba Adorno del Jazz, me gustaría leerlo…Algunos argumentos me parecen muy tontos: por supuesto que hay algunas fórmulas que se repiten en el Jazz. Incluso hoy se transcriben los solos y se estudian para descifrar esas fórmulas que en algunos músicos son fórmulas inconscientes.

    Yo siento que el Jazz fue una música revolucionaria: fue donde los negros encontraron el espacio que buscaban. En el Jazz NO SE LE NIEGA EL ESPACIO A NADIE. Me parece que no hay música que simbolice y represente mejor a los que la crearon.

    Para terminar… una muestra clarísima de lo “desestructurado” del Jazz. Una canción “tontita” agarrada por Coltrane y embellecida y liberada al punto máximo.
    My favorite things:
    http://www.youtube.com/watch?v=I_n-gRS_wdI

    “el jazz es la única música, junto con la de la India, que corresponde a la gran ambición del surrealismo en literatura, es decir la escritura automática, la inspiración total, no estar sometido a un discurso lógico sino más bien al que nace de las profundidades”.
    Cortázar

    PD: Siempre hay una lógica dentro de lo ilógico.

  104. quito ribeiro disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 12:28 am

    Valeu Hermano. Então fiquemos com o botão direito do mouse.
    Queria dar uma palavrinha sobre axé music também. Achei lindo o que Marcelo Porciuncula falou sobre a amiga que não sabe o caminho do Terreiro de Jesus porque foi embora de Salvador antes da axé music. Como isto é verdade! O sucesso do filme Opaió em Salvador a despeito de todas as críticas preconceituosas no resto do país é uma prova cabal disto. As vezes não se leva em conta os passos dados. A mudança que o samba-reggae-axé-music provocou em Salvador não foi pouca. Mesmo que estejamos patinando sem saber o que mais fazer, o que foi feito não tem volta. O acontecimento da classe média se espelhar na classe baixa e não na classe alta era inédito em Salvador e é raro no Brasil de maneira geral. Que o diga a dificuldade deste passo ser dado aqui no Rio em relação ao funk por exemplo, apesar de tantos avanços. Será que nós baianos preferiríamos que ao invés de Ivete dizer que quer o negão do lado, estivéssemos fazendo proibidões no pelourinho?

  105. Heloisa disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 2:22 am

    Nelson, como sempre acertando todas. Você não vai postar nada que eu não goste, nunca? Beijos…

  106. teteco dos anjos disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 3:03 am

    Cheguei de madrugada hoje em casa e vi Gilberto Gil e a atriz-cantora portuguesa Maria de Medeiros no “Altas Horas”, da Globo. Maravilhosos.
    Maria é mais conhecida pela sua interpretação de Anais Nin no filme “Henry e June”, que mostra as ligações da escritora Anais com o também escritor Henry Miller (Nexus, Plexus etc.)
    Maria de Madeiros estava linda e fez reverência ao Gil e os músicos franceses de sua banda também. Ela não cantou fado (pelo menos do momento de quando liguei a tv em diante). Ela interpretou uma lindíssima canção de Chico Buarque ( acho que se chama “Tanto Mar”)…o Chico detonou total com essa canção, gravada por ele com arranjos de Francis Hime num LP dos anos 70. Por onde anda o Francis hein?
    Gil, sempre luminoso e sorridente, brincou com os “emos”, agradeceu aos elogios de Maria e cantou o “Rock do Segurança”. “Um dia rico, um dia pobre, um dia no poder, um dia chanceler, um dia sem comer…” lindo. Quando menino- menino mesmo - vi Caetano cantar essa música num show no antigo “Palace” em Moema. Fui com minha irmã. Nesse show ele apresentou ( se não me engano) um músico talentoso e especial chamado Carlinhos Brown.
    E eu quero esclarecer aqui que não meti o pau na axé music. Confesso que não me agradam os clichês “sai do chão”…”mãozinhas pra cima”. Mas eu gosto das vozes de Ivete, Daniela, Margareth Menezes, Jeronimo etc. Não curto o Harmonia, nem nunca curti o “Tchan”. Porém, fico imensamente feliz de saber que cerca de 10% dos empregos na capital baiana são gerados direta & indiretamente através da música, sobretudo da axé music. É um bem social, sem dúvida. E “não gostar”, enquanto elemento estético, não significa “ter preconceito”. Eu não tenho nenhum tipo de preconceito, já vi Rita Cadilac ( não no Carandiru) e, por outro lado, Anne Sophie Mutter, uma das maiores intérpretes de Mozart ao violino, e a preferida do maestro Karajan.
    Voltando a falar de Henry Miller, ele sempre quis ser como Dostoiévski, nunca foi. Mas o lance legal dele ( e eu não curti muito os livros dele não) é que ele foi um dos primeiros a ver sinais de criatividade e literatura abundante em Jack Kerouac. Eu gosto mais do Jack London, mas também do Kerouac, traduzido pela primeira vez para o português pelo Eduardo Bueno (Peninha), historiador inovador, escritor, tradutor e jornalista gaúcho.
    No final de novembro ( e Eduardo Bueno deve saber do caso que irei falar ) é comemorado em todo o Brasil o “Dia Nacional da Consciência Negra”, pela ocasião da data de morte de Zumbi dos Palmares. Anos atrás, um vereador idiota de Taubaté (SP), minha cidade natal, sugeriu uma moção de bravura para o bandeirante taubateano Jorge Velho. A moção foi rejeitada, quase que unânime. Aliás, foi rechaçada. E o tal vereador idiota jamais conseguiu ser reeleito. Ocorre que Jorge Velho foi o bandeirante paulista contratado ( e muito bem pago) pela então coroa portuguesa para dizimar o Quilombo dos Palmares e capturar o líder Zumbi. E assim o fez, com tamanha crueldade e carnificina que mais de 10 mil negros foram massacrados. Assim como a malhação do Judas na Semana Santa, em novembro, em Taubaté, existe a malhação do Jorge Velho. Eu acho isso legal, não por vingança, mas como mensagem de que querra racial, e consequentemente o racismo, não podem proliferar por essas bandas. Por todas as bandas.
    Eu estava lendo Nietzsche, uma biografia do filósofo, e cheguei ao seu encontro com Peter Gast. “O hóspede do profeta sem morada”. Que verso magnífico hein “seo” Caetano!!! Adoro seus versos que contém bagagem e citação histórica.
    Mas, explica a todos nós uma coisa, se puder. O que você quis dizer no início de Reconvexo “Sou a chuva que lança areia do Saara sobre os automóveis de Roma”???
    Lindo samba que ouvi na voz de Maria Bethânia. E se Elis chegou um dia a afirmar que não “entendia”, de fato, alguns versos de Caetano, o que posso dizer?!

    Ah, Roberto and Heloisa, o poeminha “Balalaika” de Maiakowski foi transcrito para o português por Augusto de Campos ou Boris Schnneider??

  107. teteco dos anjos disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 3:15 am

    Ah…a canção de Caetano Veloso que eu mais gosto, gosto mesmo, é “Tropicália”. Versos alucinados e brilhantes sobre um canto com base em tom menor no início, depois modulando para tom maior simples, deslanchando para vários “refrões” empolgantes…”viva a mata ta ta, viva a mulata ta ta ta ta…viva a banda “DA DA” , Carmem Miranda da da da da.( Hermano: é o DADA de Tristan Tzara and outros??)
    Tante Grazie!!!

  108. Luiz Castello disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 4:24 am

    Querido Porciuncula (comentário 53).

    Até na hora do par ou impar,nas nossas peladas,aceitar a escolha alheia é na maioria das vezes um drama.Imagina,eu,um cabeça de bagre,jogando num time de perebas…Foi nesse tom despretencioso que eu fiz meu comentário.Engraçado é que,relendo a primeira parte das suas ponderações, não vejo contradição com o que eu disse sôbre “submeter-se à vontade das maiorias quase sempre equivocadas”.Meu querido,discordar de uma determinada posição,não significa,defender outra,diametralmente oposta.Esse esquema de pensamento binário (0-1) funciona bem no mundo das máquinas.No nosso universo humano,muita vez,é uma armadilha perigosa.Existem matizes entre o verde e o azul,o meio-tom entre a nota dó e a ré.É esse “caminho do meio” que eu me proponho seguir. Déspota,eu,que cresci colecionando cicatrizes e derrotas políticas,nos anos 68-70 ? ? ? (risos abafados).Nem todos que participaram da luta pela volta ao estado de direito,ficaram famosos,ou foram parar no fundo do oceano,ou viraram presidentes…Um dia, alguém irá contar essa história,do ponto de vista dos renitentes anônimos (que tambem sobreviveram à lavagem cerebral do sistema,dentro do próprio ambiente familiar,no trabalho,na escola)e que continuam por aí sem estardalhaço,fazendo a sua parte na vida cotidiana,no amor,no processo histórico… Em tese, reconheço a democracia como é apresentada nas enciclopédias.Porém,no planeta regido pela economia de mercado,o que se vê na prática é,essa decantada senhora chamada democracia, ser tratada como uma prostituta,que faz a vontade de quem paga mais.É neste ponto,que,”meter as mãos na politica significa sujá-las”.Conheci o blog esta semana,e agradeci num outro comentário,às pessoas brilhantes e inteligentes,como você,pelas dicas de livros,musicas,filmes,e tudo mais,que muito tem me enriquecido.O Obra em Progresso,é de fato,um espaço democrático,onde os “bacanas”(citação sua) e os nem tanto,como é o meu caso (olha o pensamento binário aí, de novo) podem manifestar-se,livre e educadamente.
    Um abraço fraterno do Luiz Castello.

  109. nelson disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 5:15 am

    heloisa,

    Quando há conexão pela musica há conexão
    com tudo….tudo.

    é pra prestar atenção nos sorrisos rsrsrsrs….bethania chega a suspirar.

    vc é meu caminho meu vinho meu vicio desde o incio
    estava vc….

    vc é minha droga, paixão e carnaval…srsrsr
    meu zen
    meu bem
    meu …

    http://www.youtube.com/watch?v=CdUsJHcaYak

    kisses

  110. nelson disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 5:44 am

    caetano,

    me perdoe todas as referencias musicais que vc
    listou e comentou são bacanas…é fato o mundo caminha…mas…

    mas isto aqui é essencia, é nuclear, é vital,é joão cabral de mello neto…
    é brasil, é emoção em seu estado mais puro,não há guitarra distorcida,sampler, camelos e zambujos
    que me emocionem mas do que isto.

    é muitos camelos passam mas isto aqui fica
    sem querer desmerecer ninguem.

    abraços
    http://www.youtube.com/watch?v=bG5nsvrP5l4

    http://www.youtube.com/watch?v=M0aVeWrhZMY

  111. Nando disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 7:05 am

    Eu não exigiria de Salvador o melhor se não soubesse do que a cidade é capaz. Ninguém está negando todos os avanços e benefícios que a música recente baiana proporciona. Eu conheço minha cidade. Não só pulei muito atrás do trio como toquei em cima dele. Meu protesto, aqui, é conceitual, tirado da “linhagem” desenhada por Caetano:

    A percussão baiana está entre as melhores do mundo (e eventos como o PercPan atestam), mas é mal utilizada. Pior: é mal utilizada com destaque. Os músicos são os melhores, mas são mal dirigidos - enquanto conceito musical, observem, nada tem a ver com sociologia, mercado, tecnologia etc. Onde havia apuro, cuidado e inventividade, em É o Tchan, Harmonia do Samba e Psirico existem redundância e massificação. Onde havia maravilhosas progressões harmônicas, solos exuberantes, variações e arranjos envolvendo guitarra baiana, metais, percussão, teclados e muito mais, reinam soberanos hoje o eterno teclado com som de buzina de caminhão (isto com uma tecnologia que proporciona um milhão de tipos diferentes de timbres), harmonias paupérrimas, melodias risíveis e uma rítmica pasteurizada. Não há nada aqui, conceitual e esteticamente, do que me orgulhar. Lamento é o espaço enorme que ocupam e que deveria estar nas mãos de gente muito melhor qualificada musicalmente. Mas aí retornamos necessariamente às questões de mercado - as dificuldades são outras e bem maiores.

    A Bahia precisa aprender a olhar para si mesma com um pouco mais de respeito e com a apreciação que sua própria biografia musical merecem. Chega dessa cultura de “qualquer coisa serve”. Baiano dança com qualquer coisa, ponham um carro de som qualquer na rua, com três pessoas tocando atabaques e outra no microfone e veremos gente dançando na rua. E nem estou falando de Caymmi, João Gilberto ou Gereba. Estou falando de música de carnaval. E, francamente, esse papo de “as elites não aceitam” já deu. Isso não atesta qualidade de nada.

    A malícia deliciosa e subliminar das marchinhas de carnaval é poesia pura perto da escatologia deliberada e gratuita do É o Tchan.

    Espetacular é Virgínia Rodrigues. Daniela e Ivete são animadoras de auditório.

  112. Enzio Andrade disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 10:39 am

    Teteco dos Anjos, acredito que essa referência seja ao “vento” que vem do Norte da África,especificamente do Saara e sopra em direção aos países europeus banhados pelo Mediterrâneo como Espanha,Itália e França.Ele é chamado de “Sirocco” e também é mencionado na obra de Thomas Mann,”Morte em Veneza” e no filme homônimo de Lucchino Visconti.mas detalhes aí no link
    http://en.wikipedia.org/wiki/Sirocco
    abraços.

  113. ADRIANO NUNES (ASTRIPASDOVERSO.BLOGSPOT.COM) disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 12:48 pm

    CARO CAETANO,

    AMO CICERO E GOSTO MUITO DOS IRMÃOS CAMPOS, MAS TENHO UMA VISÃO DIFERENTE DAQUELA EXPOSTA POR VOCÊ QUANDO PÕE QUE AUGUSTO REBATE AS IDÉIAS DE CICERO SOBRE A VANGUARDA. CICERO JAMAIS DISSE QUE AS VANGUARDAS NÃO EXERCERAM PRINCÍPIOS OU NÃO TIVERAM LUZ - APENAS QUE CUMPRIRAM COM A SUA FUNÇÃO E QUE HOJE JÁ NÃO EXISTEM MAIS, POIS “AO MOSTRAR NOVAS POSSIBILIDADES, O QUE A VANGUARDA FEZ FOI RELATIVIZAR AS POSSIBILIDADES ANTIGAS; MAS RELATIVISAR UMA COISA NÃO É DESTRUÍ-LA” (FINALIDADES SEM FIM PÁGINA 23).
    A IMPORTÂNCIA DE AUGUSTO PARA A POESIA VANGUARDISTA ASSIM COMO A RELEVÂNCIA DE CICERO PARA A LITERATURA ATUAL SÃO LUZES COM DIMENSÕES INFINITAS QUE JAMAIS PODERÃO SER MEDIDAS POR COMPARAÇÕES DICOTÔMICAS OU PONDERADAS SOB QUALQUER MEIO CRÍTICO MESQUINHO E FECHADO. AMBOS TÊM MÉRITOS E COMO NUMA TRANSA POÉTICA E ANTAGÔNICA SE COMPLETAM E SOAM SUOR, MÚSCULOS, CÉREBRO E GOZAM DE TER ASSIM CUMPRIDO O QUE QUER A POESIA: CHEGAR A SER O QUE ELA É!
    ADOREI QUANDO O ARNALDO ANTUNES DISSE, EM DEFESA DE AUGUSTO DE CAMPOS, QUANDO ESTE FOI ATACADO POR BRUNO TOLENTINO E MARCELO COELHO NA FOLHA DE SÃO PAULO, QUE “A POESIA BRASILEIRA AVANÇA PARA MUITOS LADOS, E QUE MUITO DESSE AVANÇO SE DEVE AO TRABALHO QUE AUGUSTO DE CAMPOS VEM FAZENDO POR ELA, HÁ TANTOS ANOS” (40 ESCRITOS PÁGINA 96). ALIÁS, O NOVO CD DO ARNALDO É BELÍSSIMO E BEM QUE VOCÊ PODERIA EM SEU NOVO CD GRAVAR UMA DAS COMPOSIÇÕES DELE - UMA FORMA ELEGANTE DE RETRIBUIR A ADMIRAÇÃO DELE POR TUDO QUE VOCÊ REPRESENTA PARA A MPB - POIS ELE GRAVOU “QUALQUER COISA” QUE ESTÁ LINDA NA VERSÃO POÉTICA-MUSICAL DO ARNALDO!
    ADEMAIS, AS IDÉIAS E OS CONCEITOS EXISTEM PARA QUÊ? SE NÃO PODE HAVER CONTRADIÇÃO, NADA SERIA ENTÃO SUJEITO À RAZÃO OU À CRÍTICA!
    FICA AQUI EXPRESSA A MINHA ADMIRAÇÃO POR TUDO DE BOM QUE VOCÊ VEM LANÇANDO AO MUNDO!
    ANTONIO CICERO É TÃO IMPORTANTE PARA A FILOSOFIA E PARA A POESIA ASSIM COMO JOÃO GILBERTO É PARA A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA E MUNDIAL. QUALQUER COISA QUE SE DIGA DE CICERO NUNCA SERÁ UMA MIRÍADE DE EXAGERO - POR ISSO, AMO-O E GUARDA-O!
    FELICIDADE SEMPRE E QUE SEU NOVO DISCO EXTERMINE QUALQUER LIMITE-BARREIRA QUE AINDA POSSA EXISTIR ENTRE MÚSICA, POESIA E FILOSOFIA!

    ABRAÇO FORTE!
    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL (astripasdoverso.blogspot.com)

  114. Fernando Salem disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 1:01 pm

    Querido Nando

    Gosto muito do que você disse. É coerente e avança. Não relativiza e evolui o papo diante do meu pensamento, um degrau abaixo do seu.

    Concordo com muitas coisas que você disse. Com outras, não. Basicamente não faria uma oposição entre “a melhor percussão do mundo” e a música de “massificação”. As duas coisas sempre vão coexistir. Em qualquer lugar do mundo é assim. Consigo diferenciar claramente a produção qualificada do Perpan da produção massificada do É o Tchan.

    O juizo de valor que procuro “não fazer”, e aí seu raciocínio é mais sociológico do que o meu, é onde a nossa diferença aparece. Ela está bem explícia nessa frase que você escreveu

    “Lamento é o espaço enorme que ocupam e que deveria estar nas mãos de gente muito melhor qualificada musicalmente.”

    Escuto isso desde criança. Ouvi meus pais dizerem isso à respeito da Jovem Guarda (massificação paralela à MPB). Na época se dizia que Roberto, Tremendão e Wandeca ocupavam o espaço da música de qualidade. Depois escutei isso quando meus filhos se apaixonaram pelos Mamonas. Essa oposição entre música de qualidade e música de massa é falsa, na medida em que as duas se alimentam uma da outra.

    Não usei o termo “elites”. Aí você errou. Pelo contrário, sublinhei o fato de que o axé é muito bem aceito oelos consumidores das classes médias e altas do RJ e de SP.

    Falei sim dos jornalistas que vêem o mercado escapar das mãos do monopólio fonográfico carioca. As rádios FM do Rio durante décadas ditaram os hits de todo o Brasil.

    A música de entretenimento produzida na Bahia invadiu essa praia. E isso é um fato importante e inegável. o meu ver, um fato que não prejudica em nada a imagem e a produção musical da Bahia. Que aliás continua produzindo muita coisa interessante a despeito desse fenômeno de mercado. E talvez até em consequência dele. Não em oposição.

    Sou muito sintônico com o que você diz, mas não vejo esse papo de forma tão maniqueísta e bi-dimencional.

    Ivete e Daniela são mesmo grande animadoras de auditório. Mas o fazem usando a voz. Assim como Emilinha, Marlene, Elis e Alcione animaram muitos auditórios na Rádio Nacional ou no Chacrinha. Isso não as desqualifica.

    Não tenho nenhum disco da Ivete, nem da Claudia Leitte, nem do Harmonia do Samba, nem do É o Tchan e nem do Gerasamba. Tenho discos e ouço com frequência de Aracy de Almeida, Marisa Monte, Gal, Clementina de Jesus e outras.

    Mas adoro quando ouço Ivete ou Daniela no rádio. Me sinto em sintonia. Nas ondas certas. Faz sentido. É bom de ouvir assim. No carro ou no falantezinho distorcido do boteco.

    O que Caetano fez foi mostrar que a linha do tempo dessa produção tem sim um sentido, se a gente deixar a lente do mercado não embaçar a nossa visão.

    Fui a muitos carnavais em Salvador. Vivi Dodô e Osmar. Acompanhei o lançamento de cada hit do Moraes. Me arrepiei com Armandinho e Pepeu. Hoje, não iria. Não me sinto mais o que os publicitários chamam de “target”. Assim como não iria ao desfile das escolas no Rio. Mas não deixo de admirar os bons sambas e os bons samba-reggaes que aparecem a cada ano.

    E aí rebato a sua boa frase:

    “A Bahia precisa aprender a olhar para si mesma com um pouco mais de respeito e com a apreciação que sua própria biografia musical merecem.”

    Isso talvez inclua assumir que na “biografia musical” da Bahia existe também boa música de massa, de rádio e de “auditório” (você usou essa expressão pejorativamente, mas ela está certa).

    O que aconteceu com Ivete é semelhante ao que aconteceu com Ana Carolina. Tocaram tanto nas rádios que saturaram nossos ouvidos mesmo. E daí? Vamos deixar de ir ao Percpan por causa disso? Vamos deixar de consumir os CDs que gostamos? Ou vamos ficar exigindo que as rádios deletem esses fenômenos da programação pra colocar o que “nós” julgamos “música de boa qualidade” com “maravilhosas progressões harmônicas, solos exuberantes, variações e arranjos envolvendo guitarra baiana”

    Acho que nós dois aparentemente gostamos do mesmo tipo de música produzida na Bahia. A diferença talvez seja que eu sou fã de programas de auditório, rádio e hits e isso é uma velha “tara” minha.

    Foi graças aos programas de TV populares que conheci Reginaldo Rossi, Luiz Caldas, Fábio Jr., Roberto Carlos, Odair José, Blitz, Zeca Pagodinho, Ivete e tantos outros, que não passariam pelo “filtro de qualidade” que a vitrola da casa dos meus pais impunha.

    Tenho um encanto particular por “canções de auditório”. Marisa Orth, minha sábia amiga tem uma frase linda que resume o que penso:

    “Existe música ruim boa e existe música ruim ruim”

    Claro que a expressão “ruim” aí é uma ironia sábia. Ela quis dizer que existe música de massa chata e música de massa interessante e boa. Fazer essa diferenciação exige orelhas sem preconceito e com critérios bem curiosos.

    Graças a essa percepção Caetano gravou Sonhos do Peninha. Marisa Monte gravou “Não Quero Ver Você Ficar Triste” de Erasmo e Roberto. E Bethânia gravou “É o Amor” de Zezé Di Camargo.

    Gosto do que você pensa e me fez pensar.

    Obrigadu (como diria o animador de auditório Fábio Jr.)

    Salem

  115. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 1:59 pm

    LA ROSA AMARILLA (Alejandro Aura)

    Se encendió la rosa fulgurante
    afuera de la ventana,

    ha estallado una rosa,

    parecemos las víctimas del incendio,
    azorados, ávidos de su belleza.

    Ahora todo tiene
    color, contraste, vuelo.

    Vengan a ver la rosa, vengan,

    tiene un grito amarillo despiadado,
    es un lujo, es una enhiesta vara
    para golpear el cielo,

    vengan a la rosa amarilla
    que nos dejó perplejos
    vengan a ver la rosa mía.

    _______

    Xeque-mate! Aura venceu-me. Devastou-me o sonho de orginalidade. Venceu uma partida não apenas comigo, como com a… eternidade. Compreendam todo meu infortúnio. Confiram “Una Rosa Amarrilla”, um relato de Borges, em El Hacedor:

    http://www.literatura.us/borges/hacedor.html
    _______

    A filósofa sincopada, EXEQUIELA, desestruturando a desconstrução aparentemente ´perfeita´ que Adorno faz da suposta ideologia ‘dominadora’ ou “repressora” subjacente ao jazz… fez-me pensar na resposta que o filósofo existencialrefazendista baihuno, Gilberto Gil, de bom grado teria dado - como um direto-torto, em feitio de soco - ao frankfurtiano, mostrado do que o jazz é capaz. Ouçam - e confiram a letra comigo de “Meio-de-campo”:

    http://www.gilbertogil.com.br/sec_discografia_view.php?id=38

    Eis que SALEM ingressando no debate Porciúncula-Nando me dá um nó: meu verbo trava, fico sem ímpetos de prosa - ao menos daquela minha prosa em polvorosa. Acho que eu só me safaria se falasse com ele direto em: poesia! Penetro, então, surdamente no reino das palavras poemáticas… Dai-me, Augusto, coragem e alegria, para mais um afazer de afasia! (Estou tão mais só, triste etc. É vero: o pôr-do-som no Farol deixou há tempos de ser meu melhor pôr-do-sol da Bahia.)

    A minha curadoria, GILLIATT, sem o magma revolvente de vida & arte que há nas mais variadas camadas de tua memória, de nada me valeria. Por mais distante, este errante navegante, sem ti, em muito menos coisa esteticamente relevante se (re)conectaria. Olha, o teu cmt. 87 deveria ser enviado por telegrama, carta fonada, e-mail, ou tanto melhor se por uma sonda interestelar -Caetano! - ao Augusto. (Na matemática transfinita de meu desejo de pôr outra nave na webosfera, a partir de nossas vivências de passageiros e tripulantes desta infonavelouca caetântrica, já te considero, no mínimo, um número primo!)

  116. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 2:21 pm

    Nossa, o texto do Nando é ótimo, e coloca as coisas no devido lugar sem soar pedante. Não gosto dessa reação contra análises sociológicas, pois só mostram um desconhecimento em relação ao que seria análise sociológica em relação a qualquer fenômeno social. Aí está presente um preconceito mesmo, de quem não conhece do que está se falando. Nando tem razão ao dizer que Ivete e Daniela são animadoras de auditório, essa coragem de dizer as coisas sem relativismo preguiçoso é um luxo, e vem em boa hora.
    O texto de Hermano sobre Zizek é agressivo e deselegante, além de não dizer nada sobre a entrevista de Zizek. Parece patrulha a favor de Caetano Veloso. aliás, recomendo para quem fala em “superação do século americano”, ou em “Ocidente ao ocidente do Ocidente”, o grande livro de um desses intelectuais brasileiros verdadeiramente cosmopolita ” Saudades do Carnaval, a crise da cultura” de José Guilmerme Merquior. É impressionante que na década de 70 tenha sido escrito um livro tão lúcido sobre o ocidente moderno, e tão mais interessante que uma série de confusões de “vanguarda” subdesenvolvida.
    O roberto joaldo é um grande escritor, impressionante a sua capacidade de identificar alguma relevância nas coisas que escrevo. E o Salem é muito, é massa.
    Quando eu for velho, quando eu for velhinho, bem velhinho. Como seremos, como serei, como será?
    As utopias do capitalismo liberal se desmancham no ar, 11 de setembro, crise financeira, viva zizek, um intelectual tão lúcido e inventivo.

  117. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 2:28 pm

    Alguém aí já leu, ou conhece os textos em prosa de Fernando Pessoa? Sobretudo, os textos que falam a respeito de neopaganismo, paganismo, etc.? Eu acho uma leitura obrigatória para quem quer entender Caetano, e seu belissimo e brilhante “Verdade tropical”, além daquele texto ótimo “Diferentemente dos americanos do norte”, prosa densa e reflexiva.
    Grécia, Roma e Cristandade/O CD refrata o tempo/Templo-Espaço da Cidade.

  118. Hermano Vianna disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 2:33 pm

    Caetano: você leu a entrevista do Zizek, publicada no Globo de ontem? Vibrei com a primeira frase (tem a ver com seu prometido catatau Rio/SP):”para mim a cidade é São Paulo” - acho sempre sensacional quando as pessoas elogiam São Paulo, cidade que adoro, e que é tão desprezada, mesmo por muitos paulistanos - mas depois foi uma decepção só: uma saraivada de bobagens/burrices e lugares-comuns enunciados como se fossem idéias independentes e inteligentes e corajosas e originais e “sem papas na língua/contra os medalhões” (coisa que acaba acontecendo com frequência nos textos de Zizek e de vários jornalistas culturais brasileiros…) - e uma confusão…: São Paulo é primeiro elogiada por ter “vida organizada, disciplina” - mas logo adiante as cidades brasileiras são descritas como fascinantes por serem menos transparentes e mais caóticas (”eu gosto do caos, do caos vibrante”) - será essa a dialética que Zizek aprendeu com Hegel?

  119. Gilliatt disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 2:35 pm

    Muitíssimo obrigado, Roberto! A consideração é recíproca e só se multiplica. Você é o cara! Taí o craque Salem que não me deixa mentir.

    Sugiro que todos curtam esse vídeo, bastante famoso, que junto com o do John Coltrane linkado pela Exequiela, confirma tudo que a musa porteña disse sobre o jazz!

    http://br.youtube.com/watch?v=IUtPODn7cCc

  120. Fernando Salem disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 3:11 pm

    Querido Joaldo

    Falar comigo em poesia você já fala. Não é “direto”, “nem “ao vivo”, mas é “em cores”.

    Tua prosa-poema é tem cor e aroma. E mais: você tem sido uma espécie de liga-pontos essencial por aqui. Aquilo que os chineses descrevem em algumas pessoas como o dom de colocar a pedra no rio para que a travessia seja feita.

    Comecei a enxergar o mapa desse blog através do teu texto livre. Você é o nosso GPS. Bússola poética. Setas e sinais para todos os sentidos.

    Leio muitos por aqui, mas é você quem ilumina as trilhas. Sem tua lanterna holofótica e holográfica a viagem ficaria descolorida.

    Sou seu fã.

    abraço

    Salem

  121. Paulo Osório disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 4:16 pm

    Pois é! Quem diria… Caetano gostando de Portishead, Tv on the Radio, RadioHead. Confesso que não imaginava. Só faltou falar de Massive Attack!!!!

    Será que Caetano vai se dedicar a projectos antigos depois de mais esta parceria com a banda Cê: um disco só de músicas populares antigas brasileiras; um disco só com músicas dele que ele fez para outros artistas e que ele próprio nunca gravou; um disco só de sambas… Será????

    Abraço do outro lado do Atlântico

    P

  122. Paulo Osório disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 4:20 pm

    esqueci de dizer só uma coisa!!!

    O Madredeus voltou!! Saiu Teresa Salgueiro, José Peixoto e F. Júdice, e o Pedro Ayres Magalhães (fundador do grupo)decidiu enveredar por outros caminhos: agora o gupo tem 2 vocalistas e 8 músicos (tem bateria, percussão, guitarra electrica, harpa…): uma sonoridade diferente mas a qualidade mantém-se. comprovem!! O novo cd chama-se Metafonia

    abraço de Portugal

    p

  123. laurene disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 4:48 pm

    Oi, Caetano. Estou otimista com a estréia de ó pai ó, minissérie apimentada, deliciosa e sensual como vc e sua música!

    Quanto a Adorno: sabiam que compunha música? Na UFMG o professor Rodrigo Duarte fez o ciclo Adorno Músico. E dizem que é ruim.

    Tudo de bom!

  124. Tiago Mesquita disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 5:12 pm

    Jamais levaria o Aorno para curtir o samba do Tchan, Gerasamba ou Psirico comigo. Aliás, não o chamaria pra festa nenhuma, mas essa reflexão dele, sobretudo da dialética negativa e da teoria estética me interessam muito. é uma espécie de cobrança pelo sentido imitativo que não se vê como igual do que é imitado. Além de ser muito complicado, acho rico mesmo.

    Agora, como ele vê isso como uma forma de lidar com a história tem restrições ao ritmo repetitivo do psirico, por exemplo. Hoje, acho os percussionistas dessa banda os melhores do Brasil.

    De discos estrangeiros, os meus preferidos nesse ano é o Lie Down in the Light do Bonnie Prince Billy, o Saint Dyphna do Gang Gang Dance e o novo do The Streets. Os três são aluns dos artistas que mais me empolgam hoje em dia. Então, o Adorno, que não tem preguiça intelectual, devia ver a empolgação com desconfiança. Para ele achar a empolgação “genuína” devia ser difícil. Eu fico com a falsa, se for o caso.
    Abraço para você e para o cabra Hermano

  125. Anjo disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 6:29 pm

    Desculpem mas o que vou colocar aqui não tem nada a ver com tudo acima …
    Mas não podia deixar de dividir minha “descoberta” no you tube…A maravilhosa performance do querido e saudoso Raphael Rabello, interpretando SAMPA no Jazz Brasil 1993 (TV Cultura) como convidado de Francis e Oívia Hime:

    http://www.youtube.com/watch?v=O_T8Pv1hIcQ&feature=related

    Abraços

  126. Marcelo Sá de Sousa disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 6:29 pm

    Nossa, Hermano, tive uma leitura mais leve da entrevista dele. Achei até interessante.

  127. Marcelo Sá de Sousa disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 6:37 pm

    Mas sim, Hermano, essa contradição que você apontou no Zizek falando sobre as cidades é corretíssima. Não fez sentido algum aquilo.

  128. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 7:31 pm

    Oi Luis Castello, do comentário 108.
    É claro que discordar de uma posição não significa defender a diametralmente oposta. Conordamos nisso. Quanto à aplicação do pensamento binário no universo humano, não acho que eu caia nessa armadilha e nem que meu comentário tenha sugerido isso. Pelo menos não vejo assim.
    Gosto dos matizes. Acho até que isso pode ser percebido nos comentários que fiz aqui sobre o axé. Concordamos nisso também.
    Quando eu me referi ao “déspota” não foi exatamente a vc, é claro, mas aos que se supõem conhecedores do certo e do errado e que tendem a desprezar aquilo que as enciclopédias chamam de democracia quando dela resulta o “errado”.
    Como vejo muitas pessoas com esse jeito, pode ser que eu tenha me precipitado em ler o seu depoimento como uma manifestação disso. Se tiver sido esse o caso, lhe peço sinceras desculpas pelo tom talvez antipático.
    Por outro lado, e sem querer polemizar, também precisamos dizer que nem todos os que colecionaram cicatrizes contra o regime militar nos anos 60 e 70 o fizeram exatamente em defesa da democracia. Não podemos cair na armadilha do pensamento binário, bem lembrada por vc.
    Concordo quanto aos problemas da democracia, que vejo bem mais como dificuldades nossas em realizar seu significado. Mas mesmo assim ela é sem sombra de dúvida a melhor alternativa que temos. Pelo menos assim me parece.
    E por ser esse blog um espaço democrático, acho que quem participa dele é bacana.
    Outro abraço fraterno,
    Marcelo

  129. Exequiela :: sincopada.... disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 8:05 pm

    Roberto: ¡¡¡ !! Esa rosa de Aura y Borges!!! Y Gilberto-oh!!!

    Te mando un link de mi Dios argentino (a vos y a todo obraemprogresso): Nótese cómo se refleja el transe en su cara… me hace llorar este hombre (y no soy de lágrima fácil aunque mi corazón es saltarín): http://www.youtube.com/watch?v=bbdakZjHTys

    Gilliat: lindo ese video!!! Billie!!!! Tan linda y expresiva!!! esos ojos!!!!!!!

    Onde está o LeAozinho??!! Será que posso mandarte un beso para ver si reaparecés? No sé a cuántos kilómetros por hora podrá viajar un beso virtual desde Buenos Aires hasta Rio pero ahí va el Beso ProPulsado para que llegue rápido.

  130. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 8:24 pm

    Oi Nando, do comentário 111.
    Não acho Virgínia Rodrigues mais espetacular do que Daniela e Ivete. Do ponto de vista TÉCNICO, pelo menos. Por favor, algum músico aqui se manifeste quanto à parte técnica! Ou será que estou vendo (ouvindo) coisas?
    Tampouco acho que «animadoras de auditório» seja uma expressão capaz de empurrar alguém a um patamar inferior, como – me parece – vc entende que seja. Daniela e Ivete podem ser espetaculares e animadoras de auditório ao mesmo tempo…rs. Acho até que seja este o caso. E viva as duas!
    Concordo apenas em parte com o que vc disse (excessiva ingerência comercial e palidez criativa). O que escrevi lá atrás mostra em que divergimos.
    Certamente não é «qualquer coisa que serve». E o fato de «baiano dançar com qualquer coisa, ponham um carro de som qualquer na rua, com três pessoas tocando atabaques e outra no microfone e veremos gente dançando na rua», como vc disse, não significa que qualquer coisa sirva.
    Para dizer a verdade acho ótimo que baiano possa dançar mesmo ao som de somente três atabaques e um microfone, e digo isto mesmo sabendo que corremos o risco de muitas vezes nos depararmos com algumas aberrações. Mas esse risco também nos pode fazer conhecer maravilhas. Faz parte, não?
    Mesmo nos melhores dias da música baiana nós ouvimos coisas absurdas vindas do alto dos trios elétricos. Como baiano que conhece a sua terra vc sabe disso tão bem quanto eu, tenho certeza. Mas este fato não foi capaz de apagar o que hoje recordamos e herdamos do passado, foi?
    Por isto, penso eu, não devemos nos fixar no que talvez seja uma ou outra bobagem (e não acho que tchan, harmonia e psirico o sejam, quero deixar bem claro) e assim nos comportarmos como se o panorama atual da música baiana fosse um deserto de talentos. Isso me parece sabotagem.
    Caetano, Quito, outros músicos do blog, sou maluco? É tudo uma porcaria mesmo?
    Bjs em todos.

  131. Mario Sagayama disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 8:32 pm

    Caetano,

    “Zizi”, em francês, é uma onomatopéia que nomeia um pássaro da região do Mediterrâneo.

    Você conhece o dicionário da TV5? No site da rede tem uma parte que se dedica ao aprendizado do francês.

    ORNITH. (Bruant) zizi. Petit passereau commun d’Europe méridionale de l’ordre des Passériformes, dont le mâle se distingue par sa tête jaune et noire et sa gorge noire, la femelle ayant des couleurs plus ternes. Dans les régions méditerranéennes d’Europe, le Bruant jaune est remplacé par le Bruant zizi (…). L’observateur averti distinguera (…) les deux espèces à leur chant (…). Celui du Bruant zizi est plus rapide et carillonnant (Tous les Animaux de l’Univers, Paris, UNIDE, 1982, pp. 226-227).
    Prononc.: [zizi]. Étymol. et Hist. 1783 (Buffon, Hist. Nat. Oiseaux, t. 4, p. 347 ds IGLF: je donne à cet oiseau le nom de zizi d’après son cri ordinaire). Formation onomatopéique.

  132. teteco dos anjos disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 8:43 pm

    Obrigado Enzio Andrade,

    eu imaginei mesmo que fosse
    o vento soprando do norte da África sobre
    a Europa, mas tinha medo de arriscar.
    embora eu já tenha passado
    um tempo na Sardenha, eu desconhecia realmente
    o fato. Tante grazie pelo link. valeu!!!

  133. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 9:26 pm

    Talvez por ser um relativista (preguiçoso não marcos lacerda) eu ache Zizek fraquinho, fraquinho… Ele e caras como Negri.
    Acho que a esquerda precisa de e merece coisa bem melhor. Chegaremos lá.
    Sugiro a leitura de «A sociedade aberta e seus inimigos», de Popper, escrito no sanos 40.
    Manjado? Sem dúvida. Tão manjado quanto pouco lido. Normal. A esquerda do tipo que temos de nos livrar de certa forma o proscreveu das estantes dos que «sabem pensar», dos que supõem que «pensam com independência».
    Gosto deste livro.
    Tipos como Zizek, Negri e seus seguidores não costumam simpatizar com os relativistas. Isto é notório. Ainda bem que não estão no poder, porque poderiam nos despachar para o exílio ou nos desovar em um porta-malas qualquer.
    Abraços.

  134. glauber guimarães disse:
    Novembro 2nd, 2008 at 9:28 pm

    todo mundo entendeu o que o nando quis dizer com “animadoras de auditorio”. to aqui ouvindo randy newman e antes tava ouvindo guinga. negossseguinte: musica feita APENAS pra vender, eh entretenimento. e entretenimento não eh nescessariamente, arte. o buraco eh sempre mais embaixo.

  135. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 12:17 am

    Marcelo Porciúncula,
    Não concordo com você. Parece bem desonesto intelectualmente associar uma reação crítica ao relativismo “vale-tudo”, às ações políticas anti-democráticas. Não se pode fazer isso assim, e é preciso lembrar que a democracia moderna não é relativista, no sentido que eu propus, caso contrário admitiria barbaridades com o argumento “cultural”.
    A tensão é bem maior, e esta dsicussão é interessante, sobretudo se pensarmos em todas as implicações que ela causa no campo das “humanidades”. A antropologia moderna ( Boas, Mallinowski, Mauss, etc.) tem muito a dizer sobre isso, e se constituiu como ciência vivenciando na “carne” ou nos “conceitos” esta tensão.
    abraço

  136. Nanda disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 12:52 am

    Todo dia entro aqui e leio posts e todos os comentários. Acho uma maravilha ter este espaço que abre mais e mais espaços de conhecimento. Do mundo todo e de todos os mundos que cada um é capaz de absorver em si mesmo e contar aos outros. Mas hoje resolvi escrever por causa da polêmica com a chamada Axé Music. Entendo bem Caetano quando ele reverencia a musica baiana, essa musica atual dita carnavalesca. Para mim, de fato há vários Axés - para o meu gosto pessoal, uns que ficam e se eternizam e outros descartáveis, que entretêem somente no carnaval, quando não há porque exigir coerencias e sofisticações. Acho difícil fazer com que outras cidades do Brasil entendam uma possível defesa (no caso dos conhecedores mais profundos de música, digo, porque a grande maioria consumidora de música baiana pelo Brasil e mundo afora despensam essa polêmica) porque muito do sentimento que sentimos vem da nossa vivência e do acompanhamento da história desse processo.
    Não é possível entender o sucesso desse fenômeno que é a música baiana sem ter crescido e vivido nesta cidade da Bahia e visto que há algo de diferente na relação povo-música. Desde a minha meninice ficava absolutamente impactada com coisas que via na manifestação do carnaval e que ia de encontro com a lógica da disseminação em massa via algum meio de comunicação. Como era possível que uma multidão eclética (pobres, ricos e médios- brancos, negros e índios) pudessem cantar junto nas ruas a música do Apachés do Tororó? “Sensacional, é simplesmente sensacional, Apaches desce a Capelinha e sobe o Amparo prá brincar o carnaval”. Não era música de rádio. E todos sabiam. “Nós somos piratas, internacionais, nosso tesouro vale mais que ouro, garotas sem iguais”. “Tomara que este ano eu te encontre de novo, no meio da rua, no meio do povo, mortalha encharcada de cerveja até o pé e a boca lambuzada de acarajé”. Todos sabiam, todos cantavam. Como aprenderam, meu Deus?, aquilo me encafifava. Não era ainda época de cantores de trio. Não havia bandas famosas. “Estamos aí, por toda a cidade, pagando em suor a felicidade, vou sair de palhaço e você de careta, a verdade deixei na gaveta” - um Caetano londrino pós Atrás do Trio Elétrico. E o Brasil não sabia de nada disso. Quando Caetano compôs “Toda eletricidade, trio elétrico e o seu gerador, toda energia que magnetiza a cidade, pára prá deixar ouvir o bater do tambor”, toda a cidade que estava embaixo do Ed. Sulacap quando o trio deu pane e os negões da varanda do trio fizeram a “levada” do povão, entendeu. Quando Pepeu subiu a Montanha cantando “Orixá Babá, não pode fazer a cabeça…” toda a cidade entendeu. Quando Armandinho cantou “todo mundo me perguntou, todo mundo a me perguntar, cadê o trio de Dodô, cadê o trio de Osmar? Já andei do Campo Grande, a pé até o Pelourinho e não escutei sequer um solo de Armandinho”, todo mundo entendeu. Era uma conversa entre baianos que já ia noite alta quando a industria fonográfica resolveu entrar nela. Como é que uma multidão cantava “Ê Jimmy Cliff, Ê Bob Marley, veio da Jamaica, passou pela Bahia, aqui ele deixou, a dança do reggae, ioioiô”? Quem gravou isso? Quando o Muzenza cantou “E a terra tremeu, tremeu, tremeu, tremeu, o céu mudou de cor, o bloco do reggae chegou, Muzenza, Jamaica, Salvador”, a cidade já estava noutra. Entendia o Eu Sou Negão de Gerônimo, entendia o “balançando a banda prá lá” do Olodum, se sentia “um paiol pronto para explodir” como dizia Luiz Caldas antes da Nega do Cabelo Duro. As 200 mil cópias do disco de Luiz Caldas, que o arremessaram ao Sul Maravilha,trouxeram uma novidade prá gente: músicas que faziam sucesso no resto do Brasil no ano seguinte do sucesso que já haviam feito aqui. E aqui o povo cantando: “Só gosto de namorar, no escuro, agarradinho, amor, atrás do muro”. Quando a cidade fez a fita demo Faraó ser a mais tocada pós carnaval, todos aqui já sabiam que aquilo ia mudar a nossa visibilidade e o nosso carnaval. Enquanto os programas de tvs cariocas e paulistas faturavam com o suingue da Banda mel e da Banda Reflexus (Ayê, Madagascar, Olodum. Ayê, eu sou o arco íris de Madasgascar) a cidade cantava emocionada às 5 horas da manhã “Ilê Ayê, é a nossa cor, é a nossa cor”. Caetano e Gil iam falando mundo afora desse fenômeno e atraindo olhares estrangeiros para esse submundo que se alimentava de seu cotidiano e de sua cultura. Li nessa época uma reportagem na Veja ou na Isto É, não lembro, onde o reporter dizia, que nunca na Bahia se ouviria o povo compor coisa do tipo “Que Beleza, a Nobreza do tempo colonial”. Passei o verão de 88 em Sampa e voltei no sábado de carnaval, para admirar, estupefacta, uma multidão na Praça Castro Alves cantando Malandrinha (”que demorou, mas chegou, e minha vida se transformou”) de um Edson Gomes do qual não tinha ainda ouvido falar e que dois meses antes com certeza não tocava no rádio. Como tantos sabiam, me perguntava. Só quem viu a torcida do Bahia (70.000 pessoas) cantando “De janeiro a janeiro só tomo água de côco” pode entender a força de Sarajane, sem questionar sua “rodinha”. Isso sem falar de um grupo desconhecido que estourou com uma tal “Chupa Toda” em 1988. E o povo ia e vinha, oras rendido a uma musica suingada e com letra sensacional, oras com uma esculhambação que o divertia despretenciosamente. “Tá na luz que passa pelo ar, passa também pelo seu olhar, ai morena abraça se eu chorar”. Quando o GeraSamba chegou cantando “uma dúzia de ovos, setecentas galinhas” a coisa já ia longe. Multidões nos ensaios. Clubes se abrindo para todo tipo de gente (gentões e gentinhas). Caetano sabe que trio elétrico não é para qualquer um. Que o que Daniela, Ivete, Margareth, Claudia Leite, Sarajane, Baby, fizeram e fazem é de uma sofisticação sem prescedentes. E exige um talento danado.Daniela é uma artista fora de série, inventa e reinventa, ousa para alimentar a tradição. Quem acha que Brown é maluco e vazio, e que não fala nada com nada não “está entendendo nada do que digo”. “Não é recôncavo e nem pode ser reconvexo”. Por falar nisso, quando Daniela botou o sambareggae em “Cotidiano”, lembrei que li em Alegria, Alegria uma declaração de Caetano dizendo que tinha feito essa música para o carnaval. E assim se fez e até hoje quando ela canta a multidão samba feliz. Que outro povo cantaria Elegibô (”as mulheres ficaram esteréis, a flor do seu sexo não se abria jamais”)? “Lelé, meu amor, Lelé, no cabo da minha enxada não conheço coroné”. É, A Massa, de Raimundo Sodré. “Saia dessa roda, venha descansar, venha pro meu colo, venha namorar, ai moreno”. Ivete é a musa pop do Brasil, sua música é de consumo fácil, mas não deve nada a “Like a Virgen”. Aliás, Camilia Paglia esteve aqui e disse que Madonna devia ver Daniela para voltar aos bons tempos de espontânea sensualidade. Daniela cantando com Seo Jorge “Preta” é tão emocionante por sua verdade quanto Caetano cantando “Me diz que sou ridículo, nos seus olhos sou mal visto, mas no fundo tu me achas bonito. Lindo!”. Por mais que não tenha conseguido manter - ao meu ver - a originalidade inicial, entendo Caetano gostar do Harmonia porque vi o efeito que o cavaquinho fazia no povão naquela primeira música que estouraram no carnaval. E é disso que ele está falando. Virgínia Rodrigues é outra coisa. Beleza de outro matiz. Nem maior nem menor. Outro. Mas, é preciso entender essa relação de Salvador com a Axé Music para entender do que Caetano está falando quando diz que gosta do É o Tchan e do Psirico (como se ele tivesse que se explicar por isso). Para se entender Marcelo Porciuncula. “Já é carnaval, cidade”, “vem correndo, me abraça e me beija” porque “apesar de tanto não, tanta dor que nos invade, somos nós, a alegria da cidade”.

  137. alberto disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:01 am

    o Caetano sumiu?

  138. Heloisa disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:06 am

    Caetano, não gosto de como você usa a palavra ‘tosco’. Ela aparece com freqüência inquietante em textos seus: o som da Banda de Pífanos de Caruaru é tosco, o fado de Argentina Santos é tosco…Como assim? Sei que você não usa a palavra em sentido pejorativo, mas não é assim que ela é entendida normalmente? Aos leitores desavisados pode parecer confuso, acho eu.
    A leitura de Verdade Tropical vai bem, apesar de algumas vírgulas (ou a falta delas) me incomodarem um pouco, além dos intermináveis parágrafos. Mas, em geral, estou saboreando as palavras - seu livro é uma delícia de se ler. Só espero não me engasgar com outro ‘aleijão’.
    E, por falar em preconceito, você conhece o fado ‘A minha pronúncia’, cantado pela Argentina? Não há como não pensar em nossa discussão sobre o ‘erre retroflexo’. Pobres erres, são os judas do alfabeto.
    Se você não conhece, segue o link:

    http://www.youtube.com/watch?v=oW3Ne8n0-ms

    Caetano, me diga: o jenipapo absoluto é a sua madeleine? Não consigo parar de pensar nisso.

    Teteco, acho que a tradução é de Augusto de Campos. Certo, Joaldo?

    Salem, você colocou em palavras exatamente o que eu sinto em relação à axé-music: não ouço propositalmente e não compro, mas quando estou na Bahia acho divertido. Ter ‘orelhas’ sem preconceito é uma evolução que leva tempo, mas torna a vida mais leve.

    Nelson, agora você pegou pesado: Bethânia, Caetano e Dona Canô? É o que fica mesmo. Em tudo o que se fala sobre música aqui não cabe um terço do berço desse menino.

    Adorei todas, e mando esta que me fez chorar:

    http://www.youtube.com/watch?v=7cpAv-jNK

  139. Heloisa disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:15 am

    Nelson, parece que houve um problema com o link. Este é o certo:

    http://www.youtube.com/watch?v=7cpAv-jNKy4

  140. Caetano Veloso disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:31 am

    Exequiela, beijos. Estou aqui. Leio tudo, clico em alguns links (gosto mais de ler do que de ouvir música), achei você bonita e gostosa, como dizia a letra de Nelson Mota para as Frenéticas.

    E, Nando, quando Aldir falou mal das letras das música de carnaval baianas (isso já tem mais de década!), comentei com meus amigos: “e as marchinhas tradicionais como “Alalaô-ô-ô-ô-ô-ô-ô/ Mas que calô-ô-ô-ô-ô-ô-ô? Atravessamos o Dserto do Saara/ O sol estava quente e queimou a nossa cara” etc?. Ou “Menina, vai? Com jeito, vai/ Se não um dia/ A casa cai/ Se alguém te convidar/ Pra tomar banho, Em Paquetá, Prum pique-nique na Brra da Tijuca/ Ou pra fazer um programa no Joá/ Menina, vai”? Ou ainda “Olha a cabeleira do Zezé/ Será que ele é/ Será que ele é?” ? Sem falar em “Mamãe eu quero”, “Touradas em Madri”, ou “Chinês/ Come somente uma vez por mês/ Não vai/ Mais a Xangai buscar a Butterfly/ Aqui com uma morena fez a sua fé/ Lig-lig-lig-lé/ Lá vem seu china na ponta do pé/ Lig-lig-lig-lig-lig-lé/ Feijão, vinte pratas, banana e café/ Lig-lig-lig-lig-lig-lig-lé”. A lista seria inerminável. E só das que entram nas antologias. Adoro essas e outras marchinhas, acho que têm de ser assim mesmo. O rock era bem mais isso.

    Uma antologia de obras-primas da axé muic é um grande sonho meu. E eu não pararia uma década atrás. Nem mesmo no ano passado. Concordo com Tiago: os percussionistas do Psirico são (d)os melhores do mundo. Marcio Victor, um gênio, comanda aqueles meninos para fazerem o que há de melhor. A marcha do Chiclete do carnaval deste ano é linda. A música do Harmonia também. Mas isso é assunto pra mil anos.

    Marcelo Porciúncula vê mais o essencial do que quem supõe defender “alta qualidade” ou “artistas que não encontram seu lugar por causa dos que fazem sucesso comercial”. Detesto esse tipo de pensamento. Detestaria avaliar Virgínia Rodrigues a partir de algo assim. Não teria havido o tropicalismo se eu já não sentisse desse jeito em 1966. Mas, Marcelo, não sou relativista. Eis porque acho “O mundo desde o fim”, de Atonio Cicero, uma coisa importantíssima escrita no Brasil em tempos recentes. Adoro Popper (Cicero também gosta), um dia comento “A sociedade aberta” com você. Adoro nuances, você sabe.

    Zii e Zie tem pouquíssimo a ver com Zizi.

    Hermano, Zizek é hilário. Discordo de Marcos quando diz que seu comment é deselegante. Deselegante é ele dizer que “parece patrulha pró Caetano”, sei lá. Não se trata disso. Marcos é ligado e inteligente mas a gente não é obrigado a respeitar Zizek intlectualmente, mesmo se ele dá entrevista descuidada e diz coisas irresponsáveis. Ele quer ser mais cool que o cool. Não é. Stalin não é melhor do que a democracia americana: alguém fazer sucesso nos EUA dizendo que ele só mostra até onde o refinamento da sociedade aberta pode ir. Adorno era doido querendo botar Louis Armstrong abaixo de Hitler (era isso que ele queria). Mas ao menos ele era “nihilista”, na citada palavra de Lukács, isto é: não apostaria as fichas em nenhum dos roteiros edificantes apresentados. Zizek aposta nos mais indigestos para mostrar originalidade. Guilhotina para quem discordar do programa ecológico sugerido? Beleza. Li um artigo de Nelson Acher na Folha que dizia ser a ecologia o últmo terreno em que a tendência totalitária e intolerante da eqsuerda se mostra sem pejo. Achei que fosse um artigo de alguém de direita que estava ficando paranóico. Agora, lendo Zizek, vejo vejo sensatez no texto de Ascher. E o fato de Zizec sair de país antes esmagado pelo stalinismo não pesa mais para mim do que o de Ascher ter vindo da Hungria.

    Heloísa, jamais esperaria menos de você. Concisão é atributo natural da sua mente. As duas traduções que você fez de curtos trechos que citou sairam mais curtas do que os textos originais. Sem perder em clareza e abrangência. Claro que você está em posição privilegiada para ver mais o “aleijão”. E eu nunca diria a você que Verdade Tropical é super bem escrito. Com ou sem erre retroflexo. Não consigo pensar assim. Disse isso só para quem, escrevendo muito mal, disse mal da escrita do meu livro.

    ADRIANO, NUNCA DISSE QUE AUGUSTO REBATE IDÉIAS DE CICERO SOBRE AS VANGUARDAS. CITEI ADORNO EM CONTEXTO ABUSIVO PARA EXPOR O QUANTO ME PARECE IMPOSSÍVEL (E INÚTIL) TENTAR CONTRAPOR OS TRABALHOS DE UM DE OUTRO EM “VISÃO DICOTÔMICA”. AMO CICERO E AMO AUGUSTO. MINHAS SUPOSIÇÕES NÃO AUTORIZADAS A RESPEITO DA DISTÂNCIA COM QUE ELE VERIA ARGUMENTOS COMO OS DE CÍCERO SE APÓIAM APENAS NO CONHECIMENTO DE SUAS REAÇÕES A OUTRAS FALAS, EM OUTRAS ÉPOCAS. E SÓ EXPUS A PASSAGEM VAGA DESSA SUPOSIÇÃO PORQUE CREIO SER BOM PARA TODOS QUE SE SINTA A COMPLEXIDADE DO ASSUNTO. ESPERO QUE VOLTEMOS A ISSO.

  141. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 4:27 am

    Caro Marcos Lacerda,
    Desonestidade intelectual é chamar de «relativismo “vale-tudo”» - antes vc já tinha chamado de «relativismo preguiçoso» - aquilo que é só um «relativismo “tolerante”».
    Talvez em todos os meus comentários eu tenha deixado claro, enfatizado mesmo, que minha posição relativista não implica, de modo nenhum, um «vale-tudo» ou um «qualquer coisa serve». Fiz isso, não?
    Esse sua conclusão precipitada pode antes afirmar, e não negar, aquilo que vejo simplesmente como uma tendência forte: a dos anti-relativistas terminarem por instaurar uma circunstância política autoritária, ainda que muitas vezes tenham as melhores das intenções.
    A questão é mesmo interessante e em particular me interessa muito. Gosto de Mauss.
    A filosofia do direito e a ciência política também têm tratado do assunto com qualidade.
    Esse é um bom papo.
    Abraço.

  142. lisandro disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 8:38 am

    Caetano,
    Eu me emociono quando o assunto é música baiana: logo me vem a memória Moraes Moreira e seus frevos maravilhosos. Fez a ponte entre o frevo pernambucano e o suingue baiano. Caetano nos deu muita alegria quando inclui no show Cê, a adorável “O chão da praça”.
    Vida longa para Moraes Moreira e Caetano.
    Lisandro (goiânia)

  143. Nando disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 9:24 am

    (((Parem as máquinas! Pelas lentes de Ed Wood! Esse Glauber Guimarães do comentário 134 é quem eu penso que seja? Sim, é ele mesmo! Vocalista de uma das coisas mais fantásticas já saídas da Bahia, chamada The Dead Billies (o único CD que conheço deles, “Don’t Mess With the Dead Billies”, é absolutamente fabuloso) - dancei muito ao som desses malucos maravilhosos, ao vivo inclusive. Hoje viraram um trio instrumental chamado Retrofoguetes e tô na cola da próxima armação desse teddy boy envenenado. Perdoe a babação, Glauber, mas seu talento não poderia passar impune. Rock on, man!)))

  144. Fernando Salem disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 10:18 am

    Oi Glauber

    Comento aqui modestamente a sua observação abaixo:

    “musica feita APENAS pra vender, eh entretenimento. e entretenimento não eh nescessariamente, arte. o buraco eh sempre mais embaixo”

    Essa sua afirmação pressupõe que um alguns compositores têm o poder e a fórmula de fazer um HIT (música pra vender). De fato, alguns têm esse dom: Sullivan e Massadas, Lulu Santos, Roberto e Erasmo, Zezé Di Camargo e até Lennon e Mc Cartney. Repare como citei nomes heterogênios propositalmente.

    Isso porque essa divisão entre música de entretenimento e ARTE é uma roubada quando falamos de música popular. As Marchinhas de Carnaval que citei em outro comentário, eram música de entretenimento e se não “pegavam” nas ruas, caíam no esquecimento. Ganharam, décadas depois esse status de ARTE. O tempo cuidou disso.

    Olha só: se você substituir o “música pra vender” por “música pra tocar no rádio” ou “música pra estourar nas ruas”, tudo muda. O que parece perverso e maquiavélico (fazer grana), passa a ser a difícil missão de tocar o coração da massa. Isso dá dinheiro? Ô se dá! Dá vontade em alguns compositores de fazer canções com esse intuito? Suponho que dê? Desqualifica o resultado a priori? Não!

    Canções que não foram feitas “pra vender”, como Sampa, estouraram. Canções feitas pra vender, como (não sabemos) não estouraram.

    Um músico popular raramente se senta pra compor pensando “silêncio, agora vou fazer ARTE”.

    A Blitz fez música pra vender? O single “Você Não Soube me Amar” tinha mais de 6 minutos! E tocou nas rádios. E vendeu.

    Seu raciocínio supões uma pureza no ato de compor canções populares. Isso é tinhoresco. Canções “vendedoras” muitas vezes nascem em rodas de samba, ensaios, mesas de botaco ou e raramente em laboratórios de marketing.

    Entretenimento X ARTE é uma velha discussão. Mas a música popular vive confundindo os que tentam didivi-la nessas 2 categorias. É cilada.

    Volto a dizer: a música produzida na Bahia, na perifa do Rio e no interior do Brasil (axé, pagode, funk e sertanejo) invadiu às rádios e prateleiras. O que elas têm em comum? Uma raiz na pobreza.

    Se os pobres do Brasil conseguiram a proeza de descobrir a fórmula dos hits, esse seria um fato antológico. Mas nem nisso eu acredito.

    Okay… as rádios nos impõem a sua programação. Existe jabá. Existe marketing. Mas a música popular vive contrariando os que se acham detentores da fórmula do sucesso e da venda.

    Com os Mamonas foi assim. Um moleque filho de um produtor que rejeitou a fita demo dos caras, gostou do som e pediu pro pai lançar. O faro do moleque era mais apurado do que o do velho experiente.

    E mais. Quando Caetano, Chico e Gil vendem bem, nós fãs, não questionamos e até festejamos. Mas alguns jornalistas já vem dizendo… ah! o Caetano gravou a música do Peninha pra vender.

    A música brasileira que “vendeu” mais na história é de Tom Jobim e Vinícius de Moraes: Garota de Ipanema. Você diria que é “entretenimento” ou ARTE?

    Ivete deve ficar feliz com seus milhares de DVDs vendidos, o Maracanã lotado e até, a conta bancária recheada. Mas nem assim, podemos dizer que o que ela faz seja ruim. Podemos dizer por outros motivos, mas não pelos que enumerei acima.

    A ARTE não pode entreter? A música feira para entreter não pode ser vista como ARTE? Muitos sambas bons, marchas, reggaes, forrós, dubs e rocks estão aí pra responder as perguntas.

  145. joana disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 11:02 am

    nem só pop, nem só arte, nem só entretenimento, nem só axè, nem só dinheiro:
    “a música da disponibilidade”

    Há uns dias atrás, Hermeto Pascoal, esse grande homem que extrai sons das mais diferentes formas e condições, esteve em minha cidade, no interior do Rs. parece que a moça com quem está, muito parceira por sinal, é daqui, e de vez em quando eles aparecem. e quem se beneficia de quando em vez são as crianças com quem eles fazem oficinas musicais, exatamento no estilo Hermeto de ser. eu é que não tava sabendo que esse tipo de música, Disponível, passava tão perto de mim.

    gosto da disponibilidade nas manifestações músicais. e creio que o sucesso está intrinsecamente vinculado ao que o músico disponibiliza pra quem o ouve.

  146. Heloisa disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 11:42 am

    Caetano, você não entendeu um detalhe muito importante de meus últimos comentários: o ‘aleijão’ a que me refiro não tem nada a ver com seu estilo de escrita. Eu nunca teria coragem de me referir dessa forma às palavras que estão entre as mais perfeitas e emocionantes que já li até hoje. Vírgulas e parágrafos longos são nada - meros detalhes que só professores e tradutores notam - se comparados à grandeza de sua escrita. Na verdade eu comentei por implicância mesmo - como você já fez comigo – para me deliciar com sua reação. Infelizmente, você não deve ter lido o primeiro comentário que fiz a respeito de Verdade Tropical: o ‘aleijão’ (palavra sua) a que me refiro é outro, muito mais sério. Para ficar bem claro, posto novamente o comentário anterior.

    ‘Logo agora que eu ia dizer que você não foi totalmente sincero em seus comentários sobre o erre, você vem todo manso e me desarma. Explico: é que, depois de dez anos exatos, resolvi tirar da estante o seu livro, ganhado de alguém que me imaginou ansiosa para entrar no seu mundo. Mas não. No lugar de uma alegria, durante todo esse tempo ele quase me incomodou, apertado entre um Guimarães Rosa e um Dostoievski. Não porque não lhe desse crédito - talvez me faltasse coragem, ou só não fosse a hora ainda.Comecei meio relutante: uma lida aqui, outra ali, emoção, deslumbramento, revolta… Como sempre foi, para mim, tudo o que se refere a você. Acontece que encontrei, lá pelo final do livro, as expressões ‘aleijão do erre sonoro’ e ‘horrível som engrolado’, palavras que você não usou quando conversamos sobre isso aqui. Tudo bem, você agora menciona os conflitos, que eu também tive. Nem chego a amar o erre, só não tenho mais preconceito. No entanto, desde que li suas palavras tento imaginar como se sentiram os falantes do erre ao ler aquilo (ou você pensou que eles nunca poderiam ser seus leitores?). E isso me dói.
    Mas logo depois li um trecho em que você explicava porque se sentia bem em Nova York, e levei um susto: estava ali uma resposta para mim também. Encontrar por acaso, no meio de 500 páginas, dois trechos que me tocaram tanto assim não me deixava dúvida - seu livro pedia para ser lido, e com certa urgência.’

    Küssen. Und fergesst nich: Ich liebe dich über alles.

  147. Maria disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 11:55 am

    Caetano e Heloísa,
    Vocês me fizeram voltar a ler Verdade Tropical novamente. Agora não tem mais jeito. Vou ler tudo de novo e pronto. Quero ver também onde tem aquilo sobre a Banda de Pífanos de Caruaru, que lembro bem em Pipoca Moderna, e nunca páro em Caruaru para ouvir.

    Caetano, li todo o seu post.É muita informação. Preciso ir abrindo os links aos poucos…….

    Durma bem,
    Maria

  148. Ana disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 12:33 pm

    Caetano, primeiro quero deixar aqui um beijo enorme pelas músicas fantásticas com que nos enches os dias.
    Aqui, do lado de cá do oceano, ouvimos-te sempre e com um prazer imenso.
    Depois, não posso deixar de estar muito feliz por te ler sobre o trabalho e a música do António Zambujo.
    É de facto apaixonante o que ele faz.
    Beijos lusos!

  149. ADRIANO NUNES (ASTRIPASDOVERSO.BLOGSPOT.COM) disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:20 pm

    AMADO CAETANO,

    VOLTEMOS ENTÃO A ESSE ASSUNTO QUE TANTO ME ESTIMULA COMO POETA COMO PESSOA QUE AMA ANTÔNIO CÍCERO, AUGUSTO DE CAMPOS E CAETANO VELOSO! POIS BEM: SCHOPENHAUER EM “O MUNDO COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO” (PÁGINA 120, EDITORA CONTRAPONTO) DIZ: “A COISA EM SI( OBSERVAREMOS A EXPRESSÃO KANTIANA, COMO FÓRMULA CONSAGRADA ), QUE COMO TAL, NUNCA É UM OBJETO - VISTO QUE TODO OBJETO JÁ NÃO É MAIS DO QUE O SEU FENÔMENO, E NÃO ELA MESMA - , TEM NECESSIDADE, PARA SER PENSADA OBJETIVAMENTE, DE PEDIR EMPRESTADO UM NOME E UMA NOÇÃO A QUALQUER COISA DE OBJETIVAMENTE DADA, POR CONSEQUÊNCIA A UM DOS SEUS FENÔMENOS; MAS ESTE, PARA PROVER A INTELIGÊNCIA, DEVE SER O MAIS PERFEITO DE TODOS, ISTO É, O MAIS EVIDENTE, O MAIS DESENVOLVIDO, E ALÉM DISSO DIRETAMENTE ILUMINADO PELO CONHECIMENTO: ORA, É NESTAS CONDIÇÕES QUE SE ENCONTRA A VONTADE HUMANA.” ASSIM, SEM ANALOGIAS OU DIRECIONAMENTOS CONCLUSIVOS ANTECIPADOS, DIGO QUE AS VANGUARDAS EXERCITARAM O QUE VEIO A SER O QUE ELAS NÃO MAIS SÃO PORQUE COMO PODERIA CABER O CONTINENTE DENTRO DO CONTEÚDO? DEIXARAM SUA LUZ NA DIMENSÃO DO IMPOSSÍVEL, MAS HOJE NÃO TEM COMO HAVER VANGUARDA PORQUE A DIVERSIFICAÇÃO DAS ARTES E INCLUSIVE E PRINCIPALMENTE DA POESIA E DA MÚSICA TORNA PRATICAMENTE INACEITÁVEL COMO PRECURSOR MOVIMENTOS DITOS MODERNISTAS OU VANGUARDISTAS - A POESIA TENDE A SER O QUE ELA É - E AUGUSTO DOS ANJOS E ATÉ MESMO JOÃO CABRAL COM TODAS AS SUAS CONTRADIÇÕES AO LONGO DO SEU TRAJETO POÉTICO CONTRIBUÍRAM DE FORMA SUBLIME PARA TAL - POESIA!
    O TROPICALISMO NÃO HÁ, MAS TODAS AS SUAS LUZES E CORES ESTÃO AÍ NESSA NOVA GERAÇÃO QUE ATÉ MESMO RENEGA O FATO OU NÃO ACEITA VESTIR OU AINDA NÃO COMPREEENDE BEM A GRANDEZA DE TAL MOVIMENTO COMO VANGUARDISTA - INSPIRADO DE UMA FORMA OU DE OUTRA NA BOSSA-NOVA DE JOÃO E MUITO ATÉ DO QUE OCORRIA NAS ARTES DAQUELE PERÍODO!
    EM ENTREVISTA A MÔNICA SERRANO DA REVISTA FILOSOFIA, ANTÔNIO CÍCERO DEIXA CLARO:

    “A questão da vanguarda, por exemplo, tem a ver com a questão da autonomia da arte, e esta, por sua vez, depende da autonomia do estético, que foi objeto da “Crítica do Juízo”, de Kant. A vanguarda histórica combateu a arte enquanto instituição, isto é, combateu a autonomia da arte, concebendo-a como um modo de esterilizar ou domesticar a arte. Isso, na verdade, deveu-se a uma compreensão demasiadamente estreita do estético. Nesse ponto, a meu ver, ela estava errada. Ora, essa discussão, que não cabe detalhar aqui, já é filosófica. O equívoco da vanguarda histórica, entretanto, não teve conseqüências puramente negativas. Ao contrário: como mostro em “Finalidades sem fim”, no próprio processo de combater a instituição da arte, ao romper as categorias, os gêneros e as formas artísticas tradicionais, a vanguarda histórica ajudou, na prática, a revelar o caráter convencional de tais categorias, gêneros e formas. Isso foi um feito extraordinário, que transformou definitivamente a concepção moderna de arte. ”
    COMO PÔDE UM METIDO A CRÍTICO COMO O PEDRO ALEXANDRE SANCHES DIZER QUE A TROPICÁLIA PLANEJAVA O EXTERMÍNIO DO SAMBA? TALVEZ ELE NÃO SAIBA E NÃO SABE QUANTO DE SAMBA TINHA E TEM TODOS OS FILHOS DO TROPICALISMO - OU ELE SUPUNHA QUE TODO O SEU APREÇO POR CHICO E PAULINHO DA VIOLA ERA UM DESCARADO CINISMO DESCOMEDIDO? ELE NÃO MERECIA NEM SEQUER SER CITADO, MAS O FIZ PORQUE AINDA HOJE HÁ CRÍTICOS DE ARTE SEMELHANTES!
    AINDA TEMOS MUITO, SE VOCÊ QUISER OBVIAMENTE, PARA DIALOGAR, POIS ESSE ASSUNTO É EXTREMAMENTE LONGO, COMPLEXO, CONTRADITÓRIO, E AGORA ESTOU TENDO QUE TERMINAR UM DOS MEUS CONTOS PARA SER PUBLICADO, MAS DE ANTEMÃO AGRADEÇO POR TER RESPONDIDO À MINHA POSTAGEM E DEIXO A PERGUNTA: SERÁ QUE AS VANGUARDAS TINHAM ALGUMA CERTEZA DE QUÃO IMPORTANTES PODERIAM SER?

    ABRAÇO FORTE!
    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.

  150. Lucia Alves disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:32 pm

    “Bichice” é um termo tão bacana, tão genuinamente brasileiro, diz tudo sem ser palavrão, é engraçado sem ser ridículo, mas muito pouco usado, principalmente pelos mais novos.

    Ainda bem que temos Caetano.

    Lilu

  151. Maria João Brasil disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 1:58 pm

    A explosão da música baiana (axé music) para o Brasil, e mesmo aqui na Bahia, se não me engano, tem como um dos marcos um clip de Luis Caldas no Fantástico. Isso coincidiu com o início da minha adolescencia e o meu primeiro carnaval sem pais. A partir daí, o que vivi, foram carnavais sem bailes, sem marchinhas, sem bloco afro (to falando do que chegava a nós sem esforço. muito chiclete com banana, muito aê-aê, ê-ê, etc. E pra completar, diferentemente de quem mora em outros estados e pode curtir o carnaval 5 dias e depois passar o resto do ano vendo, ouvindo outras coisas, aqui a coisa tomava conta de tudo o que podemos chamar de divertimento, incluindo radios de carro. Não to muito inspirada pra escrever, mas o que quero dizer é que ainda que se possa fazer uma antologia de obras-primas da axé music, e termos cantores com alta qualidade técnica, etc. Eu, por exemplo, sinto como se tivesse pago um preço muito caro, porque aqui, pra não gostar de axé, vc tinha que ser de um gueto de rock, por exemplo. Vi amigas minhas encurtarem os shorts até a vulgaridade, dançar com vulgaridade, não ouvir Chico Buarque e Caetano.E o melhor é minoria. E tem haver com atitude também, nas marchinhas antigas ainda que analisando as letras pouco fique se devendo à pessima qualidade de letras do axé, a atitude era outra, as coisas estavam apenas insinuadas. Agora não, desde que aquela mulher desceu no video, de perna aberta, até a boca da garrafa, quem fica puto com isso aqui, tem todo direito, pô. Eu, levei anos aprendendo a gostar de carnaval, agora gosto, porque vivo o non sense da coisa, ou vou arás de coisas que interessam como o 2222. E pera lá. O que é que “se eu não te amasse tanto assim” tem haver com axé? e tantas outras de Ivete.

  152. Socorro disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 2:00 pm

    Também me encantou este Zambujo.Nunca tinha ouvido um homem cantar fado como ele canta. Vi uma vez, num show, Zé Renato cantando esta bela Foi Deus. Nada mal. Sou apaixonada pela voz de Zé Renato, mas faltou o “sutaque purtuguês”, essencial pro fado. No Zambujo, não falta nada. Pelo contrário.
    Minha neta de 14 anos deu uma espiada num dos vídeos do Antonio Zambujo e logo disse: “Parece o Caetano”.
    É verdade. O jeito de cantar, e até a voz, lembra muito Caetano.
    Mas se narciso acha feio o que não espelho…

  153. Labi Barrô disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 2:14 pm

    Boa Tarde Gente Boa!
    Cadê Velô galera? O home sumiu!
    Eu quero Velô. Eu quero Velô.
    Desculpe a intromissão, mas não resisti!
    Li o texto do Salem comentando o que Glauber escreveu. Concordo em parte, querido.
    De fato não existe a fórmula do sucesso. O que existe é um conjunto de fatores que levam um artista a ter maior exposição que outro. Nesse conjunto, incluo as relações de amizade, colaboração e parentesco. Essas relações são mais importantes que jabá.
    Mas, na minha infinita ignorância, suponho que para entrar no pequeno círculo que “se dá bem” nessa peneira que chamei de “conjunto de fatores”, o artista precisa compor algo que esteja entre o facilmente assimilável e a inventividade extrema. Dentro desse intervalo está a chamada música comercial. Não pode ser escandalosamente inventiva. Não pode estar abaixo do facilmente assimilável. E, acredito eu , existe sim, fórmulas para deixar a música mais “radiofônica”. Embora essas fórmulas não sejam garantia de sucesso.
    Tem até um livro sobre isso: Como construir um hit, eu acho que é isso. Não levo fé não.
    Há grande diferença entre Sampa e De palavra em palavra, do Araça Azul, disco que eu adoro. Eu gosto das duas. Mas eu acho que existem intenções diferentes na composição de cada uma delas.
    Agora, cá entre nós, Cartola também era pobre né?
    Caetano também não era rico não.
    O pobrema do Brazil é a educação darling!
    Pô véi, será que eu falei besteira? Desculpaê…
    Vou voltar a caetanaer que é melhor. Ouço a música Maria Bethânia neste momento.
    Labi Barrô, procurando Caetano.

  154. Maria João Brasil disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 2:14 pm

    Junte tudo isso ao fato de que no carnaval, estamos as vezes junto à multidões, da dança vira briga, empurra empurra. Acho que o ponto de vista de caetano é literalmente diferente. Como músico, em cima do trio, pescando a criatividade, os “cartolas” do povo da bahia. Eu acho que paguei caro, como pessoa que se criou nesse ambiente. Eu queria ter vivido um ambiente cultural mais eclético. Será que o fato de em Salvador não termos muitas livrarias, etc, não tem haver com tudo isso? Agora uma coisa que eu acho que tem que ser realmente louvada é o teatro baiano, que é a outra onda

  155. Maria João Brasil disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 2:23 pm

    Lembro de meu pai, coitado, puto da vida e desligando o radio porque a gente tava cantando junto uma música de Lulu Santos “quando eu saí de casa…” mal sabia ele o quew estava por vir!

  156. Exequiela :: Helter Skelter.... disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 2:55 pm

    Uy LeAozinho… look out! que me hacés ronronear. (con errrrrrrrrrrrrrre feroz: prrrrrrrrrrr) qué peligro!

    Saben que todavía no entiendo cuál es el problema de la ERRE en el portugués? No sé si entendí lo que estaban discutiendo C y H. Como hispanoparlante adoro tanto las ERRES fuertes como las aspiradas en el portugués. Bienvenido todo aquello que nos aleje de la uniformidad. Pero claro…de afuera y de lejos todo se oye y se ve distinto. Me imagino que la dificultad para que puedan convivir las diferentes ERRES muestra la dificultad para…… convivir.

    Sobre el tema de arte para entretener. Yo adoro la música o arte hecho para entretener. Y cuántas veces es menospreciado y nos perdemos de escuchar grandes músicos! La música que es hecha SOLO para entretener, o mejor dicho vender, no sobrevive. Easy come, easy go. Existió en Argentina un músico llamado Rodrigo (lucesar lo conocés?) que entretenía masas y para algunos era lo que llamamos “grasa” pero escuchen y vean lo que hacía este menino con sus músicos http://www.youtube.com/watch?v=jYIu9nR_A_Y y de paso ven el fervorrrrrrrrrrrrrrrrr (con una erre fuerrrrrte y chillona) del público argentino. Y hablando de regionalismo. Rodrigo dice: soy cordobés y ando sin documentos porque llevo el acento de Córdoba Capital!!!! Lamentablemente murió muy joven por un accidente automovilístico. Irónicamente esa voracidad por entretener y ganar dinero y hacer no sé cuántos shows por noche le llevó la vida.

    Siguiendo con el JAZZ
    Leí sobre un estudio donde se les realizó una resonancia magnética a un grupo de músicos de jazz para observar cómo funciona el cerebro durante la improvisación. Mientras escaneaban los cerebros les pidieron que hicieran unas escalas musicales y luego que improvisaran. Los científicos descubrieron que durante la improvisación, la corteza prefrontal dorsolateral del cerebro tenía poca actividad. Esta porción del cerebro está asociada a la autocensuración y a las acciones planeadas (cuando estos circuitos cerebrales se lesionan pueden provocar conductas psicopáticas). Se ve que al clausurar esta área del cerebro, se bajan las inhibiciones, lo que le permite al músico improvisar con mayor facilidad. Al mismo tiempo se activa la actividad en la corteza prefrontal media donde se hallan las fuerzas de la autoexpresión e individualidad.
    Interesante, no? Igualmente yo creo que cuando surgió el Jazz, la improvisación nació como necesidad de espacio y libertad… habrá que ver si el cerebro de los creadores del Jazz funcionaba necesariamente de esta manera. Claro que hoy en día algunos músicos deben elegir el Jazz en forma inconsciente debido a una tendencia de sus cerebros a “cancelar” la actividad de esa zona del cerebro.

    Esto me hizo recordar otra explicación científica: Dicen que la repetición del tema melódico en el Bolero de Ravel se debió a la enfermedad que tenía Ravel: demencia profrontal.
    El doctor Bruce Miller, neurólogo y director del Centro de la Memoria y el Envejecimiento de la Universidad de California en San Francisco, publicó recientemente en la revista Brain un estudio que explica cómo la enfermedad mental que padeció Adams, además de Ravel, puede dar lugar al surgimiento de talentos artísticos.
    Ravel compuso El Bolero en 1928, cuando tenía 53 años y comenzaban a evidenciarse los signos de su enfermedad en los errores de escritura, tanto en su música como en sus cartas. El Bolero alterna entre dos temas melódicos principales; los repite ocho veces en los 340 compases, con volumen e instrumentación crecientes. “El Bolero es un ejercicio de compulsión, estructura y perseverancia -dijo Miller-. Aumenta sin cambiar de clave hasta el compás 326. Entonces, se acelera hacia el colapso final.”
    El artículo completo: http://www.lanacion.com.ar/nota.asp?nota_id=1003742

    Y esto me hizo acordar a que yo oigo bastante patterns melódicos que se repiten en forma un poco obsesiva en las canciones de Caetano. Por ejemplo en: Cajuina, trillhos urbanos, O quereres, u don´t know me. En las últimas: Perdeu, Tarado ni voce. Vos lo percibís LeAozinho? Definitivamente demencia prefrontal no tenés porque una de las características es la pérdida progresiva de las palabras. Beso, beso!

  157. Fábia disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 4:35 pm

    Será que a “conversa” virtual é mais suscetível a ruídos? Agora vou apenas espiar! Verdade Tropical não é mal escrito. Pelo contrário, bem bom de ler…

  158. glauber guimarães disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 5:16 pm

    salem,
    respeito tuas opiniões, mas observe o meu “apenas”. um exemplo: me amarre numa cadeira, sem violão por 10 anos…continuarei fazendo ARTE. arte pra mim, é uma nescessidade basica, minh’alma precisa disso. sei que aconteceria o mesmo com o caetano, ou glauber rocha, etc…

    o “baianos geniais” de caetano, pra mim, eh TRANSFALÁCIA”. basta.

    o maior problema da axé music não eh a qualidade [um conceito abstrato]. eh a má fé [sartre] com que as coisas são feitas. não eh nem mais nescessario que um produtor imbecil fabrique as bandas. ela se fabricam sozinhas!

    desde o início dos tempos, os negros sabem que se eles se fizerem bobos, circenses, terão mais chance de sobrevivência [não os culpo por isso e deixo claro que sou mestiço, não branco. e admiro todas as culturas pelas suas contribuições e belezas, incluindo os rednecks americanos]. e tudo continua na mesma, os negros pitorescos tocando seus tambores pros brancos do itaigara, grosso modo.

    explicando melhor meu ponto de vista: ta todo mundo aqui tentando catar suas migalhas que caem do grande bolo. A IGNORÂNCIA É UM EXCELENTE NEGÓCIO, salem. c sabe disso.

    sou ingênuo? louco? pseudo-herói-de-araque? pode ser, mas genialidade não é grama que dá em qualquer lugar.

    nando, obrigado pelo elogio generoso, mas não sou um “teddy boy”. hoje faço um som que mistura folk, 60s psychedelia, música erudita, samba e o escambau. abraço procê.

    e caetano, quanto às marchinhas…bem, no carnaval vale tudo…acho perversão fazer uma linha entre marchinhas e sambas de roda e o que se vê hoje aqui. não é bem por aí.

    parafraseando o lobão em “para o mano caetano”:

    “é o puteiro que os canalhas não conseguem habitar, mas cafetinam. é a beleza de veludo que o submundo tem pra dar, mas os canalhas subestimam.”

    tenho certeza que você, caetano, entende perfeitamente o que o ele quis dizer com isso.

    abraço sincero a todos! aguardo o disco novo, ansioso.

  159. laurene disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 5:33 pm

    Oi, Caetano e pessoal. Eu li uma autobiografia de Popper e gostaria de falar um pouco sobre ele. A militância marxista dele (durou três meses, ele falou) não me convenceu. No entanto, ele diz coisas belas sobre música e sobre os USA. Ele disse que conheceu Einstein e ele era tão viajandão que os USA lhe permitiram ganhar dinheiro, o que contou positivamente para os americanos. Uma que ficou para mim dele, sobre o Marx é muito bonita e me faz pensar no profeta Mautner, de quem outro dia li os proféticos Bilhetes do Kaos: será que, dizendo as profecias, não estamos impedindo que se realizem? Ou, como nos mitos, se realizarão assim mesmo?

  160. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 5:52 pm

    Nando,
    Pensei em dizer muitas coisas ao ler seu último comentário. Mas como ia me repetir, fiquei com preguiça. O que tinha pra falar já falei.
    Mas, entre os que aqui defenderam a importância antropológica, sociológica, sexual, hormonal, MUSICAL e o escambau da axé music, quem disse que por se ser baiano se deve considerar tudo o que sai daí como algo bom?
    Quem aqui disse que concorda com o esquemão (que aliás não é exclusividade da Bahia e nem do axé, sabemos todos) dos empresários e dos donos das rádios da cidade?
    Não vi isso nos meus comentários, nem nos de Salem, nem no de Quito, nem no de Nanda e nem no de Caetano. Será que perdi algum?
    É engraçado alguém que gosta de rock (e eu adoro) discriminar outro estilo acusando-o de ser um apelo comercial, de ter letras simplórias e de ser melodicamente pobre. Isso foi o que sempre se disse do próprio rock, mas enfim.
    O rock baiano já deu nomes como Raul Seixas e Camisa de Vênus, cujo cantor, Marcelo Nova (acho que a letra de O Adventista é dele), escreveu uma das mais lindas profecias que já ouvi na vida:
    “Não vai haver amor neste mundo nunca mais”
    Depois vieram alguns o´timos nomes, como, por exemplo, Úteros em Fúria, Flores do Mal e Dr. Cascadura.
    Mas quantas tolices nós já ouvimos? Quem quiser falar do rock baiano pode tê-las como única referência?
    Tomara que Caetano traga logo outros tópicos em um novo post.
    Abraços.

  161. Nando disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 6:20 pm

    Olá, amigos!

    Salem, já que você gosta de citar o velho Mussa, sou obrigado a retribuir com Didi Mocó: acuma? não cafunda, não cafunda! Relendo vi que dá a entender que eu contrapunha música de qualidade a música de sucesso. My bad. Queria fazer referência de raspão à indústria musical e a uma, digamos, necessidade de seleção mais rigorosa DENTRO da axé music e não fora dela.

    Pegando a carapuça, não suponho que defendo a alta qualidade, Caetano, eu a defendo, com todas as letras. Eu poderia defender a diversificação, simplesmente (sei de histórias escabrosas a respeito de boicotes mafiosos, mas poupo os amigos dos detalhes sórdidos); não contente, defendo a necessidade de qualidade dentro da falta dela. A axé music também necessita de aprimoramento, ou não? Será que estamos todos condenados a ouvir uma fórmula repetida ad nauseam?

    Não me sinto na obrigação (por ser baiano) de aceitar tudo o que sai da Bahia como sendo de qualidade porque isto é uma mentira. Quem mora lá (como disse a Maria) sabe o que é padecer 365 dias do ano aguentando o inferno em que se transformou a axé music e suas derivações mais chulas.

    Tudo bem, foi super importante, mas agora que as pessoas já estão trabalhando, já há um mercado, a loira já pode declarar seu tesão pelo negro, todo mundo já tem orgulho da cidade e de si mesmos, auto-estima bem calibrada etc, será que podemos voltar a falar em, errr perdoem, (baixinho) “a…r…t…e…”?

    Salvador é uma cidade repleta do que eu chamaria de “resistentes” culturais. São as pessoas que vão à praia, no carnaval, de preto, todos os anos, curtir rock’n roll (e não são poucas). Outra parte se isola em casa e só sai depois do carnaval. Outras viajam. São os músicos das mais variadas tendências que lá permanecem na heróica condição de minoria e que se recusam a ficar engessados repetindo mantras idiotizantes como “requebra, ordinária” ou “desce, mainha, gostoso, vai”. Eu eliminei esta tormenta da minha life porque saí de Salvador há dez anos (me expulsei de lá); meu sistema nervoso só aguenta atualmente uma pequena parte do verão. Quando quero dançar sem precisar sentir vergonha, tenho meus Tim Maia, meus James Brown, meus Salif Keita. E Brown, este mestre absoluto chamado CARLINHOS BROWN. Tenho pena e indignação é por causa de quem mora lá e que é obrigado aguentar, até sabe Deus quando, esta bobajada feita não pelos músicos (dê-lhes uma direção musical decente e maravilhas serão ouvidas), mas pelos empresários da axé music. Tão cedo não largarão o osso.

    Há anos que espero uma palavra dissonante de Caetano; nem precisaria ser uma diminuta nem uma nona com décima primeira aumentada. Uma sétima menor já estaria de bom tamanho. Continuarei esperando.

    Davis contra Golias não existem só no Rio.

  162. Fernando Salem disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 7:08 pm

    GLAUBER ESCREVEU:

    “desde o início dos tempos, os negros sabem que se eles se fizerem bobos, circenses, terão mais chance de sobrevivência [não os culpo por isso e deixo claro que sou mestiço, não branco. e admiro todas as culturas pelas suas contribuições e belezas, incluindo os rednecks americanos]. e tudo continua na mesma, os negros pitorescos tocando seus tambores pros brancos do itaigara, grosso modo.”

    NANDO ESCREVEU:
    “Quando quero dançar sem precisar sentir vergonha, tenho meus Tim Maia, meus James Brown, meus Salif Keita. E Brown, este mestre absoluto chamado CARLINHOS BROWN. ”

    E eu fiquei aqui pensando no hiato produzido em minha mente. Entre o que disse Nando e o que disse Glauber. Dois caras que respeito e que admiro pela sinceridade e inteligência.

    A primeira coisa que me veio justapondo os dois raciocínios foi a seguinte:

    Tim Maia, James Brown, Salif Keita e Carlinhos Brown sabem que se eles se fazem de bobos, circenses, pra ter mais chance de sobrevivência tocando seus tambores pros brancos?

    Entendo perfeitamente o cansaço e a indignação do Nando e a inquietação furiosa do Glauber (que não é ingênuo, nem louco, nem pseudo-herói-de-araque).

    Mas não partilho da idéia de que A IGNORÂNCIA É UM EXCELENTE NEGÓCIO e os negros se fazem de bobos por sobrevivência e que se lhes dessem uma “direção musical” fariam o que se supõe ARTE.

    Sei que aqui estou “mesclando” a reflexão de 2 pessoas diferentes, mas elas se complementam no sentido de configurar o preconceito que descrevi nos meus coments anteriores.

    Nando… Há anos você espera uma palavra dissonante de Caetano; nem precisaria ser uma diminuta nem uma nona com décima primeira aumentada”. Mas tudo o que ele quer “é um acorde perfeito maior”.

    Gosto de conversar com vocês.

    abraço

    Salem

  163. Julio Vellame disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 8:02 pm

    Dilma está para Lula assim como Caetano está para Jorge Mautner.
    Nada a ver esse comentário sobre ela

  164. Lucas Jorio disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 8:12 pm

    Hermano e Caetano, um comentário meu não foi ao ar, em que eu dizia que acho que é o Chico quem é chato. Reconheço que foi no mínimo de mau gosto e quero me retratar. Longe de mim querer reviver a maldosa riavlidade Chico X Caetano. Se entendi bem em Verdade Tropical, a respeito da piada do Tom Zé (”respeitava muito Chico Buarque ‘pois ele é nosso avô’), o narrador riu do sarcasmo do Tom Zé, não tanto do conteúdo da piada. Meu interesse é pelos desdobramentos, pela sobrevida da artificial rivalidade, pelos destinos distintos das duas figuras segundo uma consciência rasa de uma classe média órfã (muitos dos nossos grandes artistas nos deixaram, preferiram o Rio…) que existe aqui em BH: Chico é um imortal vivo, Caetano um chato morto. Maldizem os novos (maravilhosos) romances do Chico assim como todo novo disco do Caetano. Acho o Chico um chato porque aguardo com ansiedade seus novos livros, não seus discos. Peço licença para reproduzir um trecho de um ensaio meu (sobre a Avenida Afosnso Pena, em BH) em que abordo essa questão, tão mal resolvida nesta capital.

    26 Conservatório de Música

    Gosto do Palácio das Artes, lugar de artes estranhas e bastante reconhecidas. Tenho inúmeras lembranças dele, escolho as mais recentes. Logo após a exposição sobre o Vale do Jequitinhonha, ocorreu no Grande Teatro o fenômeno Chico Buarque. Ingressos para cinco apresentações esgotados em dois dias, filas cheias, brigas e ocorrências policiais. Por motivos financeiros e partidários, não fui, não sem lamentar a ausência de um registro valioso na minha coleção de ingressos de shows. Continuo sem ter visto o Chico. Duas semanas antes outro monstro sagrado da MPB veio a Belo Horizonte e se apresentou em outro lugar. O show do Caetano Veloso era mais barato e mais acessível, sobrou ingresso. Mesmo se fosse no Palácio, com os preços e as filas do Chico, faria a mesma escolha.
    Minha preferência decorre de uma mistura não muito razoável que se faz de música e futebol, transfere-se a rivalidade essencial deste para aquela. É comum fãs romperem uma tradicional parceria musical e se unirem em torno de dois times. Os beatlemaníacos, por exemplo, costumam se dividir em pró-Lennon e pró-McCartney, disputam quem foi mais interessante, importante, influente, etc. Durante muito tempo fui do primeiro time, depois estive no segundo. Hoje enfim transcendi as rixas, sou fanático pelos Beatles como um todo, de forma mais imparcial, mas não menos apaixonada.
    No caso de Chico X Caetano ainda não superei a fase da crítica pela torcida, sou do time do Caetano. Quem sou eu, mas concordo com os partidários que dizem, o Chico se imita, o Caetano não. Aos meus 11 fundadores anos me apaixonei pelos Beatles, por filmes e pelo Caetano Veloso. Na mesma lógica de outras paixões, absolutamente partidárias, gosto do tipo chato pelo qual ele se tornou conhecido, da mania de colocar polêmica na moda, contradizer o que está dito. Gosto de não saber o que ele vai se tornar no próximo disco. As parcialidades se reforçam, claro que prefiro o Caetano porque ele prefere os Beatles, já gravou várias canções dos meus outros ídolos, enquanto o Chico disse uma vez, para minha indisfarçável antipatia, que nunca viu nada de mais na famosa banda inglesa. É claro que também amo o Chico, mas fui ver o Caetano.
    As fortunas da arte. Conhecidos que foram ver o Chico, e digo ver porque a proximidade com a pessoa, não apenas com a música, era muito esperada, concordaram que desceu uma entidade no palco, perfeita e distante. O Caetano, por sua vez, aprontou: uma banda de músicos entre seus vinte e trinta anos, tocando um rock estranho, diria um progressivo do Caetano, que cantava e pulava como se acabasse de se descobrir um rock star. No mínimo estranho. Foi vaiado mais de uma vez, parte da platéia se foi antes dos músicos.
    Pesquisando os dois artistas na boca do povo, sob essa perspectiva rival, constata-se que, antes de se comentar qualquer disco ou fala do Caetano, é de praxe afirmar uma antipatia consensual: ele é, antes de mais nada, aquele que se tornou um chato. É uma espécie de cumprimento dizer que não o suporta e somar defeitos, vaidoso, convencido, etc. Com o Chico a história é diferente. Ele aparece mais no alto da parede de retratos, é para sempre sensível e genial, enquanto o outro se corrompeu em algum momento do caminho. Chico, mais próximo de um nobre, Caetano, de um filisteu. (Saúdo a primeira vez que escrevo essa palavra: filisteu! Veio exata.) O Chico rendeu fila, o Caetano rendeu vaia. Jogando em Belo Horizonte, fora de casa, ele tem um voto meu: Chico 0 X 1 Caetano. Não me considero um crítico musical razoável, considero o Chico pronto, o Caetano não.
    Em frente ao Palácio das Artes fica o Conservatório Mineiro de Música, lugar contra o qual já mantive certa resistência. Uma casa com aspecto de palácio, com colunas cilíndricas, parece resistir bravamente ao seu entorno, edifícios sujos e sem forma, de mais de vinte andares, dos dois lados e atrás. Meu interesse pela música foi crescendo, meus pais, orgulhosos, planejaram me colocar no Conservatório. Ainda na pré-adolescência, desconversei daquela história, entendia que era um lugar para me conservar, que a partir do momento que eu ingressasse nele não poderia mudar meu gosto, ou gostar de um disco novo do Caetano.
    Fui informado sobre a importância da teoria, para possibilitar um domínio maior da prática. Fui então conhecer a tal, comecei um curso de iniciação musical. Em um ano ou mais, o que era uma eternidade para quem tinha pouco mais de dez, eu tocaria um instrumento escolhido. Até lá flautas, números, cores. Desisti logo, a teoria era o tempo intolerável entre mim e o violão. Hoje não tenho ouvidos para composições muito elaboradas, para música clássica, muito demorada para o meu gosto. Não formei uma banda, o que era um grande sonho, e torço pelo Caetano quando o assunto é MPB. Todos defeitos decorrentes, de certa forma, daquele desprezo pela teoria.
    Gosto de ouvir e falar de música. Não tenho uma vitrola, guardo meus discos de vinil como relíquias. Meus CD’s são cuidadosamente organizados em ordem alfabética, Chico e Caetano estão juntos de novo na caixa. Não deixo de ter alguma prática, um violão e uma vaidade musical que me enxerga tocando para platéias imaginárias. Tenho muito apreço por um caco do meu primeiro violão. A mão do instrumento se partiu e se tornou um novo objeto. Alinhei as seis tarraxas redondas, que antes serviam para afinar as cordas, de modo que, três de cada lado, lembram as rodinhas de uma espécie estranha de carrinho. O resto do violão está guardado, pretendo transformá-lo em alguma coisa, mas ainda não sei em quê. Suspeito que terei que separar o braço da caixa para criar novos usos.
    Belo Horizonte, abril de 2007

  165. nelson disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 8:45 pm

    heloisa,

    vou dar uma de caetano e esquecer o tal do twitter…alias´ideia bacana esta….alguns poucos caracteres rrsrsr

    vc como minha musa inspiradora musical á partir de sua
    insuspeitavel riqueza vocabular/ vernacular poliglota ,percuciente,multicultural e levemente cool-acida instigante á deixar(tem crase?ate hoje não sei usar crase rsrsrs) caetano com uma vontade incontrolável de replicar e ou implicar é fonte inesgotavel dos meus posts… traduzindo :

    adoro que vc tenha gostado dos meus posts musicais até aqui pois uma mulher adoravelmente sedutora com as palavras, raciocinios, ilações e pensamentos e certamente outras coisas e agora musica merece sempre uma tentativa de um dialogo musical á altura(novamente tem crase?).

    não li verdade tropical. confesso.é vergonhoso
    de minha parte….assim como não tenho muita paciencia com paragrafos longos….

    paragrafos longos são deliciosos á mesa de um bar….rsrsrs…ja que entremeados por estimulos
    sensoriais outros …assim vc presta atenção em partes dos paragrafos longos monopolizados pelo “falante compulsivo autoritario” ao mesmo tempo que vc pensa em dezenas de milhoes de coisas outras fingindo prestar atenção rsrsrsrs.

    heloisa,
    final de teu ultimo post, me remeteu assim…

    “se vc tem uma ideia incrivel é melhor fazer uma canção;
    esta provado que só possivel filosofar em alemão”

    salem

    vou citar egberto gismonti…concordo com ele …

    “há musica que eu preciso pra viver ,há musica que eu não preciso pra viver”

    arte versus entretenimento em musica é uma falsa questão…

    mas uma coisa aqui nestes tropicos é certa.

    sucesso no brasil incomoda muito.
    artista e musico rico no brasil se é que há algum incomoda mais ainda.

    dinheiro no brasil está associado em diversas esferas á roubalheira e ha uma associação erronea de dinheiro e artista, contaminada pela praxis em outras esferas…

    não desgosto de madonna ,nao tenho nenhum cd de madonna e meu i pod de centenas de gigas não tem nenhuma canção da madonna …não preciso da madonna
    como musica pra viver mas vou ao show da maddona…como vc pode perceber nem sei ao certo a grafia correta dela…rrsrsrs.

    show ,entretenimento, maddonna é entretenimento
    show-woman assim como ivete…ivete como musica não preciso pra viver mas ela tem la seu carisma e seu sucesso é merecido e dizem que entretenimento no show de ivete ressucita ate defunto.

    é o tchan idem,harmonia do samba idem, pisirico idem,fastasmão idem, mas há ali uma forma de entretenimento….nunca fui a uma micareta tem coisas que passam com a idade …. mas dizem que é uma forma de divertimento bacanerrimo…
    a gente em musica assim como na vida não pode ser sectario…inviabiliza a possibilidade de gratas surpresas…ainda que surpresas na esfera do entretenimento…

    assim devo confidenciar á partir do que disse egberto que marcelo camelo e ivete pra mim são a mesma coisa…como musica não preciso pra viver…
    harmonia do samba e rogrigo amarante o mesmo raciocinio….

    zambujo e cornelius idem
    minimal idem
    arnaldo antunes idem
    roberta sá idem
    engenia d mello e castro idem
    brian enoe daivd byrne idem.

    tom zé eu preciso pra viver.
    coltrane idem.
    ray charles idem.
    rostropovich idem.
    buddy guy idem.
    dorival idem.
    miles idem.
    bethania.
    joão.
    novos baianos.
    elis.
    aracy.
    doris monteiro.
    pj harvey.
    baden.
    milton.que demorei 20 anos pra entender…

    e por ai vai meus 120 gigas …..

    aqui a esfera não é só de entretenimento
    é de necessidade para existir…
    eu preciso pra viver literal e metaforicamente..

    mas entretenimento é melhor que ociosidade
    ou inação….

    segue canção….

    http://www.youtube.com/watch?v=ZzeXtWjwhNM

  166. Gravatai Merengue disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 8:58 pm

    Caetano, quando saiu o disco do filme “Tieta do Agreste” ouvi maravilhado a faixa-título e a repeti por várias vezes. Achei bonito o jogo com as palavras, a coisa do sol, da noite, da luz, tudo aquilo, a vergonha, de uma vez em que você se referia à “sua Daia” e a vida tacanha contraposta aos existencialistas e tive certeza de que aquela letra era uma de suas mais ricas.

    Num outro dia, alguns amigos comentaram que se tratava de uma bobagem, e uns jornalistas desses idiotas que tenho o azar de ter como conterrâneos em São Paulo diziam que o problema era o “eta eta eta eta” rimar com “Tieta”. Não sabia por onde começar qualquer tipo de argumentação. Era como se alguém dissesse que “Construção”, do Chico, tivesse um problema grave por falar em “tráfego” no final da música, ou algo do tipo. Não fazia o menor sentido.

    Era, nitidamente, uma predisposição a falar mal, como nas torcidas organizadas dos estádios. Começa como um burburinho e aquilo pega. Na verdade, eles é que começaram um “eta eta eta eta” crítico e tentaram resumir a letra de sua música àquilo.

    Enfim, toda essa conversa demorada para dizer que, se algum dia sair essa coletânea de axé, acho que seria muito legal a gravação da música, acima de tudo porque é linda, e também porque o povo “inteligente” de São Paulo merece mais esse beijinho provocativo.

    Aliás, seria um bom nome para o disco: “eta eta eta”.

  167. Matilda Penna disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 9:00 pm

    Uma antologia das musicas de Axé, orquestradas, cantadas por alguém com voz suave ou com um vozeirão daqueles divinos SEMPRE foi um sonho meu também, quer dizer, sempre foi algo que quis ouvir; algumas eu imagino com sax, violoncelo, outro arranjo, na minha imaginação ficam esplêndidas, algo como Magia, de Luis Caldas, com um leve toque de jazz, na minha cabeça de ouvinte, perfeito!
    E também adoro Psirico, algo quando eu ouvia soava lindo, agora sei o que era, a percussão, obrigada pela luz.

  168. Gilliatt disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 9:34 pm

    Ao discutir a música de carnaval da Bahia, não se esqueçam: a Virgínia Rodrigues já gravou uma antologia do gênero, com direção musical do Celso Fonseca e direção artística do Caetano Veloso. É talvez o mais impactante de todos os 4 que ela já gravou.

  169. Miriam Lucia disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 10:00 pm

    Exequiela caríssima LeAozinha: você mais que merecia estas palavras carinhosas de Caetano, desde que vi o vídeo em que você pede 10 minutos para ver “Bobby Mcferrin improvisation with Richard Bona” estou para te escrever agradecendo, nossa passei uma tarde toda perdida por ali, já o Piazzolla é um dos meus favoritos na vida, raro o dia que não escuto alguma musica dele, acho que são meus 50% de genes argentinos, meu pai que é baiano também, nasceu em Baia Blanca, e meu avo tocava vários instrumentos, entre eles o Bandoneón, vai ver é saudades deles. Você arrasou mesmo! Adorei! Beijos

    Teteco dos anjos, estava lendo os posts e li a respeito do Sirocco somente agora, senão teria te respondido antes, mas andei viajando e fiquei sem entrar na Internet estes dias. Eu moro a 60 km de Napoli mas para o sul e na época do Sirocco sofro muito com o calor, me lembro a primeira vez que experimentei este vento quente ai, nossa passei muito mal, a gente sente o sangue esquentar e da uma sensação muito estranha, mas a Itália é toda assim, cheia de ventos, Sirocco no começo do verão e no começo do inverno o burian siberiano, que trás a neve e o frio de 8 a 10 graus negativos, pelo menos aqui na minha região, não é brincadeira você pode escolher entre derreter ou virar picolé, eu brinco aqui que temos que comprar uma geladeira que caiba uma cama dentro assim no verão se dorme ali por se esfriar e no inverno se dorme ali para não congelar do lado de fora. Pelo que vejo você sente um pouco de nostalgia da Itália não? Eu estive vezes na Sardenha, na primeira vez fizemos um tour por toda a Sardenha ficamos um mês passeando, gostei muito de Piscinas em Arbus, mas as paisagens da Sardenha é uma coisa maravilhosa, embora nas duas vezes fui no mês de outubro e você que morou lá sabe que nessa época tem cidades inteiras que ficam 90% fechadas, parece cidade fantasma (vero?) o que me lembro é que a gente tinha que calcular bem para onde e que horas chegar para não correr o risco de dormir no carro, nessa epoca tambem o mar estava sempre gelado. Abbracci.

    Heloisa, nossa andava com saudades de você, pelo visto você esta lendo Verdade Tropical, vi que muitas pessoas falaram ai que irão reler, eu nunca li mas tenho o livro aqui comigo e vou ler também, me agrada a idéia de muitas pessoas lendo o mesmo livro ao mesmo tempo, seria uma forma de ludibriar aquele aspecto solitário da leitura, pelo mesmo motivo gosto de comprar um livro no sebo, pela simples sensação de que alguém já manuseou e leu o livro, para mim, ele se torna menos solitário. Beijos

  170. nelson disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 10:09 pm

    caetano

    conta pa gente como vc fazia com o radio, como o foi o radio na tua vida, que tua mão disse que vc era insuportavel no sentido d querer cantar tudo aquilo que vc ouvia no radio…

    hoje ninguem ouve radio …ou quase ninguem…
    neguinho ouve pela internet radio do mundo todo …mas é uma pequena minoria no mundo…
    assim como musica classica e jazz…

    o radio teve papel fundamental na tua formação musical ou foi tua familia e tua mãe que te fez acordar para a musica?

    e sempre tive vontade de te perguntar:

    vc nunca ficou acanhado ou acabrunhado ou ainda
    aperreado pela magnitude artistica da tua irmã…
    eu sei que é dificil pacas separar as coisas…
    como vc lida com bethania que pra mim é uma cantora daquelas que tem personalidade pra alem da singularidade vocal e interpretativa….bethania é nossa nina simome sem tocar piano…

    abraços
    como esta a gravação?
    mas que p…é esta de zii e zie?
    não viaja muito na maionese senão o ponto do bobó
    fica meio esquisito rsrssr…aesar de bobó não levar maionese..rsrsrsr

    uma outra coisa que sempre quis te perguntar:

    tua discografia é “irregular” na falta de melhor adjetivo, no sentido de carecer de certa ou talvez de excesso de singularidade…vc discorda de mim?
    cê teve uma unidade, fina estampa idem, ja noites do norte me parece irregular assim como circuladô? transa tb,sera que pelo fato de vc ter multiplos interesses que nós estamos a perceber no blog dificulta esta unidade, este aspecto atemporal da musica?

    outra coisa que sempre quis te perguntar :

    afinal a musica pra vc ocupa que lugar na tua vida?
    é meio de sobrevivencia?
    de existencia?
    de exteriorização da tua personalidade?
    vc disse certa feita que queria ser cineasta é vero?

    vc ja escreveu livro!
    ja fez filme!
    musica é essencial pra vc no sentido de que vc precisa dela pra ser feliz?

    horario de verão é uma m a gente perde uma hora de sono e pra quem tem dificuldade de dormir uma hora faz falta á beça…

  171. Caio disse:
    Novembro 3rd, 2008 at 10:45 pm

    Oi Caetano,

    meu portuguese nao e o melhor mais sou brasileiro. Voce colocou a letra da cancao “Nicinha”. Eu quis perguntar sobre a letra da cancao “Two Naira Fifty Kobo”…no fin da cancao voce fala algo quinen “ninguen sabe se ele e branco ou puro moreno??” Esta e a minha questao e estava enterecado en u que voce estava falando.

    saw your show in Istanbul and it was great. The location was beautiful! Did you check out the city?

  172. Enzio Andrade disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:47 am

    Caro Teteco:
    é sempre bom dialogar e se o que nós sabemos pode ser de serventia,é sempre bom também dividir esse saber.Quanto a respeito do sirocco, ele também é mencionado de forma indireta,mas sempre se encontra presente no Romance “El Gatopardo”, O Leopardo em português,do príncipe Tomaso Di Lampedusa e na magistral adaptação de Luchino Visconti.Retornando a Thomas Mann,que também falou do sirocco,Caetano em seu filme “O Cinema Falado”,cita um texto dele em alemão e se não me engano,aparece a figura do filósofo Antônio Cícero.
    É interessante ver todo mundo falando de “Verdade Tropical” que é um texto espetacular,mas ninguém lembra ou fala do “Cinema Falado” e ele é tão bonito,que merecia posts de todos aqui.Fica a sugestão a todos do blog.Um abraço e até mais.

  173. Vero (URUGUAY) disse:
    Novembro 4th, 2008 at 2:14 am

    Caetano querido:

    Primeramente quiero agradecerte por recomendar a António Zambujo,adoré conocerlo, llegó a mis adentros.
    Estoy de acuerdo contigo, parecen que las voces femeninas del fado sean más genuínas, que las masculinas, escepto Zambujo, hasta ahora por lo que escuché (You Tube)es “completo”; me dices que suena mejor en su nuevo CD entonces es demais.

    Me gusta lo ecléctico que “hay” en tí.

    Bahia?, todos “geniais”, por qué?, primero por existir “você”, Bethânia, Joao, Gilberto Gil etc…e ainda mais….a proposito Gil llega a Montevideo este próximo 8/11, obviamente voy a celebrar as boas vindas a “ele”, sentadita y/o paradita (en plátea), …paradita digo…porque cuando Gil empienza a sonar … y aquel ….ióióió?? y nosotros respondiendo al unísono ióióió!!!, estoy desiosa y euforicamente contenta por su llegada.

    Te confesso…me acontece muito mais quando é você quem veim!!. Espero…el dia…vem Caetano querido, a mi “paisito” tu también, siempre…”voy a esperarte”…

    -Después te cuento del show y todas las “emoçoes” que sentiré-.

    Lei hace poco, el libro Socialismo científico, de Carlo Frabetti. Italiano (Bolonia, 1945),pero vive en España y escribe habitualmente en castellano.

    En el cap. Metadialéctica dice: Que se suele hablar paradójicamente de la dialéctica de forma adialéctica. Marx y Engels tuvieron la feliz idea de casar el pujante materialismo decimonónico con la dialéctica de Hegel, y que de este matrimonio incestuoso (puesto que ambos cónyuges eran hijos de la revolución científica desencadenada por Galileo y Newton) nació el materialismo dialéctico. Visión simplista (mecánica) de un proceso complejo (dialéctico), que no se inició en el S.XIX ni se consumó en el XX, y que se debería hacer el esfuerzo de consolidar en el XXI.

    Y que la propia dialéctica se ha desarrolado en relación dialéctica con la metafísica (una oposición paralela-pero equivalente-a la antinomia materialismo-idealismo), y esta “metadialéctica” ( o sea esta relación dialéctica en la que la dialéctica misma es uno de los miembros del binomio) es el motor del pensamiento y la clave de la evolución.
    No es la conciencia los que nos hace racionales (muchos animales, si no todos, son conscientes de su entorno y de sí mismos), sino la conciencia de la conciencia, o sea, la “metaconciencia”.
    Pero un instrumento filosófico no es una visión del mundo( no hay que confundir la Luna con el dedo que la señala, ni con el telescopio que nos la acerca).En fin….sigue… como dice Hölderlin, “la vida espiritual del hombre se debate entre la razón y el mito”.

    …Caetano, ya te dije?… que te quiero más que ayer, pero, menos que mañana…beijos no coraçao. Vero.

  174. Vitor Bricio disse:
    Novembro 4th, 2008 at 4:46 am

    Olá Caetano. Deliciosamente extenso o seu post. Tantos assuntos. Eu falava no meu blog sobre o disco do Arnaldo. É genial e a regravação de qualquer coisa é linda.

    Viva o Gabeira. A vitória política é dele. Não aguento mais o PMDB de camisa social de um azul indefinido. O governador do Rio perdeu feio no interior, exceto em Araruama, onde ganhou André Mônica e mereceu.

    Vou ouvir o disco do Zambujo semana que vem e Gibbons é excitante. Eu a conheço há 4 anos.

    Marcelo Camelo é vanguarda como Cícero e Amarante também. Meus comentários vão além dos tics, ainda que eu vá pra Itália.

    Viva a música portuguesa. Sou dessedente direto. Zizi ereto.

  175. glauber guimarães disse:
    Novembro 4th, 2008 at 5:44 am

    salem escreveu:

    “Tim Maia, James Brown, Salif Keita e Carlinhos Brown sabem que se eles se fazem de bobos, circenses, pra ter mais chance de sobrevivência tocando seus tambores pros brancos?”

    sim, eles sabem. mas em suas canções, eles tentam ser maiores que isso.

    você usou um joguete, mesclando o que eu disse e o que outra pessoa falou. cara, metade dos meus heróis na musica, são negros. gil, lazzo matumbe e tincoãs inclusos. e nunca, nem na adolescencia, usei camisa preta de banda de rock. acho deselegante. nunca fiz parte de tribo alguma, sou um passaro estoico, haha

    a mediocridade que vejo no axé, vejo tambem no rock [hoje as bandas de rock carecem de boas letras, salvo excessões], na trama [que eu chamaria de musica boa ruim, num adendo ao que disse a marisa orth. em geral, ele fazem discos muito bem produzidos, mas falta alma ali. as composições não ficam em pé sozinhas...muita tecnologia, pra pouco futebol. não estou falando do tom zé, claro] e por aí vai…

    não seria nescessario pinçar qualidades na percussão, mudar arranjos, uma mão-de-obra danada pra escolher um repertorio que não seja risível [toma-se sempre essas precauções ao lidar com musica mediocre] se a coisa fosse PHoda mesmo.

    entenda, vez em quando ouço um duran duran e não espero que o publico médio vá escutar schoenberg, mas quero que se tenha opção. as pessoas são levadas a crer que estão escolhendo, quando não estão, de fato. se não se tem um leque vasto de opções, ninguém ta escolhendo nada.

    o problema não eh a existencia do axé, do funk carioca, do pagodenejo paulistano, o problema eh a falta de tom waits, villa-lobos, youssou n’dour, genival lacerda, caetano, leadbelly, ravi shankar, etc. sim, amigo, a garotada já nem sabe direito quem eh chico buarque.

    sei que o caetano vai discordar, prq ele gosta do axé. respeito. mas nem 8, nem 800. bom senso vs. godzilla.

  176. Nando disse:
    Novembro 4th, 2008 at 6:22 am

    Marcelo Porciúncula,

    Que bom que apesar da preguiça você se dispôs a ceder um pouco do seu tempo e da sua inteligência a nós todos. Obrigado.

    [Quem disse que por se ser baiano se deve considerar tudo o que sai daí como algo bom?]

    Caetano. Não disse mas é o que se depreende da sua adesão incondicional à música feita na Bahia. Se você tiver lembrança de alguma crítica não digo nem negativa, digo construtiva, alguma leve repreensão, algum toque, alguma qualquer coisa por parte dele, sou todo ouvidos. Caetano tem senso crítico disponível para tudo, de Wittgenstein a Bola de Nieve, por que não teria com a música feita na Bahia? Agora, se ele disser: “Tem suas limitações, mas não vou dar munição a quem deseja ver ainda mais motivos para criticar algo que tem mais pontos positivos do que negativos”, aí sim, I rest my case.

    [Quem aqui disse que concorda com o esquemão(...)]

    Eu disse que não concordo, não estava respondendo a ninguém.

    [É engraçado alguém que gosta de rock (e eu adoro) discriminar outro estilo acusando-o de ser um apelo comercial, de ter letras simplórias e de ser melodicamente pobre. Isso foi o que sempre se disse do próprio rock, mas enfim].

    Aí você erra várias vezes, meu caro. Não discriminei estilo nenhum, ao contrário, desejo o melhor para a música baiana. A comparação com o rock pode fazer sentido na necessidade de coerência artística do Caetano, que gosta de dizer que já na época do tropicalismo o rock era lixo e eles o adotaram aqui no Brasil. Não resiste a uma análise mais apurada.

    Para falar sobre “rock”, você tem que considerar tudo o que o termo engloba: r & b, rock’n roll, rockabilly, country rock, folk rock, british rock, progressivo, industrial, psicodelia, punk, new wave, góticos, heavy metal, hard rock, grunge, e muitas outras variações. 50 anos de história mundial contra Psirico, Gera Samba e Harmonia do Samba, é isso o que você gostaria de contrapor? Se for, eu me sinto não só no direito como na obrigação de “discriminar um estilo” - quem depreendeu que minha crítica (a terríveis limitações destes três representantes) foi uma crítica a um estilo foi você. Por último, atacar opinião alheia por conta de seus gostos pessoais é bem falacioso, não?

    [Marcelo Nova (acho que a letra de O Adventista é dele), escreveu uma das mais lindas profecias que já ouvi na vida:
    “Não vai haver amor neste mundo nunca mais”]

    Brrrrr! Eu acho uma das coisas mais terríveis e assustadoras já escritas.

    SALEM: interessante a mesclagem, embora perigosa. Quanto ao “acorde perfeito maior”, depois que eu postei eu lembrei dele. Maldição ;)

  177. Luiz Castello disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:53 am

    A Bahia de todas as Deusas !

    3 cantoras de voz expressiva, e bela
    Virginia, Ivete e Daniela !
    Virginia Rodrigues…de onde vem essa voz ? Será que é daquela Bahia,negra e velha,que Jorge Amado fala nos seus livros ? Mais um presente que eu recebo aqui do blog (valeu Nando).
    Quanto à Ivetinha e Daniela,aqui no Rio,acontece a mesma coisa com a Alcione, e a Sandra de Sá.Dois talentos extraordinários, diluindo-se no desperdício.A Marrom insiste com o negão bom de cama,doido pra dar um “créu”,ou então,com os mela-mela,na velha fórmula; primeira em tom menor,e o refrão crescendo em maior,até levar a platéia,nada exigente,ao delírio por conta do vozeirão.Outro dia me emprestaram um disco dela,e eu tive a extranha sensação que a mesma musica ficou engasgada no repeat, durante 30,40,200 minutos.Tambem sinto isso em relação aos trios do carnaval baiano.E a Sandrinha,se quisesse,faria carreira internacional,como uma grande dama do blues,jazz e outras milongas mais…Sem querer gerenciar carreiras (sou incompetente até no controle dos meus horários de dormir,acordar,comer etc) mas,nunca é tarde pra dar uma guinada,né,meninas ? lembro da Gal em inicio de carreira,no programa do Chacrinha,com uma cabeleira,tipo nega-maluca,berrando mais que cantando…Ainda bem,que ela deixou ,aquela moça recostada na palmeira da estrada tomar conta da sua alminha delicada. Tirando essa parte do desperdício,vejo com admiração e dignidade, a “função de animadoras de auditório” atribuída à Ivete e Daniela (essa não valeu Nando).Quando Michael Jackson esteve por aqui,vi muita gente,às lágrimas,com o show impecável do fenomenal artista.Porque negar às meninas o mesmo sentimento? Em matéria de profissionalismo,realização,presença cênica,estética pessoal (é até covardia) elas nada ficam à dever.E dentro desse quadro,até as músicas funcionam bem(com a pequena ressalva,de que,eu não levaria os discos pra ouvir em casa).Acho perda de tempo falar em musica de qualidade e musica ruim.Prefiro tratar o assunto enquanto, geração de estímulos (ver o excelente comentário 156 da Exequiela).Concertos para violino e orquestra de Mozart,estimulam as atividades mentais.Isto pode ser medido com aqueles aparelhinhos de EEG.Como eu sei que dificilmente alguém aqui no blog,vai se submeter à esses experimentos franksteinianos,sugiro uma solução bem mais simples.Usem a maior caixa de ressonância que a natureza já inventou até hoje : o nosso próprio corpo.É só prestar atenção às partes do corpo que são estimuladas durante a audição musical,ao batimento cardíaco,respiração etc.É fácil perceber por exemplo,que o samba,o olodum, e os ritmos mais fortes,mexem da cintura pra baixo.E assim,fica à critério de cada um,escolher que espécie de estímulos, deseja ativar na sua história pessoal. Gostaria de encerrar esse comentário,homenageando a Gal Costa,que para felicidade geral da nação, decidiu cantar como um canarinho..Escolhi os versos,de um cara,que dispensa apresentações,e bem podia pintar de vez em quando aqui na área: O poeta Ferreira Gullar.
    ”Uma Voz”
    Sua voz quando ela canta
    me lembra um pássaro
    não um pássaro cantando
    lembra um pássaro voando.

    Um abraço fraterno em todos
    Luiz Castello

  178. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 4th, 2008 at 9:59 am

    Acabou chorare, ficou tudo lindo
    De manhã cedinho, tudo cá cá cá, na fé fé fé
    No bu bu li li, no bu bu li lindo
    No bu bu bolindo
    No bu bu bolindo
    No bu bu bolindo

    Talvez pelo buraquinho, invadiu-me a casa, me acordou na cama
    Tomou o meu coração e sentou na minha mão

    Abelha, abelhinha…

    Acabou chorare, faz zunzum pra eu ver, faz zunzum pra mim

    Abelho, abelhinho escondido faz bonito, faz zunzum e mel
    Faz zum zum e mel
    Faz zum zum e mel

    Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
    Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
    Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
    Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente

    Abelha, carneirinho…

    Acabou chorare no meio do mundo
    Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio
    Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa

    Fiz zunzum e pronto
    Fiz zum zum e pronto
    Fiz zum zum

    (Moraes & Galvão)

    Querido Salem, ando meio sumido porque despenquei do litoral baihuno em direção ao antes famigerado sertão de Tocós, interior de todos os meus matos natais, desde o fim de semana. Vim - trembalístico feito um primogênito chinês - acompanhar meu pai, um Aquiles re-encarnado travando guerra nada branca com a mortalidade. Estou usando de todos os meios ou ardis de menino mastuto pra aeroplaná-lo pra saúde e o feliz.

    Olha, aqui já tem internet a galope de cavalos mouriscos, feito aqueles rocinantes da canção “Bandoleiro” (de Lucina e Luli?), interpretada pelo Ney Matogrosso. E estou adorando esse zumzumzumbido de todos vocês.

    Demais, muito demais, o retorno de Lacerda. Eu não concordo com todas as ‘conclusões’ dele, mas que ele tem uma função dramática “da maior importância” em toda essa odisséia, isto tem! É quem quase sempre consegue abalar o óraculo de Delfos - e assim fazer exsurgir a voz pessegosa de nosso divino caetântrico.

    Ai, ai, caramba! Essa laica procissão da ‘desconstrução’ da música baiana iniciada pelo peregrino Nando (que alma geminada!)… tudo isso vem me fraturando vários de meus espelhos narcísicos. Mas que a crítica não toque na minha utopia: ainda verei, por exemplo, Tuzé de Abreu & Gereba pondo o seu som no Farol algum belo dia - quem sabe já no primeiro pôr-do-sol de 2009? (Alguns de meus mais diletos amigos estão no poder… estadual. Ideologia…)

    E vejam como daqui eu acendo - em eclipse oculto - mais e mais a minha própria estrela quando revejo mía rosa amarilla! Que onda, Caetanino, “gostosa” é um ‘termo-axé’ muito rasurador dos encantos dela: ela é uma gostosura no texto e em todas as tessituras! Parece personagem escapada tanto do Cântico dos Cânticos, quanto dos Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão. E, quiçá, será a andaluza que João Cabral tanto já preredizia?

    Nelson AND Telecoteco dos Anjos, só pra matar vocês de inveja, já estou inciando um outro nível de vínculo com Heloisa, Miriam Lucia e Tyrone, através do orkuto-circuito!

    Puxa, peguei o Verdade Tropical pra reler… pela página 206, a que abre o capítulo sobre A Poesia Concreta na edição de que disponho. Porém o livro é um livro é um livro é um livro.. que se quer apreender o total (ah, bruta flor do querer!), e se recusa a ser lido ou relido de qualquer ponto meridiano - a não ser de um modo integral ou in-fi-ni-ti-va-men-te pessoal!

    Mas Salem e Gilliatt, se eu, como Maiakóvski, sei tra(re)vestir-me de um rebelde Titanic, ou de um ser mítico wallysalomônico (um icaropterossauro?), eu trocaria “dinheiro e glória” pra ser como vocês, tão diretos, simples e humanos: uns amores de pessoa.

    Assim que eu puder, virei com meu próximo catatau catatômicos - que acho que intitularei: ‘EXPERIMENTALMENTE, E TÃO SÓ SOMENTE SOBRE ESSE ZUM ZUM ZUM’

    -Por agora, cliquem com o botão direito e peçam pra abrir em outra janela ou aba do seu ‘navigador uéb’, e então já ouçam, do cardápio de gravações, minha atual e também próxima trilha”:

    http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=Musica&busca=Acabou+chorare&param1=homebusca&q=Acabou+chorare&check=musica&x=50&y=7

    p.s.:

    1. Tem mais um ser misterioso, cor de romã, navegando em silêncio nesse infocaetamar que quero destacar. Só sei que chama-se MIONE e me escreveu um e-mail numa língua inaudita de poeta, e com uma poética patafísica já bem própria.

    2. Salem, com você, Gilliat, Telecoteco, Nelson, Exequiela AND Heloisa, e com quem mais interessar possa, queria contar pruma sagarana: escrever e compor, em homenagem ao noso deus pagão, Caetanino, a canção “Peter Pã”, pra qual estou buscando inspiração em Khlébnikov e Sousândrade. Vejam Peter e Pã na Wiki:

    http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A3_(mitologia)

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Pan

  179. Rosana ishi disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:50 am

    Caetano
    Além do meu amor incondicional por você, não sinta ciúmes, mas devo confessar que estou me apaixonando por cada coisa e pessoas que escrevem aqui.
    Salem, Exequiela, Heloisa,vocês conseguem mexer com Cae de tal forma e ele não resite, e eu estou adorando isso…

  180. Paulo Tabatinga disse:
    Novembro 4th, 2008 at 12:18 pm

    Caetano,

    Adorei Marcelo Camelo é a coisa mais nova. e me lembra você quando estava começando.

  181. Exequiela :: Strange Fruit.... disse:
    Novembro 4th, 2008 at 12:18 pm

    Miriam… me alegro que te hayan gustado los videos! Yo también adoro a Piazzolla (sabés que el nieto es un excelente baterista de Jazz acá… el otro día lo vi en el cierre del festival de Jazz, tocó antes de Rosa Passos.. qué rosa!)

    4 de noviembre de 2008.

    Hoy puede ser un día histórico para Estados Unidos: un presidente NEGRO… en una país donde ser negro es una gran carga. Más allá de si Obama es lo suficientemente negro, de si habló lo suficiente sobre el racismo, de si representa a los negros… él ES negro. Estoy segura de que siendo mulato con aspecto negro el problema durante toda su vida debe haber sido ser demasiado negro (y no demasiado blanco). Mejor aún que sea mulato, para que represente lo que hoy es casi nulo y mañana puede ser posible en Estados Unidos: la mezcla entre blancos y negros.

    Les paso la canción en contra del racismo por excelencia para que recordemos lo necesario que es que hoy gane Obama (y sólo estoy hablando del tema racial… no me pongo a hablar del borracho ni el enano maldito). Encontré una traducción al portugués… espero que esté bien hecha.

    LeAozinho: dijiste que te gusta más leer que escuchar música pero escuchala… siento que vamos a enviar una energía ProPulsada a EE.UU viendo este video. beso, beso.

    http://www.youtube.com/watch?v=h4ZyuULy9zs

    Strange Fruit (fruta estranha)

    Árvores sulistas carregam uma fruta estranha
    Sangue nas folhas, sangue na raíz
    Corpos pretos balançando na briza sulista
    Fruta estranha pendurada na árvore de álamo.

    Cena pastoral do Sul galante
    Os olhos inchados, e a boca torta
    Cena da Mongólia, agradável e fresca
    E o cheiro da carne em chamas.

    Aqui está a fruta para os corvos arrancarem
    Para a chuva junte, para que o vento assopre
    Para o sol apodrecer, para uma árvore deixar cair
    Aqui está uma colheita estranha e amarga.

    Strange Fruit
    Southern trees bear strange fruit,
    Blood on the leaves and blood at the root,
    Black bodies swinging in the southern breeze,
    Strange fruit hanging from the poplar trees.

    Pastoral scene of the gallant south,
    The bulging eyes and the twisted mouth,
    Scent of magnolias, sweet and fresh,
    Then the sudden smell of burning flesh.

    Here is fruit for the crows to pluck,
    For the rain to gather, for the wind to suck,
    For the sun to rot, for the trees to drop,
    Here is a strange and bitter crop.

  182. Julio Vellame disse:
    Novembro 4th, 2008 at 12:55 pm

    Caetano, o que vc achou da série o paí ó?
    É legal ver os trejeitos das nossas ruas assim em detaque, contudo rola aquela coisa da caricatura….

  183. ADRIANO NUNES disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:06 pm

    AMADO CAETANO,

    Não entendi: os erros (sobre a postagem de CICERO E AUGUSTO) são meus ou são seus??? Se são meus, gostaria muito que os apontasse, pois uma das finalidades, creio eu, do seu blog é a comunicabilidade e o aprendizado mútuo. Desde já agradeço!

    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.

  184. Renato disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:32 pm

    Uau! Saborosíssimo debate. De fato, a axé music não pode se privar nem ser privada de uma fortuna crítica. Muitas vezes só elogiar e defender é jogar contra. A esta altura já está mais do que consolidada, o negócio é ir adiante. E se dar ao respeito para poder exigir respeito.

  185. Caetano Veloso disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:41 pm

    Rock, até os anos 60 era considerado lixo comercial. Aqui, nos EUA, no UK, no mundo. Leia declaração de Frank Sinatra que reproduzi no encarte de “A Foreign Sound”. Era uma reação típica.

    Heloísa, quem não releu “Verdade tropical” fui eu.

    Meu apoio à axé music é nota dissonante no concerto chato das opiniões autocomplacentes. Sou o mais apaixonado amante da música de carnaval baiana. Seria o crítico mais feroz de aspectos de sua realidade social e estética, mas a força que querem negar é o que preciso defender para viver com seriedade.

    Chuck Berry (realmente um bom músico e poeta do rock): “fiz tudo por dinheiro”.

    Hermano, achei a entrevista de Zizek muito mais sensata e menos pose-pra-chocar do que o livro com a guilhotina na capa.

    Os erros de redação no post sobre Cicero e Augusto mostram quão impensada e confusamente ele foi escrito.

    Por que para falar de rock você tem de considerar todas as vertentes (de várias épocas, de modo sincrônico) e para falar da axé music não basta falar no que vai de Dodô ao Muzenza, de Moraes a Cláudia Leite, de Psirico a Netinho, de Luiz Caldas ao Ilê, de Gerônimo a Chiclete? Riquezas são são diferenças. Ou será que o rock é uma grande cultura complexa e a axé um fenômeno unidimensional?

    Glauber, eu não digo que o rock “já era lixo cultural” na época do tropicalismo, mas que “AINDA era lixo cultural”. Os ingleses, os Beatles, é que deram-lhe o upgrade. Sem eles, no Dylan , no nothing.

    Gerações de jazzistas - aqui e nos States - acusaram o rock de ter matado o jazz. O primário, comercial, brutal rock, de ter matado o refinado e complexo jazz. Hoje o rock é que é tido como refinado. Mas a força energética de seu período selvagem e comercial está esvaziada, como a do jazz a partir do be-bop e do cool. Dialética do entretenimento.

    Adoro axé music. Moreno, que me conhece melhor do que eu mesmo, disse: “meu pai não gosta de nada”.

    Adoro rádio. Leia “Verdade tropical”. Gosto de cantar, desde criança. Adoraria ter mais talento musical para poder sentir ainda mais prazer em cantar. Mas não sou principalmente um ouvinte de música. Quando (raridade!) acho um restaurante sem música ambiente me sinto feliz sem saber por que. Chico Buarque descreveu precisamente: para músicos, música nos lugares atrapalha: se é ruim, nos irrita; se é boa, nos rouba ao lugar, à conversa, à comida. Ouço música. Mas parágrafos longos, se bons, me prendem: ler Proust é uma das maravilhas da vida. Já a audição de peças musicais longas me induz a pensamentos digressivos.

  186. gil disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:41 pm

    se considerarmos a origem podemos identificar tanto na bossa nova, no tropicalismo e no rock brasil características urbanas, burguesas, de ruptura ou transformação. Por outro lado o axé, o pagode e o sertanejo vem da periferia ou do interior com arquétipos bem mais populares e conservadores. É inegável que em qualquer dos gêneros se produziu momentos artísticos notáveis, mas a apreciação dessa produção combinados com o momento histórico em que ocorreram determinam também os gostos de cada um. Tudo isso pode ter a ver com alteração da agenda política nacional e da ampliação do mercado, a inserção de um novo contingente antes marginalizado ao consumo que chegou com sua cultura mudando o eixo. Mas a questão continua: que país é esse.

  187. Fernando Salem disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:48 pm

    Glauber mestre

    concordo muitão com o que você diz. o tal joguete (deixei claro que ele foi produzido pela minha cabeça no hiato ente 2 raciocínios diferentes) não teve a intenção de “roubar” no jogo.

    Quando você diz da falta de “tom waits, villa-lobos, youssou n’dour, genival lacerda, caetano, leadbelly, ravi shankar, etc.”. Onde eles “faltam”? Eles nunca tocaram nas rádios. Genival nas AMs e Caetano nas FMs vez em quando. Mas, num certo sentido, o que você gosta de ouvir (e bate muito com o meu gosto) nunca foi exatamente uma produção massificada por aqui.

    Minha filha gosta do Hermeto e da Sandy! Você consegue acreditar nisso? Também fico chocado. Mas ela é de uma geração menos presa a essa discussão produzida desde os anos da ditadura, onde a produção de massa brigava com a produção de vanguarda, ou de resistência. É disso que eu falo.

    Não gosto da idéia de que o cansaço e a saturação da minha geração (nem sei se temos a mesma idade) contamine os neuro-transmissores de quem está pensando, produzindo e fazendo música hoje. Sei que você está em atividade. Eu também estou. Tenho meus mestres, meus ídolos, minhas referências e nenhuma delas está no mundo do axé.

    Mas isso não me descola como cidadão ouvinte. Não me credencia como julgador onipotente. Não me satura. Não me cansa. E por vezes me diverte. O diálogo entre a música ruim boa, o muzak, o brega, o axé ventilados pelas ondas não é ruído pra mim. Pelo contrário. Esse tipo de musicafonices se mesclam ao que ouço com afinco e amor.

    São experiências distintas, mas que fazem sentido, quando entro no estúdio e faço o que faço. Ou quando pego o meu el cabong e toco. Boa parte da produção daquilo que chamamos ARTE está referenciada nessa possibilidade de diálogo subjetivo.

    O que me incomoda é o filtro do ressentimento, da queixa. Também quero “luxo para todos” e isso inclui acesso à ARTE e à entretenimento sem melancolia e pressupostos tão frágeis.

    Você tem filhos?

    abraço

    Fernando

  188. gil disse:
    Novembro 4th, 2008 at 1:49 pm

    Hermano…eu não postei na mesma hora do caetano, são 15:47…entrei pra ser moderado lá atrás…estranhei…1:41 ou seja, 13:41?…

  189. joana disse:
    Novembro 4th, 2008 at 2:02 pm

    acho moreno muito correto no que vê de vc.
    em seu ponto de vista. e não tem como comparar com nosso ponto de vista, nós que te olhamos de fora, há poucos meses.
    ele te viu de acordo com o que a energia dele aprendeu com a sua. vai além de um bate papo num blog.
    ele continua tendo a mesma opinião? as energias de vcs continuam se relacionando da mesma maneira a gerar isso? ele continua te olhando mais que vc a vc mesmo? e mais que ele a ele mesmo?

    bjs. bom dia

  190. Hermano Vianna disse:
    Novembro 4th, 2008 at 2:19 pm

    oi Caetano: eu não estava falando da entrevista como um todo: estava falando da parte sobre as cidades: parece que ele pensou: “todo gringo que chega aqui elogia Salvador e Rio - vou elogiar São Paulo…” -e depois não sabe defender São Paulo direito… eu teria outros argumentos - como estes aqui (que têm a ver com o corrente debate sobre axé music):

    http://www.overmundo.com.br/banco/release-do-disco-sollo-de-leandro-lehart-em-pdf

    ou mais recentemente:

    http://www.overmundo.com.br/overblog/bercario-do-samba

    e muito mais

  191. Marcel Leal e equipe da Morena FM de Itabuna disse:
    Novembro 4th, 2008 at 2:27 pm

    Desculpe pelo comentário fora do tema:
    Parabéns, vovô Veloso.

  192. Patrícia disse:
    Novembro 4th, 2008 at 2:50 pm

    Como são geniais os baianos!
    Você tem toda razão, Caetano.

    Na recente lista dos 100 maiores artistas brasileiros, lá estão os bons baianos marcando presença: João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Daniela Mercury.

    Sempre desconfiei um pouco dessas listas, mas fiquei imensamente feliz em ver a Bahia tão bem representada.

    Falando em Dulce Pontes…
    A primeira vez que a vi foi aqui na Concha Acústica cantando a belíssima canção “MILAGRES DO POVO” com a Daniela Mercury. Que beleza de dueto!

    Axé, Caê!

  193. Rafael Rodriguez disse:
    Novembro 4th, 2008 at 3:12 pm

    Escuto de tudo, não gosto apenas da massificação de determinadas músicas nas rádios - o que acarreta na banalização do estilo e na criação de conceitos pré-concebidos… Já dancei na boquinha da garrafa, um tipico sambinha do reconcavo baiano, lembro da dança do pau que assisti em um encontro de culturas populares.
    Adoro também o tamborzão eletrônico.

    O cd do Marcelo é lindo, numa primeira escutada achei estranho, depois não parei de escutar. Exige-se um ouvido atento e fica mais gostoso lendo as letras e dançando.

    Falando em Camelo, fica difícil não lembrar dos Los Hermanos, sinto muita falta, fui a vários shows e era um louvor, uma purgação.
    Assisti hoje o dvd dos Los Hermanos ao vivo no Cine Íris, aquilo é um clássico da música brasileira… Todos tem que assistir!!! Estamos carentes desse tipo de acontecimento, pois sempre pensei neles assim, como um acontecimento, cada show era esperado e o ingresso guardado com muito carinho. De certa forma, Los Hermanos me levou ao “CÊ”.

    Beijos.

  194. glauber guimarães disse:
    Novembro 4th, 2008 at 3:26 pm

    o que o caetano falou sobre sua escolha em ressaltar o axé em suas belezas, bate com o que eu pensava que ele pensava. respeito e compreendo essa posição.

    bonito o que o gil falou. compreendo perfeitamente.

    salem, tenho uma linda filha de 5 anos chamada clara. meu grande amor. aah, não há filtro de ressentimento algum, eh só análise, opinião. continuo fazendo arte, fazendo canções, mas não eh daí que tiro meu dinheiro. não to advogando em causa propria, prq não to lutando por espaço algum. não quero ter uma carreira artistica. acho um saco. gravo, coloco no myspace, gosto de criar, construir uma estetica, simbolizar minhas quizilas, minhas alegrias nas canções. juro pra vc, a ultima coisa que quero da vida eh fazer tour, dar entrevista. me preocupo com a educação, a formação das pessoas nesse país, sem ressentimentos.

    caetano,
    so pra esclarecer, não fiz um contraponto entre arte e entretenimento. o que disse eh que arte eh, principalmente, uma nescessidade de comunicação do artista com ele mesmo. eh um lance egoísta. entretenimento eh outra coisa.

    p.s.: foi bacana todo esse papo aqui com caetano, salem, nando e outros. mas sinto que ele perde sua urgencia diante da eleição americana hj. creio que o caetano vai escrever sobre o assunto em breve.

    abraço a todos, gente boa!

  195. Nando disse:
    Novembro 4th, 2008 at 3:41 pm

    “Meu apoio à axé music é nota dissonante no concerto chato das opiniões autocomplacentes. Sou o mais apaixonado amante da música de carnaval baiana. Seria o crítico mais feroz de aspectos de sua realidade social e estética, mas a força que querem negar é o que preciso defender para viver com seriedade”.

    Pronto. Era isso o que eu queria e precisava ler. Ufa.

    Também sou apaixonado amante das músicas de carnaval baianas. Mas só das boas. ;)

    A música baiana de carnaval (aka axé músic) é complexa, não unidimensional e valiosíssima - e é por isso que eu exijo qualidade e respeito.

    E o rock é uma grande cultura complexa.

    Beijo, my dear.

  196. teteco dos anjos disse:
    Novembro 4th, 2008 at 4:24 pm

    Sim Miriam Lucia, muitas cidades da Sardenha, principalmente as do norte da ilha, da região de Arzachena e Sassari (Olbia, Canigionne, Santa Tereza di Gallura), ficam “congeladas” por cerca de 8 meses do ano. No verão- state - a temperatura atinge 40 graus. O vento frio que desce do norte é conhecido como “maestralli” e agora, graças ao Enzio e a você, sei que aquele vento quente infernal que sobe do sul e que me sufocava se chama “sirocco”.

    Baci per Congietta de San Pantaléo!!! Ringrazio della cordiale acoglienza em su cuore.

    Exequiela, pelo comment bem “cabível” de Caetano ( via Frenéticas) vc pode cambiar agora de “Helter Skelter” para “Honk Tonk Woman”. Você também canta Chet Baker?

    Caetano pega poético-pesado quando somos sinceros no que tange a questão de gostar ou não de axé music. No geral, eu não gosto, mas não me atrevo a desconsiderar o talento e a técnica, bem mencionados pelo Marcelo, dos ícones do gênero. Eu também não curto a formação jazzística “piano, baixo, bateria”, como Zimbo Trio etc, nem por isso direi que tais músicos careçam de talento ou acuidade musical. Gostar ou não gostar (sem preconceitos)…a coisa é mais complexa. Diferente quando, por infelicidade ou devaneio, a meu ver, Paulo Vanzolini disse que Gil não tinha talento. Se Gil não tem talento musical…quem tem, quem teve, quem terá?
    Só por “Cores Vivas” e João Gilberto cantando “Eu Vim da Bahia” eu saco que Gil domina e “predomina” (como se diz aqui em Sampa) toda essa coisa de ‘harmona, melodia, ritmo, modulação etc, além de um grande letrista’.

    Enfim, como diria Noel, “papo de pangaio” à parte, hoje é dia 04 de novembro, segundo decanato de escorpião, e dia de mentalizar o mentra OBAMA…OBAMA…OBAMA…

  197. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 4th, 2008 at 4:55 pm

    “Quando Zambujo canta “Nem às paredes confesso”, vamos ao fundo do fado e, ao mesmo tempo, sentimos a cultura da bossa nova e da pós-bossa nova já na corrente sangüínea da canção portuguesa”
    Impressionante este trecho do texto de Caetano. Impressionante mesmo. É incrível a capacidade de caetano ir fundo e olhar no próprio fundo do ser das coisas. Só um sujeito com uma sensibilidade refinada e destilada poderia fazer isto. O que para nós poderia soar como “tradicional”, ou “quadrado”, aparece-nos como uuma expressão de modernidade, ou do que há de mais profundo na modernidade ocidental. Fiquei realmente emocionado com esta passagem do texto. Eu adoro fado, ouço amália rodrigues, tenho ouvido ela cantar “Se deixas de ser quem és” diligentemente, e tenho dito a meus amigos que esta canção é a expressão do que há de mais profundo nisso que chamamos “modernidade” ou “ocidente”,e que a menção a Nossa Senhora Das dores é a confirmação mais luminosa disso. (…) ” Queria fazer-te um poema/Mas perco-me no caminho/Nossa senhora das dores/Meu raminho de oliveira/Eu ando cego de amores(…)Ainda bem que ando perdida/Que ando perdida de amores/Perdida entre temores/Perdida entre as marés/Ainda bem que ando perdida/Se deixas de ser quem és”
    Do mesmo modo, amo o texto de Hermano sobre Pessoa e o livro do desassossego. A ternura da Lisboa do semi-heterônimo Bernardo soares em contraponto com a atitude blasé da vida mental das metrópoles, o belíssimo texto de Simmel.
    Esta viagem que não cessa, a falta a ser, o sujeito que se perde, deixa de ser quem é, as subjetividades flutuantes, a mim se aproximam do “nunca mais” do Corvo de Poe. A falta que nunca será preenchida totalmente.
    Eu que sou paulistano, filho de paraibano, e que amo o Rio de Janeiro ( A outra viagem que não cessa/Esta cidade me atravessa ) aguardo o texto de Caetano sobre as nossas duas cidades maravilhosas.
    Fiquei muito emocionado com este trecho do texto, ele como que me derrubou, fiquei surpreso, entre transtornado e desamparado.
    Roberto, muito obrigado, sempre, sempre, sempre, sempre…Sempre rindo e sempre me olhando…

  198. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 4th, 2008 at 4:57 pm

    Oi Nando,
    Espero que minha confissão de preguiça não tenha soado esnobe pra vc. Ela foi sincera, e tinha dois motivos importantes: o primeiro deles é que realmente eu já tinha escrito o que em linhas gerais pensava a respeito do assunto, como disse no próprio email que motivou seu comentário 176.
    E depois porque não escrevo do Brasil. Estou várias horas adiantado. Quando li seu escrito aqui já era bem tarde e eu estava exausto. Mas como temi que Caetano inserisse un novo post e essa conversa morresse, escrevi mesmo assim. Não me interprete mal.
    Sobre a posição de Caetano a respeito do que vc levanta como problemas do axé, penso que a ênfase que ele coloca em seus elogios pode dar a pista certa de seu pensamento. E vejo que vc já intuiu nesse sentido.
    Quanto ao esquemão, perguntei se ele recebia, dos que aqui defenderam a importância do axé, alguma palavra de apoio. E perguntei isso porque estamos em um bate-papo, e li sua colocação neste contexto. Quer dizer, a enxerguei como se se tratasse de uma denúncia a respeito de algo que supostamente desconhecemos e/ou frente ao qual covardemente nos omitimos.
    Quando disse que vc discriminava o axé não pensei em vc como alguém que o considera como uma expressão musical necessariamente inferior que deve “ficar no seu lugar” ou coisa parecida. “Discriminar” não teve esse sentido, e sim o de “distinguir”, por exemplo. Falei em discriminar/distinguir o axé como mero produto comercial, uma espécie de picaretagem cultural, uma marmelada, enfim. Afirmações agressivas tradicionalmente dirigidas ao rock. Só isso. Já pensou se essa versão preconceituosa tivesse colado?
    E percebi que vc não pensa assim, eu apenas quis/quero dizer em linhas gerais é que muitas vezes a vontade de sublinhar o que discordamos pode nos levar a cometer generalizações e a passar por cima de coisas que em vários momentos foram, em vários momentos são e em vários momentos podem vir a ser maravilhosas se não receberem um rótulo pesado demais. Isso vale pra tudo, até mesmo, e principalemente, para a construção de nossas próprias personalidades pessoais.
    Meu texto pode não ter os méritos da leveza e da clareza – que respectivamente marcam os de Salem e os de Heloisa, por exemplo –,mmas pensei que minhas posições tivessem ficado mais bem compreendidas.

    “Não vai haver amor neste mundo nunca mais”, o refrão de O Adventista, me fez ficar várias noites acordado, impressionado com sua profundidade, violência e beleza.
    Eu tinha 14 anos e o escutei pela primeira vez no show histórico que o Camisa de Vênus fez na Associação Atlética da Bahia na metade dos anos 80.
    Éramos milhares de adolescentes sentenciando: “Não vai haver amor nessa porra nunca mais”.
    Foi foda.

    http://www.youtube.com/watch?v=m226Ht3HpPs (aí vai uma gravação que achei no youtube. É tecnicamente precária, como aliás erma precárias as apresentações do Camisa, mas dá pra sentir a pancada.)

    Abraços.

  199. baiana disse:
    Novembro 4th, 2008 at 5:10 pm

    Axé Music é realmente complexa.
    Lembro-me de uma entrevista da Daniela Mercury a Marília gabriela em 1992 no início do seu estouro nacional. Ela tentava explicar o que seria Axé dizendo que não dava pra colocar em um mesmo ‘caldeirão’ toda a música feita na Bahia sob o rótulo de “Axé”. Que havia o Samba-reggae sintetizado pelo mestre Neguinho do Samba que trazia consigo toda a raíz da música afro-baiana que tinha(e tem) grande riqueza.

    Em outra vertente há aquela música feita mesmo com o propósito de animar. Uma música estritamente carnavalesca que não pode ser desmerecida pelo simples fato de exautar a alegria.

    A música da Bahia é muito grande. Vem lá dos tempos de Dodô e osmar, da invenção do Trio Elétrico, dos blocos de Índio, da beleza inexplicável dos blocos-afro…

    Só quem é baiano é que entende a dimensão disso tudo.

    AXÉ AXÉ
    Caetano Veloso
    Composição: Caetano Veloso

    Daqui de cima do caminhão
    De cima do caminhão
    Eu vejo o seu pé no chão

    No chão, debaixo do pé, no chão
    Escuto o seu coração
    Escute o meu coração

    A nossa música é a mesma voz
    Ninguém desfaz o que nós
    Fazemos nesse país

    A música é o que há de fazer
    Eu me juntar com você
    E ver meu povo feliz

    Dodô e Osmar
    Daqui do caminhão
    Sou faraó
    E dentro do cordão
    Eu sou negão
    Levante o pé do chão
    Moraes, Moraes
    Meu nome é Salvador(Axé)

    PORCIÚNCULA: Parabéns pelos belos comentários.
    Concordo em gênero, número e grau.

  200. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 4th, 2008 at 6:30 pm

    Enquanto este abelhudo não revem com o prometido zuzumbido catatatômico - eu já vinha falando dos ´novelhos´ baianos Tuzé de Abreu & Gereba, e até zumsussurrando que sua fruição pública no Farol da Barra é uma das minhas utopias musicais na Bahia, mas não dei maiores pistas a quem ainda não conhece a fundo o som deles. Espero ao menos oferecer-lhes agora um aperitivo com coisas que achei pela web.

    Antes de mais nada, vou rememorar umas coisas. Até aqui, nada dos dois únicos dois shows deles aos quais fui este ano, na pérola ‘encendida’ sobre o mar da Baía de Todos os Santos, que é o Teatro Gamboa, foi youtubado. Mas as apresentações foram gravadas em vídeo por um assistente de Gereba!

    Tuzé, muito contristado na primeira noite - com a morte recente de Caymmi -, contou como o buda nagô baiano chegou a fazer uma canção pruma campanha de cigarros, e, pasmem, ele tinha feito um registro dela que mais ninguém tinha, nem o próprio Caymmi. Tuzé a cantou modulada num arranjo simples e indescritível: ‘yog(ue)ú(m)nico’. Depois, Tuzé se saltimbancou pelo resto do show frevando de alegria. No dia seguinte, ele estava lindo… mas estranhamente tristriz o tempo quase todo. Entre as canções, ele contou outras estórias muito maviosas. Por exemplo, sobre a crise ou bloqueio criativo de Wally Salomão em momentos da produção que este fazia de disco de Gal Gosta. E a desculpa dada pra Gal: que padecia em momentaos tais da síndrome das “horas mortas”…

    Gereba, ao lado das lembranças de um grande happening de mais de 4 horas de duração, ocorrido anos atrás no Teatro Vila Velha, que eu - para minha infelicidade suprema - perdi, em que, além dele e Tuzé, pintaram de susto ou convocados de surpresa Carlinhos Brown e Naná Vascocelos, contou do principal projeto em que atualmente se envolvia: encontrar quem letrasse uma série de valsas deixadas em instrumental por um dos reis do Brasil, o Luiz Gonzaga. Foram apresentadas uma já letrada por Tuzé, e outra por Jota Velloso. Jota apareceu na segunda noite e defendeu a sua canção - num festival íntimo pra mim e mais uns 70 iniciados…

    Na segunda noite, além da participação de Jota Velloso, pintou Armandinho com sua guitarra mourisca-baiana. Mas não quero nem me lembrar de como Aramandinho foi de novo e sempre tão bom, isso me dói!

    Nos demais papos que rolaram entre as canções, durante ambos as noites, Gereba desfiou detalhes deliciosos sobre como Gilberto Gil era recebido nos saraus que Luiz Gonzaga fazia em sua fazenda. Além disso, relatou recente São João ou São Pedro em casa de Dona Canô, na Santo Amaro da Purificação, com Bethânia presente e a princípio reclusa, mas que não mais que de repente saiu da toca, roubou a cena, e se saltimbancou - acho que feito como Tuzé saltimbanca. Todo adulto, para lembrar-se de criança, ganharia vendo Tuzé fazendo isso.

    Se eu ouvi muito bem de Gereba, Bethânia irá gravar uma dessas valsas do Gonzagão letradas até aqui. Não me lembro se a letrada por Jota Velloso, ou se a letrada por Tuzé de Abreu.

    Naquelas duas noites do show dessa dupla magnífica - e a da participação desses dois insesquecríveis convidados na última -, eu era tão feliz… E eu sabia disso!

    Então, vamos à troca de links? Eiiiiaaaa! - ei-los:

    -Pelo Dicionário Cravo Albin:

    http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?nome=Tuz%E9+de+Abreu&tabela=T_FORM_A

    http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Gereba

    http://www.dicionariompb.com.br/detalhe.asp?nome=Bendeg%F3&tabela=T_FORM_E&qdetalhe=his

    -Pelo CliqueMusic:

    http://www.allbrazilianmusic.com/br/Busca/busca.asp?Status=BUSCA_GERAL&area=6&Chave=14237

    http://www.allbrazilianmusic.com/br/Busca/Busca.asp?Status=BUSCA_GERAL

    -Por Discos do Brasil:

    Tuzé (participação como músico)

    http://www.discosdobrasil.com.br/discosdobrasil/consulta/detalhe.php?Id_Musico=MA000552

    -> home com menu completo de pesquisas
    http://www.discosdobrasil.com.br/

  201. Heloisa disse:
    Novembro 4th, 2008 at 6:31 pm

    Porciuncula, seus textos são, além de claros, inteligentes e instigantes - não há como compará-los aos meus. De todas as manifestações de baianos aqui - Caetano inclusive - penso que seu primeiro comentário sobre a axé music foi o mais lúcido e abrangente.Axé!

    Exequiela, os comentários passam, e às vezes quase se perdem aqui, mas aindo quero agradecer o link sobre demência frontotemporal. O cérebro humano me fascina ‘cuando miro el fruto del cerebro humano’, como a Violeta Parra también lo encanta.
    E outro comentário que você fez, já nem sei mais onde está: algo sobre a leveza do homem e o possível contrário na mulher. Nietzche responde por nós: ‘O homem quer a mulher tranqüila – mas a mulher, como o gato, é essencialmente intranqüila, por mais que tenha aprendido a dar-se uma aparência de paz”. Aparência? Às vezes nem a aparência, certo? Besos.

  202. Fernando Salem disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:06 pm

    Nando, Glauber, Porciuncula e Caetano

    De fato a frase “Meu apoio à axé music é nota dissonante no concerto chato das opiniões autocomplacentes. ” é forte. E se pro Nando bastou, pra mim deixou um certo mistério.

    Ao meu ver, subimos um degrau. De que autocomplacência Caetano fala? Algo como uma espécie de benevolência com a Bahia? Se refere ao coorporativismo que Lobão chama de “máfia do axé”? “Auto” como sufixo se refere a um “EU” baiano ou a “NÓS” aqui do blog que defendemos o axé fazendo um “concerto chato”?

    Desculpem a minha desinteligência nesse momento do papo, mas fiquei em dúvida. O “autocomplacente” que pro Nando foi suficiente, pra mim abriu uma novra festa.

    De quem Caetano se queixa quando fala desse “concerto chato”?

    A pergunta não é só pra ele… é pra todos que leram e o interpretaram, já que pra mim algo ficou no ar.

    abraços

    salem

  203. Fernando Salem disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:08 pm

    Errata do coment anterior:

    “novra festa” é “nova fresta”

    e “máfia do axé” de Lobão é “Máfia do Acarajé”

  204. Giovanna disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:16 pm

    Uma coisa é fato.
    Em qualquer gênero musical há coisas legais e coisas ruins.

    Com o chamado Axé, acontece o mesmo.
    Carlinhos Brown e Daniela Mercury, pra mim, transcendem o que se rotula de Axé. Eles são muito maiores. Tem qualidade. Produzem uma música regional e universal ao mesmo tempo.

    ‘Daniela é a Carmem Miranda do Século XXI’ como bem expressou a revista Rolling Stone.

    O curioso é que ambos fizeram e fazem sucesso no mundo e continuam preservando suas raízes. Isso é bárbaro.

  205. Patrícia disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:32 pm

    Existem duas Patrícias, sou aquela que espreita a conversa da cozinha, que confessa querer ser chamada de querida, que está longe, silente mas não de tudo perdida.

    Quantas palavras! Poucas pausas.

    Gosto muito de ouvir música, mesmo sem o talento musical de Caetano e de alguns de vocês. Não sou voz, sou ouvidos e olhos a navegar entre som, silêncio e palavra. Talvez o fato da distância do mundo dos outros desde muito me coloque mais perto da música.

    Do outro lado do espelho, tem música para viajar entre histórias, mundos e impossibilidades. Ouvi dizer que idéias são sons pincelados no ar: movimento.

    Quando ainda falava sobre jornalistas, Caetano insinuou que deixar brotar impressões sobre música seria mais fácil que falar sobre outras manifestações culturais. O caminho seria fácil e a fórmula pronta. Entendo o pensamento. Mesmo os mais secos ou frouxos que escondem ritmo e carregam certezas, endurecidos com certa dose de mentira temperada e estéril, são possíveis de tocar com uma nota só. E ainda assim, vai entender, existe gente que não ouve, repetidamente, o mesmo som.

    Mas deixo a filosofia pra lá, porque só passei para o café. Quem sabe, do outro lado do espelho, a bisbilhoteira da cozinha, amante das histórias, das palavras e das construções para dizer o mesmo de maneira diferente, das regravações para cantar o mesmo de modo diferente, do texto editado ou vomitado, possa ouvir, ler e ver música.

    Olha lá, um pé de samba, um pede mais, um mar de som, um ar de jazz, um rio de som, um ri de Tom, um pé de rock e a chuva cai. Shhh! Olha! É um pé de silêncio! Rio, um pede margem e o outro, pai.

  206. Rita Patrícia disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:35 pm

    Quem disse que todo baianao gosta de Axé?

    Não gosto. Não gosto de carnaval, mas simpatizo, por exemplo, com a Daniela Mercury.

    É uma menina bastante talentosa. Dança bem (bailarina formada), canta que é uma beleza (vai de Tom Jobim a Ilê Ayê com toda segurança). Aposto que se tivesse nascido nos EUA seria um desses ídolos mundiais. Teríamos então: Michael Jackson, Madonna e Daniela Mercury!

    Mania dos brasileiros em desmerecer produtos que tenham a cara do Brasil. Porque só o que vem de fora tem valor???

  207. Guido Spolti disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:35 pm

    Lembro-me que a primeira vez que ouvi a música do É o tcham, ainda quando a Carla Perez balançava legal a bunda, pensei o que era aquele som que todos consideravam “vulgar”; eu bem sabia que o critério de vulgar e não vulgar não cabia para aquilo, não dava pra dispensar “a maravilha e a marmelada” de música popular brasileira que era aquilo; aí comecei a ouvir o Harmonia do Samba… (o rebolado do Xandi)…

    Atualmente gosto muito das transformações que o Caetano faz,como aquele axezinho do Noites do Norte ao vivo: eu te quero só pra mim/você mora em meu coração/não me deixe só aqui/esperando mais um verão… sem falar da dialogada com a canção “Dom de Iludir” quando ele põe o funkizinho “um tapinha não dói”… TUDO DE BOM.

  208. glauber guimarães disse:
    Novembro 4th, 2008 at 7:48 pm

    aah, tenho aqui no meu pc, uma especie de museu em mp3 com cerca de 2.500 discos, gravações de 1910 ate o fim do seculo xx. um panorama da musica do seculo passado. tem raridades brasileiras, turcas, indianas e principalmente, folk/rock/pop, musica americana e seus “parentes” ingleses.

    eh algo que quero compartilhar com a garotada num futuro proximo. to pensando em como viabilizar isso. obra em progresso, haha

  209. Marcio Junqueira disse:
    Novembro 4th, 2008 at 8:32 pm

    gente como vocês conversam. fiquei uns 3 dias foras e ficou foda acompanhar as coisas, tb pq tenho muito trabalho pela frente.
    JOALDO
    o lucas leu todo o “finalidades sem fim” e eu li alguns artigos (acredito que faltam os dois ou três finais) mas eu particularmente não encontrei tempo ainda, nem um desejo forte para m articular e conversar essas coisas. além da revista que eu e o lucas estamos produzindo 9que me faz mandar mil e-mail cobrando patrocinadores, pensar em estrategias para arrancar dinheiro de quem tem para nos financiasr, escrever o roteito de uma hq, baseado no minusculo “os detetives selvagens” do roberto bolaño, etc e tal) ainda estou escrevendo (e com o bafo do italo moriconi me cobrando) minha dissertação de mestrado sobre o Caio Fernando Abreu. mas a chegda do adriana deu uam animada na questão das vanguardas. o lucas me falou que primeiro ia acbar de ler “o mundo desde o fim” para voltar a esse tema mais bem munido. eu estou deixando rolar, d vez em qaundo me dá preguiça de ser, ou tentar ser, inteligente.
    Salem
    minha implicancia é que nos primeiros posts vc tava mais cv que o proprio. s vezes vinha forte de mais quando podia bem relaxar e ate tirar uma ondinha. mas vc é massa e seus comentarios são bacanas sempre. o que vc falou sobre a verdaeira baiana me deixou bem pensativo. adoro a musica tb, outro dia memso eu chamei o caetano aqui de baiana pensando nessa canção.
    axe axe axe.
    que luta.
    não li tudo que neguinho falou. os coments estão cada vez maior, né? mas para mim isso as veze soa tão antigo. as coisas são boas, ao menos para alguma spessoas.

  210. nelson disse:
    Novembro 4th, 2008 at 10:37 pm

    heloisa

    canção em duas versões pra vc, me diz se gostou de alguma e de qual gostou mais !

    caetano acabei de descobrir com este video em que bethania fala de vc que no fundo irmãos são sempre irmãos ,só muda de endereço.

    abraços é vou ter que ler verdade tropical
    heloisa tem muitos paragrafos longos o livro de caetano?

    http://www.youtube.com/watch?v=sJN_a8dy7kU

    http://www.youtube.com/watch?v=Y_0ag0GQuHc

  211. nelson disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:00 pm

    ROBERTO

    ô roberto agora fiquei com ciumes rsrsrs…

    outro vinculo com heloisa ..não estou com inveja
    estou com vontade imensa de participar tb, detalhe heloisa

    te ver e não te querer…
    é improvavel impossivel…

    te ter e ter que esquecer
    insuportavel dor incrivel rsrsrsr

    como faço pra participar?
    não tenho orkut, muito moderno pra mim rsrsrs
    é por demais virtual pra mim
    esperando coordenadas suas…

  212. Renato Braga disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:07 pm

    Quando falaram do encontro musical entre Daniela Mercury e Dulce Pontes fiquei intrigado: Dulce Pontes cantando Axé?

    Corri no Youtube e achei o tal vídeo.
    Todo meu preconceito caiu por terra.
    Lindo!

    http://www.youtube.com/watch?v=1Raemmdqi5g

  213. Heloisa disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:11 pm

    Miriam, também senti sua falta aqui. Adoro quando você vem com essas histórias da Itália, que o Teteco completa com tanto sabor. Da última vez que estive aí passei por Nápoles, descendo pela costa até a Sicília. Fiquei surpresa com a mistura de beleza e feiúra, e irremediavelmente apaixonada por tudo. Sorrento, que conheci por acaso, me emocionou de uma forma diferente: afinal, a vida inteira amei ouvir e cantar ‘Vide ‘o mare quant’è bello…’
    E vamos ler Caetano sim, e comentar bastante. Também adoro a idéia de leitura compartilhada, principalmente com o autor bem pertinho. Baci mille.

    Nelson, novamente concordamos em quase tudo. O que é preciso para viver? Na minha lista acrescento Caetano (esquecimento seu, ou não?), Chico, Radiohead e Mozart. Adoro música clássica, e o Rachmaninoff que você mandou é lindo. Retribuo com um Mozart que, entre todos os sons, é o que quase me dilui entre seus acordes sublimes.

    http://www.youtube.com/watch?v=6QAAZ29cvfU

    Caetano, se você não releu seu livro fica por isso mesmo? Ou ‘esqueçam o que escrevi’? Se eu fosse você colocaria uma errata na próxima edição…rsrs
    O comentário sobre parágrafos longos foi interessante.Estranhamente, também considero ler Proust (de preferência o das raparigas, e não o das moças) uma das maravilhas da vida. Ainda estou percorrendo o caminho de Swann, mas já é uma delícia descobrir algo de você lá, além dos looongos parágrafos. Jenipapo/madeleine? Beijos (que você nunca retribui, em língua nenhuma)

  214. Gilliatt disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:22 pm

    Que maravilha a Bethânia cantando Não Identificado!!!!
    Alguém já se preocupou em escolher a primeira música que seus filhos, seus netos vão ouvir (ou ouviram) na vida? Eu queria muito saber qual foi a primeira que ouvi, ainda inconsciente. Como sou de 63, certamente não foi essa. Mas ela, Superbacana e O Gênio foram as primeiras que, lá na minha infância, eu pedia pra ouvir. Foram as primeiras que escolhi, que tomei para mim. Tenho o maior orgulho disso!
    ****************************
    Roberto, seu convite deixou meu ego impossível. Se pudesse, aceitaria. Mas meu talento pra composição é inversamente proporcional à paixão pela música.

  215. Patrícia disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:47 pm

    NANDA!

    Seu post 136 me emocionou profundamente. Veio um turbilhão de imagens na cabeça…Uma alegria danada de ser baiana…rs

    MARCELO PORCIUNCULA

    Se eu não estiver enganada acho que você é muito suspeito pra falar de Daniela Mercury… [:)]
    E você tem toda razão. Ótimos comentários.

  216. lucre disse:
    Novembro 4th, 2008 at 11:53 pm

    Caetano- David Byrne

    Hace un par de semanas me enteré de esta “obra en progreso” , comencé a seguirla y con la última entrada de Caetano me decidí a escribir.

    Voy a tratar de ser breve sobre lo que NO puedo escribir pero una pequeña introducción debo hacer. A fines del año 2004 se puede decir que entró internet en mi vida. La primera vez que envié algo escrito por mi a la red fue a la página de David Byrne, y hasta el día de hoy es al único lugar que lo he hecho de tanto foro y demás que anda por ahí. En ese primer post contaba cómo había entrado su música en mi vida y en algún momento dije que mis dos grandes “amores musicales” (perdón por la palabra amor, se que no la puedo decir pero es lo que escribí en esa oportunidad, lo juro) eran él y Caetano. Sobre Caetano no me extrañaba porque mis padres lo habían escuchado primero y digamos que hubo una transmisión desde chiquita por una especie de “osmosis” .Lo que si me ha intrigado es el asunto de DB dado que mis conocimientos musicales son nulos y mi inglés deja mucho que desear, pero en este caso fue una especie de amor a primera vista desde que lo descubrí.

    Para la Navidad del 2004 (¿o 2005?, no me acuerdo) recibo de regalo de Papa Noel de mis padres el libro “Verdad Tropical” . Lo comenté en la página de DB y conté del grito que pegué cuando vi la dedicatoria del libro. No lo podía creer. Había visto en algún disco de DB agradecimientos a Caetano pero hasta ese momento no sabía de la relación más estrecha que los unía.

    Bueno, el tiempo pasó y yo seguí escribiendo cada tanto “para nadie” dado que era la única persona que lo hacía en español y a decir verdad salvo una persona que a veces traducía partes de lo que yo escribía (noruego de nacimiento, norteamericano por adopción y también fanático de la música brasilera) que me daba ánimos para que siguiera escribiendo, el resto cero pero cero corte.

    Yo seguí escribiendo sobre cosas que leía, hablé de las traducciones, de lo que es venir de un país “inexistente” a nivel mundial, de las dictaduras latinoamericanas, del exilio, de política, de “filosofía” , de los desaparecidos, de música, de películas, de libros, de los imperios (y recuerdo que en su momento dije que Brasil también era un imperio), del mundial del 50 y de que a veces parecía como que ese acontecimiento hubiera sido lo más importante que le pasó a mi país, de los “centros” y las “periferias”, etc, etc. (aclaro que no soy experta en nada de esto). Alguna vez comenté una reseña de un show que dio un músico uruguayo en España donde el crítico empezaba la nota diciendo algo asi: “Como si Caetano Veloso y David Byrne……”. Al parecer no era la única que los unía. En definitiva, debo ser la “loca” que escribe en español para “nadie” pero a mi me encanta, es como una especie de terapia y también lo he comentado.

    Conté a “nadie” de mis dos viajes en ¡Omnibus! a Bahía, haciendo escalas en distintos lugares, de otras vacaciones en Isla Grande, del verano que fuimos hasta Fortaleza, verano que llevé conmigo “Verdad Tropical”, de Olinda, etc, etc, destacando el hecho que la música de estas dos personas siempre estaba presente. Recuerdo estar esperando a que abriera un supermercado en Recife. Estábamos sentados en la parte donde entraban los empleados y hacía un calor insoportable. Yo leía Verdad Tropical. Cuando el super abre, entramos y al rato de estar adentro escucho Alegria, Alegria por la radio. Me encantó, es una estupidez pero sinceramente es un recuerdo muy vívido.

    Para la navidad del 2006 recibí el CD Cè, hecho que también comenté. En fin, un pequeño resumen de mi vida “virtual” de estos 4 años que como se ve no es muy variada (pero totalmente fiel) a estas dos personas.

    A ver, escucho cantidad de música diferente pero de las personas o grupos que están atrás poco me importa como personas o grupo en si mismos, sólo en el caso de ellos 2 siempre hubo un interés más pronunciado aparte de la música en sí, sobre otros aspectos de la vida (que leen, que comen, que piensan sobre ciertos temas, etc.). Por eso el journal de DB y el libro de Caetano los he disfrutado (y aún lo hago) un montón.

    Recuerdo comentar un día que deseaba ser un pajarito para revolotear alrededor de los 2 para escuchar de que hablaban en sus encuentros, citando lo que Caetano comentó sobre sus encuentros en Nueva York.

    Bueno, ya saliendo de lo que NO podía escribir y entrando en lo que SI puedo (creo, no estoy segura), vamos a lo realmente importante. “Verdad Tropical” me permitió ubicar en un contexto histórico, nombres, música y hechos que conocía más o menos y entender de que se hablaba cuando alguien se refería al tropicalismo. Realmente me ayudó a tener un panorama mucho más claro de la música en Brasil. Es un libro que consulto seguido, hay días que leo algunas páginas sobre determinado capítulo y lo dejo hasta la próxima oportunidad. Hace un par de días leí nuevamente el capítulo donde Caetano comenta como le “suenan” las diferentes lenguas luego de leer algo que el escribió. Como comenté, tengo cantidad de veranos pasados en Brasil y cantidad de amigos de viaje que hemos conocido en estos años. Muchas veces jugábamos a que pronuncien la palabra ferrocarril y nos moríamos de la risa porque la R, como la pronunciamos nosotros para algunos es imposible.

    Hace un par de meses atrás le envié un cassette (se puede observar que estoy medio atrasada en la parte tecnológica) a un amigo que estaba enfermo. En el aparecía yo leyendo algunos cuentos, hablando y cantando (o al menos hice el intento de cantar). Seleccioné algunos Cds y de Caetano puse “Totalmente Demais”. Fui tarareando los temas y recuerdo que cuando llegué a la canción de ese nombre en una parte que dice “rock”, enseguida, casi sin darme cuenta la volví a repetir y la pronuncié como ”Gock”, pronunciando la G como si fuera a hacer gárgaras con la garganta con un jarabe para la tos o el dolor. Me divierte mucho los comentarios de Caetano sobre estos temas. Mi oído no logra diferenciar tan claramente las diferencias de pronunciación según las distintas regiones de Brasil pero si entre el portugués brasilero y el de Portugal. Recuerdo que estando en un tren llegando a Portugal, en una mi novio me dice, escucha, parece que hablaran en “gallego” y fue tal cual, “sonaba” como un español “agallegado”. Me encanta el hecho de que escribe “mucho”. Yo también soy leonina y si bien no hablo mucho, cuando escribo me divago totalmente y me voy por las ramas, así que no me ofendo si no publican esto por estar fuera de lo permitido. Bueno, tendría más para decir sobre Caetano, pero sólo voy a dar un ejemplo de cómo influyó el libro en mi vida. El mes pasado estuve en Buenos Aires, en el Malba y frente a un cuadro de Lygia Clark enseguida mi “cabeza” razonó: Cuadro-Lygia Clark-libro Verdad Tropical- Caetano. No estoy exagerando, es cierto. Así me pasa con cantidad de otras cosas. Es muy grande la influencia que ha tenido en mi vida a pesar que no me dedico a nada que tenga que ver con la música. Otra y tampoco miento: librería de usados- Tristes Trópicos-Levi Strauss-Caetano. Otra: el año pasado vino Vanesa Da Mata y me regalaron entradas para veral. Ni idea quien era. Entro en su página y leo Pedro Sá. OK, voy sin duda. Funciono así muchas veces. Bueno, tampoco en todo pero si en muchas cosas. También he comentado en la página de DB que a veces había cosas de Caetano que me “molestaban”, como que a veces se me hacía un poco “empalagoso” de más, no se como expresarlo en palabras y no tengo ningún ejemplo concreto ahora. Tampoco estoy siempre de acuerdo en sus comentarios políticos, aunque sobre esto tendría mucho para decir y no viene al caso.

    Con respecto al disco de DB y Brian Eno, fue interesante el proceso de elaboración, básicamente comunicándose por email y el hecho que no haya una discográfica atrás. He seguido con interés al análisis de DB sobre los cambios en las formas de llegar la música, desde el super conocido de Radiohead a otros no tanto como Issa por ejemplo. Me parece super interesante esta “obra en progreso” que obviamente de aquí en más la seguiré. Más no puedo pedir. De la parte extra musical, de DB disfruto un montón el journal y he conocido cantidad de grupos a través de su página. De Caetano disfruté y disfruto un montón del libro y ahora con esto mucho más. Eso si, no me da el tiempo (también tengo que trabajar) para investigar cada cosa que nombran, sea libro, grupo, película o lo que sea pero muchas veces anoto y de a poco, despacito por las piedras como dice el dicho voy descubriendo cosas nuevas.

    Bueno, podría seguir escribiendo sobre lo que No puedo por horas pero creo que ya basta y escribí mucho. Me quiero ir a ver la tele para saber quien es “nuestro” próximo presidente. Como he hecho en alguna oportunidad en la página de DB, le mando saludos a Caetano por si DB lo ve. En este caso hago lo mismo. Si Caetano lo ve por allí, o se comunica con él, que le mande saludos de Lucre. Quizás el sepa de quien está hablando. ¿Quien sabe?

  217. Silvia disse:
    Novembro 5th, 2008 at 12:28 am

    Caetano, a sua musica emociona-me profundamente; acompanha-me sempre… Obrigada pelo espetaculo em Toronto o ano passado; espero que nos volte a presentear novamente em breve! Antonio Zambujo estara aqui no final do mes :) (Perdao pela falta de pontuacao, teclado norte-americano! e tambem pelo assunto fora de assunto..)
    Mil beijos

  218. glauber guimarães disse:
    Novembro 5th, 2008 at 12:39 am

    caetano, hermano, salem, pessoal da banda cê:

    acreditem, não há motivo para haver ressentimento e/ou autocomplacência. nós, os chamados “indie rockers”, sabemo-nos privilegiados. estamos no topo do mundo, somos gratos a isso e retribuimos com entrega e paixão. abraço sincero, nocês e obrigado. por tudo.

  219. Nanda disse:
    Novembro 5th, 2008 at 12:40 am

    Patrícia - post 214
    apesar de não ter escrito com intuito bairrista, apenas com o depoimento de quem caminhou junto com tudo e portanto pode ter o sentimento da “força” da qual Caetano fala (reduzir o fenômeno da música baiana à força da grana - que ergue e destroi coisas belas - do esquemão é muita injustiça, entendo essa sua “alegria”. É a alegria da comunidade. Da comunhão.
    PS- Assim como Marcelo, tb sou suspeita para falar de Daniela. bjs Marcelo. (rs)

  220. Nanda disse:
    Novembro 5th, 2008 at 12:54 am

    Por que isso seria menos maravilhoso do que o próprio Caetano? Onde é menor?

    http://www.youtube.com/watch?v=zNag1bH0Es8

  221. Exequiela :: Strange Fruit.... disse:
    Novembro 5th, 2008 at 3:14 am

    Teteco: Me fascina Chet Baker… Y me hace acordar mucho a la voz y forma de cantar de Caetano. La que más me gusta es The thrill is gone (no es la de BB KIng). La escuchaste? Cómo le contesta la trompeta a la voz!! AY AY AYYYYYYYY La traté de buscar en youtube pero no hay una versión de Chet. “Honk Tonk Woman” no es una cabaretera? Che!

    Heloisa: siento que compartimos varias fascinaciones. Viste que ningún hombre contestó mi pregunta? Ellos son así: leves…(y me gustan así) Mujeres tranquilas quieren? Pero si después se aburren! ;)

  222. Exequiela :: Strange Fruit.... disse:
    Novembro 5th, 2008 at 3:21 am

    Roberto! Peter Pan… muy buena esa ascociación.
    Tengo cuenta en ORKUT pero no entré en esa onda todavía y tengo miedo de entrar porque cuándo voy a trabajar?? Me van a comer los piojos!

    Ya este blog me está SUCCIONANDO demais.

  223. Exequiela :: Strange Fruit.... disse:
    Novembro 5th, 2008 at 3:31 am

    Ay me olvidé de algo! Lo último antes de irme a soñar con los angelitos.

    VERDADE TROPICAL: voy a leer lo que está disponible en google books… ya una vez leí un poco de la parte de la prisión.
    EL TÍTULO DEL LIBRO: Cuánta aseveración che!. Un poco pushy, no?

  224. Nando disse:
    Novembro 5th, 2008 at 6:09 am

    Porciuncula: apesar das ressalvas mútuas, estou certo de que estamos lado a lado e ambos olhando com amor para a Bahia.

    O Renato (#184) disse em três linhas muito do que eu tentei dizer em vários e longos comentários. Viva o poder de síntese sem superficialidade.

    Salem: autocomplacência eu entendi como argumentação pautada em gosto pessoal em vez de observar e valorizar um panorama bem mais amplo. Na verdade fui logo para a última frase do parágrafo. Faz tempo que eu tento entender um silêncio específico em Caetano que para mim nunca foi (só) de placidez, mas (também) de eloquência. Abração.

  225. nelson t disse:
    Novembro 5th, 2008 at 6:46 am

    heloisa

    Assim vc me deixa de um jeito assim
    ..rsrsrsr…dificil de resistir…rsrsrsr
    mozart adorei o “quase me dilui entre seus acordes sublimes”.
    o qwe mais te dilui entre acordes sublimes na vida?

    vc como quase toda mulher sempre atenta, sagaz, instigante em seus comentarios…vc percebeu que não citei caetano…vc é danada rsrsrsrs.
    a razão da não citação daria um comment de algumas paginas rsrsrsr para muito alem do twitter…rsrsrs mas assim como do ponto de vista literario e linguistico ou de linguagem caetano parece a ti contraditorio na falta de palavra melhor,digo me parece que te conduz a sentimentos de admiração e rejeição ou de dialogo na tentativa de elucidar suas duvidas e o aleijão é a mais recente delas ou ainda o erre retroflexo etc ,
    do ponto de vista musical caetano ainda não está “consolidado” pra mim, ainda é uma “obra em progresso”, ainda é alguma coisa pra mim repleta de “espaços”, duvidas,critica,admiração, poesia,afetação, pop, sacação,”os atomos todos ainda dançam”, há uma dificuldade minha de dizer que caetano está entre a musica que preciso pra viver ao mesmo tempo que caetano diz “mas era ao mesmo tempo bela e banguela a guanabara”…. ou ainda” um simples verso imortalizado “eu vou porque não, porque não”…

    há versos de determinadas canções de caetano que me fazem crer que preciso da musica de caetano pra viver….é dificil verbalizar aqui no blog dele…ele que está tão proximo de nós, sempre tão solicito, fico, devo te confidenciar, levemente sem graça de esmiuçar este meu feeling, o que posso te dizer é que caetano é um artista brasileiro que admiro
    mas que ainda talvez joão o gilberto tenha me clareado as ideias quando disse que caetano é o futuro ..e o futuro é algo que ainda está por vir é o desconhecido o acaso a possibilidade de surpresas
    maravilhosas… é a atomização da canção…. por vezes canção datada…a poesia atemporal ….alguma coisa como “dona do sim e do não diante da visão da infinita beleza”.todo este palavrorio é pra te dizer “uma mulher uma beleza que me aconteceu” rsrsrsrsrs.

    existirmos a que se será que se destina?
    este é um questionamento na canção cajuina que me faz crer que caetano está entre a musica que preciso pra viver….ou ainda “só tenho inveja da longevidade e dos orgasmos multiplos rsrsrsr”

    musica pra mim é transcendencia….

    agora fiquei curioso quando vc disse que “concordamos com quase tudo”….

    segue algo que pra mim exemplifica em tentativa o que acabei de tentar verbalizar eu que não sei sequer empregar a crase direito ….

    http://www.youtube.com/watch?v=S9ZVuV8Py24

    beijos e esperando manter contacto com vc
    a partir de novos vinculos rsrsrs assim com o roberto

  226. Luiz disse:
    Novembro 6th, 2008 at 12:16 am

    O Mautner gravou “Positivismo” num disco chamado “Árvore da Vida”, de 1988.

  227. Luiz Castello disse:
    Novembro 6th, 2008 at 3:43 am

    Marcelo Porciuncula

    Como eu invejo voce e sua geração!Ver sua inteligencia desenvolver-se assim,livre,leve e solta…A repressão deixou marcas tão profundas,que a minha mulher,vez em quando,passa por aqui pra me alertar:”Vê lá o que voce tá escrevendo no meu computador,hein ! depois eu não quero problema comigo não”.A idade que voce tem de vida,ela tem de auto-censura.
    Isto sim é que é FODA.

    Um abraço fraterno do Luiz Castello.

  228. Heloisa disse:
    Novembro 6th, 2008 at 7:41 am

    Nelson, ainda não consegui ouvir direito ‘Objeto não identificado’com a Bethânia, então não deu para escolher. Com o Lulu Santos é bem legal, mas com Bethânia no páreo acho que não tenho dúvida.
    ‘Verdade Tropical’ é um livro bem interessante, para quem gosta de Caetano e quer saber mais sobre o Tropicalismo. Há parágrafos longos, sim, mas o livro é bem escrito e gostoso de ler.
    Adorei o Rostropovich:o violoncelo é o instrumento que mais me emociona. Acertou, de novo! Quando disse que concordamos em quase tudo, é porque a lista de músicas que você precisa para viver é parecida com a minha, mas não idêntica (aí também já seria demais, não é?)
    Fico comovida com a forma como você se refere a mim - não mereço tanto.
    Também gostaria de ter mais contato com você. Mas você disse que não tem Orkut, não é? Um email, quem sabe…
    Não são muitas as coisas que me diluem em seus acordes sublimes na vida, mas esta é mais uma que me transporta para um outro mundo:

    http://www.youtube.com/watch?v=eEYDIKe0oaI

    Beijo.

  229. Marcelo Porciuncula disse:
    Novembro 6th, 2008 at 9:38 am

    Luiz Castello,
    Um abraço sinceramente fraterno e com muito respeito.
    Marcelo

  230. Pedro disse:
    Novembro 6th, 2008 at 10:06 am

    Só Caetano pra encontrar espaço pra citar Mayra Andrade. Só o nome do disco dela já diz tudo: “Navega”.
    Agora, falar de Tv on the radio e dessas outras coisas, me dá a certeza que… Sei lá… Muitas certezas.

  231. Maria João Brasil disse:
    Novembro 6th, 2008 at 11:49 am

    Nando,

    Acho que Caetano nos chamou de chatos e autocomplacentes.

    Sobre autocomplacente, gostei do que vc falou “autocomplacência eu entendi como argumentação pautada em gosto pessoal em vez de observar e valorizar um panorama bem mais amplo.”Também fiquei na maior dúvida e acho que ele quis ser um pouco mais crítico ainda.

    Claro que não gostei muito, mas… Repensei meus comentários. Não deixaria de dizer nada do que falei.

  232. nelson disse:
    Novembro 6th, 2008 at 6:42 pm

    heloisa.
    http://www.youtube.com/watch?v=sJN_a8dy7kU

    segue o link de novo com bethania.
    vou ler verdade tropical só pra concordar
    com vc e pilhar caetano.

    não tenho orkut é fato, pena.
    como poderia te dar meu e-mail?

    não fique comovida vc merece sim.

    beijos
    segue um link meu mood de hoje.
    http://www.youtube.com/watch?v=Vlci-kCEaKE

    minha homenagem á obama….
    os EUA são superpotencia e com dialogo
    eles vão ficar dificeis de segurar.

  233. Guido Spolti disse:
    Novembro 6th, 2008 at 7:07 pm

    É, não identificado ficou bonitinha com Bethânia, mas a versão mais legal está naquele vinil do Caetano bricolage Beatles, que, entre outras tem os argonautas, marinheiro só, cambalacho, e a canção em que Gilberto Gil (aliás, o violão daquele disco parecer ser do Gil) grita o nome do Mariguela sem a censura barrela à época ter percebido; “Gabeira que me deu o toque”.

  234. Heloisa disse:
    Novembro 7th, 2008 at 5:07 am

    Nelson, você deu uma olhada no post mais recente? A Miriam deixou um comentário bem carinhoso para você lá.
    Ouvi a música: é linda demais com a Bethânia! E como ela fala e canta emocionada, não é?
    Essa aqui é uma das minhas preferidas dela - para mim, uma das mais fortes e vibrantes do Caetano. Fico com ela na cabeça por causa do Obama: ’sou preto do norte, americano forte…’ Essa não seria uma das necessárias para você?

    http://www.youtube.com/watch?v=1Ewv4Kr85Us&feature=related

    Guido, esse vinil não saiu em cd? A gravação é linda mesmo, há muito tempo não ouço.

  235. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 7th, 2008 at 1:47 pm

    fiquei olhando com uma certa distância todo este papo sobre música popular. Fiquei assim, olhando de longe, gostando do debate recheado de juízos de valor, e também da abordagem crítica. Fiquei olhando. Lembro-me de uma entrevista do Caetano no lançamento do “noites do norte”,e lembro dele dizendo que Sandy era o máximo porque tinha uma afinação “nível Elis Regina” e que, portanto, era possível admitir que a cantora era boa sem recorrer a juízos de valor, ou “gostos” pessoais. Era uma questão de técnica, era possível medir, mensurar, etc.
    Ótimo.
    Ou nem tanto assim. Sempre que leio Caetano fazer comentários sobre cantores e compositores contemporâneos, fico estarrecido. Olho com desconfiança mesmo. Nunca vi caetano mencionar Chico César ( que fez uma música dizendo que odeia rodeio e música sertaneja ), Lenine, que respondeu lindíssimamente bem quando perguntado se era “filho da tropicália”. Lenine disse que se for filho de alguma coisa em música, então deve ser filho da p…E que ele era da geração de Wisnik, arrigo barnabé, não tinha nada a ver com os tropicalistas. Adorei. Nunca vi Caetano mencionar Zeca baleiro, o inventivo compositor maranhense, que mora em São Paulo. É só um pessoal de sempre, arnaldo antunes, Carlinhos Brown, moreno, ivete e daniela, Los Hermanos, etc.
    Em tempo: Sobre Caetano e Chico: Que beleza ouvi-los cantar Anos dourados, que beleza!

  236. Nando disse:
    Novembro 7th, 2008 at 4:05 pm

    Maria João Brasil,

    Quem dera a questão fosse de autocomplacência. Quem dera.

    Quando quero comer acarajé procuro um que seja bem bonito e saboroso. Não aceito qualquer bolinho vagabundo de feijão. Mesmo que chamem de acarajé.

    Com carinho,

  237. nelson disse:
    Novembro 7th, 2008 at 5:28 pm

    heloisa com certeza.

    alguma coisa nesta canção previu a beleza e o poder inerente que obama agora materializou ….
    olodum balançando o pelô é a demonstração cabal
    e eu ja estive no meio do olodum pra dizer que aquilo é poder puro.

    inaugurando a semana obama de musica
    ou o que a presidencia de obama me inspirou do ponto de vista musical segue:

    http://www.youtube.com/watch?v=ExHsrh0hH-w

    http://www.youtube.com/watch?v=22pS8rZWcE4

  238. nelson disse:
    Novembro 7th, 2008 at 5:35 pm

    a palavra de ordem agora não é mais change.

    É CHALLENGE.

    BEIJOS HELOISA espero que goste
    das canções cuja inspiração foi a eleição de obama

    by the way estou lendo verdade tropical
    depois trocamos impressões á respeito

  239. Luiz Castello disse:
    Novembro 7th, 2008 at 7:33 pm

    De todas as declarações,que eu já ouvi do mano Caetano até hoje (e foram milhares) a que mais me impressionou,foi a que ele deu no programa do Jô em 28/08/2008.
    “Eu faço musica popular, ninguem se mete.Todo mundo fala que musica popular é um negócio comercial…que a gravadora impõe…naaaada…nunca ninguém me impos…naaada”.
    Os meus 14 neurônios,estão em polvorosa,tentando fazer uma ligação direta entre,vanguarda anos 60-exilio-censura-negócio comercial-liberdade de expressão e registro em discos,numa época em que isso só era possível através de gravadoras comercialmente estabelecidas…
    Agora o cara conseguiu me pirar de vez.

  240. Heloisa disse:
    Novembro 8th, 2008 at 2:40 am

    Nelson, como não amar Ray Charles? ‘Imagine’ me fez imaginar o que John Lennon estaria sentindo com Obama agora. Nunca tinha ouvido. Obrigada!
    Vamos trocar idéias sobre ‘Verdade tropical’ sim. E, se você quiser me escrever, aí vai: heloisachaves@gmail.com. Beijo.

  241. Guido Spolti disse:
    Novembro 8th, 2008 at 4:48 am

    Fiquei emocionado ao reler, hoje, o capítulo do encontro de Caetano com os irmãos Campos e Pignatari; é uma síntese das antíteses do período cultural do pais; é uma aula obrigatória.

    Heloísa: nunca vi o vinil branco em CD.

  242. Bruno Capinan disse:
    Novembro 8th, 2008 at 5:53 am

    Caetano Veloso eu odeio você e esse seu blog. I’ve been listening to the new Portishead myself; I also recommend the solo album by Gibbons. She sounds like she is crying just like you sound like you having an orgy with Lobão e o Chico. Que isso do Lobão com o Chico?
    Adorei te ver em Toronto, o povo daqui espera te ver novamente. Muitos dos meus amigos consideram você um monstro daqueles de filmes Koreanos. Você assinou o meu livro e eu queria um beijo na boca, mas não rolou. Deixei um cd contigo, mas sei que você não escutou, se escutou me diga e eu te pago um bj.

  243. Nando disse:
    Novembro 8th, 2008 at 8:23 am

    Heloísa,

    Se usarmos mais (este tópico) podemos retardar o fim do blog? Não entendi direito, mas se for isso, vamos usá-los todos! :)

    O album branco do Caetano, de 69 e que abre com Irene, sempre esteve em catálogo (como todos os outros; em qualquer lojas Americanas é possível achá-los).

    Ah! Você conhece um filme chamado “Todas as Manhãs do Mundo”? Belíssimo ensaio sobre a vida do virtuose do cello Saint Colombe, vale a pena uma conferida.

    Abraço,

  244. Caetano Veloso disse:
    Novembro 8th, 2008 at 10:23 am

    Heloísa, um beijo. Não reli mas repensei o “aleijão”. Nunca esqueça o que escrevi. O erre retroflexo, predominante no inglês, me soava estranho ao espírito do português. O erre forte, tipo italiano, e o gutural, tipo francês - assim como a mera aspiração - me pareciam naturais, tanto no Brasil quanto em Portugal. O retroflexo era quase tão estranho quanto o chiado que atrizes (e peruas) faziam em lugar de qualquer desses outros tipos (”cantarshhh”, “dizersh”, o chiado funcionando como se fosse um prolongamento da fricção da língua no palato). Entendo que uma pessoa nascida em região onde todos pronunciam o erre retroflexo achará a classificação de “aleijão” ofensiva. Não é a intenção. Mas sei que falava de algo real, vivido pela maioria dos falantes brasileiros, entre os quais me punha. Na verdade não gosto muito da idéia de que todos os sotaques são igualmente bons. Não funciona. Os próprios falantes de áreas com carcterísticas demasiado distantes do padrão médio adotado não se sentiriam bem ao serem acolhidos na comunidade geral por essa razão. Amo o sotaque do interior de São Paulo com erre retroflexo e o homenageei em “A Outra Banda da Terra”. Assim como, nos anos 70, pronunciava os ós e os és àtonos abertos em minhas gravações (Bethânia, Gal e Gil faziam o mesmo), afirmando a diferneça baiana (e nordestina). Mas antes dessa fase todos nós quatro fazíamos como João Gilberto (que, falando, tem sotaque de Joazeiro): adotávamos as vogais breves dos cariocas, que eram a tradição entre cantores e era base do padrão nacional. Depois dos anos 80 voltei a fazer isso. Achei mais bonito e natural. Na verdade, faço isso como base, mas posso eventualmente pronunciar um “coração” com o ó aberto. Depende. Não gosto de inventar que não há regras nem padrões. É falso. E as regras é a língua viva que cria. Sei o quanto os centros de poder (cidades grandes, capitais etc.) são determinantes na construção de regras, seja de gramática, seja de fonética. Classes sociais também. Mas a língua viva é feita dessas realidades humanas. E por entre elas vai-se fazendo. Tenho horror de quem deseja humilhar os outros. Use para isso a língua ou qualquer outra arma. Mas gosto de ser realista. Acho bonita toda a movimentação de timidez, orgulho, humor, carinho e reconhecimento que as diferenças dos falares propicia. É a riqueza da vida. Não sinto culpa ou me encontro em erro por ter usado “aleijão” naquele contexto. Mas, olhe, isso aqui é só de memória. Vou reler. Me aguarde. E: just one more kiss for now.

    Salem: “autocomplacente” é toda essa sensação de “sou chique e ético, portanto, não admito axé music” que a crítica jornalísitca alimenta e com que muita gente se identifica. Tou fora. Não vi aqui no blog expressões grosseiras disso. Apenas ecos dessa onda já velha - e quis me posicionar, mais uma vez, de modo a não deixar dúvidas. Marcelo Porciúncula tem razão em identificar essa reação com a que o rock sofreu nos anos 50 (e mesmo depois).

  245. Nando disse:
    Novembro 8th, 2008 at 4:17 pm

    Pô, vocês vão insistir nessa relação entre axé e rock’n roll? Querer justificar algo relacionado ao axé citando o impacto inicial causado pelo rock (e as reações desencadeadas desde então) eu acho muito despropositado. Ou queimaram discos de Sarajane em praça pública e eu não fiquei sabendo?

    Com a idade da (música, perdoe Caymmi) axé, o rock já havia empreendido inúmeras guinadas estéticas, não ficou engessado numa alegria quase autista pautada no “Vejam, temos problemas mas sabemos/conseguimos dançar!”.

    A idade mental do rock e do axé é a mesma: a idade da adolescência. A diferença é que o espectro emocional do rock é (muito mais) amplo, vai da serenidade à depressão, da euforia saudável à angústia, da introspecção e do misticismo à raiva; do questionamento topetudo ao silêncio suicida; da mesma energia que contém a axé-music a outras que a axé e a maior parte do seu público nem sonham que existem - porque não permitem, não deixam.

    Mas falemos então que o rock nos deu letristas como Lou Reed, Neil Young, John Lennon, Thom Yorke ou Bob Dylan; que nos deu melodistas como Paul McCartney, Johnny Marr, Brian Wilson ou Arnaldo Baptista; instrumentistas como Bill Bruford, Jimi Hendrix, Garth Hudson, Robin Guthrie ou Edgard Scandurra; cantores como Robert Plant, Steve Winwood, Joe Cocker, Renato Russo ou David Bowie.

    Ou seja: o rock é um estilo completo, em todos os quesitos. Do texto às exigências mais profundas harmônica, rítmica e melodicamente, utilizando toda a paleta emocional e existencial tematicamente.

    Axé music está longe, muito longe disso. E não é porque não possa estar (ao menos um pouco mais) perto.

  246. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 8th, 2008 at 6:13 pm

    -pra Exequiela

    NIÑA DE LOS PEINES

    Uma música, indago sempre
    a quem de ouvido musical:
    pode uma música ser nítida
    sem fazer uso do metal?

    Se canta o flamenco quase sempre
    ao som da guitarra, que é líquido,
    que é um líquido pingando no poço
    um líquido do mesmo líquido.

    Se faz sem metais o flamenco
    (exceção: o do martinete
    que se acompanha com martelo
    e bigorna é seco e sem sede).

    Se faz sem metal o flamenco.
    Há uma só garganta esfolada
    nesse cantar cru. Poderá
    ser de metal essa garganta?

    Se metal, não está em lingote:
    é um metal rouco, como roto,
    metal que dói, dilacerado,
    como um metal de nervo exposto.

    Raro ele canta de punhais.
    Foge-os cantando flores vivas.
    Há muitas flores no que canta
    como em Frederico Garcia,

    ou Lorca, que escreve do amor
    e das mil flores que sabia.
    Mas no flamenco o amor aponta
    como punhal entre margaridas.

    O flamenco fala do amor
    como ele, também floralmente,
    mas no flamenco um punhal oculto
    nesse canteiro cresce sempre.

    (João Cabral de Mello Neto:
    Andando Sevilha)
    _______________

    SOBRE A SUGERIDA FUTURA REVISTA WEB “VIVA” & MAIS OUTRAS PALAVRAS…

    …outras palavras também com o botão direito do mouse, abrindo o link em outra janela:

    http://www.caetanoveloso.com.br/sec_discogra_view.php?language=pt_BR&id=19

    XXX

    Diamantino SALEM

    Acabei de ver sua postagem na outra página da letra da canção “Peter Pan”, de Rita Lee! Engraçado, não lembro na voz dela. Vem-me à mente a voz de Nara Leão. Que já a interpretou, ou sonho? Se já foi interpretada por Nara, nunca atentei pro título. Áudio de Rita e Nara com esse título não está disponível na Rádio Uol. Procurei bem rapidamente no Google e o Youtube, nada achei; exceto a própria Rita no Terra Sonora, que exige assinatura para ouvir a canção.

    Alguém que divulgarei, na minha próxima ‘comentação geral’ nesta página, acabou me enviando algo, por e-mail, que penso aproveitar pra letra de “Peter Pã”. Estou relendo a fábula KA e os poemas que conheço em português e em francês (única língua estrangeira em que consigo ler literatura, ao lado do esperanto) do Khlébnikov. E, na tentativa de imaginar a transposição do Pã mitológico pro mundo urbano industrial e pós industrial, sobretudo me inspiro ainda no ‘Guesa Errante’, de Sousândrade. E por falar no Guesa e seu autor, para o caso de alguém se interessar, eis uma delícia de jogo, armado entre os poetas Claudio Daniel e Elson Fróes:

    http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/cdsousandrade.htm

    Ah, em algum momento me dirigirei ao pessoal da Allinmedia prum lero sobre os meios necessários para a montagem de outro espaço paralelo ou ao fim deste. Andei vendo outros espaços montados com o Wordpress. Comparei este espaço de Caetano com outros que reputo também ótimos. Tudo como ponto de partida para aquela minha idéia de uma Revista web “viva”. Na trilha da novidade que veio dar nesta nossa praia aqui e que admite mais e mais desenvolvimento (fundindo blogue, fórum de discussões e rede social ou de relacionamentos virtuais, como eu já disse), até dar na qualidade de uma nova e rara “Sereia”…

    Dentre todos nós, sempre repetirei, vejo em você o número 1 pra integrar a equipe dos “focas” fixos de uma publicação online dessas, e vou exemplificar isso aqui bem espero que muito em breve. Já pensei em vários pontos: inclusive na sustentação financeira, para custeio das despesas de manutenção da Revista girando no cyberespaço, e até em algum “retorno” monetário aos “focas”. Teríamos alguns “focas” fixos espalhados pelo Brasil (e no mundo, incluindo, por certo, a Argentina de Exequiela), e mais os “focas-colaboradores” em situações ou ocasiões especiais. E, é claro, assinantes-comentadores pra dedéu!

    A moderação da postagem dos “assinantes-comentadores” somente se daria a posteriori, e puramente assim: apagando-se nos casos de pichação.

    Pensei até num nome, retirando o -ência de impertinência e o -perspic de perspicácia, para fazer uma fundição dos restos anômalos deses dois substantivos - o que pode soar estranho, mas produzindo efeito interessante: impertinácia. A Revista Impertinácia.

    XXX

    Geminado NANDO

    Está provado, pensado, verificado… versificado que aceito enfaticamente a indicação de leitura que fez pra mim na outra página! Livros para mim se tornam seres vivos. Grato, por me proporcionar dica de matéria verbal desse jaez a fim de espessar ainda mais o “caudal” de referências de minha vida!

    Em todo aquele papo sobre música acima, epigonizado dentre outros por você, e cujo impacto transfigurador pra mim já assinalei em outra parte deste blogue, tenho como momento dos mais significativos aquele em que Salem, tabelando contigo, conclui que não há porque se chegar a uma conclusão. Nada daquela história de uma dialética que se resolva em síntese pacificadora de todos os possíveis e outros ricos sentidos. Abaixo o entendimento geral!

    Como a transfiguração pela qual passei não é nem pôde nem algum dia poderá ser completa, é obra em progresso, tenho ímpetos de retornar a qualquer momento ao assunto, e em tom nunca menor ao tom autocomplacente por mim já ensaiado, para que eu possa entoar então meu próprio Cântico, em acorde que jamais soará perfeito maior, mas que, enfim, possa redundar num papo a partir de minha própria relação, sim, com a música, e, por tabela, com a relação dos que, sendo - tanto melhor - diferentes de mim, mesmo sem andar de braços dados comigo, irmanam-se comigo nesse ponto, ou seja, sobre a vivência que venho experimentando do estreitamento em que vou imergindo ano a ano, a do afinamento da esfera social da música de que gosto mais, e que há muito se acha desprovida de espaço pra sua fruição e propagação criativa públicas, a conseqüente e crescente condição em que me ponho por conta disso de ser um resistente, e a minha - não me agradam também essas palavras nem as próximas - ‘fatal’ “conversão” em um ‘iniciado’ (isto quando consigo fruí-la em conjunto com alguma parcela de público, quase sempre diminuto e que pouco se renova), e com a transformação da música em “sacerdócio” pessoal quase que só privado, uma ’seita’ de solitários.

    _______________

    P.S.: Vocês e os outros caetanautas não acham que essa SETA TERRÍVEL que segue reta percentando o que nos resta de sobrevida na infocaetanave bem que poderia ser substituída por aquele símbolo enredante da Travessia contido no final de “Grande Sertão: Veredas”, do Rosa, transposto estilizado e enorme, com a imagem ou desenho do rosto de Caetanino aparecendo sempre em algum ponto do enredodesenredo, servindo, pois, de vinhetinha, e a cada dia ou parte do dia passando, passando, como se dando volta e voltas num Autorama?

  247. Exequiela - grrrr disse:
    Novembro 8th, 2008 at 8:07 pm

    AH no LeAozinho!! Mandando besos a otras!! Voy a dejar de ronrrrronear y saco las uñas eh!

    Que pasen un buen fin de semana todos.

    Un beso para todos menos para el LeAozinho. A vos te mando un apretòn de manos solamente.

  248. Chris Apovian disse:
    Novembro 8th, 2008 at 8:36 pm

    Caro Roberto Joaldo,
    achei essa idéia do autorama uma sacada maravilhosa!!!
    Dismistificaçao total!
    Faz “O grande Sertao” se tornar kitsch com a carinha do Caetano passando (tropicalia pura), poderia até ter uma animaçao!
    Loucura total!!!!
    Eu como artista visual gosto muito de desenvolver e discutir as inumeras possibilidades artisticas despretensiosamente como vc. jogando conversa fora o que faz aparecer elementos curiosos como esse da flecha!
    Que maravilha esse blog com a presença ativa de todas essas pessoas que escrevem, gastam seu tempo e se adicionam naturalmente!
    Esse frescor e ritmo criativo é caetanave pura!!!!
    beijos
    Caetano, parabéns por toda essa energia criativa e abertura ao outro neste espaço tao vivo!
    um beijo especial pra vc!

  249. Exequiela - cyber disse:
    Novembro 8th, 2008 at 11:30 pm

    Roberto: Gracias por todo lo que me has estado mandando…Mi gatita leonina (Paquita) te agradece la inclusión en Orkut. si este blog tiene fin (lo dudo) te ayudo si querés en tu proyecto de armar un blog nuevo. Ya tengo tres sitios web (dos de traducciones y uno de alquiler de apartamentos en BA) y me fascina todo lo relacionado a Internet. Lo único que Wordpress todavía no lo sé usar bien porque el blog de mi sitio Transpanish me lo hicieron. Si tengo tiempo, me pongo a investigar cómo se usa. Me encantarìa que el día tenga más horas para tener tiempo!!! Y hacerlo en blogspot que ya està prearmado?

  250. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 9th, 2008 at 10:28 am

    Meu poeminha a seguir vai pra Chris Apovian, Exequiela Goldini (sempre pra ela!), Heloísa e Miriam Lúcia, e todas as “gostosas” (preferiria dizer: “tigresas”) que embarcam nesta infocaetanave, e também pra Lícia, representante dessas misteriosas criaturas, as caetanautas e os caetanautas ainda silenciosos:

    NAU GREGA

    Teu andar com pinta de nau grega
    passa e deixa a rua
    Atenas versus Esparta

    coluna torneada e ereta
    velas tão densamente infladas
    proa que mais singra mais reflui para cima

    em tua popa eis que balouça
    numa fímbria à mostra
    nívea ou ébana polpa

    minha mão ou alma lépida
    projeta-se mas em desventurosa
    Ilíada

    Tróia, não - Odisséia!
    então eu disse
    eu: Ulisses

    N.B.:

    1. Os adjetivos “nívea” e “ébana”, conquanto tonifiquem o poeminha como discurso política e racialmente correto, nem por isso diminuem-lhe a selvagem candidez (ou, seria melhor dizer, autocomplacência ferina?) de sua eroticidade helênica.

    2. O poeminha é uma variação do “Vaso Grego”, escrito pelo poeta greco-baiano Valdenberg Trindade. E essa menção se estampa aqui somente porque convencionada em cláusula de licensa comum criativa estabelecida entre mim, Homero e esse homérida nascido ou criado em Rio de Contas-Bahia.
    __________

    …É PROIBIDO PROIBIR A AUTOCOMPLACÊNCIA!

    Sou vidrado em Verdade Tropical. É um livro muito doido - este que estou doidamente relendo. Quando o li logo na saída do forno, já tinha ficado um tanto tonto. Algumas referências que eu pensava propriedades “privadas” minhas estavam ali, apoderadas por “outro”. Os meus subterrâneos mais recônditos ganharam asas não apenas ante os subterrâneos abissais caetânicos, como com um impreciso mas difuso e famigerado “inconsciente coletivo” magmado em todo o livro. Um exemplo só. Jorge Mautner era um titã, ou melhor, um Titanic, só meu (assim como Maiakóvski sempre o foi pra mim) - mas tive de compartilhá-lo com o Caetano!

    A Introdução do livro não é menos foda. Muito fela da puta, esse mano Caetano. Somente pra quem ainda se permite a dor e delícia de encarar uma leitura catatômica, transcrevo do intróito estes preciosos verbos, em que o pensautor, ao declinar o projeto mais geral da obra, descreve as suas características e o tom nela empregados:

    “(…) Não é uma autobiografia (embora eu não me negue a ‘contar-me’ com alguma prodigalidade). É antes um esforço no sentido de entender como passei pela Tropicália, ou como ela passou por mim; por que fomos, eu e ela, temporariamente úteis e talvez necessários um ao outro. O tom é francamente autocomplacente (seria de todo modo requerida uma grande dose de autocomplacência para aceitar a empreitada). Prometi a mim mesmo planejar minha vida de modo a poder parar em casa por pelo menos um ano para escrevê-lo. Incapaz de cumprir tal promessa, terminei tendo de usar furtivamente os intervalos de gravações, as madrugadas em hotéis depois de shows em excursões, as folgas dos ensaios e as (poucas) horas vazias das férias de verão em Salvador para fazê-lo. Tive também que me permitir transitar do narrativo ao ensaístico, do técnico ao confessional (e me colocar como médium do espírito da música popular brasileira - e do próprio Brasil)…”

    Quando releio e me deparo com “médium”, contido nesse último parêntese… arrepio-me - sem ironia - de todo!

    __________

    …EU PREPARO UMA COMENTAÇÃO GERAL EM QUE ALGUNS SE RECONHEÇAM, EM QUE MAIS OUTROS SE RECONHEÇAM, NO ENTANTO SEM PRECISAREM ENTOAR EM UNÍSSONO COMIGO O MESMO CÂNTICO

    Esta postagem de Caetano tem ainda tanto por desbordar: é quase inesgotável. Além do papo proliferado sobre a propagação e qualidade da música baiana & das demais músicas humanas, como o fado (estou “pegado” em Sabujo e não me desapego mais), qual a razão de Cornelius e seu som terem sido mencionados uma única vez nos comentários? Ninguém mais sentiu estesia com o japonês? Lígia Clark reclama mais dedicação pela importância de seu papel na história da arte contemporânea brasileira do que as nossas pulverizadas pespectivas atuais possam facilmente divisar! Haroldo de Campos e Benjamin são sem fim. E Negri mais Kapuscinski, qual o motivo de ficarem assim escanteados, ainda mais agora em que há contexto para que a noção de “império” talvez se redefina com a emergência e o significado político de Obama à frente do Império Americano? Ninguém mais quer me esclarecer um tiquinho sobre A Dialética do Esclarecimento? Por falar em diáletica, houve quem nos trouxesse aqui sobre a malbendita, em língua derivada de Cervantes, verdadeira ambrosia! Quem? Adoraria começar a conversar com esse lindo alguém.

    Bem, isso só o que eu tô lembrando agora de raspão e susto! Então, como ainda não pegarmos em ritmo mais veloz o EPXRESSO EM DIREÇÃO AO COMENTÁRIO 2222!

    -Não estive podendo participar como gostaria na última semana por motivos de ordem pessoal e familiar sabidos por Heloisa e Miriam Lúcia. Estou devendo interação maior com Telecoteco dos Anjos, sobre Mautner e a Balalaica. Preciso retomar o papo com Márcio Junqueira e o Lucas Matos sobre poesia concreta, Augusto de Campos e Cícero, e me apresentar ao poeta Adriano Nunes dizendo-lhe melhor por que quando eu ler Finalidades sem Fim eu vou querer ser como com o que ele escreveu no seu primeiro comentário aqui. Ah, e ainda quanto a esse papo das vanguardas, terei algo que proferir sobre o primado do experimentalismo artístico fora da vigência histórica delas, com exemplo bem próprio meu e outro de Cícero. E, a propósito disto, retomar a consideração do experimentalismo poético laboratorial de Glauco Mattoso e Altino Caixeta em chama mais acesa.

    Tenho ainda algo fundamental sobre que tabelar perante o que disseram Salem e Gilliat em algum ponto acima. Terei mais uma graça a fazer sobre o pensamento da teórica da desconstrução sincopada, Exequiela, quanto ao jazz. E, dentre várias coisas, perplexidades a expressar em relação a alguns oximoros pronunciados pelo Marcos Lacerda, e agradecimento a ele por indicações preciosas de leitura que nos fez na segunda, acho, passagem por esta postagem de Caetano)
    _______

    P.S.:

    Exequiela e Chris, sobre o que reverberaram quanto à Revista web “viva”, e quanto ao ‘Autorama’ em substituição à seta implacável que propaga e revela o fim próximo do combustível desta infonavecaetatlântica: aguardem-me!

    Heloisa, minha Diandorinha, deixou Riobaldo na outra página ainda mais enmatutado, enredado em muito mais redemoinhos e redemoinhos de pensaventos. Só que ele não tem condição agora de voltar lá: por absoluta falta de tempo de domar seus ventos, ou de pôr amor, ordem e progresso em uns já anotados garra(n)chamentos!

  251. Roberto Joaldo de Carvalho disse:
    Novembro 9th, 2008 at 10:35 am

    ERRATA: Sabujo quer dizer… ZAMBUJO! (ah, se a minha vida imitasse a minha datilografia…) - estaria eu com o Visconde da Sabugosa em minha cabeça!

  252. Caetano Veloso disse:
    Novembro 9th, 2008 at 12:56 pm

    Não, Nando, axé music é décadas mais nova do que rock. O Brasil é periferia. A Bahia é província. Em princípio, não daria para comparar. E o que estávamos dizendo é que essa discriminação que a axé sofre é semelhane à que o rock sofreu. Podem ter queimado discos de Beatles por Lennon ter dito que eram mais famosos do que Cristo. Mas Elvis é o paradigma do artista cafona, comercial, provinciano, Ls Vegas, Hollywood - mas núcleo de um fenômeno de energia histórica imensa. O que faz com que chamemos Rock a música de Rick Wakeman e a de Sex Pistol? Nada proíbe que a história faça da axé music uma fonte de futuras ainda maiores riquezas. Porque, apesar das desvantagens que enumerei acima, já tem, hoje, uma gama ampla de temas, estilos e sentimentos. O dilacerante lamento do Muzenza sobre Marley (”O negro segura a cabeça com a mão e chora”), a força épica de “Chame gente”, a alegria direta de “Carro velho”, toda a maravilha das versões elétricas de Daniela para o repertório do Ilê, Ivete cantando 7 horas por dia em cima do caminhão, Netinho cantando “Esse barraco vai cair”, o lirismo da Timbalada em “Te quero só pra mim” e “Beija-flor”, os protestos políticos do Olodum, as marchas-galope (e as lentas) do Chiclete, as malícias postas em forma profundamente musical por Luiz Caldas - enfim, todo um tesouro que a história atual do Brasil não consegue mais esconder e que a futura celebrará. O que eu acho, Nando, é que quem não se permite reconhecer essa força deve estar mais preso ao status chique que o rock ostenta hoje do que ao heroísmo de entendê-lo em seus começos nada nobres. Ninguém queimou discos de Sarajane em praça pública: queimam cotidianamente a produção da axé como queimaram a do rock por mais de década: pelo desprezo crítico insalubre. Prefiro isso dito no modo como Glauber o fez: “não há motivo para haver ressentimento e/ou autocomplacência. nós, os chamados “indie rockers”, sabemo-nos privilegiados. estamos no topo do mundo, somos gratos a isso e retribuimos com entrega e paixão”. Adorei essa frase: é real, é direta, é desabusada: é rock’n'roll.

  253. Nando disse:
    Novembro 9th, 2008 at 6:08 pm

    “Não, Nando, axé music é décadas mais nova do que rock”.

    Claro! Falei “com a idade da axé” no sentido de “quando tinha a idade da axé”!!! O roque tem mais ou menos o dobro da idade da música axé.

    “Nada proíbe que a história faça da axé music uma fonte de futuras ainda maiores riquezas”.

    That’s my point: o que já foi feito e, sobretudo, o que pode ser feito para tanto. O que pode ser melhorado e o que deveria ser descartado.

    “enfim, todo um tesouro que a história atual do Brasil não consegue mais esconder e que a futura celebrará”.

    Mas isso tem que ser dito mais vezes! Assim, como você está dizendo agora! Elevar o debate, sabe? Não deixar que a música axé seja tratada sempre em tom pejorativo e a gente: “Nem te ligo… que falem… não estamos nem aí…”. É doloroso, Caetano, ter que aguentar sempre comentários como: “Música? Gosto de tudo. Menos de axé, sertanejo e pagode”; ou apenas “Menos de axé”. Isso vindo de público, não de crítica. Não estou falando de liberdade de escolha, não é isso. Estou falando de um delírio meu, de poder ouvir: “Não gosto de axé. Mas tenho que reconhecer que é boa música, bem feita, boas letras”.

    No primeiro disco do Luiz Caldas, “Magia”, há duas canções que sinalizam com algo que jamais deveria ter sido miseravelmente deixado para trás: “Nara” e “Tilintar”. Duas pérolas: uma, delicada homenagem à sobrinha do compositor; outra, reflexivo tema que começa com: “Reluzir/É o ato que ata e aperta o nó”. Olha que coisa linda, que belíssimo verso para abertura de uma canção! Isto com aquela “caída” tipo A7+ / G#7/5- / C#7/9- / F#m7…

    “Ninguém queimou discos de Sarajane em praça pública: queimam cotidianamente a produção da axé”.

    E a axé? Não queima a si própria quando não estabelece para si mesma critérios qualitativos?

    Mais do que qualquer argumento, a probabilidade ainda que remota da sua antologia de axé seria, concretamente, um acontecimento de imensas proporções estéticas, sem dúvida. Considere na prática, please! Só não sei que caminho você escolheria, se um caminho “Feelings” ou um caminho “Help”.

  254. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 10th, 2008 at 9:46 am

    Roberto
    Fiquei curioso em saber quais seriam as perplexidades em relação a algumas afirmações que fiz nos comentários anteriores. Portugal do tamanho do mundo.Eu continuo olhando os teus textos e me maravilhando, pois os considero o que há de melhor aqui neste blog. Embora tenha gostado muito deste último texto do Caetano, achei a interpretação dele a respeito de Zambujo uma coisa espetacular mesmo.
    Caetano, ou paratodos
    Sobre a discussão a respeito da legitimidade da axé-music em relação à música popular que é feita no mundo, ou mesmo em relação a algumas questões da música popular feita no Brasil, eu recomendaria como boa leitura um livro escrito por um grupo de antropólogos baianos, reunindo uma série de artigos sobre o tema, tratando a axé-music como uma música revolucinária por ter criado um outro modo de se faze samba, um outro jeito, sobretudo com a emersão de Daniela Mercury e os bloco-afro. Só isso colocaria a produção de canções que ganhou o rótulo de axé-music, numa posição de destaque na história da canção popular no Brasil, afora o fato desta produção acompanhar o que há de mais inventivo em música popular no mundo. Não me lembro agora o nome do livro, mas é do grupo de pesquisas S.A.M.B.A, o Hermano deve saber. No entanto, o quadro da canção popular no Brasil do final da década de 80 é muito mais rico e diversificado, sendo os fenômenos de marcado ( Axé, pagode e sertanejo) uma das expresões importantes. Por exemplo, podemos pensar nos encontros de jovens negros da periferia de São Paulo no metrô São Bento ( centro da Cidade) para fazer música rap, ali nascia o Hip Hop no Brasil, em sua faceta mais brilhante e contundente, a dos grupos de São Paulo, entre eles Thaide e dj hum e o grande Racionais MCs. Do mesmo modo, há uma “renovação” do samba carioca com Jorge aragão, Zeca pagodinho, Arlindo cruz e sombrinha, marquinhos satã ( alguém se lembra?), fundo de quintal, almir guineto, leci brandão, entre outros. Com a ressaca do Brock, começam a aparecer composições estranhíssimas como as canções sugestivas e brilhantes de fausto fawcet, que nada tem a ver com a estética ( mesmo que diversificada) das bandas de rock nacional, seja as bandas mais bem-sucedidas ( legião urbana, paralamas, titãs, ira, barão vermelho), seja aquelas que foram pouco conhecidas, como os picassos falsos, o fellini, e outros. Quer dizer, o quadro é bem complexo, pois é na década de 80 que lenine lança “baque solto”, um disco falando em jackson do pandeiro, etc., coisas que estavam um pouco fora de moda na época. Caetano tinha feito o “Caetano” de 87 ( que tem um belo texto escrito por flora sussekind num livro chamado “papéis colados”), com as canções José, noite de hotel, e “Quando o ilê passar”, entre muitas outras ( é o disco do Caetano que eu mais gosto), depois o estrangeiro ( e já tem o brown e meia-lua inteira), e etc.

  255. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 10th, 2008 at 10:07 am

    Dando prosseguimento…
    Já no ínicio da década de 90, há o surgimento das duplas sertanejas, o predomínio da MTV numa certa faixa etária da classe-média paulistana, os grupos de pagode ( SPC, Exaltasamba, Arte popular, etc.), e também a música autoral de Chico César, Zeca Baleiro, Paulinho Moska, os grandes Luis Tatit e Zé Miguel Wisnik, a grande Ná ozetti, Marisa Monte, Carlinhos Brown, Adriana Calcanhotto, e muitos outros. E claro, a axé-music ( com o insuportável Gerasamba,e outros do gênero), além da daniela mercury e da banda eva, de onde vai sair Ivete. Em 1991 Caetano lança o circuladô, com a belíssima ” Santa clara, padroeira da televisão”, entre muitas outras, e com a frase de Pestana, o músico de polca do conto do Machado, ” Mas as polcas não quiseram ir tão fundo…” Depois o Circuladô ao vivo, o tropicália 2, e o belíssimo ” Fina Estampa”.
    Quer dizer, o quadro é muito complexo. Estou aqui apenas apresentando, num texto desorganizado, algumas pistas de possíveis análises. E também pedindo para fazermos uma reflexão sobre a música popular brasileira do final da década de 80 e da década de 90 por diante, e não apenas centrar os nossos comentários na axé-music ( que não é a expressão mais importante deste período )e no rock ( que não é a expressão mais importante da música pop no século XX).

  256. Patrícia disse:
    Novembro 10th, 2008 at 1:18 pm

    Lindo ver e ouvir aquela percussão maravilhosa e genuinamente baiana no DVD ” Noites do Norte ao vivo” de Caetano. Isso é Axé puro! E como é lindo!
    beijos a todos.

  257. Heloisa disse:
    Novembro 10th, 2008 at 4:16 pm

    Nando, obrigada pelas dicas. Eu me lembro desse filme sim, mas não assisti. É com o Gerard Depardieu, não é? E com o filho dele, que morreu recentemente. Já que você recomenda, vou procurar.
    Não sei o que podemos fazer para esse blog continuar indefinidamente, e o Caetano nem se manifesta a esse respeito. Como vamos voltar a viver sem isso aqui? Acho que não conseguimos, nem ele. Um abração.

    Caetano, mon vrai diamant, você dá nós em minha cabeça com tantas contradições. Mas não vou comentar nada ainda, já que você prometeu reler aquela página horrorosa do seu livro. Obrigada pelos dois beijos - enfim.

  258. Luiz Castello disse:
    Novembro 10th, 2008 at 10:27 pm

    Para Marcos Lacerda.
    No começo da década de 90,surge fora do circuito oficial do RJ,e ainda permanece desconhecida do grande público,uma nova leitura dentro da MPB.Sem nome,sem midia,sem grandes investimentos de Studio,enfim,sem amarras estéticas, com infinita liberdade para mesclar matrizes diversas,gerando novas projeções musicais,registradas em Cds independentes de indiscutível beleza e criatividade, que vão circulando por aqui de mão em mão.Um desses tem o título,”Aos Peregrinos do Ocidente”.E a letra de uma das canções,pode até servir como referencia ao processo criativo dos seus autores.

    “Samba avatarizado”
    É nesse corpo que treme dos pés aos quadris
    que a brisa dos vários Brasis
    velejará, nau sem reveses
    e todos os deuses descerão afim
    de um samba avatarizado
    A Africa de Oxóssi unida ao Brasil de Tupã
    com a India amorosa de Visnu
    festejará incriveis quermesses
    e todos os deuses descerão afim
    de um samba avatarizado.

  259. Marcos Lacerda disse:
    Novembro 11th, 2008 at 8:27 am

    “Achei clichêzao essa visao de Caetano atribuindo â rejeicao â axe music um: “sou chique e ético, portanto, não admito axé music” (etico?!). Engracado porque hã uma tendencia grande de achar sempre que as pessoas querem parecer ser algo, que sao forçadas. Uma amiga achou exatamente isso dele falando em Posthead (Ohhhhh! Ele conhece e faz questão de falar do Portshead!Nossa, tudo isso para se livrar da pecha da baianininho eme-pe-bista!)”
    Nossa, MARIA JOÃO BRASIL arrebentou, deu fim ao debate algo bobo sobre se se deve gostar ou não de axé-music, e sobre as interpretações cheias de clichê do Caetano a respeito de quem ousa não gostar desse negócio. Fiquei invejando MARIA JOÃO BRASIL, pois queria escrever assim.

  260. Maria João Brasil disse:
    Novembro 11th, 2008 at 9:31 am

    mesmo correndo o risco de que ninguem mais leia…

    Achei clichêzao essa visao de Caetano atribuindo â rejeicao â axe music um: “sou chique e ético, portanto, não admito axé music” (etico?!). Engracado porque hã uma tendencia grande de achar sempre que as pessoas querem parecer ser algo, que sao forçadas. Uma amiga achou exatamente isso dele falando em Posthead (Ohhhhh! Ele conhece e faz questão de falar do Portshead!Nossa, tudo isso para se livrar da pecha da baianininho eme-pe-bista!).Eu acho muitissimo natural rejeitar uma coisa que no conjunto da obra, encontram-se escatologias, com ja se falou aqui…Ser chique pra baiano eh sair no Chiclete com Banana.O negro segura a cabeça com a mao e chora ja me fez chorar, mas exatamente, como gostar do resto, que eh o que predomina?

    Quanto a caetano amar axe, depois dos quarenta, sendo musico e morando no rio e sendo baiano. e sendo caetano. normal.

    Agora, queria ver ele com 17 aqui na decada de noventa. Betania ia ser cantora de trio? cantar muito axe, ficar famosa e ai poder cantar noel rosa? ah, nao…

  261. Rafael Gomes disse:
    Novembro 11th, 2008 at 2:20 pm

    Caetano,

    olha só… na posição de um dos diretores do projeto Música de Bolso, queria pedir licença pra dizer que o link da Mayra Andrade cantando com a Mariana (que é um vídeo feito por nós) é esse aqui:

    http://www.youtube.com/watch?v=rKOzi0HoviA

    no texto você acabou falando sobre um vídeo mas linkando outro.

    abraço

  262. Maria João Brasil disse:
    Novembro 11th, 2008 at 10:03 pm

    Marcão, você é que é demais.
    Bjs.

  263. Freddie Fernandes Silva disse:
    Novembro 12th, 2008 at 2:18 pm

    Rapá…

    ANTÓNIO ZAMBUJO, INDIE ROCK, COOL JAZZ, MINIMAL, BOSSA NOVA, THE NEW YORKER, MICHELANGELO ANTONIONI E MONDRIAN CONTRA AXÉ MUSIC DENTRO DE MIM? NÃ-NÃO. “A COR AMARELA” É BROWN IVETE E DANIELA. É O SAMBA DO RECÔNCAVO EM TRANSE NO PSIRICO, NO HARMONIA, NO TCHAN: É TRANSAMBA JÁ CONSTRUÍDO POR TODOS ESSES BAIANOS GENIAIS.

    Que escrita é essa? Como conseguiu ordenar esses todos? Rapá, você me incomoda. Rapá, você é viciante. Rapá, você trança muito bem tudo isso. Rapá, que mente é essa que dá forma ao que é consensualmente informe? Rapá, te ouvir cantando é ótimo, mas te ouvir de outros modos… Rapá, é escapar o próprio significado do dizer. Rapá, conseguir me perder nesse labirinto de palavras é de algum modo um encontro comigo mesmo. Rapá, você é um feiticeiro das palavras? Rapá, nasci num tempo bárbaro e agora cê taí reunindo coisas minhas em uma frase. Rapá, cê não é bruxo e nem nada, cê nem é um ser, cê não é nada. Cê é uma essência, né não? Uma categoria metafísica, de repente… Ah… sei lá, Rapá! Cê me incomoda.

  264. Luciana Miranda Pennah disse:
    Novembro 16th, 2008 at 12:15 pm

    Caetano,
    o clip do Hermeto tocando flautas e outros elementos numa lagoa, com seu grupo, é parte de um documentário imperdível, chamado “Hermeto Campeão”, rodado em 1981, e dirigido e roteirizado pelo grande Thomas Farkas.
    Bjs, LU

  265. Rosana ishi disse:
    Novembro 17th, 2008 at 6:42 am

    Nooooossa. Caetano mandando bjus pra outra, enciumada estou e morrerei se um dia num receber um destes. Sniff Sniff…. Mas nunca deixarei de te amar, admirar e querer um cheiro seu…
    Beijos mil

  266. Afonso disse:
    Novembro 19th, 2008 at 11:35 am

    “Estive no Rio de Janeiro durante 20 dias e sempre que vinha à rua as pessoas conheciam-me. Lá, tinham ideia que o fado era muito dramático, e os fadistas tinham um ar pesado, com cabelos negros. Eu tinha uma imagem diferente e despertei-lhes a atenção”, recorda acrescentado que graças à popularidade do Sr. Vinho, teve oportunidade de privar com Caetano Veloso, “um homem muito especial e humilde”, que homenageou a fadista no seu disco Língua Portuguesa (sic).

    Maria da Fé, em texto de divulgação de seu concerto na Casa da Música do Porto, agosto de 2008.

  267. João Carneiro disse:
    Novembro 26th, 2008 at 8:18 pm

    Ao PAulo Osório, que comentou a volta do Madredeus:
    Ouvi o CD (duplo) METAFONIA e gostei demais, e, curiosamente, descobri que o novo guitarrista é brasileiro, é o Sérgio Zurawski, de São Paulo.
    Achei no myspace, vejam só:
    http://www.myspace.com/sergiozurawski
    Abraços,
    João

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