Um show que não devia terminar

Matéria e entrevista para a Folha de S.Paulo

Retorno do exílio

20 de janeiro de 1972

O ensaio ainda não havia começado e já Guilherme Araújo estava no saguão do teatro. Ele recebia o pessoal da imprensa.

"... Sabe, não pode haver mais esse negócio de vedetismo. Isso já passou. A integração artista-público, tem que ser natural e muito sincera. Caetano e Gil adotam esse comportamento e com muita franqueza. Assim que chegamos ao Rio, a primeira coisa que fizemos, foi fornecer o telefone particular dos dois a todos os homens da imprensa. Eles precisam saber de tudo e contar tudo. Eles são a gente falando. Portanto, perguntem o que quiserem e contem com nossa boa vontade..."

Esse foi o primeiro diálogo sobre o show, mantido com o produtor e empresário Guilherme Araújo. 

Para testar o som, Caetano, de calça e camisa branca, com bordados ornamentados de espelhinhos e calçando um tamanco vermelho, cantou "Você não entende nada". À sua direita Macalé (Jards Macalé) ao violão , à sua esquerda Moacyr ao contrabaixo elétrico, ao fundo duas baterias. Uma Rogers e outra Ludwig, (americanas) executadas por Tuti (baiano) e Aureo (carioca) que também se revezavam na percussão, composta de tumbadeiras, bongô, agogô, etc. O técnico de som, um inglês que já trabalhou para Gilberto Gil, tomava guaraná e chupava sorvete, dizendo que tudo estava muito bem. 

O SHOW - Depois de abraçar e beijar os muitos amigos que foram revê-lo como Tião Motorista, Tom Zé, Tuzé de Abreu e a empresária Celinha que voltava do México após dois anos, Rita Lee, dos Mutantes, Caetano entrou no palco, quando ainda muita gente brigava aos berros lá fora, para conseguir entrar, mesmo com ingresso. Houve invasão e uma pequena parte conseguiu entrar. Outra lotação completa, ficou de fora (1200 pessoas). 

Calma, a plateia ouvia, em estado de graça, os primeiros número de Caetano, sentado em uma cadeira comum, bem no centro do palco, com dois microfones (um para a voz e outro para o violão). 

A primeira explosão da plateia: quando Caetano, cantando "O que é que a baiana tem", levanta-se, e com impressionante dignidade rebola, numa caricatura dos travestis imitadores de Carmen Miranda. Foi um delírio. Desfilando por toda a extensão do palco. Caetano, como fazem quase todos os que desfilam no concurso de fantasias do Municipal do Rio, derramava plumas cantando "O que é que a baiana tem". às vezes substituindo alguns trechos da letra por glosas felizes. 

E os número e os aplausos prolongados sucediam-se. Caetano seguro, tranquilo, responsável, um profissional completo. 

"Triste Bahia", letra de Gregório de Mattos ("Boca do Inferno"), crítico, poeta e escritor setecentista, recebe de Caetano uma música hipnótica, envolvente, que repetida muitas vezes, é assimilada pelo público imediatamente e com prazer. Intercalando esse número, que parece ter sido escrito hoje, muitos outros são introduzidos, no mesmo ritmo e no mesmo tom, com grande propriedade.

"Que me importa que a Mula Manque", popularíssima criação de Jorge Veiga, também é lembrada por Caetano, que a intercala com "London, London". "Maria Bethânia", "Joazeiro", "Vou me embora pra Catende", de Acenço Ferreira; "It's a long way", "Cobra Verde", "Água com areia", "Consolação", "Quero um Chopp" (criação de Jorge Goulart apresentado em "jingle" de propaganda, também foram muito aplaudidas.

A seguir, um "happening": um barulho ensurdecedor soam as baterias, e agora, participa o guitarrista Lanny. O teatro explode. 

Gritos de delírio. Artista e público integram-se. Caetano é o público, o público é Caetano. Ele deita no chão do palco e as mãos desesperadas e ansiosas de admiradoras procuram alcançar seus cabelos. Umas conseguem.

O MELHOR NÚMERO - Com acordes quase que imperceptíveis de "E daí e daí" (Miguel Gustavo) Macalé começa o mais elaborado dos número do espetáculo. 

"Mora na Filosofia", de Monsueto Meneses, recebeu um apurado tratamento de Caetano. Aureo, baterista carioca, integrado ao grupo, ainda em Londres, tem seu melhor desempenho no espetáculo, revelando uma grande segurança e uma disciplina sensacionais.

"La Barca", "Chuva, Suor e Cerveja" detonam outra explosão no palco e na plateia. O carnaval domina o palco e a plateia, não faltam nem mesmo as serpentinas. Parece o fim do show. Magicamente, depois desse ambiente de euforia, todos sentam quase que simultaneamente ao toque de artista definitivo de Caetano. Ele começa a cantar "Eu e a brisa" de Johnny Alf, e dentro de um silêncio quase místico, Caetano sai. O show termina. A plateia não arreda o pé, grita "volta, volta, volta". Passam-se cinco minutos. 

Volta e atende pedidos com mais duas músicas. Tudo acaba. São Paulo acaba de assistir a um dos mais importantes espetáculos de música popular desde os tempos do Paramount. Era para não mais terminar.

Talvez não mais termine. Será bom.

Walter Silva.


CAETANO VELOSO: O ARTISTA POR ELE MESMO


No auditório do TUCA havia poucas pessoas, mas muito movimentadas. Era o ensaio do show de Caetano Veloso. Caetano chegou, beijou os amigos e foi para o palco ensaiar. Violões eram afinados com guitarras, microfones testados pelo técnico inglês de som, um dos integrantes do conjunto de Caetano. O compositor cantou "Você não entende nada" e "Vá-se embora" de Jorge Ben. Daí ele quis ouvir, do fundo do teatro, o som das guitarras e dos microfones. Macalé tomou seu lugar. Caetano sentou em uma das cadeiras do fundo. Foi o suficiente. Vendo Caetano fora de palco, os jornalistas rodearam-no e não houve outro jeito: Caetano teve que dar uma entrevista.

FOLHA - Qual a grande diferença que você sentiu entre os shows de agora e sua última apresentação ao vivo no Brasil, no teatro Castro Alves em Salvador?

CAETANO - Foram experiências totalmente diferentes. Na Bahia eu estava em casa e cantando com Gilberto Gil e ligado a uma série de coisas que eu não estou mais. E depois era um show de despedida, a gente estava indo embora.

F - O público está diferente?

C - Bem, a outra vez que eu me apresentei neste teatro aqui, no TUCA, eu fui vaiado. Hoje, ao chegar, na entrada havia um montão de pessoas de cabelo grande, roupas coloridas... A coisa é diferente. 

F - Você parece mais intimista, mais "cool" atualmente. 

C - Eu não estou mais "cool". Quem ouvir meus discos antigos pode perceber que talvez agora eu esteja até menos intimista. Eu sempre fui um cantor "cool", mas usava cabelo grande, roupas estranhas e toda aquela papagaiada e as pessoas acabavam não prestando muita atenção na minha forma de cantar.

F - Alegria, Alegria; Tropicália; Proibido Proibir eram músicas-manifesto de uma nova fase sua, de uma nova tendência. Qual a música que tem este papel atualmente?

C - Essas musicas tomaram este caráter simplesmente porque as coisas aconteceram desta forma, não porque realmente houvesse esta intenção. Hoje em dia, eu não sei qual seria esta música. Acho que a evolução dos processos é quem vai decidir. 

F - Nas suas apresentações você usava roupa de plástico e agora está usando uma roupa de certa forma, muito parecida com a do seu público. Existe alguma intencionalidade nesta mudança?

C - Eu não estou usando roupa de plástico porque ninguém aguenta usar aquilo: ela realmente é muito incômoda. 

F - Mas você usava "djelaba", aqueles camisolões grandes, e eles não são incômodos, pelo contrário.

C - Eu vim há dois dias de Londres e estava um frio dos diabos. Ninguém é louco de usar "djelaba" naquele frio danado. É só por isso. 

F - "Bim bom' de João Gilberto. É uma retomada da "linha evolutiva" que você falava muito antigamente?

C - Não, não tem nada disso de linha evolutiva. Eu falei há tanto tempo disso que eu agora teria de parar para pensar onde está a linha evolutiva. Eu simplesmente cantei "Bim bom" porque eu gosto da música e porque ela diz "é só isso o meu baião e não tem mais nada não", que é mais ou menos a minha posição agora. Agora, João Gilberto é a figura mais importante da música popular brasileira. Ele aumentou o repertório das pessoas. Realizou um trabalho "underground", marginal, mas de uma forma muito profunda. Ele é muito importante e o "Bem bom" é dele. Só isso.

F - Muitos dos novos compositores estão preocupados em desenvolver um trabalho a partir das músicas suas e de Gil, uma continuação e desenvolvimento daquelas experiências. O que você pensa das propostas desses compositores?

C- Eu não sei. Realmente não sei. O que eu sei é que o que tem que ser vem com força.

F - Sua imagem atual, para muita gente, é a do "filho pródigo que volta à casa paterna". Isso lhe importa?

C - É verdade, muitas pessoas veem assim. mas a minha posição não é bem essa. Não sou um filho pródigo, apenas saí e voltei agora porque tive vontade. 

F - O seu conjunto é formado apenas por músicos brasileiros. Você teve alguma dificuldade em trabalhar com os músicos ingleses?

C - Talvez sim. Para mim é mais fácil trabalhar com brasileiro, para Gil não, ele tocou com muitos ingleses e foi legal. Não sei, acho que é uma coisa minha. 

F - No programa de tv gravado com João Gilberto, você não quis tocar violão. Por que? Você se considera um violonista menor? E isso causa algum problema com o processo de criação?

C - Eu toquei. Toquei "Coração Vagabundo" que João e Gal cantaram mas não foi ao ar. Eu toquei porque o João insistiu, senão eu não tocava. Ali, quem sabia tocar era ele, então não tinha o menor sentido eu tocar. Isso não casa problema para compor porque aí entram outras jogadas, a bossa, o jeitinho. A gente resolve de outro jeito. 

F - Quem produziu os discos em Londres? A gravadora fez pressão para vocês criarem o "comercial", a coisa fácil para o público europeu?

C - Não. Foi tudo muito legal. Quem produziu o disco foi um dos diretores da gravadora que nos ouviu, achou lindas as coisas que nós estávamos fazendo e nos convidou para gravar. Todo mundo foi muito simpático. O trabalho foi muito livre.

F - Os arranjos ingleses parecem mais elaborados.

C - Isso é um engano. Os arranjos de Duprat são muito mais elaborados. As pessoas aqui ficaram impressionadas porque a gravação foi feita em um estúdio de 16 canais e todas essas coisas. Mas, no meu LP quase não tem arranjos. "Maria Bethânia" e "In a hot sun of a christmas day" tem arranjos simplíssimos. 

F - Havia um engajamento com o arranjador como havia aqui com Duprat?

C - Não. Era uma coisa diferente. Profissional. 

F - E aquele hino de natal inglês antes do "in a hot sun"...

C - É. Aquilo foi ideia do produtor norte-americano.

F - O seu processo de criação mudou com a ida a Londres! A gente percebe certa semelhança entre "better, better, Bethânia" e "calma, alta, cara, Clara morria de amor".

C - Tem razão. Não mudou, não. As minhas músicas em inglês são apenas uma parte do meu trabalho como compositor. Eu vejo a coisa assim. 

F - Como é que o público inglês sente o seu trabalho? Você não estará fazendo "macumba para turista" quando improvisa e canta "Asa Branca"?

C - Realmente o exótico agrada, mas o exótico de "Asa Branca" não pode ser confundido. Esta música é um dado novo dentro da própria música popular brasileira. Quando eu cantava "Asa Branca" em Londres no começo, porque agora também já encheu, havia muita sinceridade, e ela passava para o público, eles gostavam. 

F - O seu trabalho parece estar agora com uma influência maior da música nordestina. Você está "descobrindo o Brasil de cima da Torre Eiffel"?

C - Sempre acontece isso com quem está fora: está com o mapa aberto na frente.

F - Em "Você não entende nada" você está cantando o final tremendo a voz como um fadista misturado com cantador nordestino.

C - Eu acho aquilo muito Jorge Veiga, que é muito português.

F - No seu LP havia um clima muito forte de saudade e que já não acontece com o compacto duplo que tem aquela alegria de carnaval: "vamos fazer agora antes que chegue a quarta-feira de cinzas". É uma mudança de fase? A saudade já foi digerida e consumida?

C - Eu gosto muito mais do compacto do que do LP. E ainda mais do LP que a gente está gravando agora. Eu estava gravando depois daquele programa com o João e sabia que ia voltar logo pro Brasil, era um outro "papo", não dava para ter muita saudade.

F - Como é que está a música em Londres neste momento em que a música pop está em crise, depois que "the dream is over"?

C - Tem muita gente fazendo som mas nada realmente importante. Eu vou ver de vez em quando, não vou mais porque eu tenho preguiça.

F - As coisas acontecem lá através da tv, do rádio, ou é em um nível "underground"?

C - A tv em Londres não tem a menor participação na música popular. Ela apenas registra depois que se tornou sucesso. Toda a divulgação e o sucesso são feitos através do rádio e, é claro, dos discos que as pessoas compram. Uma das estações da BBC só toca música pop, outra toca música romântica americana, tipo Frank Sinatra, e uma outra só transmite música erudita.

F - Aqui vocês entraram na "mass-media" inclusive se preocupando em divulgar suas músicas dessa forma, haveria possibilidade de fazer o mesmo lá?

C - Não, a coisa é diferente. A imagem que o público fixa aqui é a da televisão. O artista se torna conhecido através do rádio, discos e concertos. 

F - É difícil causar polêmica em Londres. Isso é bom? É estéril ou criativo?

C - Sim, aqui o ambiente é mais confuso. Como em Paris. Todo mundo discute tudo e dá opinião sobre tudo. Em Londres, esta característica diferente é boa e ruim. É boa porque permite que você pense mais sozinho, possa se concentrar no seu trabalho, estudar. 

F - Vocês estão sempre mudando de casa na Inglaterra porque os vizinhos se queixam do barulho dos ensaios e dos bate-papos. A "swinging London" é uma mentira?

C - Londres é uma cidade chatíssima. Eu gosto muito dela mas é chata. Às 11 horas da noite está tudo em silêncio. Em vez de "swinging London" como disse Mick Jagger, ela é a "sleeping London". 

F - Você ouviu o último disco-show de Gal Costa?

C - Ouvi e assisti ao show dela no Rio. Adorei, tem umas "jogadas" diferentes. Eu gosto mais deste disco do que dos outros que ela gravou em estúdio. 

F - Já dá para fazer uma crítica distanciada do Tropicalismo?

C - Eu acho que sim, por causa do tempo. mas não por mim, eu não estou capacitado.

F - Você conhece e falava muito em literatura.

C - Eu não. 

F - Bem, então Augusto de Campos, nas entrevistas, fazia você falar de literatura.

C - É, o Augusto fala muito nessas coisas. Eu não leio muito, tenho medo de começar a ler e fica rem um quarto de casa sem sair, sem ir pra rua ver o que está acontecendo. A minha formação foi estruturada mesmo em João Gilberto e depois em cinema: Godard, Glauber Rocha.

F - E João Cabral de Mello Neto?

C - Sim, João Cabral, Drummond foram importantes também.

F - Você escolheu o TUCA por causa das vaias do Festival de 68?

C - Não, eu nem sabia. Só fiquei sabendo no Rio e achei "uma ironia do destino". 


CAETANO E O PÚBLICO: REENCONTRO FELIZ

"Me leva pro céu com você, Caetano".

Esta foi a primeira manifestação do público no show de Caetano Veloso anteontem no TUCA. Foi talvez - e só talvez - uma parcela do mesmo público que o crucificou já quatro anos durante o festival universitário, quando ele cantou "É proibido proibir".

Mas Caetano entrou no palco sem memória, sem nostalgia. E o público paulista parece que não tem memória também. É um público que não foi ao TUCA para pedir perdão pelo que fez em 1968. É um público que foi ver Caetano Veloso pela primeira vez depois de sua volta da Inglaterra. Um Caetano que sempre tem algo bom para dizer. É como comprar um disco seu. Não é preciso ouvir antes. E o público de São Paulo é assim. Objetivo e sem memória. Talvez vá aí a diferença do público carioca.

"It's a long way, it's a long a long a long a long alonga a long way"

Caetano canta e depois sem sinal algum deixa os dois bateristas tomarem conta do espetáculo. O som é ensurdecedor. Macalé (guitarra) e Moacir (contrabaixo) vão para um canto do palco e fazem um som de zuuum. Caetano dá voltas no palco, pula, cambaleia. Depois, deita-se no palco, braços abertos e cabelos encaracolados, sendo cobiçado pelo público da primeira fileira que se acotovelava entre os fotógrafos. Um jovem cabeludo começa a dançar. Macalé sorri e sai caminhando pelo palco, solitário, tocando um sininho junto ao ouvido. Caetano levanta-se, a música termina.

Começa o tango com a plateia silenciosa. No fim, uma jovem grita "Mui bien, Caetano". Ele fica surpreso, responde "Gracias".

Caetano volta a empolgar com a percussão Aureo, o grande baterista do show, torso nu e molhado de suor engole em seco abra a boca para cima, à espera da chuva que não cai do teto do palco. Cigarro na boca, ele deixa uma das baquetas de lado e toma um gole da cerveja, invariavelmente colocada sob uma das peças da bateria. 

Quando a música é lenta, o público aproveita para dar seu recado. O silêncio permite "Caetano gostoso".

Depois, as homenagens a Jorge Ben ("Se não existisse precisava ser inventado"), a Gilberto Gil ("O cara mais importante do Brasil"), a Johnny Alf, com "Eu e a brisa". Nesse momento, ele mexe com os pés, e a sola alta de seus sapatos patina sobre o mesmo pedaço de palco, como se ele andasse sem se mover.

No intervalo os abraços, os encontro com os amigos, os fotógrafos. Entra Gilberto Gil, muito doce e fala da Inglaterra. No início, a dificuldade com a língua. Depois, tranquilidade. O futebol deles não é tão ruim como se fala. Tem um time lá que é parecido com os nossos. Usa uniforme azul. Quando ele joga, a plateia, como a nossa, grita seu slogan "Win or loose, up to the blues".

Tomando cerveja ou refrigerante, todos se sentam onde podem na pequena sala. O público que ficou de fora descobre imediatamente que lá estão os baianos e se comprimem numa sacada. Gil abre a janela e canta "Aquele abraço" para a pequena plateia. Ele termina e quer entrar, o povo não deixa. Ele ensaia Louvação, mas Caetano já voltou ao palco. Gil volta os bastidores.

Caetano canta outro tanto, a plateia vibra outro tanto. O show termina como se nada tivesse acontecido de novo. Mas na rua, todos tentando descobrir onde o carro ficou estacionado, um universo inteiro de música, de novas diretrizes, paira sobre as cabeças. De uma maneira ou outra, todos aprenderam com Caetano. Caetano não disse o que se deve fazer, mas ninguém poderá fazê-lo sem pensar nele. Caetano deu mais uma injeção de música em nós todos.

E o público não pediu perdão e Caetano nem perdoou. Ele entrou, cantou, agradou, mostrou qualidade, novidade, talento, invenção. Caetano entrou e cantou. Cantou e saiu. Caetano deu um show em São Paulo. No fim, a plateia não quis deixá-lo sair. "Volta, volta". Caetano voltou, cantou "Bim bom", de João Gilberto. O público queria "Alegria, Alegria", "É proibido proibir". Caetano respondeu. "Eu dei o meu recado. Vocês não entenderam." 




































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