Walter Franco

Walter Franco, grande figura da música popular de vanguarda, foi quem popularizou a expressão "ou não", na obra-prima Cabeça, canção que, segundo consta, foi eleita pelo júri no FIC (o Festival Internacional da Canção) como melhor entre todas mas teve sua eleição desautorizada pela direção do festival. O júri era dirigido por Nara Leão e tinha Rogério Duprat e Julio Medaglia entre seus membros. Walter enfrentou uma vaia daquelas: o Maracanãzinho lotado. Eu chegava do exílio. O júri protestou. O disco de Franco, com "Cabeça" e "Me deixe mudo", era algo que eu vi como muito superior ao meu Araçá Azul de som emplastrado. Pai estético de Arrigo, Itamar Assumpção e de toda a vanguarda paulistana dos anos 1970, Walter é um ponto de concentração estética que o Brasil não pode tirar de foco. Talvez o país tenha se salvado por "Fio Maravilha", aquela beleza de Jorge Ben, ter sido a solução imposta por quem quer que tenha demitido o júri do FIC. Mas essa salvação não se confirma se Walter Franco não for reouvido, redescoberto e reativado.

Caetano Veloso, 24/10/2019.

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