Zé Celso

Não posso falar sobre Zé Celso morto. Em 1967, tendo acabado de gravar "Tropicália", vi O Rei da Vela e me vi ali. A revelação de Oswald, os cenários de Eichbauer, o Brasil nu e fantasiado, as pessoas sobre o palco atuando como nunca se fizera. Depois, Roda Viva. Nos anos 70 reagi com frieza às malcriações dos atores aos espectadores. Mas logo isso cresceria para a estrada estreita e imensa imaginada por Lina Bardi em que se transformara o teatro Oficina, por onde fluiriam Cacildas e Sertões. Zé Celso era um artista, não meramente um "diretor de teatro". Um artista intenso, imenso. Precisamos de tempo para dimensionar seu legado. Ele estava orientando o começo de um espetáculo baseado na Queda do Céu de Davi Kompenawa. O fogo, não consigo continuar o pensamento sobre o fogo.

Caetano Veloso, 06/07/2023.

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