Ainda Fidel (21/06/2008)

Ainda Fidel

21/06/2008 3:04 pm



No post “Caetano fala sobre acusações de Fidel”, disponível abaixo, Caetano declarou: “O texto de Fidel é autocongratulatório, prolixo e injusto. Sobretudo com Yoani Sánchez, a cubana que mantém o blog “Generación Y” (http://www.desdecuba.com/generaciony). Ela e seu marido Reinaldo Escobar deram a resposta que eu gostaria de dar a Fidel”. Caetano recomenda que todo mundo leia a resposta de Reinaldo Escobar (link), por isso Obra em Progresso publica aqui uma tradução também ainda em progresso:

SOBRE O TELHADO DE VIDRO

O ex-presidente Fidel Castro acaba de publicar o prólogo do livro “Fidel, Bolivia y algo más” em que ele desqualifica o blog Generación Y que minha esposa, a bloguera Yoani Sánchez, mantém na internet. Desde o primeiro dia ela colocou seu nome e sobrenome (que ele omite) com sua foto à vista dos leitores para rubricar os textos que escreve com o único propósito, repetidas vezes confessado, de vomitar tudo que lhe produz náuseas em nossa realidade.

O ex-presidente desaprova que Yoani tenha aceitado o prêmio Ortega y Gasset de jornalismo digital do presente ano, argumentando que isso é algo que propicia ao imperialismo mover as águas em seu moinho. Reconheço o direito que tem este senhor de fazer esse comentário, mas me permito fazer a observação de que a responsabilidade que implica receber um prêmio nunca será comparável àquela de outorgá-lo, e Yoani, ao menos, nunca colocou no peito de nenhum corrupto, traidor, ditador ou assassino nenhuma condecoração.

Faço este esclarecimento pois recordo perfeitamente que foi o autor dessas reprovações quem colocou (e ordenou colocar) a Orden José Martí nas mais nefastas e imerecidas lapelas que foi possível: Leonid Ilich Brezhnev, Nicolae Ceausescu, Todor Yivkov, Gustav Husak, Janos Kadar, Mengistu Haile Mariam, Robert Mugabe, Heng Samrin, Erich Honecker, e outros que esqueci. Gostaria de ler, à luz destes tempos, uma reflexão que justifique aquelas honras improcedentes que, para mover água de outros moinhos, encheram de lodo o nome de nosso apóstolo.

É certo que o nome do filófoso Ortega y Gasset pode ser relacionado com idéias elitistas e até reacionárias, mas ao menos, nunca lançou tanques contra seus vizinhos incorformados, nem contruiu palácios, nem encarcerou nenhum dos que pensavam diferente dele, nem deixou em maus lençóis seus discípulos, nem reuniu fortunas com a miséria de seu povo, nem construiu campos de extermínio, nem deu a ordem de disparar contra quem - para escapar - saltou o muro de seu pátio.

REINALDO ESCOBAR (Reinaldo Escobar (1947). Jornalista, nasceu e vive em Cuba. Licenciou-se em Jornalismo na Universidad de La Habana (1971) e trabalhou para diferentes publicações cubanas.

Desde 1989 trabalha como jornalista independente e seus artigos podem ser encontrados em diferentes publicações européias, no Encuentro en la Red e na Revista Digital Consenso.)


Aqui vai o artigo original, como publicado no blog (link) de Reinaldo Escobar, no dia 18/06/2008:

SOBRE EL TEJADO DE VIDRIO

El ex presidente Fidel Castro acaba de publicar un prólogo al libro Fidel, Bolivia y algo más en el que descalifica el blog Generación Y que hace en Internet mi esposa, la blogera Yoani Sánchez. Desde el primer día ella ha puesto su nombre y apellido (que él omite) con su foto a la vista de los lectores para rubricar los textos que escribe con el único propósito, repetidas veces confesado, de vomitar todo lo que le produce náuseas de nuestra realidad.

El ex presidente desaprueba que Yoani haya aceptado el premio Ortega y Gasset de periodismo digital del presente año, argumentando que esto es algo que propicia el imperialismo para mover las aguas de su molino. Reconozco el derecho que tiene este señor a hacer ese comentario, pero me permito hacer la observación de que la responsabilidad que implica recibir un premio nunca será comparable a la de otorgarlo, y Yoani, al menos, nunca ha colocado en el pecho de ningún corrupto, traidor, dictador o asesino alguna condecoración.

Hago esta aclaración porque recuerdo perfectamente que fue el autor de estos reproches quien puso (u ordenó poner) la Orden José Martí en las más nefastas e inmerecidas solapas que le fue posible: Leonid Ilich Brezhnev, Nicolae Ceausescu, Todor Yivkov, Gustav Husak, Janos Kadar, Mengistu Haile Mariam, Robert Mugabe, Heng Samrin, Erich Honecker, y otros que he olvidado. Me gustaría leer, a la luz de estos tiempos, una reflexión que justifique aquellos honores improcedentes que, para mover agua de otros molinos, enlodaron el nombre de nuestro apóstol.

Es cierto que el nombre del filósofo Ortega y Gasset puede relacionarse con ideas elitistas y hasta reaccionarias, pero al menos, a diferencia de los condecorados por el prologuista, nunca lanzó los tanques contra sus vecinos inconformes, ni construyó palacios, ni encarceló a ninguno de los que pensaban diferente a él, ni dejó en la estacada a sus seguidores, ni amasó fortunas con la miseria de su pueblo, ni construyó campos de exterminio, ni dio la orden de disparar a quienes -para escapar- saltaran el muro de su patio.

REINALDO ESCOBAR - Reinaldo Escobar (1947) Periodista, nació y vive en Cuba. Se licenció en Periodismo en la Universidad de La Habana (1971) y trabajó para diferentes publicaciones cubanas. Desde 1989 ejerce como Periodista Independiente y sus articulos se pueden encontrar en diferentes publicaciones europeas, en Encuentro en la Red y en la Revista Digital Consenso.

 

4 comentários » | Assuntos: Base de Guantánamo, Cuba, Fidel Castro, Generación Y, Reinaldo Escobar,Yoani Sánchez  

 

1.        tyrone medeiros disse: Junho 23rd, 2008 at 3:31 pm

 

Caetano, quando voltar com Obra em Progresso, ou com o show e disco prontos, poderia incluir nas apresentações, a música “O Estrangeiro”:

 

O pintor Paul Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela A Baía de Guanabara

O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara: Pareceu-lhe uma boca banguela.

E eu menos a conhecera mais a amara? Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela O que é uma coisa bela?

 

O amor é cego

Ray Charles é cego Stevie Wonder é cego

E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem

 

Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem? Uma arara?

Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara Em que se passara passa passará o raro pesadelo

Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro

Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante deareia brancae de óleo diesel Sob meus tênis

E o Pão de Açucar menos óbvio possível À minha frente

Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas

À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura Do branco das areias e das espumas

Que era tudo quanto havia então de aurora

 

Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas E uma menina ainda adolescente e muito linda

Não olho pra trás mas sei de tudo

Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo Mas eu não desejo ver o terno negro do velho


Nem os dentes quase não púrpura da menina (pense Seurat e pense impressionista

Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda Mas não pense surrealista que é outra onda)

 

E ouço as vozes Os dois me dizem Num duplo som

Como que sampleados num sinclavier:

 

“É chegada a hora da reeducação de alguém Do Pai do Filho do espirito Santo amém

O certo é louco tomar eletrochoque O certo é saber que o certo é certo

O macho adulto branco sempre no comando E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo

Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita Riscar os índios, nada esperar dos pretos”

E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento Sigo mais sozinho caminhando contra o vento

E entendo o centro do que estão dizendo Aquele cara e aquela:

 

É um desmascaro Singelo grito:

“O rei está nu”

Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito

 

E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo. (”Some may like a soft brazilian singer

but i’ve given up all attempts at perfection”).

 

 

2.        eXequiela disse:

Junho 24th, 2008 at 12:12 am

 

Pero al final “Base de Guantanamo” era para reflejar lo que pasa en EU, lo que pasa en Cuba… o ambos dos? Se desdibujo un poco el objetivo original, no? (si es que habia algun objetivo).

 

Un pedido desde el sur: por favor pueden colocar la cancion “Mano a mano”? Lei q C la canto con Morelenbaum. Ojala este filmada!!!

 

OBRIGADA!!!!!!!!!!

 

 

3.        glauber guimarães disse: Dezembro 26th, 2008 at 10:06 pm

 

“…foi o autor dessas reprovações quem colocou (e ordenou colocar) a Orden José Martí nas mais nefastas e imerecidas lapelas que foi possível: Leonid Ilich Brezhnev, Nicolae Ceausescu, Todor Yivkov, Gustav Husak, Janos Kadar, Mengistu Haile Mariam, Robert Mugabe, Heng Samrin, Erich Honecker, e outros que esqueci”

 

caramba, muito bom.

 

 

4.        Orpheu disse:

Janeiro 5th, 2009 at 8:39 pm


Novas investidas são feitas, pela imprensa internacional, tentando impedir qualquer tipo de atitude do novo governo americano, quanto ao fim do embargo a Cuba, utilizando-se de depoimentos de algumas poucas pessoas, descredenciadas, e politicamente engajadas na luta contra- revolucionária, e sendo assim, suspeitas para esclarecerem a opinião pública, sobre a realidade cubana, suas conquistas e suas necessidades. Em todos os lugares, em todas as épocas, os atos daqueles que agiram contra seu país a serviço de uma potência estrangeira sempre foram considerados terrivelmente graves. “Ninguém pode mencionar ou provar em Cuba um único caso de tortura, de assassinato, de ‘desaparecimento’, algo tão comum e corrente na América Latina”.

Quanto ao fato de se você chamar de liberdade de imprensa o direito de contra-revolucionários e dos inimigos de Cuba de falar e escrever livremente contra o socialismo e contra a Revolução, eu diria que não estamos a favor dessa ‘liberdade’. Enquanto Cuba for um país bloqueado pelo império, atacado permanentemente, vítima de leis iníquas como a Helms-Burton, um país ameaçado pelo próprio presidente dos EUA, não podemos dar essa liberdade aos aliados dos nossos inimigos cujo objetivo é lutar contra a razão de ser da sociedade”, fala-se de liberdade, mas Como falar em liberdade de expressão em países que têm 20% ou 30%de analfabetos e 80% entre analfabetos plenos e funcionais? Com que critério, com que elementos podem opinar”, mas em Cuba existe a liberdade de se poder ser digno, e consciente, e esta é a maior liberdade. Fidel não está mais no poder em Cuba, e digo que ele nunca foi um ditador, pois alguém que toma decisões arbitrárias,unipessoais, por cima das leis, que não obedece a nada além de seus próprios caprichos ou sua vontade, é um ditador, Fidel nunca tomou decisões unipessoais. Cuba não é sequer um governo presidencialista. Existe um Conselho de Estado. As funções de dirigente fazem parte de um coletivo. As decisões importantes são analisadas, discutidas e sempre tomadas coletivamente. Fidel nunca pode nomear nem o mais humilde funcionário público”. Isso é Cuba, e qualquer invenção ou inverdade dita por pessoas inidôneas, não deveriam nem sequer estar vinculadas a mídia internacional, mas a batalha da verdade e da justiça continua, e os inimigos de Cuba e de seu povo, continuam a usar destes artifícios para enganar a opinião pública mundial.


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