As Camélias do Quilombo do Leblon (Caetano Veloso, Gilberto Gil)

As camélias do quilombo do Leblon
As camélias do quilombo do Leblon
As camélias do quilombo do Leblon
As camélias

As camélias do quilombo do Leblon
As camélias do quilombo do Leblon
As camélias do quilombo do Leblon
Nas lapelas

Vimos as tristes colinas logo ao sul de Hebron
Rimos com as doces meninas sem sair do tom
O que fazer
Chegando aqui?
As camélias do Quilombo do Leblon
Brandir

Somos a Guarda Negra da Redentora
Somos a Guarda Negra da Redentora
Somos a Guarda Negra da Redentora

As camélias da Segunda Abolição
As camélias da Segunda Abolição
As camélias da Segunda Abolição
As camélias

As camélias da segunda abolição
As camélias da segunda abolição
As camélias da segunda abolição
Cadê elas?

Somos assim, capoeiras das ruas do rio
será sem fim o sofrer do povo do Brasil
Nele, em mim, vive o refrão
As camélias da segunda abolição virão

© 2015 Uns Produções (Warner, Chappell) / Gege Edições - Álbum Dois Amigos, Um Século de Música - Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Comentário de Caetano Veloso: "Fazia já um bom tempo, eu tinha lido um artigo de Eduardo Silva sobre o Quilombo do Leblon e suas camélias, que se tornaram o símbolo do movimento abolicionista. Antes de ir para a Europa, li "A História da Princesa Isabel", de Regina Echeverria e "Brasil, Uma Biografia", de Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, livros onde há referência a esse quilombo. De volta da Europa, me veio à cabeça, enquanto tomava banho em minha casa de Salvador, fazer uma canção sobre o tema. A sonoridade percussiva das palavras “as camélias do quilombo do Leblon” me sugeriram a frase melódica, a primeira parte. Esbocei uma segunda parte parecida com No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso (1903-1964). Fui à casa de Gil e mostrei o que tinha feito, pedindo que ele refizesse a segunda parte sem abandonar de todo a parecença com a música de Ary. Ele fez isso e ainda arrematou com a frase final. Nós adoramos essa música. Ela fala desse episódio bonito de nossa história (que não nos ensinam nas escolas!), comenta os caminhos do samba, encontra sentido na rima de Leblon com Ebron, ao comentar a passagem pela Cisjordânia, e conclama o ouvinte à realização da Segunda Abolição." (Caetano Veloso para o Correio - Salvador, 2015).

Comentário de Gilberto Gil: "Gosto muito desse tema [a abolição da escravatura brasileira e seus reflexos, com referência ao núcleo abolicionista do título e às flores que eram um signo da campanha antiescravidão]. Quando Caetano veio com a ideia, minha cabeça me levou para o Noites do Norte, o trabalho que ele fez quando estava lendo Joaquim Nabuco. E tem o estímulo que veio de nossa viagem a Israel, aquela paisagem árida, agreste, nordestina, aquele povo como se fosse os sem-terra daqui, mas na Cisjordânia. E a coisa da Princesa Isabel, esse resgate que Caetano coloca como exigência do papel de importância dela, a partir desse desprezo que parte dos historiadores brasileiros tem em relação à sua figura. Eu ficava me lembrando que botei o nome da minha filha de Isabela por causa dela. Caetano tinha acabado de tomar banho na casa dele em Salvador, teve a ideia da música. Quando chegou lá em casa para jantar, me contou. Falou que tinha uma parte que é parecida com Ary Barroso." (Gilberto Gil para o Jornal O Globo, 2015).

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