Cara do Mundo (Caetano Veloso)

Cara do mundo, cara de peixe-boi
Cara de tudo, cara do que já foi
Pássaro azul, deserto-jardim, presunto
Músculo nu num filme ruim, soluço
Cara de cobra, cara de beija-flor
Cara de cara, cara do meu amor

Cara do mundo, vim te reconhecer
Cara de muito, dor de tanto prazer
Abro meus olhos, abro meus braços, longe
Fecho meu punho, fecho meu coração
Cara de tempo, cara de escuridão
Asa do vento, olho de sol, clarão

Cara do mundo, máscara de carvão
Máscara clara, rosto de multidão
Gozo em te ver tão cara a cara assim
Posso meter máscara clara em mim
Cara do mundo, hálito de maçã
Cor de abacate, amargor de alumã

© 2011 - Álbum Recanto - Gal Costa.

Comentário do autor: "Cara do Mundo é uma canção quase que abstrata. É como olhar para o mundo, entendeu? Geral. Não é uma busca de emoções individuais propriamente, mas é uma imagem do enfrentamento imediato do indivíduo com o mundo, olhando o mundo na cara. Falar do mundo como uma visão primeiro não organizada. Eu peguei uma forma de blues primitiva, dei uma entortadinha num pedaço e a gente fez as programações... e Gal cantou também em cima das programações antes de serem amansadas. A primeira imagem é meio assustadora ("cara de peixe-boi"), mas depois também chega em coisas agradáveis. Mas peixe-boi é bonitinho, né? É isso." (Caetano Veloso em entrevista no lançamento do disco Recanto, 2011). 

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