Divino, Maravilhoso (Letra: Caetano Veloso, Música: Gilberto Gil)

Atenção ao dobrar uma esquina
Uma alegria, atenção menina
Você vem?
Quantos anos você tem?
Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

Atenção para a estrofe e pro refrão
Pro palavrão, para a palavra de ordem
Atenção para o samba exaltação

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

Atenção para as janelas no alto
Atenção ao pisar o asfalto, o mangue
Atenção para o sangue sobre o chão

É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

© 1968 Gapa / Warner Chappell Edições Musicais Ltda. - Álbum Gal Costa (1969) - Gal Costa.

Comentário de Caetano: "É muito política, do período das passeatas, da preparação para a luta clandestina. Foi feita com muita consciência. Muitos não entenderam, achavam que os tropicalistas eram alienados porque não fazíamos o papel do esquerdista convencional. Mas acho que as pessoas da esquerda convencional estavam certas, porque eu realmente não me identificava com elas, embora me identificasse com alguma coisa da esquerda. Eu me sentia à esquerda, sim, mas tinha muitos problemas com todo o pessoal de esquerda. Tinha e tenho, ainda hoje. Naquela época, tais dificuldades pareciam maiores porque eles não aceitavam o que eu estava apresentando como contribuição para a luta de esquerda. Mas, hoje, acho que eram coisas realmente diferentes, e que, numa certa medida, eles tinham mesmo razão, porque, embora em “Divino maravilhoso” e outras canções eu estivesse relativamente apoiando as insinuações de luta clandestina, cuja coragem, heroísmo e idealismo eu louvo, naquela época – e hoje tenho ainda mais certeza disso – não tinha simpatia pela instauração, através de uma revolução, de uma ditadura do proletariado." (Caetano Veloso. Livro Sobre as letras. Companhia das Letras, 2003).

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