Feitiço (Caetano Veloso)

Nosso samba
Tem feitiço,
Tem farofa,
Tem vela e tem vintém
E tem também
Guitarra de rock 'n' roll,
Batuque de candomblé

Zabé come Zumbi
Zumbi come Zabé
Zabé come Zumbi
Zumbi come Zabé
Tem Mangue bit, berimbau
Tem hip-hop, Vigário Geral
Tem reagge pop, Fundo de Quintal
Capão Redondo, Candeal
Tem meu Muquiço, meu Largo do Tanque
Tem funk, o feitiço indecente
Que solta a gente

© 2002 Uns Produções (Natasha Edições) - Álbum Eu Não Peço Desculpa - Caetano Veloso e Jorge Mautner.

Comentário de Caetano: "Feitiço é quase a reprodução exata de uma conversa nossa [com Mautner], com essa referência a Noel Rosa e a Aquele Abraço, de Gil." (Caetano Veloso sobre o Jornal O Globo, 2002). 

Lembro que o (crítico musical José Ramos) Tinhorão baseou o ataque que ele fez contra a bossa-nova numa argumentação em que punha Noel como um representante da classe média que tinha se aproximado do samba como se deve, e não fazendo uma apropriação indevida, como a bossa nova veio a fazer. Ora, o Feitiço da Vila é uma obra-prima cuja letra é um manifesto de apropriação violenta pela classe média do samba dos pretos do morro ou dos que vieram da Bahia! Limpando o samba de feitiço, de farofa, de vela, das características africanas. É com amor que eu respondo a ele, num samba que não me teria vindo à mente se eu não tivesse feito um disco com Jorge Mautner.” (Caetano Veloso para o Jornal do Brasil, 2002).

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