If You Hold a Stone (Caetano Veloso)

If you hold a stone, hold it in your hand
If you feel the weight, you’ll never be late
To understand
But if you hold the stone, hold it in your hand
If you feel the weight, you’ll never be late
To understand

If you hold a stone, marinheiro só
Hold it in your hand, marinheiro só
If you feel the weight, marinheiro só
you’ll never be late, marinheiro só
To understand

Mas eu não sou daqui
Marinheiro só
Eu não tenho amor
Eu sou da Bahia
De São Salvador
Eu não vim aqui
Para ser feliz
Cadê meu sol dourado
E cadê as coisas do meu país

© 1971 Ed. Gapa / Warner Chappell - Álbum Caetano Veloso - Caetano Veloso. 

Comentário do autor: "A pesquisa ousada de Lygia Clark passara quase sem nota: minha amiga Sônia Castro comentou um dia no ateliê que o abandono total da pintura como a conhecíamos a enchia de dúvidas. Lembro nitidamente a menção da palavra pedra na descrição que Sônia fez do que viu de Lygia numa grande exposição coletiva do MAMB que eu, não sei por quê, não visitei. Parece-me que ela - que estava terminando um quadro abstrato que me parecia belo e que a levava às lágrimas enquanto era pintado - se perguntou se valeria a pena abandonar o óleo, a tela e os pincéis e participar de uma exposição com um "saco plástico cheio de água com uma pedra em cima". É curioso que eu tenha tal lembrança, pois não sei o que poderia Lygia estar expondo em Salvador em 63-4. Acho que a frase de Sônia era uma espécie de suposição exagerada, mas é curioso que o que Lygia veio a fazer (e que eu homenageei numa canção de 71 - "If you hold a stone") tenha tido tanto a ver com essa descrição." (Caetano Veloso. Verdade Tropical. Companhia das Letras, 1997). 

Nota: Caetano e Lygia Clark se conheceram em Paris, quando Caetano estava de passagem durante o exílio. Além de pintora e escultora, Lygia dedicou-se ao estudo da terapia por meio da arte sensorial. Após voltar de Londres, Caetano fez algumas sessões com Lygia. Em relação às suas experiências, Caetano diz: "Eu acompanhava aquilo como quem acompanha a composição de um ritmo. Era um ritmo profundo, misterioso, mas bastante equilibrado, daquelas coisas que ela punha sobre o corpo da gente... do sopro, da aproximação da mão que, às vezes, era quase sem tocar e, às vezes, com um toque. Tudo isso criava realmente como que uma peça a cada vez. Mas ficava com essa consciência de que eu estava tendo uma experiência mais estética do que terapêutica. [...] Mas lembrava que em Paris tinha sido justamente o contrário, que era uma apresentação de trabalho artístico e que tinha me causado uma sensação de experiência psicológica, que era ao mesmo tempo desestabilizadora e talvez sugestiva de alguma coisa, mas que não chegou a se delinear. Mas era como se você estivesse à beira de um insight. Evidentemente, as experiências estéticas têm efeitos psíquicos e até terapêuticos. O que eu quero dizer, é que eu percebia as sessões mais como objetos de arte do que o dia em que fui ver as novas produções artísticas da Lygia em Paris.” Via "Uma terapêutica para tempos desprovidos de poesia", por Suely Rolnik. Acesse aqui

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