Outras Palavras (Caetano Veloso)

Nada dessa cica de palavra triste em mim na boca
Travo trava mãe e papai alma buena dicha louca
Neca desse sono de nunca jàmais nem never more
Sim dizer que sim pra Cilu pra Dedé pra Dadi e Dó
Crista do desejo o destino deslinda-se em beleza
Outras palavras

Tudo seu azul tudo céu tudo azul e furtacor
Tudo meu amor tudo mel tudo amor e ouro e sol
Na televisão na palavra no átimo no chão
Quero essa mulher solamente pra mim mas muito mais
Rima pra que faz tanto mas tudo dor amor e gozo
Outras palavras

Nem vem que não tem vem que tem coração tamanho trem
Como na palavra palavra a palavra estou em mim
E fora de mim quando você parece que não dá
Você diz que diz em silêncio o que eu não desejo ouvir
Tem me feito muito infeliz mas agora minha filha
Outras palavras

Quase João Gil Ben muito bem mas barroco como eu
Cérebro maquina palavras sentidos corações
Hiperestesia Buarque voilà tu sais de cor
Tinjo-me romântico mas sou vadio computador
Só que sofri tanto que grita porém daqui pra a frente
Outras palavras

Parafins gatins alphaluz sexonhei la guerrapaz
Ouraxé palávora driz okê cris expacial
Projeitinho imanso ciumortevida vidavid
Lambetelho frúturo orgasmaravalha-me Logun
Homenina nel paraís de felicidadania
Outras palavras

© 1981 Ed. Gapa / Warner Chappel - Álbum Outras Palavras - Caetano Veloso. 

Comentário do autor: "O disco tem um repertório pouquinho mais irregular que os outros, mas, por exemplo, a canção Outras Palavras eu adoro, é uma das canções que já fiz que mais gosto. Acho magnífica, mas não diria que é a minha gravação mais linda. É bonita, está limpa, os meninos tocam bem, mas eu não tive tempo de ter uma concepção, "eu quero fazer", tipo Terra que é uma gravação magistral." (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 1981).

Outras Palavras fiz num hotel em São Paulo e, depois de um determinado pedaço, peguei aqueles papéis de carta que tem nas mesinhas dos quartos e comecei a escrever. Fui escrevendo as estrofes já com a música e, por isso, Outras Palavras me dá sempre problemas pois, quando tenho de cantar em shows, esqueço sempre um pedaço”. (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 1981).

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