Queixa (Caetano Veloso)
Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga
© 1982 Ed. Gapa / Warner Chappell - Álbum Cores, Nomes - Caetano Veloso.
Comentário do autor: "Gosto muito. Fiz para Dedé. É uma canção sentimental. Fica bonita na página." (Caetano Veloso. Sobre as Letras. Companhia das Letras, 2003).
"Eu estava me separando, estava separado de Dedé pela primeira vez, vivendo com grande sofrimento e alguma ansiedade essa situação, e não queria deixar isso fora da minha produção." (Caetano Veloso para o Jornal O Globo, 1982).