Sorvete (Caetano Veloso)
No que ela fez isso comigo
Era nunca mais ser seu amigo
Nem inimigo
Nunca mais namorado
Apaixonado
E eu e eu e eu sou
No que ela não quis o meu risco
Era soprar do olho esse cisco
Que eu já nem pisco
Não dar mais energia
Minha alegria
E eu e eu e eu dou
Feras lutam dentro da noite-normal
Todos os insetos, os do belo e os do mal
Anjos e demônios
O amor tomava conta de mim
Ela loura e negra, querubim e animal
Sobre os monstros da paixão, controle total
Burra, sábia, deusa, mulher, menino e mandarim
Mas ela não quis meu sorvete
Por que gravá-la em videocassete
Jogar confete
Franquear minha guia
Ir à Bahia
E eu e eu e eu vou
© 1984 Ed. Gapa / Warner Chappell - Álbum Velô - Caetano Veloso.
Comentário do autor: "A letra do Sorvete - que ficou batizada de Sorvete porque não tinha nome - eu não tinha terminado a letra e não tinha a palavra 'sorvete' no meio nem nada, eu dizia "aquela sem nome" e os meninos botaram o nome Sorvete, porque tem a história de um sorvete sem nome. E a gente começou a chamar ela assim. Foi a última que eu completei a letra, botei a palavra 'sorvete', disse: "vou botar, vai ficar Sorvete mesmo, vou arranjar um jeito de botar 'sorvete'. De modo que essa música começou a ser composta no início do repertório e terminou no final de tudo. E é uma canção tola aparentemente, quer dizer, não é tão tola, é bonita à beça, mas é assim uma canção boba." (Caetano Veloso. Disco-Entrevista sobre o lançamento do Lp Velô, 1984).