Waly Salomão (Caetano Veloso)

Meu grande amigo
Desconfiado e estridente
Eu sempre tive comigo
Que eras na verdade
Delicado e inocente

Findaste o teu desenho
E a tua marca sobre a terra resplandece
Resplandece nítida e real
(Entre livros e os tambores do vigário geral)
E o brilho não é pequeno

Eu sigo aqui e sempre em frente
Deixando minha errática marca de serpente
Sem asas e sem veneno
Sem plumas e sem raiva
Suficiente

© 2006 Uns Produções Artísticas Ltda. (Natasha Enterprises) - Álbum Cê - Caetano Veloso.

Comentário do autor: "Waly me fora anunciado como João Gilberto: um colega do clássico (Wanderlino) me disse que eu, que gostava de coisas loucas, precisava conhecer um sujeito maravilhoso, um conterrâneo seu (da cidade de Jequié, no interior da Bahia) que tinha muito a ver comigo. Ficou de trazê-lo até o Severino Vieira (Waly estudava no Central) para fazer as apresentações. Depois de uns dois alarmes falsos, finalmente nos encontramos. Wanderlino falara-lhe também de mim. Waly não me decepcionou, mas me parece que, embora não o tenha desagradado, eu não o entusiasmei. Wanderlino sabia mais do que nós: em pouco tempo, Waly e eu tínhamos nos tornado amigos e o somos até hoje. Sua capacidade de surpreender com associações de ideias insuspeitas e reveladoras, seu humor genuinamente anárquico e de uma inteligência que mete medo, enfim, toda a sua imensa energia tão destrutiva quanto enriquecedora me apaixona." (Caetano Veloso. Livro: Verdade Tropical. Companhia das Letras, 1997).

"Me emocionava muito a brincadeira que ele fazia, de que Deus não dava asa à cobra, mas a esta aqui..., gritando e apontando para mim." (Caetano Veloso para O Estado de S. Paulo, 2006). 

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