Navilouca / Entrevavista
de tentativa de simulação
de salada de treino de
sais eram (espelho) maresias
eram olhe (pés, mãos) onde anda
nada
do
ainda soam doen
no meu coração de poeta romântico
antigo amor
(sempre entre o mar e aquilo que o mar espelha)
as palavras
primeiro tentando roubar os nomes às coisas, logo costurando-se/os/as (oh meus olhos estão acostumados a moverem-se horizontalmente por causa do mar e da escrita, por exemplo.
contemplar aqui há milênios amaranilanilinalinarama - troca d'olho - amaré, amarel anil: verde perto (o poeta augusto na pituba, fora da barra, '69) há milênios sentemplar o perto e branco do papel um horizonte de letras o horizonte das letras um horizonte de letras o infinito sempre continuado horizonte das letras mas a profundidade dos números um horizonte superfície flor d'água de letras e a profundidade abissal dos números o vértice da poesia ah o vértice da poesia é o vértice da poesia que quero trazer para esta pá contudo o mesmo mar que tudo contudo para esta o mesmo mar que tudo espelha se espalha (variante: o mesmo mar que tudo espalha se espelha) nesta página do meu repertório oiro repercutecute cinco letras cinco – o vórtice da poesia o antigo sonho de viagem dos poetas de trazer transparência fundura abismo adivinhação vertigem ao papel plano das palavras escritas à horizontalidade morta das letras à retilínea mudez delas oh os poetas inventaram inventarão para sim mesmos o mito de que as assim palavras foram antes som de ser palavras - alma: alga: lama mal amalgamada - som como a mágica música som como a alma do mundo que temos os olhos separados dos ouvidos), velando e relevando o talvez nome sem nome que as coisas têm de nós dentro:
evadeus se duma quando o céu todo se desconstela diadão: é aqui que s'urge o personave freminino. ger'um dia. vem sanhassonhando, cantarrolando aurorabaixo, assabiando. andorindo, passarando passo-perto.
- "à tarde, quando de volta da serra
com os pés sujinhos de terra
vejo a cabocla passar" -
- asparece o presonagem maculino.
!- "as flores vêm pra a beira do caminho pra ver aquele jeitinho que ela tem de caminhar”
rasto de gente abaianada.
- "e quando ela na rede adormece e o seio moreno esquece de na camisa ocultar"
O dele olhar apenas guimarãesroça a dela epidorme.
- "à noite de seus cabelos o grampos."
quando tudo muricoça lagartrisca, sapode, tudo cobra, tudo louva-deus. tudo, deus pôs, maripousa borbolentamente.
"somente com o nome dela na boca
pensando nessa cabocla
fica um caboclo acordado.”
essa angústia que o paralisava ao crepúsculo deve-se apenas ao fato de ele ser o personagem central deste livro. este livro é a maldição daquele menino na medida em que é a salvação do seu autor.
ou:
morbia um cigarro num dos cantros da boca enquanto palarvas escarriam pelo outro. arredação, nojo ornamentiras — e aqui vai uma homenagem ao meu amigo e proeta michael chapman, gigante de portobello, único jornalista e único jornaleiro do "daily liar" —, ensourdescia aos berros das palredes de exgosto, no dactilogro amado ar falto do raio de enganeiro. nesse mamento de glandeza, o nosso pessonhagem se esporrama na caldeira e pensa, tanaz: o brasil arde. reparaliza no olear as duras únicas pernas da esgarrindo-se novisca extasiária e fá-la: deus te abençoe, minha filha. e trepois: ai minha filha, ai minha filha, ai minha filha. reticente - se cheio de vilhice, fardigado estica os suspensérios e quase escrouve: a moral brasileira vai ganhar muito com isso, enquanto lá fora tarachimbunda a lixeiratura machonal.
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ENTREVAVISTA
a que você atribui o fato de ter a opinião pública o distinguido?
- Meu pecado muito originalquando eu nasci um anjo torto desses uma pedra no meio do caminho vai que é mole eu sou o lobo mau eu sou o lobo mau eu sou o tal tal tal tal tal talvez quem sabe terei eu apenas setenta centímetros de altura faltarme-há uma perna neste país não meu filho né pois é né será né meu coração vaga né pois é né e diria inclusive aqui e agora minha idade verdadeira né é né e agora josé a minha idade verdadeira é a idade da pedra polida e pronto né de todas as minas de bahias de onde venho assim cansado de que marcha de que samba das minhas minas bahias gerais de todas todos os meus amigos são reencarnações de lampião de dom bosco de rodolfo valentino de akenaton eu né eu não eu sou a reencarnação de um cujo nome não consta homem neolítico e porisso.
você já viu algum disco voador?
- Só de fotografia.
o que acha do LSD?
– Certa feita eu tomei um LSD, uns amigos vieram, eu tinha que fazer essa experiência, eu tomei um, cê sabe, achei uma boa droga.
que acha de Millor Fernandes?
Prefiro Nelson Rodrigues.
você assegura que esteve nos aposentos do Papa Paulo VI?
- Y lo puedo probar. No tengo miedo de esos que no tienen el corage de poner la cara. He dicho que dormi con el Papa y lo pruebo. Porque yo tengo el corage de poner la cara. Yo no soy un henano, soy un niño. Para aquellos que hicieron lo que hicieron con mi madre, con mi madre, MI MADRE, señores, no se puede hacer una cosa de esas a una madre, para esos yo ofresco mi deprecio. Algunos dicen que yo soy comunista, que yo soy un hombre de isqui - quierdas; pero mi filosofia es la filosofia pura, la filosofia del amor, de la sonrisa y de la flor. Tampoco soy hippy o participo del movimiento de la bossa nova. Soy un niño y soy sociólogo sicólogo filósofo matemático mís tico bailarino escritor dentista poeta y etc. etc. etc. No soy un henano y no tengo miedo. Gracias, Señor.
você é antes de tudo um forte ou não passa de um mestiço neurastênico do litoral?
- O nosso machonalismo é merdavarelo e puti.
Caetano Veloso.
Fonte: Alegria, Alegria (Org. Waly Salomão), Rio de Janeiro, Pedra Q Ronca, 1977.