Dedé Gadelha
Logo que vi Dedé, na escola de dança da Universidade da Bahia, quis que ela fosse minha namorada. E em pouco tempo estávamos namorando. Ficávamos a maior parte do tempo juntos. Víamos filmes, íamos a todas as festas de rua de Salvador, fugíamos pra Itapoã, pra as dunas do Abaeté. Depois nos casamos e, tidos como o casal "existencialista" pela turma da esquerda universitária da Bahia, tínhamos decidido nunca ter filhos. Quando atravessei prisão e exílio, voltei ao Brasil, 3 anos depois, com vontade de ser pai. Uma vontade biológica e transcendental. Dedé é a mãe de Moreno, o maior acontecimento da minha vida adulta. E foi minha grande namorada. Personalidade única, Dedé continua sendo uma das pessoas mais importantes da minha vida. Desde que nos separamos, ela foi mulher do gênio Hélio Eichbauer até a morte deste há alguns meses. Hoje é aniversário dela. Estou na nossa Bahia, de onde mando um beijo com ecos da festa de Santa Bárbara que encheu as ruas de Salvador de pessoas vestidas de vermelho. Dedé é de Obá, outra guerreira. O dia de seu aniversário é festa dentro de mim.
Caetano Veloso, 06/12/2018.
Hoie é aniversário de @dedegadelhaveloso, figura central das memórias que se tornaram versos de minha canção "Itapuã" - e de tantas e tantas outras canções minhas. Meu canto e minha vida estão encharcados de Dedé. Desejo saúde, equilíbrio, mansidão, paz e alegrias à mãe de @morenoveloso.
Caetano Veloso, 06/12/2022.