O Archote (1995)

Percebo logo a imaturidade desses textos escritos na tentativa de criar em Santo Amaro um ambiente cineclubístico semelhante ao que havia em Salvador. Como eu era um neófito na onda de cinema de autor, exagerava a rejeição aos filmes “de arte” por parte do público comum. “A doce vida” fez mais sucesso de público do que suporia pela leitura desses artigos. Não é por acaso que, depois, eu passei tantos anos exaltando de preferência a produção comercial americana, uma gracinha que cansei de fazer (e que era um subproduto do tropicalismo). Hoje tenho saudades daquele tempo em que tanta gente (mesmo em Santo Amaro) via com naturalidade filmes europeus. De todo modo, gostei de reler minha coluna santamarense. Eu tinha 18, 19 anos. É incrível ler o que eu disse de Antonioni num jornal que se chamava “O Archote”.

O resultado é que os filmes que mais me emocionaram nos últimos muitos anos foram “Je vous salue, Marie”, de Godard, e “ET”, de Spielberg.

Caetano Veloso.

Jornal O Globo, 8 de janeiro de 1995.

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